O primeiro ato estabelece uma premissa forte, cruel e simples, o segundo ato te prende e te promete coisas, porém o terceiro é extremamente anticlimático, parece esquecer muito do que foi apresentado e a protagonista perde as forças. Levantaram uma bandeira e abaixaram outra.
Sem contar que a montagem do filme é bem problematica, do meio pro final tive a impressão de que o filme foi picotado pra caber em 2h16
Que catarse ver essas três lendas atuando no melhor filme do Scorsese em décadas (e em suas melhores atuações em décadas, também). Três horas e meia de um incansável filme sobre o olhar melancólico e saudosista sobre a golden age da máfia e suas consequências permanentes. Um filme entregue por pessoas que moldaram o gênero a partir dos anos 70 e que, anos depois, têm coisas novas a dizer, com toda a sinceridade do mundo.
The Irishman vai muito além de um épico gangster, é um filme sobre lealdade, fragilidade, medo, consequências. E sabe muito bem tirar sarro de si mesmo, que é onde mora uma das (muitas) sagacidades do roteiro. Que presente é esse filme, e que alívio. Era tudo o que eu esperava e muito, muito mais. Não vejo a hora de assistir de novo.
(Al Pacino, o Oscar de melhor ator coadjuvante já é teu.)
James Wan condensou todos os maiores blockbusters dos últimos anos num filme só. As cenas e as perseguições em Atlantis parecem um Star Wars de baixo d'água, a vida submarina é meio Pandora (de Avatar), um cenário envolvendo a Atlanna parece que saiu de Jurassic Park, a última grande batalha me lembrou Senhor dos Anéis... fora umas coisas que remeteram a Indiana Jones, Piratas do Caribe e até Procurando Dory.
Cada minuto do filme equivale a uma peça de um quebra-cabeça que tu não faz IDEIA da imagem que vai formar. E quando você termina de montar e vê ele pronto é o exercício mais insano de síntese que tu já passou.
Incrível como nada nesse filme é de graça, cada cena tem um sentido (ou uma história) que no final parece que estava gritando algo pra ti, jogando na tua cara. Ou melhor, dando um soco na tua cara.
Que filme SENSACIONAL, meus amigos. Esse final épico da trilogia dos Macacos é uma experiência cinematográfica memorável.
De tantos (ou todos) aspectos positivos que o filme tem, tenho que ressaltar o controle absurdo da mise-en-scene que o Matt Reeves tem em tela, a trilha sonora atmosférica e imponente que fala muito mais alto que qualquer explosão, o mo-cap de todos os atores (Se o Andy Serkis não ganhar uma indicação ao Oscar eu vou ficar bem puto), o fotorrealismo dos macacos em cena e a dicotomia do roteiro em relação a desmistificação e construção da humanidade dentro dos humanos e símios.
Com certeza um dos melhores filmes do ano até aqui, senão o melhor.
Alguém avisa pro Rob Zombie que um thriller de terror não é feito só de design de produção, figurino e maquiagem. Ele claramente rodou o filme sem roteiro, porque não é possível.
O núcleo dos "maníacos assassinos" é legal isoladamente e tal, mas cadê a motivação? Se tivessem algo pra trabalhar todo o arco dos personagens deixaria a trama mais interessante. Isso é o mínimo. E você não se importa com nenhum dos outros personagens normais, o que agrava mais ainda a falta de roteiro.
Enfim, esse 31 foi uma desculpa pro Zombie fazer o seu Uma Noite de Crime emulado no Jogos Mortais... e apesar do gore e da boa trilha sonora nada impressiona. A sensação de "já vi isso antes só que melhor" paira o filme inteiro.
Estranhão, hipnotizante e visceral são alguns adjetivos certos pra esse filme. Ainda tentando digerir algumas coisas digeridas pelos personagens.
Na hora do roteiro destrinchar algumas coisas e apresentar de forma mais tangível as suas ideias o roteiro peca bastante. Faltou mais substância aí. Mas achei a premissa interessante, é cheio de metalinguagem e a Elle Fanning manda muito bem. Porém achei o personagem do Keanu Reeves subaproveitado.
Algumas cenas parecem que são extremamente mal dirigidas, mas percebe-se que faltou ritmo no corte final (principalmente no primeiro ato). O filme evoca o sentimento de incômodo, questionamento e é muito contemplativo - além de ser visualmente bonito, então no final o saldo é positivo.
Olha, achei bem competente esse filme. Apesar de ser um suspense com indícios de terror (o terror aqui é apenas psicológico, pelo ponto de vista da protagonista) ele demonstra uma sensibilidade também. O arco da personagem da Blake Lively é bem simples e nos primeiros 10 minutos você entende e compra as motivações dela, e isso não é uma coisa que pesa na trama. O roteiro é bem trabalhado e brinca com a nossa perspectiva várias vezes, quando tu pensa que a Nancy vai fazer alguma coisa e ela faz outra. E o jeito que ela conversa com si mesma é engraçado e anula a falta de um interlocutor em tela. E na falta de um, temos a gaivota – que é a segunda melhor atuação do filme.
Tirando uma música do início e outra lá do final, a trilha sonora é ótima e segura o filme. A cena no mar em que a música é interrompida quando a câmera fica submersa é bem interessante, passa tensão e um ar de ameaça presente. E 90% do que acontece no filme é muito crível e verossímil, porém o desfecho com o tubarão (que nem sempre o CGI convence) fica bastante forçado, mas como o filme te prendeu e jamais ficou cansativo ou desinteressante até aqui (ponto pra direção e pra Blake Lively), você aceita o final do terceiro ato sem muito esforço.
O filme usa muito bem os dispositivos tecnológicos (GoPro e o relógio) à favor da narrativa, e outro ponto positivo são as variações de planos usadas. Temos bastante plano aberto - enfatizando a beleza da ilha e o quão sozinha a protagonista se encontra, e plano detalhe também - se confundindo propositalmente com o POV da Nancy. Eu só achei um pouco exagerada aquela cena das águas-vivas, mas tudo bem, é bonita até.
