Uma hora depois e a respiração ainda é ofegante, o coração continua acelerado. "Os Suspeitos" é um thriller que se sustenta não só por sua história e pela bela forma como esta é desenvolvida, mas por sua atmosfera, principalmente. E em meio a tantos thrillers que não inovam e fazem só o arroz com feijão, o roteiro de Guzikowski esbanja inventividade, subvertendo ideias expectativas no desenrolar da trama.
Até assistir a "Animais Fantásticos", eu não lembrava o quanto estava com saudades desse mundinho (e olha que nunca fui lá um grande fã de Harry Potter). O que mais me fascinou neste filme é a riqueza do universo e a forma como somos apresentado aos pontos específicos deste episódio. O que funciona muito bem é a figura do trouxa Kowalski, que além de um alívio cômico é também alguém tão "virgem" naquelas descobertas quanto um espectador médio da série, algo muito útil para o desenrolar da trama.
O filme de Yates e Rowling é, ainda, extremamente divertido e bem-humorado. Tem um quê do tom aventuresco de Spielberg/Lucas e consegue envolver com seus personagens. Cereja do bolo, o protagonista não poderia ter sido vivido por outro ator que não Eddie Redmayne. Encaixou perfeitamente.
O filme flui muito bem ao se ancorar nos encontros na China - para dali linkar com os acontecimentos passados - e traz um desenvolvimento de personagens bem interessante. A atuação de Joseph Gordon-Levitt é ótima, não apenas "copiando" os trejeitos e fala de Snowden como utilizando estas características para acrescentar várias camadas ao personagem. O que me incomodou um pouco foram algumas liberdades que Oliver Stone toma mais para o final da trama. Mas nada gritante.
Acho que seria um filme ainda melhor se não atirasse para tantos lados. Às vezes abrir mão de algumas metáforas, como a do peixe, ou de alguns textos, sei lá. No mais, apresentou uma história que me envolveu bastante e um trato visual bem interessante, como é o caso da fotografia saturada e dos momentos à noite.
Como Adirley já passou pelo futebol profissional e conhece os entrevistados, as conversas são fluidas, leves e revelam muita coisa interessante sobre a vida desses atletas e ex-atletas. "Fora de campo" justamente por não ser um retrato daquilo que a mídia já faz, mas desmistificar algo que vai muito além dos clubes de série A e B do nacional. Em seu doc, Adirley adentra uma parte da realidade do esporte no Brasil, onde 80% dos atletas recebem abaixo de dois salários mínimos - e isso sem entrarmos no mérito de quanto tempo eles ficam em atividade a cada ano.
No mais, um filme sagaz em seu recorte e muito eficiente na sua proposta.
Em meio a uma LA noturna, cheia de luzes e com uma atmosfera pesada e misteriosa, desenrola-se a história de um rapaz ordinário, que segue uma vida sem glamour e pega bicos aqui e ali para sobreviver na cidade dos sonhos. “Drive” constrói um retrato interessantíssimo do tal Motorista (uma vez que o filme não nos conta seu verdadeiro nome em momento algum). E é à medida em que ele mergulha na marginalidade da Califórnia que passamos a enxergar as demais facetas do personagem.
Ótimo filme, com um roteiro bem trabalhado e que amarra muito bem a complexidade dos acontecimentos. Toda a atmosfera construída consegue envolver de uma forma sem igual.
Assistir a “Evil Dead” em 1981 deve ter sido uma experiência inesquecivelmente assustadora. Se ainda hoje o filme assusta e consegue provocar o horror como poucos, não consigo nem imaginar o que deve ter sido para a época.
Não se trata, porém, de um filme perfeito. O baixo orçamento é evidenciado não só pela qualidade técnica de imagem e som, mas pelo fraquíssimo e inexperiente elenco escalado. Em se tratando de roteiro, também há muito a desejar. Falta naturalidade nos diálogos e o filme não desenvolve melhor nenhum de seus personagens, o que dificulta que passemos a nos importar com um ou outro durante a trama.
Ainda assim, o longa consegue se sustentar e muito na excelente direção de Sam Raimi. Seja no inteligente uso da iluminação e manuseio dos elementos em tela ou na movimentação da câmera pelos cenários, o diretor consegue criar uma atmosfera de tensão sem igual. O que contribui para isto é o belo trabalho de maquiagem e efeitos especiais, dando vida a encarnações horripilantemente bizarras.
Daria mais meia estrelinha se não fosse pelas paradas que citei aí. Mas ainda recomendado bastante.
Achei que fosse encontrar uma comédia com aquelas escorregadas xenófobas ou algo do tipo, mas se trata de um filme sensível e com uma história delicada, desenvolvida de forma muito agradável. Me surpreendeu bastante.
