o filme tem diálogos tão reais, tão crus e tão amadores (no sentido humano da palavra mesmo) que fica impossível não se identificar com a namorada/namorado abandonados. é lindico. acabei vendo meio sem querer e acabei gostando bastante. uma grata supresa, inclusive.
não me conformo com a nota tão baixa que ele tem. me pergunto se eu assisti ao mesmo filme que os outros ou se o filme é tão eu que acabo por me fazer parte de tudo e achá-lo um dos melhores que já vi.
É um dos melhores filmes brasileiros SIM. Com muitos diálogos maravilhosos e poéticos - de uma forma bem clara, dura, queimante. Tantas metáforas e tanta dor condensada em forma de movimentos que é inadmissível você não sair da sala de cinema com os olhos cheios dágua. Sério. E sobre a Déborah: nunca vi uma interpretação tão sincera, dolorosa e real. Boa sorte não é sobre o amor em si; é sobre as interrupções que existem quando a vida não pára - e foi nesse buraco que tudo aconteceu.
Os homossexuais morriam na década de 80 por causa do vírus HIV e hoje morremos por causa do descaso, do deslocamento, quando muitos são abatidos em campos de concentração psicológicos - enquanto os pais oprimem, cercam, e acabam dando fim à vida dos próprios filhos. Hoje morremos dentro dos becos adquirindo todo tipo de doença porque "falar da homossexualidade" é considerado promíscuo e mesquinho diante de uma sociedade que já está toda infectada. Nunca um filme me deixou tão triste. Eu nunca senti tanta dor, eu nunca fui tão ferido. Enquanto o filme ia passando, me lembrava de Cazuza, Renato e Caio Fernando de Abreu. Inclusive, tem um texto do caio que resume o que eu sentia ao ver as cenas: “E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, no tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também.”
Enquanto poeticamente sonoro e fotográfico, o filme é um dos melhores e maiores do cinema brasileiro. Porém peca no enredo e na história. Sabe a sensação de que o cru cinematográfico falha por parecer muito cru? Então. As metáforas, todas elas, são sim muito profundas - o mar invadindo a praia, as casas, as vidas; os porcos comendo do resto sendo nós mesmos nas horas infernais no mundo, enfim. Todavia, gostaria que as construções fossem mais elaboradas e conectadas, de modo que não saíssemos da sala com a sensação de que falta algo - e por parecer que falta, talvez propositalmente, é que o efeito tornou-se comum e factual.
Gente, juro que tô tentando entender para além do óbvio. O filme trata do amor, da dor, e da psicopatia. Ok. Fala dos vazios, da complacência junto à loucura, da obsessão. Ok. E? Dos filmes do Xavier, esse foi o que mais me empurrou para o buraco do incompreensível. Espero algum dia assisti-lo novamente e captar alguma magia que provavelmente o diretor enxergou na história.
"Esse crioulo enlouqueceu" HAHAHA melhor fala do filme ever. E eu adorei o contraponto das trilhas sonoras, principalmente quando toca "hip hop" na hora sangrenta. Senti-me dentro de um disco da Lauryn Hill da década de 90.Foi ótimo.
Entendi o filme como uma provocação a nós mesmos: saia de si. Queira ouvir quando eu falo, quando eu beijo, quando eu ardo. Os imensos ruídos (do mar, do trem, das próprias cidades) me incomodaram, me fizeram querer pular na cena e participar dela. Tudo bem que o filme deixou a pouco a desejar (talvez no modo como os takes pudessem ser melhor aproveitados), mas a metáfora da praia seca de Berlim juntamente com o medo de expor-se, provam que o longa, foi (e muito bem) traçado para isso: nos fazer despertar e correr pelas avenidas enquanto a coragem ainda não nos foi roubada,
Gostaria apenas de dizer que esse filme já ganhou minha alma só por tocar Dolores Duran. Lindo, poético, arrebatador, incomum, lindo novamente, doloroso, tão artístico, tão livre, tão tão.
Latitudes
3.6 104o filme tem diálogos tão reais, tão crus e tão amadores (no sentido humano da palavra mesmo) que fica impossível não se identificar com a namorada/namorado abandonados. é lindico. acabei vendo meio sem querer e acabei gostando bastante. uma grata supresa, inclusive.
