o filme é um convite para respirar e estar atento. através do personagem - que vive na solidez da solidão e da predominância do silêncio, a gente se abre, como ele, para o encanto do banal e ordinário.
há uma grande diferença entre a distração dos mais jovens e a conexão com o real que permeia o entorno do querido hirayama.
é interessante que ele é um zelador cuidadoso com higiene, mas também de mente limpa. há uma higiene na fala, nos gestos. ele não "é", ele "está" vazio, presente. as sombras, o vento, as folhas, os breves encontros, tudo isso é motivo para fazê-lo abrir o sorriso mais cativante e fofo do mundo. assim, segue seus dias de forma única, espalhando gentileza e amor que só pode vir do estado de presença, simplicidade e atenção. hirayama entra num ambiente ou situação e deixa melhor quando sai.
o querido se alimenta de literatura e música de forma única. é muito lindo vê-lo estirado no chão apenas escutando "just a perfect day...". bem como foi inevitável não chorar de alegria junto com ele ouvindo "birds flying high, you know how I feel...".
é um novo amanhecer, um novo dia, uma nova vida sem nenhuma condição, só por ser, por estar. "a próxima vez é na próxima vez. e agora é agora".
"Love’s not Time’s fool, though rosy lips and cheeks Within his bending sickle’s compass come: Love alters not with his brief hours and weeks, But bears it out even to the edge of doom. If this be error and upon me proved, I never writ, nor no man ever loved."
o cara prefere ir lutar nu com outro cara, arriscando a própria vida, do que ficar com a anya taylor-joy grávida de um casal de gêmeos, as coisa marlinda.
perturbadoramente solitário e tristemente deslumbrante. nunca vou me cansar das cenas dela dançando (ou se libertando?), que homenagem do caralho!
as ausências, a solidão, a angústia, as fissuras, o sufocamento, os delírios me levam a associar spencer a vários poemas de "os trabalhos e as noites", de alejandra pizarnick. CAIR, FESTA, QUARTO SÓ, INVOCAÇÕES, UM ABANDONO. e vou deixar aqui, FORMAS:
não sei se pássaro ou gaiola mão assassina ou jovem morta entre círios ou amazona arquejando na grande garganta escura ou silenciosa porém talvez oral como uma fonte talvez jogral ou princesa na torre mais alta
senti-me perambulando pelas ruas de roma com o jep, observando a beleza do ordinário, o vazio das pessoas, o barulho das festas, o silêncio da madrugada, os truques nossos de cada dia e por todos os cantos. jep é puro charme, tô apaixonadíssima!
todos usamos truques, máscaras e deliramos. a diferença é que têm alguns poucos que sabem que os usam e até onde vão os próprios delírios.
figuras que conseguem ouvir e escutar o outro têm me fascinado, e são raríssimas. por isso, o carisma altíssimo do mr. rogers. que personagem adorável!
a atenção e o silêncio que ele imprime às conversas faz com que de fato haja um diálogo. e, assim, uma validação do outro como um sujeito, como se finalmente tivesse sido "visto"... pela primeira vez.
atesto, mais uma vez, o que o professor leandro karnal disse: não há nada mais interessante do que pessoas interessadas.
o filme me prendeu muito, o suspense é muito bem construído, a história é instigante. mas, é uma angústia perceber que no fim o que fica é o que o carl fala sobre suas vítimas: "nada de nomes".
é muito incômodo ver o quanto uma mente doentia dessas gera de fascínio. é bem frustrante ver que o cara, que destruiu uma série de vidas, acaba tomando todas as atenções, as investigações. e dos nomes das mulheres que tiveram a vida ceifada tão perversamente, o que fica?
a milly lacombe diz, em "o ano em que morri em nova york", que sapatão tem mania de dizer que a mulher amada é como se fosse um lar.
no filme isso é levado a sério, as personagens são a casa uma da outra. as duas rachel's vivem dois exílios que não se resolvem facilmente voltando/estando na própria comunidade. o exílio de quem vai embora pra se libertar, mas sente falta de certas partes da cultura (da comida, por exemplo) e o exílio de si mesma de quem fica por medo da exclusão, mas anula parte de sua subjetividade. estarem juntas novamente é voltar ao lar.
vi em 2011 a primeira vez e revendo agora me afetei muito mais. acho que antes faltava a experiência de saber, que nem júlia, “como perder o amor da sua vida e 8kg em uma semana”.
o que tem de diálogo ruim tem de narração preciosa da ana paula arósio pra compensar. história linda, personagem incrivelmente corajosa ao encarar seus abismos. o que pode soar ríspida, mas só acho que ela opta por não anestesiar a ferida. uma maturidade rara em tempos de consumismo afetivo.
