Esse filme me fez relembrar o que são atuações excelentes; não meramente satisfatórias e convincentes, mas excelentes. É surpreendente como DiCaprio e Winslet conseguem construir uma química catastrófica tão verossímil; e é impressionante como o roteiro consegue ser tão bem estruturado a ponto de conseguir retratar a degeneração de um relacionamento apaixonado em pura frustração, mediocridade, caos, egoísmo e ódio.
É extremamente interessante notar como são profundos os personagens principais, cada um à sua maneira. DiCaprio, por um lado, um homem feito que luta para tentar assumir suas responsabilidades e se desvincular de uma vida de sonhos, da fantasiosa "busca por propósito", imposta por sua esposa frustrada com a própria carreira. De outro lado, temos a personagem de Winslet, uma mulher imatura, incapaz de enxergar a nobreza de seu papel como mãe e esposa, por estar muito ocupada pensando no único insucesso que teve em sua vida: sua carreira. Poder-se-ia até argumentar que, movida por pura inveja, por não aguentar mais ver seu marido satisfeito com a vida absolutamente normal que levavam, enquanto ela chafurdava em miséria, April decidiu tornar a vida dos dois um inferno.
Outro ponto interessante de se notar é como essa temática, da dona de casa dos subúrbios dos anos 50 que tende ao tédio, que, por sua vez, vai degenerar em loucura ou imprudência, repete-se através de diferentes tipos de produções de diferentes épocas. Vemos isso neste filme, na série "Amor e Morte", em que Candy resolve quebrar o ritmo de sua vida monótona tendo um caso deliberado com um sujeito impensável; em "Mad Men" e em muitas outras obras. Acredito que mais do que nos fazer refletir sobre papeis sociais, na verdade, a abordagem desses temas deveria nos servir à reflexão de qual a hierarquia de prioridades e valores que temos e como encarar o tédio de forma menos devastadora e mais produtiva em nossas vidas.
Finalizando a 1a temporada: Jack é o personagem mais carismático, e também o homem dos sonhos de qualquer mulher;
Toby é, sem dúvidas, o par perfeito de Kate, oferecendo alívio cômico e desenvolvimento emocional à personagem dela;
O arco de Randall, embora interessante pela jornada de descoberta de suas verdadeiras origens, torna-se cansativo ao final da temporada; mas seu arremate final foi catártico, finalmente vemos o personagem ganhando coragem de desagradar e não se enquadrar;
Rebecca é muito imatura, mesmo depois de velha, e anseio pelo desenvolvimento dessa personagem nas próximas temporadas;
Enfim, um dramalhão familiar de excelente qualidade.
Um inesperado excelente drama familiar sobre como o adoecimento, tanto físico como psíquico, às vezes vem como uma oportunidade para transformarmos dinâmicas familiares problemáticas e prejudiciais e quebrarmos ciclos geracionais.
Após seis anos, chega ao fim uma das melhores e mais bem produzidas série da Netflix. Com uma trilha sonora original magnífica, fotografia impecável, atuações de altíssimo nível e uma direção de arte de dar inveja, The Crown, sem dúvida alguma, é a joia da coroa do serviço de streaming.
O que mais me encanta nessa série é sua habilidade muito específica de, mesmo num tom lento, não fazer o telespectador se entediar; pelo contrário, esse ritmo estabelecido é muito bem utilizado para o deleite de cada paisagem, de cada expressão, do detalhe de cada figurino, da sutileza dos diálogos.
Vai fazer falta, com certeza. Para o telespectador e para a Netflix.
Filme excessivamente didático, porém consegue ser divertido e, certamente, é muito agradável esteticamente. Não achei promotor de uma agenda específica; antes, achei que tenta ir pelo caminho do meio, criticando os extremos e mostrando como tanto o mundo do patriarcado, quanto o do feminismo, são imperfeitos e quebrados. Inclusive, vendo agora, me parece que a histeria coletiva não está no teor do filme e, sim, na visão contaminada de quem vê.
Além das críticas às ideologias mais conflitantes do momento, também existe uma clara abordagem do dilema existencial mais profundo do ser humano: o medo da morte e, com ele, o da falta de propósito, que aniquila o significado da existência. Vale lembrar também das várias críticas ao ideal burguês de feminilidade e de maternidade, que tenta encarcerar a mulher em estereótipos e cercear suas ambições - que não estão, necessariamente, associadas a sucesso na carreira ou no exercício exclusivo da função de mãe.
Uma das cenas que mais me chamou a atenção, e que selou o entendimento verdadeiro da proposta do filme, é quando Ken busca emprego no mundo real. É interessantíssimo observar como um filme que, em tese, crê criticamente na existência do "patriarcado", retrata um Ken tão rechaçado por sua falta de habilidades, certificações e competências "No Mundo Real". Ora, se houvesse a defesa desonesta de uma agenda, aqui retratariam Ken conseguindo empregos à revelia de sua inépcia, não?
