Primeiro filme dirigido pelo Lin-Manuel Miranda, Tick, Tick... Boom! é o musical aposta da Netflix para o Oscars 2022. O longa é uma grande homenagem do Lin-Manuel para o legado que o Jonathan Larson deixou para o meio artístico, exibindo belíssimos números musicais e uma atuação de gala do Andrew Garfield, talvez a melhor da carreira do próprio.
Novo filme do Edgar Wrigth, que mantém a marca do diretor, porém é um pouco diferente dos outros filmes anteriores da filmografia dele. Um filme que tecnicamente é perfeito (vale um grande destaque para o trabalho sonoro feito nesse filme), e que entrega belíssimas atuações. Mais uma direção primorosa do Edgar, cinema de primeiro nível e que é uma grande experiência dentro da sala de cinema.
Escolhido pela Geórgia para representar o país no Oscars, Brighton 4th conta a história do ex-campeão de Wrestling Kakhi que parte viaja para New York para visitar seu filho e confirmar boatos de que ele estaria em dívidas de jogos, um problema recorrente da família do Kakhi.
Na sua essência, esse filme fala bastante sobre a relação de pai e filho; mas também é um filme sobre um grupo da população americana, imigrantes (nesse caso, georgianos). Toda a narrativa é guiada através da perspectiva do Kakhi e suas aventuras pela cidade, algo que é feito com muita delicadeza pelo diretor Levan Koguashvili que mostra através de todos os rostos que aparecem nesse filme, uma verdade e uma autenticidade à todas histórias dos personagens que conheceremos ao decorrer da narrativa. Esse é mais um filme da mostra que utiliza não-atores em seu elenco, algo muito relevante para mostrar esse real que citei. A fotografia também tem sucesso em mostrar a claustrofobia da pensão perto de Brighton Beach, mostrando a natureza fechada ou isolada da comunidade georgiana.
O humor divertido e quase doce e seco vem tanto da demonstração de afeto do filho para com o pai e vice-versa, quanto da quase silenciosa decepção e exasperação que o pai sente ao ver o filho caindo em ruínas por causa do vício em jogos. Kakhi é um homem de poucas palavras, assim somos obrigados como espectador a observar cada detalhe fácil e gestual desse personagem para entender melhor sobre ele, é uma forma do Levan nos aproximar do protagonista. A natureza lacônica do personagem de Kakhi e uma vivacidade quase perplexa aumentam o charme de um personagem que viveu glórias e é um herói nacional. A atuação do Levan Tediashvilli é fenomenal e cheia de verdade, uma das maiores do ano, sem dúvidas.
Esse sistema de apoio de pai e filho que vemos em Brighton 4th, realmente me atingiu. Uma mensagem linda sobre como devemos reconhecer, valorizar e fortalecer todas essas relações de apoio que possuímos.
Em "Urubus" acompanha um grupo de pichadores que é denominado pelo mesmo nome do filme, que tentam deixar a sua marca e protestar em vários espaços da cidade. O filme é baseado naquela ação que ocorreu na Bienal 2008.
Como o Cláudio Borreli (diretor) decidiu não utilizar atores profissionais para o filme, com exceção da Bella Camero, o que nós vemos aqui é um filme de ficção com uma estética documental, graças a essa linguagem realista no filme, um dos pontos mais positivos do filme, é através dessa proposta que nós nos aproximamos ainda mais desses personagens, da vida deles e entendemos melhor como eles vivem esse estilo de vida. A câmera inquieta resume muito bem, o movimento da pichação que está sempre em movimento assim como a cidade de São Paulo que nunca para e está em constante movimento e mudança também; encontrar um novo muro, um novo local para a pichação é uma nova experiência e uma nova descoberta a cada ação de piche. A pichação que durante muito tempo foi visto como um movimento de vandalismo, é mostrado no filme como um movimento de expressão e também de arte, mas o Claudio vai além e mostra o piche como um ato de protesto e ocupação de espaços que para aqueles pichadores não é um lugar comum para pessoas de uma classe social mais baixa, porém deveria ser, e essa busca por espaço não deveria existir.
A comparação com Cidade de Deus, quando o filme ganhou o prêmio no BFI Festival no ano passado, pode parecer exagerado pelo patamar que o Cidade tem no cinema mundial. Mas faz sentido também, já que o "Urubus" olha e mostra uma realidade periférica, tem um ritmo ágil e também flerta com alguns gêneros cinematográficos, e nós sentimos ali nas ruas de São Paulo como se fizemos parte do grupo dos Urubus.
Urubus deixa uma mensagem importante, espaços culturais são lugares que devem ser comuns e ocupados por todo brasileiro.
Sem nenhuma dúvidas, "Yuni" é a grande surpresa do ano pra mim.
Quando "Yuni" foi escolhido para ser o representante da Indonésia no Oscars, comecei a ficar de olho nesse filme. Agora, eu estou muito alegre de "Yuni" ter aberto as sessões para mim na Mostra SP. Muito amor por esse filme.
"Yuni" é uma visão muito honesta e ao mesmo tempo brutal da realidade das mulheres adolescentes na Indonésia rural, um local em que o sistema diz que o casamento parece ser a única solução/destino de vida das mulheres neste local. Yuni é uma personagem muito complexa e cheia de camadas, assim como qualquer adolescente de 16 anos é. Ela tem sonhos, objetivos, e muita ambição pela liberdade; ah, e também é apaixonada pelo roxo/violeta. Em contraponto, a toda essa complexidade da Yuni, a diretora Kamila Andini não faz nenhum polimento no cenário e na fotografia enquanto acompanhamos a Yuni, estamos assistindo uma realidade nua e crua de um mundo que é totalmente diferente que eu conheço e vocês conhecem. Um mundo que não existe liberdade para as mulheres, em que a sociedade diz que elas não precisam nem estudar, e que é feito para privilegiar os homens e não os seres humanos que vivem ali.
A forma como Yuni é obstinada, e tenta manter sua liberdade ao mesmo que tenta manter a honra de sua família, é envolvente, profundamente cativamente e emocionante.
"Yuni" é importante, identificável, edificante e bonito.
Jordan Peele, GRAVEM ESSE NOME NA SUA MEMÓRIA. Ninguém esperava muita coisa de 'Corra!', longa que chegou aos cinemas americanos de "mansinho" e é primeiro do gênero suspense dirigido e roteirizado pelo Peele, que até então só tinha trabalhado em séries de TV de comédia. A película já é sucesso mundial de crítica e público nesse ano, e tem como um dos seus temas principais: o racismo, mas o tema não é tratado de qualquer forma e em um filme de terror/suspense não é uma coisa tão fácil e comum de se fazer, pois exige qualidade do roteiro e direção.
A trama gira em torno de Chris (Daniel Kaluuya) que é um jovem negro que está prestes a conhecer a família de sua namorada caucasiana Rose (Allison Williams). A princípio, ele acredita que o comportamento excessivamente amoroso por parte da família dela é uma tentativa de lidar com o relacionamento de Rose com um rapaz negro, mas, com o tempo, Chris percebe que há algo errado com a família de Rose, que muitas vezes se comporta e o trata de uma maneira muito estranha.
O sentimo constante de Chris de desconfiança é bem posto em tela e é transmitido ao próprio espectador, para nos deixar com uma "pulga atrás da orelha". Principalmente, quando os funcionários negros estranhos e quase "robôs" da família surgem em tela e, a partir dai, é criado o primeiro ponto de mistério/suspense do filme. Tudo que é inserido na trama, tem o seu objetivo para com o desenvolvimento do roteiro, seja uma porta ou uma xícara. Se algo apresentado não se ater a história logo de cara, em algum momento vai ser interligado ao enredo. O que confirma o belíssimo trabalho do roteiro de Peele.
Quanto as atuações, ela dão a 'Corra!' o tom preciso. Daniel Kaluuya está ótimo na pele do Chris, ele transmite bem as sensações de estranhamento e urgência à trama. LilRel Howery faz o papel do amigo confidente, mas que sempre tira de sarro de qualquer situação. Alisson Williams interpreta a namorada parceira e meiga. Na família de Rose, cada personagem é marcante, a mãe misteriosa e centrada, o irmão que parece falta uns parafusos e o pai que parece querer sempre agradar alguém. Os funcionários interpretados pela Betty Gabriel e Marcus Henderson, geram muitos dos momentos tensos do longa. O mais importante, nenhum desses personagens são caricatos ou forçados, cada um é distinguível e tem seu ponto marcante na história.
Deixando de lado um pouco mais o lado técnico, vale salientar que o filme é também uma crítica ao racismo, principalmente nos EUA. A crítica do longa não se refere à aquele racismo explicito, mas sim ao implícito. Sabe aquela história de "tenho amigo negros, eu não racista", é nessa mão que 'Corra!' trata do tema através do personagem do Chris. Existem três momentos do filme que eu acho que merecem sua atenção para entender a proposta do próprio: a cena do carro, a conversa com o pai da Rose e a festa.
'Corra!' é um filme bem dirigido, roteirizado, divertido, inteligente falando sobre um tema social importante e que mostra que ainda é possível, fazer um filme totalmente criativo e original em um momento do cinema mundial em que muitas produtoras preferem não arriscar em novas produções e investir maciçamente em remakes. 'Corra!' é um dos grandes filmes do ano até o momento e merece que você corra até os cinemas para assisti-lo.
PS.: Uma indicação de praxe não apenas para esse filme, mas para todos os outros filmes do cinema atual, aconselho a não assistir ao trailer. Pois o mesmo entrega algo essencial ao assistir um filme: o ineditismo. O que é claro, pode fazer sua experiência cinematográfica perder um pouco da magia.
A vida? Qual o sentido dela? O que fazer para seguir em frente quando ela não é mais prazerosa? Para Ove e muitos, o caminho infelizmente é tortuoso, muito sofrido e triste. Mas ao decorrer do filme, as coisas mudam por pequenos gestos e situações na vida de Ove. Apesar do filme ter sido indicado a Melhor Maquiagem, esse não é seu grande destaque, e sim a atuação de Rolf Lassgård que interpreta Ove, em uma daquelas interpretações que nós não conseguimos ver outro ator fazendo o personagem.
Com personagens e cenários muito detalhados que fazem referência a cultura japonesa, e filmado por uma técnica de stop-motion tão extraordinária, e poucas vezes se viu efeitos visuais tão relevantes e bem utilizados em uma animação. Tudo isso vai de encontro com a história do filme, que deve marcar as pessoas por muito tempo.
Filmes sobre visitas inesperadas de alienígenas já se tornaram clichê nos cinemas, A Chegada segue outro rumo e mostra que é possível inovar a partir de premissas estereotipadas. A primorosa direção de Dennis Villeneuve não corre por caminhos fáceis, e cria um clima de tensão que transcorre do inicio até o final do filme. E ainda consegue causar o que um verdadeiro filme de ficção-cientifica deveria sempre fazer, que é criar um debate entre o público sobre temas relevantes.
Quando Mel Gibson foi indicado a Melhor Diretor houve uma grande surpresa do público, mas foi satisfatória ao mesmo tempo. Ao decorrer do filme, você acaba entendendo porque "Até o Último Homem" é considerado um filme tão Mel Gibson de ser. Um épico de guerra com uma trama incomum de 2º guerra mundial, dirigido por um gênio que está fazendo as pazes com a indústria, falando da comum discussão de religião e guerra, e ainda por cima retratando um maiores feitos heroicos dos EUA.
Apesar de ser uma crítica social, Moonlight é muito mais que isso, é uma obra genial e verdadeira. Nos incluindo no arco íntimo, triste e solitário de Chiron desde a infância até sua vida adulta. Moonlight prova que não é necessário você estar incluso e se enquadrar no meio, para entender o meio. O grande destaque do filme fica com a atuação de Mahershala Ali, que merece todos os elogios que o fizeram favorito para levar o Oscar para casa.
