não é de hoje que entendemos que a única função da indústria da beleza é fazer com que mulheres no mundo inteiro se sintam mal por serem quem elas são. em contraponto a luta incansável de milhares de feministas para derrubar estigmas pra lá de ultrapassados, o que os novos tempos fizeram foi simplesmente iluminar a abordagem de que as escolhas feitas pela mulher agora são pessoais e não mais impostas. nem é preciso dizer que isso só encobre uma opressão sistêmica que existe desde que o mundo é mundo.
a série Dietland (da AMC, mas que está na Amazon Video) coloca o espectador no meio de tudo isso e aborda, sem medo de colocar o dedo na ferida, assuntos extremamente pertinentes pro nosso momento de mundo. adaptação homônima do livro de Sarai Walker, ela conta a história de Plum (ou Ameixa, porque diz ser redonda e suculenta), uma mulher gorda que responde emails enviados pelas leitoras da Daisy Chains, revista adolescente que costumava transformar garotas em jovens esposas, mas que hoje usa expressões como “empoderamento feminino” e “positividade corporal” apenas para seguir a modinha.
a ironia da situação está no fato de que Plum, na verdade, é paga para escrever como se fosse Kitty Montgomery, a editora da revista. Kitty, ao contrário de Plum, é o modelo padrão imposto pela Daisy Chains e que faz mulheres como a protagonista se sentirem desconfortáveis em seu próprio corpo. Plum está às vésperas de marcar sua cirurgia bariátrica justamente porque acha que ficar magra (e poder voltar a se chamar de Alicia) seria sua passagem só de ida para uma vida nova e longe de todo o ódio que já recebeu.
Dietland mostra a jornada rumo a sua emancipação como mulher, passando pela autoaceitação, depois que entende que o padrão não existe, até o momento em que começa a se empoderar e usar sua voz para conscientizar outras mulheres sobre o que a mídia faz com elas. e garanto pra você, nenhum ponto dessa caminhada é óbvia. o que a série faz é ir além e colocar a personagem frente a frente com gordofobia, misoginia e machismo e fazê-la crescer, tornando-a parte da grande revolução a qual também somos chamados a participar.
e então? vai se juntar a ela?
(resenha publicada em meu perfil @crystallribeiro)
lembro que True Detective foi a primeira série que me interessou de verdade, que me fez sair fuçando vários cantos da internet até achar e, logo depois, a que eu primeiro chamei de favorita. e a coitada nem pode ser chamada de série, né? o correto mesmo é minissérie, mas até hoje isso pouco importa pra mim. ela continua no meu patamar de série e continua uma das melhores. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ a primeira temporada, pelo menos. a prestigiada parceria entre o roteirista Nic Pizzolatto e o diretor Cary Fukunaga criou uma história de atmosfera suja, tóxica, numa Louisiana pegajosa em 1995 onde um assassinato possivelmente cometido por um serial killer, mesmo depois de anos, continua como um caso inconclusivo para a polícia. mas bom mesmo era acompanhar a dupla de investigadores interpretada por Matthew McConaughey e Woody Harrelson, personagens complexos e cínicos, construídos através de diálogos muito bem escritos, cheios de filosofia pessimista. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ quando a segunda temporada foi ao ar no ano seguinte, nem deu pra acreditar o quão era inferior em relação a outra. fora o trunfo de uma personagem feminina com bem mais destaque na trama, nem roteiro nem direção entregaram o que a gente tinha visto lá atrás. eis que ano passado me surpreendi com o lançamento de uma terceira temporada e a surpresa só não foi maior que a que eu tomei quando vi o quanto amei essa nova história. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ela fica num meio termo entre as duas primeiras, não alcança as notas da temporada de 2014 em trama e mistério, mas faz seu melhor ao resgatar o interesse da audiência que se dispersou evocando a atmosfera da primeira, a história contada em diferentes épocas e perspectivas e uma grande atuação. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ a escolha de Mahershala Ali pro papel não foi certeira apenas por seu talento, mas porque possibilitou inúmeras discussões sobre racismo num momento em que precisamos cada vez mais falar sobre o assunto. além de trazer um caso e uma narrativa extremamente envolvente, a terceira temporada de True Detective impressiona em cada um dos detalhes de produção, retoma o visual inconfundível e coloca de volta pra jogo uma das melhores séries/minisséries policiais dos últimos anos.
