O CGI não convence, parece que até as pedras são de isopor. Atores sem sal, roteiro confuso, a sensação que teve foi que parecia que eles não sabiam se estavam fazendo filme pra adulto ou pra adolescentes. O que foi aquele
O filme é uma grande analogia e definitivamente é muito complexo para ser entendido de cara, vamos aos pontos que torna o longa a obra mais genial e original da década:
Michael Keaton
Birdman em sua essência é um filme que mescla a vida real com a ficcional, seu roteiro descreve Riggan Thomson um ator decadente que vive a sombra de seu antigo sucesso e agora tenta de todas as formas reerguer sua carreira. O que torna o filme fantástico é que o diretor extrapolou o limite do que é ou não realidade e colocou Michael Keaton para fazer o tal personagem gerando assim uma ambiguidade que vai além do roteiro. Afinal quem estamos vendo? Michael interpretando Riggan,Riggan interpretando Keaton ou Michael interpretando ele mesmo?
Estrela Cadente?
No início do filme vemos um meteoro caindo na terra, popularmente exposto como uma estrela cadente, é uma clara analogia ao fracasso - estrela decadente, anjo caído, destruição. Michael aparece flutuando e diz as seguintes palavras: "Como viemos parar aqui? Esse lugar é horrível. Cheira a testículo.Não pertencemos a esse buraco de merda." Aparentemente entendemos que o ator refere-se ao apartamento ou até mesmo a atual situação do seu personagem, e há também uma implícita crítica ao showbiz, contudo ainda existe um outro questionamento que o filme propõe nessa fala que veremos mais adiante.
Birdman
O homem-pássaro é a consciência do próprio Riggan, é o que lhe segura, a voz interior, a força que o mantém. Somos condicionados a entender que "Birdman" é o sucesso do passado que recusa deixar o personagem e o impede de alçar novos voos. Mas nem tudo é o que parece e no cantinho do espelho estão as seguintes palavras: "Uma coisa é uma coisa, não o que é dito dela."
Mike Shiner
O personagem de Edward Norton é a crítica mais feroz ao mundo das celebridades, vemos um ator que não consegue ser verdadeiro em sua vida, mas o faz com maestria no palco. Só consegue ser verídico atuando, uma fuga do seu eu. Perceba que no diálogo entre Norton e Naomi a sua personagem indignada,porque Mike teve uma ereção no palco, diz: " Você pode ser o Sr. Verdade aqui, mas no mundo real, onde importa, você é uma fraude." Estamos diante do mundo dos espetáculos onde pessoas sem personalidade dão personalidade.
A câmera e os diálogos
Os diálogos expostos pelos personagens no teatro falam dos próprios personagens. É como se diferença entre os dois mundos, há um envolvimento e por mais que seja "apenas uma interpretação", estão tão ligado a eles que se torna parte deles. Há sentimentos e pensamentos que são expostos em plano de fundo enquanto os atores vão vivenciando alguns acontecimentos. É uma constante voz que vai perturbando, a sensação que eu tinha era que estava dentro de uma mente cheia de pensamentos. A câmera que segue os personagem é a identidade do filme, a personalidade, uma única sequência que vai sento destilada aos poucos, mas sempre retorna ao mesmo lugar. Há um incômodo, uma claustrofobia, e não vemos nenhum personagem sair do seu lugar habitual, se parece muito com a vida que é limitada ao ponto de acharmos que o nosso lugar é o único mundo que existe, o nosso escasso conhecimento do que há lá fora.
O que há lá fora?
Riggan só encontra a luz quando decide voar, quando assume o que verdadeiramente é - o Homem-pássaro!Como dito anteriormente "nem tudo é o que parece" e o filme "Birdman" foi o único momento da vida do personagem onde ele foi verdadeiro consigo mesmo. Não é o passado que o atormenta e sim sua real personalidade, quem ele recusa ser por medo de ser desprezado. Enquanto não assumir sua verdadeira identidade vai continuar sendo o ator esquecido e desacreditado. Só há evolução quando Riggan pula do prédio e alça voo, deixando para atrás seu limitado mundo.
O grande Motivo
"E VOCÊ CONSEGUIU O QUE QUERIA DESTA VIDA, APESAR DE TUDO? CONSEGUI. E O QUE VOCÊ QUERIA? CHAMAR-ME DE QUERIDO, SENTIR-ME AMADO NESTA TERRA. (FRAGMENTO DE RAYMOND CARVER)"
Essas letras em maiúsculo é a introdução do filme antes da primeira cena, e descrevem bem a alma do personagem interpretado por Michael Keaton e o desejo de todos os seres humanos. Queremos ser amados! Por isso criamos tudo, por isso existem as redes sociais, as estrelas de cinema, as marcas, os presentes, o consumismo, esse texto. Tudo se resume a vontade de ser aceito e muitos decidem viver alguém que não é para conseguir tal feito, somos capazes de qualquer coisa para isso.
"Uma coisa é uma coisa, não o que é dito dela." A personagem de Emma Stone é a mais verdadeira do longa e é dela o diálogo mais importante, quando expõe a Riggan a realidade e afirma que ele não existe, pois não tem facebook nem twitter, o que não deixa de ser verdade, ela realça o que nossa atual sociedade virou. Riggan tenta ser indiferente aos novos comportamento culturais, mas tem em seu âmbito o mesmo desejo de quem ele despreza - ser notado. Foi nisso que nos transformamos, e acreditamos piamente ser verdadeiro o que se afirma dos outros, não somos mais seres humanos, somos status e "status", "likes" e fotos, somos julgamentos. Lembra da primeira fala? "Como viemos parar aqui? Esse lugar é horrível." Não era apenas um crítica ambígua ao showbiz e ao local onde o personagem estava, era uma crítica à sociedade atual e o que nos tornamos com as redes sociais.
O tiro
Finalmente Riggan decide assumir sua verdadeira identidade, não há um encenação, é sua vida, sua verdade que está no palco e ele entende isso. Ali,se liberta e mesmo que ninguém consiga ver, o Homem-pássaro está no palco, seu verdadeiro eu, sua alma. É também uma clara referência aos atores que precisam se despir e derramar seu sangue para serem lembrados, é uma entrega total e fatal.
"Birdman" é uma crítica dentro da crítica e excede todos os limites, quando cria uma história que faz referência a um ator de hollywood, que interpreta ele mesmo na busca do seu melhor papel. Michael Keaton se encontrou como Riggan e entrega o papel de sua vida.Talvez a arte não esteja tão distante da vida real e não passemos de pessoas inseguras que vêem o mundo lá de cima brincando de verdade e consequência.
"O abutre" é incômodo porque fala diretamente com nosso lado mais sórdido e obscuro. O filme retrata até onde vai a ambição humana e como a sociedade se acostumou a violência ao ponto de vê-la como puro entretenimento.A desgraça alheia é espetáculo e Lou Bloom (Gyllenhaal) entende isso como ninguém. Um cara sem escrúpulos, que percebe nas ruas uma oportunidade de ganhar dinheiro, resolve pegar uma câmera e filmar todo o tipo de miséria humana,assaltos, acidentes e mortes. Com o material em mãos, vende a um jornal local que vê sua audiência subir. A história é basicamente essa e o trunfo do longa está no roteiro que é muito bem construído e na atuação fantástica de Jake Gyllenhaal que está no seu melhor papel desde Brokeback Mountain,sua caracterização é muito impressionante.Fazer um longa com um personagem tão denso é bastante arriscado,caso não seja muito bem interpretado, um protagonista que segura um filme inteiro sozinho precisa ser inquestionavelmente verídico, isso só prova que estamos diante de um dos melhores atores contemporâneos. Infelizmente ou felizmente, "O abutre" não tinha cacife para concorrer a melhor filme, contudo Jake merecia uma indicação ao Oscar assim como recebeu no Globo de Ouro. Dan Gilroy faz um trabalho impecável em sua estreia como diretor,além de ser o roteirista do filme.Agora é torcer para que ganhe melhor roteiro original.
Fantástico, lindo e impressionante. Com sutileza ele expõe profundos questionamentos e a cada momento analisa a vida de uma forma poética. Julianne Moore está tão natural que me lembrou Cate Blanchett em "Blue Jasmine", não via a atriz, estava diante da personagem viva e crua. Falar sobre o Alzheimer poderia derrubar o filme com inúmeros clichês, mas o que vi foi uma abordagem totalmente verídica e atual. Lidar com a preocupação de passar a doença para a família foi um dos pontos altos da trama. A tensão de ver a doença da mãe e saber que poderia sofrer o mesmo mal no futuro é desumano. Uma batalha diária para todos, porém para Alice Howland já estava perdida. Vemos a personagem deixar o auge de sua atividade intelectual para se tornar um ser humano sem lembranças, praticamente sem história, inexistente. É triste, deprimente e a realidade de inúmeras pessoas. "Para sempre Alice", é doloroso, bonito e inquestionavelmente real. Um filme que usa a dor para falar sobre a essência da vida - o amor.
François Truffaut é meu cineasta favorito, não apenas pelo seu estilo quando dirige um filme, mas por sua história de vida fantástica. Já imaginou abandonar a escolar e assistir três filmes por dia e ler três livros por semana? Isso é fantástico! Autodidata François se tornou um dos maiores críticos de sua geração e influenciou diretores consagrados como Steven Spielberg, Quentin Tarantino, Brian De Palma e Martin Scorsese. Mas deixemos de lado a vida do diretor e vamos ao seu primeiro trabalho cinematográfico e autobiográfico "Os incompreendidos". O filme fala unicamente sobre a infância e em como muitos pais negligenciam a educação dos filhos colocando-a sobre a responsabilidade dos outros. A escola cobra dos pais e os pais devolvem para escola. A história do garoto Antoine Doine, mesmo 66 anos depois continua atual, provando que certas questões ainda permeiam nossa sociedade. Um grito é sufocado durante os 90 minutos da película, é agoniante ver os sentimentos de Antoine passarem despercebidos diante dos seus próprios pais. Uma indignação latente acompanha o furor da infância fazendo uma dupla inspiradora. O mais interessante é que o garoto não tem dúvidas do que é e não busca um autoconhecimento, apenas deseja ser entendido e acaba usando a inconsequência juvenil para isso. Um filme para espíritos rebeldes e almas sedentas por conhecimento.
Frio, denso e com ótimas fotografias, "Ida" é a busca da identidade, a vida com seus nuances de prazer acompanhada da eterna sensação de culpa. Há sempre um julgamento interno, e os enquadramentos perfeitos revelam essa batalha silenciosa do que "deve ou não deve ser feito". Anna é uma freira que descobre ser judia quando visita sua tia Wanda. Sua vida até então isolada do mundo exterior, começa a ganhar marcas e questionamentos. Wanda é uma mulher dura e fria, assolada por um passado culposo, vive uma existência de autodestruição. Apesar de opostas, as protagonistas se parecem na maneira como expõe suas emoções, o interessante é que a película em preto e branco serve justamente para mostrar que não há muita diferença entre elas, ambas escondem seus verdadeiros sentimentos. O filme tem um roteiro linear e a trilha sonora é quase inexistente, mas quando surge dar cor a película, trazendo o telespectador a vida real. A sensação que eu tinha é que estava na mente das personagens e via como elas enxergavam o mundo - sempre cinzento e triste. Contudo, nos momentos em que a banda tocava um ar de alegria era jogado e a atmosfera mudava, trazendo uma percepção diferente da atual. Esse contraste de ambiente e som junto com as imagens que transmitiam poucas cores davam á película sua grandiosidade conservada na simplicidade."Ida" é sobre percepções, sobre como encaramos o passado e como ele influencia o futuro. Sobre a eterna busca da autorrealização que não passa de uma sucessão de momentos acompanhados do eterno "e depois?"