Assisti aos dois filmes em sequência. Se em cinco anos (84-89) as pessoas alimentaram o sentimento de uma continuação e até se esqueciam de algum ou outro ponto do filme original, o exercício de ver em sequência demonstra o quão preguiçoso é "Os Caça-Fantasmas 2".
Com a mesma dupla de roteiristas, o filme trabalha melhor os pontos que o primeiro deixava a desejar. Desenvolve mais, não tem tantos furos e por aí vai. No entanto, ambos são extremamente parecidos em estrutura e ordem dos acontecimentos. Para resumir: Eles não estão bem das pernas, um pequeno incidente envolvendo a personagem da S. Weaver acontece, eles tentam resolver, dá merda, vão presos, etc, etc, salvam Nova Iorque.
Consegue sobreviver como filme e tem bons momentos? Sim, mas faltou criatividade.
Eu ia dar meia estrelhinha a menos por não ter gostado de uns furos e pelo grandiosismo das coisas logo no primeiro longa. Mas quer saber? Para um filme de comédia, lançado em 84 e com efeitos tão bons para a época, "Os Caça-Fantasmas" se sai acima da média.
O que funciona muito é a boa dinâmica entre os personagens do grupo, com um equilíbrio entre as características e pesos. Percebemos isto logo nas primeiras sequências, com especial destaque para a curta cena em que eles são chamados para o primeiro trabalho. Bill Murray, como sempre, é importantíssimo para o resultado final.
Quanto ao filme deste ano, é impossível falar qualquer coisa que não seja mero chute. Se hoje em dia a moda é rebootar antigas franquias para o novo público, o jeito é torcer para que o filme seja bom, algo que, por sorte, acontece com alguns reboots atuais.
Além de uma história interessantíssima, trabalhada com delicadeza pelo roteiro e com um diferencial na forma como se passa o tempo através da montagem, “Campo Grande” é também um trabalho sobre o Rio como um “eterno canteiro de obras” dos grandes eventos que estavam por vir. Não só estas construções aparecem bastante no background e servem de cenários, como são reflexos dos próprios personagens. A mesma Regina que deve se despedir da filha Lila e dormir em meio a caixas e móveis empacotados da mudança também é a moça que de repente se vê responsável por cuidar de crianças que subitamente apareceram à sua porta, sem, a princípio, nenhuma explicação plausível. Kogut nos faz enxergar as semelhanças de forma sutil e delicada, e talvez seja este um dos grandes pontos da obra.
Um filme muito agitado. Câmeras movimentadas loucamente, planos curtíssimos, montagem dinâmica, etc. Como Leterrier já não era nenhum garoto quando dirigiu “Truque de Mestre”, devem haver motivos para esta frenética narrativa. Um deles, creio eu, seria manter a coisa na mesma velocidade em que se desenrola seu maluco roteiro, também frenético e cheio de reviravoltas.
Se tirarmos este componente do jogo, resta uma história pouco inspirada, que tem personagens quase nada desenvolvidos e de motivações pífias, quiçá inexistentes. Como bem lembrou outro usuário, o que diabos aconteceu ao personagem do Michael Caine? O filme só o desenvolveu quando era conveniente? Pelo visto, sim. E basta lembrar de cada um dos demais personagens para ver que o filme caga para eles, preocupando-se somente em brincar com o espectador com suas luzes e velocidade, jogando reviravoltas como quem joga dinheiro falso do alto de um prédio em Nova Iorque.
“O Som ao Redor” é um filme muito interessante, que consegue retomar nosso passado, de latifúndios e escravocrata, ao ambientá-lo no presente, com os atuais “donos da terra” e suas formas de exploração e manutenção de suas propriedades. Kleber Mendonça Filho estabelece esta conexão logo no início, quando fotografias antigas são exibidas na projeção. Aos olhos desatentos, estas imagens em nada acrescentam para a trama ficcional, de início tão prosaica e pouco ambiciosa. Mas basta juntar os pontos da história e ver como ainda são latentes os reflexos de nossa história passada. E a forma como os realizadores articulam este argumento é o que mais me impressionou na obra.
Filmão. Para ver, rever, sair lendo o que já se produziu acerca e por aí vai.
Uma história instigante, que bem costura os antigos mistérios de uma cidadezinha com acontecimentos envolvendo desaparecimentos e, claro, uma estranha névoa. A quantidade mais expressiva de personagens também colabora, criando uma dinâmica que favorece o andamento do longa.
A névoa, sorrateira, um tanto azulada e brilhante, é um personagem vivo e marcante do filme. Isso se dá em grande parte graças à estupenda fotografia de Dean Cundey, que constrói o clima das cenas com primor.
