Uma prova de que a psicodelia pela pura psicodelia é uma marca não só dos clipes dos anos 80 - a maioria dos momentos altos são de cenas de efeitos especiais nonsense com música alta rolando. A proposta dele é bem aberta (talvez não tão chamativa), mas acaba ganhando mais pontos pelos toques de estilo na execução... Pena que, no fim das contas, não consegue escapar de ser uma comédia "pipoca com guaraná num fim de tarde"... Legal foi ver Robert Dooney Jr. tão jovem.
Duas dicas: consiga aguentar os primeiros 20 minutos do filme e desprenda-se completamente da música. Eu julgo que acaba valendo a pena. De começo, tudo o que dá pra absorver é uma chuva de cenas sem muita razão de ser (ou melhor: como razão, acaba servindo "ah, tinha isso na música, mas... tá tão mal encaixado") e elas vão se seguindo, quase sempre durando muito menos do que poderiam/deveriam... causando um desconforto, uma sensação de mal-aproveitamento. O filme enfim começa (a essa altura, aconselho que você já tenha conseguido deixar de lado o jogo de tentar encontrar Legião no enredo) e só então uma história toma forma. Uma história interessante e bonita, diria. De uma forma geral, a construção visual (fotografia, cenografia) merece elogios, mas a impressão de que falta uma argumentação que dê consistência à narrativa ainda paira.
Um exemplo memorável de como juntar várias das coisas que você aprecia num filme pode dar muito errado. Com um roteiro porcamente inspirado em obras incríveis como 'The Elephant Man' e 'Romeu e Julieta', um estilo puxado pra Tim Burton e outras N misturas que só fazem quem está assistindo sentir-se angustiado ao esperar que seja só uma impressão momentânea e que "sim, calma, vai haver alguma reviravolta" - afinal de contas, não teria um Gérard Depardieu num filme sem razão de existir. Ilusão pura. A lição que fica é que não há bom figurino ou falas políticas empolgantes em francês que façam milagre em salvar o que já nasceu afundado.
Pegue as etiquetas western, sueco, anos 70, pornô (e relacionados), jogue numa batedeira e mexa com bastante molho trash. Você tem uma guria de tapaolho montada num carro em cólera dando um rolê pela cidade enquanto estoura pessoas em câmera lenta. Tem como não amar? O filme tem ainda uma adaptação (proposital?) de uma das cenas mais clássicas e polêmicas da história do cinema (dica: envolve uma lâmina). Sensível a imagens agoniantes? Pegue um assento e aproveite. Mas cuidado com o excesso de comentários overrated... acho que muito burburinho cult embaça a visão real da impressão que a obra causa.
P.S.: tenho meus palpites de que Tarantino deu uma assistida nesse filme antes de dar à luz sua personagem Elle (Kill Bill).
Um dos melhores primeiros minutos que já vi - o bebê explodindo é emblemático demais. Além disso, os vários ótimos diálogos recheiam o embasamento crítico do filme. Tenho só que confessar que o modo como tudo vai se desenrolando até o desfecho é um tanto frustrante. Esperava mais.
Obra-prima, sem dúvida! O humor - parte besta, parte bruto - de Bronson pintado nessa tela de violência é de saltar os olhos, mas tudo isso com uma cobertura de uma senhora trilha sonora e uma fotografia que vai desde o monocromático vermelho de tensão até sequências de tomadas em estilo HQ faz do filme uma mutação ambulante. Ele capta perfeitamente a mente perturbada de alguém que, como única razão da vida, resolveu chamar atenção. "I always wanted to be famous", é com essa frase que o filme se inicia e é o que o diretor brilhantemente consegue satisfazer em 90 minutos de constante reinvenção.
Gostei da escolha de músicas. Gostei do azul e amarelo. Na verdade, a ideia estética geral do filme é boa. Gostei até do quê de Tarantino que fica bem marcado nos diálogos - principalmente nas falas de Nino e Shanon - e naquele barulhinho gostoso de lâmina na carne que esguicha o vermelho. Ele peca porém, a meu ver, nessa ideia do envolvimento amoroso. Soa quase como um Transformers ou outro filme bem Tela Quente, com as cenas de sorrisos ao fim de tarde, personagens perfeitamente maqueados em seus corpos esculturais e paixão inocente... Pois é, só não me parece tão interessante quanto poderia ser. Fico na ansiedade pra ver o os outros filmes do diretor então. Ouvi falar muito bem de Bronson e preciso dar uma conferida, e Only God Forgives... cara, aquele trailer me levanta os pelos. To na espera.