(resenha publicada em meu perfil @crystallribeiro)
sim, eu fui uma das pessoas que contribuiu pro recente aumento da audiência de Olhos que Condenam na Netflix. por conta dos protestos contra o racismo e das ações do movimento #VidasNegrasImportam, as buscas pela minissérie aumentaram em 147% de acordo com a empresa Parrot Analytics, uma ótima notícia se pensarmos na quantidade de pessoas que puderam entrar em contato com essa história que ilustra casos de racismo extremamente injustos que acontecem em todo o mundo. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ e é por isso que não se deve esperar alívio nem consolo vindo da minissérie, a intenção dela é servir mesmo como um soco no estômago, um choque duro de realidade ao mostrar como algo que aconteceu há mais de 30 anos pode ser ainda a realidade de tantas pessoas pretas por aí. mesmo que já exista um documentário sobre o assunto, Olhos que Condenam acerta ao apostar que uma história como essa impacta muito mais ao ser dramatizada (e que a sociedade precisa desse impacto), conseguindo um resultado que beira a perfeição à medida que nos rendemos a uma angústia sem fim. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ não é preciso ser parente ou amigo de algum dos cinco adolescentes pretos acusados injustamente de terem estuprado uma mulher branca pra se sentir sufocado com toda a situação. Antron, Kevin, Korey, Raymond e Yusef não fizeram nada que não fosse estar no lugar e na hora errada no momento do crime, situação que poderia ter sido amenizada não fosse a cor de sua pele, que automaticamente os classificou como culpados pela polícia. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ os cinco garotos foram coagidos a assumir a agressão e condenados sem nenhuma prova num dos mais polêmicos casos de erro judiciário da história dos EUA quando estavam simplesmente passeando com os amigos. Olhos que Condenam, escrita e dirigida por Ava DuVernay, faz questão de acompanhar cada um deles nos momentos penosos desde a noite fatídica no Central Park, até o momento em que começam a responder pelo crime em liberdade. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ liberdade esta que não é nem de longe tão reconfortante quanto imaginavam, já que o sistema penal faz questão de que continuem presos não importa o que façam ou para onde decidam ir, carregando um fardo injusto apenas por conta da cor de sua pele.
(resenha publicada no meu perfil @crystallribeiro)
cada olhadela de canto de olho da protagonista de Fleabag para o público toda vez que uma situação precisa ser comentada é fantástica. você se sente amiga, confidente e cúmplice de todas as suas incansáveis tentativas de viver a vida da melhor forma que ela consegue. é com dor no coração que vemos ela se dando mal, sendo rejeitada, vivendo relacionamentos tóxicos, sendo subestimada, desvalorizada e lutando muito para conseguir superar seus fantasmas do passado. por isso que é com tanta alegria que comemoramos cada volta por cima, cada conquista, cada pequena evolução que ela consegue fazer como se fossemos nós mesmas.
e é tão, tão fácil se identificar. talvez nem tanto homens, mas as mulheres têm nessa pequena pérola de duas temporadas exibidas pela Amazon Prime um refúgio onde, mais do que julgar, somos levadas a entender e acolher essa mulher em apuros, que poderia ser qualquer uma de nós. afinal, é muito mais fácil atirar pedras naquela que caminha por fora da curva do que enaltecer os passos que ela dá em busca de autoconhecimento.
e em Fleabag você tem isso de forma inteligente, com diálogos bem construídos, situações complexas e personagens sensacionais. o humor afiado da protagonista (que não tem nome, mas que carinhosamente chamamos de Fleabag) e suas constantes quebras da quarta parede (quando ela olha e fala com “quem assiste”) são prova do talento soberbo de Phoebe Waller-Bridge, tanto como atriz como quanto roteirista.
o que ela faz aqui lembra bastante o que a Lenna Dunham fez em Girls, da HBO, porém numa versão “mulher de 30 anos”, mais refinada e enfrentando outros dilemas da vida adulta. Fleabag e Hannah se parecem muito por serem as protagonistas politicamente incorretas e nada ortodoxas que tomam atitudes de m*rda, mas que nós adoramos amar. e (porque não?) nos identificar.
as duas temporadas (curtíssimas, infelizmente) de Fleabag estão aí pra ser aquele escape, gostoso e britânico, doloroso de tão real, que é impossível de largar e mais ainda de esquecer. Vá esperando fundo do poço, humor refinado, cenas poderosas e muito bem escritas. é uma experiência fantástica.