Não é um filme excelente, vale lembrar. Fiquei desapontado na medida em que o filme explicava demais os mistérios, quase que tintim por tintim. Mas bastou o desfecho para que eu não desse uma nota menor para a obra. Ainda vale a pena.
O filme começa em 1969, momentos antes de Elvis voltar aos palcos. Antes que vejamos o rosto do músico que se repousa numa poltrona, Carpenter faz questão de mostrar a sombra do personagem em um belo plano. Ali, Elvis ainda vivia da fama e do sucesso de outrora, muito inseguro em relação ao que estava por vir dentro de algumas horas.
É uma pena que a cena em questão seja um dos raros momentos de brilhantismos de “Elvis”. Kurt Russell está bem, possui uma assustadora explosão e presença de palco enquanto performa as canções do cantor (embora seja um pouco bizarro um rapaz de quase 30 anos fazendo um moleque no colegial). De qualquer forma, sinto que o que atrapalhou mais a obra foi o roteiro de Anthony Lawrence, que tenta fazer um recorte da vida do cantor e se perde completamente em muitos momentos.
Pela duração (2h50m, na versão que consegui), muita coisa importante ficou de fora, como a produção dos discos, algo ignorado pelo longa. Se pegarmos então o que era descartável para o desenvolvimento do personagem e ocupa um tempo considerável... bom, ficaríamos um tempinho aqui falando.
Com uma premissa dessa, duas coisas são extremamente necessárias: uma boa direção, que saiba conduzir o suspense sabendo dosar em tom ou ritmo, e boas atuações.
Quanto ao primeiro item, não tenho do que reclamar. Com influências claras de Hitchcock - e uma boa pitada de seu "Janela Indiscreta", claro -, Carpenter desenvolve bem a narrativa. Em sua sequência inicial, como não poderia deixar de ser, ele já captura o espectador com os métodos de stalking do vilão da história.
Elogios na mesma intensidade não pode ser feitos a Lauren Hutton. Tudo bem, a moça consegue segurar sua personagem quando a vemos em seus primeiros momentos em LA. Porém, basta o roteiro exigir um pouco mais de expressividade nas cenas de tensão que Hutton demonstra suas limitações em tela.
Ainda vale assistir. Mas pelo roteiro, poderia ser muito melhor.
“Halloween” conta com uma sequência inicial inacreditável. Como gosto de dizer, mostra a que veio o filme e já explicita as excelentes qualidades de seu diretor. O desenrolar, por outro lado, não chega a ser coisa de outro mundo, mas é coerente e não deixa a peteca cair.
É importante pontuar o papel da trilha, responsável em grande parte pela tensão das cenas. Em “Halloween”, Carpenter também já conta com o diretor de fotografia Dean Cundey, e o que melhor representa o excelente trabalho conjunto é a forma como eles utilizam a figura de Myers nos planos do filme, escondendo-o do espectador, segurando o mistério.
Filme de US$ 300 mil. Pouco, não? Quatro anos antes, Carpenter já se virava com 1/5 disso, em “Dark Star”.
Uma importante decisão narrativa de “Assalto à 13ª DP” é informar ao espectador o horário de cada sequência. Isso não apenas nos contextualiza temporalmente como reforça a iminência do perigo que as gangues representam para a cidade. Em pouquíssimo tempo, o grupo se dá conta da perda de um de seus integrantes, se reúne e ganha força para contra-atacar os supostos responsáveis pela ação.
Entendemos o tipo de filme que “Assalto” será lá pelos 40’ de projeção. Naquele momento, não tem mais volta: queremos saber o desenrolar daquela história.
Em seu segundo longa, Carpenter já se encontra muito mais seguro para desenvolver sua história. Reproduz com crueza uma das mais icônicas cenas do filme (a do sorvete, para evitar demais spoilers) e trabalha bem com os personagens e atores que têm à disposição - com um elenco um pouquinho melhor dessa vez.
Outro ponto é a boa montagem, também de autoria de Carpenter. Sempre sagaz ao construir suas cenas de ação, recebe o apoio da boa trilha sonora, ops, também autoria de Carpenter.
Um filme eficiente e que mostra a evolução de um cineasta em seus primeiros passos.
Reparou que os astronautas eram quase sufocados pelo apertado capacete? Deve ser porque o acessório fazia parte de uma linha de brinquedos infantis, e, obviamente, era para cabeças um pouco menores. “Dark Star” é assim, um filme feito na raça. Isso se evidencia também nas saídas encontradas pelo roteiro de O’Bannon e Carpenter, concentrando boa parte do filme em pequenos espaços da nave e criando seus momentos de maior tensão em lugares um tanto improváveis, como na cena do elevador.