Neste momento, você já deve ter ouvido falar do elogiadíssimo La La Land, dirigido pelo promissor Damien Chazelle, aquele mesmo rapaz que todos julgaram injustiçado no Oscars 2015 por Whiplash. O filme se passa em Los Angeles, "A Cidade dos Sonhos" ou "A Cidade das Estrelas". O plano sequência de abertura do filme dura 10 minutos que te fazem ficar com vontade de saltar da poltrona e sair dançando por aí, numa cena grandiosa de musical em um grande engarrafamento que é comum em uma grande cidade que está cheia de jovens que estão em busca de seus sonhos na Meca do cinema. A partir daí, Chazelle já cala os críticos que consideram o filme superestimado e nos apresenta os dois protagonistas da história: Mia ('Emma Stone') e Sebastian ('Ryan Gosling).
No longa, o trânsito de Los Angeles nos apresenta – junto ao primeiro número musical – os protagonistas desta jornada, que não se bicam à primeira vista. Ambos sonhadores. Mia (Emma Stone) é garçonete de uma loja de café dentro dos estúdios da Warner, que sonha em se tornar atriz. A jovem não vive só de sonhos e encara um teste de elenco atrás do outro, a maioria com resultado decepcionante. Do outro lado do espectro está Sebastian (Ryan Gosling), um amante fervoroso do jazz, com aspirações de um dia conseguir seu próprio bar. Depois de alguns esbarrões e tropeções, o caminho da dupla finalmente se entrelaça da melhor forma possível.
Roteirizado por Damien Chazelle, o filme é uma homenagem a Era de Ouro (Anos 50/60) dos musicais de Hollywood, mas a nostalgia é apenas uma ponte ao que vai ser apresentado. A história pode ser considerada simples, mas as mensagens transmitidas nas entrelinhas são o que dão força e vida ao longa. Do equilíbrio entre as coisas belas e fantasias da nossas vidas ao amargor que muitas vezes é consequência de nossas escolhas. O romance do filme não segue o padrão comum ao que estamos acostumados, e os problemas não são resolvidos de forma habitual.
O desempenho e a química de Emma Stone e Ryan Gosling é ilustre. Você conhece o perfil dos personagens separadamente, mas a partir do primeiro contato deles você torce a todo momento para vê-los em cena juntos. Ryan Gosling entrega um desempenho admirável, a performance dele tocando piano é tocante (vale ressaltar que o ator aprendeu tocar o instrumento para fazer 'La La Land') e o feeling para o humor do ator, mesmo que esteja sutil, é perceptível em 'La La Land'. Mas quem surpreende mesmo é a Emma Stone, e é nos pontos altos e baixos da vida da personagem que reconhecemos a ótima atuação que rendeu o SAG a atriz, que por coincidência passou por muitos momentos parecidos a da Mia, é talvez o melhor trabalho da curta carreira da Emma. O talento de Emma assim como o de Mia é posto em cheque muitas vezes durante o filme, principalmente nas cenas de audições, o carisma da atriz conquista o espectador que vai passar a admirá-la durante o longa. Muita gente pode criticar o Chazelle por não ter escolhidos atores que pudessem dá mais beleza a todas as cenas musicais, mas o encanto do filme está em moldar os atores/personagens ao decorrer do filme.
A direção do Chazelle tem que ser mais uma vez reconhecida, a câmera é um personagem do filme, a forma como ele movimenta ela em planos sequências que tem cortes quase imperceptíveis, e muitos planos abertos bem executados numa Los Angeles cheia de vida que é utilizada em plano de fundo de muitas cenas. As cores vivas dos figurinos e cenários também dão uma identidade única ao filme.
A trilha sonora é simplesmente belíssima, alegre e contagiante. Emma Stone e Ryan Gosling não arrasam nos vocais, mas se saem bem, é clara a dedicação dos atores aos números musicais. Algo diferenciado, é que as músicas não são jogadas na telas de qualquer maneira, elas fazem sentido nas cenas e não são utilizadas como o aparato principal do filme. O que favorece a narrativa e dá mais liberdade para equilibrar o ritmo e a montagem do longa.
'La La Land' é um filme divertido e romântico, que celebra o cinema e a música, entregando ao espectador uma experiência visual e auditiva muito rara hoje em dia. E mesmo que esse não seja o foco do filme, ele te faz pensar sobre a vida e seus sonhos de um modo diferente. Quer sair de um filme alegre e com vontade de dançar/cantar? Assista 'La La Land'.
Baseado no livro Tony & Susan, de Austin Wright, 'Animais Noturnos' traz de volta o famoso estilista Tom Ford a sua 2º direção depois de 'Direito de Amar' (2009), ainda mais maduro e com um trama cheia de embaraços, à primeira visão, isso pode tornar a história um pouco mais complicada para ser bem concluída, e na visão de muitas pessoas, a coisa pode se tornar mais difícil ainda para um diretor pouco experiente. Mas Ford entrega um filme visualmente belíssimo (a estética é muito presente durante todo o filme) e soberbo, e com diversas camadas narrativas, o que indica que haverá um grande trabalho teatral por parte do elenco.
'Animais Noturnos' relata um momento específico da vida de Susan (Amy Adams). Rica, infeliz no casamento com Walker (Armie Hammer), que a trata com indiferença, um belo dia, do nada, ela recebe a primeira prova de um livro, escrito pelo ex-marido, Edward (Jake Gyllenhaal). Intitulada “Nocturnal Animals”, a novela narra a história de um homem comum (interpretado também por Gyllenhaal) que, numa viagem de férias com a mulher (Isla Fischer) e a filha (Ellie Bamber), é interceptado por uma gangue de bullies (liderados por Ray, personagem de Aaron Taylor-Johnson). O livro é dedicado a Susan que, enquanto o lê, repassa, em retrospecto, a vida com o ex-parceiro (a terceira linha narrativa das tramas paralelas). Uma trama dentro de outra trama é umas das coisas mais atraentes que o filme entrega ao espectador.
Já no início do filme, Tom Ford nós entrega dicas do que irá construir para desenvolver as histórias do personagens. Aparentemente, todo mundo no longa tem uma vida bela e alegre, bem socialmente e financeiramente. Assim como no mundo da arte em que a protagonista Susan possui um negócio, nem tudo é o que parece de primeiro relance. Tudo no filme muda quando Susan começa a ler o livro, uma tensão é criada em Susan e também transmitida para o espectador, através da edição e trilha sonora. A partir desse momento, o livro se torna um personagem importante para o longa.
Analisando as três narrativas do roteiro, facilmente se percebe que "Animais Noturnos" é um filme muito diferente do que nós assistimos ultimamente. Ele é ousado em termos de narrativa. Depois que a trama interna se desenvolve, o ritmo da edição é determinante, transformando a linha tênue entre as histórias, uma das coisas mais interessantes de se ver, principalmente entre as tramas do livro e o momento presente da vida real de Susan.
Para completar, o filme ainda conta com um elenco que dispõe de ótimas atuações. Amy Adams, mesmo com menos espaço do que se espera de uma protagonista em tela, está excelente no papel, sem muitos gritos ou explosões de emoções, a maioria das vezes a atriz usa apenas expressões faciais para demonstrar a infelicidade e perfeição externa da personagem. Jake Gyllenhall tem uma performance digna de uma indicação de Oscar, na minha opinião, ele é o grande destaque do filme, interpretando dois papéis, ele entrega quando necessário a dor do personagem em suas perdas e uma paixão para com as pessoas que ama. O Michael Shannon vive um policial, que investiga o caso de um dos personagens do Jake, apesar de ser um personagem de falas bem diretas e sem nada a perder. O Aaron Taylor-Johnson interpreta um sociopata em um dos melhores papéis de sua carreira. Por último vale ressaltar a participação da Isla Fischer em uma das histórias, a aparência parecida dela com a Amy Adams pode confundir de inicio o espectador, o diretor Tom Ford usa isso quase de propósito para dar uma dinâmica maior ao filme. Levando a sério o nome do filme, todos aqui são Animais Noturnos, com características diferentes e se adaptando de acordo com suas peculiaridades à situações de âmbito questionáveis em muitas vezes.
Como já dito, esteticamente o filme é muito bonito. A direção de arte e o figurino merecem uma indicação ao Oscar. Tecnicamente, o grande problema do filme é a edição de som, que muitas vezes reproduzem sons que não se conectam a sonorização ambiental da cena.
Com uma claríssima melhora no trabalho de direção de Ford, 'Animais Noturnos' é uma mistura de momentos de vida, sentimentos, julgamentos e ainda deixa a mensagem que para certas ações nossas, vão existir reações e consequências. O roteiro nos faz rever nossos conceitos para julgar determinadas situações. Nada no filme está ali por uma casualidade, Tom Ford mostra aqui que é um diretor que todos nós devemos ficar de olho e tem tudo para ter um sucesso como ele tem no mundo da moda.
Dentre tantos grandes lançamentos, grande parte do público já está entrando no "automático" na escolha de um filme. Com o crescente número bizarro de produções adaptadas, boas obras com roteiro original estão sendo esquecidas pelo grande público e passando ofuscadas.
Muita gente pode não lembrar da diretora Nancy Meyers, mas ela tem uma carreira de Hollywood bem conhecida. Foi ela quem comandou o clássico da Sessão da Tarde 'Operação Cupido'(1998) e os indicados a Globo de Ouro 'Algúem Tem que Ceder'(2003) e 'Do Que as Mulheres Gostam'(2000). Comédias sem um humor forçado e com piadas leves, ainda contam um ótimo elenco e roteiro original. Com 'Um Senhor Estagiário', seu mais novo trabalho, a fórmula é seguida.
A primeira impressão, é o que o grande plote do filme se trata de um conflito de gerações. De um lado, Jules Ostin a temida chefe/fundadora e também super atarefada de uma empresa de e-commerce do ramo de vestuário que está crescendo muito rápido, Jules é interpretada pela sensacional Anne Hathaway. Do outro, interpretado por Robert De Niro temos Ben, um senhor de 70 anos aposentado que está entendiado com o cotidiano de sua vida e resolve sair da rotina para participar de um programa de estágio sênior na empresa de Jules. Se tornando estagiário auxiliar da Ostin, Ben acaba sendo de inicio ignorado pela sua chefe. Mas como tudo na vida, as coisas podem mudar.
E como era de se esperar, esse conflito de gerações gera um bom humor para o filme, mas está bem enganado quem acha que a película fica só nisso. O roteiro apesar de simples, é bem redondinho e aborda temas importantes para os tempos atuais. E Nancy Meyers (também roteirista), dirige o filme e conduz esses temas de uma forma delicada, mas ao mesmo tempo descontraída.
Logo dá pra perceber, que os papeis são perfeitos para os protagonistas. Apesar dos problemas pessoais de cada personagem, o filme transmite uma belíssima mensagem ao espectador que mesmo em tempos difíceis, o melhor a se fazer é manter o humor e o otimismo constante. E para o tom do longa, isto é excelente. E quando os próprios personagens se dão conta disto, o filme cresce bastante.
Um Senhor Estagiário é um filme acima da média com uma trama crescente e gostosa de acompanhar, apresentando mensagens interessantes. E não é sobre as diferenças entre os modos de vida de diferentes gerações. Se trata de um filme sobre a vida, o que mostra a bela cena do quarto de hotel, mostrando as inseguranças e sonhos dos personagens. E é a partir daí, que o filme ganha maturidade e deixa para trás todo seu humor simplório. A utopia do mundo perfeito cai sobre nossas cabeças, dando boas vindas ao mundo real.
Lançado em 2013, Truque de Mestre se tornou uma das grandes surpresas em sucesso de público daquele ano. Como de praxe nos cinemas, tudo que faz sucesso parece ser inevitável que não ocorra uma continuação. O primeiro filme trazia propostas interessantes e um enredo inteligente com belas reviravoltas que fazia jus ao tema principal do filme (mágica). A sequência 'Truque de Mestre: 2º Ato' foi lançada e tentou a todo custo seguir o caminho do seu antecessor, mas o que nós vemos é o fracasso de uma sequência com pouquíssima "magia" e muitos furos de roteiro.
