Fantástico, onírico, grandioso, auto-indulgente e excessivamente auto-referencial como uma sessão de psicoterapia em frente a monumentos arquitetônicos semi-consumidos pela ação do tempo. Caso Thomas Bernhard fizesse um filme, este seria ele.
Filme subestimadíssimo, como a obra do próprio Kaoru. O excelente uso da trilha sonora é exatamente o que o relato da vida de um grande músico demanda. Realmente tocante, em muitos níveis.
Por mais que possamos por em voga pontuais redundâncias em sua estrutura e nos questionar se o total de mais de nove horas era de fato "necessário", a forma como Bing capta detalhada e cruamente tantas facetas do ser humano em uma dura busca por individualidade frente a este gradual, mas bruto declínio social e econômico é inegavelmente impactante. Ao expor o espectador a esta visceral realidade, o diretor nos oferece uma imersão temporal não coincidentemente equivalente a uma jornada de trabalho de maneira geral, usual (algo que, para os indivíduos que vêm e vão nos cenários cinzentos e decadentes do registro, não é uma banalidade), e prova o quão efetivo é o cinema em sua vertente mais crua e contemplativa para uma construção realmente empática. A Oeste dos Trilhos é, definitivamente, uma das maiores experiências da história cinematográfica.
Uma prova real da tese de que, quem faz com paixão, faz de verdade. Para quem ama, o cinema dá a vida, se torna vida, e ela nunca para. Felizes aqueles que a vivem como amam.
Em meio à enxurrada de críticas positivas, era impossível se aproximar do debut da agora diretora Greta Gerwig, que traz a Lady Bird aquele mesmo tom delicado e saboroso de sua mais famosa atuação enquanto atriz (Frances Ha), sem manter certa expectativa. É fácil se deixar enganar pelo indelével uso de clichês do estilo "coming-of-age" na primeira metade do filme, onde Gerwig constrói a fundação para as sutis transições que de fato mostram a que Lady Bird veio, conquistando o espectador de forma leve, mas sólida, conforme a trama avança. O clima é doce e acessível, muito em função, inclusive, da grande química entre as características da direção de Gerwig e da presença carismática de Saoirse Ronan, que traz Christine à vida de forma bastante convincente. Ainda que alguns momentos apelem para representações um tanto cartunescas de certos arquétipos, inevitavelmente reforçando convenções do gênero, o filme escapa da armadilha de renegar aspectos inescapáveis da realidade externa ao âmbito cinematográfico, tratando de problemas sociais de forma lúcida e, por que não, sólida. Difícil não trazer à mente Ghost World, de Zwigoff (muito provavelmente uma influência para a diretora), ao falar de Lady Bird e da forma como o filme de Gerwig consegue entregar um interessante estudo de personagem ainda pautado em certas pré-definições estilísticas, mas consciente em sua abordagem de problemas familiares e até mais convincente que seu(s) predecessor(es) neste sentido. Ainda que não esteja necessariamente à altura de toda a glorificação midiática recente, Lady Bird é sim uma obra singela e humana que confirma as altas expectativas depositadas sobre sua realizadora, e, bem, por que não um dos mais deliciosos lançamentos de 2017?
Belíssimo questionamento do belo pelo belo, dos valores estéticos versus sentimento. Que grande estreia do diretor sul coreano, que logo de cara nos presenteia com uma obra bastante singela, pautada em uma visão de mundo muito sensível, mas ao mesmo tempo crítica e racional. Muito interessante a forma como se utiliza de todo um academicismo em seus meticulosos planos e o uso de cores sóbrias para contrastar com o teor melancólico da obra e, claro, o turbilhão de emoções latentes às suas personagens. John Cho não escapa muito de seus padrões restritos de atuação (e parece um tanto rígido em alguns momentos, é verdade), mas neste caso essas características encaixam-se como uma luva na atmosfera dicotômica da obra, além de oferecer um efetivo contraponto para a presença carismática da Haley Lu Richardson, aqui o centro emocional do filme, sempre precisamente bem explorada. Ao contrário de muitos virtuosos da nova geração, Kogonada deixa clara sua paixão e sensibilidade neste que pode ser um dos grandes filmes de 2017. Talvez seja um pouco cedo para projeções mais auspiciosas, mas é inegável que o sul coreano tem qualidades de sobra para nos encantar mais vezes daqui para a frente. Vamos aguardar e torcer por outros trabalhos encantadores como este.