No mais, é uma obra que serve tanto para brincar com o legado deixado pelos clássicos sci-fi dos anos 1950 quanto para marcar seu próprio território, experimentando algumas subtramas e se valendo de um humor um tanto afiado em algumas partes – não todas, por favor. Vale lembrar que O’Bannon também escreveu o primeiro “Alien”. Dessa forma, fica fácil saber de onde ele tirou inspirações para o longa de Ridley Scott.
Se desconsiderarmos as péssimas atuações e o som que deixa alguns diálogos quase inaudíveis, “Dark Star” também surpreende em muitos aspectos. Além dos efeitos inventivos (alguns repetidos até mesmo em “Star Wars”), há de se destacar a boa direção de Carpenter, que já demonstrava sua habilidade na construção de situações mais tensas.
No barco que parte rumo aos EUA, Eilis já aparece vestindo verde. Em seus primeiros dias no Brooklyn, a jovem irlandesa não desgarra da cor que parece levar consigo como lembrança de sua terra. Eilis deixa o verde de lado quando está mais segura e confiante em Nova York, mas não o abandona, claro. Agora que está melhor em sua nova casa (momentos raros mesmo em sua terra natal), ela já está segura para experimentar variações de cores, costumes, rotinas e relações.
E o interessante trabalho da figurinista Odile Dicks-Mireaux é apenas a cereja do bolo do excelente “Brooklyn”. Desenvolvendo com peculiar naturalidade seus personagens, John Crowley constrói um filme sólido e apaixonante. Mesmo Tony, o filho de italianos que mais parece um almofadinha chato no início da projeção, é humanizado com calma no desenrolar da trama.
E é claro que as ótimas atuações de Saoirse Ronan e Emory Cohen são igualmente importantes para que, ao final, tenhamos nos apegado tanto aos dois. Quando o filme chegava a seu desfecho, fiquei um tanto incomodado com uma das saídas encontradas pelo roteiro de Nick Hornby. No entanto, Eilis foi tão bem trabalhada durante as quase duas horas de filme que logo compreendi a situação.
"Marnie" não me envolveu tanto como outros filmes do Ghibli, mas possui os elementos que serviram de base para eu ter me apaixonado por algumas obras desse estúdio. Além disso, é um filme cujo desenvolvimento da trama é muito bem trabalhado. A história de Anna em sua busca e amadurecimento caminham com a mesma calma e serenidade da cidade para onde a garota se muda.
E quando menos esperava ter um envolvimento maior com o filme, lá estava eu me emocionando com uma lindíssima cena ao final de "As Memórias de Marnie".
Uma animação divertidíssima, que passa voando em seus pouco mais de 80 minutos. Apesar de não inovar tanto em termos de história, o filme possui ótimos momentos, com sacadas rápidas e situações muito bem construídas ao longo da trama. No início, pensei que sofreria do mesmo problema de “Minions”, sendo quase um filme de sketches, bem episódico mesmo, mas o longa da Aardman alcança um equilíbrio interessante, coisa que a obra com os amarelinhos deixou a desejar.
No mais, vale também pelo caminhão de referências. Abbey Road, Silêncio dos Inocentes, Taxi Driver, Wolverine, etc. Homenagens sempre muito bem encaixadas e divertidas. Para um filme que demorou seis anos para ser feito (com cada um dos vinte animadores fazendo dois segundos por dia), até que “Shaun” não é nada ruim.
Leve e divertido, assim como deve ser uma aventura escapista. Os efeitos práticos e os cenários dão um toque especial ao filme, a sensação é de que podemos sentir aquele universo com nossas próprias mãos. O que também é interessante perceber é como quase nada daquele local ou dos seres ali presentes têm explicação no roteiro. Jim Henson faz com que experimentemos aquilo tudo juntamente com a garota.
Quanto a ela, senti falta de uma maior profundidade na história de Sarah. As coisas acontecem repentinamente e não há muita razão para as decisões que ela toma no início do filme. Creio que alguns diálogos com os pais ou mais tempo de tela no início resolveriam este problema.
No mais, “Labirinto - A Magia do Tempo” é um filme bem bacana. Bowie, que aqui interpreta um personagem que parece ter nascido para ele, rouba a cena quando aparece.
Os Suspeitos
4.1 2,7K Assista AgoraUma hora depois e a respiração ainda é ofegante, o coração continua acelerado. "Os Suspeitos" é um thriller que se sustenta não só por sua história e pela bela forma como esta é desenvolvida, mas por sua atmosfera, principalmente. E em meio a tantos thrillers que não inovam e fazem só o arroz com feijão, o roteiro de Guzikowski esbanja inventividade, subvertendo ideias expectativas no desenrolar da trama.
