Comédias brasileiras costumam abordar o tema da homossexualidade de forma bastante equivocada. Felizmente, não é o que acontece no recém lançado "Quem Vai Ficar Com Mário?", que surpreende ao mesclar comédia e drama na medida certa, com elenco e direção extremamente afinados (o talentoso Daniel Rocha tem aqui o grande papel da sua carreira até então), uma belíssima fotografia e um roteiro comprometido e respeitoso com a causa LGBTQI+. Há muito tempo o cinema brasileiro não produzia uma comédia com tantas qualidades. Imperdível!!!
Tarantino gasta 100 milhões em munição, atira pra tudo quanto é lado e acerta muito pouco nesse seu novo (e tão aguardado) trabalho... Se por um lado tem Brad Pitt em uma das melhores performances de sua carreira, uma pitbull que também rouba a cena junto com o coadjuvante e uma reconstituição de época PERFEITA, por outro tem Leonardo DiCaprio fazendo mais do mesmo e Margot Robbie linda como sempre mas totalmente deslocada (e praticamente sem fala) em uma história que não vai pra lugar algum. Alguns diálogos e sequências geniais até fazem lembrar o Tarantino de antigamente, mas o conjunto da obra são 2 horas e meia de enrolação pra entregar um final já visto em pelo menos 2 de seus filmes anteriores. Enfim, uma ideia foda desperdiçada... Mas que terá seu público garantido atraído pela "grife" do diretor que virou escravo da própria estética. Next.
Só não dá pra chamar o remake de O Rei Leão de cópia barata porque seu orçamento milionário não permite esse termo. Enfim, pode não ser barata, mas é uma cópia sem qualquer traço de personalidade. As cenas, os diálogos, as músicas e até os planos e movimentos de câmera são iguais ao original de 1994, e o pouco que foi alterado mudou pra pior. A intenção de deixar os cenários e personagens com cara de documentário da National Geographic deu certo: é tudo tão realista que os personagens perderam a expressão, não conseguem passar emoção nas cenas dramáticas e nem humor nas cenas que deveriam ser cômicas. O Rei Leão funciona muito melhor como animação e, com toda certeza, é a versão original que sobreviverá ao tempo. Essa nova investida caça níquel da Disney pode até render grana e dar o Oscar pra canção marqueteira de Beyoncé (só assim, porque o seu lado dubladora tem o mesmo nível do seu lado atriz), mas o tempo fará esse falso live-action ser lembrado como ele realmente merece: uma cópia inferior e "disneycessária".
Um dos cineastas mais transgressores do cinema brasileiro recebe, finalmente, uma homenagem à altura de seu talento. Através do documentário "Neville D'Almeida: Cronista da Beleza e do Caos", o crítico Mario Abbade retrata com enorme paixão e maestria a trajetória cinematográfica desse mineiro que filmou o Rio de Janeiro como ninguém. Uma verdadeira aula de cinema, simplesmente obrigatório para qualquer pessoa que se interessa pelo verdadeiro cinema brasileiro!
Nunca pensei que um dia entraria no cinema pra ver um filme dos Transformers! Mas, depois de ler um monte de comentários sobre o tal "Bumblebee", que tem até conseguido a proeza de arrancar elogios da crítica, fiquei bem curioso e acabei topando a parada.
A franquia comandada por Michael Bay, embora sempre faturasse horrores nas bilheterias, nunca foi levada a sério, já que o diretor sempre preferiu dar um show de tiro, porrada e bomba do que contar uma boa história (e isso em praticamente tudo que botou a mão).
Pois bem, trocaram a direção (agora com Travis Knight, que só havia realizado animações até então), diminuíram os robôs para focar mais no sentimentalismo humano (Spielberg fazendo escola) e deu certo! O resultado é uma baita homenagem aos anos 80, com um balde de referências à clássicos da Sessão da Tarde como "E.T. O Extraterrestre", "Clube dos Cinco" e até "Ghost - Do Outro Lado da Vida" (num dos momentos mais emocionantes do filme). Sem contar a trilha sonora, repleta de sucessos musicais da época.
