O ponto de unanimidade nessa série é a trilha sonora maravilhosa:
1. Acabou Chorare - Novos Baianos 2. After Life - Arcade Fire 3. Amor Perfeito - Roberto Carlos 4. O Bobo - Cícero 5. Cama e Mesa - Roberto Carlos 6. Chão de Giz - Zé Ramalho 7. A Cidade - Chico Science & Nação Zumbi 8. Crua - Otto 9. Dona da Minha Cabeça - Geraldo Azevedo 10. Gente Aberta - Erasmo Carlos 11. Hallelujah - Rufus Wainwright 12. Hoje, Amanhã e Depois - Nação Zumbi 13. Meu Esquema - Mundo Livre S/A 14. O Que Será (A Flor da Pele) - Milton Nascimento & Chico Buarque 15. Pedaço de Mim - Zizi Possi & Chico Buarque 16. Pense em Mim - Johnny Hooker & Eduardo Queiroz 17. Revelação - Fagner 18. Risoflora - Elba Ramalho 19. Último Romance - Los Hermanos 20. Vamos Fugir - Gilberto Gil 21. Você Ainda Pensa? - Johnny Hooker
Ainda que o roteiro fomente a sugestão óbvia de que o romance será o carro-chefe, a trama se desentrelaça entre um drama bem atuado e uma espécie de suspense implícito nas nossas próprias expectativas, equilibrando o espectador entre as nuances daquele vulcão de desejos erupcionados (?) em tela e as suas possíveis consequências em um mundo real repleto de inconveniências.
A intensidade sensual do filme ganha um charme bastante original ao se entrelaçar com a exuberância da geografia amazônica, criando paralelos muito maiores do que uma simples alegoria ilustrativa. A constante beleza natural da fotografia, alternando entre a mata densa e, sobretudo, à vazão sufocante das águas extensas do Amazonas, servem de canhão para projetar a força da presença de Anaíra e potencializar o seu impacto sobre os três irmãos.
Quase como uma armadilha, “O Rio do Desejo” retrata de uma maneira muito singular o caráter incontrolável da mistura heterogênea entre amor e desejo, mesmo que os clichês impeçam o filme de alcançar um grau de maior complexidade, muito por conta da maneira como o personagem “Dalmo” foi exposto em tela, beirando o mau gosto por inúmeras vezes.
Enfim, um belo filme que poderia ser, ao meu ver, uma obra ainda mais especial, não fossem os desajustes entre texto e mise-en-scène. Me peguei lembrando de "Cidade Baixa" (2005) por diversas vezes, antes mesmo de descobrir que Sérgio Machado dirigiu ambos os filmes. Tá explicado!
Não é segredo pra absolutamente ninguém que a curiosidade em torno do que choca e o interesse pelas profundezas da mente humana, acaba transformando as angústias e os conflitos do processo penal em uma ferramenta extremamente sedutora quando o assunto é o engajamento popular, seja na porta do tribunal ou de frente pra Netflix.
Ora bolas, então por quê não revisitarmos um dos crimes mais chocantes do nosso passado recente, reciclando os tradicionais elementos de espetacularização do papel de juízes, promotores, delegados e advogados, super aproveitando essa eterna fonte de entretenimento chamada Isabella Nardoni?
Se "True Crime" é gênero, comer carne revirada e monetizar de tempos em tempos são os ossos do ofício... Não sejamos hipócritas...
Pois bem. Estendendo o comentário para um contexto estritamente audiovisual, o "documentário" se demonstra mais preguiçoso do que o próprio promotor do caso, se recusando a trazer novos elementos à tela, promovendo a dúvida de uma maneira extremamente simplista, omitindo uma série de informações reveladas em inúmeras outras obras (vide "Investigação Criminal", de 2012), se debruçando na já tradicional "rinha de operadores do Direito", enquanto destila ~mea culpa~ através de meias verdades confrontantes.
"Isabella: O Caso Nardoni" estreou na Netflix com o pretexto perfeito para chocar novamente, refrescar a curiosidade das pessoas e tentar desmontar alguns estereótipos criados em torno de um julgamento que entrou no imaginário do público a ponto de fazer com que quase todo mundo se interessasse pelo seu desfecho.
Acontece que nem pra fazer uma minissérie montada em três ou quatro episódios, mesmo que contextualizando apenas a evolução gradual do caso, a plataforma serviu, entregando um serviço porco, raso, clichê e absolutamente desinteressante.
Ou seja, exatamente o que eu esperava: sensacionalismo barato.
Até mesmo a chance de dar mais voz a uma mãe que perdeu a sua filha tão precocemente, de uma das maneiras mais inacreditáveis da história do país, foi jogada no lixo, já que a edição claramente estava mais interessada em revisitar o caos causado pela imprensa e projetar aquela reconstituição em 3d esdrúxula que mais parece ter atrapalhado do que ajudado no desfecho do julgamento.
Tudo o que envolve esse caso é de uma tristeza sem fim...
Com menos de 10 minutos, somos apresentados a versão teen do pitboy de condomínio. Entre aulas de judô e brigas despropositadas, o fascínio de Rogério pelos ~jogos violentos~ surge como a cereja do bolo na construção do primeiro personagem detestável da série. Ladainha de tiozão.
2) SÉRGIO INSTRUTOR DE TIRO
No segundo episódio, Cibele, que havia comprado (por impulso) uma arma de seu vizinho miliciano para "proteger" a sua família, surge praticando tiros junto a Sérgio enquanto ele sussurra palavras de motivação e "tira uma casquinha" da pobre mãe desamparada. Sexualização péssima.
3) AMÂNCIO DAS CASAS BAHIA
Chegando ao tragicômico terceiro episódio, é possível identificar o interesse de Amâncio, o bundão, em Mila, a vulnerável, mas fascinante mesmo é a percepção de que um vendedor das Casas Bahia tem passe livre no trabalho e consegue manter a sua família num condomínio na Barra.
4) TIRO ACIDENTAL
Mas como o dramalhão não pode parar, que tal o teen que sofre bullying furtar a arma da mãe, pra ameaçar o bullynador, enquanto o seu pai inicia um caso extraconjugal com a genitora do valentão? O tiro acidental acabou sendo igualmente previsível e constrangedor. Uma salada só.
5) CASOS DE FAMÍLIA
A essa altura, comecei a achar que a aceitação da série e a chuva de elogios tivesse calcada em seu caráter satírico. A cena da "audiência de conciliação" entre as famílias, orquestrada pelo vizinho miliciano, só poderia ser uma espécie de piada velada.. Impossível levar a sério.
6) ESPELHO ÍNTIMO
Pausa dramática para a cena do "encontro com o feminino" que dispensa maiores comentários. Estética de gosto, no mínimo, duvidosíssimo. Coitada da Mila.
7) COBRANÇA PÓS TRAIÇÃO/ESTUPRO
Superada a cena final do episódio 4, em que a direção opta por apelar ao invés de transmitir uma sugestão mais inteligente, chegamos a um dos piores diálogos da trama. A postura patética de Amâncio é tão pouco crível que a aversão pelo personagem se volta contra a obra. Tosco!
8) XIXI NA PIZZA
Nesse momento aqui eu me contorci de tanta vergonha alheia que também aproveitei pra tirar a água do joelho. Era o melhor a se fazer.
