Sensível, impactante e reflexivo. A atmosfera do filme conseguiu me deixar calma, ela realmente me parece um convite para você imergir.
Enquanto nos deparamos com a trama do fantasma, construída pelas memórias e o tempo, vimos que ele não está sozinho. Outro fantasma compartilha com ele um dialógo doloroso:
- ''Estou esperando alguém'' - ''Quem?'' - ''Não me lembro.''
Trabalhar a espera é 'esperançar', ter esperança da volta, se apegar as lembranças. Na mesma medida, a espera também é terrivelmente cansativa, ainda mais quando não se sabe o que está esperando. Quando o segundo fantasma se dá conta que, de fato, o alguém que ele esperava ''não vai voltar'', ele se esvai. Não tem como perdurar.
Achei legal que o filme também propõe colocar o público para esperar a carta que foi deixada, sobre o que estaria escrito nela. E não precisaria estar escrito nada. Ao meu ver, o fantasma precisou passar pela linha do tempo para deixar ''se esvair''. Ele poderia ter lido a carta antes, mas escolheu não ver, porque aqui o ver poderia representar a realidade tomando forma: ''ela não vai mais voltar''. Isso se justifica quando ele lê a carta e desaparece... É se ver de frente pra parede, mas quebrar ela e se libertar.
foi olhar pra baixo e se viu com pés de ovelha hahahah e daí percebeu que na mesma medida que ela afetou a Ada, o contrário também é real (ela até solta um som que lembra o das ovelhas ou eu to viajando?)
Desde o início o filme mostra que os acontecimentos serão rápidos, quando chega no plot parece que vai ganhar alguma força mas perde ela no mesmo instante. Tive a impressão que muitas coisas foram passadas por cima de forma rasa ou só para dar uma ''resolução'' aos acontecimentos. Falar sobre os mortos e a ditadura é um tema interessante, mas mal explorado... Parece que a temática só foi usada no começo e no fim para dar um pontapé que justifique e inicie a história com Arturo, e, mais tarde, para dar um fechamento mais 'dramático' pra trama. Além disso, não consegui fazer uma ligação muito forte com o restante da história. A imagem do final é impactante, mas só.
nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder.'' hahahah
Brincadeiras a parte, é um bom filme. Com destaque para a trilha sonora e direção de arte, o filme te oferece a estética cenário pra uma trama envolvente que acaba perdendo um pouco de força no final. Eu esperava mais 'sangue, sexo e dinheiro' no fim, e recebi uma mensagem bonita. Tá tudo bem mesmo assim.
O legal é ir entendendo os entremeios das personagens, esse jogo de oposições entre elas, ora se tornando uma só e te fazendo parar e pensar: ''quem é que tá sendo legal aqui?" Aliás, essa história da 'passarinha bicando estrelas' é tão bonita como metáfora. Fica pra mim como algo que remete até a uma superação do luto... Encontrar esperanças, encontrar estrelas, modos de se lidar com aquilo, de entender sua dor e dar espaço para conviver. Afinal, graças a passarinha, o cobertor do escuro só fica metade do dia. O restante pode deixar brilhar. :)
PS: Pra ser feliz agora preciso de um tutu, uma máscara de pássaro e muito glitter pra sair por aí. Próxima fantasia do carnaval, aí vamos nós.
esse filme não se trata sobre a condição de surdez. É muito maior... Ele traz a mensagem sobre a vida, em suas nuances mais cotidianas.. Ser arrebatado por acontecimentos inesperados, ser arrebatado pelo minuto que chega depois do agora. Como lidar com algo que está em nossa frente e nos empurra para a mudança? Como lidar com esse próprio processo estando preso as situações primeiras? Aceitar e reconhecer é difícil. Nos vemos reaprendendo. Reaprendendo a caminhar, a falar, a se relacionar... como se quando se aprende uma língua nova. Lindo! A vida nos coloca situações de 'reaprenderes' o tempo todo, e, ainda que nos recusemos a vivenciar esse processo, é inevitável. Talvez passamos por situações achando (ou querendo) que nada mude, acreditando que tudo estará intacto, assim como antes. A vida é a permanência da mudança. É preciso escutar, reaprender ou aprender a se ouvir, estar com você e com seu silêncio dentro de uma sala, sentado, sem fazer nada. No fim, o seu silêncio é a única coisa que estará ali. Saber lidar com você é aprender a sentir as mudanças. Sentar, tirar os fones e escrever. Silêncio, é preciso esvaziar a mente.
