Além da associação óbvia que os fãs de terror podem fazer, mesmo inconscientemente, com "A Freira" (embora este não seja um filme sobre demônios), ainda é uma cópia de "O Bebê de Rosemary" com o "Suspiria" do Guadagnino, que reaproveita até mesmo ideias menores de filmes de terror muito superiores, como “O Iluminado”. Ou seja, é um projeto pouco original, que felizmente conta com uma atuação dedicada de Sidney Sweeney e uma cinematografia atmosférica interessante que ajuda a manter o interesse até o fim... mas não é nada memorável. Até as “surpresas” são óbvias demais, como toda a sequência que antecede a perseguição a céu aberto, e diversas atitudes dos personagens simplesmente não convencem... Além disso, depois de todo o marketing investido pelo estúdio, eu esperava um filme MUITO mais profano que esse... e por mais que o roteiro queira mostrar o quão estúpida pode ser a motivação de certos grupos que usam a religião justificar suas próprias atrocidades, eu esperava um pretexto menos preguiçoso (e mais crível também).
Pesaroso e difícil com poucos. A lentidão, que incomodou muita gente, é totalmente proposital, como se ela obrigasse o espectador a viver aquela realidade desconfortável (e o desconforto é gritante), já sabendo de antemão tudo o que se passa ao redor da residência, sem que ele precisasse, de fato, ver o que acontece. Porém, o público a escuta o tempo todo, ao mesmo passo em que aquela família se mostra determinada a agir com completa naturalidade e indiferença em relação ao que acontece do lado de fora do muro.
Em tese, este é um filme de terror, contando com uma trilha sonora fantasmagórica, vários planos escuros (até mesmo com minutos de completa escuridão) e cortes que obrigam o público a encarar a realidade como ela é, pois esta ideia artificial de família perfeita com uma raça "perfeita" é estruturalmente frágil, e se mostra prestes a explodir a qualquer momento. Por isso, a direção é esperta ao incluir momentos onde a representação dessa vulnerabilidade se objetifica, como naquele em que vemos uma flor vermelha em plano detalhe.
Assim como em “A Queda - As Últimas Horas de Hitler” ou em "Soft & Quiet", humanizar os vilões faz com que eles se pareçam ser ainda mais assustadores, já que fica claro que, em essência, não são nada além de pessoas como qualquer um de nós, que convivem ao nosso redor, e que podem estar até em nossa própria vizinhança. É uma ideia palpável, e, como ainda ocorre com aqueles que se identificam com os ideais nazistas, retrata a vida contida de pessoas que escondem suas verdadeiras identidades no fundo de seus corações.
Dessa forma, é um filme extremamente relevante no contexto contemporâneo, pois estabelece naquela família um tipo de espelho, que está lá para inflamar no próprio público uma resposta sobre a forma em que ele encara o filme. É mesmo tão “parado” e "entediante" como dizem ser, ou aconteceu muita coisa durante a projeção? Você se sentiu inquieto assistindo, se compadeceu diante daquela monstruosidade ou tudo não passa de uma experiência entediante, tal qual a vida daqueles arianos aparenta ser? A forma como cada indivíduo enxerga este trabalho diz mais sobre ele próprio do que sobre o filme em si.
Em termos de autoria, tem muito ali que já é perceptível dos trabalhos anteriores do Jonathan Glazer, nos quais o desconforto também havia sido usado como base, e toda a direção de arte é milimetricamente preciso e construída, reforçando a ideia de perfeição que a família Höss quer vender. Contudo, o diretor se mostra otimista pelo futuro da humanidade e expressa isso através da figura de uma das filhas do casal, que se esgueira até os campos de concentração durante a madrugada para tentar fazer com que a vida dos prisioneiros seja um pouco menos dolorosa.
Infelizmente, eu não sou tão otimista assim e fico profundamente triste ao perceber que os discursos de ódio tem retomado cada vez mais espaço nos dias atuais, e que aqueles que os projetam não tenham medo de se expor. Por essa razão, ainda que o filme retrate o comandante descendo por degraus escuros e sombrios como forma de representar a morte do nazismo, infelizmente eu não consigo ver isso acontecendo tão cedo outra vez. Ainda assim, é um otimismo necessário, capaz de inspirar e dar forças àqueles mais românticos e esperançosos.