9) RIVAIS NO COUNTER-STRIKE
Instantes depois, chegamos ao tão sonhado encontro de titãs entre Marcinho e Rogério. Como criatividade é o que não falta em tela, que tal uma partidinha de algum jogo de tiro enquanto as mães de família buscam uma conciliação pra lá de forçada? Patético do patético.
10) TATUAGEM DE BANDIDO
Nesse frame aqui eu só registro em ata a minha boladeza. Estigmatização de tatuagem em julho de 2023? Faça-me o favor...
11) PRIMEIRO BASEADO
Confesso que no episódio 6, exatamente na metade da série, o ritmo melhora e a familiarização com a infinidade de subtramas nos leva a focar no desenvolvimento dos atos, mas essa cena do primeiro baseado... Minha nossa senhora... O que foi que esse menino fumou?
12) FLAGRA NA VARANDA
Já essa cena aqui, que embora tenha funcionado como um dos gatilhos mais eficazes de toda a temporada, é projetada de uma maneira tão caricata que acaba contaminando todo o restante do episódio com aquela clássica sensação de "ah, não me diga, Wando". No limite do óbvio.
13) CACHORRO VAMPIRO
Confesso que o Lulu da Pomerânia tomando suco de groselha causou uma vergonha boa. Uma coisa meio tarantinesca. Ri genuinamente.
14) CACHORRO NO VENTILADOR
E mal sabia ele que o feitiço iria virar contra o feiticeiro...
15) DELEGADO RENDIDO
Nos instantes finais do 8º episódio, ainda restou tempo para nos deliciarmos com um adolescente desarmando um delegado de polícia, dentro de uma unidade repleta de agentes, sem que um mísero disparo fosse efetuado. Fiquemos com a esperança de que a vida realmente imite a arte...
16) MC MARCINHO
Confesso que não sei se cochilei em algum momento, mas quando Marcinho surgiu, absolutamente do nada, trajado de "MC Vergonha Alheia" e prontinho pra arrebentar no ~baile barrense~ com seu batom vermelho, eu perdi de vez as esperanças. Qualquer coisa poderia acontecer.
17) GLORY HOLE
No antepenúltimo episódio, o clímax do constrangimento ficou por conta de um "glory hole" de dedos, na vez de Cibele se reconectar com a sua feminilidade. Mais um momento bastante exótico.
18) BOLSA DE MILHÕES
Na reta final, Rogério se revelou o adolescente menos curioso da história da humanidade e acabou, de uma vez por todas, com o resquício de paciência deste espectador.
19) ASSALTO EMO
Mas ainda haveria tempo pra que integrantes da banda Simple Plan roubassem algo em torno de quarenta mil reais de Lorraine e Marcinho (que estavam armados) numa passarela do subúrbio carioca.
20) O MILAGRE
Por fim, o GRANDE PLOT, mastigado até o último milésimo de segundo, cuspido pra prender o grande público em mais alguns meses de espera até o lançamento da segunda temporada. Suco da preguiça.
Primeiramente, que alguém dê um pescotapa no zé ruela que traduziu esse título para "Emboscada". Se a ideia era sintetizar o "La Bella Gente" original em um substantivo feminino qualquer, que batizassem a obra de "Hipocrisia" ou qualquer merda parecida.
No mais, embora o filminho seja meio cansado e a evolução do roteiro não empolgue tanto em diversos momentos, o recorte de tantas caricaturas que compõem uma parcela bem significativa da minha bolha me agradou. São elas:
A coroa gata ~white savior~ que só consegue se saciar enquanto tem o seu ego caridoso debruçado em alguma filantropia impulsiva;
O coroa progressista e gente boa que não tem coragem e personalidade suficientes para deixar de ceder o tempo inteiro;
O protótipo de playboy infiel, com currículo preenchido no exterior e look alternativo, que consegue se travestir de bonzinho até transar com a gata da vez;
O casal de primos ricos, mesquinhos, xenófobos e preconceituosos, que sequer tentam disfarçar o seu horror ao que está de fora da sua "classe".
Em meio a essa salada, a protagonista, sequestrada num lar com tão pouca dignidade, se vê obrigada a retomar o seu passado de dor, na expectativa de que algum resquício de ar livre seja novamente inalado.
A sensação foi de que a Nadja achou melhor viver como uma puta livre do que subservir aquela ~bela gente~ escrota e hipócrita.
O que, sem sombra de dúvidas, eleva o patamar de "Y Tu Mamá También", é a falsa sensação de que o filme não vai ultrapassar a barreira de um road movie clichê e pseudo-tesudo, até se provar um filme que faz ode ao pessimismo, sendo concluído numa linha diametralmente oposta.
Embora o roteiro finja se construir em cima desse nhenhenhem de carpe diem, como se fosse possível tacar o foda-se para viver se deliciando com as diferentes etapas da vida, os últimos minutos pulverizam essa abobrinha e nos saciam com a invalidação do apelo projetado, escancarando, justamente, os nossos cercadinhos.
Mais do que as fodas desprotegidas e as dezenas de tragos compartilhados, a obra não se sustenta num mero retrato de aventura e liberdade, mas sim da realidade. Não à toa, a viagem que se apresenta como o início para eles, também se revela como um final para ela.
E como é inegável a beleza presente no impulso, as masturbações, as discussões infantilizadas, os diálogos sexuais, as lágrimas compulsivas e, principalmente, a maneira como cada um se mostra inapto para lidar com o seu oceano de sentimentos, agregam valor a ideia de que "la vida es como la espuma, por eso hay que darse como el mar".
Somos mares intensos, infinitos e extremamente complexos.
Um filme perfeito no propósito de reiterar que algumas lembranças precisam ficar guardadas no fundo do baú, sem que deixemos elas saírem de lá, sob o risco de estragarmos uma bela memória afetiva.
Até a última cena, eu estava decidido a avaliar o filme com 3 estrelas. Vi a moto voltando. Temi pela ocupação da garupa. Pensei em dar 2 estrelas em face de um desfecho tão borracha fraca. Não tinha ninguém na garupa. Ufa!!! 3,5 estrelas pela potência do alívio. Às vezes a única solução é sair em busca de si. O efeito de um "amor" em forma de bengala dura menos que o de um paracetamol genérico. Precisar partir é muito mais forte do que precisar ficar. A vida tende a mostrar que a banda toca assim... Um filme singelo, de estética apurada e bastante reflexão. Cinema Nacional <3
"As Vantagens de Ser Invisível" é um filme sensível, sincero, que consegue se desprender dos clichês para fortalecer a simbiose entre os três personagens principais, sendo capaz de nos afastar de estereótipos e fortalecer a sua narrativa bem construída, embora opte por não desembaralhar muito bem algumas questões de abuso infantil.
Imagino que assistir a esse filme lá no fim de 2012, justamente no meu primeiro ano de faculdade, teria produzido algumas sensações mais latentes, potencializando o "se sentir infinito" com relação as perspectivas de futuro. No entanto, esse "afastar" do tempo me permitiu enxergar as várias facetas da juventude de um lugar diferente, meio silencioso. Uma espécie de nostalgia despropositada.
Sabe aquela história de que a vida não é boa e nem má, apenas os dois ao mesmo tempo?! Então, o filme me levou para esse lugar, como quando colocamos a cabeça no travesseiro após um dia bem vivido: tendo plena consciência de um emaranhado de situações merdas nas quais estamos inseridos, mas ainda insistindo na ideia de que amanhã há de ser outro dia.