De encher os olhos e a alma. Prova de que cinema e fotografia são linguagens ainda mais próximas do que costumamos imaginar. Um documentário curto e objetivo que, em algumas ocasiões parece realmente pedir mais "tempo" para desenvolver algumas das interessantíssimas histórias que se propõe a contar, mas que invariavelmente conquista o coração cinéfilo alheio ao nos aproximar de cada uma dessas grandes personalidades, retratadas em momentos dos mais íntimos.
Depois de ler o livro, finalmente tomei coragem de assistir o filme! Já conhecendo o trabalho do Béla Tarr, não poderia começar a experiência sem imaginar o que iria encontrar aqui, mas o fato é que o húngaro nos dá mais uma prova da sua genialidade durante este que pode ser seu projeto mais ambicioso, e poderoso. É impressionante contemplar, de forma quase transcendental, a forma como Béla Tarr transforma esta história, que já era retratada de forma brilhante no maciço monobloco de Laszlo Krasznahorkai, de um livro de menos de 300 páginas para um monólito audiovisual de 7 horas de duração. Mais impressionante ainda é a forma como esse filme me absorveu completamente durante todo esse tempo - nesta que pode ser a maior experiência empírica que tive da relatividade do tempo, ao ser transportado pacientemente pela câmera do diretor, que viaja pelos cenários, captando o melhor da desolação e morbidez de seus personagens, sempre de forma detalhada, precisa e obscuramente bela, e, ao contrário do que muitos possam pensar, pouquíssimos destes muitos minutos pelos quais Tarr mantém o espectador envolto em seu mundo frio, chuvoso e sombrio parecem supérfluos ou desnecessários, de alguma forma.
Ao mesmo tempo que falar deste filme possa ser um "chover no molhado", simplesmente senti que precisava fazê-lo, visto que Béla Tarr, com sua meticulosa construção da obra, sua ambição e técnica fantasmagórica (a única, para mim, equiparável ao mestre Tarkovski), impacta demais. Satantango, com sua sugestão de epicidade, cobre um período de tempo relativamente curto, em que os indivíduos em cena vêm e vão, com o andar e a pressa de um passeio despreocupado de fim de tarde, ainda que o contexto seja muito mais cruel e pesaroso do que isto. Neste sentido, Satantango talvez seja uma das obras cinematográficas que mais próximo chega de quebrar a última barreira ilusória do cinema: o recorte temporal (ainda que sua estrutura complexa e dispersa possa indicar o contrário). E é aí que o próprio Béla Tarr mostra sua genialidade, mais uma vez, ao adaptar a obra literária de Krasznahorkai, oferecendo um caráter ainda mais intricado e rico à narrativa. Ao passo que Satantango pode certamente afastar muitos potenciais espectadores pelo seu tempo de duração, penso que deveria sim, aproximá-los, pois esta é, certamente, uma das experiências mais puramente místicas e envolventes da história do cinema.
Herzog dispunha de um material bruto incrível, é verdade, mas os méritos da beleza e da grande profundidade poética e filosófica deste documentário são seus. Um belíssimo estudo sobre a identidade humana e seu lugar na natureza.
Incômodo, epilético e hipnotizante. Estrear com uma obra icônica como esta não é pra qualquer um, e o Aronofsky já deixava claro o seu talento para converter uma ideia promissora em um audiovisual marcante lá no fim dos anos 90, que tanto inspiraram a construção desse filme (quer coisa mais anos 90 que essa trilha sonora drum n' bass / acid-techno?). Muito fortuita sua escolha estética bastante primal e rústica, que tem tudo a ver com a proposta alucinada do enredo, e que remete diretamente à primeira fase do David Lynch, referenciando muito bem, inclusive, o clássico psicológico Eraserhead, que é uma das grandes influências para a realização do Pi, e consequentemente, um pivô para o estilo constantemente abordado pelo Aronofsky nos seus filmes posteriores. Não fosse o caminho 'fácil' que o enredo tomou lá no fim, esse poderia ser o seu trabalho mais sólido, mas mesmo com alguns percalços e alguns momentos menos poderosos, Pi pode facilmente ser considerado um clássico moderno, e uma estreia não menos impressionante.
Pesado. Notei uma influência forte da estética do Lars Von Trier no trabalho do Lukas Moodyson, e vice-e-versa, em filmes subsequentes. Não chega a ser muita surpresa, visto que ambos têm boa parte da sua filmografia produzida pela Memfis Film, que parece ter abraçado com todas as forças as propostas provocativas de ambos os diretores (e mais alguns nomes do Dogma 95) ao longo dos anos. De qualquer forma, esse filme é um impactante panorama da vida precária após a dissolução da União Soviética, mostrando a extensão das dores causadas pela ausência de um suporte emocional e educativo durante a adolescência. Infelizmente este tipo de recorte não ficou limitado a uma pequena parcela da História da Humanidade. Vale muito a reflexão, apesar de ser um tema abordado de forma mais concisa em outros filmes.