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista AgoraAté assistir a "Animais Fantásticos", eu não lembrava o quanto estava com saudades desse mundinho (e olha que nunca fui lá um grande fã de Harry Potter). O que mais me fascinou neste filme é a riqueza do universo e a forma como somos apresentado aos pontos específicos deste episódio. O que funciona muito bem é a figura do trouxa Kowalski, que além de um alívio cômico é também alguém tão "virgem" naquelas descobertas quanto um espectador médio da série, algo muito útil para o desenrolar da trama.
O filme de Yates e Rowling é, ainda, extremamente divertido e bem-humorado. Tem um quê do tom aventuresco de Spielberg/Lucas e consegue envolver com seus personagens. Cereja do bolo, o protagonista não poderia ter sido vivido por outro ator que não Eddie Redmayne. Encaixou perfeitamente.
Filmão.
Snowden: Herói ou Traidor
3.8 412 Assista AgoraO filme flui muito bem ao se ancorar nos encontros na China - para dali linkar com os acontecimentos passados - e traz um desenvolvimento de personagens bem interessante. A atuação de Joseph Gordon-Levitt é ótima, não apenas "copiando" os trejeitos e fala de Snowden como utilizando estas características para acrescentar várias camadas ao personagem. O que me incomodou um pouco foram algumas liberdades que Oliver Stone toma mais para o final da trama. Mas nada gritante.
No mais, uma ótima surpresa.
Redemoinho
3.5 30 Assista AgoraAcho que seria um filme ainda melhor se não atirasse para tantos lados. Às vezes abrir mão de algumas metáforas, como a do peixe, ou de alguns textos, sei lá. No mais, apresentou uma história que me envolveu bastante e um trato visual bem interessante, como é o caso da fotografia saturada e dos momentos à noite.
Fora de Campo
4.0 2Como Adirley já passou pelo futebol profissional e conhece os entrevistados, as conversas são fluidas, leves e revelam muita coisa interessante sobre a vida desses atletas e ex-atletas. "Fora de campo" justamente por não ser um retrato daquilo que a mídia já faz, mas desmistificar algo que vai muito além dos clubes de série A e B do nacional. Em seu doc, Adirley adentra uma parte da realidade do esporte no Brasil, onde 80% dos atletas recebem abaixo de dois salários mínimos - e isso sem entrarmos no mérito de quanto tempo eles ficam em atividade a cada ano.
No mais, um filme sagaz em seu recorte e muito eficiente na sua proposta.
Drive
3.9 3,5K Assista AgoraEm meio a uma LA noturna, cheia de luzes e com uma atmosfera pesada e misteriosa, desenrola-se a história de um rapaz ordinário, que segue uma vida sem glamour e pega bicos aqui e ali para sobreviver na cidade dos sonhos. “Drive” constrói um retrato interessantíssimo do tal Motorista (uma vez que o filme não nos conta seu verdadeiro nome em momento algum). E é à medida em que ele mergulha na marginalidade da Califórnia que passamos a enxergar as demais facetas do personagem.
Ótimo filme, com um roteiro bem trabalhado e que amarra muito bem a complexidade dos acontecimentos. Toda a atmosfera construída consegue envolver de uma forma sem igual.
Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio
3.8 1,4K Assista AgoraAssistir a “Evil Dead” em 1981 deve ter sido uma experiência inesquecivelmente assustadora. Se ainda hoje o filme assusta e consegue provocar o horror como poucos, não consigo nem imaginar o que deve ter sido para a época.
Não se trata, porém, de um filme perfeito. O baixo orçamento é evidenciado não só pela qualidade técnica de imagem e som, mas pelo fraquíssimo e inexperiente elenco escalado. Em se tratando de roteiro, também há muito a desejar. Falta naturalidade nos diálogos e o filme não desenvolve melhor nenhum de seus personagens, o que dificulta que passemos a nos importar com um ou outro durante a trama.
Ainda assim, o longa consegue se sustentar e muito na excelente direção de Sam Raimi. Seja no inteligente uso da iluminação e manuseio dos elementos em tela ou na movimentação da câmera pelos cenários, o diretor consegue criar uma atmosfera de tensão sem igual. O que contribui para isto é o belo trabalho de maquiagem e efeitos especiais, dando vida a encarnações horripilantemente bizarras.
Daria mais meia estrelinha se não fosse pelas paradas que citei aí. Mas ainda recomendado bastante.
Qual é o Nome do Bebê?
4.0 159Péssimo título, deveria chamar "Climão"
Um Conto Chinês
4.0 852 Assista AgoraAchei que fosse encontrar uma comédia com aquelas escorregadas xenófobas ou algo do tipo, mas se trata de um filme sensível e com uma história delicada, desenvolvida de forma muito agradável. Me surpreendeu bastante.
