Talvez não tenha gostado por ser o curta que fui ver com a maior expectativa já que qualquer forma de restrição à arte em geral me comove, e com isso acabei ficando decepcionado pelo curta ter sido raso em abordar as razões dos livros terem sido banidos ou restringidos, principalmente por, logo em seu início, apresentarem uma lista de obras que sequer faz sentido sua proibição, como O Conto de Aia ou O Hobbit, escolhendo focar mais nas histórias com temática LGBT e, próximo ao final, algumas que tratam a respeito do preconceito racial.
E até mesmo dentre essas poderia ter sido muito mais contundente já que já haviam mostrado a capa de grandes livros de mesma temática e que se encontravam proibidos, como por exemplo livros de Toni Morrison, vencedora do Nobel, os livros de Martin Luther King e alguns de James Baldwin, autor negro e gay que só se descobriu como ser humano após ir embora dos Estados Unidos.
Faltou muita coragem ao falar de como é a proibição é obra da ignorância, dedicando somente uma frase a isto.
Muito fraco mesmo tendo um potencial incrível pela história que se propõe a contar e pelas diversas imagens de arquivo que acaba juntando. No entanto, falta foco do diretor, que acaba criando vários fragmentos que pouco conversam entre si. Visualmente é o melhor de todos os curtas indicados, tendo uma excelente fotografia, mas faltou conteúdo.
Outro daqueles curtas sobre pequenas iniciativas, mesmo não sendo tão interessante nos segmentos que mostra a atividade como barbeiro ele se torna muito bom quando apresenta o expansionismo da atividade e a criação de fundos de acessibilidade, podendo mostrar toda a realidade sobre o discurso que vinha abordando sobre a desigualdade social e a necessidade de investimentos em sua comunidade.
Acertadamente utiliza de uma visão mais esperançosa ao invés de criar um curta triste e desolador, mostrando o caminho certo para redução de desigualdades.
Apesar das duas primeiras histórias serem bem fracas, o curta toma um rumo bem interessante logo em seguida ao trazer vidas fora do comum, seja por um amigo pessoal do Coronel Tom Parker (algo incomum por si só visto que ele era alguém que não tinha amigos) ou a história de um imigrante de guerra.
Segue o estilo costumeiro do Oscar em trazer algum curta sobre uma iniciativa, como uma propaganda a fim de incentivar sua manutenção, como já ocorrido nos anos anteriores a respeito de um site de notícias feito somente por mulheres na Índia ou aulas de Skate para garotas.
Seu ponto alto com certeza é a sequências dos créditos finais.
Quando Wes Anderson lançou O Grande Hotel Budapeste comentei que o filme era como uma transposição literal de um livro ao cinema, com todos os diálogos, pausas e reconstruções de cenários. Agora Wes Anderson se utiliza do mesmo estilo, mas de fato adaptando uma obra literária e, por ter dado certo, trazendo novamente o mesmo elenco. E é lindo como o curta funciona desde o elemento mais básico, seu roteiro, em que se utiliza da velha tática de As Mil e Uma Noites em contar uma história dentro de uma história para nos deixar tensos e atraídos pelo que está sendo mostrado, algo essencial considerando que os diálogos são extensos e com muitas informações, algo que poderia tornar o curta cansativo (e por sorte não é).
Incrível que, mesmo com grandes atores, todos eles competentes e vencedores do Oscar, Dev Patel ainda consegue roubar a cena e se tornar o personagem mais interessante de todos, dando pequenos toques no seu personagem como um diálogo mais rápido aliado à língua ligeiramente presa, fazendo com que queiramos ouvi-lo falar por horas seguidas.
É o melhor do ano, apesar de não ser muito difícil considerando a qualidade sofrível dos concorrentes.
É esse tipo de curta que me refiro quando considero a categoria de curtas a melhor do Oscar (e que infelizmente neste ano deixou a desejar, como já havia comentado na lista da premiação), porque ele tem o poder de, em poucos minutos, te contar uma história impactante, provocar e brincar com seus sentimentos. Se de início o espectador, ainda que de forma mínima, pode ter algum julgamento, próximo ao seu final a história muda de forma tão abrupta que nos vemos no lugar da mãe e, por ser algo tão rápido, não nos dá tempo de vermos outra alternativa. Nós apoiamos e ficamos entristecidos juntos, sentados na mesma cadeira de espera. Infelizmente, após esse lapso, o curta acaba caindo em um diálogo pedante que te tira completamente daquele universo, sendo desnecessário por tudo que já vinha sendo mostrado.