PS: Pensando agora, ambos os protagonistas (Lou e Ruben) passam por esse processo de mudança. A Lou também aprendeu uma língua nova (comentada em um dos diálogos) e também parou de cortar os braços, fora as mudanças de aparência. Interessante pensar os processos, no caso esse que só vimos o resultado.
A cena final do filme me fez lembrar do trecho de uma música do Siba ''toda vez que eu dou um passo o mundo sai do lugar''
Despretensioso e simples, se propõe a não entregar demais mas vai deixando sutilezas naquilo que carrega. Me trouxe muitas memórias de infância com detalhes tão cuidadosos que vão desde o pijama da 'guria', 'chaveirinho no celular', até a metáfora da dor no joelho. Foi uma boa viagem poder revisitar minhas próprias memórias. É singelo, bonito, leve: igual a infância. Está tudo aí a ser descoberto, pronto pra voar...
Fico pensando, agora, qual foi a 'primeira morte de joana'. Seria o reencontro com ela mesma e seus desejos? A partida de sua ''amiga''? O preconceito nada velado? A descoberta do beijo e orgasmo como símbolo?
E na cena religiosa que dão um direcionamento pra ela: quem sempre estará com ela? Sua amiga? Sua tia falecida? Ela mesma?
A paleta pastel e os bonequinhos deixaram meu coração quentinho <3
Não existe essa de propósito ou missão... Por vezes, na ânsia de alcançar lugares-oceanos, acabamos esquecendo de viver simplesmente. Esse filme convoca a nos conectarmos com nós mesmos e buscarmos as águas que nos são importantes. No fim das contas, caminhar, olhar pro céu, acolher uma pessoa, acompanhar o trajeto de uma folha, se divertir, trocar afetos, respirar... é bem maior que tudo. É aí então que podemos dizer: alcançamos o oceano que é viver.
Que belo retrato! Seu Chico é potência viva que pulsa cultura e amor pela arte. Incrível como o processo de construção e retomada do Cine São Paulo nos atravessa para além das telas, despertando nossas sensibilidades e tensões.
Assisti a esse filme ontem, dia 31 de agosto, sem predições. Tal data é simbólica para as pessoas da minha cidade que apreciam a cultura, pois nesse dia acaba de ser entregue o prédio onde funcionava, atualmente, o único Cinema com foco em filmes fora do eixo midiático. O Cine-Com Tour é parte da Universidade Estadual de Londrina e funcionava a mais de 15 anos no prédio em que foi entregue. Por falta de repasses de verba e pela crise gerada devido a pandemia do coronavírus, a cultura foi novamente uma das primeiras abaladas. Triste deixar um prédio que carrega tantos simbolismos e memórias afetivas, como no caso de Seu Chico que persistiu em agir. Assistir a essa obra ontem e notar sua data correspondente ao dia da entrega do prédio Cine Com-Tour foi mágico e triste. Sei que existem 'Chicos' que ainda resistem e insistem por poesia ou teimosia... A cultura há de existir, de teimar e (re)existir!
"(...) Meus caros amigos dois-correguenses, vamos agora assistir a mais um filme pela tela do Cine São Paulo, que teimosamente continua existindo." <3
"Nossa, eu tenho sonhado muito com o mar esses dias. Acho que anteontem eu tive um sonho muito maluco. Eu fui assim na praia, super deserta... sabe, não tinha nada, nada, ninguém. E era noite, aí tava um breu assim, só o barulho do mar. Aí eu tirava a roupa inteira e ia nadar, nadar, nadar, nadar... quando chegava assim... veio uma onda, de sargaço, sabe? Ai começou a tomar conta do meu corpo todo assim, me enrolar inteiro. Chegou uma hora que eu não sabia nem onde eu tava, era só escuro e água e breu e... mas foi gostoso, não foi ruim não.
(...) Eu tenho uma coisa... muito próxima do mar, sabe? Como eu penso muito, às vezes eu preciso descarregar um pouco, sabe, desligar, assim, a máquina. Aí o mar era o lugar que eu conseguia fazer isso assim."
Destaque pras cenas maravilhosas da caminhada pós trabalho e do casamento na praia. <3
Adorei a cena do discurso branco escutado por trás das paredes pelas mulheres garçonetes brancas risonhas e concordantes e homens garçons negros de expressão séria.