Essa onda saudosista já rendeu no início do ano o excelente e mega criativo "Jogador Nº 1", com o próprio Spielberg voltando à sua melhor forma. E agora, "Bumblebee" segue a mesma linha, fechando 2018 como uma opção bem divertida para as férias. Imperdível!!!
Sobre Bohemian Rhapsody, a cinebiografia bem comportada (lê-se "careta") de Freddie Mercury:
Não é de se espantar que, em tempos cada vez mais dominados pelo politicamente correto, Hollywood tenha lançado a tão esperada cinebiografia de Freddie Mercury com um ar (ridículo) de filme para a família (sim, eu vi crianças de cerca de 12 anos na sessão).
Há alguns anos atrás, isso seria inaceitável e motivo de chacota: imaginem, um filme sobre rock'n roll onde não há sexo e as drogas, quando aparecem, são por míseros segundos de forma quase velada.
A vida de Freddie Mercury sempre foi cercada de polêmicas regadas à muito álcool, drogas e orgias, inclusive em sua passagem pelo Brasil, onde o Queen fez o show histórico no primeiro Rock in Rio (fato que, inclusive, o filme distorce TOTALMENTE).
Para os fãs raízes do Queen que se encheram de empolgação para irem ao cinema, talvez seja melhor diminuir as expectativas: não fizeram um filme à altura de uma das maiores bandas do mundo e muito menos do seu vocalista. O que é uma pena, tratando-se de uma história que demorou anos para ser contada na telona.
Numa hora dessas, fica mais do que provado que o nosso cinema não deve nada para os americanos, quando, em matéria de rock, temos o excelente "Cazuza - O Tempo Não Para", que faz um retrato muito mais fiel do biografado e não economiza nas cenas de pegação e cocaína.
De qualquer forma, mesmo tendo mais defeitos que qualidades, Bohemian Rhapsody não chega a ser um daqueles casos em que não vale a pena pagar o ingresso. O filme tem momentos divertidos, é extremamente bem filmado e editado, e a reprodução dos figurinos de Freddie são um show à parte. A melhor parte, claro, é a trilha sonora, composta de praticamente todos os greatest hits do Queen e que fica sensacional de ouvir na sala de cinema.
O ator Rami Malek, intérprete de Freddie Mercury, força um pouco na caricatura mas dá conta do recado, embora não chegue a impressionar. Destaque para uma das cenas finais, num momento belíssimo entre Freddie e seu pai.
Por fim, tenho que concordar com um crítico americano que assistiu Nasce Uma Estrela e Bohemian Rhapsody em sequência, e saiu frustrado da segunda sessão tamanho o desnível entre os filmes. Sem dúvida, o grande musical do ano é o longa protagonizado por Lady Gaga que, à título de curiosidade, escolheu o seu nome artístico em homenagem à uma música do Queen. Uma homenagem pequena mas que consegue ser muito superior ao filme da banda.
Uma verdadeira crítica política e social, repleta de diálogos sobre manipulação eleitoral, conservadorismo e intolerância religiosa (a umbanda tem enorme importância no enredo e é retratada em diversas sequências). Tudo isso escancarado para milhões de espectadores em plena ditadura militar! Como isso era possível? Através da enorme habilidade de Mazzaropi em abordar temas polêmicos numa história vendida com um rótulo de comédia ingênua. Habilidade que fez todas as duas obras passarem ilesas pela censura federal, e com classificação livre!
"O Jeca e a Égua Milagrosa" é a prova definitiva de que Mazzaropi foi um gênio extremamente incompreendido e injustiçado pelos críticos em sua época, e o pior de tudo: o filme prova que o Brasil não mudou muita coisa em quase quarenta anos...