Ridley Scott entrega uma obra perfeita, onde tudo beira ao colossal e a riqueza de detalhes é no mínimo impressionante. Conseguiu fazer pequenas adaptações sem desrespeitar a história original e o pouco que acrescentou deixou tudo mais bem acabado . A fotografia e o figurino do filme estão sensacionais, a impressão que eu tinha era que tudo era real como em "Cleópatra". Cristian Bale cumpre bem seu papel e Joel Edgerton brilha como o faraó Ramses. Bem diferente de "Noé", adaptação mais recente das histórias bíblicas, "Exodus" consegue agradar a todos independente de crença.
Desfechos ridículos, personagens esquecíveis, cenas bobas e diálogos forçados. Um longa de duas horas e meia que poderia ser resumido em um curta de 15 minutos.A sensação que eu tinha era que o diretor estava fazendo de tudo para me fazer rir ou chorar, mas não se preocupou em deixar o filme coeso e terminar a obra de uma forma digna. Da trilogia só se salva o segundo filme, deste último apenas algumas cenas de batalha. Lamentável!
"A vida nem sempre é o que parece. Pode ser uma coisa maravilhosa, mas também pode ser bem traiçoeira" - Diz o mágico na tevê enquanto Samuel o assiste. Essa é a grande premissa do filme de Jennifer Kent - "The Babadook", um longa de terror Australiano exibido durante "Sundance Film Festival" em 2014. A genialidade da obra está em usar uma linguagem metafórica para falar de um assunto sério e que assola mais da metade da população mundial - a depressão. O "Babadook" é real, não é apenas uma ficção criada para assustar e entreter enquanto derrama clichês do gênero em nossos cérebros treinados e entediados. Assim como num espetáculo de mágica o filme conta com certos truques para iludir o espectador, mas todas as respostas estão lá e vão sendo jogadas enquanto uma linha aparentemente invisível vai sendo tecida, basta apenas prestar atenção.
O garoto problema
Nas cenas iniciais do filme estamos diante de Amelia, uma mãe viúva que perdeu o marido em um acidente de carro enquanto ia para a maternidade ter seu filho, Samuel. Sete anos se passaram e o que podemos constatar é uma mulher cansada e machucada pela vida, atormentada por seu filho problemático. Samuel tem dificuldades para dormir pois acredita que alguns monstros se escondem em seu armário e debaixo da cama para assustá-lo durante a noite. Amelia sempre lê um livro para o filho antes de pôr-lhe pra dormir. Numa noite qualquer Samuel pede para que mão leia um livro que ele encontrou em sua estante. "The Babaddok" é o título da obra. O comportamento do filho piora após a leitura do conto e os monstros que antes não tinham nomes e tiravam o sono do garoto agora ganha forma e nome - Mr. Babadook.
A mãe atormentada
Amelia está muito cansada e tudo piora com as "visões" de Samuel que agora adquiriu um comportamento ansioso e até mesmo violento. Após uma convulsão violenta deo garoto, a mãe decide procurar ajuda e desesperada pede sedativos ao médico para o filho,por uma semana, para que possa dormir tranquila. Contudo, apesar do problema resolvido, Amelia começa a ter visões estranhas e sua dificuldade de dormir piora, chegando ao ponto de passar a madrugada inteira em frente a tevê sem se dar conta disso. Você deve está se perguntando por que eu escrevi um resumo e o separei em duas partes para explicar algo que está explícito no filme, tudo o que relatei está bastante perceptível para qualquer um. Verdade! Mas se fez necessário e vou explicar por que.
Desvendando Babadook
Boa parte do grande segredo do filme está em seus primeiros minutos. Perceba que o "Babadook" nunca de fato apareceu para Samuel. Na verdade o seu medo de monstros já existia, ele apenas materializou a imagem contida no livro para dar forma a sua fantasia. A única pessoa capaz de ver o ser misterioso é Amelia. Mãe e filho, ambos, enxergam o mesmo problema, mas quem o criou? No aniversário de sua sobrinha, Amelia está diante de sua irmã e algumas mulheres, ela se encontra sentada enquanto as outras estão em pé, uma clara analogia a sua condição inferior. Perceba que todos os adultos estão de preto em um aniversário infantil. O que é bastante estranho. Creio que seja apenas mais uma percepção de Amelia do seu mundo, onde tudo é sombrio e sem vida.
- Claire me disse que você é escritora. - Não realmente, não mais. - Responde Amelia. - Que tipo de coisas escrevia? -Eu escrevia alguns artigos para revista. Coisas de crianças.
Esse diálogo é o ponto chave do filme, mas não falarei dele agora, vamos mais adiante. Quando o livro reaparece na porta de Amelia ela decide queima-lo. A cena é clara.A mãe coloca o livro sobre uma churrasqueira, põe gasolina e fogo. Em nenhum momento a vemos sujar as mãos, todavia na próxima cena Amelia está com as mãos sujas. Seria cinzas ou tinta? E por que ela teria motivos para esconder as mãos quando afirma ao policial que queimou o livro?
Que "The Babadook" é a depressão vista por Amelia e que atinge Samuel isso é explícito. O que o filme esconde e vai revelando aos poucos é que o monstro não surgiu, ele foi criado. A mãe criou o livro para expressar todo o seu sofrimento que a atormentava por anos. Samuel não precisa de ajuda é Amelia que não consegue ver o problema como realmente é. Não existe um mostro, existe a depressão que a corrói todos os dias. A cena em que ela aparece possuída e para se livrar do "espírito" vomita tinta é a pista final jogada no espectador. "Claire me disse que você é escritora",
Após toda a simbologia que a cena de confronto representa com Amelia finalmente "enfrentado" sua depressão, podemos ver a árvore seca, que sempre aparecia de uma tomada para outra, repleta de folhas e flores. Agora há cor no filme, apesar de alguns tons sombrios permanecerem. A mulher está curada? O Babadook se foi? A depressão deixou de existir? Não. Quando Amelia desce ao porão está voltando para sua tristeza, seu grande medo, e quando faz isso acaba se expondo ao seu pior pesadelo,alimentando-o. "Quanto mais negar, mais forte eu fico!" A depressão é algo sério e negar sua existência é criar um monstro, que vai te engolindo aos poucos ao ponto de nada mais restar. Filme extraordinário!
Matou o livro! É um filme raso, onde tudo é tratado de uma maneira superficial e rápida. Você não cria empatia com nenhum personagem, e muito do que era essencial para o longa foi deixado de lado. Sinceramente poderia ter sido bem mais sombrio e profundo, mas para quem não conhece o livro serve bem.
Fui assistir por engano, o filme que eu queria tinha acabado de sair, e realmente me surpreendi.Leandro Hassum está natural, bem diferente dos personagens idiotas que ele faz na Globo, acho que finalmente consegui ver sua genialidade. É verdadeiramente engraçado e as piadas falam diretamente com o público, é o popular inteligente, aquilo que realmente o brasileiro acha cômico, riso pra fora, sem contenção. O filme tem um roteiro conciso e não força, como geralmente acontece com algumas comédias nacionais. O que me deixou realmente surpreso foi o final, tirou-me lágrimas, mostrando que a obra não era apenas mera distração e sim uma grande lição. Muito bom!
Perfeitamente fiel á Graphic Novel de Frank Miller, ouso até afirmar que complementou da melhor forma possível. Uma animação muito bem produzida e com uma edição de som impecável. Merece cinco estrelas sem sombra de dúvidas.
"Cassino" é um filme de Martin Scorsese que narra a conturbada vida de "Ace" (Robert De Niro), um judeu-americano que foi contratado pela máfia para supervisionar o cassino Tangiers, em Las Vegas. Com uma narração densa e ângulos de câmeras precisos, o filme prende a atenção nos primeiros segundos, o diretor desperta a curiosidade de quem assiste de uma maneira leve e descomprometida.
A obra fala sobre a rede de interesses que funcionava em Las Vegas na década de 70. O que move a cidade e seus empreendimentos é o dinheiro, e o que importa é saber enganar sem deixar ser enganado. O poder estar nas mãos dos mafiosos que controlam tudo na cidade, e precisam de pessoas competentes como "Ace" para garantir-lhes o dinheiro sujo da forma mais "honesta" possível. O roteiro não se perde em nenhum momento, a rede de intrigas e interesses passeiam entre o âmbito dos negócios e familiar sem deixar pedaços. Acho que é nesse ponto que "Cassino" consegue ser distinto, pois nos apresenta diversos personagens,com suas inúmeras tramas e submundos, sem beirar ao excesso de informações.
De Niro cumpre bem seu papel nos trazendo um personagem centrado e altamente convincente. Joe Pesci rouba a cena com uma atuação espetacular, porém o filme é de Sharon Stone, que entrega sua melhor performance - "Ginger". A esposa de "Ace" figura entre o psicótico e o sensual de forma sublime, Stone capta toda a essência da personagem e para o nosso deleite traz um trabalho impecável. E o que falar da trilha sonora? Sensacional! Em alguns pontos lembrou o estilo de Tarantino.
"Cassino",na verdade, dispensa grandes avaliações por se tratar de um das obras mais complexas de Martin Scorsese. São quase três horas de pura violência, ganância, trapaça e realidade, e mesmo assim nada é excessivo, tudo esta em seu devido lugar. Memorável, instigante e impressionante, nesse jogo de boas e más intenções, Martin nos entrega um baralho recheado de perfeccionismo.
Graças ao acaso tive a oportunidade de ler o livro antes de conhecer a versão cinematográfica feita por Kubrick. O filme infelizmente não aborda a profundidade da obra literária, mas Stanley conseguiu,visualmente falando, fazer "Laranja Mecânica" se tornar tão vivo quanto inquestionável.
Sim, é uma verdadeira obra de arte, desde o figurino perfeccionista, às locações e decorações. O cuidado com a trilha sonora, que é traço importante da personalidade de "Alex" , revela a cautela do diretor em ser fiel ao livro. Infelizmente, algumas cenas, que eu considerava importante na construção da individualidade do protagonista, foram deixadas de lado. A sensação que eu tinha era que tudo estava acontecendo muito rápido, sem muita intimidade, como se o diretor tivesse medo de expôr mais.
"Alex" é um jovem mal, sarcástico e violento. Sua personalidade é desprezível e suas motivações estritamente passionais.Contudo, sua paixão pela música clássica e sua sensibilidade á ela, mostra seu lado mais divino e bom, o que acaba sendo um contra ponto importante para a trama. Nosso anti-herói ou herói, é submetido a uma lavagem cerebral, apoiado pelo governo, onde se torna um ser incapaz de cometer maldades. Um meio prático de resolver o problema da violência e das super lotações nos presídios. Contudo, nosso narrador e protagonista fica sujeito a toda a maldade provinda tanto das sua vítimas como dos próprios policiais,que deveriam prezar pela paz.
A grande questão é - ser bom é uma opção ou uma obrigação? Se fosse possível aniquilar a violência impondo-a sem poder de escolha seria plausível? Os fins justificam os meios? Não seria uma violência contra o livre arbítrio? Ter algo que nos force a seguir um caminho, mesmo que justo, nos torna realmente melhores?
"Laranja Mecânica" é uma crítica a toda imposição de valores ou comportamentos. O que é errado? Por que é errado? Existe uma consciência coletiva de auto preservação que nos orienta a um comportamento civilizado, mas esse comportamento não deve ser imposto, ele precisa ser natural, precisa ser consciente. Por mais que uma sociedade sem problemas seja um sonho para todos nós, ela precisa nascer do intimo e cada cidadão, uma vontade de querer ser. "Alex" representa a liberdade violentada, amamos e odiamos o protagonista sem entender tais sentimentos.
Kubrick, assim como Anthony (autor), meneia questões delicadas, entra na escuridão de cada espectador e o traz para a verdade, expõe sem medo, através de uma história brilhante, nossos medos e perguntas mais intimas. É saliente informar que aqueles que apenas conheceram a obra através das telas, precisam urgentemente embarcar na viagem literária de Burgess. Só assim é possível penetrar na mente do autor e conhecer a alma de "Alex" que é a grande interrogação e exclamação da história. "Laranja Mecânica" não e um simples filme, é ironicamente uma lavagem cerebral contra a ignorância, é um soco nos nossos valores, é a ultra violência da percepção.Uma liberdade "Horrorshow".
