Tinha tudo para ser incrível. Eu estava amando no começo, mas a partir de certo ponto parece que é só ladeira abaixo, a história se torna bem forçada e conveniente ao extremo. Porém gostei das atuações e gostei da vibe irmãos Coen que o filme tem.
Um filme que traz à tona questionamentos como: o que acontece, e até onde o ser humano é capaz de ir quando perde toda sua perspectiva? É o que acontece com a personagem de Frances McDormand, e é impossível não sentir toda a sua angústia, toda sua revolta, mesmo no fundo carregando uma ponta de esperança, que é o que motiva suas ações.
Sem dúvidas, o filme tem um roteiro super criativo com uma história pesada e marcante, contando ainda com algumas ótimas cenas envolvendo a personagem de Frances, que carrega o filme com uma puta atuação. Uma pena que alguns pontos negativos, ao meu ver, tenham tirado um pouco do seu brilho. Quais foram os principais problemas de execução? O humor forçado, o fato de querer ter contado muita história em pouco tempo de filme, tornando tudo muito apressado e menos fidedigno, e o fato de ter apelado para clichês de roteiro bem desnecessários.
1 - A cena do flashback com a filha ("Espero que eu seja estuprada", "Eu também espero que você seja estuprada") é uma super forçação de barra para tentar deixar o roteiro mais emotivo e exacerbar a relação conturbada que ela tinha com a filha antes do acontecimento, mas não funciona e infelizmente só diminui a credibilidade do filme.
2 - Não consegui me comover com a redenção forçada e repentina do personagem Dixon (que é um clichê por si só na figura de policial mimado filhinho da mamãe), o qual por sinal coincidentemente estava na delegacia à noite justo no momento em que a Mildred atira os coquetéis molotov. A cena dele lendo a carta enquanto tudo atrás dele na delegacia pegava fogo foi bonita? Foi. Só que pra tornar um personagem racista, violento e escroto como ele foi o filme inteiro de repente no herói do filme, precisaria de algo muito mais bem construído. Além dessa história da redenção do personagem do Sam Rockwell, também teve o arco do câncer/suicídio do Willoughby, resultando em um foco excessivo em histórias paralelas de personagens secundários e naquilo que comentei inicialmente: muita coisa pra 2 horas de filme.
3 - Mais “coincidências” no filme: Dixon ouviu o cara no bar se gabando de um aparente estupro e assassinato (que no final das contas acabou não sendo da filha da Mildred, ainda bem), sendo que o Willoughby já tinha "previsto" que provavelmente o assassino acabaria fazendo isso algum dia, exatamente dessa mesma forma.
Como conseguir levar o roteiro totalmente a sério assim? São detalhes desse tipo que matam o que poderia ter sido sim um bom filme. Não foi. Mas no geral considero que vale a experiência de assisti-lo. Um ponto positivo bacana é a imprevisibilidade de algumas cenas, como o final do filme, que parecia estar caminhando pra contar uma “moral” da história, mas na verdade mostrou que o assunto é bem mais complexo do que parecia ser inicialmente.
Apesar de relativamente previsível, o filme é uma excelente biografia de uma das mais conhecidas assassinas em série dos Estados Unidos e conta com uma maravilhosa atuação de Charlize Theron. Ao assistir uma gravação da verdadeira Aileen Wuornos, é visível o quanto a atriz realmente mergulhou na personagem e conseguiu retratá-la com mestria.
De todas as pessoas, Selby (nome fictício) foi a única que a princípio realmente viu alguém, viu um ser humano dentro de Aileen, enquanto todo o resto a menosprezava. Será que poderia ter sido diferente se alguém realmente tivesse dado uma chance à Aileen?
Uma pena a maneira em que todas as situações se desenrolaram, é bem claro o quanto todos os abusos e traumas que a personagem sofreu afetaram permanentemente seu psicológico (o caso de Aileen é bem característico de vítimas de estresse pós-traumático, e acabou evoluindo para um quadro psicótico). Opiniões à parte sobre o final (provavelmente tenho a mesma que a maioria das pessoas), assassinato a sangue frio é assassinato a sangue frio e sempre deve ser julgado. Ao contrário de algumas pessoas, não torci pela personagem, mas me sensibilizei com sua história.
Bom filme, apesar de ter me deixado desconfortável assistindo e de não pretender assistir novamente. Interessante ver o outro lado da história (embora raro) que é retratado nesse filme, e gosto muito também da reflexão que o filme traz sobre como os outros habitantes da comunidade usam a situação envolvendo Lucas pra justificar suas próprias atitudes e todo o ódio que carregam dentro de si.