Apesar de ser recomendado assistir o primeiro filme para melhor tudo que acontece aqui, o longa explica de modo breve todos os acontecimentos que resultaram nele. Muitos vão estranhar a falta da Isla Fisher, cujo desaparecimento é explicado em poucos segundos, para que logo na sequência seja apresentada a nova integrante dos Cavaleiros, a Lula interpretada pela Lizzy Caplan. A partir daí, já é o suficiente para que o roteiro peque e demonstre "dezenas de vezes" para o espectador que o grupo está inconstante, e o ego inflado de alguns membros faz existir uma necessidade de um se sentir superior aos outros. Mas a coisa fica feia mesmo quando a verdadeira do filme é apresentada, se inicia o 2º ato e o segundo personagem de Woody Harrelson é apresentado.
O diretor Jon M. Chu aposta numa edição rápida e na fotografia para tentar mostrar mágicas que deveriam ser interessantes, que não funcionam porque não passam aquela sensação realística que é necessária para uma boa mágica. No elenco do filme, não existem grandes atuações. O Woody Harrelson interpretando o irmão gêmeo de Merritt pode até ser engraçado na primeira, mas o humor exacerbado do personagem vai perdendo a graça durante o filme. O longa ainda entrega algumas boas cenas de ação em que o trabalho em equipe dos Cavaleiros.
'Truque de Mestre: 2º Ato' pode ser divertido para quem gostou do primeiro filme, mas não deixa de ser uma sequência que peca na originalidade e entrega 'muito do mesmo' que vimos no seu antecessor. Com um roteiro instável que tenta resolver tudo na rapidez, a continuação tenta se apossar da mágica para fazer truques que podem até ser legais no primeiro ato da película, mas a repetição dessas artimanhas acabam se tornando repetitivas e cansativas.
O diretor brasileiro Alfonso Poyart ("2 Coelhos") apostou em um suspense como seu primeiro trabalho em Hollywood com estrelas de renome como Anthony Hopkins e Jeffrey Dean Morgan, e pelo jeito acertou em cheio!
Em Presságios de um Crime, conhecemos dois agentes do FBI: Joe Merriweather (Jeffrey Dean Morgan) e Katherine Cowles (Abbie Cornish) que estão em um caso com pistas quase indecifráveis para chegar até o serial killer que cometeu os crimes. Até que Joe decide pedir ajuda ao seu amigo e antigo colega John Clancy (Anthony Hopkins) para decifrar as pistas dos delitos.
Na sua estreia no cinema internacional, Alfonso Poyart dirige de forma ótima e mesmo que de forma intimidada expõe suas características no filme. Alfonso é um diretor com um bom futuro, e fica claro no modo como ele trabalha com os atores e usa os aspectos de Presságios um Crime para fazer a trama fluir.
Sobre as atuações, Anthony Hopkins não precisa se esforçar muito para atrair nossa atenção, mas quem merece destaque é a musa australiana Abbie Cornish que tem o papel que exige maior carga emocional do filme. Já Jeffrey Dean Morgan nos entrega uma atuação muito comum, mas que cumpre toda a missão do seu personagem. Só que o desastre vem com o Colin Farrell que mais uma vez decepciona com uma interpretação muito abaixo da média.
O roteiro do filme transpõe muito bem durante os seus 4 atos, o tipo de suspense que é Presságios de um Crime, já que o filme é uma adaptação do projeto-sequência de Seven. No primeiro ato, o espectador pode se sentir um pouco perdido com a quantidade de informações que são arremessadas na tela. A partir do segundo ato, você começa a perceber que tudo foi proposital para criar um clima de suspense em quem está assistindo, te fazendo sentir na pele como seria conhecer uma pessoa que pode ver o seu futuro e tentar saber se ela está contando a verdade sobre o que pode acontecer na sua vida ou não. No terceiro ato, começam surgir varias suposições e opções para os personagens que deixam o público ainda mais curioso e sedento na cadeira/sofá. O problema é quando chegamos ao ato final, que por coincidência é quando surge o personagem do Colin Farrell, e perceptivelmente o ritmo do filme caí um pouco.
A fotografia também é muito bem feita, mesmo que com um jogo de câmeras bem simplista e inquieto durante todo o filme, ela está lá colaborando com a dinâmica da película. O design de produção também está belíssimo. Mas o que deixa Presságios de um Crime redondinho é a trilha sonora do Brian Wayne Transeau que é impecável, abusando da minuciosidade e da simplicidade ela encaixa em todas as cenas e traz uma emoção incomparável ao filme.
Presságios é um thriller com toques de fantasia, que diz muito nas entrelinhas sobre vida, morte e a responsabilidade de deixar alguém partir. Como John Clancy não pode evitar que as imagens venham à sua mente, o espectador não poderá tirar seus olhos da tela grande. Já que é sempre bom ver um filme brasileiro fazendo um filme lá fora, mas é melhor ainda quando o filme tem alguma qualidade a ser explorada.
Com trabalhos marcantes na Televisão Americana, o diretor americano Stephen Hopkins nunca conseguiu despontar e ter o mesmo desempenho no cinema. Dessa vez, ele volta às telonas com seu melhor trabalho e de maior destaque: "Race".
O longa conta a história do lendário esportista Jesse Owens, atleta negro que se destacou no Jogos Olímpicos de Verão de 1936 em Berlim, conquistando quatro medalhas de ouro, em um evento que era pra ser uma grande festa dos ideias de supremacia ariana de Hitler. O pano de fundo de histórico do filme é tão marcante para a trama quanto a própria trajetória do Owens. A figura politica dessas Olímpiadas começa a ganhar peso na história quando a película se dispõe a falar sobre tal. O grande erro do roteiro foi ocultar algumas partes da história politico-social em que passa o filme, mas também do Jesse, no filmes nós conhecemos muito do atleta Jesse Owens e pouco da pessoa Jesse Owens. Ainda que com suas falhas o roteiro assinado por Anna Waterhouse e Joe Shrapnel equilibra muito bem o núcleo político e emocional, o treinamento e preparação dos atletas e também o jogo político e estratégico da Alemanha.
A direção de Stephen Hopkins não é espetacular, mas é o seu melhor trabalho para as telonas. Hopkins consegue mesclar bem as diferentes linhas dramáticas do filme e inserir plots menores sem que isso afete de alguma forma a trama. No elenco, temos atuações regulares e nenhum destaque em interpretação, mas o personagem Jon Lutz é inserido de forma magnifica para fazer uma metafora demonstrando que os problemas sociais que aconteciam não era de acordo de "todos" os alemães. Tecnicamente, o grande destaque fica para o design de produção e figurino que reconstroem cenários e competições que fez parte da trajetório vitoriosa de Jesse Owens.
Ainda que com seus problemas, Race é um bom filme e que apesar do pesares ainda é um bom retrato de reflexão para o espectador do que foi as Olímpiadas de 1936 e das problematizações que o mundo carrega. Mas pode ser que algumas pessoas ao final, fiquem com o mesmo gostinho de "falta algo a mais" para o longa que eu tive.
Se você é fã dos trabalhos do Ridley Scott e estava um pouco triste porque o diretor a muito tempo não entregava um bom trabalho, pode começar a se animar porque Scott voltou a boa forma em Perdido em Marte. Baseado no best-seller homônimo de Andy Weir, o filme vai mostrar a história de Mark Watney (Matt Damon), um astronauta que foi abandonado pela sua equipe no Planeta Vermelho, após terem sido alvo de uma tempestade. Whatney vai ter que usar suas habilidades e conhecimentos científicos para sobreviver 4 anos em um planeta inóspito onde as situações climáticas não ajudam muito.
Sem abusar muito da seriedade dessa situação difícil, Perdido em Marte tem um roteiro inteligente e segue na contramão de outros filmes de sobrevivência com tramas-base parecidas, como "Naufrago" e "Até o Fim", abusando do humor em situações nada confortáveis, o que acaba descarregando um pouco do peso emotivo da película.
No papel do protagonista do filme, Matt Damon nos entrega uma interpretação incrível e digna de sua indicação ao Oscar. Matt incorpora o "MacGyver de Marte" de uma forma única, atuando grande parte do filme sozinho, Damon nos despeja um carisma e um espirito de luta belíssimo que faz o espectador torcer o filme inteiro para que o personagem escape de Marte. Mas não é só isso, Jeff Daniels e Chiwetel Ejiofor tem belas atuações em cenas em que a NASA vai ter que encontrar e pensar nas variáveis de um modo de salvar Watney antes que o seu estoque alimentar termine.
Perdido em Marte é um filme otimista e muito bem escrito, e é claro um belo trabalho de Ridley Scott. Com uma bela fotografia, Matt Damon em grande forma e uma trama que te deixa de cabelo em pé, Perdido em Marte é um filme que todos devem assistir.
Após o incrível Birdman, o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu volta aos cinemas para dirigir o belíssimo O Regresso, filme que provavelmente dará o primeiro Oscar da carreira de Leonardo Dicaprio. O filme possui grandes qualidades que não devem ser esquecidas (já que o filme está sendo lembrado por muitos como a grande chance do DiCaprio levar o Oscar), se Birdman tratava da trajetória de um artista: do sucesso a decadência, O Regresso trata da luta pela sobrevivência e pela ânsia de vingança.
Com um roteiro escrito pelo próprio Iñárritu e por Mark L. Smith, e inspirado na história real de Hugh Glass, O Regresso conta a história de Glass, que é atacado por um urso e acaba sendo deixado para morrer pela própria equipe. Lutando para sobreviver e se vingar de John Fitzgerald, Glass vai ter que sobreviver a um inverno rigoroso e aos perigos que a natureza traz.
Vale destacar um dos grandes nome desta produção: Emmanuel Lubezki. Ganhador de 2 Oscars, o diretor de fotografia faz um trabalho arrebatador e de um encanto como poucos fazem no cinema. Basicamente, se parar o filme em algum ponto você vai lhe dar com uma tomada belíssima, e isso não vale só para as cenas que temos a natureza como plano de fundo, mas também para as cenas de ação que possuem uma estética fantástica.
Sobre as atuações, temos aqui interpretações fabulosas. DiCaprio (Hugh Glass) nos entrega uma atuação quase que de corpo e alma, e te faz sentir todo o seu sofrimento na luta pela sobrevivência. Tom Hardy (John Fitzgerald) faz um vilão de arrepiar, o egoísmo do personagem é passado pela performance de Hardy de forma magnifica; e com certeza ele é quem mais se destaca no filme, a cada cena que ele aparece, a atenção lhe é roubada. Domhnall Gleeson e Will Poulter também surgem com atuações profundas e bem desenvolvidas.
O Regresso é a arte representada no cinema, um dos filmes mais belos da última década. Com uma trama envolvente e deslumbrante, apesar de certas quedas de ritmos. Além da fascinante trilha sonora e maquiagem, temos atuações grandiosas. Esse é o filme que deve ser indicado a todo mundo que ama o puro cinema.
Depois do sensacional "Beasts of no Nation", Netflix lança mais um encantador filme de guerra. Diferentemente de Beasts of no Nations, Jadotville é baseado em uma história real que se passou no Congo durante a Guerra Fria, um momento histórico que durou anos para ser reconhecido e ainda assim é muito desconhecido por grande parte do mundo, e até mesmo muitos historiadores não vão saber dizer o que foi "O Cerco de Jadotville".
Aproveitando um evento que só foi reconhecido oficialmente depois de anos, a nova produção da Netflix nos apresenta a história real de 150 soldados irlandeses – sem nenhuma experiencia de batalha, sim antes desse acontecimento o exército da Irlanda nunca tinha visto uma batalha em toda a sua história – que viajam para o Congo, em plena Guerra Fria, como parte da Força de Paz da ONU. Lá eles perdem o apoio e ficam presos entre as jogadas políticas de um diplomata e os ataques de um exército formado por mercenários contratados pelo presidente da província de Katanga Moïse Tshombe (Danny Sapani). A tropa é totalmente ignorada por seus superiores e colocada em situação crítica. Assim começa o cerco de Jadotville que dá nome ao filme.