Phoebe Waller-Bridge conte conosco para absolutamente TUDO.
outro dia, Patricia Arquette e Joey King estavam em todas as premiações levando os louros pela primeira temporada de The Act, a nova série do serviço de streaming Hulu e que deu o que falar no ano passado. a proposta da série é dramatizar histórias reais que ganharam destaque no noticiário policial por sua bizarrice e seu tom grotesco.
essa temporada dá conta do caso Dee Dee e Gipsy Blanchard, mãe e filha que protagonizaram os noticiários americanos em 2015. nela, acompanhamos o relacionamento doentio que elas alimentam uma pela outra, uma vez que Dee Dee faz Gipsy acreditar que, desde criança, ela possui diversas doenças incuráveis, mas que não passam de pretexto para que Dee Dee a mantenha sempre dependente. por outro lado, Gipsy vive dividida entre o “amor” que sente pela mãe e a vontade constante de viver sua própria vida.
quanto menos você souber sobre a trama, melhor ela fica, então eu vou parando por aqui. o mistério de The Act é maior se você enfrenta a maratona quase zerado e, vai por mim, a cada episódio seu interesse em saber os porquês e o final da história vai aumentando e vale cada minuto investido. quanto mais se aprofunda no caso da família Blanchard, mais se nota que ele permite bem mais questionamentos do que se poderia esperar. não tem como não se envolver com a série.
além de um roteiro pra lá de bem escrito e executado em quase 100% da temporada (lá pelo episódio 5 ou 6 as coisas vão ficando um pouco arrastadas), a força da série está quase que inteira na dupla de atrizes principais, que se entregam aos papéis e dão um verdadeiro show. Patricia faz aqui um de seus trabalhos mais intensos e profundos (e assustadores). Joey também não fica pra trás. destaque para a maquiagem usada em ambas as personagens e nos trejeitos de King para se parecer com uma pré-adolescente.
com oito episódios de 40-50 minutos, mais ou menos, a primeira temporada de The Act é um prato cheio pra quem, assim como eu, adora boas histórias policiais com algum suspense e um drama familiar. some isso ao fato dela brindar o espectador com discussões complexas sobre patologias, dependência afetiva, relacionamentos tóxicos e as consequências a que tudo isso pode levar.
Nunca fui de acompanhar séries, mas The Big Bang Theory é a única que eu faço questão. Sou completamente viciada pela história, pelos personagens. Simplesmente hilária, surpreendentemente inteligente e maravilhosamente incrível!
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Dietland (1° Temporada)
4.0 14não é de hoje que entendemos que a única função da indústria da beleza é fazer com que mulheres no mundo inteiro se sintam mal por serem quem elas são. em contraponto a luta incansável de milhares de feministas para derrubar estigmas pra lá de ultrapassados, o que os novos tempos fizeram foi simplesmente iluminar a abordagem de que as escolhas feitas pela mulher agora são pessoais e não mais impostas. nem é preciso dizer que isso só encobre uma opressão sistêmica que existe desde que o mundo é mundo.
a série Dietland (da AMC, mas que está na Amazon Video) coloca o espectador no meio de tudo isso e aborda, sem medo de colocar o dedo na ferida, assuntos extremamente pertinentes pro nosso momento de mundo. adaptação homônima do livro de Sarai Walker, ela conta a história de Plum (ou Ameixa, porque diz ser redonda e suculenta), uma mulher gorda que responde emails enviados pelas leitoras da Daisy Chains, revista adolescente que costumava transformar garotas em jovens esposas, mas que hoje usa expressões como “empoderamento feminino” e “positividade corporal” apenas para seguir a modinha.
a ironia da situação está no fato de que Plum, na verdade, é paga para escrever como se fosse Kitty Montgomery, a editora da revista. Kitty, ao contrário de Plum, é o modelo padrão imposto pela Daisy Chains e que faz mulheres como a protagonista se sentirem desconfortáveis em seu próprio corpo. Plum está às vésperas de marcar sua cirurgia bariátrica justamente porque acha que ficar magra (e poder voltar a se chamar de Alicia) seria sua passagem só de ida para uma vida nova e longe de todo o ódio que já recebeu.
Dietland mostra a jornada rumo a sua emancipação como mulher, passando pela autoaceitação, depois que entende que o padrão não existe, até o momento em que começa a se empoderar e usar sua voz para conscientizar outras mulheres sobre o que a mídia faz com elas. e garanto pra você, nenhum ponto dessa caminhada é óbvia. o que a série faz é ir além e colocar a personagem frente a frente com gordofobia, misoginia e machismo e fazê-la crescer, tornando-a parte da grande revolução a qual também somos chamados a participar.
e então? vai se juntar a ela?