"Walt nos Bastidores de Mary Poppins" é um titulo que esconde a essência de uma grande obra. A "tradução" brasileira resume-se na ideia de um documentário, afinal, foi desse modo que a moça dos ingressos me descreveu o filme,quando meu amigo indagou do que se tratava. Eu particularmente prefiro "Salving Mr. Banks" é simples, inquisidor e verdadeiro.
"Walt nos Bastidores de Mary Poppins" conta a historia da luta pessoal de Walt Disney,que durou 20 anos, para adquirir os direitos da obra "Mary Poppins" da escritora australiana P.L. Travers. Apesar da crise financeira que assola Travers, ela se recusa a ceder sua grande criação com medo que Walt Disney a transforme em um filme frívolo e vazio. É com essa premissa que o diretor John Lee Hancock cria uma de suas obras mais tocantes desde "Um Sonho Impossível (2009)". Sua competência em transformar uma simples história em algo grandioso é visto mais uma vez, e com maestria ele mistura imaginação, realidade, traumas, infância e magia em um só filme.
O longa não deixa a desejar em ponto técnicos, a fotografia concebe bem os pontos de vista dos personagens,e mesmo misturando o passado e o presente sem aviso prévio funciona coerentemente. A trilha está suave e acompanha cada sentimento exibido na tela, nada deslocado, tudo em perfeita ordem. As atuações estão fantásticas, Emma Thompson concebe toda a particularidade e complexidade que a personagem pede. E seu sotaque inglês é hilário.Tom Hanks tem uma ternura no olhar e uma verdade nos gestos que em nenhum momento duvidamos que estamos diante de Walt Disney. Colin Farrel se entrega totalmente ao pai da garotinha Travers, memorável atuação sem sombra de duvidas. E não esquecendo também da singela interpretação Paul Giamatti que com tão pouco conseguiu se sobressair.
John Lee coloca em embate questões que assolam a todos nós usando personagens reais e imaginários, há momentos em que não dá pra distinguir o que realmente é real ou não. A tentativa do diretor de mostrar que a fantasia está intimamente ligada a realidade é o grande trunfo do filme. Não só estamos diante dos traumas dos protagonistas como diante de questões nossas."Realmente deixamos de ser crianças? Ou apenas nos tornamos Mary Poppins á fim de resolver nossos problemas?" Eu me perguntei diversas vezes enquanto aquela rede de emoções se desfiava à minha frente.
De início, a senhora Travers e o senhor Disney são colocados apenas como pessoas de interesses distintos. Nos primeiros minutos do filme estamos diante de uma luta de personalidades, a conservadora inglesa e o,aparentemente, ganancioso americano. O quarto repleto de pelúcias dos personagens Disney já deixa explícito as visões distintas de ambos - um encontra a beleza da magia em tudo, a outra prefere a realidade fria e crua. Esse embate permanece durante toda a obra, é justamente o que o Lee quer nos proporcionar - a chance de ver o mundo de outra maneira. A personalidade de Travers é o que somos, o adulto com problemas, traumas e realista, já o Walt é a libertação do passado, a alma de criança que ainda persiste em nós. Dois lados que lutam entre si tentando encontrar um caminho em comum, um acordo.
Com imagens do passado sendo recrutados por situações do presente, vemos a senhora Travers em um embate que sai do âmbito externo para o interno. Não seria esse o grande motivo de sua recusa em ceder os direitos a Walt? Ficar frente a frente com seu passado traumático? Mary Poppins não se resumia apenas em uma obra infantil, era uma alma calejada de sofrimento, era o único fio de esperança que segurava Travers. Logo Walt Disney percebe que aquela escritora escondia algo em sua obra, as situações hilárias onde vemos a mesma boicotar todas as boas intenções dos produtores,roteiristas e músicos, são reflexos de uma tentativa honrosa de preserva seu passado. Apesar de ser mundialmente conhecida, a história da babá que chega à casa da família Banks voando em um guarda chuva, na verdade não passava de um diário de lembranças.
O que temos é um drama familiar, onde um pai alcoólatra tenta de todas as formas preservar a inocência de sua filha, enquanto a mesma acaba conhecendo a dura realidade nos excessos do pai.Pessoas reais se misturam a personagens literários, deixando tudo mais profundo e tocante,é a incessante tentativa de preservar o que temos de bom,é o faz de conta que nos livra da verdadeira face da vida.A figura do Mickey, sempre presente em momentos importante, representa a pureza da infância, já Mary Poppins só aparece quando preciso, assim como no livro. Quem não sonha em encontrar alguém que resolva nossos problemas? Que organize nossa vida e nos aponte a direção? Que bom seria se essa ajude aparecesse voando na nossa porta.
"As Horas" é um filme anglo-americano dirigido por Stephen Daldry e lançado em 2002. O longa rendeu um Oscar de melhor atriz para Nicole Kidman e findou de uma vez por todas o talento do diretor de "Billy Ellyot". A obra é baseada no livro "As Horas" de Michael Cunningham, o ganhador do prêmio Pulitzer. Michael cria uma história ficcional envolvendo o livro Mrs. Dalloway,de Virgína Wollf, com três protagonistas que vivem em épocas distintas.
"As Horas" é um longa diferente, sua beleza é clara em todos os sentindo, mas sua poesia se encontra nas entrelinhas. Desde a interpretação incrível de Nicole Kidman à expressiva trilha sonora, o filme é uma obra de arte em película, vai desenhando rabiscos sem sentidos que delicadamente se transformam em marcas profundas e tocantes. Como o texto é extenso resolvi dividi-lo em partes e seria essencial lê-lo apenas aqueles que viram o filme, caso o contrário tudo soara superficial.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Os primeiros minutos do filme,após a carta de Virgina, começa de uma forma intrigante. Personagens secundários caminham em direção à casa das protagonistas, antes de vermos a Senhora Woolf, Laura Brow e Clarissa, ficamos diante de seus respectivos parceiros. Aparentemente é apenas mais uma cena para deixar o roteiro curioso, contudo percebesse que a beleza da obra já está em questão. O que está em cheque tem a intenção de mostrar como outras vidas estão diretamente ligadas às nossas. Quando somos apresentados ao trio que irá desenvolver a trama principal, estamos diante de uma sensação incômoda - a vida. É isso mesmo que você leu. A vida é a grande "vilã" de "As horas".Virgina acorda, se olha no espelho, e sua expressão insatisfeita mostra o fardo que é, mais um dia, ser ela mesma. Clarissa parece não sentir a mesma coisa, exibe um ar perdido, como se procurasse preencher mais uma vez sua rotina vazia, pensa por um instante nas coisas que deve fazer, abre as janelas e tenta encontrar meios de não parecer triste. Laura, diferente das outras, não está diante do espelho, o barulho da cozinha a desperta para sua realidade e a primeira coisa que faz é pegar o livro "Mrs. Dalloway", acentuando-se assim seu desejo de ser a personagem literária.
OS QUATRO OBJETOS
Quatro objetos são recorrentes no longa - espelhos, janelas, flores e relógios. O espelho mostra a existência fadigada das protagonistas.As janelas são uma porta onde observam um mundo alheio aos seus e desejam ter outra vida. As flores é a metáfora para a própria existência, que pode ser bela ou adquirir uma forma murcha e melancólica. Sua aparência é breve, parece ter um significado, mas esse é único para cada pessoa que a observa. O relógio conta as horas, é a consciência que a vida passa, é a dor de vê-la sendo carregada e não ter o controle sobre isso. Simboliza a morte e sua caminhada até ela.
SENHORA DALLOWAY
"A Sra. Dalloway disse que compraria as flores ela mesma." - Escreve Virgina com um olhar distante enquanto fuma seu cigarro. A primeira impressão que se tem é que a autora, á medida que escreve sobre a Sra.Dolloway, deseja a vida de sua criação, talvez um fuga da realidade, contudo percebesse que na verdade a senhora Woolf quer criar uma personagem aparentemente feliz e depois fazê-la tirar a própria vida. É o controle que lhe falta a sua própria condição, mas que pode ser exercido sobre sua personagem. "Ela irá se matar por algo aparentemente sem importância" - concluí Virgina e pequenas cenas mostram uma empregada indo comprar gengibre a mando da escritora. Uma clara referência ao poder que a senhora Woolf deseja ter sobre o destino dos outros.Quem realmente deseja ser a heroína do livro é Laura, pois ver nela a coragem de mudar sua existência. Clarissa é a verdadeira personagem do livro e é nesse ponto que o filme transcende a barreira do sublime.
O ANIVERSÁRIO
Outro ponto central é o aniversário de Richard, a criança de 1951 e o adulto de 2001. Algumas pessoas ficam melancólicas em seus aniversários, é uma data especial e triste ao mesmo tempo. Especial por ser o dia do seu nascimento e triste por te deixar mais perto da tão temida velhice. Contudo, para Richard essa data tem a ver com questões mais complexas, sua percepção da vida começou logo cedo e ele percebeu que a insatisfação das pessoas, pra não falar da sua mãe, está ligada a percepções pessoais.Mesmo com uma vida aparentemente feliz o vazio pode existir.O garotinho no acume de sua infância convive com uma mãe presente fisicamente, mas ausente mentalmente. O pequeno tem um espírito de poeta e percebe que Laura, apesar de tentar disfarçar, está insatisfeita com sua vida "perfeita". Seu olhar triste e curioso demonstra como sua alma inocente sofre por não poder ajudar a mãe. O adulto Richard percebe as mesmas questões agora refletidas em Clarissa, mas diferente de Laura, Clarissa não é ausente e vê nele a razão de sua vida. E pela primeira vez o filho entende a mãe, vivendo uma vida sem sentido para si próprio, apenas para fazer sentido aos outros. É um fardo pesado ser a felicidade de alguém quando não se é feliz consigo mesmo."Para quem é essa festa? - pergunta Richard e depois continua - "O que eu digo é...que acho que só continuo vivo para te satisfazer." "Bem, é isso que fazemos." - Responde Clarisse.
O BEIJO
O intrigante do filme fica entregue à duas partes onde Laura e Virgínia beijam suas irmãs. O sentindo incesto e lésbico foge perante a concepção poética do gesto. Trata-se de uma demonstração de admiração. Kitty,irmã de Laura, exibe uma força apaixonante pela vida, mesmo diante de um tumor no útero que a impede de engravidar. "Você tem muita sorte, Laura". Diz Kitty, enquanto uma consciência de ingratidão cai sobre a cabeça da outra. Virgínia repete o mesmo gesto com Vanessa. O que a senhora Woolf mais queria era ter a vida comum que permeia sua irmã, Vanessa não se preocupa com grandes questões, apenas vive, essa é a beleza de sua existência. "E você volta para o quê?" - Pergunta a escritora. - "Ah, um jantar insuportável...que nem sequer você invejaria, Virgínia." - Responde Vanessa."Mas eu invejo!" - Termina a senhora Woolf.
A PLATAFORMA
Com alguns passo Virgínia pode mudar sua vida, basta compra o bilhete e subir no trem.É nesse cenário que o diálogo mais importante da trama se desenrola, pois é nele que vemos que a escritora luta por sua sobrevivência. Ela deseja mudar de vida, ser dona de seu próprio caminho. Está cansada de ter suas decisões tomadas por terceiros. É justamente nessa cena que percebemos que estamos diante de três destinos distintos. A senhora Woolf encontra no suicídio o descnaço, o fim da dor.Laura tem a coragem de jogar tudo pra o alto, mesmo que isso implique em consequências sombrias no futuro. Já Clarissa é a Sra. Dalloway destinada a morrer, pois sua razão de viver pulou pela janela, mas um encontro inesperado muda seu modo de enxergar as coisas. A ironia é que todas pareciam entregues a um destino sem escolhas, mas ambas tomaram as rédeas da situação e decidem, a seus modos, reescreverem suas histórias.