Um enorme clima de nostalgia pairou ontem sobre o Cine Glória, durante a sessão legendada de "Mogli - O Menino Lobo". Se não tivemos a oportunidade de ver na telona a versão animada de 1968, a última produzida antes da morte de Walt Disney, pelo menos ganhamos um dos poucos remakes que não destroem a obra original, o que vem acontecendo com frequência nos ultimos filmes de Hollywood. O novo Mogli completa e explica melhor vários pontos do filme original. Alguns personagens e situações estão mais bem desenvolvidos, como o tigre Shere Khan e a alcatéia de lobos. Outros personagens do desenho, como o quarteto de urubus inspirados nos Beatles, já não aparecem por aqui. O menino Neel Sethi, o único personagem de carne e osso no filme, é carismático e dá conta do recado. Bill Murray, Ben Kingsley, Idris Elba, Lupita Nyong'o, Scarlett Johansson e Christopher Walken arrebentam na dublagem. Todos os cenários e animais são feitos em computação gráfica, o que as vezes até incomoda um pouco, principalmente a pantera Baguera, extremamente artificial. Mesmo assim, isso não compromete o resultado final. Talvez o filme ficasse ainda melhor se focasse mais no livro de Rudyard Kipling e não tirasse tantas referências do desenho, principalmente em relação à trilha sonora. Além dos instrumentais, duas canções foram aproveitadas, mas as regravações não fazem jus às originais, que tinham como arranjo um jazz irresistível. A sequência na cidade perdida governada pelo Rei Louie (por sinal, minha preferida na versão de 1968, e que tem a melhor canção do filme) perdeu um pouco do seu brilho. O final também não é tão bom quanto o original, certamente escolhido para facilitar uma possível (e desnecessária) continuação. As melhores sequências ficam por conta da cobra Kaa (que, se antes apenas hipnotizava o menino lobo, agora revela o seu passado através de seus olhos) e o momento em que Mogli salva um filhote de elefante. Mesmo não superando o desenho animado e nem a fantástica primeira versão de 1942 com atores e animais de verdade, o novo Mogli é divertido e emocionante, e vai agradar crianças de 8 a 80 anos. Não esperem pra baixar ou assistir em DVD. Vejam esse no cinema!
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Quem Vai Ficar Com Mário?
2.6 135 Assista AgoraComédias brasileiras costumam abordar o tema da homossexualidade de forma bastante equivocada. Felizmente, não é o que acontece no recém lançado "Quem Vai Ficar Com Mário?", que surpreende ao mesclar comédia e drama na medida certa, com elenco e direção extremamente afinados (o talentoso Daniel Rocha tem aqui o grande papel da sua carreira até então), uma belíssima fotografia e um roteiro comprometido e respeitoso com a causa LGBTQI+. Há muito tempo o cinema brasileiro não produzia uma comédia com tantas qualidades. Imperdível!!!
Tenet
3.4 1,3K Assista AgoraNolan em sua essência: arrastado, verborrágico e pretensioso.
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraTarantino gasta 100 milhões em munição, atira pra tudo quanto é lado e acerta muito pouco nesse seu novo (e tão aguardado) trabalho...
Se por um lado tem Brad Pitt em uma das melhores performances de sua carreira, uma pitbull que também rouba a cena junto com o coadjuvante e uma reconstituição de época PERFEITA, por outro tem Leonardo DiCaprio fazendo mais do mesmo e Margot Robbie linda como sempre mas totalmente deslocada (e praticamente sem fala) em uma história que não vai pra lugar algum.
Alguns diálogos e sequências geniais até fazem lembrar o Tarantino de antigamente, mas o conjunto da obra são 2 horas e meia de enrolação pra entregar um final já visto em pelo menos 2 de seus filmes anteriores. Enfim, uma ideia foda desperdiçada... Mas que terá seu público garantido atraído pela "grife" do diretor que virou escravo da própria estética. Next.
O Rei Leão
3.8 1,6K Assista AgoraSó não dá pra chamar o remake de O Rei Leão de cópia barata porque seu orçamento milionário não permite esse termo. Enfim, pode não ser barata, mas é uma cópia sem qualquer traço de personalidade. As cenas, os diálogos, as músicas e até os planos e movimentos de câmera são iguais ao original de 1994, e o pouco que foi alterado mudou pra pior.
A intenção de deixar os cenários e personagens com cara de documentário da National Geographic deu certo: é tudo tão realista que os personagens perderam a expressão, não conseguem passar emoção nas cenas dramáticas e nem humor nas cenas que deveriam ser cômicas.