O João Pedro Rodrigues é um dos diretores mais pretensiosos que me vem à memória e eu me recuso a assistir qualquer outra coisa que ele fizer. Quando o número musical na floresta chegou ao fim, pensei: se esse filme tocar "Uma Árvore, Um Amigo" de novo, vou dar um tiro na minha cara. E foi exatamente a música escolhida pros créditos. Então é isso, lá vou eu.
É basicamente o Bradley Cooper implorando uma indicação ao Oscar de direção por 2 horas seguidas. Ele quer isso desde que não foi nomeado por "Nasce Uma Estrela" e não vai descansar enquanto não conseguir.
Dizer se “A Ascensão” é melhor ou não do que o filme de 2013 não é fácil, pois tratam-se de obras bastante distintas. No Evil Dead de Fede Alvarez, fomos pegos de surpresa com a violência brutal e implacável que atualizou a franquia e deu a ela uma roupagem nova, totalmente desprovida do humor cartunesco que, por décadas, fez inúmeros amantes do horror se divertirem e ficarem chocados com a fúria catártica dos primeiros longas. Ainda assim, felizmente, o resultado foi um deleite, pois entregou o que os fãs esperavam de um filme do gênero: baldes de sangue, mortes bem elaboradas, uma tensão crescente e um roteiro com cartas na manga. Mas o mais importante é que fez tudo isso prestando uma grande reverência ao legado da obra, que se consolida até os dias de hoje como uma das maiores (e melhores franquias) do gênero do terror.
Dessa vez não foi diferente. Lee Cronin entende bem a responsabilidade que tem ao assumir a direção e consegue construir uma das sequências mais bem executadas da saga até hoje. Isso porque o filme resgata a diversão da trilogia clássica e une este elemento com o gore explícito do reboot, fazendo desta a mistura mais heterogênea da franquia. Com altas doses de tensão e sangue, também há momentos gratos de alívio cômico para deixar quem assiste poder respirar. Atualmente, o público parece querer saciar uma necessidade cada vez mais constante de sangue nas telas, mas o que a maioria dos filmes não entende é que esse elemento só funciona como entretenimento quando conseguimos tirar proveito daquela situação. A resposta é extremamente simples e pode ser manifestada através de um dos impulsos defensivos mais naturais que o corpo humano possui até hoje: a risada. Seja num riso de nervoso, daqueles que vemos com os olhos tapados, ou simplesmente pela graça de acompanhar situações absurdas, o riso sempre funciona como uma espécie de alívio.
E se a versão lançada há 10 anos atrás surpreendeu pela abordagem inesperada, “A Ascensão” talvez possa frustrar um pouco aqueles que querem ver algo ainda mais cru e animalesco. Mas Lee possui tanta confiança e respeito pelo universo dos deadites que sabe ao certo que os verdadeiros fãs vão encontrar aqui a verdadeira essência de Evil Dead e não há motivos para ficar decepcionado. É claro que esperar por uma história mirabolante em um filme de terror com proposta de gore seria exagero… Evil Dead nunca foi conhecido por quebrar paradigmas de roteiro, mas dentro das limitações estruturais do gênero, o novo filme faz um bom trabalho por estabelecer a atmosfera desde os créditos iniciais, e se mostra pronto para dar início ao espetáculo o mais rápido possível.
Com um trabalho de maquiagem eficiente que prioriza efeitos práticos (outro ponto alto da franquia), mas claro, incluindo pitadas de CGI aqui e ali, “A Ascensão” oferece momentos de sobra para os atores brilharem, seja através do pânico absoluto ou do mais puro e delicioso sadismo (Alyssa Sutherland e Gabrielle Echols merecem destaque). Incluindo várias referências aos longas anteriores e cenas marcantes que ainda vão se tornar ícones da franquia nos próximos anos, “A Ascensão” é audacioso o suficiente para expandir a saga sem perder sua essência e possui grande domínio das emoções que pretende estabelecer no público, culminando num clímax que pode fazer àqueles que assistem vibrarem e se contorcerem (ou talvez até os dois ao mesmo tempo). Mas acima de tudo, a melhor notícia é que mesmo depois de cinco filmes a franquia ainda oferece possibilidades grandiosas para marcar terreno no futuro, e que atualmente, Evil Dead está mais vivo do que nunca. Groovy!