Os Caça-Fantasmas 2
3.4 275 Assista AgoraAssisti aos dois filmes em sequência. Se em cinco anos (84-89) as pessoas alimentaram o sentimento de uma continuação e até se esqueciam de algum ou outro ponto do filme original, o exercício de ver em sequência demonstra o quão preguiçoso é "Os Caça-Fantasmas 2".
Com a mesma dupla de roteiristas, o filme trabalha melhor os pontos que o primeiro deixava a desejar. Desenvolve mais, não tem tantos furos e por aí vai. No entanto, ambos são extremamente parecidos em estrutura e ordem dos acontecimentos. Para resumir: Eles não estão bem das pernas, um pequeno incidente envolvendo a personagem da S. Weaver acontece, eles tentam resolver, dá merda, vão presos, etc, etc, salvam Nova Iorque.
Consegue sobreviver como filme e tem bons momentos? Sim, mas faltou criatividade.
Os Caça-Fantasmas
3.7 733 Assista AgoraEu ia dar meia estrelhinha a menos por não ter gostado de uns furos e pelo grandiosismo das coisas logo no primeiro longa. Mas quer saber? Para um filme de comédia, lançado em 84 e com efeitos tão bons para a época, "Os Caça-Fantasmas" se sai acima da média.
O que funciona muito é a boa dinâmica entre os personagens do grupo, com um equilíbrio entre as características e pesos. Percebemos isto logo nas primeiras sequências, com especial destaque para a curta cena em que eles são chamados para o primeiro trabalho. Bill Murray, como sempre, é importantíssimo para o resultado final.
Quanto ao filme deste ano, é impossível falar qualquer coisa que não seja mero chute. Se hoje em dia a moda é rebootar antigas franquias para o novo público, o jeito é torcer para que o filme seja bom, algo que, por sorte, acontece com alguns reboots atuais.
Campo Grande
3.4 45Além de uma história interessantíssima, trabalhada com delicadeza pelo roteiro e com um diferencial na forma como se passa o tempo através da montagem, “Campo Grande” é também um trabalho sobre o Rio como um “eterno canteiro de obras” dos grandes eventos que estavam por vir. Não só estas construções aparecem bastante no background e servem de cenários, como são reflexos dos próprios personagens. A mesma Regina que deve se despedir da filha Lila e dormir em meio a caixas e móveis empacotados da mudança também é a moça que de repente se vê responsável por cuidar de crianças que subitamente apareceram à sua porta, sem, a princípio, nenhuma explicação plausível. Kogut nos faz enxergar as semelhanças de forma sutil e delicada, e talvez seja este um dos grandes pontos da obra.
Truque de Mestre
3.8 2,5K Assista AgoraUm filme muito agitado. Câmeras movimentadas loucamente, planos curtíssimos, montagem dinâmica, etc. Como Leterrier já não era nenhum garoto quando dirigiu “Truque de Mestre”, devem haver motivos para esta frenética narrativa. Um deles, creio eu, seria manter a coisa na mesma velocidade em que se desenrola seu maluco roteiro, também frenético e cheio de reviravoltas.
Se tirarmos este componente do jogo, resta uma história pouco inspirada, que tem personagens quase nada desenvolvidos e de motivações pífias, quiçá inexistentes. Como bem lembrou outro usuário, o que diabos aconteceu ao personagem do Michael Caine? O filme só o desenvolveu quando era conveniente? Pelo visto, sim. E basta lembrar de cada um dos demais personagens para ver que o filme caga para eles, preocupando-se somente em brincar com o espectador com suas luzes e velocidade, jogando reviravoltas como quem joga dinheiro falso do alto de um prédio em Nova Iorque.
O Som ao Redor
3.8 1,1K Assista Agora“O Som ao Redor” é um filme muito interessante, que consegue retomar nosso passado, de latifúndios e escravocrata, ao ambientá-lo no presente, com os atuais “donos da terra” e suas formas de exploração e manutenção de suas propriedades. Kleber Mendonça Filho estabelece esta conexão logo no início, quando fotografias antigas são exibidas na projeção. Aos olhos desatentos, estas imagens em nada acrescentam para a trama ficcional, de início tão prosaica e pouco ambiciosa. Mas basta juntar os pontos da história e ver como ainda são latentes os reflexos de nossa história passada. E a forma como os realizadores articulam este argumento é o que mais me impressionou na obra.
Filmão. Para ver, rever, sair lendo o que já se produziu acerca e por aí vai.
A Bruma Assassina
3.3 195Uma história instigante, que bem costura os antigos mistérios de uma cidadezinha com acontecimentos envolvendo desaparecimentos e, claro, uma estranha névoa. A quantidade mais expressiva de personagens também colabora, criando uma dinâmica que favorece o andamento do longa.
A névoa, sorrateira, um tanto azulada e brilhante, é um personagem vivo e marcante do filme. Isso se dá em grande parte graças à estupenda fotografia de Dean Cundey, que constrói o clima das cenas com primor.
