3% é uma série brasileira de streaming que estreou na Netflix no dia 25 de novembro de 2016. Possui os gêneros de drama e ficção científica, com oito episódios de 40-50 minutos. Foi desenvolvida por Pedro Aguilera. Seus diretores são César Charlone, Daina Giannecchini, Dani Libardi e Jotagá Crema. Além de Pedro e Jotagá, o roteiro foi escrito por Cássio Koshikumo, Denis Nielsen, Ivan Nakamura. Estrelada por João Miguel e Bianca Comparato, o elenco é formado por Michel Gomes, Rodolfo Valente, Vaneza Oliveira, Rafael Lozano, Viviane Porto, Samuel de Assis, Cynthia Senek, Laila Garin, Bruno Fagundes e Thais Lago. A obra é a primeira produção brasileira original da Netflix e a segunda produzida na América Latina.
Dez emissoras de televisão negaram a proposta de exibição da série. Com isso os produtores decidiram publicar os três episódios pilotos no YouTube. Ela impressionou muita gente e atingiu cerca de 1 milhão de visualizações. A série foi regravada quando a Netflix assumiu o projeto. Foram gravadas na Arena Corinthians, escolhida por seu design luxuoso e futurista e nas periferias de São Paulo, como nos bairros Heliópolis, Vila Madalena, Parque da Juventude e Ocupação Cine Marrocos.
A série apresenta um mundo pós-apocalíptico. Em algum lugar do Brasil, a maior parte da população sobrevivente mora no Continente, um lugar miserável e decadente. Aos 20 anos de idade, todo jovem tem direito de participar do Processo. Ele é uma seleção que testa os limites dos participantes em provas físicas e psicológicas. Essa é a única chance de passar para o Maralto, onde tudo é abundante e há oportunidades de viver com dignidade. Mas apenas 3% dos candidatos são aprovados no Processo.
A obra aborda questões de divisão e exploração de uma classe social por outra, como a meritocracia, por exemplo. Os bons trabalhos na fotografia e figurino ajudam a série adotar uma linha bem crítica diante da abordagem. A trilha sonora também é interessante, e conta com dois grandes nomes da música brasileira: Elza Soares e Noel Rosa.
O ator João Miguel (Ezequiel) se destaca no meio de atuações medianas e fracas. A série fracassou nos efeitos especiais, principalmente nas partes mais instigantes da obra. O roteiro é mediano, possui momentos interessantes, mas se perde em algumas partes com diálogos previsíveis e dispensáveis. Precisava explorar mais a história do Maralto e Continente em vez de focar nos dramas pessoais de Ezequiel.
3% fica em aberto para uma possível segunda temporada. A série tem ótimo potencial, mas precisa rever alguns caminhos adotados no roteiro. Também precisa melhorar nas atuações e nos efeitos especiais. Não está no nível de grandes séries da Netflix, mas mesmo assim vale assistir. É uma obra ousada e diferente do que a indústria brasileira oferece.
Que Horas Ela Volta? é um filme de drama e comédia que estreou nos cinemas brasileiros em 27 de agosto de 2015. O longa-metragem de 114 minutos foi dirigido e escrito por Anna Muylaert. A produção ficou por conta de Fabiano Gullane, Caio Gullane e Débora Ivanov. Barbara Na fotografia e montagem foram feitas por Barbara Alvarez e Karen Harley, respectivamente. Estrelado por Regina Casé, o elenco é formado por Camila Márdila, Michel Joelsas, Karine Teles, Lourenço Mutarelli, Helena Albergaria, Luis Miranda e Theo Werneck.
Premiado no Festival Sundance (prêmio especial do júri para Regina Casé e Camila Márdila) e no Festival de Berlim (prêmio do público), a trama aborda os conflitos que acontecem entre uma empregada doméstica oriunda do nordeste do e seus patrões de classe alta, criticando as desigualdades da sociedade brasileira. A empregada se chama Val (Regina Casé), que deixa para trás sua filha, Jéssica (Camila Márdila), com o avô, em Pernambuco, para ganhar a vida na capital paulista. Chegando em São Paulo, ela consegue o emprego como babá e depois de empregada doméstica numa casa de família de classe alta onde ela cuida do filho de seus patrões, Fabinho (Michel Joelsas).
A direção de Anna Muylaert exalta a figura da mulher, já que as principais personagens são femininas. Por trás das lentes a presença delas também é forte, além de Anna dirigir e escrever o roteiro, a obra conta com mulheres ocupando a maioria dos cargos gerenciais do filme, opondo a realidade brasileira. No decorrer do longa, as personagens femininas são fortes e tem muito a dizer, diferente dos homens, mostrando insegurança e fraquezas.
Outro ponto alto da obra é o roteiro, que evidencia as diferenças sociais de forma gritante. Algumas situações mostra nitidamente a herança da casa grande e senzala na relação entre empregado e patrão. Regina Casé tem uma interpretação de tirar o folego. Sua figura popular junto com o talento da artista ajuda a fazer de Val uma personagem marcante. Camila Márdila também se destaca, mostrando ser uma atriz com boa capacidade de improvisação, que foi muito bem treinado com todo o elenco.
Que Horas Ela Volta? é um excelente filme. Aborda de forma impecável a realidade brasileira. Escancara nossos preconceitos e desigualdades. Além disso, mostra as heranças deixadas por mais de 300 anos de escravidão.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é um filme de drama e romance lançado nos cinemas brasileiros no dia 10 de abril de 2014. O longa-metragem de 96 minutos é dirigido, produzido e roteirizado por Daniel Ribeiro. A obra é baseada no curta Eu Não Quero Voltar Sozinho. O elenco de ambos é o mesmo, estrelado por Guilherme Lobo, Fabio Audi, Tess Amorim, Eucir de Souza, Selma Egrei, Júlio Machado, Victor Filgueiras, Isabela Guas.