O ENCONTRO
O desfecho do filme fica por conta do encontro entre Clarissa e Laura. É o encontro com a verdade, o puro significado de tudo. É o encontro com a chance, com a coragem da mudança. "Escolhi viver" - Diz Laura. Por mais que ela fizesse parte de uma vida perfeita, isso não era o bastante, não estava realizada em ser mais uma peça do tabuleiro, queria ser a mão que controla o jogo. Tomar a decisão de nadar contra a maré foi difícil, mas o que estava em cheque era a sua vida e só ela poderia mudar isso. Esse é o sentindo. A felicidade não pode ser maquiada, posta sobre muros construídos com pessoas e embelezada por flores que secam. Ela apenas nos pertence e essa é a única e mais importante responsabilidade que temos.
"Querido Leonard, enfrentar a vida de frente...sempre enfrentar a vida de frente...e conhecê-la pelo o que ela é. Finalmente conhecê-la...amá-la pelo o que ela é. E então...deixar de lado. Leonard...sempre os anos entre a gente.Sempre os anos. Sempre...o amor. Sempre...as horas." (Trecho da carta de suicídio de Virgínia Woolf)
"As horas" nos ensina diversas coisas, põe em questão espinhos que machucam, abre nossos olhos, fecha nossa ignorância. A vida é um conjunto de segundos que se misturam a horas.É um "tic tac" presente que incomoda, quando não estamos ajustados ao nosso próprio tempo. É a escolha, sempre a escolha, de encarar nosso sentido de frente e sentir a dor ou alegria de acordamos sendo nós. Pode ser trilhada sob a sombra do descaso ou enfrentada com a vergonha da realidade.Mas acima de tudo é um caminho e como qualquer caminho quem decide onde chegar somos nós.
"Elysium" estreia com uma grande carga de expectativa. Primeiro para nós brasileiros, afinal, em seu elenco há dois atores da nossa terra. Segundo para todo os cinéfilos, por levar o nome de Neill Blomkamp.
O diretor sul-africano ficou mundialmente conhecido quando dirigiu o longa "Distrito 9" sob a produção de Peter Jackson. A obra foi considerada o melhor filme de 2009 e traz uma forte crítica aos conflitos étnicos disfarçada em peles alienígenas e com ótica de ficção-científica. Como era de se esperar, todos os olhos hollywoodianos focaram-se no estreante diretor, e "Elysium",seu segundo longa-metragem, não seria diferente,ficou na mira de críticos e perante muita expectativa.
O ano é 2154, o mundo está dividido em dois grupos: os muito ricos e os muito pobres. Enquanto o primeiro vive em uma estação espacial de luxo(Elysium), o segundo sobrevive na terra que agora está superpopulada e caótica. Elysium é o sonho de consumo de todos os terrestres, não só por sua beleza,mas pela esperança de vida saudável e eterna. Qualquer doença é curada em segundos por uma máquina que se encontra em todas as residências. Max (Matt Damon) é um operário que sofre um acidente no trabalho e é exposto a uma grande carga de radiação, seu corpo debilitado só tem cinco dias de vida. Totalmente desiludido e rancoroso procura Spider (Wagner Moura), uma espécie de "Coite", que chefia viagens clandestinas para a estação estelar.
O roteiro apesar de bem construído,têm suas falhas, uma delas é a personagem medíocre - Rhodes (vivida por Jodie Foster).A atriz é uma secretária de segurança da estação espacial e sua atuação é morna e sem graça. Sua personagem é muito caricata,até as novelas da globo tem vilãs mais elaboradas, ela não passa de um gatilho para que a trama seja desenvolvida. Talvez uma desconhecida se encaixasse melhor no papel, no fim das contas, espera-se sempre "o extraordinário" de uma ganhadora do Oscar. Sharlto Copley (Kruger) é um agente corrupto que vive na terra e executa os comandos de Rhodes, sua atuação é formidável e seu personagem segue uma linha de personalidade fiel e esperada. Alguns críticos afirmaram que Kruger é mal elaborado e peca no final, mas quem assistiu o filme sabe que não se deve esperar nada de um antagonista sem escrúpulos, egoísta e babaca, a não ser uma atitude idêntica à sua personalidade. Alice Braga dá vida a médica Frey, amiga de infância de Max. Sua atuação é forte como a de Wagner Moura que brilha no papel de Spider. No final percebemos que os dois grande protagonistas do filme são os nossos atores brasileiros. Damon e Foster acabam se tornando coadjuvantes, não por suas atuações, mas pelo caminho de seus personagens.
Li algumas críticas que afirmavam que o erro de Blomkamp foi ter excluído a classe média de sua obra,mas tenho que discordar de tal perspectiva.Como eu disse anteriormente: só existem os muito ricos e os muito pobres. Analisando algumas profissões e as condições que a terra se encontra, é impossível existir uma classe média. Os policiais são robôs, os atendentes também, logo se pressupõe que alguns outros profissionais também são. Os médicos são desvalorizados,afinal os ricos tem sua própria máquina de cura em casa, sendo assim não há um órgão que pague bons salários para a classe. Os governos estão em Elysium, consequentemente todos os funcionários públicos humanos também. Então o que resta na terra? A classe operária e os desempregados. Os "Drones" mantém o controle para os ricos, enquanto eles desfrutam de suas vidas perfeitas. Não há possibilidade de existir uma classe média.Ou você é rico ou não.
"Elysium" acaba sendo uma forte crítica ao nosso mundo atual, onde aqueles que possuem capital suficiente têm melhor qualidade vida. Enquanto a maioria padece sobre condições precárias e desumanas, a minoria tem dinheiro para "bancar" um ensino melhor para seus filhos, um plano de saúde, uma boa alimentação e vivem de luxos e prazeres. A mensagem principal do filme não é a divisão de classes, afinal, isso não é novidade, mas a omissão e egoísmo daqueles que têm muito dinheiro àqueles que não têm nada. Os cidadãos da estação espacial vivem uma vida completamente utópica, cegos para a realidade da terra. Não seria assim também atualmente? Pessoas abastadas totalmente indiferentes ás mazelas do mundo?
Neill Blomkamp fez um trabalho mais abrangente, seguro e com uma crítica embargada de efeitos especiais.Com uma direção de personalidade e uma boa história a obra é notável. Não surpreende, mas é qualitativa. "Elysium" merece ser visto, não só por ser um bom filme, mas por provar que todos tem um lugar ao sol,tantos cidadãos da terra caótica de 2154, como Brasileiros e Africanos.
Um dia - é o que temos da vida. Apenas um! Nosso corpo luta diariamente para sobreviver a uma séries de situações de risco simplesmente por mais um dia. É o que temos. O hoje é a nossa vida e o amanhã é a sorte. Esse filme não é meramente uma história de amor, não é unicamente uma metáfora para o que realmente importa, não é uma situação ilusória que traz aos nossos olhos questionamentos, na verdade é uma afirmação crucial na nossa existência - temos apenas o presente.O passado é um sonho bom e muitas vezes o pesadelo de algumas pessoas, o futuro é aquela ilusão, tudo o que desejamos para nós,já o presente é tratado como uma escada que sobe para o que será ou desce para o que já foi. "Um Dia" é uma obra fantástica e o mais interessante é a forma como Lone Scherfig dirigiu. Tudo se passa muito rápido,como a correria da vida,detalhes e palavras vão sendo milimetricamente tecidos e se você perde um detalhe se perde no tempo, não há volta pra explicar o que aconteceu, as cenas vão fluindo e em questão de segundos nada é como antes. O fato do filme ser executado dessa forma só mostra o quão brilhante o roteiro é.Das atuações não tenho o que falar, Anne Hathaway é sublime e Jim Sturgess cumpre bem seu papel."Um Dia",repito, não é mais uma história de amor, é o amor pela vida e pelo presente, é aquele certo passado que fica, é a superação, é a forma que encontramos pra viver.
Acho que só quem viveu isso pode dizer o quanto o filme é verdadeiro, sensato, triste e maravilhoso. Começando pelo lado técnico a fotografia impressiona, as cenas te seguram de uma forma tão real que você não está vendo o filme, está dentro dele.A direção de Derek Cianfrance foi no minimo incrível, poucos diretores conseguiriam fazer um longa tão carregado de emoção e de uma forma tão segura e brilhante.A trilha sonora praticamente descreve a obra, cada letra e melodia é como um narrador, que vai detalhando suavemente as partículas da história.O mais tocante é a forma como o tudo se desenrola, Derek vai misturando, desorganizando e deixando mestricamente cada coisa em seu devido lugar e na sua hora. Michelle Williams não só convence como dá vida a personagem.Impossível não sentir na pele o que Dean (Ryan Gosling) está vivendo.Tudo é tão real que dói, tudo é tão íntimo que te questiona, tudo é tão frio e ao mesmo tempo comovente que seu coração fica apertado. O que falar de uma história de amor de verdade? Não aquelas de finais felizes, mas sim as que terminam e seguem rumos diferente. Uma esposa que não admira mais o marido por ele ter se tornado extremamente devotada à ela, e um marido apaixonado e realizado por ter se tornado o melhor de si para a sua família. Como não ficar chocado com a sorte que Cindy tem e vê-la jogar tudo para o alto? Como não chorar com a paixão de Dean,tão bonita e inocente, e vê-lo destroçado por uma mulher infeliz? Quem é o culpado? Ele, por ter deixado sua vida por ela ? Ou ela, por ter aceitado e logo após abandoná-lo? Quem é o culpado? O culpado é o amor. O amor verdadeiro que muda os hábitos, muda os pensamentos, muda nossas vidas, acaba com a nossa razão, dá-nos uma felicidade aparentemente eterna e depois machuca-nos sem pudor. Sinceramente, "Namorados para sempre" merece ser visto, revisto e aplaudido.
"Oz: Mágico e Poderoso" é um filme doce, com roteiro leve e acontecimentos rápidos. Uma produção sem muitas pretensões, em que determinado momento você se prende e em outro tem sono, mas tudo isso parece ser proposicional.Como qualquer filme da Disney ele quer passar uma mensagem e esta é sutil e bela - Você pode não ter o poder para mudar as coisas, mas sua força de vontade e determinação faz diferença. Oz era um charlatão condicionado, via o que vivia e mesmo tendo uma alma incrível não sabia, pois achava que o mundo era um lugar onde só os espertos sobreviveriam.Com o passar dos dias (acho que passou dias) ele conhece pessoas e criaturas que mostram uma visão diferente da vida.Por que não usar seu maior defeito para algo bom? Por que não entender o que você realmente é, e tentar melhorar a si mesmo? São coisas assim que vão sendo reveladas no filme de uma forma infantil e ingênua e isso poucos percebem. A boneca de porcelana é a pureza, é a fé frágil das pessoas e ela se agarra a um ser "mal" com todo amor,só por causa de um singelo gesto de bondade.A bonequinha simplesmente confia e mesmo que se machuque novamente não tem medo de acreditar. Olhando bem, todos os personagens bons do filme são assim e isso é tocante. A bruxa que se corrompe devido a uma visão distorcida, a má que finge ser boa para enganar, tudo isso evidencia como somos manipulados por acontecimentos exteriores, que nem sempre são reais.No final você entende que o verdadeiro não é o perfeito e sim o imperfeito que se aceita e tenta ser o melhor de si. Resumido é um belo filme e se torna extraordinário por ser amável,inocente e inspirador.
A Canção do Oceano
4.4 300 Assista AgoraQue filme lindo, meu Deus do céu! Super recomendo <3
Máquinas Mortais
2.7 467 Assista AgoraO CGI não convence, parece que até as pedras são de isopor. Atores sem sal, roteiro confuso, a sensação que teve foi que parecia que eles não sabiam se estavam fazendo filme pra adulto ou pra adolescentes. O que foi aquele
"homem ressuscitado"
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraO filme é uma grande analogia e definitivamente é muito complexo para ser entendido de cara, vamos aos pontos que torna o longa a obra mais genial e original da década:
Michael Keaton
Birdman em sua essência é um filme que mescla a vida real com a ficcional, seu roteiro descreve Riggan Thomson um ator decadente que vive a sombra de seu antigo sucesso e agora tenta de todas as formas reerguer sua carreira. O que torna o filme fantástico é que o diretor extrapolou o limite do que é ou não realidade e colocou Michael Keaton para fazer o tal personagem gerando assim uma ambiguidade que vai além do roteiro. Afinal quem estamos vendo? Michael interpretando Riggan,Riggan interpretando Keaton ou Michael interpretando ele mesmo?