Annabelle
2.7 2,7K Assista AgoraTão bom quanto o Bebê de Rosemary
Mulher Nota 1000
3.3 276 Assista AgoraUma prova de que a psicodelia pela pura psicodelia é uma marca não só dos clipes dos anos 80 - a maioria dos momentos altos são de cenas de efeitos especiais nonsense com música alta rolando. A proposta dele é bem aberta (talvez não tão chamativa), mas acaba ganhando mais pontos pelos toques de estilo na execução... Pena que, no fim das contas, não consegue escapar de ser uma comédia "pipoca com guaraná num fim de tarde"... Legal foi ver Robert Dooney Jr. tão jovem.
Faroeste Caboclo
3.2 2,4KDuas dicas: consiga aguentar os primeiros 20 minutos do filme e desprenda-se completamente da música. Eu julgo que acaba valendo a pena.
De começo, tudo o que dá pra absorver é uma chuva de cenas sem muita razão de ser (ou melhor: como razão, acaba servindo "ah, tinha isso na música, mas... tá tão mal encaixado") e elas vão se seguindo, quase sempre durando muito menos do que poderiam/deveriam... causando um desconforto, uma sensação de mal-aproveitamento. O filme enfim começa (a essa altura, aconselho que você já tenha conseguido deixar de lado o jogo de tentar encontrar Legião no enredo) e só então uma história toma forma. Uma história interessante e bonita, diria.
De uma forma geral, a construção visual (fotografia, cenografia) merece elogios, mas a impressão de que falta uma argumentação que dê consistência à narrativa ainda paira.
O Homem que Ri
3.4 161Um exemplo memorável de como juntar várias das coisas que você aprecia num filme pode dar muito errado. Com um roteiro porcamente inspirado em obras incríveis como 'The Elephant Man' e 'Romeu e Julieta', um estilo puxado pra Tim Burton e outras N misturas que só fazem quem está assistindo sentir-se angustiado ao esperar que seja só uma impressão momentânea e que "sim, calma, vai haver alguma reviravolta" - afinal de contas, não teria um Gérard Depardieu num filme sem razão de existir. Ilusão pura.
A lição que fica é que não há bom figurino ou falas políticas empolgantes em francês que façam milagre em salvar o que já nasceu afundado.
Thriller: Um Filme Cruel
3.7 256Pegue as etiquetas western, sueco, anos 70, pornô (e relacionados), jogue numa batedeira e mexa com bastante molho trash. Você tem uma guria de tapaolho montada num carro em cólera dando um rolê pela cidade enquanto estoura pessoas em câmera lenta. Tem como não amar?
O filme tem ainda uma adaptação (proposital?) de uma das cenas mais clássicas e polêmicas da história do cinema (dica: envolve uma lâmina). Sensível a imagens agoniantes? Pegue um assento e aproveite. Mas cuidado com o excesso de comentários overrated... acho que muito burburinho cult embaça a visão real da impressão que a obra causa.
P.S.: tenho meus palpites de que Tarantino deu uma assistida nesse filme antes de dar à luz sua personagem Elle (Kill Bill).
Deus Abençoe a América
4.0 799Um dos melhores primeiros minutos que já vi - o bebê explodindo é emblemático demais. Além disso, os vários ótimos diálogos recheiam o embasamento crítico do filme.
Tenho só que confessar que o modo como tudo vai se desenrolando até o desfecho é um tanto frustrante. Esperava mais.
Bronson
3.8 426Obra-prima, sem dúvida! O humor - parte besta, parte bruto - de Bronson pintado nessa tela de violência é de saltar os olhos, mas tudo isso com uma cobertura de uma senhora trilha sonora e uma fotografia que vai desde o monocromático vermelho de tensão até sequências de tomadas em estilo HQ faz do filme uma mutação ambulante. Ele capta perfeitamente a mente perturbada de alguém que, como única razão da vida, resolveu chamar atenção.
"I always wanted to be famous", é com essa frase que o filme se inicia e é o que o diretor brilhantemente consegue satisfazer em 90 minutos de constante reinvenção.
Drive
3.9 3,5K Assista AgoraGostei da escolha de músicas. Gostei do azul e amarelo. Na verdade, a ideia estética geral do filme é boa. Gostei até do quê de Tarantino que fica bem marcado nos diálogos - principalmente nas falas de Nino e Shanon - e naquele barulhinho gostoso de lâmina na carne que esguicha o vermelho.
Ele peca porém, a meu ver, nessa ideia do envolvimento amoroso. Soa quase como um Transformers ou outro filme bem Tela Quente, com as cenas de sorrisos ao fim de tarde, personagens perfeitamente maqueados em seus corpos esculturais e paixão inocente... Pois é, só não me parece tão interessante quanto poderia ser.
Fico na ansiedade pra ver o os outros filmes do diretor então. Ouvi falar muito bem de Bronson e preciso dar uma conferida, e Only God Forgives... cara, aquele trailer me levanta os pelos. To na espera.