Não sei se esse curta é uma adaptação, mas ao menos parece que um conto seria a melhor forma de contar essa história. Chega a ser gritante como o meio audiovisual não consegue passar as mesmas interações e conflitos necessários para mostrar essa história, com personagens em comportamentos vagos que, ainda que tenham uma resolução final, nos passam uma impressão de “É só isso?”. O conflito interno dos protagonistas e as confusões que são mostradas nas suas expressões, e até mesmo a tentativa de fuga em alguns momentos, necessitavam de um diálogo a mais, um pensamento em off. Às vezes os sentimentos precisam de mais palavras para serem sentidos por nós.
Não consegui ver muito propósito na técnica de animação. Como o curta fala muito sobre como a roupa produz a individualidade e como a mesma pode ser utilizada para quebrar tabus, é interessante ver que todo o plano de fundo são calças, camisas e saias. No entanto, quando cria os personagens, ao invés de seguir essa mesma ideia acaba apenas ilustrando-os por cima dessas peças, seguindo uma decisão mais "preguiçosa" quando seria muito mais interessante criar estes personagens com as mesmas texturas. Serve somente para passar a mensagem, mas não tem uma ideia de fazer os elementos conversarem entre si.
O título podia ser "A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena".
Apesar do estilo de animação sobre live action não ser algo inédito no cinema (Walt Disney volta e meia utilizava a técnica para dar mais realismo nas cenas), aqui ele inova ao dividir essa técnica, com os personagens tendo partes animadas e partes reais, conforme a necessidade da cena, o que dá um resultado bem interessante.
Afora isso, sua mensagem acaba sendo vaga demais, como se buscasse ser subjetivo para ampliar as suas interpretações, o que te dá uma sensação de vazio.
Esse é uma delícia de assistir, fazendo parte daqueles curtas que concorrem anualmente mostrando como as pessoas comuns possuem uma história interessante se contadas de um ponto de vista cinematográfico, e é justamente essa proposta que ele cumpre, sendo extremamente agradável ver essas duas amigas compartilhando seu dia a dia, ainda que seja somente colocar os sapatos e fazer seus exercícios.
É um curta que se torna muito melhor quando termina. Se de início você tem até uma antipatia por Marc e por vezes pensa que o curta irá seguir o velho clichê do Rebelde Sem Causa do James Dean, é com o passar do tempo que a história muda de figura e você passa a ver o que os demais personagens enxergam nele, bem como o motivo dessa história ter sido contada: alguém que sente saudade de seu amigo e a dor que isso causa por também não ser "invencível".
Técnica de animação muito boa, principalmente quando envolve a garota, criando movimento em um traço que nos lembra dos livros infantis, com uma figura tridimensional se destacando em pinturas quase chapadas. Mesmo tendo uma boa ideia, algo extremamente pesado e contando sua trama de maneira objetiva, o fato de querer tratar alguns elementos de maneira poética demais acabam atrapalhando a condução.
Ele tem um dos inícios mais bem feitos que já vi. Com um minuto você já tem apego pelos personagens; com dois, você já teme pela vida deles; com quatro, você sente uma angústia que te persegue por todo o curta. O problema é que mesmo após esse excelente início o curta acaba divagando por não saber ao certo a que ponto quer chegar. Ele cria uma história muito boa, mas ainda não se sente seguro suficiente sob qual perspectiva ele quer contar essa história e, com isso, o final que deveria ser redentor não é sentido por quem está vendo.
Segue aquele estilo de curta costumeiro nas indicações ao Oscar que busca abordar diversas formas de animação, como uma propaganda do potencial do estúdio. No entanto, diferente dessas tentativas que normalmente criam obras psicodélicas ou surrealistas, aqui o curta está preocupado em contar uma boa história e, mesmo se estendendo além do devido, tem um bom resultado, mostrando uma valorização da vida e dos pequenos momentos sem ser pedante, com uma beleza dolorosa que nos faz sair dele carregados.
Se tem algo dos Beatles, mesmo que em carreira solo, isso acaba me cativando.