O Rei Leão funciona muito melhor como animação e, com toda certeza, é a versão original que sobreviverá ao tempo. Essa nova investida caça níquel da Disney pode até render grana e dar o Oscar pra canção marqueteira de Beyoncé (só assim, porque o seu lado dubladora tem o mesmo nível do seu lado atriz), mas o tempo fará esse falso live-action ser lembrado como ele realmente merece: uma cópia inferior e "disneycessária".
Neville D'Almeida: Cronista da Beleza e do Caos
3.7 6Um dos cineastas mais transgressores do cinema brasileiro recebe, finalmente, uma homenagem à altura de seu talento. Através do documentário "Neville D'Almeida: Cronista da Beleza e do Caos", o crítico Mario Abbade retrata com enorme paixão e maestria a trajetória cinematográfica desse mineiro que filmou o Rio de Janeiro como ninguém. Uma verdadeira aula de cinema, simplesmente obrigatório para qualquer pessoa que se interessa pelo verdadeiro cinema brasileiro!
Bumblebee
3.5 538Nunca pensei que um dia entraria no cinema pra ver um filme dos Transformers! Mas, depois de ler um monte de comentários sobre o tal "Bumblebee", que tem até conseguido a proeza de arrancar elogios da crítica, fiquei bem curioso e acabei topando a parada.
A franquia comandada por Michael Bay, embora sempre faturasse horrores nas bilheterias, nunca foi levada a sério, já que o diretor sempre preferiu dar um show de tiro, porrada e bomba do que contar uma boa história (e isso em praticamente tudo que botou a mão).
Pois bem, trocaram a direção (agora com Travis Knight, que só havia realizado animações até então), diminuíram os robôs para focar mais no sentimentalismo humano (Spielberg fazendo escola) e deu certo! O resultado é uma baita homenagem aos anos 80, com um balde de referências à clássicos da Sessão da Tarde como "E.T. O Extraterrestre", "Clube dos Cinco" e até "Ghost - Do Outro Lado da Vida" (num dos momentos mais emocionantes do filme). Sem contar a trilha sonora, repleta de sucessos musicais da época.
Essa onda saudosista já rendeu no início do ano o excelente e mega criativo "Jogador Nº 1", com o próprio Spielberg voltando à sua melhor forma. E agora, "Bumblebee" segue a mesma linha, fechando 2018 como uma opção bem divertida para as férias. Imperdível!!!
Bohemian Rhapsody
4.1 2,2K Assista AgoraSobre Bohemian Rhapsody, a cinebiografia bem comportada (lê-se "careta") de Freddie Mercury:
Não é de se espantar que, em tempos cada vez mais dominados pelo politicamente correto, Hollywood tenha lançado a tão esperada cinebiografia de Freddie Mercury com um ar (ridículo) de filme para a família (sim, eu vi crianças de cerca de 12 anos na sessão).
Há alguns anos atrás, isso seria inaceitável e motivo de chacota: imaginem, um filme sobre rock'n roll onde não há sexo e as drogas, quando aparecem, são por míseros segundos de forma quase velada.
A vida de Freddie Mercury sempre foi cercada de polêmicas regadas à muito álcool, drogas e orgias, inclusive em sua passagem pelo Brasil, onde o Queen fez o show histórico no primeiro Rock in Rio (fato que, inclusive, o filme distorce TOTALMENTE).
Para os fãs raízes do Queen que se encheram de empolgação para irem ao cinema, talvez seja melhor diminuir as expectativas: não fizeram um filme à altura de uma das maiores bandas do mundo e muito menos do seu vocalista. O que é uma pena, tratando-se de uma história que demorou anos para ser contada na telona.
Numa hora dessas, fica mais do que provado que o nosso cinema não deve nada para os americanos, quando, em matéria de rock, temos o excelente "Cazuza - O Tempo Não Para", que faz um retrato muito mais fiel do biografado e não economiza nas cenas de pegação e cocaína.
De qualquer forma, mesmo tendo mais defeitos que qualidades, Bohemian Rhapsody não chega a ser um daqueles casos em que não vale a pena pagar o ingresso. O filme tem momentos divertidos, é extremamente bem filmado e editado, e a reprodução dos figurinos de Freddie são um show à parte. A melhor parte, claro, é a trilha sonora, composta de praticamente todos os greatest hits do Queen e que fica sensacional de ouvir na sala de cinema.