"Blonde" é grotesco em níveis tão absurdos que tenho certeza que poderia fazer um texto de 5.000 palavras detonando o filme. Mas ele não merece nem isso. Não merece o Framboesa e muito menos o Oscar. Merece ser esquecido num limbo e ficar lá pra sempre, nada mais.
Quer falar de mil coisas ao mesmo tempo, mas é superficial em todas elas. Sam Mendes costura temas como racismo, feminismo e saúde mental em uma narrativa nostálgica sobre "a magia do cinema" que não tem nada de mágica (e o fato de filmes com essa temática serem um excesso frequente também não ajuda). Ficar decepcionado é inevitável, ainda mais com tanto bom ator envolvido.
Faz merecer o gore que entrega depois de um desenvolvimento lento e um bom suspense de quebra cabeça. Mas é difícil falar sobre “Audition” sem comentar spoilers (apesar de que, a essa altura, acho quase impossível que alguém tenha chegado aqui sem saber do clímax chocante do final).
O protagonista não demonstra interesse real nas mulheres que fazem investidas nele (talvez elas sejam ignoradas ou até mesmo não percebidas), e se apaixona pela ideia que projetou em Ayamai pois “encontra” nela a falecida esposa (mesmo a tendo conhecido de forma enganosa e patética). O filme fala sobre abusos e homens predatórios, e Ayami surge como uma mulher que sofreu demais e descobriu uma maneira de se vingar da classe masculina. Ao mesmo tempo, ela pode representar a punição interna do protagonista ao ter se aventurado em buscar uma mulher que não fosse sua esposa, ou também o preço a ser pago quando a inocência é corrompida. São vários pontos de vista válidos.
Minha única ressalva é a cena do vômito. Me chocou mais do que o resto do gore em si, e achei desnecessária (mas é o Japão sendo Japão, né).
Não sei que diabos eu vou tenho pra falar desse filme, exceto que me lembrou uma versão muito mais fodida de “Repulsa ao Sexo” em alguns momentos, e que não esperava tanta gritaria da Adjani... Mas não dá pra dizer que as atuações não são boas, e só a cena do metrô já é motivo suficiente para assistir.
Que BAGUNÇA. Uma bobagem pretensiosa arrastada do início ao fim que parece até ofensiva comparada aos capítulos anteriores da trilogia. O humor não funciona, a direção é uma zona, e a atuação do Polanski é vergonhosa. Gosto demais dos filmes dele, mas esse prefiro fingir que não existe.
É surreal como a performance da Deneuve diz tanta coisa com tão poucas palavras. Seja nos olhares (melancólicos e assustados) de Carole, ou nos tiques (como aquele em que ela esfrega o nariz numa espécie de transe), desde muito nova ela provou ser mais que capaz de comandar um filme quase inteiro sozinha.
A direção do Polanski alterna entre momentos que parecem incrivelmente profissionais ou tremendamente experimentais, através de sequências que se casam milimetricamente por transições elaboradas e outras que não fazem o menor sentido, lembrando até as características da Nouvelle Vague. No fim, tudo funciona para contribuir com a sensação de loucura e tensão que o filme constrói sem pressa.
É um estudo sobre o trauma que se passa quase todo dentro de um apartamento (afinal, faz parte da Trilogia do Apartamento). O imóvel chega a ser quase um personagem, responsável por garantir cenas surreais que marcam o desprendimento da realidade de Carole. Funciona para frustrar as expectativas do público, ao mesmo tempo em que assusta bastante com a criatividade técnica e discute temas sérios.
Uma das melhores uniões entre a psicologia e o horror que já vi no cinema.
Quem diria que, anos depois de Bollywood ter surgido como uma resposta à indústria de entretenimento estadunidense, ela mesma iria ensinar a Hollywood lições importantes sobre a magia do espetáculo no cinema (parece que nos últimos anos eles andam meio esquecidos). O filme pode ter 3 horas, mas acontece tanta coisa, da forma mais absurda e divertida possível, que a duração passa voando. E as cenas de dança são incríveis!