Não é um filme excelente, vale lembrar. Fiquei desapontado na medida em que o filme explicava demais os mistérios, quase que tintim por tintim. Mas bastou o desfecho para que eu não desse uma nota menor para a obra. Ainda vale a pena.
Elvis Não Morreu
3.5 35O filme começa em 1969, momentos antes de Elvis voltar aos palcos. Antes que vejamos o rosto do músico que se repousa numa poltrona, Carpenter faz questão de mostrar a sombra do personagem em um belo plano. Ali, Elvis ainda vivia da fama e do sucesso de outrora, muito inseguro em relação ao que estava por vir dentro de algumas horas.
É uma pena que a cena em questão seja um dos raros momentos de brilhantismos de “Elvis”. Kurt Russell está bem, possui uma assustadora explosão e presença de palco enquanto performa as canções do cantor (embora seja um pouco bizarro um rapaz de quase 30 anos fazendo um moleque no colegial). De qualquer forma, sinto que o que atrapalhou mais a obra foi o roteiro de Anthony Lawrence, que tenta fazer um recorte da vida do cantor e se perde completamente em muitos momentos.
Pela duração (2h50m, na versão que consegui), muita coisa importante ficou de fora, como a produção dos discos, algo ignorado pelo longa. Se pegarmos então o que era descartável para o desenvolvimento do personagem e ocupa um tempo considerável... bom, ficaríamos um tempinho aqui falando.
Alguém Me Vigia
3.5 55Com uma premissa dessa, duas coisas são extremamente necessárias: uma boa direção, que saiba conduzir o suspense sabendo dosar em tom ou ritmo, e boas atuações.
Quanto ao primeiro item, não tenho do que reclamar. Com influências claras de Hitchcock - e uma boa pitada de seu "Janela Indiscreta", claro -, Carpenter desenvolve bem a narrativa. Em sua sequência inicial, como não poderia deixar de ser, ele já captura o espectador com os métodos de stalking do vilão da história.
Elogios na mesma intensidade não pode ser feitos a Lauren Hutton. Tudo bem, a moça consegue segurar sua personagem quando a vemos em seus primeiros momentos em LA. Porém, basta o roteiro exigir um pouco mais de expressividade nas cenas de tensão que Hutton demonstra suas limitações em tela.
Ainda vale assistir. Mas pelo roteiro, poderia ser muito melhor.
Halloween: A Noite do Terror
3.7 1,2K Assista Agora“Halloween” conta com uma sequência inicial inacreditável. Como gosto de dizer, mostra a que veio o filme e já explicita as excelentes qualidades de seu diretor. O desenrolar, por outro lado, não chega a ser coisa de outro mundo, mas é coerente e não deixa a peteca cair.
É importante pontuar o papel da trilha, responsável em grande parte pela tensão das cenas. Em “Halloween”, Carpenter também já conta com o diretor de fotografia Dean Cundey, e o que melhor representa o excelente trabalho conjunto é a forma como eles utilizam a figura de Myers nos planos do filme, escondendo-o do espectador, segurando o mistério.
Filme de US$ 300 mil. Pouco, não? Quatro anos antes, Carpenter já se virava com 1/5 disso, em “Dark Star”.
Um bom filme.
Assalto à 13ª DP
3.7 83Uma importante decisão narrativa de “Assalto à 13ª DP” é informar ao espectador o horário de cada sequência. Isso não apenas nos contextualiza temporalmente como reforça a iminência do perigo que as gangues representam para a cidade. Em pouquíssimo tempo, o grupo se dá conta da perda de um de seus integrantes, se reúne e ganha força para contra-atacar os supostos responsáveis pela ação.
Entendemos o tipo de filme que “Assalto” será lá pelos 40’ de projeção. Naquele momento, não tem mais volta: queremos saber o desenrolar daquela história.
Em seu segundo longa, Carpenter já se encontra muito mais seguro para desenvolver sua história. Reproduz com crueza uma das mais icônicas cenas do filme (a do sorvete, para evitar demais spoilers) e trabalha bem com os personagens e atores que têm à disposição - com um elenco um pouquinho melhor dessa vez.
Outro ponto é a boa montagem, também de autoria de Carpenter. Sempre sagaz ao construir suas cenas de ação, recebe o apoio da boa trilha sonora, ops, também autoria de Carpenter.
Um filme eficiente e que mostra a evolução de um cineasta em seus primeiros passos.