Um estudo poderosíssimo a respeito do tempo e da obsolescência do passado. A união dos takes corroídos com a trilha sonora literalmente assombrosa gera um impacto tremendo no espectador, mais ou menos na mesma veia dos curtas do Tscherkassky. Certamente não é um filme pra todos, mas isso aqui é de um valor filosófico inestimável.
A fotografia é linda e a atmosfera é bem pesada, mas as simplificações no roteiro tiraram muito da complexidade original das personagens, e a história acaba sendo reduzida a apenas uma parcela do que foi, sem muitos dos questionamentos mais interessantes do livro. Boa atuação do Garfield.
Ron Fricke monstro visionário, como sempre, mas o Baraka é melhor. Talvez o Samsara tenha alguns dos melhores takes que ele já gravou, mas naquele, as críticas são menos óbvias e o filme flui melhor, com uma poesia visual absurda. Sempre bom lembrar que aqui ele dispunha de tecnologia muito mais avançada do que quando filmou o Baraka vinte anos antes. Ainda assim, maravilhoso.
Assim como o filme não precisou de palavras para me arrebatar, fico sem palavras para falar da perfeição que é esta obra. Digo sem medo que este foi o ápice do cinema. P.S.: A versão com a trilha sonora de Richard Einhorn é especialmente absurda.
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BNSF
3.4 1Só os loucos sabem
Caniba
3.3 3 Assista AgoraAquele filme gostoso pra ver com os pais no almoço de domingo
At Sea
4.3 2Como eu queria um blu-ray disso......
Streetscapes [Dialogue]
3.8 1Fantástico, onírico, grandioso, auto-indulgente e excessivamente auto-referencial como uma sessão de psicoterapia em frente a monumentos arquitetônicos semi-consumidos pela ação do tempo. Caso Thomas Bernhard fizesse um filme, este seria ele.
Pássaros de Verão
4.0 77AH EU TO MALUCO
Endless Waltz
3.9 2Filme subestimadíssimo, como a obra do próprio Kaoru. O excelente uso da trilha sonora é exatamente o que o relato da vida de um grande músico demanda. Realmente tocante, em muitos níveis.
A Oeste dos Trilhos
4.7 4Por mais que possamos por em voga pontuais redundâncias em sua estrutura e nos questionar se o total de mais de nove horas era de fato "necessário", a forma como Bing capta detalhada e cruamente tantas facetas do ser humano em uma dura busca por individualidade frente a este gradual, mas bruto declínio social e econômico é inegavelmente impactante. Ao expor o espectador a esta visceral realidade, o diretor nos oferece uma imersão temporal não coincidentemente equivalente a uma jornada de trabalho de maneira geral, usual (algo que, para os indivíduos que vêm e vão nos cenários cinzentos e decadentes do registro, não é uma banalidade), e prova o quão efetivo é o cinema em sua vertente mais crua e contemplativa para uma construção realmente empática. A Oeste dos Trilhos é, definitivamente, uma das maiores experiências da história cinematográfica.
Ao Caminhar Entrevi Lampejos de Beleza
4.6 32Uma prova real da tese de que, quem faz com paixão, faz de verdade.
Para quem ama, o cinema dá a vida, se torna vida, e ela nunca para. Felizes aqueles que a vivem como amam.
"Happiness is beauty."
"Cinema is innocent, people are not."
Lady Bird: A Hora de Voar
3.8 2,1K Assista AgoraEm meio à enxurrada de críticas positivas, era impossível se aproximar do debut da agora diretora Greta Gerwig, que traz a Lady Bird aquele mesmo tom delicado e saboroso de sua mais famosa atuação enquanto atriz (Frances Ha), sem manter certa expectativa. É fácil se deixar enganar pelo indelével uso de clichês do estilo "coming-of-age" na primeira metade do filme, onde Gerwig constrói a fundação para as sutis transições que de fato mostram a que Lady Bird veio, conquistando o espectador de forma leve, mas sólida, conforme a trama avança. O clima é doce e acessível, muito em função, inclusive, da grande química entre as características da direção de Gerwig e da presença carismática de Saoirse Ronan, que traz Christine à vida de forma bastante convincente. Ainda que alguns momentos apelem para representações um tanto cartunescas de certos arquétipos, inevitavelmente reforçando convenções do gênero, o filme escapa da armadilha de renegar aspectos inescapáveis da realidade externa ao âmbito cinematográfico, tratando de problemas sociais de forma lúcida e, por que não, sólida. Difícil não trazer à mente Ghost World, de Zwigoff (muito provavelmente uma influência para a diretora), ao falar de Lady Bird e da forma como o filme de Gerwig consegue entregar um interessante estudo de personagem ainda pautado em certas pré-definições estilísticas, mas consciente em sua abordagem de problemas familiares e até mais convincente que seu(s) predecessor(es) neste sentido. Ainda que não esteja necessariamente à altura de toda a glorificação midiática recente, Lady Bird é sim uma obra singela e humana que confirma as altas expectativas depositadas sobre sua realizadora, e, bem, por que não um dos mais deliciosos lançamentos de 2017?