E foi interessante ver este feito considerando que, inicialmente, mesmo tendo uma técnica de animação incrível, com personagens vívidos, o curta basicamente seguia um estilo bem previsível. No entanto, quando entra a música a história muda.
Considerando que quando Lennon e Yoko fizeram War is Over a ideia era criar uma mensagem política sobre a guerra para ser analisada em contraste com o videoclipe que mostrava imagens da campanha War is Over, reutilizar essa ideia aqui mostrando a música sentimental enquanto a violência choca ao fundo é extremamente tocante e inteligente, atingindo o objetivo de nos deixar reflexivos. E tudo isso sem criar qualquer concepção essencialmente nova, somente trazendo a ideia de Lennon e Yoko para os dias atuais.
Delicioso curta para quem gosta do Mojica, uma das pessoas mais agradáveis do cinema nacional e que criou o personagem mais aterrador do nosso cinema. Tem muito valor pois traz não somente o afeto ao personagem, mas também mostra todo o amor que Mojica tinha com o cinema e os quadrinhos. Não cheguei a ter acesso ao A Praga, filme recuperado, mas mesmo assim vale a pena ver o curta.
Que incrível. Por ser algo de Salvador Dalí nós já esperamos o surrealismo, mas por vir em conjunto com Walt Disney surpreendentemente o curta ainda segue uma linha narrativa, dando significado a seus símbolos. Ele não quer ser uma mera deturpação como Um Cão Andaluz, mas sim trazer uma experiência significativa ao espectador. E mesmo tendo sido encerrado muitos anos após a morte de seus criadores, é visível como todas as características de trabalho de ambos foram estudadas minuciosamente para que se apresentasse como uma obra deles. Com isso, você consegue reconhecer o mesmo estilo de trilha sonora que Disney utilizava nos seus filmes dos anos 40, bem como uma animação mais fluída e de movimentos realistas, enquanto se intercala com imagens que remetem à várias obras de Dalí.
Diferente de outros filmes de Buñuel, aqui a intenção é não ter uma linha narrativa precisa. Com idas e voltas na condução, sua função é trazer o surreal, o diferente, com diversas técnicas e efeitos no intuito de trazer o irreal. Claro que poderia ser melhor se a história tivesse um roteiro ou críticas mais precisas, como Buñuel chega a fazer em A Idade do Ouro ou a própria sequência de sonho feita por Salvador Dalí em Quando fala o Coração. Ainda assim, essa ausência conversa muito mais com a intenção do movimento artístico, cumprindo essa função.
É a clássica trama de O Príncipe e o Mendigo que teve milhões de variações na arte, com a pessoa pobre que assume o lugar da pessoa rica. Mesmo com Harrold Lloyd trazendo um de seus filmes menos inventivos no quesito de gags e efeitos especiais, algo que sempre gostou de trabalhar, é o que tem as melhores ambientações e figurinos, principalmente quando apela para os cenários abertos, como as ruas do reino e os esconderijos. Você consegue notar como o curta se sente limitado por ser mudo, criando diversas cenas que mostram os personagens interagindo e que ficariam muito melhores se fossem faladas.
Bem fraco já que é uma mera sucessão de gags, com os poucos elementos de roteiro aparecendo de forma esparsa. Traz de volta a crítica à Lei Seca, com a produção clandestina de bebidas, e Harold passando o curta todo bêbado enfrentando várias situações. No entanto, elas se prolongam tanto que ao invés de achar engraçado o espectador passa a ter raiva do personagem, tornando o curta extremamente cansativo, mesmo tendo um ótimo início. Antecipa já algumas cenas de O Homem-Mosca, lançado quatro anos depois.
Mesmo reaproveitando várias ideias de curtas anteriores, como a Broadway e a Lei seca utilizados em Young Mr Jazz e Estourando na Broadway, também com as perseguições numerosas e a tática de se esconder em roupas penduradas que há neste último curta, Harold Lloyd consegue fazer um curta totalmente novo com uma história que merecia um longa metragem.
Ainda, de forma muito inteligente, ele insere as críticas e referências ao período, seja com a lei seca e os bares clandestinos ou com o personagem fugindo de vilões que se assemelham à Klan de O Nascimento de Uma Nação, utilizando propositalmente a mesma trilha.
E mesmo quando ele apela para as gags, as utiliza de uma maneira contínua, com o personagem buscando várias formas de impressionar a mulher. Um dos curtas mais competentes de Lloyd.