É frustrante que um filme desses não tenha dado certo, mesmo com tanta gente talentosa envolvida. A Mia Goth ficou desaproveitada, a Anya quase não aparece (o foco maior é nós meninos, principalmente no mais velho), e os diálogos são expositivos o suficiente para fazer revirar os olhos. Começa com grande potencial e tem várias situações que te deixam curioso para saber onde elas vão chegar, mas a tensão desmorona no segundo ato e o roteiro parece satisfeito em se firmar no mesmo “lugar comum” de outros filmes de terror esquecíveis. O final é uma palhaçada, e os diálogos depois do "twist" (patético) são dignos de novela.
Uma água com açúcar bem leve onde todos os “vilões” são esnobes e detestáveis e os “heróis” são extremamente bonzinhos (embora eu ache ser impossível ter gente tão legal assim na alta costura) e dá pra prever a trama inteira desde o início. O que faz a experiência funcionar é justamente a atuação carismática da Lesley Manville, que te faz torcer pela “empregada que tem poder de ir à Disney”, por assim dizer. Se tratando de roupas da Dior, já era de se esperar que o filme fosse um deleite visual, mas a direção de arte parisiense também compõe bem a tela.
Faz tempo que gosto tanto assim de um filme de tribunal. Primeiro porque, ao contrário da maioria das obras dessa temática, ela não força o melodrama e tem força o suficiente para se impor sem precisar apelar (como acontece em “Os 7 de Chicago”, por exemplo), fazendo por merecer cada um de seus momentos sentimentais. Segundo que, mesmo que retrate um período da história da Argentina, o tema é de importância universal e traz uma mensagem urgente para muitos países onde a democracia está por um fio, como acontece aqui mesmo no Brasil.
De um lado, estão os velhos mal encarados que representam um passado agressivo e sem liberdade, no outro, há a juventude: onde advogados (muito novos) parecem inexperientes e até mesmo fracos, mas emanam força quando se unem. E a melhor representação de que a antiga geração ainda tem muito o que aprender com a nova é a cena em que o próprio filho de Julio o ajuda a corrigir o texto que integra um documento de vital importância.
O roteiro é brilhante, e destaca os embates que mostram a coragem do promotor que, mesmo diante da força esmagadora do exército, não abaixa a cabeça ao fazer o que é certo. Seus inimigos, covardes por si só, ouvem os relatos horríveis cometidos na ditadura e procuram conforto na escritura sagrada, numa prática já esperada de grupos extremistas de direita que acham que isso irá atribuir a eles um sentimento de alívio de culpa.
Ainda assim, o filme traz momentos realmente inspiradores, como aquele em que Julio diz ser “impossível converter uma pessoa que defende milicos", mas seu companheiro consegue provar o contrário a ele (algo extremamente raro até mesmo nos dias de hoje). Ainda que possa soar excessivamente otimista, essa é uma mensagem definitiva que diz que o diálogo é a maior arma que possuímos contra esse tipo de gente. A luta não para.
Imaculada
3.1 140Além da associação óbvia que os fãs de terror podem fazer, mesmo inconscientemente, com "A Freira" (embora este não seja um filme sobre demônios), ainda é uma cópia de "O Bebê de Rosemary" com o "Suspiria" do Guadagnino, que reaproveita até mesmo ideias menores de filmes de terror muito superiores, como “O Iluminado”. Ou seja, é um projeto pouco original, que felizmente conta com uma atuação dedicada de Sidney Sweeney e uma cinematografia atmosférica interessante que ajuda a manter o interesse até o fim... mas não é nada memorável. Até as “surpresas” são óbvias demais, como toda a sequência que antecede a perseguição a céu aberto, e diversas atitudes dos personagens simplesmente não convencem... Além disso, depois de todo o marketing investido pelo estúdio, eu esperava um filme MUITO mais profano que esse... e por mais que o roteiro queira mostrar o quão estúpida pode ser a motivação de certos grupos que usam a religião justificar suas próprias atrocidades, eu esperava um pretexto menos preguiçoso (e mais crível também).