Como adolescente bobalhão e fã de "American Pie" que fui, fico aguardando por uma reunion do elenco, daqui a uns vinte anos, com todo mundo gordo, calvo, aposentado e divorciado, refletindo sobre os ~dias de luta dias de glória~ de outrora, com direito a passeio pelo túnel e novas juras de amor incumpríveis.
Bong Joon-ho transforma um lagartão comedor de gente num belo condutor de dramas familiares, medo, ansiedade, frustação, esperança, lealdade, direcionando a nossa atenção para uma família desleixadona e disfuncional, enquanto esmurra o ocidente através de críticas muito bem fundamentadas.
A cena do protagonista implorando para se fazer ouvido pelo laboratorista americano, por exemplo, se reproduz como uma alegoria à relação do cinema não-ocidental e a incapacidade dessa indústria ser verdadeiramente consumida para além de seu raio.
Não à toa, o próprio diretor do filme é um dos maiores, senão o maior, responsável por essa ruptura, ao varrer o Oscar 2019 com o apogeu de "Parasita".
As mudanças de tom estranhas e aleatórias, flertando entre o chocante e o hilariante, também são marcas registradas que muito me agradam. Alguns frames frios também são muito bem inseridosdurante esses momentos de transição.
A distância de 2023 para 2006, ano do lançamento de "O Hospedeiro", foi o meu maior desafio no processo de digestão...
Há 17 anos, certamente eu teria considerado um filme muito acima da média. Em maio de 2023, eu consigo compreender o seu valor, mas seria forçado dizer que a experiência me gerou tanto impacto, depois de já ter consumido tanta coisa mais evoluída no gênero.
No fim das contas, são duas horas que valem muito como estudo da obra desse gênio coreano!
Não acho que sobrecarregar um roteiro com dezenas de alegorias criticando a sociedade do espetáculo torne um filme bom. Até consegui distrair a minha cabeça brincando de pescar referências com a decadência da elite e a hipocrisia da classe média, mas achei zero genial. Overrated.
Curti demais assistir ao "Guerra da Tapioca" na TV aberta, no horário nobre da Globo, imediatamente após o campeão de audiência "Jogo da Discórdia" do Big Brother Brasil, ainda que isso só escancare a nossa inversão de prioridades, rs.
Embora eu desconhecesse o filme (tal qual a maioria dos atores envolvidos), a obra que é uma produção 100% cearense protagonizada por Samya de Lavor e inteiramente gravada em Fortaleza, me fisgou por acaso, ainda nos instantes iniciais, tamanho carisma da trilha forrozenta.
Dirigido por Luciana Vieira e Wislan Esmeraldo, os trinta minutos de tela revelam um texto irreverente e atuações bem envolventes que retratam a vida popular local. É arte independente, de pouco orçamento, produção tupiniquim e puro suco do Nordeste!
Em algumas camadas, me lembrei bastante da saudosa "A Grande Família". A propósito, eu zero me incomodaria de assistir a algum tipo de continuação da trama em formato de minissérie... Fica a dica.
Ainda que Aronofsky não encabece a minha lista de diretores favoritos, é inegável a sua imensa habilidade de penetrar no íntimo dos personagens destrinchados em tela, escancarando suas obsessões e tragédias pessoais, sem a realização de muitas concessões aparentes. Foi assim em "Requiem for a Dream", foi assim em "Black Swan", foi assim em "Mother!" e é assim em "The Whale".
Justamente por esse "foda-se" que o diretor faz questão de implementar como uma de suas características principais, que uma análise mais simplista da sua obra pode acabar gerando um efeito contrário no âmago de quem assiste, como se ele, de certo modo, buscasse menosprezar seus próprios personagens, utilizando-se de certa crueldade e mera reprodução de clichês para gerar entretenimento cult às custas de temáticas sensíveis.
Não posso concordar com isso...
Os diferentes tipos de dependência química dos personagens de "Réquiem para um Sonho", o perfeccionismo obsessivo da bailarina de "Cisne Negro" e as alegorias ocultas de "Mãe!", desta vez, tomaram a forma da obesidade mórbida munida pelos efeitos da depressão e da compulsão alimentar, temáticas tão atuais.
Os diferentes níveis de ódio e desprezo para com o protagonista, não se resumem a sua condição física. Embora o fato de o personagem ter obesidade mórbida seja importante para a trama, ela é apenas uma consequência de diferentes processos banhados em estágios profundos de tristeza.
Charlie chegou a um nível depressivo tão irreversível que ele come para se afogar e passa a olhar pro relógio em contagem regressiva. A divisão do roteiro em dias da semana gera exatamente essa sensação claustrofóbica.
Embora a minha namorada tenha comentado que a repulsa pelo personagem, assim como os seus trejeitos caricatos ao manejar e se deleitar com um balde de frango frito soe gordofóbico, não seria justamente essa a mera representação da gordofobia na obra?
Ora, senão temos a seguinte sequência narrativa: um casal incompatível gera uma menina revoltada com o distanciamento do pai, que encontrou em uma relação homoafetiva a sua grande paixão, mas perdeu o seu companheiro por conta da intolerância da igreja, entrando num estágio de luto profundo, até desenvolver uma trágica condição de compulsão alimentar e resignação com a morte iminente, momento no qual resolve "correr atrás do tempo perdido", ao menos por alguns instantes.
Agora me diga: como é que uma pessoa depressiva e solitária, com extrema dificuldade de locomoção, pesando mais de duzentos quilos e, literalmente, comendo para morrer, deveria ser retratada em tela?
Sentando-se à mesa em horários determinados, fazendo questão de seguir a etiqueta em suas refeições? Se alimentando com comidas não processadas, bem preparadas e ricas em nutrientes? Sem limpar a mãozona suja de gordura na camisa enquanto traveste a sua dor com quilos e mais quilos de fast food? Dando trinta e quatro mastigadas enquanto saboreia cada uma de suas coxas de frango?
Talvez essa tal gordofobia esteja mais enraizada nos olhos do espectador do que de fato nas nuances da trama em si...
Entendo que a contratação de um ator "supersize" pudesse amenizar esse tipo de discussão, mas trabalhemos com o que temos.
E o que também temos é um trabalho técnico impecável capaz de caracterizar o antigo "George o Rei da Floresta" em um personagem esteticamente impactante e ainda mais complexo internamente, credenciando Brendan Fraser à disputa e eventual conquista da cobiçada estatueta de Melhor Ator.
Essa complexidade é o que a primeira cena do filme busca mostrar, nos empurrando para dentro da telinha preta de uma câmera letárgica e atrelada a um laptop que mais parece ser o único respiro de um filme ambientado em uma única câmara, mas que não perde para a monotonia.
Agradeçam a Deus por eu não ter lido "Moby Dick".
Do contrário, eu poderia ficar por mais umas duas mil palavras falando abobrinhas por aqui.
Ah, e nada como um final nos brindando com o alívio de um protagonista que se divide entre otimismo e saída de cena como duas faces da mesma moeda. Não à toa, o único raio de sol que passa pelo buraco da porta daquele apartamento, em quase duas horas de filme, é praticamente na mesma hora de sair do cinema.