(resenha publicada em meu perfil @crystallribeiro)
True Detective (3ª Temporada)
4.0 285lembro que True Detective foi a primeira série que me interessou de verdade, que me fez sair fuçando vários cantos da internet até achar e, logo depois, a que eu primeiro chamei de favorita. e a coitada nem pode ser chamada de série, né? o correto mesmo é minissérie, mas até hoje isso pouco importa pra mim. ela continua no meu patamar de série e continua uma das melhores.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
a primeira temporada, pelo menos. a prestigiada parceria entre o roteirista Nic Pizzolatto e o diretor Cary Fukunaga criou uma história de atmosfera suja, tóxica, numa Louisiana pegajosa em 1995 onde um assassinato possivelmente cometido por um serial killer, mesmo depois de anos, continua como um caso inconclusivo para a polícia. mas bom mesmo era acompanhar a dupla de investigadores interpretada por Matthew McConaughey e Woody Harrelson, personagens complexos e cínicos, construídos através de diálogos muito bem escritos, cheios de filosofia pessimista.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
quando a segunda temporada foi ao ar no ano seguinte, nem deu pra acreditar o quão era inferior em relação a outra. fora o trunfo de uma personagem feminina com bem mais destaque na trama, nem roteiro nem direção entregaram o que a gente tinha visto lá atrás. eis que ano passado me surpreendi com o lançamento de uma terceira temporada e a surpresa só não foi maior que a que eu tomei quando vi o quanto amei essa nova história.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
ela fica num meio termo entre as duas primeiras, não alcança as notas da temporada de 2014 em trama e mistério, mas faz seu melhor ao resgatar o interesse da audiência que se dispersou evocando a atmosfera da primeira, a história contada em diferentes épocas e perspectivas e uma grande atuação.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
a escolha de Mahershala Ali pro papel não foi certeira apenas por seu talento, mas porque possibilitou inúmeras discussões sobre racismo num momento em que precisamos cada vez mais falar sobre o assunto. além de trazer um caso e uma narrativa extremamente envolvente, a terceira temporada de True Detective impressiona em cada um dos detalhes de produção, retoma o visual inconfundível e coloca de volta pra jogo uma das melhores séries/minisséries policiais dos últimos anos.
(resenha publicada em meu perfil @crystallribeiro)
Olhos que Condenam
4.7 680 Assista Agorasim, eu fui uma das pessoas que contribuiu pro recente aumento da audiência de Olhos que Condenam na Netflix. por conta dos protestos contra o racismo e das ações do movimento #VidasNegrasImportam, as buscas pela minissérie aumentaram em 147% de acordo com a empresa Parrot Analytics, uma ótima notícia se pensarmos na quantidade de pessoas que puderam entrar em contato com essa história que ilustra casos de racismo extremamente injustos que acontecem em todo o mundo.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
e é por isso que não se deve esperar alívio nem consolo vindo da minissérie, a intenção dela é servir mesmo como um soco no estômago, um choque duro de realidade ao mostrar como algo que aconteceu há mais de 30 anos pode ser ainda a realidade de tantas pessoas pretas por aí. mesmo que já exista um documentário sobre o assunto, Olhos que Condenam acerta ao apostar que uma história como essa impacta muito mais ao ser dramatizada (e que a sociedade precisa desse impacto), conseguindo um resultado que beira a perfeição à medida que nos rendemos a uma angústia sem fim.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
não é preciso ser parente ou amigo de algum dos cinco adolescentes pretos acusados injustamente de terem estuprado uma mulher branca pra se sentir sufocado com toda a situação. Antron, Kevin, Korey, Raymond e Yusef não fizeram nada que não fosse estar no lugar e na hora errada no momento do crime, situação que poderia ter sido amenizada não fosse a cor de sua pele, que automaticamente os classificou como culpados pela polícia.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
os cinco garotos foram coagidos a assumir a agressão e condenados sem nenhuma prova num dos mais polêmicos casos de erro judiciário da história dos EUA quando estavam simplesmente passeando com os amigos. Olhos que Condenam, escrita e dirigida por Ava DuVernay, faz questão de acompanhar cada um deles nos momentos penosos desde a noite fatídica no Central Park, até o momento em que começam a responder pelo crime em liberdade.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
liberdade esta que não é nem de longe tão reconfortante quanto imaginavam, já que o sistema penal faz questão de que continuem presos não importa o que façam ou para onde decidam ir, carregando um fardo injusto apenas por conta da cor de sua pele.