Zona de Interesse
3.6 582 Assista AgoraPesaroso e difícil com poucos. A lentidão, que incomodou muita gente, é totalmente proposital, como se ela obrigasse o espectador a viver aquela realidade desconfortável (e o desconforto é gritante), já sabendo de antemão tudo o que se passa ao redor da residência, sem que ele precisasse, de fato, ver o que acontece. Porém, o público a escuta o tempo todo, ao mesmo passo em que aquela família se mostra determinada a agir com completa naturalidade e indiferença em relação ao que acontece do lado de fora do muro.
Em tese, este é um filme de terror, contando com uma trilha sonora fantasmagórica, vários planos escuros (até mesmo com minutos de completa escuridão) e cortes que obrigam o público a encarar a realidade como ela é, pois esta ideia artificial de família perfeita com uma raça "perfeita" é estruturalmente frágil, e se mostra prestes a explodir a qualquer momento. Por isso, a direção é esperta ao incluir momentos onde a representação dessa vulnerabilidade se objetifica, como naquele em que vemos uma flor vermelha em plano detalhe.
Assim como em “A Queda - As Últimas Horas de Hitler” ou em "Soft & Quiet", humanizar os vilões faz com que eles se pareçam ser ainda mais assustadores, já que fica claro que, em essência, não são nada além de pessoas como qualquer um de nós, que convivem ao nosso redor, e que podem estar até em nossa própria vizinhança. É uma ideia palpável, e, como ainda ocorre com aqueles que se identificam com os ideais nazistas, retrata a vida contida de pessoas que escondem suas verdadeiras identidades no fundo de seus corações.
Dessa forma, é um filme extremamente relevante no contexto contemporâneo, pois estabelece naquela família um tipo de espelho, que está lá para inflamar no próprio público uma resposta sobre a forma em que ele encara o filme. É mesmo tão “parado” e "entediante" como dizem ser, ou aconteceu muita coisa durante a projeção? Você se sentiu inquieto assistindo, se compadeceu diante daquela monstruosidade ou tudo não passa de uma experiência entediante, tal qual a vida daqueles arianos aparenta ser? A forma como cada indivíduo enxerga este trabalho diz mais sobre ele próprio do que sobre o filme em si.
Em termos de autoria, tem muito ali que já é perceptível dos trabalhos anteriores do Jonathan Glazer, nos quais o desconforto também havia sido usado como base, e toda a direção de arte é milimetricamente preciso e construída, reforçando a ideia de perfeição que a família Höss quer vender. Contudo, o diretor se mostra otimista pelo futuro da humanidade e expressa isso através da figura de uma das filhas do casal, que se esgueira até os campos de concentração durante a madrugada para tentar fazer com que a vida dos prisioneiros seja um pouco menos dolorosa.
Infelizmente, eu não sou tão otimista assim e fico profundamente triste ao perceber que os discursos de ódio tem retomado cada vez mais espaço nos dias atuais, e que aqueles que os projetam não tenham medo de se expor. Por essa razão, ainda que o filme retrate o comandante descendo por degraus escuros e sombrios como forma de representar a morte do nazismo, infelizmente eu não consigo ver isso acontecendo tão cedo outra vez. Ainda assim, é um otimismo necessário, capaz de inspirar e dar forças àqueles mais românticos e esperançosos.
Fogo-Fátuo
2.8 16O João Pedro Rodrigues é um dos diretores mais pretensiosos que me vem à memória e eu me recuso a assistir qualquer outra coisa que ele fizer. Quando o número musical na floresta chegou ao fim, pensei: se esse filme tocar "Uma Árvore, Um Amigo" de novo, vou dar um tiro na minha cara. E foi exatamente a música escolhida pros créditos. Então é isso, lá vou eu.
Todos Nós Desconhecidos
3.9 169 Assista Agora- E os traumas?
- Troco por outros!
Os Mortos Não Morrem
2.5 465 Assista AgoraOk, mas o Adam Driver aceitaria participar desse filme se tivesse MESMO lido o roteiro dele?
Alpes
3.5 89 Assista AgoraA verdadeira definição de "perdida no personagem".