Com todo respeito, quem gostou dessa série deve ter parado de prestar atenção nela enquanto ia sendo consumido pelos mais profundos sentimentos de tristeza e inconformismo nutridos pela própria magnitude da tragédia em si.
Porque eu não sei o que foi pior...
O gauchês extremamente forçado, caminhando na linha tênue do "insuportável" com o "vergonha alheia"?
Os defeitos especiais à lá "Linha Direta"?
A evolução do roteiro que divide a obra esdruxulamente em "noite da tragédia" vs "tribunais infrutíferos", sem entregar mais nada?
A péssima tentativa de humanização de determinados personagens, sem que fôssemos suficientemente inseridos na vida pessoal de cada um deles?
Alguns diálogos mais rasos que uma poça de xixi?
O clamor por "justiça" empacotado por sentimentos clichês de apelo social e vingança jurídica?
As falsas simetrias e informações incongruentes sobre uma infinidade de contextos técnicos?
Se encontrar o equilíbrio entre as nossas próprias escolhas pode acabar sendo uma tarefa enlouquecedora, esse filme serve de trampolim para algumas reflexões sobre o tal "sentido da existência humana", então nada mais justo do que navegarmos por tudo quanto é gênero ~ao mesmo tempo~.
É de ficar sem gps entre um contexto surrealista de ficção científica e os momentos de humor nonsense com pitadas de Bruce Lee e Jackie Chan. Um filme de Kung Fu que também é drama e romance, se utilizando de elementos do gore para ilustrar o suspense que a própria ansiedade das protagonistas já nos sugere.
Em meio ao caos, fica fácil degustar sabores diferentes e até mesmo perder a noção de qual é a linha central do roteiro, sem deixar de se compadecer com cada processo depreciativo escancarado em tela.
A abordagem "piroca das ideias" também é a chave para tornar o filme acessível para quem só está disposto a se distrair, se entreter, sem deixar de se valer da sua complexidade para atrair outro tipo de telespectador.
Em meio a infinitas possibilidades, arranjar maneiras de se entregar à "finitude" da vida para suportar os buracos em que nós mesmos nos enfiamos, surge como alternativa a uma saída de cena bebendo da fonte da depressão.
Um filme maluco, poderoso e de estética inovadora.
Muito vem sendo falado sobre a sensibilidade dessa série, da sua qualidade acima da média em inúmeros aspectos, da potência dos personagens, do plano sequência inacreditável do penúltimo episódio, dos inúmeros abraços que os diálogos são capazes de nos dar, mas eu confesso que demorei horas tentando aceitar que o ator protagonista não se tratava de Rob Schneider, do filme ANIMAL (2001). Isso pode ter prejudicado a minha experiência.
Difícil não se incomodar com a multietnicidade alegórica dessa temporada. Um falatório danado sem ninguém entender nada. Inimigos do silêncio em cena. Trilha sonora cansada e extremamente incongruente. Elementos de efeitos especiais meio feiosos. Referências excessivas à "Dark". Evolução do roteiro muito lenta. Atuações dramáticas pouco convincentes. Soluções preguiçosas. Plot, do plot, do plot, apenas pelo plot. Sei lá, achei bem mais ou menos do início ao fim. Sem contar no chatíssimo medo constante de deixar passar algum "sinal"... Série mequetrefe!
Embora o conflito entre um povo preto e um povo indígena possa soar extremamente problemático, a sensibilidade do roteiro na hora de lidar com as fases do luto e ressignificar a história (depois de uma perda tão traumática), teve muita força enquanto eu assistia ao filme. A premissa de "proteger a criança" (na verdade, uma jovem adulta) também parece rasa e superficial, mas, no final das contas, eu caguei para todos os defeitos e me despedi da sala do cinema com um sorriso no rosto. As diferentes camadas que foram capazes de unir um filme de ação e fantasia com dramas pessoais fortes e discussões sociais latentes, nos entregaram uma belíssima homenagem a Chadwick Boseman, que deve ter ficado feliz da vida na companhia de seus ancestrais ♥
Quem tá dizendo que o filme é fraco é chato pra caralho.
Po, a rapaziada é muito resistente com produção nacional, né?! Geral criticando um besteirol gostosinho desses, cheio de reviravoltas forçadas, que faz uma salada com várias pautas relevantes, recriando o galã das 8 em psicopata excêntrico, dando aquela aceleradinha boa no peito... Chatos!
Segui inquieto e apreensivo em diversos momentos nessa segunda trama. Creio que a violência real enfrentada pela Klara Castanho potencializou ainda mais o peso dos episódios sob os meus olhos. A violência escondida nas feições que gritam por socorro desde o inicio são um show à parte.
Se a personagem da Verônica fosse um pouco mais sensata e ponderada, o roteiro teria menos furos. Também senti falta do sadismo da primeira temporada, mas entendo a dificuldade de seguir a linha e criar novas pontes neste sentido. A verdade é que só os mama-rola de gringo não se divertiram com a série.
Agora é esperar para ver o que vem por aí com a terceira temporada...
Embora, em 2022, o tema seja extremamente batido e muito pouco solucionado, precisamos levar em consideração a principal crítica de um filme lançado há mais de duas décadas: enquanto o pai berra à esmo que o filho precisa ser dopado por remédios tarja preta e a mãe mastiga um cigarro atrás do outro, um jovem é lobotomizado por conta de meia dúzia de baseados e uma rebeldia juvenil trivial.
É incrível como a força das nossas estruturas fracassadas, banhadas em preconceito e conservadorismo inadequado, consegue se manter exercendo o controle sobre a vida das pessoas, a ponto de transformar um comportamento mais do que banal em um verdadeiro ~bicho de sete cabeças~
Muito respeito pela trajetória de vida do Casagrande e tal, me comovi em alguns momentos, mas que puta documentário fraco! Roteiro preguiçoso demais, evolução completamente apressada, depoimentos pouco profundos, fora as "animações" feiosas. Fiquei bastante insatisfeito. De bom, curti os bastidores da passagem pelo Ascoli, além das pinceladas pela "Democracia Corinthiano". De resto, achei o resultado muito basicão.
Justiça (1ª Temporada)
4.3 326O ponto de unanimidade nessa série é a trilha sonora maravilhosa:
1. Acabou Chorare - Novos Baianos
2. After Life - Arcade Fire
3. Amor Perfeito - Roberto Carlos
4. O Bobo - Cícero
5. Cama e Mesa - Roberto Carlos
6. Chão de Giz - Zé Ramalho
7. A Cidade - Chico Science & Nação Zumbi
8. Crua - Otto
9. Dona da Minha Cabeça - Geraldo Azevedo
10. Gente Aberta - Erasmo Carlos
11. Hallelujah - Rufus Wainwright
12. Hoje, Amanhã e Depois - Nação Zumbi
13. Meu Esquema - Mundo Livre S/A
14. O Que Será (A Flor da Pele) - Milton Nascimento & Chico Buarque
15. Pedaço de Mim - Zizi Possi & Chico Buarque
16. Pense em Mim - Johnny Hooker & Eduardo Queiroz
17. Revelação - Fagner
18. Risoflora - Elba Ramalho
19. Último Romance - Los Hermanos
20. Vamos Fugir - Gilberto Gil
21. Você Ainda Pensa? - Johnny Hooker
O Rio do Desejo
3.4 45Ainda que o roteiro fomente a sugestão óbvia de que o romance será o carro-chefe, a trama se desentrelaça entre um drama bem atuado e uma espécie de suspense implícito nas nossas próprias expectativas, equilibrando o espectador entre as nuances daquele vulcão de desejos erupcionados (?) em tela e as suas possíveis consequências em um mundo real repleto de inconveniências.