O ator Rami Malek, intérprete de Freddie Mercury, força um pouco na caricatura mas dá conta do recado, embora não chegue a impressionar. Destaque para uma das cenas finais, num momento belíssimo entre Freddie e seu pai.
Por fim, tenho que concordar com um crítico americano que assistiu Nasce Uma Estrela e Bohemian Rhapsody em sequência, e saiu frustrado da segunda sessão tamanho o desnível entre os filmes. Sem dúvida, o grande musical do ano é o longa protagonizado por Lady Gaga que, à título de curiosidade, escolheu o seu nome artístico em homenagem à uma música do Queen. Uma homenagem pequena mas que consegue ser muito superior ao filme da banda.
O Jeca e a Égua Milagrosa
3.5 29Uma verdadeira crítica política e social, repleta de diálogos sobre manipulação eleitoral, conservadorismo e intolerância religiosa (a umbanda tem enorme importância no enredo e é retratada em diversas sequências). Tudo isso escancarado para milhões de espectadores em plena ditadura militar! Como isso era possível? Através da enorme habilidade de Mazzaropi em abordar temas polêmicos numa história vendida com um rótulo de comédia ingênua. Habilidade que fez todas as duas obras passarem ilesas pela censura federal, e com classificação livre!
"O Jeca e a Égua Milagrosa" é a prova definitiva de que Mazzaropi foi um gênio extremamente incompreendido e injustiçado pelos críticos em sua época, e o pior de tudo: o filme prova que o Brasil não mudou muita coisa em quase quarenta anos...
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraComo disse Sonia Braga: "Aquarius não é um filme. Aquarius é um movimento."
Mogli: O Menino Lobo
3.8 1,0K Assista AgoraUm enorme clima de nostalgia pairou ontem sobre o Cine Glória, durante a sessão legendada de "Mogli - O Menino Lobo". Se não tivemos a oportunidade de ver na telona a versão animada de 1968, a última produzida antes da morte de Walt Disney, pelo menos ganhamos um dos poucos remakes que não destroem a obra original, o que vem acontecendo com frequência nos ultimos filmes de Hollywood.
O novo Mogli completa e explica melhor vários pontos do filme original. Alguns personagens e situações estão mais bem desenvolvidos, como o tigre Shere Khan e a alcatéia de lobos. Outros personagens do desenho, como o quarteto de urubus inspirados nos Beatles, já não aparecem por aqui. O menino Neel Sethi, o único personagem de carne e osso no filme, é carismático e dá conta do recado. Bill Murray, Ben Kingsley, Idris Elba, Lupita Nyong'o, Scarlett Johansson e Christopher Walken arrebentam na dublagem. Todos os cenários e animais são feitos em computação gráfica, o que as vezes até incomoda um pouco, principalmente a pantera Baguera, extremamente artificial. Mesmo assim, isso não compromete o resultado final.
Talvez o filme ficasse ainda melhor se focasse mais no livro de Rudyard Kipling e não tirasse tantas referências do desenho, principalmente em relação à trilha sonora. Além dos instrumentais, duas canções foram aproveitadas, mas as regravações não fazem jus às originais, que tinham como arranjo um jazz irresistível.
A sequência na cidade perdida governada pelo Rei Louie (por sinal, minha preferida na versão de 1968, e que tem a melhor canção do filme) perdeu um pouco do seu brilho. O final também não é tão bom quanto o original, certamente escolhido para facilitar uma possível (e desnecessária) continuação. As melhores sequências ficam por conta da cobra Kaa (que, se antes apenas hipnotizava o menino lobo, agora revela o seu passado através de seus olhos) e o momento em que Mogli salva
um filhote de elefante.
Mesmo não superando o desenho animado e nem a fantástica primeira versão de 1942 com atores e animais de verdade, o novo Mogli é divertido e emocionante, e vai agradar crianças de 8 a 80 anos.
Não esperem pra baixar ou assistir em DVD. Vejam esse no cinema!