Em fevereiro de 2014, o filme foi vencedor do prêmio Fipresci, concedido pela Federação Internacional de Críticos de Cinema. No mesmo ano, foi escolhido pelo Ministério da Cultura entre 18 longas brasileiros, para representar o Brasil na competição de Oscar de melhor filme estrangeiro da edição de 2015. A obra é sobre a descoberta da sexual entre dois adolescentes: Leonardo (Ghilherme Lobo), um garoto cego, e Gabriel (Fabio Audi), recém-chegado na mesma escola.
O filme explora além da descoberta da sexualidade. Mostra a vida de um adolescente cego. Sua relação com a família e amigos. Seus problemas, dúvidas e sonhos. E o telespectador consegue sentir as emoções e perceber o amadurecimento do protagonista no decorrer da obra justamente pelo ótimo roteiro de Daniel Ribeiro, que escreve uma história leve e doce.
A ingenuidade da descoberta do amor entre dos garotos é tão grande que acabamos esquecendo-se da dificuldade e o preconceito sofrido pelas pessoas LGBT+. O roteiro também se destaca pela sensibilidade aplicada em certos momentos da obra, compartilhando com o público a existência sensorial de Leonardo.
Outro ponto alto são as ótimas atuações do elenco. Destaque Ghilherme e Fabio. Ambos expressam com muita eficiência os sentimentos em diversas partes na obra. A sintonia dos jovens atores é enorme, mostrando-se promissores talentos do cinema brasileiro.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é um filme leve sobre amor e a doce juventude. Uma obra para quebrar qualquer tipo de preconceito. Daniel Ribeiro imprime inteligente roteiro que ganha ótimas interpretações. E como cantava Renato Russo “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”.
Ponte Aérea é um filme de drama e romance lançado nos cinemas brasileiros em 26 de março de 2015. O longa-metragem de 108 minutos teve direção de Júlia Rezende e Paulo Eduardo. Além de Júlia, o roteiro ficou por conta de L.G. Bayão. Estrelado por Caio Blat e Letícia Colin, o elenco é formado por Felipe Camargo, Emilio de Mello e Cristina Flores.
Inspirada pelo livro Amor Líquido, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o filme é sobre duas pessoas que se conhecem em um hotel durante a mudança na rota do voo. Bruno (Caio Blat) mora no Rio e Amanda (Leticia Colin) em São Paulo. Com diferenças culturais mais a distância de 432 quilômetros, o casal tem dificuldades se encontrar na questão física e emocional.
O roteiro de Rezende e Bayão define bem os personagens. Logo no começo percebemos a diferenças culturais, mostrando a rotina e os problemas dos protagonistas. Caio e Letícia se destacam pela ótima interpretação, fazendo o casal ter uma forte sintonia, que chega ao ponto do telespectador torcer pelo romance do carioca com a paulista.
Outra boa sacada é a utilização do celular no filme. Mostra como ele interfere na vida do casal. Ao mesmo tempo que desconcentra o trabalho deles, também mantém eles conectados. A obra tem boas cenas de humor, fazendo o longa de desdobrar com leveza.
A fotografia recebe ótimo trabalho de Dante Belluti. Ele tem boa saca ao usar luzes artificiais para filmar em São Paulo em contraste com o aproveitamento da luz natural no Rio de Janeiro. Evidenciando cada vez mais as diferenças culturais de cidade e seus moradores. As locações da casa de cada personagem também ajudam a compor a personalidade de Bruno e Amanda.
Ponte Aérea é um ótimo filme que explora bem a conexão e as diferenças das duas maiores cidades do Brasil. Recebe boas interpretações, possui roteiro inteligente acompanhado de uma interessante fotografia. E a obra fica mais atrativa por ser inspirada na boa leitura Amor Líquido, de Zygmunt Bauman. Recomendo!
Bingo: O Rei das Manhãs é uma comédia dramática, lançado no dia 24 de agosto de 2017. O longa-metragem de 113 minutos teve roteiro de Luiz Bolognese, que foi inspirado no período da vida de Arlindo Barreto. Ele foi um dos atores que interpretaram o palhaço Bozo. A direção ficou por conta do estreante Daniel Rezende, fotografia por Lula Carvalho e direção de arte de Cassio Amarante. A obra é estralada por Vladimir Brichta, Leandra Leal, Emanuelle Araújo, Raul Barreto, Pedro Bial, Ricardo Ciciliano, Soren Hellerup, Augusto Madeira, Cauã Martins, Domingos Montagner, Tainá Müller, Fernando Sampaio e Ana Lúcia Torre.
A elaboração da ideia inicial foi pensada por Dan Klabin durante a leitura de um artigo da Revista Piauí. A matéria se tratava sobre o conflito de Arlindo Barreto com seu filho. Klabin convidou Daniel, que tinha trabalhos no meio cinematográfico apenas como montador, para a direção. Ambos apostaram nessa história com o objetivo de contar um recorte dela, sobre o ator que encarnou o palhaço ídolo dos anos 1980. O roteiro de Luiz Bolognesi mudou algumas coisas por questões de direitos autorais, como Arlindo Barreto para Augusto Mendes e Bozo pra Bingo. Ainda troca Xuxa por Lulu, SBT por TVP, e Rede Globo por Mundial.