A intensidade sensual do filme ganha um charme bastante original ao se entrelaçar com a exuberância da geografia amazônica, criando paralelos muito maiores do que uma simples alegoria ilustrativa. A constante beleza natural da fotografia, alternando entre a mata densa e, sobretudo, à vazão sufocante das águas extensas do Amazonas, servem de canhão para projetar a força da presença de Anaíra e potencializar o seu impacto sobre os três irmãos.
Quase como uma armadilha, “O Rio do Desejo” retrata de uma maneira muito singular o caráter incontrolável da mistura heterogênea entre amor e desejo, mesmo que os clichês impeçam o filme de alcançar um grau de maior complexidade, muito por conta da maneira como o personagem “Dalmo” foi exposto em tela, beirando o mau gosto por inúmeras vezes.
(e não me refiro à cena de autoflagelo).
Enfim, um belo filme que poderia ser, ao meu ver, uma obra ainda mais especial, não fossem os desajustes entre texto e mise-en-scène. Me peguei lembrando de "Cidade Baixa" (2005) por diversas vezes, antes mesmo de descobrir que Sérgio Machado dirigiu ambos os filmes. Tá explicado!
O Mundo Depois de Nós
3.2 899 Assista AgoraÉ tão chato, mas tão chato, que eu preferia ter assistindo a um episódio de Friends.
Isabella: O Caso Nardoni
3.1 129Não é segredo pra absolutamente ninguém que a curiosidade em torno do que choca e o interesse pelas profundezas da mente humana, acaba transformando as angústias e os conflitos do processo penal em uma ferramenta extremamente sedutora quando o assunto é o engajamento popular, seja na porta do tribunal ou de frente pra Netflix.
Ora bolas, então por quê não revisitarmos um dos crimes mais chocantes do nosso passado recente, reciclando os tradicionais elementos de espetacularização do papel de juízes, promotores, delegados e advogados, super aproveitando essa eterna fonte de entretenimento chamada Isabella Nardoni?
Se "True Crime" é gênero, comer carne revirada e monetizar de tempos em tempos são os ossos do ofício... Não sejamos hipócritas...
Pois bem. Estendendo o comentário para um contexto estritamente audiovisual, o "documentário" se demonstra mais preguiçoso do que o próprio promotor do caso, se recusando a trazer novos elementos à tela, promovendo a dúvida de uma maneira extremamente simplista, omitindo uma série de informações reveladas em inúmeras outras obras (vide "Investigação Criminal", de 2012), se debruçando na já tradicional "rinha de operadores do Direito", enquanto destila ~mea culpa~ através de meias verdades confrontantes.
"Isabella: O Caso Nardoni" estreou na Netflix com o pretexto perfeito para chocar novamente, refrescar a curiosidade das pessoas e tentar desmontar alguns estereótipos criados em torno de um julgamento que entrou no imaginário do público a ponto de fazer com que quase todo mundo se interessasse pelo seu desfecho.
Acontece que nem pra fazer uma minissérie montada em três ou quatro episódios, mesmo que contextualizando apenas a evolução gradual do caso, a plataforma serviu, entregando um serviço porco, raso, clichê e absolutamente desinteressante.
Ou seja, exatamente o que eu esperava: sensacionalismo barato.
Até mesmo a chance de dar mais voz a uma mãe que perdeu a sua filha tão precocemente, de uma das maneiras mais inacreditáveis da história do país, foi jogada no lixo, já que a edição claramente estava mais interessada em revisitar o caos causado pela imprensa e projetar aquela reconstituição em 3d esdrúxula que mais parece ter atrapalhado do que ajudado no desfecho do julgamento.
Tudo o que envolve esse caso é de uma tristeza sem fim...
Os Outros (1ª Temporada)
4.0 258Com todo respeito a ~legião de fãs~ aqui presentes, separei os 20 momentos em que eu quase desmaiei de tanta vergonha alheia com a série "Os Outros".
Thread disponibilizada com os frames das cenas via @caioeshenriques no Twitter.
Alguém precisava te dizer a verdade! Contém spoilers:
1) MARCINHO GAMER
Com menos de 10 minutos, somos apresentados a versão teen do pitboy de condomínio. Entre aulas de judô e brigas despropositadas, o fascínio de Rogério pelos ~jogos violentos~ surge como a cereja do bolo na construção do primeiro personagem detestável da série. Ladainha de tiozão.
2) SÉRGIO INSTRUTOR DE TIRO
No segundo episódio, Cibele, que havia comprado (por impulso) uma arma de seu vizinho miliciano para "proteger" a sua família, surge praticando tiros junto a Sérgio enquanto ele sussurra palavras de motivação e "tira uma casquinha" da pobre mãe desamparada. Sexualização péssima.
3) AMÂNCIO DAS CASAS BAHIA
Chegando ao tragicômico terceiro episódio, é possível identificar o interesse de Amâncio, o bundão, em Mila, a vulnerável, mas fascinante mesmo é a percepção de que um vendedor das Casas Bahia tem passe livre no trabalho e consegue manter a sua família num condomínio na Barra.
4) TIRO ACIDENTAL
Mas como o dramalhão não pode parar, que tal o teen que sofre bullying furtar a arma da mãe, pra ameaçar o bullynador, enquanto o seu pai inicia um caso extraconjugal com a genitora do valentão? O tiro acidental acabou sendo igualmente previsível e constrangedor. Uma salada só.
5) CASOS DE FAMÍLIA
A essa altura, comecei a achar que a aceitação da série e a chuva de elogios tivesse calcada em seu caráter satírico. A cena da "audiência de conciliação" entre as famílias, orquestrada pelo vizinho miliciano, só poderia ser uma espécie de piada velada.. Impossível levar a sério.
6) ESPELHO ÍNTIMO
Pausa dramática para a cena do "encontro com o feminino" que dispensa maiores comentários. Estética de gosto, no mínimo, duvidosíssimo. Coitada da Mila.
7) COBRANÇA PÓS TRAIÇÃO/ESTUPRO
Superada a cena final do episódio 4, em que a direção opta por apelar ao invés de transmitir uma sugestão mais inteligente, chegamos a um dos piores diálogos da trama. A postura patética de Amâncio é tão pouco crível que a aversão pelo personagem se volta contra a obra. Tosco!
8) XIXI NA PIZZA
Nesse momento aqui eu me contorci de tanta vergonha alheia que também aproveitei pra tirar a água do joelho. Era o melhor a se fazer.
9) RIVAIS NO COUNTER-STRIKE
Instantes depois, chegamos ao tão sonhado encontro de titãs entre Marcinho e Rogério. Como criatividade é o que não falta em tela, que tal uma partidinha de algum jogo de tiro enquanto as mães de família buscam uma conciliação pra lá de forçada? Patético do patético.
10) TATUAGEM DE BANDIDO
Nesse frame aqui eu só registro em ata a minha boladeza. Estigmatização de tatuagem em julho de 2023? Faça-me o favor...