Muito legal como, ao decorrer do filme, o dono do açougue vai, metaforicamente, se mostrando enquanto animal, parte de seu próprio trabalho... Isso é demonstrado por alguns comportamentos, dentre eles, uma risada que se confunde com o grunhir de um porco, a voracidade no ápice do ato sexual...
A forma como se mostra a relação de sevidão entre os moradores e o açougueiro, onde, aqueles que não pagam aluguel por falta de dinheiro são intimados a servirem aquilo que tem: seus corpos. Posteriormente, tais corpos vendidos enquanto carne para os próprios moradores e servindo de lucro para o dono do açougue. Ou seja, o último ganha de todos os lados: com a carne, os serviços prestados e o aluguel.
Adorei a relação com os ratos; quando um dos moradores mostra que trouxe um 'aparato que imita o som da fêmea e atrai os ratos', pude fazer um paralelo com os seres estranhos que aparecem no filme, logo após, surgindo por entre os esgotos da rua, atraídos para subirem e invadirem.
Além disso, a revolução que vem de baixo! Começa com alguém negando um dos principais valores no prédio: o ato de comer carne. "Não, eu não como carne."; depois, acha cumplicidade nos seres-ratos que vivem abaixo. Questionam, se opõem e invadem.
A cena dos caramujos e sapos vivendo naquele apartamento todo cheio de água suja me deu gastura, mas, ao final, a água invadiu tudo... Os sapos saindo, libertos, lavando tudo e questionando o lugar real onde estaria a insalubridade. Seria o apartamento do velho e dos caramujos o lugar mais insalubre da trama?
E isso que eu nem tô me atendo a estética, fotografia e tudo que auxilia a construção do filme. Destaque para as posições de câmera quando filmam os apartamentos, sempre de cima, como se vigiassem e omitissem, assim como o simbolismo dos canos, ajudando na lavagem cerebral da vida dos personagens e da estrutura do prédio.
As crianças são fantásticas, hahah
Muitos questionamentos, muita coisa legal de se pensar. Filmão.
O fogo que arde mostra que a gente tá viva... mas também mata um pouco a cada nova chama. É bonito de olhar, se admira enquanto prolifera, quando se aproxima acontecem explosões. É doído, feito para ser guardado na memória, feito para contemplação. Quando se aproxima dói, dói enquanto queima, dói quando se chega porque também já se vai no mesmo momento. Eu gosto do amor que dói... Mas tenho medo da dor. É como querer e não querer queimar.
Definitivamente esse não é um filme para terminar ali, nas salas de cinema. Demorei alguns bons pensamentos e discussões com um amigo para entender um pouco da tamanha complexidade que vi. Sinto que interpretei ao meu modo e isso me levou a lugares pesados. Ele é um filme para se ler várias vezes. Um filme de entrelinhas.
Desde Kafka e suas possíveis referências a baratas (aliás, não dizem que seriam elas os únicos insetos a sobreviver a um desastre mundial?), seu caráter político aliando todas as críticas ao que tem se tornado o mundo e, melhor, o que temos feito de tal lugar. A desilusão com a vida é posta em jogo, já não se vê perspectivas pois não tem para onde olhar. Pude sentir a dor do mundo, os gritos que se travestiam de brincadeiras de criança. Na verdade, não há o que fazer se não esperar. Minto, ainda há uma saída: se preparar para a dor. Se preparar para senti-la. E aceitar.
Doido que nesse meio tempo o professor estava acompanhando os garotos, querendo protegê-los a todo custo mas em nenhum momento soube do que poderia acontecer com a usina. Ele foi descobrir conosco, espectadores, na cena final. No entanto, me pareceu muito bem que as crianças já haviam premeditado tal situação. Me faz pensar... Enquanto a preocupação era saber quais eram os planos e estratégias das crianças, nada foi feito para conter o que se chegava. E se elas, ao seu modo, tivessem tentando contê-la?
Será que depois do final do filme podemos entender o que motivou o professor a se suicidar?
Após a revelação do relacionamento entre as garotas, Kena vai na cozinha de sua casa e tenta falar com a mãe. "Mãe! Mãe? Mãe...", percebendo o desprezo dessa, Kena vai em direção a porta para sair. Nesse instante, aparece o rosto da mãe no fundo da cena, no corredor que dá para a porta. Kena está de costas; não pode ver o tamanho da angústia carregada naquele rosto. Como deve ser querer acolher mas não poder... Querer abraçar, dizer que tá tudo bem... Não se pode - e não se deve - fazer. O que resta é sua demonstração de tristeza e preocupação pelas costas da garota. Um acolhimento velado. Triste.