Me incomoda um pouco essa falta de foco que Harold Lloyd faz em seus curtas, com eles tendo um título que sequer é o mote principal da trama. No caso, ele é um apanhado de gags sobre questões aleatórias, como a conquista da filha, a luta com o pai, a fuga da polícia, a fuga dos maratonistas, o piquenique e o salvamento. Ou seja, em 10 minutos há pelo menos seis segmentos que, apesar de serem interessantes e darmos risada, fazem com que ele não tenha um mote principal. Ainda assim, a cena dos espelhos é sensacional.
É bem confuso apesar de algumas gags bem interessantes, como as danças entre Harold Lloyd e Bebe Daniels, ou toda a briga final com o protagonista voando por sobre objetos. Realmente ele era muito bom de briga e as cenas ficam convincentes com todas aquelas garrafas jogadas e chutes. Pena que o roteiro não acabou ajudando muito, com o espectador dispersando a atenção mesmo tendo poucos minutos de duração.
Talvez seja o filme mais Chapliniano do Harold Lloyd, com um início focando na pobreza e nas pensões, as dificuldades para pagar o aluguel e tentativas de driblar as cobrança. A partir desse segmento inicial, no entanto, o filme muda e se torna uma boa comédia ambientada em seu período, colocando as casas clandestinas de jogos e bebidas, inclusive com policiais aproveitando as batidas para tomar um gole já que a lei seca existia em alguns estados há pelo menos um ano. Tem talvez a maior perseguição de policiais do cinema da época, sendo incrível como conseguiram, em um espaço tão reduzido, mostrar uma perseguição tão grande com todos coordenados.
O ABC da Proibição de Livros
3.6 30Talvez não tenha gostado por ser o curta que fui ver com a maior expectativa já que qualquer forma de restrição à arte em geral me comove, e com isso acabei ficando decepcionado pelo curta ter sido raso em abordar as razões dos livros terem sido banidos ou restringidos, principalmente por, logo em seu início, apresentarem uma lista de obras que sequer faz sentido sua proibição, como O Conto de Aia ou O Hobbit, escolhendo focar mais nas histórias com temática LGBT e, próximo ao final, algumas que tratam a respeito do preconceito racial.
E até mesmo dentre essas poderia ter sido muito mais contundente já que já haviam mostrado a capa de grandes livros de mesma temática e que se encontravam proibidos, como por exemplo livros de Toni Morrison, vencedora do Nobel, os livros de Martin Luther King e alguns de James Baldwin, autor negro e gay que só se descobriu como ser humano após ir embora dos Estados Unidos.
Faltou muita coragem ao falar de como é a proibição é obra da ignorância, dedicando somente uma frase a isto.
Island in Between
3.0 21Muito fraco mesmo tendo um potencial incrível pela história que se propõe a contar e pelas diversas imagens de arquivo que acaba juntando. No entanto, falta foco do diretor, que acaba criando vários fragmentos que pouco conversam entre si. Visualmente é o melhor de todos os curtas indicados, tendo uma excelente fotografia, mas faltou conteúdo.
The Barber of Little Rock
3.3 18Outro daqueles curtas sobre pequenas iniciativas, mesmo não sendo tão interessante nos segmentos que mostra a atividade como barbeiro ele se torna muito bom quando apresenta o expansionismo da atividade e a criação de fundos de acessibilidade, podendo mostrar toda a realidade sobre o discurso que vinha abordando sobre a desigualdade social e a necessidade de investimentos em sua comunidade.
Acertadamente utiliza de uma visão mais esperançosa ao invés de criar um curta triste e desolador, mostrando o caminho certo para redução de desigualdades.
A Última Loja de Consertos
3.9 32 Assista AgoraApesar das duas primeiras histórias serem bem fracas, o curta toma um rumo bem interessante logo em seguida ao trazer vidas fora do comum, seja por um amigo pessoal do Coronel Tom Parker (algo incomum por si só visto que ele era alguém que não tinha amigos) ou a história de um imigrante de guerra.
Segue o estilo costumeiro do Oscar em trazer algum curta sobre uma iniciativa, como uma propaganda a fim de incentivar sua manutenção, como já ocorrido nos anos anteriores a respeito de um site de notícias feito somente por mulheres na Índia ou aulas de Skate para garotas.