A cena final, seja ela uma metáfora ou um acontecimento real, tem um poder imenso e reflete bem a marca que toda a situação deixou na vida do personagem.
E para aqueles que responsabilizam Klara por tudo que aconteceu, sinceramente recomendo que reflitam um pouco mais sobre a história. Não se sabe que tipos de traumas a menina realmente carrega (o único explícito no filme foi a exposição sexual a que seu irmão a sujeitou), e independente disso ela é muito nova pra ter noção das consequências de seus atos. Em situações como essa, acima de tudo cabe aos adultos e àqueles que forem investigar o suposto abuso sexual, ter uma abordagem correta e não induzir nenhum tipo de resposta para chegar a conclusões precipitadas antes de se ter reais evidências.
O filme cumpre seu papel ao trazer sentimentos de nostalgia aos fãs da saga HP e ao nos fazer mergulhar novamente no mundo bruxo. Ponto positivo para todas as criaturinhas novas e cativantes que nos foram apresentadas, bem como a alguns dos novos personagens, com destaque para o Jacob, que com certeza roubou a cena do filme. Entretanto, fiquei com a sensação de que o “hype” todo em torno do filme pela maioria das pessoas só existiu justamente por conta da emoção de rever o universo de J.K nas telinhas, bem como por conta da presença de algumas referências muito bem conhecidas pelos fãs.
Avaliando o filme isoladamente, tive a impressão de que o mesmo peca em alguns sentidos - por exemplo, a narrativa tem mais de uma história paralela acontecendo ao mesmo tempo e que no final convergem em uma só história, porém ainda que o enredo da busca pelos animais “fujões” tenha me agradado, senti que um foco excessivo foi dado à esta trama, fazendo com que a narrativa paralela dos Second Salemers e do Obscurus tenha sido extremamente mal desenvolvida e mal explicada.
Achei o uso do humor na narrativa ora apropriado, ora forçado demais. A narrativa pareceu por muitas vezes instável, como se o filme não soubesse exatamente para onde estava indo. Alguns furos no roteiro também não puderam deixar de me incomodar, assim como algumas escolhas de atores. Gosto do Eddie Redmayne, mas esse é o segundo papel dele que não consegue me convencer, e nem falarei do Johnny Depp pra não chover no molhado.
Finalmente, o filme tem muitas pontas soltas, o que não levarei exatamente como um ponto negativo, uma vez que provavelmente é somente a “preparação do terreno” para os próximos que virão. Esperando mais dos próximos filmes da sequência, mas no geral foi sim satisfatório.
Definitivamente um dos melhores que já vi do cinema nacional. Um filme que cativa por sua simplicidade, incluindo a aparente inocência do personagem principal, muito bem interpretado por João Miguel. Ganha pontos por se passar em Curitiba, e pela narrativa não-linear que prende a atenção do espectador em relação ao que aconteceu com Nonato e o porquê dele estar na cadeia. A partir de certo ponto o final é previsível, juntando as peças de algumas cenas, por exemplo:
o barraco de Raimundo após presenciar a dança provocante de Iria na boate, que demonstra o seu temperamento explosivo frente aos ciúmes que sente pela prostituta; Raimundo tomou um negroni na boate, bebida que não sabia do que era feita, sendo que antes no filme havia sugerido que arranjassem angostura na cadeia para misturar com a pinga e fazer "bebida de rico", o que denunciou que o cenário dele preso é futuro aos acontecimentos da vida dele na cidade, e que ele irá cometer um crime; o tapa na bunda que Giovanni dá em Iria que mostra indício de uma possível relação a mais entre os dois. Apesar de tudo isso, não deixou de surpreender, especialmente pela cena marcante da descoberta dos corpos, com um pedaço da bunda de Iria faltando (filé mignon, como Giovanni comparou, hehe), e pelo desfecho interessante de Raimundo na cadeia, com sua ascensão após matar o ex-chefe da cela Bujiu.
Só pra concluir, roteiro excelente e criativo, ótima fotografia, atuações, e com certeza um filme que merece maior reconhecimento. Muito bom mesmo.