Gente, se eu tivesse lido os comentários/nota antes, teria poupado eu e minhas amigas de ver essa obra primorosa e célebre da sétima arte. Puta que pariu. Sem mais.
Gente do meu Brasil, que filme é esse? A pausa pra tomar um café e perceber que, quando se acrescenta um pouco de canela, o amargo se dissolve. Que delícia!
Um filme que dói, emociona, sorri e dá até gargalhada. As montagem das cenas, o enquadramento... Metáforas que se percebem com o visual! É lindo ver a diferença das pessoas desde o início do filme; uma diferença que se mostra igual! A forma como as imagens são trabalhadas, os rostos, o comer das coxinhas... A gente vai se identificando e percebendo que tudo faz parte de um bolo só. Uma gente que acorda e vai pro batente. Uma gente que é a gente! Que tem seus risos, suas dores... Destaque para a forma como essas foram trabalhadas ao longo da história. Cada um lidando a sua maneira. Que bom que o filme teve uma história central mas ainda se permitiu entrar por outras que auxiliaram na transmissão da mensagem. A dor que começa em Margarida aparece também em seus vizinhos... A morte que atravessa as casas, a importância do auxílio e apoio amigo. A sequencialidade de ações: depois da morte, o cachorro do Ivan que aparece na casa da Violeta e acaba sendo um "anjo" para a vó! A Violeta que acaba sendo um "anjo" para Margarida, que já havia sido "anjo" pra Violeta! As flores que enfeitam a casa, flores que se ajudam e retribuem! O olhar que denuncia a "quebra da quarta parede"! A metalinguagem da experiência de assistir a um filme. A dança de Margarida que acolhe a dor como passo para seguir em frente. O encontro, a despedida, o reencontro, a morte, a memória! A capacidade de libertação e abertura para viver novamente. Algumas pessoas nos fazem acreditar na vida. Alguns filmes também.
Aquele que sai da poltrona realmente levanta uma nova pessoa, Margarida. Uma pessoa inspirada a sair dando flores e bombons pra quem precisa de uma pausa prum café com canela. Viva os encontros e reencontros! Viva a vida para além da porta! Que a pausa pro café seja premissa para reflexões que nos levarão pra fora.
Algo ruim aconteceu e vai continuar acontecendo. As pessoas vão continuar acordando com suas angústias, se suicidando com ou sem motivo, fazendo justiça com as próprias mãos por pura babaquice... Mas em um dado momento se darão conta de que as coisas aconteceram exatamente do jeito que aconteceram. E foi esse conjunto de fatos que possibilitou várias transformações.
Esse filme trata sobre mudanças. Cada personagem se desenvolve a sua própria maneira e tempo, e percebemos, no fim, que ele não foi o mesmo do começo. Alguns dizem obrigado, outros perdoam, outros tratam melhor sua família e percebem que não vale a pena brigar... É uma viagem constante para dentro de si.
Se ficarmos chateados com o final do filme pela omissão dos fatos do que acontece depois, a gente não entendeu nada dele. Os processos dos personagens são visíveis e cabe a nós imaginarmos o que aconteceu. Será que depois de toda mudança a vingança seria clara?
É preciso voltar à casos antigos para solucioná-los? Ou seria preciso voltar à casos antigos para construir, interiormente, sua própria solução?
Crimes do Futuro
3.2 265 Assista Agora"Um desejo de estar aberta é muitas vezes o começo de algo excitante, novo."
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraSensível, impactante e reflexivo. A atmosfera do filme conseguiu me deixar calma, ela realmente me parece um convite para você imergir.
Enquanto nos deparamos com a trama do fantasma, construída pelas memórias e o tempo, vimos que ele não está sozinho. Outro fantasma compartilha com ele um dialógo doloroso:
- ''Estou esperando alguém''
- ''Quem?''
- ''Não me lembro.''
Trabalhar a espera é 'esperançar', ter esperança da volta, se apegar as lembranças. Na mesma medida, a espera também é terrivelmente cansativa, ainda mais quando não se sabe o que está esperando. Quando o segundo fantasma se dá conta que, de fato, o alguém que ele esperava ''não vai voltar'', ele se esvai. Não tem como perdurar.