Não sei, não sei, apenas acho que a histeria coletiva que se lançou sobre o filme, na forma de uma interpretação monocromática, é sintomática de duas doenças do mundo contemporâneo: o extremismo e a ignorância, que adjaz à falta de leitura, de bagagem cultural e de percepção.
Eu, particularmente, achei uma temporada de Oscar fabulosa, em que a indicação de dois filmes, ˜Barbie" e "American Fiction" começa a traduzir o descontentamento, o desconforto e a estupidez do mundo em que estamos vivendo, sufocado pelo politicamente correto.
Temporada mais arrastada até aqui, melhorando, de fato, nos três últimos episódios. Mesmo assim, ainda conseguiu apresentar rico material de relações humanas a ser explorado: a conturbada relação conjugal entre Shiv e Tom; o duelo permanente entre os três irmãos pelo poder; os exageros dramáticos que deixam o telespectador incrédulo sobre até onde vai o ser humano em sua busca por poder, dinheiro e reconhecimento.
O elemento de legado, presente nas temporadas anteriores, aparenta ter morrido junto com Logan. Essa temporada foi puramente sobre a degradação humana na busca incessante pelo sucesso e pela ascensão no mundo material.
Para o encerramento de uma das séries mais bem produzidas e mais bem sucedidas dos últimos 5 anos, no entanto, acredito que não foi a temporada final que os fãs ansiavam. De qualquer forma, obrigada, "Succession", por ter contribuído para a elevação dos padrões de produção de séries nos últimos anos.
Tragam Nic Pizzolato de volta! Um quase 7/10 é de extrema generosidade para uma produção que começa querendo contar a história de um crime e termina dando lição de moral barata sobre meio ambiente. E, entre o início e o fim, personagens femininas extremamente imaturas, retratadas conforme uma agenda, e tramas paralelas fracas, sem sentido e que não acrescentam em nada à coesão da história. No final, uma solução rápida, preguiçosa e desconectada das evidências que foram trabalhadas durante toda a temporada. Isso daqui foi qualquer coisa, menos "True Detective". A cada minuto, eu dava graças a Deus por ser um minuto a menos que teria de assistir a tanta baboseira.
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Foi Apenas um Sonho
3.6 1,3K Assista AgoraEsse filme me fez relembrar o que são atuações excelentes; não meramente satisfatórias e convincentes, mas excelentes. É surpreendente como DiCaprio e Winslet conseguem construir uma química catastrófica tão verossímil; e é impressionante como o roteiro consegue ser tão bem estruturado a ponto de conseguir retratar a degeneração de um relacionamento apaixonado em pura frustração, mediocridade, caos, egoísmo e ódio.
É extremamente interessante notar como são profundos os personagens principais, cada um à sua maneira. DiCaprio, por um lado, um homem feito que luta para tentar assumir suas responsabilidades e se desvincular de uma vida de sonhos, da fantasiosa "busca por propósito", imposta por sua esposa frustrada com a própria carreira. De outro lado, temos a personagem de Winslet, uma mulher imatura, incapaz de enxergar a nobreza de seu papel como mãe e esposa, por estar muito ocupada pensando no único insucesso que teve em sua vida: sua carreira. Poder-se-ia até argumentar que, movida por pura inveja, por não aguentar mais ver seu marido satisfeito com a vida absolutamente normal que levavam, enquanto ela chafurdava em miséria, April decidiu tornar a vida dos dois um inferno.
Outro ponto interessante de se notar é como essa temática, da dona de casa dos subúrbios dos anos 50 que tende ao tédio, que, por sua vez, vai degenerar em loucura ou imprudência, repete-se através de diferentes tipos de produções de diferentes épocas. Vemos isso neste filme, na série "Amor e Morte", em que Candy resolve quebrar o ritmo de sua vida monótona tendo um caso deliberado com um sujeito impensável; em "Mad Men" e em muitas outras obras. Acredito que mais do que nos fazer refletir sobre papeis sociais, na verdade, a abordagem desses temas deveria nos servir à reflexão de qual a hierarquia de prioridades e valores que temos e como encarar o tédio de forma menos devastadora e mais produtiva em nossas vidas.
This Is Us (1ª Temporada)
4.7 779 Assista AgoraFinalizando a 1a temporada:
Jack é o personagem mais carismático, e também o homem dos sonhos de qualquer mulher;
Toby é, sem dúvidas, o par perfeito de Kate, oferecendo alívio cômico e desenvolvimento emocional à personagem dela;
O arco de Randall, embora interessante pela jornada de descoberta de suas verdadeiras origens, torna-se cansativo ao final da temporada; mas seu arremate final foi catártico, finalmente vemos o personagem ganhando coragem de desagradar e não se enquadrar;
Rebecca é muito imatura, mesmo depois de velha, e anseio pelo desenvolvimento dessa personagem nas próximas temporadas;
Enfim, um dramalhão familiar de excelente qualidade.