O Diabo de Cada Dia
3.8 1,0K Assista AgoraTinha tudo para ser incrível. Eu estava amando no começo, mas a partir de certo ponto parece que é só ladeira abaixo, a história se torna bem forçada e conveniente ao extremo. Porém gostei das atuações e gostei da vibe irmãos Coen que o filme tem.
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraUm filme que traz à tona questionamentos como: o que acontece, e até onde o ser humano é capaz de ir quando perde toda sua perspectiva? É o que acontece com a personagem de Frances McDormand, e é impossível não sentir toda a sua angústia, toda sua revolta, mesmo no fundo carregando uma ponta de esperança, que é o que motiva suas ações.
Sem dúvidas, o filme tem um roteiro super criativo com uma história pesada e marcante, contando ainda com algumas ótimas cenas envolvendo a personagem de Frances, que carrega o filme com uma puta atuação. Uma pena que alguns pontos negativos, ao meu ver, tenham tirado um pouco do seu brilho. Quais foram os principais problemas de execução? O humor forçado, o fato de querer ter contado muita história em pouco tempo de filme, tornando tudo muito apressado e menos fidedigno, e o fato de ter apelado para clichês de roteiro bem desnecessários.
1 - A cena do flashback com a filha ("Espero que eu seja estuprada", "Eu também espero que você seja estuprada") é uma super forçação de barra para tentar deixar o roteiro mais emotivo e exacerbar a relação conturbada que ela tinha com a filha antes do acontecimento, mas não funciona e infelizmente só diminui a credibilidade do filme.
2 - Não consegui me comover com a redenção forçada e repentina do personagem Dixon (que é um clichê por si só na figura de policial mimado filhinho da mamãe), o qual por sinal coincidentemente estava na delegacia à noite justo no momento em que a Mildred atira os coquetéis molotov. A cena dele lendo a carta enquanto tudo atrás dele na delegacia pegava fogo foi bonita? Foi. Só que pra tornar um personagem racista, violento e escroto como ele foi o filme inteiro de repente no herói do filme, precisaria de algo muito mais bem construído. Além dessa história da redenção do personagem do Sam Rockwell, também teve o arco do câncer/suicídio do Willoughby, resultando em um foco excessivo em histórias paralelas de personagens secundários e naquilo que comentei inicialmente: muita coisa pra 2 horas de filme.
3 - Mais “coincidências” no filme: Dixon ouviu o cara no bar se gabando de um aparente estupro e assassinato (que no final das contas acabou não sendo da filha da Mildred, ainda bem), sendo que o Willoughby já tinha "previsto" que provavelmente o assassino acabaria fazendo isso algum dia, exatamente dessa mesma forma.
Como conseguir levar o roteiro totalmente a sério assim? São detalhes desse tipo que matam o que poderia ter sido sim um bom filme. Não foi. Mas no geral considero que vale a experiência de assisti-lo. Um ponto positivo bacana é a imprevisibilidade de algumas cenas, como o final do filme, que parecia estar caminhando pra contar uma “moral” da história, mas na verdade mostrou que o assunto é bem mais complexo do que parecia ser inicialmente.
Monster: Desejo Assassino
4.0 1,2K Assista AgoraApesar de relativamente previsível, o filme é uma excelente biografia de uma das mais conhecidas assassinas em série dos Estados Unidos e conta com uma maravilhosa atuação de Charlize Theron. Ao assistir uma gravação da verdadeira Aileen Wuornos, é visível o quanto a atriz realmente mergulhou na personagem e conseguiu retratá-la com mestria.
De todas as pessoas, Selby (nome fictício) foi a única que a princípio realmente viu alguém, viu um ser humano dentro de Aileen, enquanto todo o resto a menosprezava. Será que poderia ter sido diferente se alguém realmente tivesse dado uma chance à Aileen?
Uma pena a maneira em que todas as situações se desenrolaram, é bem claro o quanto todos os abusos e traumas que a personagem sofreu afetaram permanentemente seu psicológico (o caso de Aileen é bem característico de vítimas de estresse pós-traumático, e acabou evoluindo para um quadro psicótico). Opiniões à parte sobre o final (provavelmente tenho a mesma que a maioria das pessoas), assassinato a sangue frio é assassinato a sangue frio e sempre deve ser julgado. Ao contrário de algumas pessoas, não torci pela personagem, mas me sensibilizei com sua história.