Percebe-se que o tom do filme já é bem decidido logo pelo início, a dinâmica dos cortes rápidos e os enquadramentos são acertados, masss a continuidade é cagada. A história se desenvolve bem, nunca vira uma comédia escrachada ou um drama muito meloso. É bem balanceado. A cidade parece realmente abitada, cada núcleo ali tem suas excentricidades.
O elenco inteiro é bem afiado, a Kate Winslet tem uma personagem com várias camadas e ela a desenvolve bem (e ela tá linda pra cacete); o timing cômico da Judy Davis (mãe da Tilly) é ótimo e ela tá impagável aqui. Outro destaque é o Hugo Weaving, a participação dele é bem engraçada e é um aceno ao seu personagem em Priscilla - A Rainha do Deserto. E todos do elenco de apoio também estão na mesma vibe, todos com um bom entrosamento (apesar do Liam Hemsworth parecer meio perdido).
Engraçado o longa fazer citações a Crepúsculo dos Deuses, porque a personagem da Gloria Swanson no filme de 1950 sintetiza exatamente o tom desse filme e suas atuações – além de abordar coisas parecidas, como uma mulher tentando se superar após revisitar o passado e um "assassinato". Em suma, não é aquele filme memorável mas é agradável de assistir e as duas horas passam rápido.
O que salva o filme é o bromance (bem sucedido) e a química dos dois protagonistas, com The Rock fazendo um papel parcialmente diferente do usual e Kevin Hart fazendo o que sabe fazer de melhor... ser ele mesmo.
Eu ri mais nos erros de gravação do que no filme inteiro, porém isso é amenizado porque ele se sai bem melhor no quesito diversão. As cenas de ação e humor físico são ótimas e as piadas de referência pontuais são divertidas.
Porque fora isso o filme não tenta inovar em nada, a estrutura do roteiro é a mais batida que tem e os personagens são genéricos (principalmente o do Aaron Paul). Pelo menos temos um bom elenco de apoio, quase todos são convincentes e fazem o possível com o pouco material que tem pra trabalhar.
A premissa dessa trilogia é muito mais interessante do que os filmes mostram, o roteiro se prende muito ao trivial de suspense/ação e não vai a lugar nenhum, e no que se arrisca fica extremamente forçado. A direção é bem meia-bomba e falta assinatura, o cara tem que evoluir muito ainda. Uma pessoa que faria melhor é o Dan Gilroy, que dirigiu Nightcrawler (O Abutre) com o Jake Gyllenhaal, por exemplo. The Purge com essa pegada ficaria bem interessante e, quem sabe, sem usar do artifício escapista de tornar o protagonista o herói do filme. Fardo esse que poderia muito bem ser inexistente aqui. Pelo menos o personagem do Frank Grillo é o único que você realmente se importa. Aliás, de terror os três The Purge não tem nada. É no máximo o horror soft da crueldade, da realidade, da imprevisibilidade que prega o argumento da história, o tal “expurgo” em si.
Boa notícia é que esse terceiro filme é (um pouco) melhor que o segundo, que é completamente previsível, mal editado e mal escrito. Esse ar mais politizado de Election Year revigorou e deu mais identidade ao filme, aproveitando o real ano de eleição nos Estados Unidos propositalmente. Ele repete vinganças batidas dos outros filmes? Repete, e sempre no primeiro ato. E sem contar as frases de efeito que permeiam o filme inteiro, mas pelo menos as máscaras estão bem mais legais e o estilo videoclipe-pop noturno e estilizado deixa o filme com um ar mais contemporâneo e sádico sem soar clichê.
Engraçado ver como Independence Day 2 já nasceu datado. Daqui a 2 anos, no mínimo, o filme vai parecer que foi feito 8 anos atrás. Como já dito por algum crítico, o Roland Emmerich é um James Cameron sem talento, o que eu concordo 100%. Mas já que esses filmes-pipoca de destruição em grande escala (e em grande estilo) tem que ser feito por alguém, que seja por ele. Pelo menos é melhor que a poluição do Michael Bay e seus Transformers cansativos.
O filme é muito divertido e visualmente empolgante, apesar de usar todos os clichês possíveis, as saídas mais fáceis de roteiro existentes e personagens novos pouco carismáticos. Coincidências previsíveis, conveniências forçadas, alívio cômico sem graça... tá tudo lá. Mas de contrapartida, temos uma space opera verossímil e saudosista, que é o forte do Emmerich.
Mas o que vale aqui é a diversão e o CGI bem feito. O filme entrega tudo aquilo que promete: entretenimento com muito mais identidade que o fraco 2012, por exemplo. E é do caralho ver os personagens antigos de volta, principalmente o Jeff Goldblum e o Bill Pullman. E a atriz lá dos filmes do Lars Von Trier é completamente mal aproveitada, não faz diferença alguma na história.
Acho que faltou mais inspiração na parte "terrestre" do filme, diferente do primeiro longa.
Invocação do Mal 2 é também a invocação do cinema clássico de terror que se perdeu no meio de tantos found footage nos últimos anos. A maioria dos clichês do gênero estão lá mas são EXTREMAMENTE bem trabalhados (até com direito a stop-motion). O elemento humano é bem mais presente nesse filme do que no primeiro, e é um deleite à parte ver mais do relacionamento de Ed e Lorraine. E a atuação da Madison Wolfe é sensacional, a transformação dela é nível Linda Blair em O Exorcista.
A cinematografia do filme acompanha perfeitamente o retrato setentista de Londres na época, variando a paleta de cor sem deixar o ar depressivo e frio de lado. E sobre a forma de filmar/movimentação de câmera: faz toda a diferença, a atmosfera do filme é elevada com esse artifício. Às vezes você se sente como um fantasma intruso dentro da casa, indo de um cômodo ao outro com facilidade e rapidez. O filme termina e você tem a impressão de conhecer a casa geograficamente.
Os 134 minutos são bem aproveitados em todos os aspectos: desenvolvimento da família Hodgson e dos Warren, o desenvolvimento da tensão do ponto de vista de cada personagem, as paranormalidades, o clímax e a conclusão. E ainda deixando os filhotes para os spin-offs: a já anunciada Valak/The Nun e o Crooked Man, que é um Jack Skellington zumbi emulado no Babadook. É uma proposta diferente, mas achei ele incrível.