Seu ponto alto com certeza é a sequências dos créditos finais.
A Incrível História de Henry Sugar
3.6 164 Assista AgoraQuando Wes Anderson lançou O Grande Hotel Budapeste comentei que o filme era como uma transposição literal de um livro ao cinema, com todos os diálogos, pausas e reconstruções de cenários. Agora Wes Anderson se utiliza do mesmo estilo, mas de fato adaptando uma obra literária e, por ter dado certo, trazendo novamente o mesmo elenco. E é lindo como o curta funciona desde o elemento mais básico, seu roteiro, em que se utiliza da velha tática de As Mil e Uma Noites em contar uma história dentro de uma história para nos deixar tensos e atraídos pelo que está sendo mostrado, algo essencial considerando que os diálogos são extensos e com muitas informações, algo que poderia tornar o curta cansativo (e por sorte não é).
Incrível que, mesmo com grandes atores, todos eles competentes e vencedores do Oscar, Dev Patel ainda consegue roubar a cena e se tornar o personagem mais interessante de todos, dando pequenos toques no seu personagem como um diálogo mais rápido aliado à língua ligeiramente presa, fazendo com que queiramos ouvi-lo falar por horas seguidas.
É o melhor do ano, apesar de não ser muito difícil considerando a qualidade sofrível dos concorrentes.
Red, White and Blue
3.8 33É esse tipo de curta que me refiro quando considero a categoria de curtas a melhor do Oscar (e que infelizmente neste ano deixou a desejar, como já havia comentado na lista da premiação), porque ele tem o poder de, em poucos minutos, te contar uma história impactante, provocar e brincar com seus sentimentos. Se de início o espectador, ainda que de forma mínima, pode ter algum julgamento, próximo ao seu final a história muda de forma tão abrupta que nos vemos no lugar da mãe e, por ser algo tão rápido, não nos dá tempo de vermos outra alternativa. Nós apoiamos e ficamos entristecidos juntos, sentados na mesma cadeira de espera. Infelizmente, após esse lapso, o curta acaba caindo em um diálogo pedante que te tira completamente daquele universo, sendo desnecessário por tudo que já vinha sendo mostrado.
Knight of Fortune
3.4 24Não sei se esse curta é uma adaptação, mas ao menos parece que um conto seria a melhor forma de contar essa história. Chega a ser gritante como o meio audiovisual não consegue passar as mesmas interações e conflitos necessários para mostrar essa história, com personagens em comportamentos vagos que, ainda que tenham uma resolução final, nos passam uma impressão de “É só isso?”. O conflito interno dos protagonistas e as confusões que são mostradas nas suas expressões, e até mesmo a tentativa de fuga em alguns momentos, necessitavam de um diálogo a mais, um pensamento em off. Às vezes os sentimentos precisam de mais palavras para serem sentidos por nós.
Our Uniform
3.4 27 Assista AgoraNão consegui ver muito propósito na técnica de animação. Como o curta fala muito sobre como a roupa produz a individualidade e como a mesma pode ser utilizada para quebrar tabus, é interessante ver que todo o plano de fundo são calças, camisas e saias. No entanto, quando cria os personagens, ao invés de seguir essa mesma ideia acaba apenas ilustrando-os por cima dessas peças, seguindo uma decisão mais "preguiçosa" quando seria muito mais interessante criar estes personagens com as mesmas texturas. Serve somente para passar a mensagem, mas não tem uma ideia de fazer os elementos conversarem entre si.
Carta para um Porco
3.1 32 Assista AgoraO título podia ser "A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena".
Apesar do estilo de animação sobre live action não ser algo inédito no cinema (Walt Disney volta e meia utilizava a técnica para dar mais realismo nas cenas), aqui ele inova ao dividir essa técnica, com os personagens tendo partes animadas e partes reais, conforme a necessidade da cena, o que dá um resultado bem interessante.
Afora isso, sua mensagem acaba sendo vaga demais, como se buscasse ser subjetivo para ampliar as suas interpretações, o que te dá uma sensação de vazio.
Vovó & Avó
3.7 25 Assista AgoraEsse é uma delícia de assistir, fazendo parte daqueles curtas que concorrem anualmente mostrando como as pessoas comuns possuem uma história interessante se contadas de um ponto de vista cinematográfico, e é justamente essa proposta que ele cumpre, sendo extremamente agradável ver essas duas amigas compartilhando seu dia a dia, ainda que seja somente colocar os sapatos e fazer seus exercícios.