O filme retrata a história de Augusto Mendes. Ele sonha ser um ator de sucesso na televisão. É divorciado e pai de uma criança. Trabalha fazendo pornochanchadas e pequenas participações em novelas. Devido uma promessa ao filho, busca sair do mercado pornô e fazer sucesso trabalhando com as crianças. O problema é que o público não pode saber sua identidade. Anônimo, ele entra em crises pessoais, como problemas com o filho e no ambiente de trabalho.
A trajetória de Augusto (Vladimir Brichta) foi bem trabalhada no ótimo roteiro de Luiz Bolognesi. Mesmo com várias mudanças, ele mantém toda atmosfera da televisão brasileira na década de 80. Daniel se saiu muito bem no seu primeiro filme como diretor. Conseguiu equilibrar bem o drama com a comédia. Além disso, explorou os bastidores da tevê, conflitos amoroso, pessoais e familiares do protagonista. A direção de arte de Cassio Amarante foi cativante e nostálgica, fazendo o público vivenciar os anos 80. A fotografia de Lula Carvalho também se destacou pela composição de luz para cenas noturnas, o ambiente de gravação com várias camadas de cor, luz e sombra.
O grande destaque vai para Vladimir Brichta. Fez uma atuação fantástica, mostrando um repertório em estágios diferentes e nas diversas emoções expressadas ao longo da obra. Talvez esse tenha sido o melhor trabalho da carreira do ator. As atrizes Leandra Leal e Emanuelle Araújo também foram ótimas, como de costume.
Alguns detalhes na introdução do filme mereciam uma melhor organização textual. Mas nada que tirasse a qualidade do longa. Daniel Rezende conseguiu estrear com uma excelente obra. Vladimir entra para a história do cinema nacional com atuação fantástica. E Bingo se torna um dos melhores personagens do cinema brasileiro. Bozo deve estar muito feliz com os 113 minutos de nostalgia, risadas e emoção.
Aquarius é um filme franco-brasileiro de drama e suspense lançado nos cinemas nacionais no dia 1° de agosto de 2016. O filme participou da 69° edição do Festival de Cannes, no qual concorreu à Palma de Ouro. Ele teve amplo debate na mídia pelo protesto feito por sua equipe no tapete vermelho de Cannes. O ato era contra o processo de impeachment da então presidenta Dilma Roysseff. O longa-metragem de 142 minutos é estrelado pela grande Sônia Braga.
Kleber Mendonça escreveu o roteiro e dirigiu o filme. A produção contou com Emilie Lesclaux, Saíd Bem Said e Michel Merkt. Foi coproduzido por Walter Salles. Além de Sônia, o elenco é composto por Julia Bernat, Humberto Carrão, Barbara Colen, Paula De Renor, Maeve Jinkings, Fábio Leal, Buda Lira, Thaia Perez, Daniel Porpino, Pedro Queiroz, Carla Ribas, Irandhir Santos, Rubens Santos, Fernando Teixeira.
A obra foi gravada em vários bairros de Recife, entre eles Boa Viagem, Santo Antônio, Casa Forte, Campo Grande, Pina, Setúbal, Brasília Teimosa e na Praia dos Carneiros, a 80 quilômetros da cidade. Cenas foram gravadas no Restaurante Leite, no Clube das Pás, na Livraria da Praça de Casa Forte, no Cemitério de Santo Amaro e no Edifício Oceania, que serviu como locação principal para as filmagens. O longa foi inspirado no Edifício Caiçara, erguido na década de 1930 e parcialmente demolido, em 2013. Os planos iniciais eram que ele fosse gravado no próprio Caiçara, mas a demolição deste acabou impossibilitando a equipe de realizar as filmagens na locação. Com isso, as cenas tiveram que ser rodadas no Edifício Oceania, um prédio vizinho e com características bem parecidas com as do Caiçara.
O enredo gira em torno de Clara (Sônia). Ela é viúva e tem 65 anos. Também é a última moradora do edifício que dá título à obra. Durante o longa, acompanhamos a rotina da protagonista, sua relação com seus amigos e familiares, e a investida de uma construtora que pretende comprar o edifício a todo custo para construir um prédio moderno. A obra aborda assuntos como especulação imobiliária, passagem do tempo e memórias. Também é discutido sobre a vida e sexualidade de uma mulher na terceira idade.
Pernambucano, Kleber faz um belo trabalho. Seu roteiro atribuiu bem à realidade. A trilha sonora também é ótima, indo de Queen a Gilberto Gil. Além de crítico, contou com ótimas atuações. Destaque para maravilhosa interpretação de Sônia Braga e Humberto Carrão. A obra transita com forte humanismo, movendo cada personagem agir conforme seus desejos e paixões. Também mostra a relação não tão harmoniosa entre público e privado, e discussões da memória familiar e urbana x modernização das cidades.
Exageraram um pouco na utilização do zoom da câmera. Poderiam ter aproveitado melhor os planos. Mas são detalhes que não atrapalham a qualidade da obra. A humanização de Aquarius e a forte crítica são pontos fortes ao lado da trilha sonora, roteiro e ótimas atuações, principalmente da magnífica Sônia Braga.
O Filme da Minha vida é uma obra de drama e romance, lançado nos cinemas brasileiros no dia três de agosto de 2017. O longa-metragem de 113 minutos é baseado no livro Um Pai de Cinema (Un Padre de Película, 2010) do escritor chileno Antonio Skármeta. A direção é feita por Selton Mello, que também interpreta o coadjuvante Paco. A produção contou com Vânia Catani, Leonardo Eddeo e Laise Nascimento, e a edição com Marcio Hashimoto. Participaram do roteiro de Selton Mello e Marcelo Vandicatto. A direção de arte ficou por conta de Claudio Amaral Peixoto, e a cinematografia do experiente Walter Carvalho.