Columbus
3.8 129Belíssimo questionamento do belo pelo belo, dos valores estéticos versus sentimento. Que grande estreia do diretor sul coreano, que logo de cara nos presenteia com uma obra bastante singela, pautada em uma visão de mundo muito sensível, mas ao mesmo tempo crítica e racional. Muito interessante a forma como se utiliza de todo um academicismo em seus meticulosos planos e o uso de cores sóbrias para contrastar com o teor melancólico da obra e, claro, o turbilhão de emoções latentes às suas personagens. John Cho não escapa muito de seus padrões restritos de atuação (e parece um tanto rígido em alguns momentos, é verdade), mas neste caso essas características encaixam-se como uma luva na atmosfera dicotômica da obra, além de oferecer um efetivo contraponto para a presença carismática da Haley Lu Richardson, aqui o centro emocional do filme, sempre precisamente bem explorada. Ao contrário de muitos virtuosos da nova geração, Kogonada deixa clara sua paixão e sensibilidade neste que pode ser um dos grandes filmes de 2017. Talvez seja um pouco cedo para projeções mais auspiciosas, mas é inegável que o sul coreano tem qualidades de sobra para nos encantar mais vezes daqui para a frente. Vamos aguardar e torcer por outros trabalhos encantadores como este.
Le Cinéma Dans L'Oeil de Magnum
4.2 1De encher os olhos e a alma. Prova de que cinema e fotografia são linguagens ainda mais próximas do que costumamos imaginar. Um documentário curto e objetivo que, em algumas ocasiões parece realmente pedir mais "tempo" para desenvolver algumas das interessantíssimas histórias que se propõe a contar, mas que invariavelmente conquista o coração cinéfilo alheio ao nos aproximar de cada uma dessas grandes personalidades, retratadas em momentos dos mais íntimos.
O Tango de Satã
4.3 139Depois de ler o livro, finalmente tomei coragem de assistir o filme! Já conhecendo o trabalho do Béla Tarr, não poderia começar a experiência sem imaginar o que iria encontrar aqui, mas o fato é que o húngaro nos dá mais uma prova da sua genialidade durante este que pode ser seu projeto mais ambicioso, e poderoso. É impressionante contemplar, de forma quase transcendental, a forma como Béla Tarr transforma esta história, que já era retratada de forma brilhante no maciço monobloco de Laszlo Krasznahorkai, de um livro de menos de 300 páginas para um monólito audiovisual de 7 horas de duração. Mais impressionante ainda é a forma como esse filme me absorveu completamente durante todo esse tempo - nesta que pode ser a maior experiência empírica que tive da relatividade do tempo, ao ser transportado pacientemente pela câmera do diretor, que viaja pelos cenários, captando o melhor da desolação e morbidez de seus personagens, sempre de forma detalhada, precisa e obscuramente bela, e, ao contrário do que muitos possam pensar, pouquíssimos destes muitos minutos pelos quais Tarr mantém o espectador envolto em seu mundo frio, chuvoso e sombrio parecem supérfluos ou desnecessários, de alguma forma.
Ao mesmo tempo que falar deste filme possa ser um "chover no molhado", simplesmente senti que precisava fazê-lo, visto que Béla Tarr, com sua meticulosa construção da obra, sua ambição e técnica fantasmagórica (a única, para mim, equiparável ao mestre Tarkovski), impacta demais. Satantango, com sua sugestão de epicidade, cobre um período de tempo relativamente curto, em que os indivíduos em cena vêm e vão, com o andar e a pressa de um passeio despreocupado de fim de tarde, ainda que o contexto seja muito mais cruel e pesaroso do que isto. Neste sentido, Satantango talvez seja uma das obras cinematográficas que mais próximo chega de quebrar a última barreira ilusória do cinema: o recorte temporal (ainda que sua estrutura complexa e dispersa possa indicar o contrário). E é aí que o próprio Béla Tarr mostra sua genialidade, mais uma vez, ao adaptar a obra literária de Krasznahorkai, oferecendo um caráter ainda mais intricado e rico à narrativa. Ao passo que Satantango pode certamente afastar muitos potenciais espectadores pelo seu tempo de duração, penso que deveria sim, aproximá-los, pois esta é, certamente, uma das experiências mais puramente místicas e envolventes da história do cinema.