Invincible
3.3 23É um curta que se torna muito melhor quando termina. Se de início você tem até uma antipatia por Marc e por vezes pensa que o curta irá seguir o velho clichê do Rebelde Sem Causa do James Dean, é com o passar do tempo que a história muda de figura e você passa a ver o que os demais personagens enxergam nele, bem como o motivo dessa história ter sido contada: alguém que sente saudade de seu amigo e a dor que isso causa por também não ser "invencível".
Paquiderme
3.7 32 Assista AgoraTécnica de animação muito boa, principalmente quando envolve a garota, criando movimento em um traço que nos lembra dos livros infantis, com uma figura tridimensional se destacando em pinturas quase chapadas. Mesmo tendo uma boa ideia, algo extremamente pesado e contando sua trama de maneira objetiva, o fato de querer tratar alguns elementos de maneira poética demais acabam atrapalhando a condução.
E Depois?
3.2 64 Assista AgoraEle tem um dos inícios mais bem feitos que já vi. Com um minuto você já tem apego pelos personagens; com dois, você já teme pela vida deles; com quatro, você sente uma angústia que te persegue por todo o curta. O problema é que mesmo após esse excelente início o curta acaba divagando por não saber ao certo a que ponto quer chegar. Ele cria uma história muito boa, mas ainda não se sente seguro suficiente sob qual perspectiva ele quer contar essa história e, com isso, o final que deveria ser redentor não é sentido por quem está vendo.
Ninety-Five Senses
3.8 27Segue aquele estilo de curta costumeiro nas indicações ao Oscar que busca abordar diversas formas de animação, como uma propaganda do potencial do estúdio. No entanto, diferente dessas tentativas que normalmente criam obras psicodélicas ou surrealistas, aqui o curta está preocupado em contar uma boa história e, mesmo se estendendo além do devido, tem um bom resultado, mostrando uma valorização da vida e dos pequenos momentos sem ser pedante, com uma beleza dolorosa que nos faz sair dele carregados.
WAR IS OVER!
3.3 30Se tem algo dos Beatles, mesmo que em carreira solo, isso acaba me cativando.
E foi interessante ver este feito considerando que, inicialmente, mesmo tendo uma técnica de animação incrível, com personagens vívidos, o curta basicamente seguia um estilo bem previsível. No entanto, quando entra a música a história muda.
Considerando que quando Lennon e Yoko fizeram War is Over a ideia era criar uma mensagem política sobre a guerra para ser analisada em contraste com o videoclipe que mostrava imagens da campanha War is Over, reutilizar essa ideia aqui mostrando a música sentimental enquanto a violência choca ao fundo é extremamente tocante e inteligente, atingindo o objetivo de nos deixar reflexivos. E tudo isso sem criar qualquer concepção essencialmente nova, somente trazendo a ideia de Lennon e Yoko para os dias atuais.
A Última Praga de Mojica
3.5 6Delicioso curta para quem gosta do Mojica, uma das pessoas mais agradáveis do cinema nacional e que criou o personagem mais aterrador do nosso cinema. Tem muito valor pois traz não somente o afeto ao personagem, mas também mostra todo o amor que Mojica tinha com o cinema e os quadrinhos. Não cheguei a ter acesso ao A Praga, filme recuperado, mas mesmo assim vale a pena ver o curta.
Destino
4.3 283 Assista AgoraQue incrível. Por ser algo de Salvador Dalí nós já esperamos o surrealismo, mas por vir em conjunto com Walt Disney surpreendentemente o curta ainda segue uma linha narrativa, dando significado a seus símbolos. Ele não quer ser uma mera deturpação como Um Cão Andaluz, mas sim trazer uma experiência significativa ao espectador. E mesmo tendo sido encerrado muitos anos após a morte de seus criadores, é visível como todas as características de trabalho de ambos foram estudadas minuciosamente para que se apresentasse como uma obra deles. Com isso, você consegue reconhecer o mesmo estilo de trilha sonora que Disney utilizava nos seus filmes dos anos 40, bem como uma animação mais fluída e de movimentos realistas, enquanto se intercala com imagens que remetem à várias obras de Dalí.