Espero que o James Wan volte pro terceiro filme depois de concluir Aquaman, não gosto da ideia de outro diretor tomando as rédeas dessa franquia. Ele só como produtor não garante qualidade, vide o fraco Annabelle.
“Let’s not bullshit a bullshiter“. Bryan Cranston como sempre nos presenteando com uma atuação no mínimo excelente e memorável. O fato de ser uma peça adaptada pras telas faz o eterno Sr. White encarnar o Lyndon B. Johnson mais do que a vontade, já acostumado ao sotaque sulista e aos maneirismos do histriônico ex-Presidente. Jay Roach novamente trabalhando com Cranston depois do ótimo Trumbo, só que dessa vez sem o "apelo Oscar” pairando sobre o filme. Uma grande sacada foi terem adaptado em forma de telefilme e evitado prolongar o apelo dramático do desfecho que teve JFK, coisa que eu acho que seria um pouco diferente se fosse uma produção pros cinemas. A menção a Kennedy se limita aos dois (ótimos) minutos iniciais do filme, e o resto foca no delicado caminho até a legislação dos direitos civis.
A fotografia e o design de produção são ótimos, mas alguns enquadramentos de câmera chegam a incomodar, parece que o Roach não tem muita noção de espaço em alguns momentos. Pelo menos ele utiliza a câmera na mão só quando necessário e não abusa disso. Outro ponto positivo é o uso de imagens de arquivo da época em momentos pontuais na trama, diferente de outros filmes políticos que usam isso excessivamente. E no início achei desnecessário os disclaimers embaixo dizendo quem é cada pessoa de cargo político que cruzava com Johnson, mas depois entendi o motivo e me acostumei.
Uma das melhores coisas do filme é quando Cranston e o Frank Langella dividem a tela, os dois criam uma dicotomia ótima e você acredita em cada linha de diálogo dita por eles. Ver esses dois contracenando é de encher os olhos. Langella que ironicamente interpretou o Presidente que substituiu LBJ posteriormente, Richard Nixon, no ótimo filme Frost/Nixon de 2008. Anthony Mackie também faz uma atuação super contida de Martin Luther King Jr., provavelmente a melhor (e mais séria) da carreira dele. Em momento nenhum você lembra do Falcão, super-herói dos filmes da Marvel interpretado por ele. Mas sem dúvidas quem rouba todas as cenas é o Bryan Cranston.
Meu lado nerd ficou muito satisfeito com Guerra Civil e meu lado cinéfilo chato também ficou. É um dos melhores filmes da história da Marvel SIM, porque a chance desse filme dar errado era enorme... juntar 12 super-heróis complexos sendo dois deles nunca antes visto é um trabalho árduo pros roteiristas, e foi tudo encaixado e apresentado perfeitamente. A sequência do aeroporto evacuado é uma aula de direção, de coreografia de luta e de timing cômico. É irretocável essa cena, com certeza já virou um clássico dos filmes do gênero. O filme equilibra perfeitamente ação, comédia e a história que quer contar (o arco do Capitão com o Bucky + o Tratado de Sokóvia/a Guerra Civil em si), é tudo na dosagem certa e nada pesa na narrativa. É de longe o filme que mais tem porradaria dos 13 filmes do Universo Marvel e é o que eu mais dei risadas também. Dá ânimo de ter garantido a direção dos irmãos Russo em Guerra Infinita Parte I e Parte II, o controle que esses dois tem em tudo nesse filme é algo absurdo.
É a atuação mais séria e dramática do Downey Jr. como Tony Stark, ele tá menos piadista e mais focado nos seus motivos. Aliás, um filme que tem o Homem-Aranha e Homem-Formiga não precisa de mais alívio cômico nenhum. E provavelmente temos o melhor Homem-Aranha dos cinemas, apesar de ser meio cedo pra afirmar isso. Mas sem dúvidas é o melhor retratado até agora. Ele é quadrinesco do início ao fim, tanto o Peter quanto o Spidey. Tom Holland arrebenta demais e, POR FAVOR, vamos apagar os dois últimos filmes com o Andrew Garfield skatista-hipster da memória. E não me incomodei com o Zemo, apesar de achar que fizeram suspense demais no início da produção em volta do personagem. Todo mundo tava esperando o Barão Zemo clássico e uma participação maior, mas o filme que tem os Vingadores lutando entre si, cada um sendo o seu antagonista não precisa de vilão algum. Mas mesmo assim o Daniel Bruhl convence e espero de verdade ver ele nas próximas produções da Marvel (e com o traje clássico). E o não menos importante: Pantera Negra. QUE PERSONAGEM FODA. É o mais sério e determinado do filme. A história de todos os personagens é levada adiante, e mais uma vez o roteiro é digno de aplausos.
Que grata surpresa esse filme... já sabia parte da trama mas ao mesmo tempo não sabia o que esperar do filme em si, e me surpreendeu muito positivamente. Suspense-psicológico-pipoca de alta qualidade no maior estilo Spielberg, que é difícil de ver hoje em dia. Pra mim superou o filme anterior, apesar de serem gêneros distintos. Em nenhum momento o filme fica cansativo ou arrastado, ele é totalmente bem resolvido e te prende do início ao fim. A conclusão do terceiro ato é meio apressada, então poderiam ter prolongado um pouco mais pra dar o ar de clímax e ameaça que precisava.
É incrível a atuação do John Goodman (como sempre), a presença dele engrandece qualquer produção e remete um ar de nostalgia. A personagem da Mary Elizabeth Winstead é muito bem construída por ela e foge da "síndrome de estocolmo paterna" que eu pensei que a personagem fosse ter em relação ao Goodman. E o John Gallagher Jr. tá ótimo também. Os momentos descontraídos pontuais são uma válvula de escape pra "tensão apocalíptica" e funciona muito bem.
A trilha sonora parece que foi toda feita nos anos 60, é completamente urgente e direta e remete muito aos suspenses do Hitchcock, lembrando inclusive os créditos iniciais (e finais) estilizados à la Psicose.
