Yonno

A estética do filme é bastante envolvente. A fotografia aparenta ter sido muito bem pensada, mas a história se perde em meio a preocupação excessiva com detalhes puramente visuais e que não contribuem muito com o desenrolar da narrativa. O enredo em si deixa bastante a desejar, as cenas de luta são interessantes, porém, parecem apenas uma forma de entreter o expectador no decorrer de uma montagem bastante falível. Poderia ser uma ótima crítica a atuação do governo chinês, ao sexismo, a violência desproporcional, entretanto, acaba operando apenas como uma série de eventos despropositados, cheia de ornamentos e que, se olharmos para o filme como
um todo, poderemos perceber que entrega aquilo que foi construído durante quase duas horas: um certo vazio de sentido. Apesar disso, é uma boa tentativa de tornar os filmes chineses mais atrativos. A cena do guarda-chuva, embora um pouco caricata, foi a minha favorita.

O terror psicológico dessa narrativa é genial. A inquietação é sufocante e poderia dizer que me senti cúmplice dessa infâmia sempre que era questionada pelo torturador. Não há escapatórias, a família está morta desde o momento em que permite a entrada do primeiro estranho. A morte era tão certa quanto o final. Não poderíamos interferir, ficamos atados como as personagens. E o instante anterior a cena do controle remoto: O único momento de alívio, me senti até um pouco sádica. Olho por olho, dente por dente! Que filme! Torturante!

Um drama cheio de altos e baixos, com uma trama bastante original. É impossível não simpatizar com o pequeno Uluk.