A obra foi gravada na Serra Gaúcha, nas cidades de Bento Gonçalves, Cotiporã, Farroupilha, Garibaldi, Monte Belo do Sul, Santa Tereza e Veranópolis. Além de Selton Mello (Paco), o elenco é formado por Johnny Massaro (Tony Terranova), Bruna Linzmeyer (Luna Madeira), Vincent Cassel (Nicolas Terranova), Bia Arantes (Petra Madeira), Ondina Clais Castilho (Sofia Terranova), Rolando Boldrin (Giuseppe), Antonio Skármeta (Esteban Coppeta), Érika Januza (Tita), Martha Nowill (Carmélia), João Pedro Prates (Augusto Madeira), Miwa Yanagizawa (Brigite) e Gabriel Reginato (Tony Terranova - criança). O filme se passa em 1963 e é sobre um jovem que precisa lidar com a ausência do pai. Ele foi embora sem avisar e nunca deu notícias. Até que a verdade sobre seu pai começa a vir à tona, obrigando a seguir um novo rumo em sua vida.
Esse jovem é o protagonista Tony Terranova (Johnny Massaro). Tony é um personagem marcante pelo ótimo roteiro de Selton Mello e Marcelo Vandicatto, e também pela boa interpretação de Johnny. Logo no começo da película, o telespectador consegue sentir sua angústia, dúvidas, desejos, impulsos e diversos sentimentos. Também conseguimos compreender de forma bem natural o seu amadurecimento durante a jornada.
O roteiro também é relevante nas poucas partes cômicas da obra. Tais eventos descontraem a forte dramatização. Destaque para cenas engraçadas envolvendo os personagens Paco (Selton Mello) e Augusto Madeira (João Pedro Prates). Merecia mais desenvolvimento a personagem Sofia Terranova, mãe do protagonista. Ela recebeu boa interpretação de Ondina Clais Castilho. Esse foi o único ponto fraco do filme. Nicolas Terranova, pai de Tony, também recebeu boa interpretação do ator francês Vicent Cassel. No geral, os artistas tiveram boas atuações.
Além do ótimo roteiro, o filme se destaca pelo excelente trabalho de Walter Carvalho. A fotografia é sensacional do começo ao fim. Destaque também para o ótimo trabalho de edição de Marcio Hashimoto. A trilha sonora conta com boa orquestração de Plínio Profeta e na escolha certeira das canções licenciadas de Gustavo Montenegro. Todos esses fatores fizeram o telespectador vivenciar a época do filme.
O Filme da Minha vida é um dos melhores dramas que assisti ultimamente. A obra é linda e cativante. As boas pitadas de humor ajudam no decorrer da obra. E mais uma vez saio do cinema com forte intuição de prestigiar os trabalhos de Selton Mello e Walter Carvalho.
Motorrad: A Trilha da Morte é um filme de suspense e terror, lançado nos cinemas brasileiros no dia um de março de 2018. O longa-metragem de 91 minutos foi dirigido por Vicente de Amorim, roteirizado e produzido por LG Tubaldini Jr e André Skaf. A arte ficou por conta de Danilo Beyruth, premiado quadrinista brasileiro e colaborador da editora Marvel.
Filmado na cidade de Passos, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, o elenco é formado por por Guilherme Prates (Hugo), Carla Salle (Paula), Emilio Dantas (Ricardo), Pablo Sanábio (Tomás), Juliana Lohmann (Bia), Rodrigo Vidigal (Rafa), Alex Nader (Maurício), e Jayme del Cueto (Dona da Loja). A ideia do filme é sobre um grupo de motoqueiros em uma trilha sendo atacados por outro grupo de motoqueiros.
O argumento do filme é atrativo por natureza. Pois é diferente dos filmes produzidos no Brasil, maioria composta por comédias e dramas. Mas Vicente, Tubaldini e André não acertam no suspense e no terror.
A obra é rodeada por mistérios aleatórios e uma conclusão em aberto com a intenção de fazer o público pensar. Porém os mistérios não fazem sentido. Por isso não se consegue pensar em nada. A falta de sentido mostra a falha na linguagem adotada, pois rompe a conexão do telespectador com o filme.
A falta de sentido funciona na questão dos motoqueiros macabros. Eles são irreconhecíveis e amedrontam por serem imprevisíveis. Possuem um estilo atarante, parecem que saíram dos quadrinhos. Existe uma psicopatia interessante numa espécie de ritual quando algum deles é derrotado: todos os outros se reúnem e se posicionam em frente ao corpo.
Hugo (Guilherme Prates) é o protagonista da história. Ele e seus companheiros estão numa aventura que não passa adrenalina e medo. Por isso a produção exagera no jump scare (técnica utilizada em filmes de terror para assustar o público, com mudança abrupta de imagem junto com som alto e assustador). A fotografia também deixa a desejar ao levar o sépio atmosférico para um acinzentado áspero sem justificativa, contribuindo para a falta de sentido da obra.
Paula (Carla Salle) é adjuvante. A personagem não deveria ser passiva, pois em tese é uma das forças centrais da obra. Sua interpretação é indiferente, mas se destaca pela fraca atuação do elenco, que é prejudicado por diálogos monossilábicos.
A ideia do filme é boa, diferente da execução. Mas vale a pena por ser uma obra de terror e suspense entre dezenas de comédias e dramas na indústria cinematográfica nacional. O cinema brasileiro precisa de mais iniciativas como a do Vicente. Com isso, a evolução será uma questão de tempo.