O roteiro de Kevin Brodbin se divide entre os aspectos políticos e a própria guerra em si, o desenrolar de um depende totalmente do outro para que a história do filem se desenvolva. Já comum na maioria dos clássicos de guerra, o primeiro arco serve para contextualizar o momento em que o mundo e o Congo vive naquele momento (Guerra Fria) de forma breve, mas também para contextualizar a tropa irlandesa e todo seu preparativo em Jadotville. Rapidamente, conhecemos e entendemos o porquê dos irlandeses terem sido escolhidos para aquela missão e nos aproximamos de vários membros do batalhão, principalmente de Pat Quinlan (Jamie Dornan).
O comandante Pat Quinlan é considerado um apaixonado por estratégias bélicas que tem que se provar como um verdadeiro líder, inspirando seus soldados quando histórias contadas em livros já não contam mais. A interpretação do Jamie Dornan não é sensacional, mas entrega algo necessário ao personagem, ganhar a confiança do espectador como se nós fôssemos soldados de Jadotville, no inicio é difícil de se acreditar que Quinlan seja um bom líder, o que vai ser posto à prova durante o decorrer do longa. E é através do Pat que entendemos alguns dos combatentes, destacando-se o Sniper (Sam Keeley).
Enquanto isso, a disputa política fica por conta do Conor O'Brien, representante da ONU (Mark Strong) e o General Tshombe, presidente autodeclarado da província de Katanga. O General é apresentado com um ponto de vista de um cara ganancioso que quer a todo custo a independência de Katanga, e o reconhecimento oficial da ONU de Katanga como país. Enquanto Tshombe acha que está ajudando as pessoas, assim também acontece com O'Brien, o que pode tornar os meios usados e relação dos dois para conseguir seus objetivos numa visão de espectador como vilões.
A direção de Richie Smyth surpreende, principalmente por ser o primeiro filme que ele dirige. Ele consegue extrair boas atuações do elenco, manter o ritmo entre os contextos do filme e não deixa que o próprio se canse na transição de cenas. Os melhores momentos são as saídas encontradas por Quinlan para manter seus homens vivos a cada batalha disputada por seus soldados, junto com os movimentos de câmeras que emulam o rebuliço que está sendo provocado em Jadotville e a intensidade de um campo de batalha.
A compra da proposta do filme é ajudada pelos elementos técnicos. A mixagem de som não deixar a desejar em nada em relação a grandes clássicos do gênero, com sons que pareçam vívidos. A trilha sonora pode ser não ser de grande destaque, mas cumpre o seu papel de vilanizar os inimigos dos irlandeses em prol de entregar o heroísmo aos protagonistas. A fotografia está esplêndida, o reflexo do local é sentido visualmente através dos personagens e por uma paleta de cor alaranjada transmitindo a própria natureza africana.
Jadotville não é só para quem gosta de ver belas histórias e filmes de guerra. Porque o longa vai muito além de uma ação desenfreada, tiros e explosões; e nos atinge com um relato histórico-social e questiona os atos hegemônicos que valem apena serem refletidos. Jadotville além de ser uma excelente opção na Netflix, é o melhor filme de guerra de 2016.
A sequência de "Invasão a Casa Branca" chega as telonas, e se passa três anos após os acontecimentos do primeiro filme. Mike Banning (Benjamin Butler) ainda é chefe de segurança do presidente dos EUA: Asher (Aaron Eckhart). Asher recebe a notícia que o primeiro-ministro britânico faleceu fazendo com o próprio agende uma viagem às pressas ao Reino Unido para o velório. Mike e Lynn (Angela Basset) aconselham o presidente que não é muito prudente fazer uma viagem de última hora, já que diversos líderes mundiais também estarão em Londres. E a partir dessa trama que o filme se desenrola.
Os problemas de "Invasão a Londres" surgem rápido, exceto pela primeira sequência de ação o filme não apresenta nenhum perigo aos protagonistas. Nada causa ameaça ao Banning, aqui ele parece um tipo de super-herói. Não existe um mínimo de tensão na película e o espectador tem a certeza de que Banning e Asher sempre sairão ilesos em qualquer cena. No original, ao menos a tensão e o perigo estavam inseridos, e para maior tristeza no segundo filme não existe um vilão que imponha medo como o personagem do Rick Yune propunha em "Invasão a Casa Branca". Tudo é bem previsível em "Invasão a Londres". Nem o calcanhar de Aquiles dos dois protagonistas, é inserido neste filme, no primeiro filme tínhamos o filho do presidente, aqui nem a futura paternidade do Banning causa algum medo no protagonista de cair na porrada.
Invasão a Londres tem algumas boas cenas de ação, além do ponto mais positivo do filme que são algumas piadas que foram inseridas em diversos diálogos claramente fazendo referência aos filmes de ação dos anos 80. Ai, você pode perguntar: O filme não tem mais nada de bom? Não... A não ser que o espectador queira assistir um filmes com um monte de explosões e cenas de luta, Invasão a Londres não tem nada a oferecer ao espectador. Tudo que existia de positivo em seu predecessor foi totalmente descartado, e é até triste dizer, mas os personagens tem uma involução.
O filme tem um roteiro pouco criativo, feito apenas para lucrar em cima do sucesso do primeiro filme da franquia. Só para se ter uma ideia, Antoine Fuqua que dirigiu Invasão a Casa Branca recusou o filme porque não gostou do roteiro. Resumindo, se você gostou de Invasão a Casa Branca, vai odiar a sua sequência. E se nem do original gostou, passe bem longe desse.
Após o lançamento do decepcionante Hércules, de Renny Harlin, muita gente pode torcer o bico para o filme estrelado por Dwayne Johnson e dirigido por Brett Ratner e que tem o mesmo titulo no Brasil do primeiro citado, o que acaba tornando o paralelismo e a comparação entre os filmes inevitável. Com maior orçamento o Hércules, de Brett Ratner, de inicio acaba animando com a ideia de que este poderia ser o total oposto do último filme lançado sobre o semideus, e sim o filme é inegavelmente superior, mas o longa não pode ser considerado à altura do cânone do personagem.
A história é baseada na HQ Hercules: The Thracian Wars, de Steve Moore, um conto que deixa de lado a mitologia e mostra um Hércules mais humano, após ter finalizado os lendários 12 trabalhos. No filme, toda a trama é bem inserida, além de questionamentos postos aos espectadores sobre o personagem que fazem a toda história trabalhar de forma bem incomum. Todas as questões são aumentadas quando descobrimos que o semideus trabalha junto com um grupo de mercenários, o que gera uma questão ainda maior: "Hércules é o herói que todos esperam ou uma farsa?" Aproveitando essa indagação, o roteiro do filme cria uma narrativa com um ótimo ritmo, apesar de ser obvio.
As diversas cenas de batalhas também são bem realizadas, ainda que muitas não impressionem, são bem coreografadas, vemos algumas tomadas inspiradas, mesclando com um toque de humor, e com uma ótima mixagem de som que constrói uma tensão no espectador. Sobre os mercenários, em grupo suas relação são bem construídas, mas individualmente são mal desenvolvidos. Dwayne Johnson, como é de costume, constrói um personagem alegre e canastrão, mas que entrega um protagonista nada mais que comum. A trilha de Johannes Vogel aparece apagada nas sequências e não nos entrega nada memorável.
Mesmo não sendo uma obra-prima, Hércules cumpre seu papel: entregar um filme com ótimas cenas de ação e muita aventura, gerando diversão a sua audiência. Enfim, está longe de ser o filme épico que se espera do personagem, mas também não é um filme que você vai perder o seu tempo assistindo.
Baseado em fatos verídicos, o longa conta a história de uma expedição liderada por Rob Hall, o alpinista profissional pioneiro na criação de expedições de alpinistas para alcançar o topo de Monte Everest (a montanha mais alta do planeta), mas que dessa vez acaba obrigado a lidar com uma série de dificuldades impostas por uma tempestade quando está liderando um grupo para chegar o cume.
Dirigido pelo islandês Baltasar Kormákur, Everest conta com uma bela fotografia e uma precisão técnica considerável. Mas também possui um problema grave: um roteiro pouco inovador, já que filmes sobre alpinistas não são nenhuma novidade. Everest não conta a história de um homem, mas sim de toda a situação já contada nos livros de Jon Krakauer (No Ar Rarefeito) e Anatoli Boukreev (A Escalada).
O roteiro, escrito por Simon Beaufoy (Quem Quer Ser um Milionário?) e William Nicholson (Gladiador), tenta de toda forma escapar do melodrama, o que de fato era muito importante. O grande problema é que a emoção necessária para toda a história foi tão dosada que acabou num filme em que os espectadores tem dificuldade de se familiarizar. A película tem uma mulher grávida preocupada com o marido, pessoas que foram obrigadas a abandonar seu sonho pelo caminho e outras que lutam para sobreviver em um ambiente nada acolhedor. E mesmo assim não temos uma “aventura” que nós segura, que nos mantenha grudados nas poltronas, por mais que existam cenas que realmente arrepiem até a espinha...
Ao final do filme, terminamos sabendo que vimos algo interessante, mas com aquela sensação que poderia ter visto algo melhor. O sentimento depois de assistir é de que ficou faltando alguma coisa.
Com um elenco de ponta, e com boas atuações, que não são melhores por causa do roteiro mal elaborado. Josh Brolin e John Hawkes se destacam no filme, interpretando dois dos personagens que contratam a expedição para chegar ao topo do monte. Keita Knightley também nos cede uma boa atuação, com destaque para a cena que conversa com o marido pelo telefone em uma situação nada confortável.
Everest é o clássico exemplo de filme mediano, que poderia ter menos personagens para um melhor desenvolvimento da história. Mas entrega uma bela e discreta trilha sonora e realiza um belíssimo trabalho de figurino e, principalmente, da maquiagem combinando com uma fotografia excepcional.
Há muito tempo, a Pixar não fazia um filme original a altura de seus grandes sucessos que pudesse envolver a seus espectadores. Pois é, esse período acabou. Em Divertida Mente, a história gira em torno da mente de uma criança, Riley, tendo como personagens principais os sentimentos responsáveis pelas suas ações: Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho. Cada emoção é apresentada com características diferentes (cor e temperamentos) para facilitar a compreensão do público. Quando a família de Riley se muda, o foco principal passa para a Tristeza e Alegria que são os sentimentos mais antagônicos da jovem, que terão de trabalhar juntas depois de uma confusão em que elas caem no subconsciente da Riley.
Chega a ser sensacional como um acerto na combinação de design (Pete Docter, Meg LeFauve and Josh Cooley) e roteiro (Pete Docter and Ronnie del Carmen) tornam os conceitos do filme tão bem elaborados e materializados. A explicação sobre como a mente de uma pessoa funciona, é tão bem adaptada que chega a fazer todo o sentido. Tanto que em pouco tempo de filme, o espectador se familiariza com tudo que se passa. A história chega a ser brilhante, já que usa dos seus poucos conceitos e explica grande parte do funcionamento do cérebro da Riley, desde sentimentos a amigos imaginários, sonhos, desejos a até mesmo esquecimentos.
O grande diferencial de Divertida Mente é que não há vilões. Há momentos é que você se levar a pensar que um determinado sentimento pode ser esse tipo de personagem frequente em animações, mas a direção que a narrativa leva te faz pensar de um modo diferente. Divertida Mente é uma animação para família, muita divertida e repleta de piadas inteligentes que são voltadas tanto para o público mais jovem quanto para o mais velho. Mas nem tudo são flores, a trilha sonora é um pouco esquecível, o que dificilmente acontece com filmes da Pixar.
Dirigido por Peter Docter (Monstros S.A. e UP), Divertida Mente é ousado e pensado em cada detalhe, um filme que te faz assistir com gosto. Uma animação curiosa, com muito simbolismo, nostálgica, familiar e com uma mensagem relevante. Simplesmente incrível.
tick, tick... BOOM!
3.8 450Primeiro filme dirigido pelo Lin-Manuel Miranda, Tick, Tick... Boom! é o musical aposta da Netflix para o Oscars 2022. O longa é uma grande homenagem do Lin-Manuel para o legado que o Jonathan Larson deixou para o meio artístico, exibindo belíssimos números musicais e uma atuação de gala do Andrew Garfield, talvez a melhor da carreira do próprio.
Noite Passada em Soho
3.5 730 Assista AgoraNovo filme do Edgar Wrigth, que mantém a marca do diretor, porém é um pouco diferente dos outros filmes anteriores da filmografia dele.