Achei legal que o filme também propõe colocar o público para esperar a carta que foi deixada, sobre o que estaria escrito nela. E não precisaria estar escrito nada. Ao meu ver, o fantasma precisou passar pela linha do tempo para deixar ''se esvair''. Ele poderia ter lido a carta antes, mas escolheu não ver, porque aqui o ver poderia representar a realidade tomando forma: ''ela não vai mais voltar''. Isso se justifica quando ele lê a carta e desaparece... É se ver de frente pra parede, mas quebrar ela e se libertar.
Cordeiro
3.3 555 Assista AgoraNo final do filme, pra mim a Maria
foi olhar pra baixo e se viu com pés de ovelha hahahah e daí percebeu que na mesma medida que ela afetou a Ada, o contrário também é real
(ela até solta um som que lembra o das ovelhas ou eu to viajando?)
Mães Paralelas
3.7 411Chatinho...
Desde o início o filme mostra que os acontecimentos serão rápidos, quando chega no plot parece que vai ganhar alguma força mas perde ela no mesmo instante. Tive a impressão que muitas coisas foram passadas por cima de forma rasa ou só para dar uma ''resolução'' aos acontecimentos. Falar sobre os mortos e a ditadura é um tema interessante, mas mal explorado... Parece que a temática só foi usada no começo e no fim para dar um pontapé que justifique e inicie a história com Arturo, e, mais tarde, para dar um fechamento mais 'dramático' pra trama. Além disso, não consegui fazer uma ligação muito forte com o restante da história. A imagem do final é impactante, mas só.
Pássaros de Liberdade
3.1 34''Não acho que quem ganhar ou quem perder,
nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder.'' hahahah
Brincadeiras a parte, é um bom filme. Com destaque para a trilha sonora e direção de arte, o filme te oferece a estética cenário pra uma trama envolvente que acaba perdendo um pouco de força no final. Eu esperava mais 'sangue, sexo e dinheiro' no fim, e recebi uma mensagem bonita. Tá tudo bem mesmo assim.
O legal é ir entendendo os entremeios das personagens, esse jogo de oposições entre elas, ora se tornando uma só e te fazendo parar e pensar: ''quem é que tá sendo legal aqui?" Aliás, essa história da 'passarinha bicando estrelas' é tão bonita como metáfora. Fica pra mim como algo que remete até a uma superação do luto... Encontrar esperanças, encontrar estrelas, modos de se lidar com aquilo, de entender sua dor e dar espaço para conviver. Afinal, graças a passarinha, o cobertor do escuro só fica metade do dia. O restante pode deixar brilhar. :)
PS: Pra ser feliz agora preciso de um tutu, uma máscara de pássaro e muito glitter pra sair por aí. Próxima fantasia do carnaval, aí vamos nós.
O Som do Silêncio
4.1 987 Assista AgoraNa minha interpretação,
esse filme não se trata sobre a condição de surdez. É muito maior... Ele traz a mensagem sobre a vida, em suas nuances mais cotidianas.. Ser arrebatado por acontecimentos inesperados, ser arrebatado pelo minuto que chega depois do agora. Como lidar com algo que está em nossa frente e nos empurra para a mudança? Como lidar com esse próprio processo estando preso as situações primeiras? Aceitar e reconhecer é difícil. Nos vemos reaprendendo. Reaprendendo a caminhar, a falar, a se relacionar... como se quando se aprende uma língua nova. Lindo! A vida nos coloca situações de 'reaprenderes' o tempo todo, e, ainda que nos recusemos a vivenciar esse processo, é inevitável. Talvez passamos por situações achando (ou querendo) que nada mude, acreditando que tudo estará intacto, assim como antes. A vida é a permanência da mudança. É preciso escutar, reaprender ou aprender a se ouvir, estar com você e com seu silêncio dentro de uma sala, sentado, sem fazer nada. No fim, o seu silêncio é a única coisa que estará ali. Saber lidar com você é aprender a sentir as mudanças. Sentar, tirar os fones e escrever. Silêncio, é preciso esvaziar a mente.
PS: Pensando agora, ambos os protagonistas (Lou e Ruben) passam por esse processo de mudança. A Lou também aprendeu uma língua nova (comentada em um dos diálogos) e também parou de cortar os braços, fora as mudanças de aparência. Interessante pensar os processos, no caso esse que só vimos o resultado.
