Esse filme, apesar de pioneiro de gênero, tinha tudo pra ser uma chuva de estereótipos manjados alegrados por cenas de danças bem legais, "altas confusões" colegiais e romances bobos no final. Aliás, essa é bem a impressão superficial que fica: estereótipos e uma história boba. Só que, ali pelo meio do filme, tem a representação de um fenômeno humano maravilhoso:
esse gesto tão humano de contar histórias, de partilhar verbalmente os infortúnios da vida, ainda que sejam bobos, ainda que sejam ridículos, ainda que sejam melodramáticos; esse fenômeno de ouvir o sofrimento alheio e acolhê-lo, em parte com julgamentos, em parte com afeto, é muito bem realizado. Quando se reúnem em pequenos grupos e desabafam, ali começam as uniões afetuosas, ali os laços se atam, ali os amores&paixões implodem e ali é onde o perdão contra as ofensas disparadas pode acontecer. É esse jogo de desabafo-acolhimento que amarra um ao outro.
Se precisasse encontrar uma explicação pro fato de que esse filme tenha se tornado um clássico, escolheria essas cenas em que fazem um ping-pong de escuta e partilha de dores. Muito humano.
ingênuo, espontâneo, sensível — todas as características de uma criança adorável estão presentes nele. É difícil não querer que um filho seja como ele.
com os campos verdejantes, plátanos, florestas temperadas, são fabulosos; os cenários deixam um ar de conto de fadas no filme e são uma das coisas mais bonitas.
A primeira parte é maravilhosa. Retrata tão bem: a) solidão; b) os imprevistos de viagens longas; c) o quanto a realidade não é conto de fadas onde todos os nossos desejos se realizam como bem queremos. É que o foco nas trilhas dos trens, nos grandes prédios das metrópoles, nos acidentes geográficos — a imensidão de tudo isso contrasta com a impotência dos dois amantezinhos. O mundo não girava em torno deles, mas contra eles:
i. Que atuações sofridas, meu Deus do céu. O ator claramente se esforça pra parecer intimidador, forte, mas termina parecendo sem alma, um robozinho mesmo. Se no final ele se relevasse um robô de um projeto que testa se robôs são capazes de brincar de BDSM, eu não me surpreenderia nem um pouco. E a atriz fez de tudo, o tempo todo, pra expressar meiguice, fofura, mas só fez uma personagem sonsa mesmo.
De repente uma cena de fofura, aí uma briga, então uma confissão,
e essa quebra de linearidade não é aquela dos filmes surrealistas, mas é a falta de linearidade que existe naqueles curtas que adolescentes fazem pra aula de literatura filmando com o Moto G.
iv. Diálogos com a naturalidade de quem segura garfo como se fosse guidão de bicicleta.
v. Faltou intensidade, faltou carga dramática, e falhou tanto em ser o que pretendeu que terminou sendo uma comédia involuntária.
Laureado o pior filme que já vi. Clap, clap, clap.
adolescentes que se separam quando era melhor que se unissem, gente que tropeça enquanto foge, telefone e celular que ficam sem sinal na hora do perigo, assassino fantasiado vingando alguém por causa de bullying etc.
Parece até que só fizeram o filme pra amontoarem clichês, mesmo, um atrás do outro. Dava até pra brincar de adivinhar qual seria o próximo clichê a aparecer. Nem a revelação do assassino surpreendeu — filme previsível em todos os aspectos.
Suponha que você esteja em casa, fazendo o que sempre faz quando está em casa. Suponha que, terrivelmente, você percebe que há algo estranho num armário da sua casa. Suponha, por fim, que esse algo estranho num armário da sua casa é um homem, o qual você nunca viu mais gordo antes.
O que você faz?
a) Liga pra polícia; b) grita por socorro; c) acerta-lhe um pontapé nas genitálias.