Estrela Cadente?
No início do filme vemos um meteoro caindo na terra, popularmente exposto como uma estrela cadente, é uma clara analogia ao fracasso - estrela decadente, anjo caído, destruição. Michael aparece flutuando e diz as seguintes palavras:
"Como viemos parar aqui? Esse lugar é horrível. Cheira a testículo.Não pertencemos
a esse buraco de merda."
Aparentemente entendemos que o ator refere-se ao apartamento ou até mesmo a atual situação do seu personagem, e há também uma implícita crítica ao showbiz, contudo ainda existe um outro questionamento que o filme propõe nessa fala que veremos mais adiante.
Birdman
O homem-pássaro é a consciência do próprio Riggan, é o que lhe segura, a voz interior, a força que o mantém. Somos condicionados a entender que "Birdman" é o sucesso do passado que recusa deixar o personagem e o impede de alçar novos voos. Mas nem tudo é o que parece e no cantinho do espelho estão as seguintes palavras:
"Uma coisa é uma coisa, não o que é dito dela."
Mike Shiner
O personagem de Edward Norton é a crítica mais feroz ao mundo das celebridades, vemos um ator que não consegue ser verdadeiro em sua vida, mas o faz com maestria no palco. Só consegue ser verídico atuando, uma fuga do seu eu. Perceba que no diálogo entre Norton e Naomi a sua personagem indignada,porque Mike teve uma ereção no palco, diz: " Você pode ser o Sr. Verdade aqui, mas no mundo real, onde importa, você é uma fraude." Estamos diante do mundo dos espetáculos onde pessoas sem personalidade dão personalidade.
A câmera e os diálogos
Os diálogos expostos pelos personagens no teatro falam dos próprios personagens. É como se diferença entre os dois mundos, há um envolvimento e por mais que seja "apenas uma interpretação", estão tão ligado a eles que se torna parte deles. Há sentimentos e pensamentos que são expostos em plano de fundo enquanto os atores vão vivenciando alguns acontecimentos. É uma constante voz que vai perturbando, a sensação que eu tinha era que estava dentro de uma mente cheia de pensamentos. A câmera que segue os personagem é a identidade do filme, a personalidade, uma única sequência que vai sento destilada aos poucos, mas sempre retorna ao mesmo lugar. Há um incômodo, uma claustrofobia, e não vemos nenhum personagem sair do seu lugar habitual, se parece muito com a vida que é limitada ao ponto de acharmos que o nosso lugar é o único mundo que existe, o nosso escasso conhecimento do que há lá fora.
O que há lá fora?
Riggan só encontra a luz quando decide voar, quando assume o que verdadeiramente é - o Homem-pássaro!Como dito anteriormente "nem tudo é o que parece" e o filme "Birdman" foi o único momento da vida do personagem onde ele foi verdadeiro consigo mesmo. Não é o passado que o atormenta e sim sua real personalidade, quem ele recusa ser por medo de ser desprezado. Enquanto não assumir sua verdadeira identidade vai continuar sendo o ator esquecido e desacreditado. Só há evolução quando Riggan pula do prédio e alça voo, deixando para atrás seu limitado mundo.
O grande Motivo
"E VOCÊ CONSEGUIU O QUE QUERIA DESTA VIDA, APESAR DE TUDO?
CONSEGUI.
E O QUE VOCÊ QUERIA?
CHAMAR-ME DE QUERIDO,
SENTIR-ME AMADO NESTA TERRA. (FRAGMENTO DE RAYMOND CARVER)"
Essas letras em maiúsculo é a introdução do filme antes da primeira cena, e descrevem bem a alma do personagem interpretado por Michael Keaton e o desejo de todos os seres humanos. Queremos ser amados! Por isso criamos tudo, por isso existem as redes sociais, as estrelas de cinema, as marcas, os presentes, o consumismo, esse texto. Tudo se resume a vontade de ser aceito e muitos decidem viver alguém que não é para conseguir tal feito, somos capazes de qualquer coisa para isso.
"Uma coisa é uma coisa, não o que é dito dela." A personagem de Emma Stone é a mais verdadeira do longa e é dela o diálogo mais importante, quando expõe a Riggan a realidade e afirma que ele não existe, pois não tem facebook nem twitter, o que não deixa de ser verdade, ela realça o que nossa atual sociedade virou. Riggan tenta ser indiferente aos novos comportamento culturais, mas tem em seu âmbito o mesmo desejo de quem ele despreza - ser notado. Foi nisso que nos transformamos, e acreditamos piamente ser verdadeiro o que se afirma dos outros, não somos mais seres humanos, somos status e "status", "likes" e fotos, somos julgamentos. Lembra da primeira fala? "Como viemos parar aqui? Esse lugar é horrível." Não era apenas um crítica ambígua ao showbiz e ao local onde o personagem estava, era uma crítica à sociedade atual e o que nos tornamos com as redes sociais.
O tiro
Finalmente Riggan decide assumir sua verdadeira identidade, não há um encenação, é sua vida, sua verdade que está no palco e ele entende isso. Ali,se liberta e mesmo que ninguém consiga ver, o Homem-pássaro está no palco, seu verdadeiro eu, sua alma. É também uma clara referência aos atores que precisam se despir e derramar seu sangue para serem lembrados, é uma entrega total e fatal.
"Birdman" é uma crítica dentro da crítica e excede todos os limites, quando cria uma história que faz referência a um ator de hollywood, que interpreta ele mesmo na busca do seu melhor papel. Michael Keaton se encontrou como Riggan e entrega o papel de sua vida.Talvez a arte não esteja tão distante da vida real e não passemos de pessoas inseguras que vêem o mundo lá de cima brincando de verdade e consequência.
O Abutre
4.0 2,5K Assista Agora"O abutre" é incômodo porque fala diretamente com nosso lado mais sórdido e obscuro. O filme retrata até onde vai a ambição humana e como a sociedade se acostumou a violência ao ponto de vê-la como puro entretenimento.A desgraça alheia é espetáculo e Lou Bloom (Gyllenhaal) entende isso como ninguém. Um cara sem escrúpulos, que percebe nas ruas uma oportunidade de ganhar dinheiro, resolve pegar uma câmera e filmar todo o tipo de miséria humana,assaltos, acidentes e mortes. Com o material em mãos, vende a um jornal local que vê sua audiência subir. A história é basicamente essa e o trunfo do longa está no roteiro que é muito bem construído e na atuação fantástica de Jake Gyllenhaal que está no seu melhor papel desde Brokeback Mountain,sua caracterização é muito impressionante.Fazer um longa com um personagem tão denso é bastante arriscado,caso não seja muito bem interpretado, um protagonista que segura um filme inteiro sozinho precisa ser inquestionavelmente verídico, isso só prova que estamos diante de um dos melhores atores contemporâneos. Infelizmente ou felizmente, "O abutre" não tinha cacife para concorrer a melhor filme, contudo Jake merecia uma indicação ao Oscar assim como recebeu no Globo de Ouro. Dan Gilroy faz um trabalho impecável em sua estreia como diretor,além de ser o roteirista do filme.Agora é torcer para que ganhe melhor roteiro original.
Para Sempre Alice
4.1 2,3K Assista AgoraFantástico, lindo e impressionante. Com sutileza ele expõe profundos questionamentos e a cada momento analisa a vida de uma forma poética. Julianne Moore está tão natural que me lembrou Cate Blanchett em "Blue Jasmine", não via a atriz, estava diante da personagem viva e crua. Falar sobre o Alzheimer poderia derrubar o filme com inúmeros clichês, mas o que vi foi uma abordagem totalmente verídica e atual. Lidar com a preocupação de passar a doença para a família foi um dos pontos altos da trama. A tensão de ver a doença da mãe e saber que poderia sofrer o mesmo mal no futuro é desumano. Uma batalha diária para todos, porém para Alice Howland já estava perdida. Vemos a personagem deixar o auge de sua atividade intelectual para se tornar um ser humano sem lembranças, praticamente sem história, inexistente. É triste, deprimente e a realidade de inúmeras pessoas. "Para sempre Alice", é doloroso, bonito e inquestionavelmente real. Um filme que usa a dor para falar sobre a essência da vida - o amor.
Os Incompreendidos
4.4 645François Truffaut é meu cineasta favorito, não apenas pelo seu estilo quando dirige um filme, mas por sua história de vida fantástica. Já imaginou abandonar a escolar e assistir três filmes por dia e ler três livros por semana? Isso é fantástico! Autodidata François se tornou um dos maiores críticos de sua geração e influenciou diretores consagrados como Steven Spielberg, Quentin Tarantino, Brian De Palma e Martin Scorsese. Mas deixemos de lado a vida do diretor e vamos ao seu primeiro trabalho cinematográfico e autobiográfico "Os incompreendidos". O filme fala unicamente sobre a infância e em como muitos pais negligenciam a educação dos filhos colocando-a sobre a responsabilidade dos outros. A escola cobra dos pais e os pais devolvem para escola. A história do garoto Antoine Doine, mesmo 66 anos depois continua atual, provando que certas questões ainda permeiam nossa sociedade. Um grito é sufocado durante os 90 minutos da película, é agoniante ver os sentimentos de Antoine passarem despercebidos diante dos seus próprios pais. Uma indignação latente acompanha o furor da infância fazendo uma dupla inspiradora. O mais interessante é que o garoto não tem dúvidas do que é e não busca um autoconhecimento, apenas deseja ser entendido e acaba usando a inconsequência juvenil para isso. Um filme para espíritos rebeldes e almas sedentas por conhecimento.
Ida
3.7 439Frio, denso e com ótimas fotografias, "Ida" é a busca da identidade, a vida com seus nuances de prazer acompanhada da eterna sensação de culpa. Há sempre um julgamento interno, e os enquadramentos perfeitos revelam essa batalha silenciosa do que "deve ou não deve ser feito". Anna é uma freira que descobre ser judia quando visita sua tia Wanda. Sua vida até então isolada do mundo exterior, começa a ganhar marcas e questionamentos. Wanda é uma mulher dura e fria, assolada por um passado culposo, vive uma existência de autodestruição. Apesar de opostas, as protagonistas se parecem na maneira como expõe suas emoções, o interessante é que a película em preto e branco serve justamente para mostrar que não há muita diferença entre elas, ambas escondem seus verdadeiros sentimentos. O filme tem um roteiro linear e a trilha sonora é quase inexistente, mas quando surge dar cor a película, trazendo o telespectador a vida real. A sensação que eu tinha é que estava na mente das personagens e via como elas enxergavam o mundo - sempre cinzento e triste. Contudo, nos momentos em que a banda tocava um ar de alegria era jogado e a atmosfera mudava, trazendo uma percepção diferente da atual. Esse contraste de ambiente e som junto com as imagens que transmitiam poucas cores davam á película sua grandiosidade conservada na simplicidade."Ida" é sobre percepções, sobre como encaramos o passado e como ele influencia o futuro. Sobre a eterna busca da autorrealização que não passa de uma sucessão de momentos acompanhados do eterno "e depois?"
Êxodo: Deuses e Reis
3.1 1,2K Assista AgoraRidley Scott entrega uma obra perfeita, onde tudo beira ao colossal e a riqueza de detalhes é no mínimo impressionante. Conseguiu fazer pequenas adaptações sem desrespeitar a história original e o pouco que acrescentou deixou tudo mais bem acabado . A fotografia e o figurino do filme estão sensacionais, a impressão que eu tinha era que tudo era real como em "Cleópatra". Cristian Bale cumpre bem seu papel e Joel Edgerton brilha como o faraó Ramses. Bem diferente de "Noé", adaptação mais recente das histórias bíblicas, "Exodus" consegue agradar a todos independente de crença.
O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos
3.9 2,0K Assista AgoraQue constrangedor Peter Jackson?!