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3% (1ª Temporada)
3.6 772 Assista Agora3% é uma série brasileira de streaming que estreou na Netflix no dia 25 de novembro de 2016. Possui os gêneros de drama e ficção científica, com oito episódios de 40-50 minutos. Foi desenvolvida por Pedro Aguilera. Seus diretores são César Charlone, Daina Giannecchini, Dani Libardi e Jotagá Crema. Além de Pedro e Jotagá, o roteiro foi escrito por Cássio Koshikumo, Denis Nielsen, Ivan Nakamura. Estrelada por João Miguel e Bianca Comparato, o elenco é formado por Michel Gomes, Rodolfo Valente, Vaneza Oliveira, Rafael Lozano, Viviane Porto, Samuel de Assis, Cynthia Senek, Laila Garin, Bruno Fagundes e Thais Lago. A obra é a primeira produção brasileira original da Netflix e a segunda produzida na América Latina.
Dez emissoras de televisão negaram a proposta de exibição da série. Com isso os produtores decidiram publicar os três episódios pilotos no YouTube. Ela impressionou muita gente e atingiu cerca de 1 milhão de visualizações. A série foi regravada quando a Netflix assumiu o projeto. Foram gravadas na Arena Corinthians, escolhida por seu design luxuoso e futurista e nas periferias de São Paulo, como nos bairros Heliópolis, Vila Madalena, Parque da Juventude e Ocupação Cine Marrocos.
A série apresenta um mundo pós-apocalíptico. Em algum lugar do Brasil, a maior parte da população sobrevivente mora no Continente, um lugar miserável e decadente. Aos 20 anos de idade, todo jovem tem direito de participar do Processo. Ele é uma seleção que testa os limites dos participantes em provas físicas e psicológicas. Essa é a única chance de passar para o Maralto, onde tudo é abundante e há oportunidades de viver com dignidade. Mas apenas 3% dos candidatos são aprovados no Processo.
A obra aborda questões de divisão e exploração de uma classe social por outra, como a meritocracia, por exemplo. Os bons trabalhos na fotografia e figurino ajudam a série adotar uma linha bem crítica diante da abordagem. A trilha sonora também é interessante, e conta com dois grandes nomes da música brasileira: Elza Soares e Noel Rosa.
O ator João Miguel (Ezequiel) se destaca no meio de atuações medianas e fracas. A série fracassou nos efeitos especiais, principalmente nas partes mais instigantes da obra. O roteiro é mediano, possui momentos interessantes, mas se perde em algumas partes com diálogos previsíveis e dispensáveis. Precisava explorar mais a história do Maralto e Continente em vez de focar nos dramas pessoais de Ezequiel.
3% fica em aberto para uma possível segunda temporada. A série tem ótimo potencial, mas precisa rever alguns caminhos adotados no roteiro. Também precisa melhorar nas atuações e nos efeitos especiais. Não está no nível de grandes séries da Netflix, mas mesmo assim vale assistir. É uma obra ousada e diferente do que a indústria brasileira oferece.
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraQue Horas Ela Volta? é um filme de drama e comédia que estreou nos cinemas brasileiros em 27 de agosto de 2015. O longa-metragem de 114 minutos foi dirigido e escrito por Anna Muylaert. A produção ficou por conta de Fabiano Gullane, Caio Gullane e Débora Ivanov. Barbara Na fotografia e montagem foram feitas por Barbara Alvarez e Karen Harley, respectivamente. Estrelado por Regina Casé, o elenco é formado por Camila Márdila, Michel Joelsas, Karine Teles, Lourenço Mutarelli, Helena Albergaria, Luis Miranda e Theo Werneck.
Premiado no Festival Sundance (prêmio especial do júri para Regina Casé e Camila Márdila) e no Festival de Berlim (prêmio do público), a trama aborda os conflitos que acontecem entre uma empregada doméstica oriunda do nordeste do e seus patrões de classe alta, criticando as desigualdades da sociedade brasileira. A empregada se chama Val (Regina Casé), que deixa para trás sua filha, Jéssica (Camila Márdila), com o avô, em Pernambuco, para ganhar a vida na capital paulista. Chegando em São Paulo, ela consegue o emprego como babá e depois de empregada doméstica numa casa de família de classe alta onde ela cuida do filho de seus patrões, Fabinho (Michel Joelsas).
A direção de Anna Muylaert exalta a figura da mulher, já que as principais personagens são femininas. Por trás das lentes a presença delas também é forte, além de Anna dirigir e escrever o roteiro, a obra conta com mulheres ocupando a maioria dos cargos gerenciais do filme, opondo a realidade brasileira. No decorrer do longa, as personagens femininas são fortes e tem muito a dizer, diferente dos homens, mostrando insegurança e fraquezas.
Outro ponto alto da obra é o roteiro, que evidencia as diferenças sociais de forma gritante. Algumas situações mostra nitidamente a herança da casa grande e senzala na relação entre empregado e patrão. Regina Casé tem uma interpretação de tirar o folego. Sua figura popular junto com o talento da artista ajuda a fazer de Val uma personagem marcante. Camila Márdila também se destaca, mostrando ser uma atriz com boa capacidade de improvisação, que foi muito bem treinado com todo o elenco.
Que Horas Ela Volta? é um excelente filme. Aborda de forma impecável a realidade brasileira. Escancara nossos preconceitos e desigualdades. Além disso, mostra as heranças deixadas por mais de 300 anos de escravidão.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
4.1 3,2K Assista AgoraHoje Eu Quero Voltar Sozinho é um filme de drama e romance lançado nos cinemas brasileiros no dia 10 de abril de 2014. O longa-metragem de 96 minutos é dirigido, produzido e roteirizado por Daniel Ribeiro. A obra é baseada no curta Eu Não Quero Voltar Sozinho. O elenco de ambos é o mesmo, estrelado por Guilherme Lobo, Fabio Audi, Tess Amorim, Eucir de Souza, Selma Egrei, Júlio Machado, Victor Filgueiras, Isabela Guas.