Um filme que tecnicamente é perfeito (vale um grande destaque para o trabalho sonoro feito nesse filme), e que entrega belíssimas atuações.
Mais uma direção primorosa do Edgar, cinema de primeiro nível e que é uma grande experiência dentro da sala de cinema.
Brighton 4th
3.4 1Escolhido pela Geórgia para representar o país no Oscars, Brighton 4th conta a história do ex-campeão de Wrestling Kakhi que parte viaja para New York para visitar seu filho e confirmar boatos de que ele estaria em dívidas de jogos, um problema recorrente da família do Kakhi.
Na sua essência, esse filme fala bastante sobre a relação de pai e filho; mas também é um filme sobre um grupo da população americana, imigrantes (nesse caso, georgianos). Toda a narrativa é guiada através da perspectiva do Kakhi e suas aventuras pela cidade, algo que é feito com muita delicadeza pelo diretor Levan Koguashvili que mostra através de todos os rostos que aparecem nesse filme, uma verdade e uma autenticidade à todas histórias dos personagens que conheceremos ao decorrer da narrativa. Esse é mais um filme da mostra que utiliza não-atores em seu elenco, algo muito relevante para mostrar esse real que citei. A fotografia também tem sucesso em mostrar a claustrofobia da pensão perto de Brighton Beach, mostrando a natureza fechada ou isolada da comunidade georgiana.
O humor divertido e quase doce e seco vem tanto da demonstração de afeto do filho para com o pai e vice-versa, quanto da quase silenciosa decepção e exasperação que o pai sente ao ver o filho caindo em ruínas por causa do vício em jogos. Kakhi é um homem de poucas palavras, assim somos obrigados como espectador a observar cada detalhe fácil e gestual desse personagem para entender melhor sobre ele, é uma forma do Levan nos aproximar do protagonista. A natureza lacônica do personagem de Kakhi e uma vivacidade quase perplexa aumentam o charme de um personagem que viveu glórias e é um herói nacional. A atuação do Levan Tediashvilli é fenomenal e cheia de verdade, uma das maiores do ano, sem dúvidas.
Esse sistema de apoio de pai e filho que vemos em Brighton 4th, realmente me atingiu. Uma mensagem linda sobre como devemos reconhecer, valorizar e fortalecer todas essas relações de apoio que possuímos.
Urubus
3.7 15Em "Urubus" acompanha um grupo de pichadores que é denominado pelo mesmo nome do filme, que tentam deixar a sua marca e protestar em vários espaços da cidade. O filme é baseado naquela ação que ocorreu na Bienal 2008.
Como o Cláudio Borreli (diretor) decidiu não utilizar atores profissionais para o filme, com exceção da Bella Camero, o que nós vemos aqui é um filme de ficção com uma estética documental, graças a essa linguagem realista no filme, um dos pontos mais positivos do filme, é através dessa proposta que nós nos aproximamos ainda mais desses personagens, da vida deles e entendemos melhor como eles vivem esse estilo de vida. A câmera inquieta resume muito bem, o movimento da pichação que está sempre em movimento assim como a cidade de São Paulo que nunca para e está em constante movimento e mudança também;
encontrar um novo muro, um novo local para a pichação é uma nova experiência e uma nova descoberta a cada ação de piche. A pichação que durante muito tempo foi visto como um movimento de vandalismo, é mostrado no filme como um movimento de expressão e também de arte, mas o Claudio vai além e mostra o piche como um ato de protesto e ocupação de espaços que para aqueles pichadores não é um lugar comum para pessoas de uma classe social mais baixa, porém deveria ser, e essa busca por espaço não deveria existir.
A comparação com Cidade de Deus, quando o filme ganhou o prêmio no BFI Festival no ano passado, pode parecer exagerado pelo patamar que o Cidade tem no cinema mundial. Mas faz sentido também, já que o "Urubus" olha e mostra uma realidade periférica, tem um ritmo ágil e também flerta com alguns gêneros cinematográficos, e nós sentimos ali nas ruas de São Paulo como se fizemos parte do grupo dos Urubus.
Urubus deixa uma mensagem importante, espaços culturais são lugares que devem ser comuns e ocupados por todo brasileiro.
Urubus é culminante, expressivo e artístico.
Yuni
3.9 8Sem nenhuma dúvidas, "Yuni" é a grande surpresa do ano pra mim.
Quando "Yuni" foi escolhido para ser o representante da Indonésia no Oscars, comecei a ficar de olho nesse filme. Agora, eu estou muito alegre de "Yuni" ter aberto as sessões para mim na Mostra SP. Muito amor por esse filme.
"Yuni" é uma visão muito honesta e ao mesmo tempo brutal da realidade das mulheres adolescentes na Indonésia rural, um local em que o sistema diz que o casamento parece ser a única solução/destino de vida das mulheres neste local. Yuni é uma personagem muito complexa e cheia de camadas, assim como qualquer adolescente de 16 anos é. Ela tem sonhos, objetivos, e muita ambição pela liberdade; ah, e também é apaixonada pelo roxo/violeta. Em contraponto, a toda essa complexidade da Yuni, a diretora Kamila Andini não faz nenhum polimento no cenário e na fotografia enquanto acompanhamos a Yuni, estamos assistindo uma realidade nua e crua de um mundo que é totalmente diferente que eu conheço e vocês conhecem. Um mundo que não existe liberdade para as mulheres, em que a sociedade diz que elas não precisam nem estudar, e que é feito para privilegiar os homens e não os seres humanos que vivem ali.
A forma como Yuni é obstinada, e tenta manter sua liberdade ao mesmo que tenta manter a honra de sua família, é envolvente, profundamente cativamente e emocionante.
"Yuni" é importante, identificável, edificante e bonito.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraJordan Peele, GRAVEM ESSE NOME NA SUA MEMÓRIA. Ninguém esperava muita coisa de 'Corra!', longa que chegou aos cinemas americanos de "mansinho" e é primeiro do gênero suspense dirigido e roteirizado pelo Peele, que até então só tinha trabalhado em séries de TV de comédia. A película já é sucesso mundial de crítica e público nesse ano, e tem como um dos seus temas principais: o racismo, mas o tema não é tratado de qualquer forma e em um filme de terror/suspense não é uma coisa tão fácil e comum de se fazer, pois exige qualidade do roteiro e direção.
A trama gira em torno de Chris (Daniel Kaluuya) que é um jovem negro que está prestes a conhecer a família de sua namorada caucasiana Rose (Allison Williams). A princípio, ele acredita que o comportamento excessivamente amoroso por parte da família dela é uma tentativa de lidar com o relacionamento de Rose com um rapaz negro, mas, com o tempo, Chris percebe que há algo errado com a família de Rose, que muitas vezes se comporta e o trata de uma maneira muito estranha.
O sentimo constante de Chris de desconfiança é bem posto em tela e é transmitido ao próprio espectador, para nos deixar com uma "pulga atrás da orelha". Principalmente, quando os funcionários negros estranhos e quase "robôs" da família surgem em tela e, a partir dai, é criado o primeiro ponto de mistério/suspense do filme. Tudo que é inserido na trama, tem o seu objetivo para com o desenvolvimento do roteiro, seja uma porta ou uma xícara. Se algo apresentado não se ater a história logo de cara, em algum momento vai ser interligado ao enredo. O que confirma o belíssimo trabalho do roteiro de Peele.
Quanto as atuações, ela dão a 'Corra!' o tom preciso. Daniel Kaluuya está ótimo na pele do Chris, ele transmite bem as sensações de estranhamento e urgência à trama. LilRel Howery faz o papel do amigo confidente, mas que sempre tira de sarro de qualquer situação. Alisson Williams interpreta a namorada parceira e meiga. Na família de Rose, cada personagem é marcante, a mãe misteriosa e centrada, o irmão que parece falta uns parafusos e o pai que parece querer sempre agradar alguém. Os funcionários interpretados pela Betty Gabriel e Marcus Henderson, geram muitos dos momentos tensos do longa. O mais importante, nenhum desses personagens são caricatos ou forçados, cada um é distinguível e tem seu ponto marcante na história.
Deixando de lado um pouco mais o lado técnico, vale salientar que o filme é também uma crítica ao racismo, principalmente nos EUA. A crítica do longa não se refere à aquele racismo explicito, mas sim ao implícito. Sabe aquela história de "tenho amigo negros, eu não racista", é nessa mão que 'Corra!' trata do tema através do personagem do Chris. Existem três momentos do filme que eu acho que merecem sua atenção para entender a proposta do próprio: a cena do carro, a conversa com o pai da Rose e a festa.
'Corra!' é um filme bem dirigido, roteirizado, divertido, inteligente falando sobre um tema social importante e que mostra que ainda é possível, fazer um filme totalmente criativo e original em um momento do cinema mundial em que muitas produtoras preferem não arriscar em novas produções e investir maciçamente em remakes. 'Corra!' é um dos grandes filmes do ano até o momento e merece que você corra até os cinemas para assisti-lo.
PS.: Uma indicação de praxe não apenas para esse filme, mas para todos os outros filmes do cinema atual, aconselho a não assistir ao trailer. Pois o mesmo entrega algo essencial ao assistir um filme: o ineditismo. O que é claro, pode fazer sua experiência cinematográfica perder um pouco da magia.
Um Homem Chamado Ove
4.2 382 Assista AgoraA vida? Qual o sentido dela? O que fazer para seguir em frente quando ela não é mais prazerosa? Para Ove e muitos, o caminho infelizmente é tortuoso, muito sofrido e triste. Mas ao decorrer do filme, as coisas mudam por pequenos gestos e situações na vida de Ove. Apesar do filme ter sido indicado a Melhor Maquiagem, esse não é seu grande destaque, e sim a atuação de Rolf Lassgård que interpreta Ove, em uma daquelas interpretações que nós não conseguimos ver outro ator fazendo o personagem.
Kubo e as Cordas Mágicas
4.2 635 Assista AgoraCom personagens e cenários muito detalhados que fazem referência a cultura japonesa, e filmado por uma técnica de stop-motion tão extraordinária, e poucas vezes se viu efeitos visuais tão relevantes e bem utilizados em uma animação. Tudo isso vai de encontro com a história do filme, que deve marcar as pessoas por muito tempo.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraFilmes sobre visitas inesperadas de alienígenas já se tornaram clichê nos cinemas, A Chegada segue outro rumo e mostra que é possível inovar a partir de premissas estereotipadas. A primorosa direção de Dennis Villeneuve não corre por caminhos fáceis, e cria um clima de tensão que transcorre do inicio até o final do filme. E ainda consegue causar o que um verdadeiro filme de ficção-cientifica deveria sempre fazer, que é criar um debate entre o público sobre temas relevantes.
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraQuando Mel Gibson foi indicado a Melhor Diretor houve uma grande surpresa do público, mas foi satisfatória ao mesmo tempo. Ao decorrer do filme, você acaba entendendo porque "Até o Último Homem" é considerado um filme tão Mel Gibson de ser. Um épico de guerra com uma trama incomum de 2º guerra mundial, dirigido por um gênio que está fazendo as pazes com a indústria, falando da comum discussão de religião e guerra, e ainda por cima retratando um maiores feitos heroicos dos EUA.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraApesar de ser uma crítica social, Moonlight é muito mais que isso, é uma obra genial e verdadeira. Nos incluindo no arco íntimo, triste e solitário de Chiron desde a infância até sua vida adulta. Moonlight prova que não é necessário você estar incluso e se enquadrar no meio, para entender o meio. O grande destaque do filme fica com a atuação de Mahershala Ali, que merece todos os elogios que o fizeram favorito para levar o Oscar para casa.