Desfechos ridículos, personagens esquecíveis, cenas bobas e diálogos forçados. Um longa de duas horas e meia que poderia ser resumido em um curta de 15 minutos.A sensação que eu tinha era que o diretor estava fazendo de tudo para me fazer rir ou chorar, mas não se preocupou em deixar o filme coeso e terminar a obra de uma forma digna. Da trilogia só se salva o segundo filme, deste último apenas algumas cenas de batalha. Lamentável!
Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1
3.8 2,4K Assista AgoraVou ficar um bom tempo com esse filme na cabeça! Excelente!
O Babadook
3.5 2,0K"A vida nem sempre é o que parece. Pode ser uma coisa maravilhosa, mas também pode ser bem traiçoeira" - Diz o mágico na tevê enquanto Samuel o assiste. Essa é a grande premissa do filme de Jennifer Kent - "The Babadook", um longa de terror Australiano exibido durante "Sundance Film Festival" em 2014.
A genialidade da obra está em usar uma linguagem metafórica para falar de um assunto sério e que assola mais da metade da população mundial - a depressão. O "Babadook" é real, não é apenas uma ficção criada para assustar e entreter enquanto derrama clichês do gênero em nossos cérebros treinados e entediados. Assim como num espetáculo de mágica o filme conta com certos truques para iludir o espectador, mas todas as respostas estão lá e vão sendo jogadas enquanto uma linha aparentemente invisível vai sendo tecida, basta apenas prestar atenção.
O garoto problema
Nas cenas iniciais do filme estamos diante de Amelia, uma mãe viúva que perdeu o marido em um acidente de carro enquanto ia para a maternidade ter seu filho, Samuel. Sete anos se passaram e o que podemos constatar é uma mulher cansada e machucada pela vida, atormentada por seu filho problemático. Samuel tem dificuldades para dormir pois acredita que alguns monstros se escondem em seu armário e debaixo da cama para assustá-lo durante a noite.
Amelia sempre lê um livro para o filho antes de pôr-lhe pra dormir. Numa noite qualquer Samuel pede para que mão leia um livro que ele encontrou em sua estante. "The Babaddok" é o título da obra. O comportamento do filho piora após a leitura do conto e os monstros que antes não tinham nomes e tiravam o sono do garoto agora ganha forma e nome - Mr. Babadook.
A mãe atormentada
Amelia está muito cansada e tudo piora com as "visões" de Samuel que agora adquiriu um comportamento ansioso e até mesmo violento. Após uma convulsão violenta deo garoto, a mãe decide procurar ajuda e desesperada pede sedativos ao médico para o filho,por uma semana, para que possa dormir tranquila. Contudo, apesar do problema resolvido, Amelia começa a ter visões estranhas e sua dificuldade de dormir piora, chegando ao ponto de passar a madrugada inteira em frente a tevê sem se dar conta disso.
Você deve está se perguntando por que eu escrevi um resumo e o separei em duas partes para explicar algo que está explícito no filme, tudo o que relatei está bastante perceptível para qualquer um. Verdade! Mas se fez necessário e vou explicar por que.
Desvendando Babadook
Boa parte do grande segredo do filme está em seus primeiros minutos. Perceba que o "Babadook" nunca de fato apareceu para Samuel. Na verdade o seu medo de monstros já existia, ele apenas materializou a imagem contida no livro para dar forma a sua fantasia. A única pessoa capaz de ver o ser misterioso é Amelia. Mãe e filho, ambos, enxergam o mesmo problema, mas quem o criou?
No aniversário de sua sobrinha, Amelia está diante de sua irmã e algumas mulheres, ela se encontra sentada enquanto as outras estão em pé, uma clara analogia a sua condição inferior. Perceba que todos os adultos estão de preto em um aniversário infantil. O que é bastante estranho. Creio que seja apenas mais uma percepção de Amelia do seu mundo, onde tudo é sombrio e sem vida.
- Claire me disse que você é escritora.
- Não realmente, não mais. - Responde Amelia.
- Que tipo de coisas escrevia?
-Eu escrevia alguns artigos para revista. Coisas de crianças.
Esse diálogo é o ponto chave do filme, mas não falarei dele agora, vamos mais adiante.
Quando o livro reaparece na porta de Amelia ela decide queima-lo. A cena é clara.A mãe coloca o livro sobre uma churrasqueira, põe gasolina e fogo. Em nenhum momento a vemos sujar as mãos, todavia na próxima cena Amelia está com as mãos sujas. Seria cinzas ou tinta? E por que ela teria motivos para esconder as mãos quando afirma ao policial que queimou o livro?
Que "The Babadook" é a depressão vista por Amelia e que atinge Samuel isso é explícito. O que o filme esconde e vai revelando aos poucos é que o monstro não surgiu, ele foi criado. A mãe criou o livro para expressar todo o seu sofrimento que a atormentava por anos. Samuel não precisa de ajuda é Amelia que não consegue ver o problema como realmente é. Não existe um mostro, existe a depressão que a corrói todos os dias. A cena em que ela aparece possuída e para se livrar do "espírito" vomita tinta é a pista final jogada no espectador. "Claire me disse que você é escritora",
Após toda a simbologia que a cena de confronto representa com Amelia finalmente "enfrentado" sua depressão, podemos ver a árvore seca, que sempre aparecia de uma tomada para outra, repleta de folhas e flores. Agora há cor no filme, apesar de alguns tons sombrios permanecerem. A mulher está curada? O Babadook se foi? A depressão deixou de existir? Não. Quando Amelia desce ao porão está voltando para sua tristeza, seu grande medo, e quando faz isso acaba se expondo ao seu pior pesadelo,alimentando-o. "Quanto mais negar, mais forte eu fico!" A depressão é algo sério e negar sua existência é criar um monstro, que vai te engolindo aos poucos ao ponto de nada mais restar. Filme extraordinário!
Ilha do Medo
4.2 4,0K Assista AgoraQuando o filme terminou deu vontade de sair na rua gritando - PQP!!!!!!!! QUE FILME DO CARALHO!
Amaldiçoado
3.0 1,2K Assista AgoraMatou o livro! É um filme raso, onde tudo é tratado de uma maneira superficial e rápida. Você não cria empatia com nenhum personagem, e muito do que era essencial para o longa foi deixado de lado. Sinceramente poderia ter sido bem mais sombrio e profundo, mas para quem não conhece o livro serve bem.
O Candidato Honesto
2.5 432 Assista AgoraFui assistir por engano, o filme que eu queria tinha acabado de sair, e realmente me surpreendi.Leandro Hassum está natural, bem diferente dos personagens idiotas que ele faz na Globo, acho que finalmente consegui ver sua genialidade. É verdadeiramente engraçado e as piadas falam diretamente com o público, é o popular inteligente, aquilo que realmente o brasileiro acha cômico, riso pra fora, sem contenção. O filme tem um roteiro conciso e não força, como geralmente acontece com algumas comédias nacionais. O que me deixou realmente surpreso foi o final, tirou-me lágrimas, mostrando que a obra não era apenas mera distração e sim uma grande lição. Muito bom!
Batman: Ano Um
4.0 214 Assista AgoraPerfeitamente fiel á Graphic Novel de Frank Miller, ouso até afirmar que complementou da melhor forma possível. Uma animação muito bem produzida e com uma edição de som impecável. Merece cinco estrelas sem sombra de dúvidas.
Acordar para a Vida
4.3 789Se eu tivesse que escolher um único filme para levar comigo por toda a minha vida, sem sombra de dúvidas seria esse. Fantástico!
Cassino
4.2 649 Assista Agora"Cassino" é um filme de Martin Scorsese que narra a conturbada vida de "Ace" (Robert De Niro), um judeu-americano que foi contratado pela máfia para supervisionar o cassino Tangiers, em Las Vegas. Com uma narração densa e ângulos de câmeras precisos, o filme prende a atenção nos primeiros segundos, o diretor desperta a curiosidade de quem assiste de uma maneira leve e descomprometida.
A obra fala sobre a rede de interesses que funcionava em Las Vegas na década de 70. O que move a cidade e seus empreendimentos é o dinheiro, e o que importa é saber enganar sem deixar ser enganado. O poder estar nas mãos dos mafiosos que controlam tudo na cidade, e precisam de pessoas competentes como "Ace" para garantir-lhes o dinheiro sujo da forma mais "honesta" possível. O roteiro não se perde em nenhum momento, a rede de intrigas e interesses passeiam entre o âmbito dos negócios e familiar sem deixar pedaços. Acho que é nesse ponto que "Cassino" consegue ser distinto, pois nos apresenta diversos personagens,com suas inúmeras tramas e submundos, sem beirar ao excesso de informações.
De Niro cumpre bem seu papel nos trazendo um personagem centrado e altamente convincente. Joe Pesci rouba a cena com uma atuação espetacular, porém o filme é de Sharon Stone, que entrega sua melhor performance - "Ginger". A esposa de "Ace" figura entre o psicótico e o sensual de forma sublime, Stone capta toda a essência da personagem e para o nosso deleite traz um trabalho impecável. E o que falar da trilha sonora? Sensacional! Em alguns pontos lembrou o estilo de Tarantino.
"Cassino",na verdade, dispensa grandes avaliações por se tratar de um das obras mais complexas de Martin Scorsese. São quase três horas de pura violência, ganância, trapaça e realidade, e mesmo assim nada é excessivo, tudo esta em seu devido lugar. Memorável, instigante e impressionante, nesse jogo de boas e más intenções, Martin nos entrega um baralho recheado de perfeccionismo.
Laranja Mecânica
4.3 3,8K Assista AgoraGraças ao acaso tive a oportunidade de ler o livro antes de conhecer a versão cinematográfica feita por Kubrick. O filme infelizmente não aborda a profundidade da obra literária, mas Stanley conseguiu,visualmente falando, fazer "Laranja Mecânica" se tornar tão vivo quanto inquestionável.
Sim, é uma verdadeira obra de arte, desde o figurino perfeccionista, às locações e decorações. O cuidado com a trilha sonora, que é traço importante da personalidade de "Alex" , revela a cautela do diretor em ser fiel ao livro. Infelizmente, algumas cenas, que eu considerava importante na construção da individualidade do protagonista, foram deixadas de lado. A sensação que eu tinha era que tudo estava acontecendo muito rápido, sem muita intimidade, como se o diretor tivesse medo de expôr mais.
"Alex" é um jovem mal, sarcástico e violento. Sua personalidade é desprezível e suas motivações estritamente passionais.Contudo, sua paixão pela música clássica e sua sensibilidade á ela, mostra seu lado mais divino e bom, o que acaba sendo um contra ponto importante para a trama. Nosso anti-herói ou herói, é submetido a uma lavagem cerebral, apoiado pelo governo, onde se torna um ser incapaz de cometer maldades. Um meio prático de resolver o problema da violência e das super lotações nos presídios. Contudo, nosso narrador e protagonista fica sujeito a toda a maldade provinda tanto das sua vítimas como dos próprios policiais,que deveriam prezar pela paz.
A grande questão é - ser bom é uma opção ou uma obrigação? Se fosse possível aniquilar a violência impondo-a sem poder de escolha seria plausível? Os fins justificam os meios? Não seria uma violência contra o livre arbítrio? Ter algo que nos force a seguir um caminho, mesmo que justo, nos torna realmente melhores?
"Laranja Mecânica" é uma crítica a toda imposição de valores ou comportamentos. O que é errado? Por que é errado? Existe uma consciência coletiva de auto preservação que nos orienta a um comportamento civilizado, mas esse comportamento não deve ser imposto, ele precisa ser natural, precisa ser consciente. Por mais que uma sociedade sem problemas seja um sonho para todos nós, ela precisa nascer do intimo e cada cidadão, uma vontade de querer ser. "Alex" representa a liberdade violentada, amamos e odiamos o protagonista sem entender tais sentimentos.