Garra de Ferro
3.9 120Um inesperado excelente drama familiar sobre como o adoecimento, tanto físico como psíquico, às vezes vem como uma oportunidade para transformarmos dinâmicas familiares problemáticas e prejudiciais e quebrarmos ciclos geracionais.
The Crown (6ª Temporada)
4.1 71 Assista AgoraApós seis anos, chega ao fim uma das melhores e mais bem produzidas série da Netflix. Com uma trilha sonora original magnífica, fotografia impecável, atuações de altíssimo nível e uma direção de arte de dar inveja, The Crown, sem dúvida alguma, é a joia da coroa do serviço de streaming.
O que mais me encanta nessa série é sua habilidade muito específica de, mesmo num tom lento, não fazer o telespectador se entediar; pelo contrário, esse ritmo estabelecido é muito bem utilizado para o deleite de cada paisagem, de cada expressão, do detalhe de cada figurino, da sutileza dos diálogos.
Vai fazer falta, com certeza. Para o telespectador e para a Netflix.
Barbie
3.9 1,6K Assista AgoraFilme excessivamente didático, porém consegue ser divertido e, certamente, é muito agradável esteticamente. Não achei promotor de uma agenda específica; antes, achei que tenta ir pelo caminho do meio, criticando os extremos e mostrando como tanto o mundo do patriarcado, quanto o do feminismo, são imperfeitos e quebrados. Inclusive, vendo agora, me parece que a histeria coletiva não está no teor do filme e, sim, na visão contaminada de quem vê.
Além das críticas às ideologias mais conflitantes do momento, também existe uma clara abordagem do dilema existencial mais profundo do ser humano: o medo da morte e, com ele, o da falta de propósito, que aniquila o significado da existência. Vale lembrar também das várias críticas ao ideal burguês de feminilidade e de maternidade, que tenta encarcerar a mulher em estereótipos e cercear suas ambições - que não estão, necessariamente, associadas a sucesso na carreira ou no exercício exclusivo da função de mãe.
Uma das cenas que mais me chamou a atenção, e que selou o entendimento verdadeiro da proposta do filme, é quando Ken busca emprego no mundo real. É interessantíssimo observar como um filme que, em tese, crê criticamente na existência do "patriarcado", retrata um Ken tão rechaçado por sua falta de habilidades, certificações e competências "No Mundo Real". Ora, se houvesse a defesa desonesta de uma agenda, aqui retratariam Ken conseguindo empregos à revelia de sua inépcia, não?
Não sei, não sei, apenas acho que a histeria coletiva que se lançou sobre o filme, na forma de uma interpretação monocromática, é sintomática de duas doenças do mundo contemporâneo: o extremismo e a ignorância, que adjaz à falta de leitura, de bagagem cultural e de percepção.
Eu, particularmente, achei uma temporada de Oscar fabulosa, em que a indicação de dois filmes, ˜Barbie" e "American Fiction" começa a traduzir o descontentamento, o desconforto e a estupidez do mundo em que estamos vivendo, sufocado pelo politicamente correto.
Succession (4ª Temporada)
4.5 220 Assista AgoraTemporada mais arrastada até aqui, melhorando, de fato, nos três últimos episódios.
Mesmo assim, ainda conseguiu apresentar rico material de relações humanas a ser explorado: a conturbada relação conjugal entre Shiv e Tom; o duelo permanente entre os três irmãos pelo poder; os exageros dramáticos que deixam o telespectador incrédulo sobre até onde vai o ser humano em sua busca por poder, dinheiro e reconhecimento.
O elemento de legado, presente nas temporadas anteriores, aparenta ter morrido junto com Logan. Essa temporada foi puramente sobre a degradação humana na busca incessante pelo sucesso e pela ascensão no mundo material.
Para o encerramento de uma das séries mais bem produzidas e mais bem sucedidas dos últimos 5 anos, no entanto, acredito que não foi a temporada final que os fãs ansiavam. De qualquer forma, obrigada, "Succession", por ter contribuído para a elevação dos padrões de produção de séries nos últimos anos.
True Detective: Terra Noturna (4ª Temporada)
3.4 234 Assista AgoraTragam Nic Pizzolato de volta!
Um quase 7/10 é de extrema generosidade para uma produção que começa querendo contar a história de um crime e termina dando lição de moral barata sobre meio ambiente.
E, entre o início e o fim, personagens femininas extremamente imaturas, retratadas conforme uma agenda, e tramas paralelas fracas, sem sentido e que não acrescentam em nada à coesão da história. No final, uma solução rápida, preguiçosa e desconectada das evidências que foram trabalhadas durante toda a temporada.
Isso daqui foi qualquer coisa, menos "True Detective". A cada minuto, eu dava graças a Deus por ser um minuto a menos que teria de assistir a tanta baboseira.