"mudar é mudar por dentro, exige tempo, recolhimento e solidão"
o filme começa como termina uma história de amor com sensação de abandono: nem queimar a mão no fogo pra apagar fotos dói tanto quanto.
“o contrário do amor é um estado permanente de perplexidade. uma perplexidade ferida, que te prende numa armadilha que você só vai conseguir escapar com a ajuda de quem te abandonou”
a obra é maravilhosa porque não se apressa em mostrar uma superação. aqui, “a arte de perder não é nenhum mistério”, é só fantasma. perder é gerar fantasmas. e como disse a julia, não há nada mais real.
“por que a tinta é como o fogo? porque é uma boa serva e um mestre difícil”.
revi e continuarei revendo. não é um roteiro original, mas é contemplativo. é bonito ver e ouvir as palavras de abigail. ao assistir the world to come posso dividir com ela seu olhar direcionado a pensar o passado, nas mulheres que vieram antes e fizeram o que podiam pra sobreviver aos dias. “muitas vezes me pergunto sobre a coragem dessas mulheres. imagine sair para o nada, na esperança de construir as bases de um lar”.
admiro sua coragem ao encarar a dimensão trágica da vida sem ideais de felicidade. “após a calamidade da perda de nellie, a calma que aprecio não deriva da noção de um mundo melhor por vir”. e, o que é mais interessante, ela sente a melancolia mais do que inevitável da dureza da vida e o tédio do cotidiano, mas se refugia mais em sua própria educação para fugir de sua infelicidade do que em abstrações sobre o futuro. sua suavidade é deliciosa e acaba se mostrando cheia de paixão. não há um olhar sequer, entre tallie e abigail, que não dê pra tirar afeto, interesse e admiração. a trilha sonora é o frio, a madeira, o trágico, “espanto e alegria”. não há um diálogo que eu não tenha anotado. as cartas são memoráveis. “lamento por tudo que uma carta não pode ser. até a melhor carta é só um pedaço de alguém”.
“coração doente e miserável”, mas nesse filme pesa mais pra mim a mensagem: “confiança, cuidado e coragem que compartilhamos, tudo brilhará sobre nós e nos protegerá”!
tem a mesma proposta imersiva do livro "madalena, alice", da bia barros. assim como no livro, o filme não tá interessado em achar culpados. é mais uma experiência estética do que moral. é a experiência de imersão no abandono em sua forma mais radical. não tem nada nem ninguém que te dê a sensação de lar. um soco na cara doeria bem menos. é desolador.
tudo nesse filme grita o que anthony diz "estou perdendo minhas folhas"
o que se aproxima da repetição angustiante na obra da bia barros "e o que é o presente, minha filha? é tudo ausência"
Dias Perfeitos
4.2 254 Assista Agora"a vida em seus métodos diz calma"
- di melo
o filme é um convite para respirar e estar atento. através do personagem - que vive na solidez da solidão e da predominância do silêncio, a gente se abre, como ele, para o encanto do banal e ordinário.
há uma grande diferença entre a distração dos mais jovens e a conexão com o real que permeia o entorno do querido hirayama.
é interessante que ele é um zelador cuidadoso com higiene, mas também de mente limpa. há uma higiene na fala, nos gestos. ele não "é", ele "está" vazio, presente. as sombras, o vento, as folhas, os breves encontros, tudo isso é motivo para fazê-lo abrir o sorriso mais cativante e fofo do mundo. assim, segue seus dias de forma única, espalhando gentileza e amor que só pode vir do estado de presença, simplicidade e atenção. hirayama entra num ambiente ou situação e deixa melhor quando sai.
o querido se alimenta de literatura e música de forma única. é muito lindo vê-lo estirado no chão apenas escutando "just a perfect day...". bem como foi inevitável não chorar de alegria junto com ele ouvindo "birds flying high, you know how I feel...".
é um novo amanhecer, um novo dia, uma nova vida sem nenhuma condição, só por ser, por estar.
"a próxima vez é na próxima vez. e agora é agora".
um dia perfeito é um dia qualquer.