Dark Star
3.3 64 Assista AgoraReparou que os astronautas eram quase sufocados pelo apertado capacete? Deve ser porque o acessório fazia parte de uma linha de brinquedos infantis, e, obviamente, era para cabeças um pouco menores. “Dark Star” é assim, um filme feito na raça. Isso se evidencia também nas saídas encontradas pelo roteiro de O’Bannon e Carpenter, concentrando boa parte do filme em pequenos espaços da nave e criando seus momentos de maior tensão em lugares um tanto improváveis, como na cena do elevador.
No mais, é uma obra que serve tanto para brincar com o legado deixado pelos clássicos sci-fi dos anos 1950 quanto para marcar seu próprio território, experimentando algumas subtramas e se valendo de um humor um tanto afiado em algumas partes – não todas, por favor. Vale lembrar que O’Bannon também escreveu o primeiro “Alien”. Dessa forma, fica fácil saber de onde ele tirou inspirações para o longa de Ridley Scott.
Se desconsiderarmos as péssimas atuações e o som que deixa alguns diálogos quase inaudíveis, “Dark Star” também surpreende em muitos aspectos. Além dos efeitos inventivos (alguns repetidos até mesmo em “Star Wars”), há de se destacar a boa direção de Carpenter, que já demonstrava sua habilidade na construção de situações mais tensas.
Brooklin
3.8 1,1KNo barco que parte rumo aos EUA, Eilis já aparece vestindo verde. Em seus primeiros dias no Brooklyn, a jovem irlandesa não desgarra da cor que parece levar consigo como lembrança de sua terra. Eilis deixa o verde de lado quando está mais segura e confiante em Nova York, mas não o abandona, claro. Agora que está melhor em sua nova casa (momentos raros mesmo em sua terra natal), ela já está segura para experimentar variações de cores, costumes, rotinas e relações.
E o interessante trabalho da figurinista Odile Dicks-Mireaux é apenas a cereja do bolo do excelente “Brooklyn”. Desenvolvendo com peculiar naturalidade seus personagens, John Crowley constrói um filme sólido e apaixonante. Mesmo Tony, o filho de italianos que mais parece um almofadinha chato no início da projeção, é humanizado com calma no desenrolar da trama.
E é claro que as ótimas atuações de Saoirse Ronan e Emory Cohen são igualmente importantes para que, ao final, tenhamos nos apegado tanto aos dois.
Quando o filme chegava a seu desfecho, fiquei um tanto incomodado com uma das saídas encontradas pelo roteiro de Nick Hornby. No entanto, Eilis foi tão bem trabalhada durante as quase duas horas de filme que logo compreendi a situação.
Um excelente filme.
As Memórias de Marnie
4.3 668 Assista Agora"Marnie" não me envolveu tanto como outros filmes do Ghibli, mas possui os elementos que serviram de base para eu ter me apaixonado por algumas obras desse estúdio. Além disso, é um filme cujo desenvolvimento da trama é muito bem trabalhado. A história de Anna em sua busca e amadurecimento caminham com a mesma calma e serenidade da cidade para onde a garota se muda.
E quando menos esperava ter um envolvimento maior com o filme, lá estava eu me emocionando com uma lindíssima cena ao final de "As Memórias de Marnie".
Muito recomendado.
Shaun: O Carneiro - O Filme
3.9 183Uma animação divertidíssima, que passa voando em seus pouco mais de 80 minutos. Apesar de não inovar tanto em termos de história, o filme possui ótimos momentos, com sacadas rápidas e situações muito bem construídas ao longo da trama. No início, pensei que sofreria do mesmo problema de “Minions”, sendo quase um filme de sketches, bem episódico mesmo, mas o longa da Aardman alcança um equilíbrio interessante, coisa que a obra com os amarelinhos deixou a desejar.
No mais, vale também pelo caminhão de referências. Abbey Road, Silêncio dos Inocentes, Taxi Driver, Wolverine, etc. Homenagens sempre muito bem encaixadas e divertidas. Para um filme que demorou seis anos para ser feito (com cada um dos vinte animadores fazendo dois segundos por dia), até que “Shaun” não é nada ruim.
Labirinto: A Magia do Tempo
3.9 609Leve e divertido, assim como deve ser uma aventura escapista. Os efeitos práticos e os cenários dão um toque especial ao filme, a sensação é de que podemos sentir aquele universo com nossas próprias mãos. O que também é interessante perceber é como quase nada daquele local ou dos seres ali presentes têm explicação no roteiro. Jim Henson faz com que experimentemos aquilo tudo juntamente com a garota.
Quanto a ela, senti falta de uma maior profundidade na história de Sarah. As coisas acontecem repentinamente e não há muita razão para as decisões que ela toma no início do filme. Creio que alguns diálogos com os pais ou mais tempo de tela no início resolveriam este problema.
No mais, “Labirinto - A Magia do Tempo” é um filme bem bacana. Bowie, que aqui interpreta um personagem que parece ter nascido para ele, rouba a cena quando aparece.