A cena final do filme me fez lembrar do trecho de uma música do Siba
''toda vez que eu dou um passo
o mundo sai do lugar''
A Primeira Morte de Joana
3.4 6Despretensioso e simples, se propõe a não entregar demais mas vai deixando sutilezas naquilo que carrega. Me trouxe muitas memórias de infância com detalhes tão cuidadosos que vão desde o pijama da 'guria', 'chaveirinho no celular', até a metáfora da dor no joelho. Foi uma boa viagem poder revisitar minhas próprias memórias. É singelo, bonito, leve: igual a infância. Está tudo aí a ser descoberto, pronto pra voar...
Fico pensando, agora, qual foi a 'primeira morte de joana'.
Seria o reencontro com ela mesma e seus desejos? A partida de sua ''amiga''? O preconceito nada velado? A descoberta do beijo e orgasmo como símbolo?
E na cena religiosa que dão um direcionamento pra ela: quem sempre estará com ela? Sua amiga? Sua tia falecida? Ela mesma?
A paleta pastel e os bonequinhos deixaram meu coração quentinho <3
Soul
4.3 1,4KNão existe essa de propósito ou missão... Por vezes, na ânsia de alcançar lugares-oceanos, acabamos esquecendo de viver simplesmente. Esse filme convoca a nos conectarmos com nós mesmos e buscarmos as águas que nos são importantes. No fim das contas, caminhar, olhar pro céu, acolher uma pessoa, acompanhar o trajeto de uma folha, se divertir, trocar afetos, respirar... é bem maior que tudo. É aí então que podemos dizer: alcançamos o oceano que é viver.
Bem poética e emocionada depois desse filme
Cine São Paulo
3.9 5Que belo retrato! Seu Chico é potência viva que pulsa cultura e amor pela arte. Incrível como o processo de construção e retomada do Cine São Paulo nos atravessa para além das telas, despertando nossas sensibilidades e tensões.
Assisti a esse filme ontem, dia 31 de agosto, sem predições. Tal data é simbólica para as pessoas da minha cidade que apreciam a cultura, pois nesse dia acaba de ser entregue o prédio onde funcionava, atualmente, o único Cinema com foco em filmes fora do eixo midiático. O Cine-Com Tour é parte da Universidade Estadual de Londrina e funcionava a mais de 15 anos no prédio em que foi entregue. Por falta de repasses de verba e pela crise gerada devido a pandemia do coronavírus, a cultura foi novamente uma das primeiras abaladas. Triste deixar um prédio que carrega tantos simbolismos e memórias afetivas, como no caso de Seu Chico que persistiu em agir. Assistir a essa obra ontem e notar sua data correspondente ao dia da entrega do prédio Cine Com-Tour foi mágico e triste. Sei que existem 'Chicos' que ainda resistem e insistem por poesia ou teimosia... A cultura há de existir, de teimar e (re)existir!
"(...) Meus caros amigos dois-correguenses, vamos agora assistir a mais um filme pela tela do Cine São Paulo, que teimosamente continua existindo." <3
Corpo Elétrico
3.5 216Quem disse que não aconteceu nada, deveria rever sua própria rotina...
"Nossa, eu tenho sonhado muito com o mar esses dias. Acho que anteontem eu tive um sonho muito maluco. Eu fui assim na praia, super deserta... sabe, não tinha nada, nada, ninguém. E era noite, aí tava um breu assim, só o barulho do mar. Aí eu tirava a roupa inteira e ia nadar, nadar, nadar, nadar... quando chegava assim... veio uma onda, de sargaço, sabe? Ai começou a tomar conta do meu corpo todo assim, me enrolar inteiro. Chegou uma hora que eu não sabia nem onde eu tava, era só escuro e água e breu e... mas foi gostoso, não foi ruim não.
(...) Eu tenho uma coisa... muito próxima do mar, sabe? Como eu penso muito, às vezes eu preciso descarregar um pouco, sabe, desligar, assim, a máquina. Aí o mar era o lugar que eu conseguia fazer isso assim."
Destaque pras cenas maravilhosas da caminhada pós trabalho e do casamento na praia. <3
Infiltrado na Klan
4.3 1,9K Assista AgoraAdorei a cena do discurso branco escutado por trás das paredes pelas mulheres garçonetes brancas risonhas e concordantes e homens garçons negros de expressão séria.
Delicatessen
3.8 278 Assista AgoraMe atei a alguns simbolismos que podem muito bem terem sido criados pela minha própria cabeça:
Muito legal como, ao decorrer do filme, o dono do açougue vai, metaforicamente, se mostrando enquanto animal, parte de seu próprio trabalho... Isso é demonstrado por alguns comportamentos, dentre eles, uma risada que se confunde com o grunhir de um porco, a voracidade no ápice do ato sexual...