Você Pode Viver Para Sempre
3.6 30"Love’s not Time’s fool, though rosy lips and cheeks
Within his bending sickle’s compass come:
Love alters not with his brief hours and weeks,
But bears it out even to the edge of doom.
If this be error and upon me proved,
I never writ, nor no man ever loved."
soneto 116 de shakespeare
Corra!
4.2 3,6K Assista Agoracomo nomear a categoria de filmes que sempre tem alguém pra comentar "superestimado"?
Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1
3.8 2,4K Assista Agora"I'm quiet like a fire"
O Menu
3.6 1,0K Assista Agoraa gourmetização dos jogos mortais
As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant
4.2 103"precisa aprender a amar sem exigir. eu não a amei, eu apenas queria possuí-la"
Filho da Mãe
4.4 136 Assista Agora"o brasil perdeu o riso, o ar e o rumo" (a astrologa)
Meu Primeiro Verão
3.9 57 Assista Agoranossa, fiquei foi triste. será se eu tô bem? eu só consegui pensar em como grace tá sozinha.
era pra ser só um romance teen, mas ela ainda vai ser cuidadora e terapeuta de tilly e claudia. e dela quem cuida?
realmente só com muita cor pra preencher tanto desamparo.
O Homem do Norte
3.7 936 Assista Agorarobertinho mais uma vez mostrando a decadência e a autodestruição do "masculino" em seus símbolos, representações e escolhas.
pra ilustrar minha perspectiva:
o cara prefere ir lutar nu com outro cara, arriscando a própria vida, do que ficar com a anya taylor-joy grávida de um casal de gêmeos, as coisa marlinda.
Spencer
3.7 569 Assista Agoraperturbadoramente solitário e tristemente deslumbrante.
nunca vou me cansar das cenas dela dançando (ou se libertando?), que homenagem do caralho!
as ausências, a solidão, a angústia, as fissuras, o sufocamento, os delírios me levam a associar spencer a vários poemas de "os trabalhos e as noites", de alejandra pizarnick. CAIR, FESTA, QUARTO SÓ, INVOCAÇÕES, UM ABANDONO.
e vou deixar aqui, FORMAS:
não sei se pássaro ou gaiola
mão assassina
ou jovem morta entre círios
ou amazona arquejando na grande garganta escura
ou silenciosa
porém talvez oral como uma fonte
talvez jogral
ou princesa na torre mais alta
A Grande Beleza
3.9 463 Assista Agora"- por que ele não fala?
- porque ele ouve"
senti-me perambulando pelas ruas de roma com o jep, observando a beleza do ordinário, o vazio das pessoas, o barulho das festas, o silêncio da madrugada, os truques nossos de cada dia e por todos os cantos.
jep é puro charme, tô apaixonadíssima!
todos usamos truques, máscaras e deliramos. a diferença é que têm alguns poucos que sabem que os usam e até onde vão os próprios delírios.
Um Lindo Dia Na Vizinhança
3.5 273 Assista Agorafiguras que conseguem ouvir e escutar o outro têm me fascinado, e são raríssimas. por isso, o carisma altíssimo do mr. rogers. que personagem adorável!
a atenção e o silêncio que ele imprime às conversas faz com que de fato haja um diálogo. e, assim, uma validação do outro como um sujeito, como se finalmente tivesse sido "visto"... pela primeira vez.
atesto, mais uma vez, o que o professor leandro karnal disse: não há nada mais interessante do que pessoas interessadas.
Sonata de Outono
4.5 491sessão de terapia paga ✅
A Cela
3.1 394 Assista Agorao filme me prendeu muito, o suspense é muito bem construído, a história é instigante.
mas, é uma angústia perceber que no fim o que fica é o que o carl fala sobre suas vítimas: "nada de nomes".
é muito incômodo ver o quanto uma mente doentia dessas gera de fascínio. é bem frustrante ver que o cara, que destruiu uma série de vidas, acaba tomando todas as atenções, as investigações.
e dos nomes das mulheres que tiveram a vida ceifada tão perversamente, o que fica?
Dogs Don’t Wear Pants
3.7 90 Assista Agorasocorro, cadelinha demais da mona
Desobediência
3.7 720 Assista Agora"you make me feel like I am home again"
a milly lacombe diz, em "o ano em que morri em nova york", que sapatão tem mania de dizer que a mulher amada é como se fosse um lar.
no filme isso é levado a sério, as personagens são a casa uma da outra.
as duas rachel's vivem dois exílios que não se resolvem facilmente voltando/estando na própria comunidade.
o exílio de quem vai embora pra se libertar, mas sente falta de certas partes da cultura (da comida, por exemplo) e o exílio de si mesma de quem fica por medo da exclusão, mas anula parte de sua subjetividade.
estarem juntas novamente é voltar ao lar.
e a química das duas, pqp!