Todo mundo que fala que não gostou do final é porque provavelmente não assistiu a Cloverfield - Monstro, então quem sabe, sabe. O filme tem que ser tratado e analisado como uma antologia agora, e quem assistiu ao filme de 2008 esperou referências desde a primeira cena desse filme.
Pelo visto o Dan Trachtenberg se junta a essa nova leva de diretores que bebem direto na fonte do tio Spielberg, como J.J. Abrams, Colin Trevorrow, Gareth Edwards... E fiquei feliz em saber que o diretor de Whiplash é um dos roteiristas do filme. Ele tem total controle da história que conta e não deixa nenhuma ponta solta. Se algo aconteceu terá papel em algum momento na trama.
Mais filmes do universo de Cloverfield, por favor.
Ironicamente eu não saí satisfeito das duas coisas que prometiam no título: senti falta de MAIS Batman versus Superman e achei preguiçosa a “origem da justiça”. Roteiro poderia ter sido bem mais criativo nisso, apesar de eu conseguir ver o Lex do Eisenberg sentado no computador mexendo no photoshop criando os logotipos dos heróis da Liga. Que alias, é a melhor coisa do filme. Esse Luthor é a versão Vale do Silício misturada com o Lex do Gene Hackman, dos filmes originais do Super-Homem. As melhores linhas de diálogo são dele. E poderiam também ter aproveitado melhor aquele plano-sequência do Batman no deserto, ficou meio artificial e muito coreografada. Pra quem acompanha a série do Demolidor sabe que os dois (únicos) planos-sequência do seriado são superiores a esse. Tirando esses defeitos o filme como um todo me satisfez muito, não tenho o que reclamar da direção do Zack Snyder. Ele é nerd pra caralho e sabe estilizar bem uma batalha e prestar homenagem ao Frank Miller. Uma coisa que eu tenho certeza é que fã hardcore de quadrinhos da DC saiu do cinema chorando de alegria. E a trilha do Hans Zimmer é bem soturna, não é a melhor dele mas eu gostei muito. Mensclou bem com o Junkie XL. Pensei que a computação gráfica fosse ficar exagerada a ponto de me tirar da atmosfera do filme, mas felizmente isso não aconteceu. A mesma coisa acontece com o Doomsday, no final comprei ele tanto visualmente quanto no arco estabelecido. Precisava ter entregado ele logo no segundo trailer? Não... talvez no terceiro, mas enfim, agora já foi.
O Batman do Ben Affleck é completamente bad ass, imponente e já me fez esquecer o da trilogia do Nolan. Vida longa ao Batfleck nos cinemas. O Henry Cavill mostra uma evolução ótima do Superman como herói e como homem, pra mim não tem o que pôr nem tirar na atuação dele. Conduziu com excelência o personagem e merece reconhecimento. E a Gal Gadot nasceu pra ser a Mulher-Maravilha, não tenho nem o que falar dela. Escalação perfeita e me convenceu de cara já na versão civil. E por incrível que pareça a Lois não fica sobrando no meio dessa grandiloquência, ela agrega e muito à trama. E o Alfred cachaceiro com aquele humor ácido é impagável, achei uma abordagem ótima do Jeremy Irons. Assim como a dinâmica dele com o Bruce. E o Perry como alívio cômico não me incomodou também. Amarraram muito bem a ligação de cada um deles.
Acho que a versão Ultimate do Bluray vai dar outra cara ao filme, quero ver muita coisa que ficou de fora do corte final. O Snyder na Warner/DC conseguiu exatamente o que o Joss Whedon não conseguiu na Disney/Marvel com o Era de Ultron: liberar uma versão estendida pra explicar melhor as pontas soltas, os cortes secos e agregar mais ao universo que eles estão criando. Quero muito ver a Barbara Gordon da Jena Malone e aquele lance todo com o Jimmy Olsen, que eu achei bem gratuito e meio desnecessário. E também espero que tenha mais porradaria entre Batman e Superman, eu achei é pouco pro marketing todo que tavam fazendo em cima do filme.
Mas dá pra ver claramente o desespero da Warner no atraso do DCU em relação ao universo da Marvel, eles tão realmente muito atrasados. Enquanto os Vingadores estão se separando em Guerra Civil, a Liga da Justiça tá se unindo em Batman vs Superman. Não que isso seja demérito. Mas tentaram muita coisa nesse filme, introduziram muitos personagens com suas subtramas e as vezes fica bem confuso. E ainda queriam colocar o Coringa e o Charada... Chris Terrio fez o que pôde no roteiro, coitado. Acertou e escorregou.
BvS é a continuação de Man of Steel, reboot do Batman nos cinemas e filme de origem da Liga da Justiça ao mesmo tempo. Por sorte executaram com sucesso quase tudo. Quase.
X: A Marca da Morte
3.4 1,2K Assista AgoraTava com um hype ABSURDO e no final achei apenas um bom filme. Queria ter gostado mais a ponto de dar 5 estrelas e favoritar, mas nem isso.
O Massacre da Serra Elétrica: O Retorno de Leatherface
2.2 697 Assista AgoraLampejos de momentos bons num filme extremamente ruim. O legado massacre da serra elétrica merecia muito mais.
Space Jam: Um Novo Legado
2.9 350 Assista AgoraDeviam ter tirado tempo de tela da família chata do LeBron pra dar pros Looney Tunes.
Freaky: No Corpo de um Assassino
3.2 464Não seria mais fácil tentar convencer a irmã da Millie que ela trocou de corpo lá pelo meio do filme?
The Nightingale
3.7 181 Assista AgoraO primeiro ato estabelece uma premissa forte, cruel e simples, o segundo ato te prende e te promete coisas, porém o terceiro é extremamente anticlimático, parece esquecer muito do que foi apresentado e a protagonista perde as forças. Levantaram uma bandeira e abaixaram outra.
Sem contar que a montagem do filme é bem problematica, do meio pro final tive a impressão de que o filme foi picotado pra caber em 2h16
Jojo Rabbit
4.2 1,6K Assista AgoraO leve tom de deboche do Taika interpretando o Hitler overacting é impagável demais.