A forma como se mostra a relação de sevidão entre os moradores e o açougueiro, onde, aqueles que não pagam aluguel por falta de dinheiro são intimados a servirem aquilo que tem: seus corpos. Posteriormente, tais corpos vendidos enquanto carne para os próprios moradores e servindo de lucro para o dono do açougue. Ou seja, o último ganha de todos os lados: com a carne, os serviços prestados e o aluguel.
Adorei a relação com os ratos; quando um dos moradores mostra que trouxe um 'aparato que imita o som da fêmea e atrai os ratos', pude fazer um paralelo com os seres estranhos que aparecem no filme, logo após, surgindo por entre os esgotos da rua, atraídos para subirem e invadirem.
Além disso, a revolução que vem de baixo! Começa com alguém negando um dos principais valores no prédio: o ato de comer carne. "Não, eu não como carne."; depois, acha cumplicidade nos seres-ratos que vivem abaixo. Questionam, se opõem e invadem.
A cena dos caramujos e sapos vivendo naquele apartamento todo cheio de água suja me deu gastura, mas, ao final, a água invadiu tudo... Os sapos saindo, libertos, lavando tudo e questionando o lugar real onde estaria a insalubridade. Seria o apartamento do velho e dos caramujos o lugar mais insalubre da trama?
E isso que eu nem tô me atendo a estética, fotografia e tudo que auxilia a construção do filme. Destaque para as posições de câmera quando filmam os apartamentos, sempre de cima, como se vigiassem e omitissem, assim como o simbolismo dos canos, ajudando na lavagem cerebral da vida dos personagens e da estrutura do prédio.
As crianças são fantásticas, hahah
Muitos questionamentos, muita coisa legal de se pensar. Filmão.
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite
3.6 2,8K Assista AgoraAlguém 'pescou' alguma teoria relacionando
as queimadas do início e final do filme?
Retrato de uma Jovem em Chamas
4.4 901 Assista AgoraO fogo que arde mostra que a gente tá viva... mas também mata um pouco a cada nova chama. É bonito de olhar, se admira enquanto prolifera, quando se aproxima acontecem explosões. É doído, feito para ser guardado na memória, feito para contemplação. Quando se aproxima dói, dói enquanto queima, dói quando se chega porque também já se vai no mesmo momento. Eu gosto do amor que dói... Mas tenho medo da dor. É como querer e não querer queimar.
Elisa & Marcela
4.1 190 Assista Agora"Valeu a pena?"
O Professor Substituto
3.7 70 Assista AgoraDefinitivamente esse não é um filme para terminar ali, nas salas de cinema.
Demorei alguns bons pensamentos e discussões com um amigo para entender um pouco da tamanha complexidade que vi. Sinto que interpretei ao meu modo e isso me levou a lugares pesados. Ele é um filme para se ler várias vezes. Um filme de entrelinhas.
Desde Kafka e suas possíveis referências a baratas (aliás, não dizem que seriam elas os únicos insetos a sobreviver a um desastre mundial?), seu caráter político aliando todas as críticas ao que tem se tornado o mundo e, melhor, o que temos feito de tal lugar. A desilusão com a vida é posta em jogo, já não se vê perspectivas pois não tem para onde olhar. Pude sentir a dor do mundo, os gritos que se travestiam de brincadeiras de criança. Na verdade, não há o que fazer se não esperar. Minto, ainda há uma saída: se preparar para a dor. Se preparar para senti-la. E aceitar.
Doido que nesse meio tempo o professor estava acompanhando os garotos, querendo protegê-los a todo custo mas em nenhum momento soube do que poderia acontecer com a usina. Ele foi descobrir conosco, espectadores, na cena final. No entanto, me pareceu muito bem que as crianças já haviam premeditado tal situação. Me faz pensar... Enquanto a preocupação era saber quais eram os planos e estratégias das crianças, nada foi feito para conter o que se chegava. E se elas, ao seu modo, tivessem tentando contê-la?
Será que depois do final do filme podemos entender o que motivou o professor a se suicidar?