La La Land: Cantando Estações
4.1 3,6K Assista AgoraNeste momento, você já deve ter ouvido falar do elogiadíssimo La La Land, dirigido pelo promissor Damien Chazelle, aquele mesmo rapaz que todos julgaram injustiçado no Oscars 2015 por Whiplash. O filme se passa em Los Angeles, "A Cidade dos Sonhos" ou "A Cidade das Estrelas". O plano sequência de abertura do filme dura 10 minutos que te fazem ficar com vontade de saltar da poltrona e sair dançando por aí, numa cena grandiosa de musical em um grande engarrafamento que é comum em uma grande cidade que está cheia de jovens que estão em busca de seus sonhos na Meca do cinema. A partir daí, Chazelle já cala os críticos que consideram o filme superestimado e nos apresenta os dois protagonistas da história: Mia ('Emma Stone') e Sebastian ('Ryan Gosling).
No longa, o trânsito de Los Angeles nos apresenta – junto ao primeiro número musical – os protagonistas desta jornada, que não se bicam à primeira vista. Ambos sonhadores. Mia (Emma Stone) é garçonete de uma loja de café dentro dos estúdios da Warner, que sonha em se tornar atriz. A jovem não vive só de sonhos e encara um teste de elenco atrás do outro, a maioria com resultado decepcionante. Do outro lado do espectro está Sebastian (Ryan Gosling), um amante fervoroso do jazz, com aspirações de um dia conseguir seu próprio bar. Depois de alguns esbarrões e tropeções, o caminho da dupla finalmente se entrelaça da melhor forma possível.
Roteirizado por Damien Chazelle, o filme é uma homenagem a Era de Ouro (Anos 50/60) dos musicais de Hollywood, mas a nostalgia é apenas uma ponte ao que vai ser apresentado. A história pode ser considerada simples, mas as mensagens transmitidas nas entrelinhas são o que dão força e vida ao longa. Do equilíbrio entre as coisas belas e fantasias da nossas vidas ao amargor que muitas vezes é consequência de nossas escolhas. O romance do filme não segue o padrão comum ao que estamos acostumados, e os problemas não são resolvidos de forma habitual.
O desempenho e a química de Emma Stone e Ryan Gosling é ilustre. Você conhece o perfil dos personagens separadamente, mas a partir do primeiro contato deles você torce a todo momento para vê-los em cena juntos. Ryan Gosling entrega um desempenho admirável, a performance dele tocando piano é tocante (vale ressaltar que o ator aprendeu tocar o instrumento para fazer 'La La Land') e o feeling para o humor do ator, mesmo que esteja sutil, é perceptível em 'La La Land'. Mas quem surpreende mesmo é a Emma Stone, e é nos pontos altos e baixos da vida da personagem que reconhecemos a ótima atuação que rendeu o SAG a atriz, que por coincidência passou por muitos momentos parecidos a da Mia, é talvez o melhor trabalho da curta carreira da Emma. O talento de Emma assim como o de Mia é posto em cheque muitas vezes durante o filme, principalmente nas cenas de audições, o carisma da atriz conquista o espectador que vai passar a admirá-la durante o longa. Muita gente pode criticar o Chazelle por não ter escolhidos atores que pudessem dá mais beleza a todas as cenas musicais, mas o encanto do filme está em moldar os atores/personagens ao decorrer do filme.
A direção do Chazelle tem que ser mais uma vez reconhecida, a câmera é um personagem do filme, a forma como ele movimenta ela em planos sequências que tem cortes quase imperceptíveis, e muitos planos abertos bem executados numa Los Angeles cheia de vida que é utilizada em plano de fundo de muitas cenas. As cores vivas dos figurinos e cenários também dão uma identidade única ao filme.
A trilha sonora é simplesmente belíssima, alegre e contagiante. Emma Stone e Ryan Gosling não arrasam nos vocais, mas se saem bem, é clara a dedicação dos atores aos números musicais. Algo diferenciado, é que as músicas não são jogadas na telas de qualquer maneira, elas fazem sentido nas cenas e não são utilizadas como o aparato principal do filme. O que favorece a narrativa e dá mais liberdade para equilibrar o ritmo e a montagem do longa.
'La La Land' é um filme divertido e romântico, que celebra o cinema e a música, entregando ao espectador uma experiência visual e auditiva muito rara hoje em dia. E mesmo que esse não seja o foco do filme, ele te faz pensar sobre a vida e seus sonhos de um modo diferente. Quer sair de um filme alegre e com vontade de dançar/cantar? Assista 'La La Land'.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraBaseado no livro Tony & Susan, de Austin Wright, 'Animais Noturnos' traz de volta o famoso estilista Tom Ford a sua 2º direção depois de 'Direito de Amar' (2009), ainda mais maduro e com um trama cheia de embaraços, à primeira visão, isso pode tornar a história um pouco mais complicada para ser bem concluída, e na visão de muitas pessoas, a coisa pode se tornar mais difícil ainda para um diretor pouco experiente. Mas Ford entrega um filme visualmente belíssimo (a estética é muito presente durante todo o filme) e soberbo, e com diversas camadas narrativas, o que indica que haverá um grande trabalho teatral por parte do elenco.
'Animais Noturnos' relata um momento específico da vida de Susan (Amy Adams). Rica, infeliz no casamento com Walker (Armie Hammer), que a trata com indiferença, um belo dia, do nada, ela recebe a primeira prova de um livro, escrito pelo ex-marido, Edward (Jake Gyllenhaal). Intitulada “Nocturnal Animals”, a novela narra a história de um homem comum (interpretado também por Gyllenhaal) que, numa viagem de férias com a mulher (Isla Fischer) e a filha (Ellie Bamber), é interceptado por uma gangue de bullies (liderados por Ray, personagem de Aaron Taylor-Johnson). O livro é dedicado a Susan que, enquanto o lê, repassa, em retrospecto, a vida com o ex-parceiro (a
terceira linha narrativa das tramas paralelas). Uma trama dentro de outra trama é umas das coisas mais atraentes que o filme entrega ao espectador.
Já no início do filme, Tom Ford nós entrega dicas do que irá construir para desenvolver as histórias do personagens. Aparentemente, todo mundo no longa tem uma vida bela e alegre, bem socialmente e financeiramente. Assim como no mundo da arte em que a protagonista Susan possui um negócio, nem tudo é o que parece de primeiro relance. Tudo no filme muda quando Susan começa a ler o livro, uma tensão é criada em Susan e também transmitida para o espectador, através da edição e trilha sonora. A partir desse momento, o livro se torna um personagem importante para o longa.
Analisando as três narrativas do roteiro, facilmente se percebe que "Animais Noturnos" é um filme muito diferente do que nós assistimos ultimamente. Ele é ousado em termos de narrativa. Depois que a trama interna se desenvolve, o ritmo da edição é determinante, transformando a linha tênue entre as histórias, uma das coisas mais interessantes de se ver, principalmente entre as tramas do livro e o momento presente da vida real de Susan.
Para completar, o filme ainda conta com um elenco que dispõe de ótimas atuações. Amy Adams, mesmo com menos espaço do que se espera de uma protagonista em tela, está excelente no papel, sem muitos gritos ou explosões de emoções, a maioria das vezes a atriz usa apenas expressões faciais para demonstrar a infelicidade e perfeição externa da personagem. Jake Gyllenhall tem uma performance digna de uma indicação de Oscar, na minha opinião, ele é o grande destaque do filme, interpretando dois papéis, ele entrega quando necessário a dor do personagem em suas perdas e uma paixão para com as pessoas que ama. O Michael Shannon vive um policial, que investiga o caso de um dos personagens do Jake, apesar de ser um personagem de falas bem diretas e sem nada a perder. O Aaron Taylor-Johnson interpreta um sociopata em um dos melhores papéis de sua carreira. Por último vale ressaltar a participação da Isla Fischer em uma das histórias, a aparência parecida dela com a Amy Adams pode confundir de inicio o espectador, o diretor Tom Ford usa isso quase de propósito para dar uma dinâmica maior ao filme. Levando a sério o nome do filme, todos aqui são Animais Noturnos, com características diferentes e se adaptando de acordo com suas peculiaridades à situações de âmbito questionáveis em muitas vezes.
Como já dito, esteticamente o filme é muito bonito. A direção de arte e o figurino merecem uma indicação ao Oscar. Tecnicamente, o grande problema do filme é a edição de som, que muitas vezes reproduzem sons que não se conectam a sonorização ambiental da cena.
Com uma claríssima melhora no trabalho de direção de Ford, 'Animais Noturnos' é uma mistura de momentos de vida, sentimentos, julgamentos e ainda deixa a mensagem que para certas ações nossas, vão existir reações e consequências. O roteiro nos faz rever nossos conceitos para julgar determinadas situações. Nada no filme está ali por uma casualidade, Tom Ford mostra aqui que é um diretor que todos nós devemos ficar de olho e tem tudo para ter um sucesso como ele tem no mundo da moda.
Um Senhor Estagiário
3.9 1,2K Assista AgoraDentre tantos grandes lançamentos, grande parte do público já está entrando no "automático" na escolha de um filme. Com o crescente número bizarro de produções adaptadas, boas obras com roteiro original estão sendo esquecidas pelo grande público e passando ofuscadas.
Muita gente pode não lembrar da diretora Nancy Meyers, mas ela tem uma carreira de Hollywood bem conhecida. Foi ela quem comandou o clássico da Sessão da Tarde 'Operação Cupido'(1998) e os indicados a Globo de Ouro 'Algúem Tem que Ceder'(2003) e 'Do Que as Mulheres Gostam'(2000). Comédias sem um humor forçado e com piadas leves, ainda contam um ótimo elenco e roteiro original. Com 'Um Senhor Estagiário', seu mais novo trabalho, a fórmula é seguida.
A primeira impressão, é o que o grande plote do filme se trata de um conflito de gerações. De um lado, Jules Ostin a temida chefe/fundadora e também super atarefada de uma empresa de e-commerce do ramo de vestuário que está crescendo muito rápido, Jules é interpretada pela sensacional Anne Hathaway. Do outro, interpretado por Robert De Niro temos Ben, um senhor de 70 anos aposentado que está entendiado com o cotidiano de sua vida e resolve sair da rotina para participar de um programa de estágio sênior na empresa de Jules. Se tornando estagiário auxiliar da Ostin, Ben acaba sendo de inicio ignorado pela sua chefe. Mas como tudo na vida, as coisas podem mudar.
E como era de se esperar, esse conflito de gerações gera um bom humor para o filme, mas está bem enganado quem acha que a película fica só nisso. O roteiro apesar de simples, é bem redondinho e aborda temas importantes para os tempos atuais. E Nancy Meyers (também roteirista), dirige o filme e conduz esses temas de uma forma delicada, mas ao mesmo tempo descontraída.
Logo dá pra perceber, que os papeis são perfeitos para os protagonistas. Apesar dos problemas pessoais de cada personagem, o filme transmite uma belíssima mensagem ao espectador que mesmo em tempos difíceis, o melhor a se fazer é manter o humor e o otimismo constante. E para o tom do longa, isto é excelente. E quando os próprios personagens se dão conta disto, o filme cresce bastante.
Um Senhor Estagiário é um filme acima da média com uma trama crescente e gostosa de acompanhar, apresentando mensagens interessantes. E não é sobre as diferenças entre os modos de vida de diferentes gerações. Se trata de um filme sobre a vida, o que mostra a bela cena do quarto de hotel, mostrando as inseguranças e sonhos dos personagens. E é a partir daí, que o filme ganha maturidade e deixa para trás todo seu humor simplório. A utopia do mundo perfeito cai sobre nossas cabeças, dando boas vindas ao mundo real.
Truque de Mestre: O 2º Ato
3.5 941 Assista AgoraLançado em 2013, Truque de Mestre se tornou uma das grandes surpresas em sucesso de público daquele ano. Como de praxe nos cinemas, tudo que faz sucesso parece ser inevitável que não ocorra uma continuação. O primeiro filme trazia propostas interessantes e um enredo inteligente com belas reviravoltas que fazia jus ao tema principal do filme (mágica). A sequência 'Truque de Mestre: 2º Ato' foi lançada e tentou a todo custo seguir o caminho do seu antecessor, mas o que nós vemos é o fracasso de uma sequência com pouquíssima "magia" e muitos furos de roteiro.