11) PRIMEIRO BASEADO
Confesso que no episódio 6, exatamente na metade da série, o ritmo melhora e a familiarização com a infinidade de subtramas nos leva a focar no desenvolvimento dos atos, mas essa cena do primeiro baseado... Minha nossa senhora... O que foi que esse menino fumou?
12) FLAGRA NA VARANDA
Já essa cena aqui, que embora tenha funcionado como um dos gatilhos mais eficazes de toda a temporada, é projetada de uma maneira tão caricata que acaba contaminando todo o restante do episódio com aquela clássica sensação de "ah, não me diga, Wando". No limite do óbvio.
13) CACHORRO VAMPIRO
Confesso que o Lulu da Pomerânia tomando suco de groselha causou uma vergonha boa. Uma coisa meio tarantinesca. Ri genuinamente.
14) CACHORRO NO VENTILADOR
E mal sabia ele que o feitiço iria virar contra o feiticeiro...
15) DELEGADO RENDIDO
Nos instantes finais do 8º episódio, ainda restou tempo para nos deliciarmos com um adolescente desarmando um delegado de polícia, dentro de uma unidade repleta de agentes, sem que um mísero disparo fosse efetuado. Fiquemos com a esperança de que a vida realmente imite a arte...
16) MC MARCINHO
Confesso que não sei se cochilei em algum momento, mas quando Marcinho surgiu, absolutamente do nada, trajado de "MC Vergonha Alheia" e prontinho pra arrebentar no ~baile barrense~ com seu batom vermelho, eu perdi de vez as esperanças. Qualquer coisa poderia acontecer.
17) GLORY HOLE
No antepenúltimo episódio, o clímax do constrangimento ficou por conta de um "glory hole" de dedos, na vez de Cibele se reconectar com a sua feminilidade. Mais um momento bastante exótico.
18) BOLSA DE MILHÕES
Na reta final, Rogério se revelou o adolescente menos curioso da história da humanidade e acabou, de uma vez por todas, com o resquício de paciência deste espectador.
19) ASSALTO EMO
Mas ainda haveria tempo pra que integrantes da banda Simple Plan roubassem algo em torno de quarenta mil reais de Lorraine e Marcinho (que estavam armados) numa passarela do subúrbio carioca.
20) O MILAGRE
Por fim, o GRANDE PLOT, mastigado até o último milésimo de segundo, cuspido pra prender o grande público em mais alguns meses de espera até o lançamento da segunda temporada. Suco da preguiça.
Concorda comigo?
Emboscada
3.2 22Primeiramente, que alguém dê um pescotapa no zé ruela que traduziu esse título para "Emboscada". Se a ideia era sintetizar o "La Bella Gente" original em um substantivo feminino qualquer, que batizassem a obra de "Hipocrisia" ou qualquer merda parecida.
No mais, embora o filminho seja meio cansado e a evolução do roteiro não empolgue tanto em diversos momentos, o recorte de tantas caricaturas que compõem uma parcela bem significativa da minha bolha me agradou. São elas:
A coroa gata ~white savior~ que só consegue se saciar enquanto tem o seu ego caridoso debruçado em alguma filantropia impulsiva;
O coroa progressista e gente boa que não tem coragem e personalidade suficientes para deixar de ceder o tempo inteiro;
O protótipo de playboy infiel, com currículo preenchido no exterior e look alternativo, que consegue se travestir de bonzinho até transar com a gata da vez;
O casal de primos ricos, mesquinhos, xenófobos e preconceituosos, que sequer tentam disfarçar o seu horror ao que está de fora da sua "classe".
Em meio a essa salada, a protagonista, sequestrada num lar com tão pouca dignidade, se vê obrigada a retomar o seu passado de dor, na expectativa de que algum resquício de ar livre seja novamente inalado.
A sensação foi de que a Nadja achou melhor viver como uma puta livre do que subservir aquela ~bela gente~ escrota e hipócrita.
E está certíssima.
E Sua Mãe Também
4.0 519O que, sem sombra de dúvidas, eleva o patamar de "Y Tu Mamá También", é a falsa sensação de que o filme não vai ultrapassar a barreira de um road movie clichê e pseudo-tesudo, até se provar um filme que faz ode ao pessimismo, sendo concluído numa linha diametralmente oposta.
Embora o roteiro finja se construir em cima desse nhenhenhem de carpe diem, como se fosse possível tacar o foda-se para viver se deliciando com as diferentes etapas da vida, os últimos minutos pulverizam essa abobrinha e nos saciam com a invalidação do apelo projetado, escancarando, justamente, os nossos cercadinhos.
Mais do que as fodas desprotegidas e as dezenas de tragos compartilhados, a obra não se sustenta num mero retrato de aventura e liberdade, mas sim da realidade. Não à toa, a viagem que se apresenta como o início para eles, também se revela como um final para ela.
E como é inegável a beleza presente no impulso, as masturbações, as discussões infantilizadas, os diálogos sexuais, as lágrimas compulsivas e, principalmente, a maneira como cada um se mostra inapto para lidar com o seu oceano de sentimentos, agregam valor a ideia de que "la vida es como la espuma, por eso hay que darse como el mar".
Somos mares intensos, infinitos e extremamente complexos.
Metal Lords
3.5 309 Assista AgoraMetal é compromisso!
Melhor Trilha Sonora desde "Escola do Rock".
Teria cancha para ser exaustivamente reprisado na "Sessão da Tarde" se o gosto musical dessa geração não fosse tão pouco apurado.
Legalzinho demais!
Power Rangers: Agora e Sempre
3.0 121 Assista AgoraUm filme perfeito no propósito de reiterar que algumas lembranças precisam ficar guardadas no fundo do baú, sem que deixemos elas saírem de lá, sob o risco de estragarmos uma bela memória afetiva.
O Céu de Suely
3.9 464 Assista AgoraSpoiler:
Até a última cena, eu estava decidido a avaliar o filme com 3 estrelas. Vi a moto voltando. Temi pela ocupação da garupa. Pensei em dar 2 estrelas em face de um desfecho tão borracha fraca. Não tinha ninguém na garupa. Ufa!!! 3,5 estrelas pela potência do alívio. Às vezes a única solução é sair em busca de si. O efeito de um "amor" em forma de bengala dura menos que o de um paracetamol genérico. Precisar partir é muito mais forte do que precisar ficar. A vida tende a mostrar que a banda toca assim... Um filme singelo, de estética apurada e bastante reflexão. Cinema Nacional <3
As Vantagens de Ser Invisível
4.2 6,9K Assista Agora"As Vantagens de Ser Invisível" é um filme sensível, sincero, que consegue se desprender dos clichês para fortalecer a simbiose entre os três personagens principais, sendo capaz de nos afastar de estereótipos e fortalecer a sua narrativa bem construída, embora opte por não desembaralhar muito bem algumas questões de abuso infantil.
Imagino que assistir a esse filme lá no fim de 2012, justamente no meu primeiro ano de faculdade, teria produzido algumas sensações mais latentes, potencializando o "se sentir infinito" com relação as perspectivas de futuro. No entanto, esse "afastar" do tempo me permitiu enxergar as várias facetas da juventude de um lugar diferente, meio silencioso. Uma espécie de nostalgia despropositada.