Nesse filme, aprendemos que não é nada disso. Aprendemos que bom mesmo é:
Como a cena em que pai e filho caminham em lado opostos da calçada, brincando de imitação, um fazendo os gestos do outro. Também todas as cenas em que o menino, do seu jeito ingênuo, fala sobre teorias físicas, Big Bang e o paradoxo de Langevin.
Mas gostei mesmo foi do conflito revelado.
Desde o começo do filme esperava que o esquecimento do protagonista e todo aquele modus operandi de quem passou por um trauma fosse explicado por alguma grande tragédia, por algum envolvimento com submundo do crime, por algum evento tenebroso digno de manchete de jornal.
Mas, em vez disso, a origem das sequelas foi bem mais simples: ciúme, sentimento de posse e a sensação de aprisionamento que a mãe sentia depois de dar à luz. Foi preciosa a cena em que ele relata à ex-esposa, ela agora como prostituta visual, tentando enxergá-lo através de um espelho, como foram esses sentimentos tão comuns que os levaram à bancarrota, à fuga, ao alcoolismo, ao fato de tê-la prendido a um fogão, à destruição de um casamento que era maravilhoso. Uma justificação dessas devia ficar aquém do filme, mas, em vez disso, só tornou proeminente a força dos maus sentimentos e das más emoções.
Esse filme me foi uma vacina sentimental.
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Clube dos Cinco
4.2 2,6K Assista AgoraEsse filme, apesar de pioneiro de gênero, tinha tudo pra ser uma chuva de estereótipos manjados alegrados por cenas de danças bem legais, "altas confusões" colegiais e romances bobos no final.
Aliás, essa é bem a impressão superficial que fica: estereótipos e uma história boba.
Só que, ali pelo meio do filme, tem a representação de um fenômeno humano maravilhoso:
esse gesto tão humano de contar histórias, de partilhar verbalmente os infortúnios da vida, ainda que sejam bobos, ainda que sejam ridículos, ainda que sejam melodramáticos; esse fenômeno de ouvir o sofrimento alheio e acolhê-lo, em parte com julgamentos, em parte com afeto, é muito bem realizado. Quando se reúnem em pequenos grupos e desabafam, ali começam as uniões afetuosas, ali os laços se atam, ali os amores&paixões implodem e ali é onde o perdão contra as ofensas disparadas pode acontecer. É esse jogo de desabafo-acolhimento que amarra um ao outro.
Se precisasse encontrar uma explicação pro fato de que esse filme tenha se tornado um clássico, escolheria essas cenas em que fazem um ping-pong de escuta e partilha de dores. Muito humano.
A Estranha Vida de Timothy Green
3.9 1,3K Assista AgoraDelicado, sutil; é o tipo de filme que compacta uma enxurrada de beleza em cenas simples.
Timothy é
ingênuo, espontâneo, sensível — todas as características de uma criança adorável estão presentes nele. É difícil não querer que um filho seja como ele.
Cindy e Jim são um casal
com uma cumplicidade invejável — o modo como dialogam, como fazem os planos, até como brigam, tudo neles têm uma intimidade profunda.
Os cenários do filme,
com os campos verdejantes, plátanos, florestas temperadas, são fabulosos; os cenários deixam um ar de conto de fadas no filme e são uma das coisas mais bonitas.
E o final do filme
é dessas coisas que não podiam ser de outro jeito, mas dão uma tristeza enorme mesmo assim.
É um filme bonito, muito bonito.
5 Centímetros por Segundo
3.9 383A primeira parte é maravilhosa. Retrata tão bem: a) solidão; b) os imprevistos de viagens longas; c) o quanto a realidade não é conto de fadas onde todos os nossos desejos se realizam como bem queremos. É que o foco nas trilhas dos trens, nos grandes prédios das metrópoles, nos acidentes geográficos — a imensidão de tudo isso contrasta com a impotência dos dois amantezinhos. O mundo não girava em torno deles, mas contra eles:
precisavam mudar de cidade, os trens atrasavam, perdiam cartas e assim por diante.