Apesar de ser recomendado assistir o primeiro filme para melhor tudo que acontece aqui, o longa explica de modo breve todos os acontecimentos que resultaram nele. Muitos vão estranhar a falta da Isla Fisher, cujo desaparecimento é explicado em poucos segundos, para que logo na sequência seja apresentada a nova integrante dos Cavaleiros, a Lula interpretada pela Lizzy Caplan. A partir daí, já é o suficiente para que o roteiro peque e demonstre "dezenas de vezes" para o espectador que o grupo está inconstante, e o ego inflado de alguns membros faz existir uma necessidade de um se sentir superior aos outros. Mas a coisa fica feia mesmo quando a verdadeira do filme é apresentada, se inicia o 2º ato e o segundo personagem de Woody Harrelson é apresentado.
O diretor Jon M. Chu aposta numa edição rápida e na fotografia para tentar mostrar mágicas que deveriam ser interessantes, que não funcionam porque não passam aquela sensação realística que é necessária para uma boa mágica. No elenco do filme, não existem grandes atuações. O Woody Harrelson interpretando o irmão gêmeo de Merritt pode até ser engraçado na primeira, mas o humor exacerbado do personagem vai perdendo a graça durante o filme. O longa ainda entrega algumas boas cenas de ação em que o trabalho em equipe dos Cavaleiros.
'Truque de Mestre: 2º Ato' pode ser divertido para quem gostou do primeiro filme, mas não deixa de ser uma sequência que peca na originalidade e entrega 'muito do mesmo' que vimos no seu antecessor. Com um roteiro instável que tenta resolver tudo na rapidez, a continuação tenta se apossar da mágica para fazer truques que podem até ser legais no primeiro ato da película, mas a repetição dessas artimanhas acabam se tornando repetitivas e cansativas.
Presságios de um Crime
3.4 308 Assista AgoraO diretor brasileiro Alfonso Poyart ("2 Coelhos") apostou em um suspense como seu primeiro trabalho em Hollywood com estrelas de renome como Anthony Hopkins e Jeffrey Dean Morgan, e pelo jeito acertou em cheio!
Em Presságios de um Crime, conhecemos dois agentes do FBI: Joe Merriweather (Jeffrey Dean Morgan) e Katherine Cowles (Abbie Cornish) que estão em um caso com pistas quase indecifráveis para chegar até o serial killer que cometeu os crimes. Até que Joe decide pedir ajuda ao seu amigo e antigo colega John Clancy (Anthony Hopkins) para decifrar as pistas dos delitos.
Na sua estreia no cinema internacional, Alfonso Poyart dirige de forma ótima e mesmo que de forma intimidada expõe suas características no filme. Alfonso é um diretor com um bom futuro, e fica claro no modo como ele trabalha com os atores e usa os aspectos de Presságios um Crime para fazer a trama fluir.
Sobre as atuações, Anthony Hopkins não precisa se esforçar muito para atrair nossa atenção, mas quem merece destaque é a musa australiana Abbie Cornish que tem o papel que exige maior carga emocional do filme. Já Jeffrey Dean Morgan nos entrega uma atuação muito comum, mas que cumpre toda a missão do seu personagem. Só que o desastre vem com o Colin Farrell que mais uma vez decepciona com uma interpretação muito abaixo da média.
O roteiro do filme transpõe muito bem durante os seus 4 atos, o tipo de suspense que é Presságios de um Crime, já que o filme é uma adaptação do projeto-sequência de Seven. No primeiro ato, o espectador pode se sentir um pouco perdido com a quantidade de informações que são arremessadas na tela. A partir do segundo ato, você começa a perceber que tudo foi proposital para criar um clima de suspense em quem está assistindo, te fazendo sentir na pele como seria conhecer uma pessoa que pode ver o seu futuro e tentar saber se ela está contando a verdade sobre o que pode acontecer na sua vida ou não. No terceiro ato, começam surgir varias suposições e opções para os personagens que deixam o público ainda mais curioso e sedento na cadeira/sofá. O problema é quando chegamos ao ato final, que por coincidência é quando surge o personagem do Colin Farrell, e perceptivelmente o ritmo do filme caí um pouco.
A fotografia também é muito bem feita, mesmo que com um jogo de câmeras bem simplista e inquieto durante todo o filme, ela está lá colaborando com a dinâmica da película. O design de produção também está belíssimo. Mas o que deixa Presságios de um Crime redondinho é a trilha sonora do Brian Wayne Transeau que é impecável, abusando da minuciosidade e da simplicidade ela encaixa em todas as cenas e traz uma emoção incomparável ao filme.
Presságios é um thriller com toques de fantasia, que diz muito nas entrelinhas sobre vida, morte e a responsabilidade de deixar alguém partir. Como John Clancy não pode evitar que as imagens venham à sua mente, o espectador não poderá tirar seus olhos da tela grande. Já que é sempre bom ver um filme brasileiro fazendo um filme lá fora, mas é melhor ainda quando o filme tem alguma qualidade a ser explorada.
Raça
3.9 139 Assista AgoraCom trabalhos marcantes na Televisão Americana, o diretor americano Stephen Hopkins nunca conseguiu despontar e ter o mesmo desempenho no cinema. Dessa vez, ele volta às telonas com seu melhor trabalho e de maior destaque: "Race".
O longa conta a história do lendário esportista Jesse Owens, atleta negro que se destacou no Jogos Olímpicos de Verão de 1936 em Berlim, conquistando quatro medalhas de ouro, em um evento que era pra ser uma grande festa dos ideias de supremacia ariana de Hitler. O pano de fundo de histórico do filme é tão marcante para a trama quanto a própria trajetória do Owens. A figura politica dessas Olímpiadas começa a ganhar peso na história quando a película se dispõe a falar sobre tal. O grande erro do roteiro foi ocultar algumas partes da história politico-social em que passa o filme, mas também do Jesse, no filmes nós conhecemos muito do atleta Jesse Owens e pouco da pessoa Jesse Owens. Ainda que com suas falhas o roteiro assinado por Anna Waterhouse e Joe Shrapnel equilibra muito bem o núcleo político e emocional, o treinamento e preparação dos atletas e também o jogo político e estratégico da Alemanha.
A direção de Stephen Hopkins não é espetacular, mas é o seu melhor trabalho para as telonas. Hopkins consegue mesclar bem as diferentes linhas dramáticas do filme e inserir plots menores sem que isso afete de alguma forma a trama. No elenco, temos atuações regulares e nenhum destaque em interpretação, mas o personagem Jon Lutz é inserido de forma magnifica para fazer uma metafora demonstrando que os problemas sociais que aconteciam não era de acordo de "todos" os alemães. Tecnicamente, o grande destaque fica para o design de produção e figurino que reconstroem cenários e competições que fez parte da trajetório vitoriosa de Jesse Owens.
Ainda que com seus problemas, Race é um bom filme e que apesar do pesares ainda é um bom retrato de reflexão para o espectador do que foi as Olímpiadas de 1936 e das problematizações que o mundo carrega. Mas pode ser que algumas pessoas ao final, fiquem com o mesmo gostinho de "falta algo a mais" para o longa que eu tive.
Perdido em Marte
4.0 2,3K Assista AgoraSe você é fã dos trabalhos do Ridley Scott e estava um pouco triste porque o diretor a muito tempo não entregava um bom trabalho, pode começar a se animar porque Scott voltou a boa forma em Perdido em Marte. Baseado no best-seller homônimo de Andy Weir, o filme vai mostrar a história de Mark Watney (Matt Damon), um astronauta que foi abandonado pela sua equipe no Planeta Vermelho, após terem sido alvo de uma tempestade. Whatney vai ter que usar suas habilidades e conhecimentos científicos para sobreviver 4 anos em um planeta inóspito onde as situações climáticas não ajudam muito.
Sem abusar muito da seriedade dessa situação difícil, Perdido em Marte tem um roteiro inteligente e segue na contramão de outros filmes de sobrevivência com tramas-base parecidas, como "Naufrago" e "Até o Fim", abusando do humor em situações nada confortáveis, o que acaba descarregando um pouco do peso emotivo da película.
No papel do protagonista do filme, Matt Damon nos entrega uma interpretação incrível e digna de sua indicação ao Oscar. Matt incorpora o "MacGyver de Marte" de uma forma única, atuando grande parte do filme sozinho, Damon nos despeja um carisma e um espirito de luta belíssimo que faz o espectador torcer o filme inteiro para que o personagem escape de Marte. Mas não é só isso, Jeff Daniels e Chiwetel Ejiofor tem belas atuações em cenas em que a NASA vai ter que encontrar e pensar nas variáveis de um modo de salvar Watney antes que o seu estoque alimentar termine.
Perdido em Marte é um filme otimista e muito bem escrito, e é claro um belo trabalho de Ridley Scott. Com uma bela fotografia, Matt Damon em grande forma e uma trama que te deixa de cabelo em pé, Perdido em Marte é um filme que todos devem assistir.
O Regresso
4.0 3,5K Assista AgoraApós o incrível Birdman, o diretor mexicano Alejandro González Iñárritu volta aos cinemas para dirigir o belíssimo O Regresso, filme que provavelmente dará o primeiro Oscar da carreira de Leonardo Dicaprio. O filme possui grandes qualidades que não devem ser esquecidas (já que o filme está sendo lembrado por muitos como a grande chance do DiCaprio levar o Oscar), se Birdman tratava da trajetória de um artista: do sucesso a decadência, O Regresso trata da luta pela sobrevivência e pela ânsia de vingança.
Com um roteiro escrito pelo próprio Iñárritu e por Mark L. Smith, e inspirado na história real de Hugh Glass, O Regresso conta a história de Glass, que é atacado por um urso e acaba sendo deixado para morrer pela própria equipe. Lutando para sobreviver e se vingar de John Fitzgerald, Glass vai ter que sobreviver a um inverno rigoroso e aos perigos que a natureza traz.
Vale destacar um dos grandes nome desta produção: Emmanuel Lubezki. Ganhador de 2 Oscars, o diretor de fotografia faz um trabalho arrebatador e de um encanto como poucos fazem no cinema. Basicamente, se parar o filme em algum ponto você vai lhe dar com uma tomada belíssima, e isso não vale só para as cenas que temos a natureza como plano de fundo, mas também para as cenas de ação que possuem uma estética fantástica.
Sobre as atuações, temos aqui interpretações fabulosas. DiCaprio (Hugh Glass) nos entrega uma atuação quase que de corpo e alma, e te faz sentir todo o seu sofrimento na luta pela sobrevivência. Tom Hardy (John Fitzgerald) faz um vilão de arrepiar, o egoísmo do personagem é passado pela performance de Hardy de forma magnifica; e com certeza ele é quem mais se destaca no filme, a cada cena que ele aparece, a atenção lhe é roubada. Domhnall Gleeson e Will Poulter também surgem com atuações profundas e bem desenvolvidas.
O Regresso é a arte representada no cinema, um dos filmes mais belos da última década. Com uma trama envolvente e deslumbrante, apesar de certas quedas de ritmos. Além da fascinante trilha sonora e maquiagem, temos atuações grandiosas. Esse é o filme que deve ser indicado a todo mundo que ama o puro cinema.
O Cerco de Jadotville
3.8 158 Assista AgoraDepois do sensacional "Beasts of no Nation", Netflix lança mais um encantador filme de guerra. Diferentemente de Beasts of no Nations, Jadotville é baseado em uma história real que se passou no Congo durante a Guerra Fria, um momento histórico que durou anos para ser reconhecido e ainda assim é muito desconhecido por grande parte do mundo, e até mesmo muitos historiadores não vão saber dizer o que foi "O Cerco de Jadotville".
Aproveitando um evento que só foi reconhecido oficialmente depois de anos, a nova produção da Netflix nos apresenta a história real de 150 soldados irlandeses – sem nenhuma experiencia de batalha, sim antes desse acontecimento o exército da Irlanda nunca tinha visto uma batalha em toda a sua história – que viajam para o Congo, em plena Guerra Fria, como parte da Força de Paz da ONU. Lá eles perdem o apoio e ficam presos entre as jogadas políticas de um diplomata e os ataques de um exército formado por mercenários contratados pelo presidente da província de Katanga Moïse Tshombe (Danny Sapani). A tropa é totalmente ignorada por seus superiores e colocada em situação crítica. Assim começa o cerco de Jadotville que dá nome ao filme.