Um Cão Andaluz
4.1 707Diferente de outros filmes de Buñuel, aqui a intenção é não ter uma linha narrativa precisa. Com idas e voltas na condução, sua função é trazer o surreal, o diferente, com diversas técnicas e efeitos no intuito de trazer o irreal. Claro que poderia ser melhor se a história tivesse um roteiro ou críticas mais precisas, como Buñuel chega a fazer em A Idade do Ouro ou a própria sequência de sonho feita por Salvador Dalí em Quando fala o Coração. Ainda assim, essa ausência conversa muito mais com a intenção do movimento artístico, cumprindo essa função.
His Royal Slyness
3.6 1É a clássica trama de O Príncipe e o Mendigo que teve milhões de variações na arte, com a pessoa pobre que assume o lugar da pessoa rica. Mesmo com Harrold Lloyd trazendo um de seus filmes menos inventivos no quesito de gags e efeitos especiais, algo que sempre gostou de trabalhar, é o que tem as melhores ambientações e figurinos, principalmente quando apela para os cenários abertos, como as ruas do reino e os esconderijos. Você consegue notar como o curta se sente limitado por ser mudo, criando diversas cenas que mostram os personagens interagindo e que ficariam muito melhores se fossem faladas.
High and Dizzy
3.7 1Bem fraco já que é uma mera sucessão de gags, com os poucos elementos de roteiro aparecendo de forma esparsa. Traz de volta a crítica à Lei Seca, com a produção clandestina de bebidas, e Harold passando o curta todo bêbado enfrentando várias situações. No entanto, elas se prolongam tanto que ao invés de achar engraçado o espectador passa a ter raiva do personagem, tornando o curta extremamente cansativo, mesmo tendo um ótimo início. Antecipa já algumas cenas de O Homem-Mosca, lançado quatro anos depois.
Um Ocidental Oriental
3.6 4Mesmo reaproveitando várias ideias de curtas anteriores, como a Broadway e a Lei seca utilizados em Young Mr Jazz e Estourando na Broadway, também com as perseguições numerosas e a tática de se esconder em roupas penduradas que há neste último curta, Harold Lloyd consegue fazer um curta totalmente novo com uma história que merecia um longa metragem.
Ainda, de forma muito inteligente, ele insere as críticas e referências ao período, seja com a lei seca e os bares clandestinos ou com o personagem fugindo de vilões que se assemelham à Klan de O Nascimento de Uma Nação, utilizando propositalmente a mesma trilha.
E mesmo quando ele apela para as gags, as utiliza de uma maneira contínua, com o personagem buscando várias formas de impressionar a mulher. Um dos curtas mais competentes de Lloyd.
The Marathon
3.4 3Me incomoda um pouco essa falta de foco que Harold Lloyd faz em seus curtas, com eles tendo um título que sequer é o mote principal da trama. No caso, ele é um apanhado de gags sobre questões aleatórias, como a conquista da filha, a luta com o pai, a fuga da polícia, a fuga dos maratonistas, o piquenique e o salvamento. Ou seja, em 10 minutos há pelo menos seis segmentos que, apesar de serem interessantes e darmos risada, fazem com que ele não tenha um mote principal. Ainda assim, a cena dos espelhos é sensacional.
Young Mr. Jazz
3.8 2É bem confuso apesar de algumas gags bem interessantes, como as danças entre Harold Lloyd e Bebe Daniels, ou toda a briga final com o protagonista voando por sobre objetos. Realmente ele era muito bom de briga e as cenas ficam convincentes com todas aquelas garrafas jogadas e chutes. Pena que o roteiro não acabou ajudando muito, com o espectador dispersando a atenção mesmo tendo poucos minutos de duração.
Estourando na Broadway
3.7 2Talvez seja o filme mais Chapliniano do Harold Lloyd, com um início focando na pobreza e nas pensões, as dificuldades para pagar o aluguel e tentativas de driblar as cobrança. A partir desse segmento inicial, no entanto, o filme muda e se torna uma boa comédia ambientada em seu período, colocando as casas clandestinas de jogos e bebidas, inclusive com policiais aproveitando as batidas para tomar um gole já que a lei seca existia em alguns estados há pelo menos um ano. Tem talvez a maior perseguição de policiais do cinema da época, sendo incrível como conseguiram, em um espaço tão reduzido, mostrar uma perseguição tão grande com todos coordenados.