(E o menino é a cara da Johansson, diga-se de passagem. Fiquei impressionado.)
O Irlandês
4.0 1,5K Assista AgoraQue catarse ver essas três lendas atuando no melhor filme do Scorsese em décadas (e em suas melhores atuações em décadas, também). Três horas e meia de um incansável filme sobre o olhar melancólico e saudosista sobre a golden age da máfia e suas consequências permanentes. Um filme entregue por pessoas que moldaram o gênero a partir dos anos 70 e que, anos depois, têm coisas novas a dizer, com toda a sinceridade do mundo.
The Irishman vai muito além de um épico gangster, é um filme sobre lealdade, fragilidade, medo, consequências. E sabe muito bem tirar sarro de si mesmo, que é onde mora uma das (muitas) sagacidades do roteiro. Que presente é esse filme, e que alívio. Era tudo o que eu esperava e muito, muito mais. Não vejo a hora de assistir de novo.
(Al Pacino, o Oscar de melhor ator coadjuvante já é teu.)
Era Uma Vez em... Hollywood
3.8 2,3K Assista AgoraWe love pussy.
Aquaman
3.7 1,7K Assista AgoraJames Wan condensou todos os maiores blockbusters dos últimos anos num filme só. As cenas e as perseguições em Atlantis parecem um Star Wars de baixo d'água, a vida submarina é meio Pandora (de Avatar), um cenário envolvendo a Atlanna parece que saiu de Jurassic Park, a última grande batalha me lembrou Senhor dos Anéis... fora umas coisas que remeteram a Indiana Jones, Piratas do Caribe e até Procurando Dory.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraDarren Aronofsky é um GÊNIO, só isso.
Cada minuto do filme equivale a uma peça de um quebra-cabeça que tu não faz IDEIA da imagem que vai formar. E quando você termina de montar e vê ele pronto é o exercício mais insano de síntese que tu já passou.
Incrível como nada nesse filme é de graça, cada cena tem um sentido (ou uma história) que no final parece que estava gritando algo pra ti, jogando na tua cara. Ou melhor, dando um soco na tua cara.
Planeta dos Macacos: A Guerra
4.0 954 Assista AgoraQue filme SENSACIONAL, meus amigos. Esse final épico da trilogia dos Macacos é uma experiência cinematográfica memorável.
De tantos (ou todos) aspectos positivos que o filme tem, tenho que ressaltar o controle absurdo da mise-en-scene que o Matt Reeves tem em tela, a trilha sonora atmosférica e imponente que fala muito mais alto que qualquer explosão, o mo-cap de todos os atores (Se o Andy Serkis não ganhar uma indicação ao Oscar eu vou ficar bem puto), o fotorrealismo dos macacos em cena e a dicotomia do roteiro em relação a desmistificação e construção da humanidade dentro dos humanos e símios.
Com certeza um dos melhores filmes do ano até aqui, senão o melhor.
31: A Morte É A Única Saída
2.6 228 Assista AgoraAlguém avisa pro Rob Zombie que um thriller de terror não é feito só de design de produção, figurino e maquiagem. Ele claramente rodou o filme sem roteiro, porque não é possível.
O núcleo dos "maníacos assassinos" é legal isoladamente e tal, mas cadê a motivação? Se tivessem algo pra trabalhar todo o arco dos personagens deixaria a trama mais interessante. Isso é o mínimo. E você não se importa com nenhum dos outros personagens normais, o que agrava mais ainda a falta de roteiro.
Enfim, esse 31 foi uma desculpa pro Zombie fazer o seu Uma Noite de Crime emulado no Jogos Mortais... e apesar do gore e da boa trilha sonora nada impressiona. A sensação de "já vi isso antes só que melhor" paira o filme inteiro.
Ouija: Origem do Mal
2.8 476 Assista AgoraTava tudo bem até o filme me lembrar que existe o primeiro.
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista AgoraEstranhão, hipnotizante e visceral são alguns adjetivos certos pra esse filme. Ainda tentando digerir algumas coisas digeridas pelos personagens.
Na hora do roteiro destrinchar algumas coisas e apresentar de forma mais tangível as suas ideias o roteiro peca bastante. Faltou mais substância aí. Mas achei a premissa interessante, é cheio de metalinguagem e a Elle Fanning manda muito bem. Porém achei o personagem do Keanu Reeves subaproveitado.
Algumas cenas parecem que são extremamente mal dirigidas, mas percebe-se que faltou ritmo no corte final (principalmente no primeiro ato). O filme evoca o sentimento de incômodo, questionamento e é muito contemplativo - além de ser visualmente bonito, então no final o saldo é positivo.
Só achei meio wtf a cena do tigre no quarto da Jesse.
Águas Rasas
3.4 1,3K Assista AgoraOlha, achei bem competente esse filme. Apesar de ser um suspense com indícios de terror (o terror aqui é apenas psicológico, pelo ponto de vista da protagonista) ele demonstra uma sensibilidade também. O arco da personagem da Blake Lively é bem simples e nos primeiros 10 minutos você entende e compra as motivações dela, e isso não é uma coisa que pesa na trama. O roteiro é bem trabalhado e brinca com a nossa perspectiva várias vezes, quando tu pensa que a Nancy vai fazer alguma coisa e ela faz outra. E o jeito que ela conversa com si mesma é engraçado e anula a falta de um interlocutor em tela. E na falta de um, temos a gaivota – que é a segunda melhor atuação do filme.
Tirando uma música do início e outra lá do final, a trilha sonora é ótima e segura o filme. A cena no mar em que a música é interrompida quando a câmera fica submersa é bem interessante, passa tensão e um ar de ameaça presente. E 90% do que acontece no filme é muito crível e verossímil, porém o desfecho com o tubarão (que nem sempre o CGI convence) fica bastante forçado, mas como o filme te prendeu e jamais ficou cansativo ou desinteressante até aqui (ponto pra direção e pra Blake Lively), você aceita o final do terceiro ato sem muito esforço.