Em fevereiro de 2014, o filme foi vencedor do prêmio Fipresci, concedido pela Federação Internacional de Críticos de Cinema. No mesmo ano, foi escolhido pelo Ministério da Cultura entre 18 longas brasileiros, para representar o Brasil na competição de Oscar de melhor filme estrangeiro da edição de 2015. A obra é sobre a descoberta da sexual entre dois adolescentes: Leonardo (Ghilherme Lobo), um garoto cego, e Gabriel (Fabio Audi), recém-chegado na mesma escola.
O filme explora além da descoberta da sexualidade. Mostra a vida de um adolescente cego. Sua relação com a família e amigos. Seus problemas, dúvidas e sonhos. E o telespectador consegue sentir as emoções e perceber o amadurecimento do protagonista no decorrer da obra justamente pelo ótimo roteiro de Daniel Ribeiro, que escreve uma história leve e doce.
A ingenuidade da descoberta do amor entre dos garotos é tão grande que acabamos esquecendo-se da dificuldade e o preconceito sofrido pelas pessoas LGBT+. O roteiro também se destaca pela sensibilidade aplicada em certos momentos da obra, compartilhando com o público a existência sensorial de Leonardo.
Outro ponto alto são as ótimas atuações do elenco. Destaque Ghilherme e Fabio. Ambos expressam com muita eficiência os sentimentos em diversas partes na obra. A sintonia dos jovens atores é enorme, mostrando-se promissores talentos do cinema brasileiro.
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho é um filme leve sobre amor e a doce juventude. Uma obra para quebrar qualquer tipo de preconceito. Daniel Ribeiro imprime inteligente roteiro que ganha ótimas interpretações. E como cantava Renato Russo “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”.
Ponte Aérea
3.5 401 Assista AgoraPonte Aérea é um filme de drama e romance lançado nos cinemas brasileiros em 26 de março de 2015. O longa-metragem de 108 minutos teve direção de Júlia Rezende e Paulo Eduardo. Além de Júlia, o roteiro ficou por conta de L.G. Bayão. Estrelado por Caio Blat e Letícia Colin, o elenco é formado por Felipe Camargo, Emilio de Mello e Cristina Flores.
Inspirada pelo livro Amor Líquido, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o filme é sobre duas pessoas que se conhecem em um hotel durante a mudança na rota do voo. Bruno (Caio Blat) mora no Rio e Amanda (Leticia Colin) em São Paulo. Com diferenças culturais mais a distância de 432 quilômetros, o casal tem dificuldades se encontrar na questão física e emocional.
O roteiro de Rezende e Bayão define bem os personagens. Logo no começo percebemos a diferenças culturais, mostrando a rotina e os problemas dos protagonistas. Caio e Letícia se destacam pela ótima interpretação, fazendo o casal ter uma forte sintonia, que chega ao ponto do telespectador torcer pelo romance do carioca com a paulista.
Outra boa sacada é a utilização do celular no filme. Mostra como ele interfere na vida do casal. Ao mesmo tempo que desconcentra o trabalho deles, também mantém eles conectados. A obra tem boas cenas de humor, fazendo o longa de desdobrar com leveza.
A fotografia recebe ótimo trabalho de Dante Belluti. Ele tem boa saca ao usar luzes artificiais para filmar em São Paulo em contraste com o aproveitamento da luz natural no Rio de Janeiro. Evidenciando cada vez mais as diferenças culturais de cidade e seus moradores. As locações da casa de cada personagem também ajudam a compor a personalidade de Bruno e Amanda.
Ponte Aérea é um ótimo filme que explora bem a conexão e as diferenças das duas maiores cidades do Brasil. Recebe boas interpretações, possui roteiro inteligente acompanhado de uma interessante fotografia. E a obra fica mais atrativa por ser inspirada na boa leitura Amor Líquido, de Zygmunt Bauman. Recomendo!
Bingo - O Rei das Manhãs
4.1 1,1K Assista AgoraBingo: O Rei das Manhãs é uma comédia dramática, lançado no dia 24 de agosto de 2017. O longa-metragem de 113 minutos teve roteiro de Luiz Bolognese, que foi inspirado no período da vida de Arlindo Barreto. Ele foi um dos atores que interpretaram o palhaço Bozo. A direção ficou por conta do estreante Daniel Rezende, fotografia por Lula Carvalho e direção de arte de Cassio Amarante. A obra é estralada por Vladimir Brichta, Leandra Leal, Emanuelle Araújo, Raul Barreto, Pedro Bial, Ricardo Ciciliano, Soren Hellerup, Augusto Madeira, Cauã Martins, Domingos Montagner, Tainá Müller, Fernando Sampaio e Ana Lúcia Torre.
A elaboração da ideia inicial foi pensada por Dan Klabin durante a leitura de um artigo da Revista Piauí. A matéria se tratava sobre o conflito de Arlindo Barreto com seu filho. Klabin convidou Daniel, que tinha trabalhos no meio cinematográfico apenas como montador, para a direção. Ambos apostaram nessa história com o objetivo de contar um recorte dela, sobre o ator que encarnou o palhaço ídolo dos anos 1980. O roteiro de Luiz Bolognesi mudou algumas coisas por questões de direitos autorais, como Arlindo Barreto para Augusto Mendes e Bozo pra Bingo. Ainda troca Xuxa por Lulu, SBT por TVP, e Rede Globo por Mundial.