Kubrick, assim como Anthony (autor), meneia questões delicadas, entra na escuridão de cada espectador e o traz para a verdade, expõe sem medo, através de uma história brilhante, nossos medos e perguntas mais intimas. É saliente informar que aqueles que apenas conheceram a obra através das telas, precisam urgentemente embarcar na viagem literária de Burgess. Só assim é possível penetrar na mente do autor e conhecer a alma de "Alex" que é a grande interrogação e exclamação da história. "Laranja Mecânica" não e um simples filme, é ironicamente uma lavagem cerebral contra a ignorância, é um soco nos nossos valores, é a ultra violência da percepção.Uma liberdade "Horrorshow".
Walt nos Bastidores de Mary Poppins
3.8 580 Assista Agora"Walt nos Bastidores de Mary Poppins" é um titulo que esconde a essência de uma grande obra. A "tradução" brasileira resume-se na ideia de um documentário, afinal, foi desse modo que a moça dos ingressos me descreveu o filme,quando meu amigo indagou do que se tratava. Eu particularmente prefiro "Salving Mr. Banks" é simples, inquisidor e verdadeiro.
"Walt nos Bastidores de Mary Poppins" conta a historia da luta pessoal de Walt Disney,que durou 20 anos, para adquirir os direitos da obra "Mary Poppins" da escritora australiana P.L. Travers. Apesar da crise financeira que assola Travers, ela se recusa a ceder sua grande criação com medo que Walt Disney a transforme em um filme frívolo e vazio. É com essa premissa que o diretor John Lee Hancock cria uma de suas obras mais tocantes desde "Um Sonho Impossível (2009)". Sua competência em transformar uma simples história em algo grandioso é visto mais uma vez, e com maestria ele mistura imaginação, realidade, traumas, infância e magia em um só filme.
O longa não deixa a desejar em ponto técnicos, a fotografia concebe bem os pontos de vista dos personagens,e mesmo misturando o passado e o presente sem aviso prévio funciona coerentemente. A trilha está suave e acompanha cada sentimento exibido na tela, nada deslocado, tudo em perfeita ordem. As atuações estão fantásticas, Emma Thompson concebe toda a particularidade e complexidade que a personagem pede. E seu sotaque inglês é hilário.Tom Hanks tem uma ternura no olhar e uma verdade nos gestos que em nenhum momento duvidamos que estamos diante de Walt Disney. Colin Farrel se entrega totalmente ao pai da garotinha Travers, memorável atuação sem sombra de duvidas. E não esquecendo também da singela interpretação Paul Giamatti que com tão pouco conseguiu se sobressair.
John Lee coloca em embate questões que assolam a todos nós usando personagens reais e imaginários, há momentos em que não dá pra distinguir o que realmente é real ou não. A tentativa do diretor de mostrar que a fantasia está intimamente ligada a realidade é o grande trunfo do filme. Não só estamos diante dos traumas dos protagonistas como diante de questões nossas."Realmente deixamos de ser crianças? Ou apenas nos tornamos Mary Poppins á fim de resolver nossos problemas?" Eu me perguntei diversas vezes enquanto aquela rede de emoções se desfiava à minha frente.
De início, a senhora Travers e o senhor Disney são colocados apenas como pessoas de interesses distintos. Nos primeiros minutos do filme estamos diante de uma luta de personalidades, a conservadora inglesa e o,aparentemente, ganancioso americano. O quarto repleto de pelúcias dos personagens Disney já deixa explícito as visões distintas de ambos - um encontra a beleza da magia em tudo, a outra prefere a realidade fria e crua. Esse embate permanece durante toda a obra, é justamente o que o Lee quer nos proporcionar - a chance de ver o mundo de outra maneira. A personalidade de Travers é o que somos, o adulto com problemas, traumas e realista, já o Walt é a libertação do passado, a alma de criança que ainda persiste em nós. Dois lados que lutam entre si tentando encontrar um caminho em comum, um acordo.
Com imagens do passado sendo recrutados por situações do presente, vemos a senhora Travers em um embate que sai do âmbito externo para o interno. Não seria esse o grande motivo de sua recusa em ceder os direitos a Walt? Ficar frente a frente com seu passado traumático? Mary Poppins não se resumia apenas em uma obra infantil, era uma alma calejada de sofrimento, era o único fio de esperança que segurava Travers. Logo Walt Disney percebe que aquela escritora escondia algo em sua obra, as situações hilárias onde vemos a mesma boicotar todas as boas intenções dos produtores,roteiristas e músicos, são reflexos de uma tentativa honrosa de preserva seu passado. Apesar de ser mundialmente conhecida, a história da babá que chega à casa da família Banks voando em um guarda chuva, na verdade não passava de um diário de lembranças.
O que temos é um drama familiar, onde um pai alcoólatra tenta de todas as formas preservar a inocência de sua filha, enquanto a mesma acaba conhecendo a dura realidade nos excessos do pai.Pessoas reais se misturam a personagens literários, deixando tudo mais profundo e tocante,é a incessante tentativa de preservar o que temos de bom,é o faz de conta que nos livra da verdadeira face da vida.A figura do Mickey, sempre presente em momentos importante, representa a pureza da infância, já Mary Poppins só aparece quando preciso, assim como no livro. Quem não sonha em encontrar alguém que resolva nossos problemas? Que organize nossa vida e nos aponte a direção? Que bom seria se essa ajude aparecesse voando na nossa porta.
As Horas
4.2 1,4KA POESIA DO FILME - AS HORAS
"As Horas" é um filme anglo-americano dirigido por Stephen Daldry e lançado em 2002. O longa rendeu um Oscar de melhor atriz para Nicole Kidman e findou de uma vez por todas o talento do diretor de "Billy Ellyot". A obra é baseada no livro "As Horas" de Michael Cunningham, o ganhador do prêmio Pulitzer. Michael cria uma história ficcional envolvendo o livro Mrs. Dalloway,de Virgína Wollf, com três protagonistas que vivem em épocas distintas.
"As Horas" é um longa diferente, sua beleza é clara em todos os sentindo, mas sua poesia se encontra nas entrelinhas. Desde a interpretação incrível de Nicole Kidman à expressiva trilha sonora, o filme é uma obra de arte em película, vai desenhando rabiscos sem sentidos que delicadamente se transformam em marcas profundas e tocantes.
Como o texto é extenso resolvi dividi-lo em partes e seria essencial lê-lo apenas aqueles que viram o filme, caso o contrário tudo soara superficial.
PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Os primeiros minutos do filme,após a carta de Virgina, começa de uma forma intrigante. Personagens secundários caminham em direção à casa das protagonistas, antes de vermos a Senhora Woolf, Laura Brow e Clarissa, ficamos diante de seus respectivos parceiros. Aparentemente é apenas mais uma cena para deixar o roteiro curioso, contudo percebesse que a beleza da obra já está em questão. O que está em cheque tem a intenção de mostrar como outras vidas estão diretamente ligadas às nossas. Quando somos apresentados ao trio que irá desenvolver a trama principal, estamos diante de uma sensação incômoda - a vida. É isso mesmo que você leu. A vida é a grande "vilã" de "As horas".Virgina acorda, se olha no espelho, e sua expressão insatisfeita mostra o fardo que é, mais um dia, ser ela mesma. Clarissa parece não sentir a mesma coisa, exibe um ar perdido, como se procurasse preencher mais uma vez sua rotina vazia, pensa por um instante nas coisas que deve fazer, abre as janelas e tenta encontrar meios de não parecer triste. Laura, diferente das outras, não está diante do espelho, o barulho da cozinha a desperta para sua realidade e a primeira coisa que faz é pegar o livro "Mrs. Dalloway", acentuando-se assim seu desejo de ser a personagem literária.
OS QUATRO OBJETOS
Quatro objetos são recorrentes no longa - espelhos, janelas, flores e relógios. O espelho mostra a existência fadigada das protagonistas.As janelas são uma porta onde observam um mundo alheio aos seus e desejam ter outra vida. As flores é a metáfora para a própria existência, que pode ser bela ou adquirir uma forma murcha e melancólica. Sua aparência é breve, parece ter um significado, mas esse é único para cada pessoa que a observa. O relógio conta as horas, é a consciência que a vida passa, é a dor de vê-la sendo carregada e não ter o controle sobre isso. Simboliza a morte e sua caminhada até ela.
SENHORA DALLOWAY
"A Sra. Dalloway disse que compraria as flores ela mesma." - Escreve Virgina com um olhar distante enquanto fuma seu cigarro. A primeira impressão que se tem é que a autora, á medida que escreve sobre a Sra.Dolloway, deseja a vida de sua criação, talvez um fuga da realidade, contudo percebesse que na verdade a senhora Woolf quer criar uma personagem aparentemente feliz e depois fazê-la tirar a própria vida. É o controle que lhe falta a sua própria condição, mas que pode ser exercido sobre sua personagem. "Ela irá se matar por algo aparentemente sem importância" - concluí Virgina e pequenas cenas mostram uma empregada indo comprar gengibre a mando da escritora. Uma clara referência ao poder que a senhora Woolf deseja ter sobre o destino dos outros.Quem realmente deseja ser a heroína do livro é Laura, pois ver nela a coragem de mudar sua existência. Clarissa é a verdadeira personagem do livro e é nesse ponto que o filme transcende a barreira do sublime.
O ANIVERSÁRIO
Outro ponto central é o aniversário de Richard, a criança de 1951 e o adulto de 2001. Algumas pessoas ficam melancólicas em seus aniversários, é uma data especial e triste ao mesmo tempo. Especial por ser o dia do seu nascimento e triste por te deixar mais perto da tão temida velhice. Contudo, para Richard essa data tem a ver com questões mais complexas, sua percepção da vida começou logo cedo e ele percebeu que a insatisfação das pessoas, pra não falar da sua mãe, está ligada a percepções pessoais.Mesmo com uma vida aparentemente feliz o vazio pode existir.O garotinho no acume de sua infância convive com uma mãe presente fisicamente, mas ausente mentalmente. O pequeno tem um espírito de poeta e percebe que Laura, apesar de tentar disfarçar, está insatisfeita com sua vida "perfeita". Seu olhar triste e curioso demonstra como sua alma inocente sofre por não poder ajudar a mãe. O adulto Richard percebe as mesmas questões agora refletidas em Clarissa, mas diferente de Laura, Clarissa não é ausente e vê nele a razão de sua vida. E pela primeira vez o filho entende a mãe, vivendo uma vida sem sentido para si próprio, apenas para fazer sentido aos outros. É um fardo pesado ser a felicidade de alguém quando não se é feliz consigo mesmo."Para quem é essa festa? - pergunta Richard e depois continua - "O que eu digo é...que acho que só continuo vivo para te satisfazer." "Bem, é isso que fazemos." - Responde Clarisse.
O BEIJO
O intrigante do filme fica entregue à duas partes onde Laura e Virgínia beijam suas irmãs. O sentindo incesto e lésbico foge perante a concepção poética do gesto. Trata-se de uma demonstração de admiração. Kitty,irmã de Laura, exibe uma força apaixonante pela vida, mesmo diante de um tumor no útero que a impede de engravidar. "Você tem muita sorte, Laura". Diz Kitty, enquanto uma consciência de ingratidão cai sobre a cabeça da outra. Virgínia repete o mesmo gesto com Vanessa. O que a senhora Woolf mais queria era ter a vida comum que permeia sua irmã, Vanessa não se preocupa com grandes questões, apenas vive, essa é a beleza de sua existência. "E você volta para o quê?" - Pergunta a escritora. - "Ah, um jantar insuportável...que nem sequer você invejaria, Virgínia." - Responde Vanessa."Mas eu invejo!" - Termina a senhora Woolf.
A PLATAFORMA
Com alguns passo Virgínia pode mudar sua vida, basta compra o bilhete e subir no trem.É nesse cenário que o diálogo mais importante da trama se desenrola, pois é nele que vemos que a escritora luta por sua sobrevivência. Ela deseja mudar de vida, ser dona de seu próprio caminho. Está cansada de ter suas decisões tomadas por terceiros. É justamente nessa cena que percebemos que estamos diante de três destinos distintos. A senhora Woolf encontra no suicídio o descnaço, o fim da dor.Laura tem a coragem de jogar tudo pra o alto, mesmo que isso implique em consequências sombrias no futuro. Já Clarissa é a Sra. Dalloway destinada a morrer, pois sua razão de viver pulou pela janela, mas um encontro inesperado muda seu modo de enxergar as coisas. A ironia é que todas pareciam entregues a um destino sem escolhas, mas ambas tomaram as rédeas da situação e decidem, a seus modos, reescreverem suas histórias.