O filme usa muito bem os dispositivos tecnológicos (GoPro e o relógio) à favor da narrativa, e outro ponto positivo são as variações de planos usadas. Temos bastante plano aberto - enfatizando a beleza da ilha e o quão sozinha a protagonista se encontra, e plano detalhe também - se confundindo propositalmente com o POV da Nancy. Eu só achei um pouco exagerada aquela cena das águas-vivas, mas tudo bem, é bonita até.
A Vingança Está na Moda
3.6 316 Assista AgoraPercebe-se que o tom do filme já é bem decidido logo pelo início, a dinâmica dos cortes rápidos e os enquadramentos são acertados, masss a continuidade é cagada. A história se desenvolve bem, nunca vira uma comédia escrachada ou um drama muito meloso. É bem balanceado. A cidade parece realmente abitada, cada núcleo ali tem suas excentricidades.
O elenco inteiro é bem afiado, a Kate Winslet tem uma personagem com várias camadas e ela a desenvolve bem (e ela tá linda pra cacete); o timing cômico da Judy Davis (mãe da Tilly) é ótimo e ela tá impagável aqui. Outro destaque é o Hugo Weaving, a participação dele é bem engraçada e é um aceno ao seu personagem em Priscilla - A Rainha do Deserto. E todos do elenco de apoio também estão na mesma vibe, todos com um bom entrosamento (apesar do Liam Hemsworth parecer meio perdido).
Engraçado o longa fazer citações a Crepúsculo dos Deuses, porque a personagem da Gloria Swanson no filme de 1950 sintetiza exatamente o tom desse filme e suas atuações – além de abordar coisas parecidas, como uma mulher tentando se superar após revisitar o passado e um "assassinato". Em suma, não é aquele filme memorável mas é agradável de assistir e as duas horas passam rápido.
Um Espião e Meio
3.2 346 Assista AgoraO que salva o filme é o bromance (bem sucedido) e a química dos dois protagonistas, com The Rock fazendo um papel parcialmente diferente do usual e Kevin Hart fazendo o que sabe fazer de melhor... ser ele mesmo.
Eu ri mais nos erros de gravação do que no filme inteiro, porém isso é amenizado porque ele se sai bem melhor no quesito diversão. As cenas de ação e humor físico são ótimas e as piadas de referência pontuais são divertidas.
Porque fora isso o filme não tenta inovar em nada, a estrutura do roteiro é a mais batida que tem e os personagens são genéricos (principalmente o do Aaron Paul). Pelo menos temos um bom elenco de apoio, quase todos são convincentes e fazem o possível com o pouco material que tem pra trabalhar.
12 Horas para Sobreviver: O Ano da Eleição
3.3 804 Assista AgoraA premissa dessa trilogia é muito mais interessante do que os filmes mostram, o roteiro se prende muito ao trivial de suspense/ação e não vai a lugar nenhum, e no que se arrisca fica extremamente forçado. A direção é bem meia-bomba e falta assinatura, o cara tem que evoluir muito ainda. Uma pessoa que faria melhor é o Dan Gilroy, que dirigiu Nightcrawler (O Abutre) com o Jake Gyllenhaal, por exemplo. The Purge com essa pegada ficaria bem interessante e, quem sabe, sem usar do artifício escapista de tornar o protagonista o herói do filme. Fardo esse que poderia muito bem ser inexistente aqui. Pelo menos o personagem do Frank Grillo é o único que você realmente se importa. Aliás, de terror os três The Purge não tem nada. É no máximo o horror soft da crueldade, da realidade, da imprevisibilidade que prega o argumento da história, o tal “expurgo” em si.
Boa notícia é que esse terceiro filme é (um pouco) melhor que o segundo, que é completamente previsível, mal editado e mal escrito. Esse ar mais politizado de Election Year revigorou e deu mais identidade ao filme, aproveitando o real ano de eleição nos Estados Unidos propositalmente. Ele repete vinganças batidas dos outros filmes? Repete, e sempre no primeiro ato. E sem contar as frases de efeito que permeiam o filme inteiro, mas pelo menos as máscaras estão bem mais legais e o estilo videoclipe-pop noturno e estilizado deixa o filme com um ar mais contemporâneo e sádico sem soar clichê.
Independence Day: O Ressurgimento
2.7 868 Assista AgoraEngraçado ver como Independence Day 2 já nasceu datado. Daqui a 2 anos, no mínimo, o filme vai parecer que foi feito 8 anos atrás. Como já dito por algum crítico, o Roland Emmerich é um James Cameron sem talento, o que eu concordo 100%. Mas já que esses filmes-pipoca de destruição em grande escala (e em grande estilo) tem que ser feito por alguém, que seja por ele. Pelo menos é melhor que a poluição do Michael Bay e seus Transformers cansativos.
O filme é muito divertido e visualmente empolgante, apesar de usar todos os clichês possíveis, as saídas mais fáceis de roteiro existentes e personagens novos pouco carismáticos. Coincidências previsíveis, conveniências forçadas, alívio cômico sem graça... tá tudo lá. Mas de contrapartida, temos uma space opera verossímil e saudosista, que é o forte do Emmerich.
Mas o que vale aqui é a diversão e o CGI bem feito. O filme entrega tudo aquilo que promete: entretenimento com muito mais identidade que o fraco 2012, por exemplo. E é do caralho ver os personagens antigos de volta, principalmente o Jeff Goldblum e o Bill Pullman. E a atriz lá dos filmes do Lars Von Trier é completamente mal aproveitada, não faz diferença alguma na história.
Acho que faltou mais inspiração na parte "terrestre" do filme, diferente do primeiro longa.
Invocação do Mal 2
3.8 2,1K Assista AgoraInvocação do Mal 2 é também a invocação do cinema clássico de terror que se perdeu no meio de tantos found footage nos últimos anos. A maioria dos clichês do gênero estão lá mas são EXTREMAMENTE bem trabalhados (até com direito a stop-motion). O elemento humano é bem mais presente nesse filme do que no primeiro, e é um deleite à parte ver mais do relacionamento de Ed e Lorraine. E a atuação da Madison Wolfe é sensacional, a transformação dela é nível Linda Blair em O Exorcista.