O roteiro de Kevin Brodbin se divide entre os aspectos políticos e a própria guerra em si, o desenrolar de um depende totalmente do outro para que a história do filem se desenvolva. Já comum na maioria dos clássicos de guerra, o primeiro arco serve para contextualizar o momento em que o mundo e o Congo vive naquele momento (Guerra Fria) de forma breve, mas também para contextualizar a tropa irlandesa e todo seu preparativo em Jadotville. Rapidamente, conhecemos e entendemos o porquê dos
irlandeses terem sido escolhidos para aquela missão e nos aproximamos de vários membros do batalhão, principalmente de Pat Quinlan (Jamie Dornan).
O comandante Pat Quinlan é considerado um apaixonado por estratégias bélicas que tem que se provar como um verdadeiro líder, inspirando seus soldados quando histórias contadas em livros já não contam mais. A interpretação do Jamie Dornan não é sensacional, mas entrega algo necessário ao personagem, ganhar a confiança do espectador como se nós fôssemos soldados de Jadotville, no inicio é difícil de se acreditar que Quinlan seja um bom líder, o que vai ser posto à prova durante o decorrer do longa. E é através do Pat que entendemos alguns dos combatentes, destacando-se o Sniper (Sam Keeley).
Enquanto isso, a disputa política fica por conta do Conor O'Brien, representante da ONU (Mark Strong) e o General Tshombe, presidente autodeclarado da província de Katanga. O General é apresentado com um ponto de vista de um cara ganancioso que quer a todo custo a independência de Katanga, e o reconhecimento oficial da ONU de Katanga como país. Enquanto Tshombe acha que está ajudando as pessoas, assim também acontece com O'Brien, o que pode tornar os meios usados e relação dos dois para conseguir seus objetivos numa visão de espectador como vilões.
A direção de Richie Smyth surpreende, principalmente por ser o primeiro filme que ele dirige. Ele consegue extrair boas atuações do elenco, manter o ritmo entre os contextos do filme e não deixa que o próprio se canse na transição de cenas. Os melhores momentos são as saídas encontradas por Quinlan para manter seus homens vivos a cada batalha disputada por seus soldados, junto com os movimentos de câmeras que emulam o rebuliço que está sendo provocado em Jadotville e a intensidade de um campo de batalha.
A compra da proposta do filme é ajudada pelos elementos técnicos. A mixagem de som não deixar a desejar em nada em relação a grandes clássicos do gênero, com sons que pareçam vívidos. A trilha sonora pode ser não ser de grande destaque, mas cumpre o seu papel de vilanizar os inimigos dos irlandeses em prol de entregar o heroísmo aos protagonistas. A fotografia está esplêndida, o reflexo do local é sentido visualmente através dos personagens e por uma paleta de cor alaranjada transmitindo a própria natureza africana.
Jadotville não é só para quem gosta de ver belas histórias e filmes de guerra. Porque o longa vai muito além de uma ação desenfreada, tiros e explosões; e nos atinge com um relato histórico-social e questiona os atos hegemônicos que valem apena serem refletidos. Jadotville além de ser uma excelente opção na Netflix, é o melhor filme de guerra de 2016.
Invasão a Londres
3.0 403 Assista AgoraA sequência de "Invasão a Casa Branca" chega as telonas, e se passa três anos após os acontecimentos do primeiro filme. Mike Banning (Benjamin Butler) ainda é chefe de segurança do presidente dos EUA: Asher (Aaron Eckhart). Asher recebe a notícia que o primeiro-ministro britânico faleceu fazendo com o próprio agende uma viagem às pressas ao Reino Unido para o velório. Mike e Lynn (Angela Basset) aconselham o presidente que não é muito prudente fazer uma viagem de última hora, já que diversos líderes mundiais também estarão em Londres. E a partir dessa trama que o filme se desenrola.
Os problemas de "Invasão a Londres" surgem rápido, exceto pela primeira sequência de ação o filme não apresenta nenhum perigo aos protagonistas. Nada causa ameaça ao Banning, aqui ele parece um tipo de super-herói. Não existe um mínimo de tensão na película e o espectador tem a certeza de que Banning e Asher sempre sairão ilesos em qualquer cena. No original, ao menos a tensão e o perigo estavam inseridos, e para maior tristeza no segundo filme não existe um vilão que imponha medo como o personagem do Rick Yune propunha em "Invasão a Casa Branca". Tudo é bem previsível em "Invasão a Londres". Nem o calcanhar de Aquiles dos dois protagonistas, é inserido neste filme, no primeiro filme tínhamos o filho do presidente, aqui nem a futura paternidade do Banning causa algum medo no protagonista de cair na porrada.
Invasão a Londres tem algumas boas cenas de ação, além do ponto mais positivo do filme que são algumas piadas que foram inseridas em diversos diálogos claramente fazendo referência aos filmes de ação dos anos 80. Ai, você pode perguntar: O filme não tem mais nada de bom? Não... A não ser que o espectador queira assistir um filmes com um monte de explosões e cenas de luta, Invasão a Londres não tem nada a oferecer ao espectador. Tudo que existia de positivo em seu predecessor foi totalmente descartado, e é até triste dizer, mas os personagens tem uma involução.
O filme tem um roteiro pouco criativo, feito apenas para lucrar em cima do sucesso do primeiro filme da franquia. Só para se ter uma ideia, Antoine Fuqua que dirigiu Invasão a Casa Branca recusou o filme porque não gostou do roteiro. Resumindo, se você gostou de Invasão a Casa Branca, vai odiar a sua sequência. E se nem do original gostou, passe bem longe desse.
Hércules
3.0 789 Assista AgoraApós o lançamento do decepcionante Hércules, de Renny Harlin, muita gente pode torcer o bico para o filme estrelado por Dwayne Johnson e dirigido por Brett Ratner e que tem o mesmo titulo no Brasil do primeiro citado, o que acaba tornando o paralelismo e a comparação entre os filmes inevitável. Com maior orçamento o Hércules, de Brett Ratner, de inicio acaba animando com a ideia de que este poderia ser o total oposto do último filme lançado sobre o semideus, e sim o filme é inegavelmente superior, mas o longa não pode ser considerado à altura do cânone do personagem.
A história é baseada na HQ Hercules: The Thracian Wars, de Steve Moore, um conto que deixa de lado a mitologia e mostra um Hércules mais humano, após ter finalizado os lendários 12 trabalhos. No filme, toda a trama é bem inserida, além de questionamentos postos aos espectadores sobre o personagem que fazem a toda história trabalhar de forma bem incomum. Todas as questões são aumentadas quando descobrimos que o semideus trabalha junto com um grupo de mercenários, o que gera uma questão ainda maior: "Hércules é o herói que todos esperam ou uma farsa?" Aproveitando essa indagação, o roteiro do filme cria uma narrativa com um ótimo ritmo, apesar de ser obvio.
As diversas cenas de batalhas também são bem realizadas, ainda que muitas não impressionem, são bem coreografadas, vemos algumas tomadas inspiradas, mesclando com um toque de humor, e com uma ótima mixagem de som que constrói uma tensão no espectador. Sobre os mercenários, em grupo suas relação são bem construídas, mas individualmente são mal desenvolvidos. Dwayne Johnson, como é de costume, constrói um personagem alegre e canastrão, mas que entrega um protagonista nada mais que comum. A trilha de Johannes Vogel aparece apagada nas sequências e não nos entrega nada memorável.
Mesmo não sendo uma obra-prima, Hércules cumpre seu papel: entregar um filme com ótimas cenas de ação e muita aventura, gerando diversão a sua audiência. Enfim, está longe de ser o filme épico que se espera do personagem, mas também não é um filme que você vai perder o seu tempo assistindo.
Evereste
3.3 550 Assista AgoraBaseado em fatos verídicos, o longa conta a história de uma expedição liderada por Rob Hall, o alpinista profissional pioneiro na criação de expedições de alpinistas para alcançar o topo de Monte Everest (a montanha mais alta do planeta), mas que dessa vez acaba obrigado a lidar com uma série de dificuldades impostas por uma tempestade quando está liderando um grupo para chegar o cume.
Dirigido pelo islandês Baltasar Kormákur, Everest conta com uma bela fotografia e uma precisão técnica considerável. Mas também possui um problema grave: um roteiro pouco inovador, já que filmes sobre alpinistas não são nenhuma novidade. Everest não conta a história de um homem, mas sim de toda a situação já contada nos livros de Jon Krakauer (No Ar Rarefeito) e Anatoli Boukreev (A Escalada).
O roteiro, escrito por Simon Beaufoy (Quem Quer Ser um Milionário?) e William Nicholson (Gladiador), tenta de toda forma escapar do melodrama, o que de fato era muito importante. O grande problema é que a emoção necessária para toda a história foi tão dosada que acabou num filme em que os espectadores tem dificuldade de se familiarizar. A película tem uma mulher grávida preocupada com o marido, pessoas que foram obrigadas a abandonar seu sonho pelo caminho e outras que lutam para sobreviver em um ambiente nada acolhedor. E mesmo assim não temos uma “aventura” que nós segura, que nos mantenha grudados nas poltronas, por mais que existam cenas que realmente arrepiem até a espinha...
Ao final do filme, terminamos sabendo que vimos algo interessante, mas com aquela sensação que poderia ter visto algo melhor. O sentimento depois de assistir é de que ficou faltando alguma coisa.
Com um elenco de ponta, e com boas atuações, que não são melhores por causa do roteiro mal elaborado. Josh Brolin e John Hawkes se destacam no filme, interpretando dois dos personagens que contratam a expedição para chegar ao topo do monte. Keita Knightley também nos cede uma boa atuação, com destaque para a cena que conversa com o marido pelo telefone em uma situação nada confortável.
Everest é o clássico exemplo de filme mediano, que poderia ter menos personagens para um melhor desenvolvimento da história. Mas entrega uma bela e discreta trilha sonora e realiza um belíssimo trabalho de figurino e, principalmente, da maquiagem combinando com uma fotografia excepcional.
Divertida Mente
4.3 3,2K Assista AgoraHá muito tempo, a Pixar não fazia um filme original a altura de seus grandes sucessos que pudesse envolver a seus espectadores. Pois é, esse período acabou. Em Divertida Mente, a história gira em torno da mente de uma criança, Riley, tendo como personagens principais os sentimentos responsáveis pelas suas ações: Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho. Cada emoção é apresentada com características diferentes (cor e temperamentos) para facilitar a compreensão do público. Quando a família de Riley se muda, o foco principal passa para a Tristeza e Alegria que são os sentimentos mais antagônicos da jovem, que terão de trabalhar juntas depois de uma confusão em que elas caem no subconsciente da Riley.
Chega a ser sensacional como um acerto na combinação de design (Pete Docter, Meg LeFauve and Josh Cooley) e roteiro (Pete Docter and Ronnie del Carmen) tornam os conceitos do filme tão bem elaborados e materializados. A explicação sobre como a mente de uma pessoa funciona, é tão bem adaptada que chega a fazer todo o sentido. Tanto que em pouco tempo de filme, o espectador se familiariza com tudo que se passa. A história chega a ser brilhante, já que usa dos seus poucos conceitos e explica grande parte do funcionamento do cérebro da Riley, desde sentimentos a amigos imaginários, sonhos, desejos a até mesmo esquecimentos.
O grande diferencial de Divertida Mente é que não há vilões. Há momentos é que você se levar a pensar que um determinado sentimento pode ser esse tipo de personagem frequente em animações, mas a direção que a narrativa leva te faz pensar de um modo diferente. Divertida Mente é uma animação para família, muita divertida e repleta de piadas inteligentes que são voltadas tanto para o público mais jovem quanto para o mais velho. Mas nem tudo são flores, a trilha sonora é um pouco esquecível, o que dificilmente acontece com filmes da Pixar.
Dirigido por Peter Docter (Monstros S.A. e UP), Divertida Mente é ousado e pensado em cada detalhe, um filme que te faz assistir com gosto. Uma animação curiosa, com muito simbolismo, nostálgica, familiar e com uma mensagem relevante. Simplesmente incrível.