Como muitas pessoas da minha geração, a saga Harry Potter marcou minha infância e foi em parte responsável por meu interesse em leitura e principalmente em literatura fantástica. Tudo isso começou com os filmes, depois livros e depois o material produzido pro Pottermore. Mas depois de uma série de decepções com os posicionamentos e declarações da J. K., esse filme marcou o fim definitivo da minha boa vontade com as coisas que ela vem criando ou aceitando com parte do Wizarding World.
A covardia em não mostrar explicitamente a homossexualidade de Dumbledore, a adição desnecessária de personagens em partes de histórias já tão bem exploradas, o desrespeito com a cronologia dos eventos que já aconteceram só pra ter uma cena de claro apelo emocional pros que acompanharam a saga de Harry Potter, manter o Johnny Depp no elenco depois de todo o movimento MeToo...
A cada coisa que acontecia minha insatisfação aumentava. E pela primeira vez na vida, dormi no cinema.
Não sei nem dar a nota pra esse filme, como poderia dar cinco estrelas pra algo assim? Como poderia dar menos que isso? Uma experiência e tanto, espero nunca mais ver novamente.
Além de falar sobre as fantasias que criamos em momentos traumáticos que acabam assumindo qualidade de verdade pro sujeito que a criou, esse filme tem um subtexto muito mais sutil. Fala de um assunto tabu que talvez só seja possível debater sob o viés psicanalítico: a sexualidade infantil. Uma certa cena do documentário que a protagonista estava gravando foi chave pra isso e acredito que só quem se dedica a estudar sobre o assunto ou que, infelizmente, tenha passado por algo parecido quando criança (e conseguido elaborar e ressignificar a experiência) pôde captar. Ousado!
uma de nossas produções oníricas: é complicado tentar organizar em palavras o que é sua história - e, quando se tenta, algo sempre escapa. Mas o que se sente ao assistir faz com que tudo faça sentido sem precisar ter lógica!
Vendo o filme pelo lado da Rebecca, é a história de uma mulher que usa seu corpo para trazer de volta alguém que amou e perdeu, uma tentativa de recuperar algo que não pode ser recuperado. Não foi o desejo de ser mãe que a fez gestar aquele homem, não houve investimento de amor materno (ou não deveria ter existido), e em vários momentos ficou claro que não se encerrava nisso para ela. Já o Tommy nunca teve nenhum outro tipo de relacionamento com ela/alguém fisicamente idêntico, então esse sentimento me parece ser bem claro pra ele: Rebecca é sua mãe, não importa a herança genética.
Acredito que a estranheza e o incômodo que esse filme me passou contribuíram para que eu ainda sinta um eco da experiência que foi assistí-lo, mesmo depois de alguns dias. É inquietante, acho que quem assiste fica tentando imaginar o que eles sentiram, entender qual era a pretensão de Rebecca com tudo isso, e é difícil porque não temos nenhuma referência já que essa situação não tem precedentes no mundo em que vivemos.
Animais Fantásticos - Os Crimes de Grindelwald
3.5 1,1K Assista AgoraComo muitas pessoas da minha geração, a saga Harry Potter marcou minha infância e foi em parte responsável por meu interesse em leitura e principalmente em literatura fantástica. Tudo isso começou com os filmes, depois livros e depois o material produzido pro Pottermore. Mas depois de uma série de decepções com os posicionamentos e declarações da J. K., esse filme marcou o fim definitivo da minha boa vontade com as coisas que ela vem criando ou aceitando com parte do Wizarding World.
A covardia em não mostrar explicitamente a homossexualidade de Dumbledore, a adição desnecessária de personagens em partes de histórias já tão bem exploradas, o desrespeito com a cronologia dos eventos que já aconteceram só pra ter uma cena de claro apelo emocional pros que acompanharam a saga de Harry Potter, manter o Johnny Depp no elenco depois de todo o movimento MeToo...
E pela primeira vez na vida, dormi no cinema.
Mártires
3.9 1,6K Assista AgoraNão sei nem dar a nota pra esse filme, como poderia dar cinco estrelas pra algo assim? Como poderia dar menos que isso? Uma experiência e tanto, espero nunca mais ver novamente.
O Conto
4.1 339 Assista AgoraAlém de falar sobre as fantasias que criamos em momentos traumáticos que acabam assumindo qualidade de verdade pro sujeito que a criou, esse filme tem um subtexto muito mais sutil. Fala de um assunto tabu que talvez só seja possível debater sob o viés psicanalítico: a sexualidade infantil. Uma certa cena do documentário que a protagonista estava gravando foi chave pra isso e acredito que só quem se dedica a estudar sobre o assunto ou que, infelizmente, tenha passado por algo parecido quando criança (e conseguido elaborar e ressignificar a experiência) pôde captar. Ousado!
Cidade dos Sonhos
4.2 1,7K Assista AgoraEsse filme é um pouco como
uma de nossas produções oníricas: é complicado tentar organizar em palavras o que é sua história - e, quando se tenta, algo sempre escapa. Mas o que se sente ao assistir faz com que tudo faça sentido sem precisar ter lógica!
As Virgens Suicidas
3.8 1,4K Assista AgoraShe was the still point of the turning world.
Ventre
3.7 271Vendo o filme pelo lado da Rebecca, é a história de uma mulher que usa seu corpo para trazer de volta alguém que amou e perdeu, uma tentativa de recuperar algo que não pode ser recuperado. Não foi o desejo de ser mãe que a fez gestar aquele homem, não houve investimento de amor materno (ou não deveria ter existido), e em vários momentos ficou claro que não se encerrava nisso para ela.
Já o Tommy nunca teve nenhum outro tipo de relacionamento com ela/alguém fisicamente idêntico, então esse sentimento me parece ser bem claro pra ele: Rebecca é sua mãe, não importa a herança genética.
Acredito que a estranheza e o incômodo que esse filme me passou contribuíram para que eu ainda sinta um eco da experiência que foi assistí-lo, mesmo depois de alguns dias. É inquietante, acho que quem assiste fica tentando imaginar o que eles sentiram, entender qual era a pretensão de Rebecca com tudo isso, e é difícil porque não temos nenhuma referência já que essa situação não tem precedentes no mundo em que vivemos.
Teus Olhos Meus
4.0 577Eu não tô cabendo em mim, Gil!