A Sala dos Professores
3.9 136 Assista AgoraMuito mais assustador do que a maioria dos filmes de terror com crianças consegue ser.
Pontypool
3.1 222 Assista AgoraO equivalente cinematográfico a ter um derrame cerebral.
Espinhos
2.7 183Criatura legal, filme terrível.
Fiquei o tempo inteiro torcendo pro Seth morrer.
A Trilha da Pantera Cor de Rosa
3.3 12 Assista AgoraImagina fazer um troço desses e chamar de homenagem. Que tributos são esses?!
Maestro
3.1 260É basicamente o Bradley Cooper implorando uma indicação ao Oscar de direção por 2 horas seguidas. Ele quer isso desde que não foi nomeado por "Nasce Uma Estrela" e não vai descansar enquanto não conseguir.
Santuário
3.0 29 Assista AgoraTerapia teria custado mais barato.
A Morte do Demônio: A Ascensão
3.3 813 Assista AgoraDizer se “A Ascensão” é melhor ou não do que o filme de 2013 não é fácil, pois tratam-se de obras bastante distintas. No Evil Dead de Fede Alvarez, fomos pegos de surpresa com a violência brutal e implacável que atualizou a franquia e deu a ela uma roupagem nova, totalmente desprovida do humor cartunesco que, por décadas, fez inúmeros amantes do horror se divertirem e ficarem chocados com a fúria catártica dos primeiros longas. Ainda assim, felizmente, o resultado foi um deleite, pois entregou o que os fãs esperavam de um filme do gênero: baldes de sangue, mortes bem elaboradas, uma tensão crescente e um roteiro com cartas na manga. Mas o mais importante é que fez tudo isso prestando uma grande reverência ao legado da obra, que se consolida até os dias de hoje como uma das maiores (e melhores franquias) do gênero do terror.
Dessa vez não foi diferente. Lee Cronin entende bem a responsabilidade que tem ao assumir a direção e consegue construir uma das sequências mais bem executadas da saga até hoje. Isso porque o filme resgata a diversão da trilogia clássica e une este elemento com o gore explícito do reboot, fazendo desta a mistura mais heterogênea da franquia. Com altas doses de tensão e sangue, também há momentos gratos de alívio cômico para deixar quem assiste poder respirar. Atualmente, o público parece querer saciar uma necessidade cada vez mais constante de sangue nas telas, mas o que a maioria dos filmes não entende é que esse elemento só funciona como entretenimento quando conseguimos tirar proveito daquela situação. A resposta é extremamente simples e pode ser manifestada através de um dos impulsos defensivos mais naturais que o corpo humano possui até hoje: a risada. Seja num riso de nervoso, daqueles que vemos com os olhos tapados, ou simplesmente pela graça de acompanhar situações absurdas, o riso sempre funciona como uma espécie de alívio.
E se a versão lançada há 10 anos atrás surpreendeu pela abordagem inesperada, “A Ascensão” talvez possa frustrar um pouco aqueles que querem ver algo ainda mais cru e animalesco. Mas Lee possui tanta confiança e respeito pelo universo dos deadites que sabe ao certo que os verdadeiros fãs vão encontrar aqui a verdadeira essência de Evil Dead e não há motivos para ficar decepcionado. É claro que esperar por uma história mirabolante em um filme de terror com proposta de gore seria exagero… Evil Dead nunca foi conhecido por quebrar paradigmas de roteiro, mas dentro das limitações estruturais do gênero, o novo filme faz um bom trabalho por estabelecer a atmosfera desde os créditos iniciais, e se mostra pronto para dar início ao espetáculo o mais rápido possível.
Com um trabalho de maquiagem eficiente que prioriza efeitos práticos (outro ponto alto da franquia), mas claro, incluindo pitadas de CGI aqui e ali, “A Ascensão” oferece momentos de sobra para os atores brilharem, seja através do pânico absoluto ou do mais puro e delicioso sadismo (Alyssa Sutherland e Gabrielle Echols merecem destaque). Incluindo várias referências aos longas anteriores e cenas marcantes que ainda vão se tornar ícones da franquia nos próximos anos, “A Ascensão” é audacioso o suficiente para expandir a saga sem perder sua essência e possui grande domínio das emoções que pretende estabelecer no público, culminando num clímax que pode fazer àqueles que assistem vibrarem e se contorcerem (ou talvez até os dois ao mesmo tempo). Mas acima de tudo, a melhor notícia é que mesmo depois de cinco filmes a franquia ainda oferece possibilidades grandiosas para marcar terreno no futuro, e que atualmente, Evil Dead está mais vivo do que nunca. Groovy!
