Praticamente todos os comentários e reviews sobre o filme falam sobre a beleza e a poesia do simples, do cotidiano, das pequenas coisas. Assisti o filme com a expectativa de ver isso e, quando terminou, fiquei com um incômodo enorme. Aquele incômodo, aquela angústia que um bom filme é capaz de nos proporcionar. Depois de muito pensar, percebi que a sensação que me ficou não é da beleza do simples e sim da mais profunda solidão.
Todos os diálogos do filme são superficiais. As personagens falam apenas do trivial, do banal. O colega de trabalho reclama da diabetes do gato, da visita da sogra, da filha que está aprendendo violino e produz um barulho horroroso em casa. As conversas dentro do ônibus são vazias. Ninguém, ninguém fala sobre o que sente. O dono do bar não reage nem mesmo quando é humilhado publicamente pela esposa. A relação entre Paterson e Laura não é de cumplicidade e sim de cordialidade. Laura quer ser tudo e nunca consegue ser nada e não sabemos como ela se sente em relação a isso. É como se fosse completamente alienada. A única pessoa que fala sobre sentimentos é o apaixonado do bar, que, afinal, finge que sente. Nem mesmo em sua poesia, Paterson fala de si mesmo. Não há um extravasamento do Eu.
A princípio, parece que Paterson é o cara deboísta, para quem tudo está sempre bem. Sempre que lhe perguntam "como você está", as resposta são "estou bem", "tudo certo", "não tenho do que reclamar" e isso parece dar a ele um tom de conformismo. Entretanto,
, o telespectador sabe que ele não está bem e mesmo assim ele responde "estou bem". Aí fica explícito que ele está mentindo. E se ele mentiu dessa vez, é provável que tenha mentido em todas as outras vezes. Talvez ele nunca tenha estado bem e a sua poesia é seu escape, "um vício triste que faço de tudo por abafar" (QUINTANA).
Para mim, a poetização do banal e a idealização do amor que sente pela esposa são as maneiras que ele encontrou para não enlouquecer na sua mais profunda solidão.
P.S.: Estou apaixonada por Adam Driver! Vou encarar Star Wars no cinema única e exclusivamente por causa dele, que conseguiu transformar um personagem potencialmente ruim em um dos melhores da saga. <3
A história é construída por meio de uma interminável sucessão de desgraças. Algumas delas tão inverossímeis que beiram o ridículo. Vale a pena somente pelo tal do Joaquín Furriel, que é uma delicinha.
Meia noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vêde: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
"Vou mandar levantar outra parede..." — Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o tecto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh'alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto!
Augusto dos Anjos
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Paterson
3.9 353 Assista AgoraPraticamente todos os comentários e reviews sobre o filme falam sobre a beleza e a poesia do simples, do cotidiano, das pequenas coisas. Assisti o filme com a expectativa de ver isso e, quando terminou, fiquei com um incômodo enorme. Aquele incômodo, aquela angústia que um bom filme é capaz de nos proporcionar. Depois de muito pensar, percebi que a sensação que me ficou não é da beleza do simples e sim da mais profunda solidão.
Todos os diálogos do filme são superficiais. As personagens falam apenas do trivial, do banal. O colega de trabalho reclama da diabetes do gato, da visita da sogra, da filha que está aprendendo violino e produz um barulho horroroso em casa. As conversas dentro do ônibus são vazias. Ninguém, ninguém fala sobre o que sente. O dono do bar não reage nem mesmo quando é humilhado publicamente pela esposa. A relação entre Paterson e Laura não é de cumplicidade e sim de cordialidade. Laura quer ser tudo e nunca consegue ser nada e não sabemos como ela se sente em relação a isso. É como se fosse completamente alienada. A única pessoa que fala sobre sentimentos é o apaixonado do bar, que, afinal, finge que sente. Nem mesmo em sua poesia, Paterson fala de si mesmo. Não há um extravasamento do Eu.
A princípio, parece que Paterson é o cara deboísta, para quem tudo está sempre bem. Sempre que lhe perguntam "como você está", as resposta são "estou bem", "tudo certo", "não tenho do que reclamar" e isso parece dar a ele um tom de conformismo. Entretanto,
depois que o cachorro destrói seus poemas
Para mim, a poetização do banal e a idealização do amor que sente pela esposa são as maneiras que ele encontrou para não enlouquecer na sua mais profunda solidão.
P.S.: Estou apaixonada por Adam Driver! Vou encarar Star Wars no cinema única e exclusivamente por causa dele, que conseguiu transformar um personagem potencialmente ruim em um dos melhores da saga. <3
Árvore de Sangue
3.4 78 Assista AgoraA história é construída por meio de uma interminável sucessão de desgraças. Algumas delas tão inverossímeis que beiram o ridículo. Vale a pena somente pelo tal do Joaquín Furriel, que é uma delicinha.
Viral
2.5 206 Assista AgoraNa minha terra, a gente resolve isso aí com 1 ml de Ivomec. Pronto! Resolveria todo o problema do filme.
O Babadook
3.5 2,0KO morcego
Meia noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E este morcego! E, agora, vêde:
Na bruta ardência orgânica da sede,
Morde-me a goela ígneo e escaldante molho.
"Vou mandar levantar outra parede..."
— Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho
E olho o tecto. E vejo-o ainda, igual a um olho,
Circularmente sobre a minha rede!
Pego de um pau. Esforços faço. Chego
A tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!
A Consciência Humana é este morcego!
Por mais que a gente faça, à noite, ele entra
Imperceptivelmente em nosso quarto!
Augusto dos Anjos