Rafiki
4.0 110 Assista AgoraUma cena específica me tocou:
Após a revelação do relacionamento entre as garotas, Kena vai na cozinha de sua casa e tenta falar com a mãe. "Mãe! Mãe? Mãe...", percebendo o desprezo dessa, Kena vai em direção a porta para sair. Nesse instante, aparece o rosto da mãe no fundo da cena, no corredor que dá para a porta. Kena está de costas; não pode ver o tamanho da angústia carregada naquele rosto. Como deve ser querer acolher mas não poder... Querer abraçar, dizer que tá tudo bem... Não se pode - e não se deve - fazer. O que resta é sua demonstração de tristeza e preocupação pelas costas da garota. Um acolhimento velado. Triste.
Vende-se Esta Casa
1.4 989 Assista AgoraGente, se eu tivesse lido os comentários/nota antes, teria poupado eu e minhas amigas de ver essa obra primorosa e célebre da sétima arte. Puta que pariu. Sem mais.
Tootsie
3.8 267 Assista AgoraPorque só um homem vestido de mulher consegue ser respeitado enquanto mulher.
Café com Canela
4.1 164Gente do meu Brasil, que filme é esse?
A pausa pra tomar um café e perceber que, quando se acrescenta um pouco de canela, o amargo se dissolve. Que delícia!
Um filme que dói, emociona, sorri e dá até gargalhada. As montagem das cenas, o enquadramento... Metáforas que se percebem com o visual! É lindo ver a diferença das pessoas desde o início do filme; uma diferença que se mostra igual! A forma como as imagens são trabalhadas, os rostos, o comer das coxinhas... A gente vai se identificando e percebendo que tudo faz parte de um bolo só. Uma gente que acorda e vai pro batente. Uma gente que é a gente! Que tem seus risos, suas dores... Destaque para a forma como essas foram trabalhadas ao longo da história. Cada um lidando a sua maneira. Que bom que o filme teve uma história central mas ainda se permitiu entrar por outras que auxiliaram na transmissão da mensagem. A dor que começa em Margarida aparece também em seus vizinhos... A morte que atravessa as casas, a importância do auxílio e apoio amigo. A sequencialidade de ações: depois da morte, o cachorro do Ivan que aparece na casa da Violeta e acaba sendo um "anjo" para a vó! A Violeta que acaba sendo um "anjo" para Margarida, que já havia sido "anjo" pra Violeta! As flores que enfeitam a casa, flores que se ajudam e retribuem! O olhar que denuncia a "quebra da quarta parede"! A metalinguagem da experiência de assistir a um filme. A dança de Margarida que acolhe a dor como passo para seguir em frente. O encontro, a despedida, o reencontro, a morte, a memória! A capacidade de libertação e abertura para viver novamente. Algumas pessoas nos fazem acreditar na vida. Alguns filmes também.
Aquele que sai da poltrona realmente levanta uma nova pessoa, Margarida. Uma pessoa inspirada a sair dando flores e bombons pra quem precisa de uma pausa prum café com canela. Viva os encontros e reencontros! Viva a vida para além da porta! Que a pausa pro café seja premissa para reflexões que nos levarão pra fora.
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraNo final, importa mesmo o resultado do crime?
Algo ruim aconteceu e vai continuar acontecendo. As pessoas vão continuar acordando com suas angústias, se suicidando com ou sem motivo, fazendo justiça com as próprias mãos por pura babaquice... Mas em um dado momento se darão conta de que as coisas aconteceram exatamente do jeito que aconteceram. E foi esse conjunto de fatos que possibilitou várias transformações.
Esse filme trata sobre mudanças. Cada personagem se desenvolve a sua própria maneira e tempo, e percebemos, no fim, que ele não foi o mesmo do começo. Alguns dizem obrigado, outros perdoam, outros tratam melhor sua família e percebem que não vale a pena brigar... É uma viagem constante para dentro de si.
Se ficarmos chateados com o final do filme pela omissão dos fatos do que acontece depois, a gente não entendeu nada dele. Os processos dos personagens são visíveis e cabe a nós imaginarmos o que aconteceu. Será que depois de toda mudança a vingança seria clara?
É preciso voltar à casos antigos para solucioná-los? Ou seria preciso voltar à casos antigos para construir, interiormente, sua própria solução?
Um pouco romantizado da minha parte? Não sei.
Ava
3.5 16Aquela música da cena na estrada é bem boa hein!
Pelo Malo
4.0 121 Assista AgoraMi limón, mi limonero
Entero me gusta mas...
Samba
3.8 335Gil e Jorge Ben na trilha sonora. <3