Um Filme de Cinema
3.9 22Preciso ver isssoooooo
Ninguém tem um link mágico por aí, não? :(
O Homem-Urso
4.0 141 Assista AgoraHerzog dispunha de um material bruto incrível, é verdade, mas os méritos da beleza e da grande profundidade poética e filosófica deste documentário são seus. Um belíssimo estudo sobre a identidade humana e seu lugar na natureza.
Pi
3.8 768 Assista AgoraIncômodo, epilético e hipnotizante. Estrear com uma obra icônica como esta não é pra qualquer um, e o Aronofsky já deixava claro o seu talento para converter uma ideia promissora em um audiovisual marcante lá no fim dos anos 90, que tanto inspiraram a construção desse filme (quer coisa mais anos 90 que essa trilha sonora drum n' bass / acid-techno?). Muito fortuita sua escolha estética bastante primal e rústica, que tem tudo a ver com a proposta alucinada do enredo, e que remete diretamente à primeira fase do David Lynch, referenciando muito bem, inclusive, o clássico psicológico Eraserhead, que é uma das grandes influências para a realização do Pi, e consequentemente, um pivô para o estilo constantemente abordado pelo Aronofsky nos seus filmes posteriores. Não fosse o caminho 'fácil' que o enredo tomou lá no fim, esse poderia ser o seu trabalho mais sólido, mas mesmo com alguns percalços e alguns momentos menos poderosos, Pi pode facilmente ser considerado um clássico moderno, e uma estreia não menos impressionante.
O Sacrifício do Cervo Sagrado
3.7 1,2K Assista AgoraVem monstro
A Juventude
4.0 342Um dos grandes filmes da década até agora.
Para Sempre Lilya
4.2 868Pesado. Notei uma influência forte da estética do Lars Von Trier no trabalho do Lukas Moodyson, e vice-e-versa, em filmes subsequentes. Não chega a ser muita surpresa, visto que ambos têm boa parte da sua filmografia produzida pela Memfis Film, que parece ter abraçado com todas as forças as propostas provocativas de ambos os diretores (e mais alguns nomes do Dogma 95) ao longo dos anos. De qualquer forma, esse filme é um impactante panorama da vida precária após a dissolução da União Soviética, mostrando a extensão das dores causadas pela ausência de um suporte emocional e educativo durante a adolescência. Infelizmente este tipo de recorte não ficou limitado a uma pequena parcela da História da Humanidade. Vale muito a reflexão, apesar de ser um tema abordado de forma mais concisa em outros filmes.
Decasia
4.1 1Um estudo poderosíssimo a respeito do tempo e da obsolescência do passado. A união dos takes corroídos com a trilha sonora literalmente assombrosa gera um impacto tremendo no espectador, mais ou menos na mesma veia dos curtas do Tscherkassky. Certamente não é um filme pra todos, mas isso aqui é de um valor filosófico inestimável.
Não Me Abandone Jamais
3.8 2,1K Assista AgoraA fotografia é linda e a atmosfera é bem pesada, mas as simplificações no roteiro tiraram muito da complexidade original das personagens, e a história acaba sendo reduzida a apenas uma parcela do que foi, sem muitos dos questionamentos mais interessantes do livro. Boa atuação do Garfield.
Sem Sol
4.2 36Catártico. Filme pra ser visto, revisto, contemplado.
Samsara
4.6 125Ron Fricke monstro visionário, como sempre, mas o Baraka é melhor. Talvez o Samsara tenha alguns dos melhores takes que ele já gravou, mas naquele, as críticas são menos óbvias e o filme flui melhor, com uma poesia visual absurda. Sempre bom lembrar que aqui ele dispunha de tecnologia muito mais avançada do que quando filmou o Baraka vinte anos antes. Ainda assim, maravilhoso.
O Lamento
3.9 431 Assista AgoraUm dos melhores filmes de terror dos últimos... 10 anos. Inteligente, surpreendente e brutal, tudo ao mesmo tempo.
A Paixão de Joana d'Arc
4.5 229 Assista AgoraAssim como o filme não precisou de palavras para me arrebatar, fico sem palavras para falar da perfeição que é esta obra. Digo sem medo que este foi o ápice do cinema.
P.S.: A versão com a trilha sonora de Richard Einhorn é especialmente absurda.