Comer Rezar Amar
3.3 2,3K Assista Agoranão me conformo com a nota tão baixa que ele tem. me pergunto se eu assisti ao mesmo filme que os outros ou se o filme é tão eu que acabo por me fazer parte de tudo e achá-lo um dos melhores que já vi.
Boa Sorte
3.6 438É um dos melhores filmes brasileiros SIM. Com muitos diálogos maravilhosos e poéticos - de uma forma bem clara, dura, queimante. Tantas metáforas e tanta dor condensada em forma de movimentos que é inadmissível você não sair da sala de cinema com os olhos cheios dágua. Sério. E sobre a Déborah: nunca vi uma interpretação tão sincera, dolorosa e real. Boa sorte não é sobre o amor em si; é sobre as interrupções que existem quando a vida não pára - e foi nesse buraco que tudo aconteceu.
The Normal Heart
4.3 1,0K Assista AgoraOs homossexuais morriam na década de 80 por causa do vírus HIV e hoje morremos por causa do descaso, do deslocamento, quando muitos são abatidos em campos de concentração psicológicos - enquanto os pais oprimem, cercam, e acabam dando fim à vida dos próprios filhos. Hoje morremos dentro dos becos adquirindo todo tipo de doença porque "falar da homossexualidade" é considerado promíscuo e mesquinho diante de uma sociedade que já está toda infectada. Nunca um filme me deixou tão triste. Eu nunca senti tanta dor, eu nunca fui tão ferido. Enquanto o filme ia passando, me lembrava de Cazuza, Renato e Caio Fernando de Abreu. Inclusive, tem um texto do caio que resume o que eu sentia ao ver as cenas:
“E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, no tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também.”
Ventos de Agosto
3.3 73 Assista AgoraEnquanto poeticamente sonoro e fotográfico, o filme é um dos melhores e maiores do cinema brasileiro. Porém peca no enredo e na história. Sabe a sensação de que o cru cinematográfico falha por parecer muito cru? Então. As metáforas, todas elas, são sim muito profundas - o mar invadindo a praia, as casas, as vidas; os porcos comendo do resto sendo nós mesmos nas horas infernais no mundo, enfim. Todavia, gostaria que as construções fossem mais elaboradas e conectadas, de modo que não saíssemos da sala com a sensação de que falta algo - e por parecer que falta, talvez propositalmente, é que o efeito tornou-se comum e factual.
Tom na Fazenda
3.7 368 Assista AgoraGente, juro que tô tentando entender para além do óbvio. O filme trata do amor, da dor, e da psicopatia. Ok. Fala dos vazios, da complacência junto à loucura, da obsessão. Ok. E? Dos filmes do Xavier, esse foi o que mais me empurrou para o buraco do incompreensível. Espero algum dia assisti-lo novamente e captar alguma magia que provavelmente o diretor enxergou na história.
Django Livre
4.4 5,8K Assista Agora"Esse crioulo enlouqueceu" HAHAHA melhor fala do filme ever. E eu adorei o contraponto das trilhas sonoras, principalmente quando toca "hip hop" na hora sangrenta. Senti-me dentro de um disco da Lauryn Hill da década de 90.Foi ótimo.
Praia do Futuro
3.4 935 Assista AgoraEntendi o filme como uma provocação a nós mesmos: saia de si. Queira ouvir quando eu falo, quando eu beijo, quando eu ardo. Os imensos ruídos (do mar, do trem, das próprias cidades) me incomodaram, me fizeram querer pular na cena e participar dela. Tudo bem que o filme deixou a pouco a desejar (talvez no modo como os takes pudessem ser melhor aproveitados), mas a metáfora da praia seca de Berlim juntamente com o medo de expor-se, provam que o longa, foi (e muito bem) traçado para isso: nos fazer despertar e correr pelas avenidas enquanto a coragem ainda não nos foi roubada,
Tatuagem
4.2 923 Assista AgoraGostaria apenas de dizer que esse filme já ganhou minha alma só por tocar Dolores Duran. Lindo, poético, arrebatador, incomum, lindo novamente, doloroso, tão artístico, tão livre, tão tão.