O filme retrata a história de Augusto Mendes. Ele sonha ser um ator de sucesso na televisão. É divorciado e pai de uma criança. Trabalha fazendo pornochanchadas e pequenas participações em novelas. Devido uma promessa ao filho, busca sair do mercado pornô e fazer sucesso trabalhando com as crianças. O problema é que o público não pode saber sua identidade. Anônimo, ele entra em crises pessoais, como problemas com o filho e no ambiente de trabalho.
A trajetória de Augusto (Vladimir Brichta) foi bem trabalhada no ótimo roteiro de Luiz Bolognesi. Mesmo com várias mudanças, ele mantém toda atmosfera da televisão brasileira na década de 80. Daniel se saiu muito bem no seu primeiro filme como diretor. Conseguiu equilibrar bem o drama com a comédia. Além disso, explorou os bastidores da tevê, conflitos amoroso, pessoais e familiares do protagonista. A direção de arte de Cassio Amarante foi cativante e nostálgica, fazendo o público vivenciar os anos 80. A fotografia de Lula Carvalho também se destacou pela composição de luz para cenas noturnas, o ambiente de gravação com várias camadas de cor, luz e sombra.
O grande destaque vai para Vladimir Brichta. Fez uma atuação fantástica, mostrando um repertório em estágios diferentes e nas diversas emoções expressadas ao longo da obra. Talvez esse tenha sido o melhor trabalho da carreira do ator. As atrizes Leandra Leal e Emanuelle Araújo também foram ótimas, como de costume.
Alguns detalhes na introdução do filme mereciam uma melhor organização textual. Mas nada que tirasse a qualidade do longa. Daniel Rezende conseguiu estrear com uma excelente obra. Vladimir entra para a história do cinema nacional com atuação fantástica. E Bingo se torna um dos melhores personagens do cinema brasileiro. Bozo deve estar muito feliz com os 113 minutos de nostalgia, risadas e emoção.
Aquarius
4.2 1,9K Assista AgoraAquarius é um filme franco-brasileiro de drama e suspense lançado nos cinemas nacionais no dia 1° de agosto de 2016. O filme participou da 69° edição do Festival de Cannes, no qual concorreu à Palma de Ouro. Ele teve amplo debate na mídia pelo protesto feito por sua equipe no tapete vermelho de Cannes. O ato era contra o processo de impeachment da então presidenta Dilma Roysseff. O longa-metragem de 142 minutos é estrelado pela grande Sônia Braga.
Kleber Mendonça escreveu o roteiro e dirigiu o filme. A produção contou com Emilie Lesclaux, Saíd Bem Said e Michel Merkt. Foi coproduzido por Walter Salles. Além de Sônia, o elenco é composto por Julia Bernat, Humberto Carrão, Barbara Colen, Paula De Renor, Maeve Jinkings, Fábio Leal, Buda Lira, Thaia Perez, Daniel Porpino, Pedro Queiroz, Carla Ribas, Irandhir Santos, Rubens Santos, Fernando Teixeira.
A obra foi gravada em vários bairros de Recife, entre eles Boa Viagem, Santo Antônio, Casa Forte, Campo Grande, Pina, Setúbal, Brasília Teimosa e na Praia dos Carneiros, a 80 quilômetros da cidade. Cenas foram gravadas no Restaurante Leite, no Clube das Pás, na Livraria da Praça de Casa Forte, no Cemitério de Santo Amaro e no Edifício Oceania, que serviu como locação principal para as filmagens. O longa foi inspirado no Edifício Caiçara, erguido na década de 1930 e parcialmente demolido, em 2013. Os planos iniciais eram que ele fosse gravado no próprio Caiçara, mas a demolição deste acabou impossibilitando a equipe de realizar as filmagens na locação. Com isso, as cenas tiveram que ser rodadas no Edifício Oceania, um prédio vizinho e com características bem parecidas com as do Caiçara.
O enredo gira em torno de Clara (Sônia). Ela é viúva e tem 65 anos. Também é a última moradora do edifício que dá título à obra. Durante o longa, acompanhamos a rotina da protagonista, sua relação com seus amigos e familiares, e a investida de uma construtora que pretende comprar o edifício a todo custo para construir um prédio moderno. A obra aborda assuntos como especulação imobiliária, passagem do tempo e memórias. Também é discutido sobre a vida e sexualidade de uma mulher na terceira idade.
Pernambucano, Kleber faz um belo trabalho. Seu roteiro atribuiu bem à realidade. A trilha sonora também é ótima, indo de Queen a Gilberto Gil. Além de crítico, contou com ótimas atuações. Destaque para maravilhosa interpretação de Sônia Braga e Humberto Carrão. A obra transita com forte humanismo, movendo cada personagem agir conforme seus desejos e paixões. Também mostra a relação não tão harmoniosa entre público e privado, e discussões da memória familiar e urbana x modernização das cidades.
Exageraram um pouco na utilização do zoom da câmera. Poderiam ter aproveitado melhor os planos. Mas são detalhes que não atrapalham a qualidade da obra. A humanização de Aquarius e a forte crítica são pontos fortes ao lado da trilha sonora, roteiro e ótimas atuações, principalmente da magnífica Sônia Braga.
O Filme da Minha Vida
3.6 500 Assista AgoraO Filme da Minha vida é uma obra de drama e romance, lançado nos cinemas brasileiros no dia três de agosto de 2017. O longa-metragem de 113 minutos é baseado no livro Um Pai de Cinema (Un Padre de Película, 2010) do escritor chileno Antonio Skármeta. A direção é feita por Selton Mello, que também interpreta o coadjuvante Paco. A produção contou com Vânia Catani, Leonardo Eddeo e Laise Nascimento, e a edição com Marcio Hashimoto. Participaram do roteiro de Selton Mello e Marcelo Vandicatto. A direção de arte ficou por conta de Claudio Amaral Peixoto, e a cinematografia do experiente Walter Carvalho.