Blonde
2.6 443 Assista Agora"Blonde" é grotesco em níveis tão absurdos que tenho certeza que poderia fazer um texto de 5.000 palavras detonando o filme. Mas ele não merece nem isso. Não merece o Framboesa e muito menos o Oscar. Merece ser esquecido num limbo e ficar lá pra sempre, nada mais.
Império da Luz
3.3 65 Assista AgoraQuer falar de mil coisas ao mesmo tempo, mas é superficial em todas elas. Sam Mendes costura temas como racismo, feminismo e saúde mental em uma narrativa nostálgica sobre "a magia do cinema" que não tem nada de mágica (e o fato de filmes com essa temática serem um excesso frequente também não ajuda). Ficar decepcionado é inevitável, ainda mais com tanto bom ator envolvido.
O Teste Decisivo
3.6 381Faz merecer o gore que entrega depois de um desenvolvimento lento e um bom suspense de quebra cabeça. Mas é difícil falar sobre “Audition” sem comentar spoilers (apesar de que, a essa altura, acho quase impossível que alguém tenha chegado aqui sem saber do clímax chocante do final).
O protagonista não demonstra interesse real nas mulheres que fazem investidas nele (talvez elas sejam ignoradas ou até mesmo não percebidas), e se apaixona pela ideia que projetou em Ayamai pois “encontra” nela a falecida esposa (mesmo a tendo conhecido de forma enganosa e patética). O filme fala sobre abusos e homens predatórios, e Ayami surge como uma mulher que sofreu demais e descobriu uma maneira de se vingar da classe masculina. Ao mesmo tempo, ela pode representar a punição interna do protagonista ao ter se aventurado em buscar uma mulher que não fosse sua esposa, ou também o preço a ser pago quando a inocência é corrompida. São vários pontos de vista válidos.
Minha única ressalva é a cena do vômito. Me chocou mais do que o resto do gore em si, e achei desnecessária (mas é o Japão sendo Japão, né).
Passagem
3.3 113 Assista AgoraCom exceção dos momentos Oscar Bait, as atuações são boas (não só a do Brian) e a história é bacana.
Achei legal como o filme se esquivou para evitar um possível romance que não teria mesmo como dar certo.
Possessão
3.9 587Não sei que diabos eu vou tenho pra falar desse filme, exceto que me lembrou uma versão muito mais fodida de “Repulsa ao Sexo” em alguns momentos, e que não esperava tanta gritaria da Adjani... Mas não dá pra dizer que as atuações não são boas, e só a cena do metrô já é motivo suficiente para assistir.
O Inquilino
4.0 292Que BAGUNÇA. Uma bobagem pretensiosa arrastada do início ao fim que parece até ofensiva comparada aos capítulos anteriores da trilogia. O humor não funciona, a direção é uma zona, e a atuação do Polanski é vergonhosa. Gosto demais dos filmes dele, mas esse prefiro fingir que não existe.
Repulsa ao Sexo
4.0 461 Assista AgoraÉ surreal como a performance da Deneuve diz tanta coisa com tão poucas palavras. Seja nos olhares (melancólicos e assustados) de Carole, ou nos tiques (como aquele em que ela esfrega o nariz numa espécie de transe), desde muito nova ela provou ser mais que capaz de comandar um filme quase inteiro sozinha.
A direção do Polanski alterna entre momentos que parecem incrivelmente profissionais ou tremendamente experimentais, através de sequências que se casam milimetricamente por transições elaboradas e outras que não fazem o menor sentido, lembrando até as características da Nouvelle Vague. No fim, tudo funciona para contribuir com a sensação de loucura e tensão que o filme constrói sem pressa.