Sabe aquela história de que a vida não é boa e nem má, apenas os dois ao mesmo tempo?! Então, o filme me levou para esse lugar, como quando colocamos a cabeça no travesseiro após um dia bem vivido: tendo plena consciência de um emaranhado de situações merdas nas quais estamos inseridos, mas ainda insistindo na ideia de que amanhã há de ser outro dia.
Como adolescente bobalhão e fã de "American Pie" que fui, fico aguardando por uma reunion do elenco, daqui a uns vinte anos, com todo mundo gordo, calvo, aposentado e divorciado, refletindo sobre os ~dias de luta dias de glória~ de outrora, com direito a passeio pelo túnel e novas juras de amor incumpríveis.
É pedir demais?
O Hospedeiro
3.6 550 Assista AgoraBong Joon-ho transforma um lagartão comedor de gente num belo condutor de dramas familiares, medo, ansiedade, frustação, esperança, lealdade, direcionando a nossa atenção para uma família desleixadona e disfuncional, enquanto esmurra o ocidente através de críticas muito bem fundamentadas.
A cena do protagonista implorando para se fazer ouvido pelo laboratorista americano, por exemplo, se reproduz como uma alegoria à relação do cinema não-ocidental e a incapacidade dessa indústria ser verdadeiramente consumida para além de seu raio.
Não à toa, o próprio diretor do filme é um dos maiores, senão o maior, responsável por essa ruptura, ao varrer o Oscar 2019 com o apogeu de "Parasita".
As mudanças de tom estranhas e aleatórias, flertando entre o chocante e o hilariante, também são marcas registradas que muito me agradam. Alguns frames frios também são muito bem inseridosdurante esses momentos de transição.
A distância de 2023 para 2006, ano do lançamento de "O Hospedeiro", foi o meu maior desafio no processo de digestão...
Há 17 anos, certamente eu teria considerado um filme muito acima da média. Em maio de 2023, eu consigo compreender o seu valor, mas seria forçado dizer que a experiência me gerou tanto impacto, depois de já ter consumido tanta coisa mais evoluída no gênero.
No fim das contas, são duas horas que valem muito como estudo da obra desse gênio coreano!
Triângulo da Tristeza
3.6 731 Assista AgoraNão acho que sobrecarregar um roteiro com dezenas de alegorias criticando a sociedade do espetáculo torne um filme bom. Até consegui distrair a minha cabeça brincando de pescar referências com a decadência da elite e a hipocrisia da classe média, mas achei zero genial. Overrated.
Guerra de Tapioca
3.7 10Curti demais assistir ao "Guerra da Tapioca" na TV aberta, no horário nobre da Globo, imediatamente após o campeão de audiência "Jogo da Discórdia" do Big Brother Brasil, ainda que isso só escancare a nossa inversão de prioridades, rs.
Embora eu desconhecesse o filme (tal qual a maioria dos atores envolvidos), a obra que é uma produção 100% cearense protagonizada por Samya de Lavor e inteiramente gravada em Fortaleza, me fisgou por acaso, ainda nos instantes iniciais, tamanho carisma da trilha forrozenta.
Dirigido por Luciana Vieira e Wislan Esmeraldo, os trinta minutos de tela revelam um texto irreverente e atuações bem envolventes que retratam a vida popular local. É arte independente, de pouco orçamento, produção tupiniquim e puro suco do Nordeste!
Em algumas camadas, me lembrei bastante da saudosa "A Grande Família". A propósito, eu zero me incomodaria de assistir a algum tipo de continuação da trama em formato de minissérie... Fica a dica.
A vingança é uma tapioca que se come fria!
A Baleia
4.0 1,0K Assista AgoraAinda que Aronofsky não encabece a minha lista de diretores favoritos, é inegável a sua imensa habilidade de penetrar no íntimo dos personagens destrinchados em tela, escancarando suas obsessões e tragédias pessoais, sem a realização de muitas concessões aparentes. Foi assim em "Requiem for a Dream", foi assim em "Black Swan", foi assim em "Mother!" e é assim em "The Whale".
Justamente por esse "foda-se" que o diretor faz questão de implementar como uma de suas características principais, que uma análise mais simplista da sua obra pode acabar gerando um efeito contrário no âmago de quem assiste, como se ele, de certo modo, buscasse menosprezar seus próprios personagens, utilizando-se de certa crueldade e mera reprodução de clichês para gerar entretenimento cult às custas de temáticas sensíveis.
Não posso concordar com isso...
Os diferentes tipos de dependência química dos personagens de "Réquiem para um Sonho", o perfeccionismo obsessivo da bailarina de "Cisne Negro" e as alegorias ocultas de "Mãe!", desta vez, tomaram a forma da obesidade mórbida munida pelos efeitos da depressão e da compulsão alimentar, temáticas tão atuais.
Os diferentes níveis de ódio e desprezo para com o protagonista, não se resumem a sua condição física. Embora o fato de o personagem ter obesidade mórbida seja importante para a trama, ela é apenas uma consequência de diferentes processos banhados em estágios profundos de tristeza.
Charlie chegou a um nível depressivo tão irreversível que ele come para se afogar e passa a olhar pro relógio em contagem regressiva. A divisão do roteiro em dias da semana gera exatamente essa sensação claustrofóbica.
Embora a minha namorada tenha comentado que a repulsa pelo personagem, assim como os seus trejeitos caricatos ao manejar e se deleitar com um balde de frango frito soe gordofóbico, não seria justamente essa a mera representação da gordofobia na obra?
Ora, senão temos a seguinte sequência narrativa: um casal incompatível gera uma menina revoltada com o distanciamento do pai, que encontrou em uma relação homoafetiva a sua grande paixão, mas perdeu o seu companheiro por conta da intolerância da igreja, entrando num estágio de luto profundo, até desenvolver uma trágica condição de compulsão alimentar e resignação com a morte iminente, momento no qual resolve "correr atrás do tempo perdido", ao menos por alguns instantes.
Agora me diga: como é que uma pessoa depressiva e solitária, com extrema dificuldade de locomoção, pesando mais de duzentos quilos e, literalmente, comendo para morrer, deveria ser retratada em tela?
Sentando-se à mesa em horários determinados, fazendo questão de seguir a etiqueta em suas refeições? Se alimentando com comidas não processadas, bem preparadas e ricas em nutrientes? Sem limpar a mãozona suja de gordura na camisa enquanto traveste a sua dor com quilos e mais quilos de fast food? Dando trinta e quatro mastigadas enquanto saboreia cada uma de suas coxas de frango?
Talvez essa tal gordofobia esteja mais enraizada nos olhos do espectador do que de fato nas nuances da trama em si...
Entendo que a contratação de um ator "supersize" pudesse amenizar esse tipo de discussão, mas trabalhemos com o que temos.
E o que também temos é um trabalho técnico impecável capaz de caracterizar o antigo "George o Rei da Floresta" em um personagem esteticamente impactante e ainda mais complexo internamente, credenciando Brendan Fraser à disputa e eventual conquista da cobiçada estatueta de Melhor Ator.
Essa complexidade é o que a primeira cena do filme busca mostrar, nos empurrando para dentro da telinha preta de uma câmera letárgica e atrelada a um laptop que mais parece ser o único respiro de um filme ambientado em uma única câmara, mas que não perde para a monotonia.
Agradeçam a Deus por eu não ter lido "Moby Dick".