A cinematografia do filme acompanha perfeitamente o retrato setentista de Londres na época, variando a paleta de cor sem deixar o ar depressivo e frio de lado. E sobre a forma de filmar/movimentação de câmera: faz toda a diferença, a atmosfera do filme é elevada com esse artifício. Às vezes você se sente como um fantasma intruso dentro da casa, indo de um cômodo ao outro com facilidade e rapidez. O filme termina e você tem a impressão de conhecer a casa geograficamente.
Os 134 minutos são bem aproveitados em todos os aspectos: desenvolvimento da família Hodgson e dos Warren, o desenvolvimento da tensão do ponto de vista de cada personagem, as paranormalidades, o clímax e a conclusão. E ainda deixando os filhotes para os spin-offs: a já anunciada Valak/The Nun e o Crooked Man, que é um Jack Skellington zumbi emulado no Babadook. É uma proposta diferente, mas achei ele incrível.
Espero que o James Wan volte pro terceiro filme depois de concluir Aquaman, não gosto da ideia de outro diretor tomando as rédeas dessa franquia. Ele só como produtor não garante qualidade, vide o fraco Annabelle.
Até o Fim
3.7 31 Assista Agora“Let’s not bullshit a bullshiter“. Bryan Cranston como sempre nos presenteando com uma atuação no mínimo excelente e memorável. O fato de ser uma peça adaptada pras telas faz o eterno Sr. White encarnar o Lyndon B. Johnson mais do que a vontade, já acostumado ao sotaque sulista e aos maneirismos do histriônico ex-Presidente. Jay Roach novamente trabalhando com Cranston depois do ótimo Trumbo, só que dessa vez sem o "apelo Oscar” pairando sobre o filme. Uma grande sacada foi terem adaptado em forma de telefilme e evitado prolongar o apelo dramático do desfecho que teve JFK, coisa que eu acho que seria um pouco diferente se fosse uma produção pros cinemas. A menção a Kennedy se limita aos dois (ótimos) minutos iniciais do filme, e o resto foca no delicado caminho até a legislação dos direitos civis.
A fotografia e o design de produção são ótimos, mas alguns enquadramentos de câmera chegam a incomodar, parece que o Roach não tem muita noção de espaço em alguns momentos. Pelo menos ele utiliza a câmera na mão só quando necessário e não abusa disso. Outro ponto positivo é o uso de imagens de arquivo da época em momentos pontuais na trama, diferente de outros filmes políticos que usam isso excessivamente. E no início achei desnecessário os disclaimers embaixo dizendo quem é cada pessoa de cargo político que cruzava com Johnson, mas depois entendi o motivo e me acostumei.
Uma das melhores coisas do filme é quando Cranston e o Frank Langella dividem a tela, os dois criam uma dicotomia ótima e você acredita em cada linha de diálogo dita por eles. Ver esses dois contracenando é de encher os olhos. Langella que ironicamente interpretou o Presidente que substituiu LBJ posteriormente, Richard Nixon, no ótimo filme Frost/Nixon de 2008. Anthony Mackie também faz uma atuação super contida de Martin Luther King Jr., provavelmente a melhor (e mais séria) da carreira dele. Em momento nenhum você lembra do Falcão, super-herói dos filmes da Marvel interpretado por ele. Mas sem dúvidas quem rouba todas as cenas é o Bryan Cranston.
Aliás, uma hora ele solta um “you’re goddamn right” numa narração em off que os fãs de Breaking Bad vão ficar molhados.
Capitão América: Guerra Civil
3.9 2,4K Assista AgoraMeu lado nerd ficou muito satisfeito com Guerra Civil e meu lado cinéfilo chato também ficou. É um dos melhores filmes da história da Marvel SIM, porque a chance desse filme dar errado era enorme... juntar 12 super-heróis complexos sendo dois deles nunca antes visto é um trabalho árduo pros roteiristas, e foi tudo encaixado e apresentado perfeitamente. A sequência do aeroporto evacuado é uma aula de direção, de coreografia de luta e de timing cômico. É irretocável essa cena, com certeza já virou um clássico dos filmes do gênero. O filme equilibra perfeitamente ação, comédia e a história que quer contar (o arco do Capitão com o Bucky + o Tratado de Sokóvia/a Guerra Civil em si), é tudo na dosagem certa e nada pesa na narrativa. É de longe o filme que mais tem porradaria dos 13 filmes do Universo Marvel e é o que eu mais dei risadas também. Dá ânimo de ter garantido a direção dos irmãos Russo em Guerra Infinita Parte I e Parte II, o controle que esses dois tem em tudo nesse filme é algo absurdo.
É a atuação mais séria e dramática do Downey Jr. como Tony Stark, ele tá menos piadista e mais focado nos seus motivos. Aliás, um filme que tem o Homem-Aranha e Homem-Formiga não precisa de mais alívio cômico nenhum. E provavelmente temos o melhor Homem-Aranha dos cinemas, apesar de ser meio cedo pra afirmar isso. Mas sem dúvidas é o melhor retratado até agora. Ele é quadrinesco do início ao fim, tanto o Peter quanto o Spidey. Tom Holland arrebenta demais e, POR FAVOR, vamos apagar os dois últimos filmes com o Andrew Garfield skatista-hipster da memória. E não me incomodei com o Zemo, apesar de achar que fizeram suspense demais no início da produção em volta do personagem. Todo mundo tava esperando o Barão Zemo clássico e uma participação maior, mas o filme que tem os Vingadores lutando entre si, cada um sendo o seu antagonista não precisa de vilão algum. Mas mesmo assim o Daniel Bruhl convence e espero de verdade ver ele nas próximas produções da Marvel (e com o traje clássico). E o não menos importante: Pantera Negra. QUE PERSONAGEM FODA. É o mais sério e determinado do filme. A história de todos os personagens é levada adiante, e mais uma vez o roteiro é digno de aplausos.