A obra foi gravada na Serra Gaúcha, nas cidades de Bento Gonçalves, Cotiporã, Farroupilha, Garibaldi, Monte Belo do Sul, Santa Tereza e Veranópolis. Além de Selton Mello (Paco), o elenco é formado por Johnny Massaro (Tony Terranova), Bruna Linzmeyer (Luna Madeira), Vincent Cassel (Nicolas Terranova), Bia Arantes (Petra Madeira), Ondina Clais Castilho (Sofia Terranova), Rolando Boldrin (Giuseppe), Antonio Skármeta (Esteban Coppeta), Érika Januza (Tita), Martha Nowill (Carmélia), João Pedro Prates (Augusto Madeira), Miwa Yanagizawa (Brigite) e Gabriel Reginato (Tony Terranova - criança). O filme se passa em 1963 e é sobre um jovem que precisa lidar com a ausência do pai. Ele foi embora sem avisar e nunca deu notícias. Até que a verdade sobre seu pai começa a vir à tona, obrigando a seguir um novo rumo em sua vida.
Esse jovem é o protagonista Tony Terranova (Johnny Massaro). Tony é um personagem marcante pelo ótimo roteiro de Selton Mello e Marcelo Vandicatto, e também pela boa interpretação de Johnny. Logo no começo da película, o telespectador consegue sentir sua angústia, dúvidas, desejos, impulsos e diversos sentimentos. Também conseguimos compreender de forma bem natural o seu amadurecimento durante a jornada.
O roteiro também é relevante nas poucas partes cômicas da obra. Tais eventos descontraem a forte dramatização. Destaque para cenas engraçadas envolvendo os personagens Paco (Selton Mello) e Augusto Madeira (João Pedro Prates). Merecia mais desenvolvimento a personagem Sofia Terranova, mãe do protagonista. Ela recebeu boa interpretação de Ondina Clais Castilho. Esse foi o único ponto fraco do filme. Nicolas Terranova, pai de Tony, também recebeu boa interpretação do ator francês Vicent Cassel. No geral, os artistas tiveram boas atuações.
Além do ótimo roteiro, o filme se destaca pelo excelente trabalho de Walter Carvalho. A fotografia é sensacional do começo ao fim. Destaque também para o ótimo trabalho de edição de Marcio Hashimoto. A trilha sonora conta com boa orquestração de Plínio Profeta e na escolha certeira das canções licenciadas de Gustavo Montenegro. Todos esses fatores fizeram o telespectador vivenciar a época do filme.
O Filme da Minha vida é um dos melhores dramas que assisti ultimamente. A obra é linda e cativante. As boas pitadas de humor ajudam no decorrer da obra. E mais uma vez saio do cinema com forte intuição de prestigiar os trabalhos de Selton Mello e Walter Carvalho.
Motorrad: A Trilha da Morte
2.2 77 Assista AgoraMotorrad: A Trilha da Morte é um filme de suspense e terror, lançado nos cinemas brasileiros no dia um de março de 2018. O longa-metragem de 91 minutos foi dirigido por Vicente de Amorim, roteirizado e produzido por LG Tubaldini Jr e André Skaf. A arte ficou por conta de Danilo Beyruth, premiado quadrinista brasileiro e colaborador da editora Marvel.
Filmado na cidade de Passos, na Serra da Canastra, em Minas Gerais, o elenco é formado por por Guilherme Prates (Hugo), Carla Salle (Paula), Emilio Dantas (Ricardo), Pablo Sanábio (Tomás), Juliana Lohmann (Bia), Rodrigo Vidigal (Rafa), Alex Nader (Maurício), e Jayme del Cueto (Dona da Loja). A ideia do filme é sobre um grupo de motoqueiros em uma trilha sendo atacados por outro grupo de motoqueiros.
O argumento do filme é atrativo por natureza. Pois é diferente dos filmes produzidos no Brasil, maioria composta por comédias e dramas. Mas Vicente, Tubaldini e André não acertam no suspense e no terror.
A obra é rodeada por mistérios aleatórios e uma conclusão em aberto com a intenção de fazer o público pensar. Porém os mistérios não fazem sentido. Por isso não se consegue pensar em nada. A falta de sentido mostra a falha na linguagem adotada, pois rompe a conexão do telespectador com o filme.
A falta de sentido funciona na questão dos motoqueiros macabros. Eles são irreconhecíveis e amedrontam por serem imprevisíveis. Possuem um estilo atarante, parecem que saíram dos quadrinhos. Existe uma psicopatia interessante numa espécie de ritual quando algum deles é derrotado: todos os outros se reúnem e se posicionam em frente ao corpo.
Hugo (Guilherme Prates) é o protagonista da história. Ele e seus companheiros estão numa aventura que não passa adrenalina e medo. Por isso a produção exagera no jump scare (técnica utilizada em filmes de terror para assustar o público, com mudança abrupta de imagem junto com som alto e assustador). A fotografia também deixa a desejar ao levar o sépio atmosférico para um acinzentado áspero sem justificativa, contribuindo para a falta de sentido da obra.
Paula (Carla Salle) é adjuvante. A personagem não deveria ser passiva, pois em tese é uma das forças centrais da obra. Sua interpretação é indiferente, mas se destaca pela fraca atuação do elenco, que é prejudicado por diálogos monossilábicos.
A ideia do filme é boa, diferente da execução. Mas vale a pena por ser uma obra de terror e suspense entre dezenas de comédias e dramas na indústria cinematográfica nacional. O cinema brasileiro precisa de mais iniciativas como a do Vicente. Com isso, a evolução será uma questão de tempo.