É um estudo sobre o trauma que se passa quase todo dentro de um apartamento (afinal, faz parte da Trilogia do Apartamento). O imóvel chega a ser quase um personagem, responsável por garantir cenas surreais que marcam o desprendimento da realidade de Carole. Funciona para frustrar as expectativas do público, ao mesmo tempo em que assusta bastante com a criatividade técnica e discute temas sérios.
Uma das melhores uniões entre a psicologia e o horror que já vi no cinema.
RRR: Revolta, Rebelião, Revolução
4.1 321 Assista AgoraQuem diria que, anos depois de Bollywood ter surgido como uma resposta à indústria de entretenimento estadunidense, ela mesma iria ensinar a Hollywood lições importantes sobre a magia do espetáculo no cinema (parece que nos últimos anos eles andam meio esquecidos). O filme pode ter 3 horas, mas acontece tanta coisa, da forma mais absurda e divertida possível, que a duração passa voando. E as cenas de dança são incríveis!
O Segredo de Marrowbone
3.7 433 Assista AgoraÉ frustrante que um filme desses não tenha dado certo, mesmo com tanta gente talentosa envolvida. A Mia Goth ficou desaproveitada, a Anya quase não aparece (o foco maior é nós meninos, principalmente no mais velho), e os diálogos são expositivos o suficiente para fazer revirar os olhos. Começa com grande potencial e tem várias situações que te deixam curioso para saber onde elas vão chegar, mas a tensão desmorona no segundo ato e o roteiro parece satisfeito em se firmar no mesmo “lugar comum” de outros filmes de terror esquecíveis. O final é uma palhaçada, e os diálogos depois do "twist" (patético) são dignos de novela.
Além disso, a ideia principal lembra demais “Os Outros”, talvez até mais do que poderia.
Sra. Harris vai a Paris
3.6 92 Assista AgoraUma água com açúcar bem leve onde todos os “vilões” são esnobes e detestáveis e os “heróis” são extremamente bonzinhos (embora eu ache ser impossível ter gente tão legal assim na alta costura) e dá pra prever a trama inteira desde o início. O que faz a experiência funcionar é justamente a atuação carismática da Lesley Manville, que te faz torcer pela “empregada que tem poder de ir à Disney”, por assim dizer. Se tratando de roupas da Dior, já era de se esperar que o filme fosse um deleite visual, mas a direção de arte parisiense também compõe bem a tela.
Argentina, 1985
4.3 334"Nunca mais".
Faz tempo que gosto tanto assim de um filme de tribunal. Primeiro porque, ao contrário da maioria das obras dessa temática, ela não força o melodrama e tem força o suficiente para se impor sem precisar apelar (como acontece em “Os 7 de Chicago”, por exemplo), fazendo por merecer cada um de seus momentos sentimentais. Segundo que, mesmo que retrate um período da história da Argentina, o tema é de importância universal e traz uma mensagem urgente para muitos países onde a democracia está por um fio, como acontece aqui mesmo no Brasil.
De um lado, estão os velhos mal encarados que representam um passado agressivo e sem liberdade, no outro, há a juventude: onde advogados (muito novos) parecem inexperientes e até mesmo fracos, mas emanam força quando se unem. E a melhor representação de que a antiga geração ainda tem muito o que aprender com a nova é a cena em que o próprio filho de Julio o ajuda a corrigir o texto que integra um documento de vital importância.
O roteiro é brilhante, e destaca os embates que mostram a coragem do promotor que, mesmo diante da força esmagadora do exército, não abaixa a cabeça ao fazer o que é certo. Seus inimigos, covardes por si só, ouvem os relatos horríveis cometidos na ditadura e procuram conforto na escritura sagrada, numa prática já esperada de grupos extremistas de direita que acham que isso irá atribuir a eles um sentimento de alívio de culpa.
Ainda assim, o filme traz momentos realmente inspiradores, como aquele em que Julio diz ser “impossível converter uma pessoa que defende milicos", mas seu companheiro consegue provar o contrário a ele (algo extremamente raro até mesmo nos dias de hoje). Ainda que possa soar excessivamente otimista, essa é uma mensagem definitiva que diz que o diálogo é a maior arma que possuímos contra esse tipo de gente. A luta não para.