(resenha publicada no meu perfil @crystallribeiro)
Fleabag (2ª Temporada)
4.7 889 Assista Agoracada olhadela de canto de olho da protagonista de Fleabag para o público toda vez que uma situação precisa ser comentada é fantástica. você se sente amiga, confidente e cúmplice de todas as suas incansáveis tentativas de viver a vida da melhor forma que ela consegue. é com dor no coração que vemos ela se dando mal, sendo rejeitada, vivendo relacionamentos tóxicos, sendo subestimada, desvalorizada e lutando muito para conseguir superar seus fantasmas do passado. por isso que é com tanta alegria que comemoramos cada volta por cima, cada conquista, cada pequena evolução que ela consegue fazer como se fossemos nós mesmas.
e é tão, tão fácil se identificar. talvez nem tanto homens, mas as mulheres têm nessa pequena pérola de duas temporadas exibidas pela Amazon Prime um refúgio onde, mais do que julgar, somos levadas a entender e acolher essa mulher em apuros, que poderia ser qualquer uma de nós. afinal, é muito mais fácil atirar pedras naquela que caminha por fora da curva do que enaltecer os passos que ela dá em busca de autoconhecimento.
e em Fleabag você tem isso de forma inteligente, com diálogos bem construídos, situações complexas e personagens sensacionais. o humor afiado da protagonista (que não tem nome, mas que carinhosamente chamamos de Fleabag) e suas constantes quebras da quarta parede (quando ela olha e fala com “quem assiste”) são prova do talento soberbo de Phoebe Waller-Bridge, tanto como atriz como quanto roteirista.
o que ela faz aqui lembra bastante o que a Lenna Dunham fez em Girls, da HBO, porém numa versão “mulher de 30 anos”, mais refinada e enfrentando outros dilemas da vida adulta. Fleabag e Hannah se parecem muito por serem as protagonistas politicamente incorretas e nada ortodoxas que tomam atitudes de m*rda, mas que nós adoramos amar. e (porque não?) nos identificar.
as duas temporadas (curtíssimas, infelizmente) de Fleabag estão aí pra ser aquele escape, gostoso e britânico, doloroso de tão real, que é impossível de largar e mais ainda de esquecer. Vá esperando fundo do poço, humor refinado, cenas poderosas e muito bem escritas. é uma experiência fantástica.
Phoebe Waller-Bridge conte conosco para absolutamente TUDO.
(texto retirado do meu perfil @crystallribeiro)
The Act
4.3 392outro dia, Patricia Arquette e Joey King estavam em todas as premiações levando os louros pela primeira temporada de The Act, a nova série do serviço de streaming Hulu e que deu o que falar no ano passado. a proposta da série é dramatizar histórias reais que ganharam destaque no noticiário policial por sua bizarrice e seu tom grotesco.
essa temporada dá conta do caso Dee Dee e Gipsy Blanchard, mãe e filha que protagonizaram os noticiários americanos em 2015. nela, acompanhamos o relacionamento doentio que elas alimentam uma pela outra, uma vez que Dee Dee faz Gipsy acreditar que, desde criança, ela possui diversas doenças incuráveis, mas que não passam de pretexto para que Dee Dee a mantenha sempre dependente. por outro lado, Gipsy vive dividida entre o “amor” que sente pela mãe e a vontade constante de viver sua própria vida.
quanto menos você souber sobre a trama, melhor ela fica, então eu vou parando por aqui. o mistério de The Act é maior se você enfrenta a maratona quase zerado e, vai por mim, a cada episódio seu interesse em saber os porquês e o final da história vai aumentando e vale cada minuto investido. quanto mais se aprofunda no caso da família Blanchard, mais se nota que ele permite bem mais questionamentos do que se poderia esperar. não tem como não se envolver com a série.
além de um roteiro pra lá de bem escrito e executado em quase 100% da temporada (lá pelo episódio 5 ou 6 as coisas vão ficando um pouco arrastadas), a força da série está quase que inteira na dupla de atrizes principais, que se entregam aos papéis e dão um verdadeiro show. Patricia faz aqui um de seus trabalhos mais intensos e profundos (e assustadores). Joey também não fica pra trás. destaque para a maquiagem usada em ambas as personagens e nos trejeitos de King para se parecer com uma pré-adolescente.
com oito episódios de 40-50 minutos, mais ou menos, a primeira temporada de The Act é um prato cheio pra quem, assim como eu, adora boas histórias policiais com algum suspense e um drama familiar. some isso ao fato dela brindar o espectador com discussões complexas sobre patologias, dependência afetiva, relacionamentos tóxicos e as consequências a que tudo isso pode levar.
(texto retirado do meu perfil @crystallribeiro)
Big Bang: A Teoria (1ª Temporada)
4.4 776 Assista AgoraNunca fui de acompanhar séries, mas The Big Bang Theory é a única que eu faço questão. Sou completamente viciada pela história, pelos personagens. Simplesmente hilária, surpreendentemente inteligente e maravilhosamente incrível!