Cinquenta Tons de Cinza
2.2 3,3K Assista Agorai. Que atuações sofridas, meu Deus do céu. O ator claramente se esforça pra parecer intimidador, forte, mas termina parecendo sem alma, um robozinho mesmo. Se no final ele se relevasse um robô de um projeto que testa se robôs são capazes de brincar de BDSM, eu não me surpreenderia nem um pouco. E a atriz fez de tudo, o tempo todo, pra expressar meiguice, fofura, mas só fez uma personagem sonsa mesmo.
ii. As cenas têm todas a mesma carga dramática.
Uma cena que devia ser chocante, clímax, acaba sendo idêntica a um diálogo de mesa qualquer com a mãe.
iii. Roteiro porcamente articulado. Isso é: cenas que não se encaixam bem em sequência.
De repente uma cena de fofura, aí uma briga, então uma confissão,
iv. Diálogos com a naturalidade de quem segura garfo como se fosse guidão de bicicleta.
v. Faltou intensidade, faltou carga dramática, e falhou tanto em ser o que pretendeu que terminou sendo uma comédia involuntária.
Laureado o pior filme que já vi. Clap, clap, clap.
Mais Propenso Para Morrer
1.8 92 Assista AgoraTodos os clichês de slasher:
adolescentes que se separam quando era melhor que se unissem, gente que tropeça enquanto foge, telefone e celular que ficam sem sinal na hora do perigo, assassino fantasiado vingando alguém por causa de bullying etc.
Parece até que só fizeram o filme pra amontoarem clichês, mesmo, um atrás do outro. Dava até pra brincar de adivinhar qual seria o próximo clichê a aparecer. Nem a revelação do assassino surpreendeu — filme previsível em todos os aspectos.
Veludo Azul
3.9 776 Assista AgoraSuponha que você esteja em casa, fazendo o que sempre faz quando está em casa. Suponha que, terrivelmente, você percebe que há algo estranho num armário da sua casa. Suponha, por fim, que esse algo estranho num armário da sua casa é um homem, o qual você nunca viu mais gordo antes.
O que você faz?
a) Liga pra polícia;
b) grita por socorro;
c) acerta-lhe um pontapé nas genitálias.
Nesse filme, aprendemos que não é nada disso. Aprendemos que bom mesmo é:
d) apontar-lhe uma faca, ordenar que ele tire toda a roupa e começar a beijá-lo na região pélvica.
Paris, Texas
4.3 696 Assista AgoraEsse filme tem muitas cenas bonitinhas.
Como a cena em que pai e filho caminham em lado opostos da calçada, brincando de imitação, um fazendo os gestos do outro. Também todas as cenas em que o menino, do seu jeito ingênuo, fala sobre teorias físicas, Big Bang e o paradoxo de Langevin.
Mas gostei mesmo foi do conflito revelado.
Desde o começo do filme esperava que o esquecimento do protagonista e todo aquele modus operandi de quem passou por um trauma fosse explicado por alguma grande tragédia, por algum envolvimento com submundo do crime, por algum evento tenebroso digno de manchete de jornal.
Mas, em vez disso, a origem das sequelas foi bem mais simples: ciúme, sentimento de posse e a sensação de aprisionamento que a mãe sentia depois de dar à luz. Foi preciosa a cena em que ele relata à ex-esposa, ela agora como prostituta visual, tentando enxergá-lo através de um espelho, como foram esses sentimentos tão comuns que os levaram à bancarrota, à fuga, ao alcoolismo, ao fato de tê-la prendido a um fogão, à destruição de um casamento que era maravilhoso. Uma justificação dessas devia ficar aquém do filme, mas, em vez disso, só tornou proeminente a força dos maus sentimentos e das más emoções.
Esse filme me foi uma vacina sentimental.