(500) Dias com Ela
4.0 5,7K Assista Agorapoderia ser Autumn o ano todo vio
O Corvo
3.8 691paul stanley vs andre matos
Minha Mãe é uma Peça 3
3.7 570tô fazendo pout pourri que nem dona herminia, mas de riso e choro, choro e riso.
Como Esquecer
3.6 659 Assista Agoravi em 2011 a primeira vez e revendo agora me afetei muito mais. acho que antes faltava a experiência de saber, que nem júlia, “como perder o amor da sua vida e 8kg em uma semana”.
o que tem de diálogo ruim tem de narração preciosa da ana paula arósio pra compensar.
história linda, personagem incrivelmente corajosa ao encarar seus abismos. o que pode soar ríspida, mas só acho que ela opta por não anestesiar a ferida. uma maturidade rara em tempos de consumismo afetivo.
"mudar é mudar por dentro, exige tempo, recolhimento e solidão"
o filme começa como termina uma história de amor com sensação de abandono: nem queimar a mão no fogo pra apagar fotos dói tanto quanto.
“o contrário do amor é um estado permanente de perplexidade. uma perplexidade ferida, que te prende numa armadilha que você só vai conseguir escapar com a ajuda de quem te abandonou”
a obra é maravilhosa porque não se apressa em mostrar uma superação. aqui, “a arte de perder não é nenhum mistério”, é só fantasma. perder é gerar fantasmas. e como disse a julia, não há nada mais real.
Druk: Mais Uma Rodada
3.9 797 Assista Agora"é preciso aceitar a si mesmo como falho para poder amar os outros e a vida"
Um Fascinante Novo Mundo
3.5 123 Assista Agora“por que a tinta é como o fogo? porque é uma boa serva e um mestre difícil”.
revi e continuarei revendo.
não é um roteiro original, mas é contemplativo. é bonito ver e ouvir as palavras de abigail.
ao assistir the world to come posso dividir com ela seu olhar direcionado a pensar o passado, nas mulheres que vieram antes e fizeram o que podiam pra sobreviver aos dias.
“muitas vezes me pergunto sobre a coragem dessas mulheres. imagine sair para o nada, na esperança de construir as bases de um lar”.
admiro sua coragem ao encarar a dimensão trágica da vida sem ideais de felicidade.
“após a calamidade da perda de nellie, a calma que aprecio não deriva da noção de um mundo melhor por vir”.
e, o que é mais interessante, ela sente a melancolia mais do que inevitável da dureza da vida e o tédio do cotidiano, mas se refugia mais em sua própria educação para fugir de sua infelicidade do que em abstrações sobre o futuro. sua suavidade é deliciosa e acaba se mostrando cheia de paixão.
não há um olhar sequer, entre tallie e abigail, que não dê pra tirar afeto, interesse e admiração. a trilha sonora é o frio, a madeira, o trágico, “espanto e alegria”. não há um diálogo que eu não tenha anotado. as cartas são memoráveis.
“lamento por tudo que uma carta não pode ser. até a melhor carta é só um pedaço de alguém”.
o fim é
“coração doente e miserável”, mas nesse filme pesa mais pra mim a mensagem: “confiança, cuidado e coragem que compartilhamos, tudo brilhará sobre nós e nos protegerá”!
Meu Pai
4.4 1,2K Assista Agoratem a mesma proposta imersiva do livro "madalena, alice", da bia barros. assim como no livro, o filme não tá interessado em achar culpados.
é mais uma experiência estética do que moral. é a experiência de imersão no abandono em sua forma mais radical. não tem nada nem ninguém que te dê a sensação de lar.
um soco na cara doeria bem menos. é desolador.
tudo nesse filme grita o que anthony diz
"estou perdendo minhas folhas"
o que se aproxima da repetição angustiante na obra da bia barros
"e o que é o presente, minha filha? é tudo ausência"
Corações do Deserto
3.7 43"- o que você quer?
- mais 40min com você"
lindo! junto com claire of the moon (1992) dá pra fazer uma sessão maravilhosa de clássico sapatão