O ENCONTRO
O desfecho do filme fica por conta do encontro entre Clarissa e Laura. É o encontro com a verdade, o puro significado de tudo. É o encontro com a chance, com a coragem da mudança. "Escolhi viver" - Diz Laura. Por mais que ela fizesse parte de uma vida perfeita, isso não era o bastante, não estava realizada em ser mais uma peça do tabuleiro, queria ser a mão que controla o jogo. Tomar a decisão de nadar contra a maré foi difícil, mas o que estava em cheque era a sua vida e só ela poderia mudar isso. Esse é o sentindo. A felicidade não pode ser maquiada, posta sobre muros construídos com pessoas e embelezada por flores que secam. Ela apenas nos pertence e essa é a única e mais importante responsabilidade que temos.
"Querido Leonard, enfrentar a vida de frente...sempre enfrentar a vida de frente...e conhecê-la pelo o que ela é. Finalmente conhecê-la...amá-la pelo o que ela é. E então...deixar de lado. Leonard...sempre os anos entre a gente.Sempre os anos. Sempre...o amor. Sempre...as horas." (Trecho da carta de suicídio de Virgínia Woolf)
"As horas" nos ensina diversas coisas, põe em questão espinhos que machucam, abre nossos olhos, fecha nossa ignorância. A vida é um conjunto de segundos que se misturam a horas.É um "tic tac" presente que incomoda, quando não estamos ajustados ao nosso próprio tempo. É a escolha, sempre a escolha, de encarar nosso sentido de frente e sentir a dor ou alegria de acordamos sendo nós. Pode ser trilhada sob a sombra do descaso ou enfrentada com a vergonha da realidade.Mas acima de tudo é um caminho e como qualquer caminho quem decide onde chegar somos nós.
Elysium
3.3 2,0K Assista Agora"Elysium" estreia com uma grande carga de expectativa. Primeiro para nós brasileiros, afinal, em seu elenco há dois atores da nossa terra. Segundo para todo os cinéfilos, por levar o nome de Neill Blomkamp.
O diretor sul-africano ficou mundialmente conhecido quando dirigiu o longa "Distrito 9" sob a produção de Peter Jackson. A obra foi considerada o melhor filme de 2009 e traz uma forte crítica aos conflitos étnicos disfarçada em peles alienígenas e com ótica de ficção-científica. Como era de se esperar, todos os olhos hollywoodianos focaram-se no estreante diretor, e "Elysium",seu segundo longa-metragem, não seria diferente,ficou na mira de críticos e perante muita expectativa.
O ano é 2154, o mundo está dividido em dois grupos: os muito ricos e os muito pobres. Enquanto o primeiro vive em uma estação espacial de luxo(Elysium), o segundo sobrevive na terra que agora está superpopulada e caótica. Elysium é o sonho de consumo de todos os terrestres, não só por sua beleza,mas pela esperança de vida saudável e eterna. Qualquer doença é curada em segundos por uma máquina que se encontra em todas as residências. Max (Matt Damon) é um operário que sofre um acidente no trabalho e é exposto a uma grande carga de radiação, seu corpo debilitado só tem cinco dias de vida. Totalmente desiludido e rancoroso procura Spider (Wagner Moura), uma espécie de "Coite", que chefia viagens clandestinas para a estação estelar.
O roteiro apesar de bem construído,têm suas falhas, uma delas é a personagem medíocre - Rhodes (vivida por Jodie Foster).A atriz é uma secretária de segurança da estação espacial e sua atuação é morna e sem graça. Sua personagem é muito caricata,até as novelas da globo tem vilãs mais elaboradas, ela não passa de um gatilho para que a trama seja desenvolvida. Talvez uma desconhecida se encaixasse melhor no papel, no fim das contas, espera-se sempre "o extraordinário" de uma ganhadora do Oscar. Sharlto Copley (Kruger) é um agente corrupto que vive na terra e executa os comandos de Rhodes, sua atuação é formidável e seu personagem segue uma linha de personalidade fiel e esperada. Alguns críticos afirmaram que Kruger é mal elaborado e peca no final, mas quem assistiu o filme sabe que não se deve esperar nada de um antagonista sem escrúpulos, egoísta e babaca, a não ser uma atitude idêntica à sua personalidade. Alice Braga dá vida a médica Frey, amiga de infância de Max. Sua atuação é forte como a de Wagner Moura que brilha no papel de Spider. No final percebemos que os dois grande protagonistas do filme são os nossos atores brasileiros. Damon e Foster acabam se tornando coadjuvantes, não por suas atuações, mas pelo caminho de seus personagens.
Li algumas críticas que afirmavam que o erro de Blomkamp foi ter excluído a classe média de sua obra,mas tenho que discordar de tal perspectiva.Como eu disse anteriormente: só existem os muito ricos e os muito pobres. Analisando algumas profissões e as condições que a terra se encontra, é impossível existir uma classe média. Os policiais são robôs, os atendentes também, logo se pressupõe que alguns outros profissionais também são. Os médicos são desvalorizados,afinal os ricos tem sua própria máquina de cura em casa, sendo assim não há um órgão que pague bons salários para a classe. Os governos estão em Elysium, consequentemente todos os funcionários públicos humanos também. Então o que resta na terra? A classe operária e os desempregados. Os "Drones" mantém o controle para os ricos, enquanto eles desfrutam de suas vidas perfeitas. Não há possibilidade de existir uma classe média.Ou você é rico ou não.
"Elysium" acaba sendo uma forte crítica ao nosso mundo atual, onde aqueles que possuem capital suficiente têm melhor qualidade vida. Enquanto a maioria padece sobre condições precárias e desumanas, a minoria tem dinheiro para "bancar" um ensino melhor para seus filhos, um plano de saúde, uma boa alimentação e vivem de luxos e prazeres. A mensagem principal do filme não é a divisão de classes, afinal, isso não é novidade, mas a omissão e egoísmo daqueles que têm muito dinheiro àqueles que não têm nada. Os cidadãos da estação espacial vivem uma vida completamente utópica, cegos para a realidade da terra. Não seria assim também atualmente? Pessoas abastadas totalmente indiferentes ás mazelas do mundo?
Neill Blomkamp fez um trabalho mais abrangente, seguro e com uma crítica embargada de efeitos especiais.Com uma direção de personalidade e uma boa história a obra é notável. Não surpreende, mas é qualitativa. "Elysium" merece ser visto, não só por ser um bom filme, mas por provar que todos tem um lugar ao sol,tantos cidadãos da terra caótica de 2154, como Brasileiros e Africanos.
Um Dia
3.9 3,5K Assista AgoraUm dia - é o que temos da vida. Apenas um! Nosso corpo luta diariamente para sobreviver a uma séries de situações de risco simplesmente por mais um dia. É o que temos. O hoje é a nossa vida e o amanhã é a sorte. Esse filme não é meramente uma história de amor, não é unicamente uma metáfora para o que realmente importa, não é uma situação ilusória que traz aos nossos olhos questionamentos, na verdade é uma afirmação crucial na nossa existência - temos apenas o presente.O passado é um sonho bom e muitas vezes o pesadelo de algumas pessoas, o futuro é aquela ilusão, tudo o que desejamos para nós,já o presente é tratado como uma escada que sobe para o que será ou desce para o que já foi. "Um Dia" é uma obra fantástica e o mais interessante é a forma como Lone Scherfig dirigiu. Tudo se passa muito rápido,como a correria da vida,detalhes e palavras vão sendo milimetricamente tecidos e se você perde um detalhe se perde no tempo, não há volta pra explicar o que aconteceu, as cenas vão fluindo e em questão de segundos nada é como antes. O fato do filme ser executado dessa forma só mostra o quão brilhante o roteiro é.Das atuações não tenho o que falar, Anne Hathaway é sublime e Jim Sturgess cumpre bem seu papel."Um Dia",repito, não é mais uma história de amor, é o amor pela vida e pelo presente, é aquele certo passado que fica, é a superação, é a forma que encontramos pra viver.
Namorados para Sempre
3.6 2,5K Assista AgoraAcho que só quem viveu isso pode dizer o quanto o filme é verdadeiro, sensato, triste e maravilhoso. Começando pelo lado técnico a fotografia impressiona, as cenas te seguram de uma forma tão real que você não está vendo o filme, está dentro dele.A direção de Derek Cianfrance foi no minimo incrível, poucos diretores conseguiriam fazer um longa tão carregado de emoção e de uma forma tão segura e brilhante.A trilha sonora praticamente descreve a obra, cada letra e melodia é como um narrador, que vai detalhando suavemente as partículas da história.O mais tocante é a forma como o tudo se desenrola, Derek vai misturando, desorganizando e deixando mestricamente cada coisa em seu devido lugar e na sua hora. Michelle Williams não só convence como dá vida a personagem.Impossível não sentir na pele o que Dean (Ryan Gosling) está vivendo.Tudo é tão real que dói, tudo é tão íntimo que te questiona, tudo é tão frio e ao mesmo tempo comovente que seu coração fica apertado. O que falar de uma história de amor de verdade? Não aquelas de finais felizes, mas sim as que terminam e seguem rumos diferente.
Uma esposa que não admira mais o marido por ele ter se tornado extremamente devotada à ela, e um marido apaixonado e realizado por ter se tornado o melhor de si para a sua família. Como não ficar chocado com a sorte que Cindy tem e vê-la jogar tudo para o alto? Como não chorar com a paixão de Dean,tão bonita e inocente, e vê-lo destroçado por uma mulher infeliz? Quem é o culpado? Ele, por ter deixado sua vida por ela ? Ou ela, por ter aceitado e logo após abandoná-lo? Quem é o culpado? O culpado é o amor. O amor verdadeiro que muda os hábitos, muda os pensamentos, muda nossas vidas, acaba com a nossa razão, dá-nos uma felicidade aparentemente eterna e depois machuca-nos sem pudor. Sinceramente, "Namorados para sempre" merece ser visto, revisto e aplaudido.
Oz: Mágico e Poderoso
3.2 2,1K Assista Agora"Oz: Mágico e Poderoso" é um filme doce, com roteiro leve e acontecimentos rápidos. Uma produção sem muitas pretensões, em que determinado momento você se prende e em outro tem sono, mas tudo isso parece ser proposicional.Como qualquer filme da Disney ele quer passar uma mensagem e esta é sutil e bela - Você pode não ter o poder para mudar as coisas, mas sua força de vontade e determinação faz diferença. Oz era um charlatão condicionado, via o que vivia e mesmo tendo uma alma incrível não sabia, pois achava que o mundo era um lugar onde só os espertos sobreviveriam.Com o passar dos dias (acho que passou dias) ele conhece pessoas e criaturas que mostram uma visão diferente da vida.Por que não usar seu maior defeito para algo bom? Por que não entender o que você realmente é, e tentar melhorar a si mesmo? São coisas assim que vão sendo reveladas no filme de uma forma infantil e ingênua e isso poucos percebem. A boneca de porcelana é a pureza, é a fé frágil das pessoas e ela se agarra a um ser "mal" com todo amor,só por causa de um singelo gesto de bondade.A bonequinha simplesmente confia e mesmo que se machuque novamente não tem medo de acreditar. Olhando bem, todos os personagens bons do filme são assim e isso é tocante.
A bruxa que se corrompe devido a uma visão distorcida, a má que finge ser boa para enganar, tudo isso evidencia como somos manipulados por acontecimentos exteriores, que nem sempre são reais.No final você entende que o verdadeiro não é o perfeito e sim o imperfeito que se aceita e tenta ser o melhor de si. Resumido é um belo filme e se torna extraordinário por ser amável,inocente e inspirador.