Do contrário, eu poderia ficar por mais umas duas mil palavras falando abobrinhas por aqui.
Ah, e nada como um final nos brindando com o alívio de um protagonista que se divide entre otimismo e saída de cena como duas faces da mesma moeda. Não à toa, o único raio de sol que passa pelo buraco da porta daquele apartamento, em quase duas horas de filme, é praticamente na mesma hora de sair do cinema.
Todo Dia a Mesma Noite
4.0 288 Assista AgoraCom todo respeito, quem gostou dessa série deve ter parado de prestar atenção nela enquanto ia sendo consumido pelos mais profundos sentimentos de tristeza e inconformismo nutridos pela própria magnitude da tragédia em si.
Porque eu não sei o que foi pior...
O gauchês extremamente forçado, caminhando na linha tênue do "insuportável" com o "vergonha alheia"?
Os defeitos especiais à lá "Linha Direta"?
A evolução do roteiro que divide a obra esdruxulamente em "noite da tragédia" vs "tribunais infrutíferos", sem entregar mais nada?
A péssima tentativa de humanização de determinados personagens, sem que fôssemos suficientemente inseridos na vida pessoal de cada um deles?
Alguns diálogos mais rasos que uma poça de xixi?
O clamor por "justiça" empacotado por sentimentos clichês de apelo social e vingança jurídica?
As falsas simetrias e informações incongruentes sobre uma infinidade de contextos técnicos?
Achei essa produção um lixo!
Meus mais profundos sentimentos às famílias...
Nada de Novo no Front
4.0 614 Assista AgoraRigorosamente NADA DE NOVO.
Tudo em Todo O Lugar ao Mesmo Tempo
4.0 2,1K Assista AgoraSe encontrar o equilíbrio entre as nossas próprias escolhas pode acabar sendo uma tarefa enlouquecedora, esse filme serve de trampolim para algumas reflexões sobre o tal "sentido da existência humana", então nada mais justo do que navegarmos por tudo quanto é gênero ~ao mesmo tempo~.
É de ficar sem gps entre um contexto surrealista de ficção científica e os momentos de humor nonsense com pitadas de Bruce Lee e Jackie Chan. Um filme de Kung Fu que também é drama e romance, se utilizando de elementos do gore para ilustrar o suspense que a própria ansiedade das protagonistas já nos sugere.
Em meio ao caos, fica fácil degustar sabores diferentes e até mesmo perder a noção de qual é a linha central do roteiro, sem deixar de se compadecer com cada processo depreciativo escancarado em tela.
A abordagem "piroca das ideias" também é a chave para tornar o filme acessível para quem só está disposto a se distrair, se entreter, sem deixar de se valer da sua complexidade para atrair outro tipo de telespectador.
Em meio a infinitas possibilidades, arranjar maneiras de se entregar à "finitude" da vida para suportar os buracos em que nós mesmos nos enfiamos, surge como alternativa a uma saída de cena bebendo da fonte da depressão.
Um filme maluco, poderoso e de estética inovadora.
O Urso (1ª Temporada)
4.3 414 Assista AgoraMuito vem sendo falado sobre a sensibilidade dessa série, da sua qualidade acima da média em inúmeros aspectos, da potência dos personagens, do plano sequência inacreditável do penúltimo episódio, dos inúmeros abraços que os diálogos são capazes de nos dar, mas eu confesso que demorei horas tentando aceitar que o ator protagonista não se tratava de Rob Schneider, do filme ANIMAL (2001). Isso pode ter prejudicado a minha experiência.
1899 (1ª Temporada)
3.6 394 Assista AgoraDifícil não se incomodar com a multietnicidade alegórica dessa temporada. Um falatório danado sem ninguém entender nada. Inimigos do silêncio em cena. Trilha sonora cansada e extremamente incongruente. Elementos de efeitos especiais meio feiosos. Referências excessivas à "Dark". Evolução do roteiro muito lenta. Atuações dramáticas pouco convincentes. Soluções preguiçosas. Plot, do plot, do plot, apenas pelo plot. Sei lá, achei bem mais ou menos do início ao fim. Sem contar no chatíssimo medo constante de deixar passar algum "sinal"... Série mequetrefe!
Pantera Negra: Wakanda Para Sempre
3.5 800 Assista AgoraEmbora o conflito entre um povo preto e um povo indígena possa soar extremamente problemático, a sensibilidade do roteiro na hora de lidar com as fases do luto e ressignificar a história (depois de uma perda tão traumática), teve muita força enquanto eu assistia ao filme. A premissa de "proteger a criança" (na verdade, uma jovem adulta) também parece rasa e superficial, mas, no final das contas, eu caguei para todos os defeitos e me despedi da sala do cinema com um sorriso no rosto. As diferentes camadas que foram capazes de unir um filme de ação e fantasia com dramas pessoais fortes e discussões sociais latentes, nos entregaram uma belíssima homenagem a Chadwick Boseman, que deve ter ficado feliz da vida na companhia de seus ancestrais ♥
Quem tá dizendo que o filme é fraco é chato pra caralho.
Bom Dia, Verônica (2ª Temporada)
3.8 261 Assista AgoraPo, a rapaziada é muito resistente com produção nacional, né?! Geral criticando um besteirol gostosinho desses, cheio de reviravoltas forçadas, que faz uma salada com várias pautas relevantes, recriando o galã das 8 em psicopata excêntrico, dando aquela aceleradinha boa no peito... Chatos!
Segui inquieto e apreensivo em diversos momentos nessa segunda trama. Creio que a violência real enfrentada pela Klara Castanho potencializou ainda mais o peso dos episódios sob os meus olhos. A violência escondida nas feições que gritam por socorro desde o inicio são um show à parte.
Se a personagem da Verônica fosse um pouco mais sensata e ponderada, o roteiro teria menos furos. Também senti falta do sadismo da primeira temporada, mas entendo a dificuldade de seguir a linha e criar novas pontes neste sentido. A verdade é que só os mama-rola de gringo não se divertiram com a série.
Agora é esperar para ver o que vem por aí com a terceira temporada...
Bicho de Sete Cabeças
4.0 1,1K Assista AgoraEmbora, em 2022, o tema seja extremamente batido e muito pouco solucionado, precisamos levar em consideração a principal crítica de um filme lançado há mais de duas décadas: enquanto o pai berra à esmo que o filho precisa ser dopado por remédios tarja preta e a mãe mastiga um cigarro atrás do outro, um jovem é lobotomizado por conta de meia dúzia de baseados e uma rebeldia juvenil trivial.
É incrível como a força das nossas estruturas fracassadas, banhadas em preconceito e conservadorismo inadequado, consegue se manter exercendo o controle sobre a vida das pessoas, a ponto de transformar um comportamento mais do que banal em um verdadeiro ~bicho de sete cabeças~
Casão: Num Jogo Sem Regras
3.9 8Muito respeito pela trajetória de vida do Casagrande e tal, me comovi em alguns momentos, mas que puta documentário fraco! Roteiro preguiçoso demais, evolução completamente apressada, depoimentos pouco profundos, fora as "animações" feiosas. Fiquei bastante insatisfeito. De bom, curti os bastidores da passagem pelo Ascoli, além das pinceladas pela "Democracia Corinthiano". De resto, achei o resultado muito basicão.