#TeamCap
Rua Cloverfield, 10
3.5 1,9KQue grata surpresa esse filme... já sabia parte da trama mas ao mesmo tempo não sabia o que esperar do filme em si, e me surpreendeu muito positivamente. Suspense-psicológico-pipoca de alta qualidade no maior estilo Spielberg, que é difícil de ver hoje em dia. Pra mim superou o filme anterior, apesar de serem gêneros distintos. Em nenhum momento o filme fica cansativo ou arrastado, ele é totalmente bem resolvido e te prende do início ao fim. A conclusão do terceiro ato é meio apressada, então poderiam ter prolongado um pouco mais pra dar o ar de clímax e ameaça que precisava.
É incrível a atuação do John Goodman (como sempre), a presença dele engrandece qualquer produção e remete um ar de nostalgia. A personagem da Mary Elizabeth Winstead é muito bem construída por ela e foge da "síndrome de estocolmo paterna" que eu pensei que a personagem fosse ter em relação ao Goodman. E o John Gallagher Jr. tá ótimo também. Os momentos descontraídos pontuais são uma válvula de escape pra "tensão apocalíptica" e funciona muito bem.
A trilha sonora parece que foi toda feita nos anos 60, é completamente urgente e direta e remete muito aos suspenses do Hitchcock, lembrando inclusive os créditos iniciais (e finais) estilizados à la Psicose.
Todo mundo que fala que não gostou do final é porque provavelmente não assistiu a Cloverfield - Monstro, então quem sabe, sabe. O filme tem que ser tratado e analisado como uma antologia agora, e quem assistiu ao filme de 2008 esperou referências desde a primeira cena desse filme.
Pelo visto o Dan Trachtenberg se junta a essa nova leva de diretores que bebem direto na fonte do tio Spielberg, como J.J. Abrams, Colin Trevorrow, Gareth Edwards... E fiquei feliz em saber que o diretor de Whiplash é um dos roteiristas do filme. Ele tem total controle da história que conta e não deixa nenhuma ponta solta. Se algo aconteceu terá papel em algum momento na trama.
Mais filmes do universo de Cloverfield, por favor.
Batman vs Superman - A Origem da Justiça
3.4 5,0K Assista AgoraIronicamente eu não saí satisfeito das duas coisas que prometiam no título: senti falta de MAIS Batman versus Superman e achei preguiçosa a “origem da justiça”. Roteiro poderia ter sido bem mais criativo nisso, apesar de eu conseguir ver o Lex do Eisenberg sentado no computador mexendo no photoshop criando os logotipos dos heróis da Liga. Que alias, é a melhor coisa do filme. Esse Luthor é a versão Vale do Silício misturada com o Lex do Gene Hackman, dos filmes originais do Super-Homem. As melhores linhas de diálogo são dele. E poderiam também ter aproveitado melhor aquele plano-sequência do Batman no deserto, ficou meio artificial e muito coreografada. Pra quem acompanha a série do Demolidor sabe que os dois (únicos) planos-sequência do seriado são superiores a esse. Tirando esses defeitos o filme como um todo me satisfez muito, não tenho o que reclamar da direção do Zack Snyder. Ele é nerd pra caralho e sabe estilizar bem uma batalha e prestar homenagem ao Frank Miller. Uma coisa que eu tenho certeza é que fã hardcore de quadrinhos da DC saiu do cinema chorando de alegria. E a trilha do Hans Zimmer é bem soturna, não é a melhor dele mas eu gostei muito. Mensclou bem com o Junkie XL. Pensei que a computação gráfica fosse ficar exagerada a ponto de me tirar da atmosfera do filme, mas felizmente isso não aconteceu. A mesma coisa acontece com o Doomsday, no final comprei ele tanto visualmente quanto no arco estabelecido. Precisava ter entregado ele logo no segundo trailer? Não... talvez no terceiro, mas enfim, agora já foi.
O Batman do Ben Affleck é completamente bad ass, imponente e já me fez esquecer o da trilogia do Nolan. Vida longa ao Batfleck nos cinemas. O Henry Cavill mostra uma evolução ótima do Superman como herói e como homem, pra mim não tem o que pôr nem tirar na atuação dele. Conduziu com excelência o personagem e merece reconhecimento. E a Gal Gadot nasceu pra ser a Mulher-Maravilha, não tenho nem o que falar dela. Escalação perfeita e me convenceu de cara já na versão civil. E por incrível que pareça a Lois não fica sobrando no meio dessa grandiloquência, ela agrega e muito à trama. E o Alfred cachaceiro com aquele humor ácido é impagável, achei uma abordagem ótima do Jeremy Irons. Assim como a dinâmica dele com o Bruce. E o Perry como alívio cômico não me incomodou também. Amarraram muito bem a ligação de cada um deles.
Acho que a versão Ultimate do Bluray vai dar outra cara ao filme, quero ver muita coisa que ficou de fora do corte final. O Snyder na Warner/DC conseguiu exatamente o que o Joss Whedon não conseguiu na Disney/Marvel com o Era de Ultron: liberar uma versão estendida pra explicar melhor as pontas soltas, os cortes secos e agregar mais ao universo que eles estão criando. Quero muito ver a Barbara Gordon da Jena Malone e aquele lance todo com o Jimmy Olsen, que eu achei bem gratuito e meio desnecessário. E também espero que tenha mais porradaria entre Batman e Superman, eu achei é pouco pro marketing todo que tavam fazendo em cima do filme.
Mas dá pra ver claramente o desespero da Warner no atraso do DCU em relação ao universo da Marvel, eles tão realmente muito atrasados. Enquanto os Vingadores estão se separando em Guerra Civil, a Liga da Justiça tá se unindo em Batman vs Superman. Não que isso seja demérito. Mas tentaram muita coisa nesse filme, introduziram muitos personagens com suas subtramas e as vezes fica bem confuso. E ainda queriam colocar o Coringa e o Charada... Chris Terrio fez o que pôde no roteiro, coitado. Acertou e escorregou.
BvS é a continuação de Man of Steel, reboot do Batman nos cinemas e filme de origem da Liga da Justiça ao mesmo tempo. Por sorte executaram com sucesso quase tudo. Quase.