A Caça
4.2 2,0K Assista AgoraBom filme, apesar de ter me deixado desconfortável assistindo e de não pretender assistir novamente. Interessante ver o outro lado da história (embora raro) que é retratado nesse filme, e gosto muito também da reflexão que o filme traz sobre como os outros habitantes da comunidade usam a situação envolvendo Lucas pra justificar suas próprias atitudes e todo o ódio que carregam dentro de si.
A cena final, seja ela uma metáfora ou um acontecimento real, tem um poder imenso e reflete bem a marca que toda a situação deixou na vida do personagem.
E para aqueles que responsabilizam Klara por tudo que aconteceu, sinceramente recomendo que reflitam um pouco mais sobre a história. Não se sabe que tipos de traumas a menina realmente carrega (o único explícito no filme foi a exposição sexual a que seu irmão a sujeitou), e independente disso ela é muito nova pra ter noção das consequências de seus atos. Em situações como essa, acima de tudo cabe aos adultos e àqueles que forem investigar o suposto abuso sexual, ter uma abordagem correta e não induzir nenhum tipo de resposta para chegar a conclusões precipitadas antes de se ter reais evidências.
Animais Fantásticos e Onde Habitam
4.0 2,2K Assista AgoraO filme cumpre seu papel ao trazer sentimentos de nostalgia aos fãs da saga HP e ao nos fazer mergulhar novamente no mundo bruxo. Ponto positivo para todas as criaturinhas novas e cativantes que nos foram apresentadas, bem como a alguns dos novos personagens, com destaque para o Jacob, que com certeza roubou a cena do filme. Entretanto, fiquei com a sensação de que o “hype” todo em torno do filme pela maioria das pessoas só existiu justamente por conta da emoção de rever o universo de J.K nas telinhas, bem como por conta da presença de algumas referências muito bem conhecidas pelos fãs.
Avaliando o filme isoladamente, tive a impressão de que o mesmo peca em alguns sentidos - por exemplo, a narrativa tem mais de uma história paralela acontecendo ao mesmo tempo e que no final convergem em uma só história, porém ainda que o enredo da busca pelos animais “fujões” tenha me agradado, senti que um foco excessivo foi dado à esta trama, fazendo com que a narrativa paralela dos Second Salemers e do Obscurus tenha sido extremamente mal desenvolvida e mal explicada.
Achei o uso do humor na narrativa ora apropriado, ora forçado demais. A narrativa pareceu por muitas vezes instável, como se o filme não soubesse exatamente para onde estava indo. Alguns furos no roteiro também não puderam deixar de me incomodar, assim como algumas escolhas de atores. Gosto do Eddie Redmayne, mas esse é o segundo papel dele que não consegue me convencer, e nem falarei do Johnny Depp pra não chover no molhado.
Finalmente, o filme tem muitas pontas soltas, o que não levarei exatamente como um ponto negativo, uma vez que provavelmente é somente a “preparação do terreno” para os próximos que virão. Esperando mais dos próximos filmes da sequência, mas no geral foi sim satisfatório.
Estômago
4.2 1,6K Assista AgoraDefinitivamente um dos melhores que já vi do cinema nacional. Um filme que cativa por sua simplicidade, incluindo a aparente inocência do personagem principal, muito bem interpretado por João Miguel. Ganha pontos por se passar em Curitiba, e pela narrativa não-linear que prende a atenção do espectador em relação ao que aconteceu com Nonato e o porquê dele estar na cadeia.
A partir de certo ponto o final é previsível, juntando as peças de algumas cenas, por exemplo:
o barraco de Raimundo após presenciar a dança provocante de Iria na boate, que demonstra o seu temperamento explosivo frente aos ciúmes que sente pela prostituta; Raimundo tomou um negroni na boate, bebida que não sabia do que era feita, sendo que antes no filme havia sugerido que arranjassem angostura na cadeia para misturar com a pinga e fazer "bebida de rico", o que denunciou que o cenário dele preso é futuro aos acontecimentos da vida dele na cidade, e que ele irá cometer um crime; o tapa na bunda que Giovanni dá em Iria que mostra indício de uma possível relação a mais entre os dois.
Apesar de tudo isso, não deixou de surpreender, especialmente pela cena marcante da descoberta dos corpos, com um pedaço da bunda de Iria faltando (filé mignon, como Giovanni comparou, hehe), e pelo desfecho interessante de Raimundo na cadeia, com sua ascensão após matar o ex-chefe da cela Bujiu.
Só pra concluir, roteiro excelente e criativo, ótima fotografia, atuações, e com certeza um filme que merece maior reconhecimento. Muito bom mesmo.