''Flores partidas'' retrata a solidão de maneira sóbria. Diferentemente de outras obras, a solidão não nos é mostrada de maneira forçada, fazendo parecer que o personagem é apenas um esquisito ou deslocado. Pelo contrário, as poucas informações que temos sobre Don nos mostram, principalmente, que ele é desapegado, tanto de relações profundas amorosas, como em relação ao dinheiro. Esse fato é constatado perante duas informações recebidas: 1) Don sempre foi um galanteador (há, inclusive, um ''símbolo'' no momento em que o personagem está assistindo Don Juan na tv, e tempo depois seu melhor amigo Winston o chama de ''Don Juan''. Além disso, evidentemente, o próprio nome do personagem é ''Don''; 2) O tempo todo ele evita falar sobre seu trabalho (ramo dos computadores) e sucesso financeiro. Nem ao menos tem um computador em casa e não tem hábitos luxuosos.
A solidão é mostrada de modo sutil, inteligente e perspicaz: Várias vezes Don dorme no sofá, o qual aparenta ser muito confortável, porém, obviamente, com seu poder aquisitivo, é possível intuir que sua cama fosse bem confortável. O sofá está situado na sala, local bem convidativo de se ficar junto com uma família ou amigos (ainda mais na idade dele). Outro ponto é que não há a sensação de Don aproveitar o ''momento de lazer'' quando está sozinho na sala vendo tv ou ouvindo música. Ele aparenta estar apático, neutro, indiferente, e esses são sintomas claros de solidão. Durante as viagens, ele tinha flashes mentais dos momentos (com as ex-namoradas) que tinham acabado de ocorrer, o que mostra mais ainda esse lado ''interno'', e mais: Don não compartilha esses momentos com ninguém (vez outra fala um pouco para Winston, mas não são conversas muito profundas). A sensação transmitida é de que, as vezes, Don até quer expressar mais seus sentimentos e se comunicar, porém algo o ''prende''.
A trilha sonora é espetacular, consegue ''ligar os pontos'' durante a jornada do protagonista, e por vezes é sua única companhia. A viagem de Don não é glamourosa. Nem mesmo o carro alugado é ''legal''. - ''Você poderia ter me alugado um Porsche''. Talvez o que o mova seja a necessidade de encontrar um propósito (um filho mudaria tudo, ainda que Don não soubesse bem como corresponder a isso).
Há uma simbologia rica presente na obra, o diretor coloca elementos intrigantes e prazerosos de se observar, como por exemplo a cor rosa e a flor rosa, simbolizando: paixão, sedução, romance, memórias, arrependimentos... Além de ser uma cor comumente agradável às mulheres. Logo, toda vez que o protagonista encontra algo rosa em um pertence de uma de suas ex-namoradas, isso pode significar que ele está perto de descobrir a verdade (se realmente tem um filho e quem é a mãe) ou apenas significa que a mulher gosta de rosa ( essa dicotomia é de enlouquecer, mas faz parte da vida real, o que torna ''Flores partidas'' mais ainda um filme objetivo e sensível).
O humor presente é ácido, inteligente e dosado de maneira orquestrada por Jarmusch, como por exemplo o fato da filha de Laura se chamar ''Lolita'' e realmente se insinuar para o protagonista (cru e absurdamente hilário, levando em conta a adequação em relação à referência). Outro momento divertidíssimo é descobrir que Carmen se transformou em uma espécie de psicóloga que se comunica com animais e tem um gato chamado Winston. É possível, inclusive, deduzir que Carmen consiga se relacionar melhor com animais do que com uma pessoa (parceiro), o que seria trágico, embora muito comum nos dias de hoje (isso vale para homens, também, é claro).
O estilo de filmagem tem totalmente a ''vibe anos 2000'' e as locações são muito bonitas, fazendo uma bela parceria à trilha sonora, tornando ''Flores partidas'' uma experiência prazerosa.
A cena final é muito intimista (no sentido Don-público). Nos sentimos desnorteados, assim como ele, sem saber se há realmente um filho, se é um dos dois rapazes mostrados no final (o jovem viajante ou o rapaz que passou no fusca) ou se tudo aquilo não passou de uma ''peça pregada'' ou uma tentativa de lição de sua última ex namorada ou quem quer que seja... O fato é que uma vida sem relações profundas e duradouras é solitária, é vazia. Por isso sentimos compaixão por Don. E quantos ''Dons'' há por aí...
Filme pouquíssimo conhecido.... lotado de simbolismos incríveis e personagens fascinantes, mas requer um certo esforço e simplicidade para que suas camadas sejam penetradas.
O personagem ''principal'', superficialmente, é Carter. Contudo, se buscarmos a essência, veremos que não. Lucy e Sarah são as ''mais importantes'', pois o conflito que mais necessitava ser resolvido era o delas: o distanciamento, frieza, apatia entre os dois seres mais ligados no mundo humano(mãe e filha(o), e esse ''abismo'' entre as duas precisava de uma ponte(Carter) para que houvesse um ''religamento'', uma passagem.
Vejamos: Carter não seduziu conscientemente nenhuma das duas, ele não tinha intuito direto e ativo sobre nenhuma delas. Mas tinha a habilidade de ser um bom ouvinte, mais que isso: ele era alguém PRESENTE(as pessoas se sentiam especiais quando estavam em sua presença), especialmente em relação à Sarah, mulher mais velha que estava sendo traída(perda de CONFIANÇA) pelo marido e sentia como se jovialidade da vida estivesse sumindo repentinamente(isso é mais reforçado ainda quando ela descobre que tem câncer), além do mais, Carter transmitiu CONFIANÇA por sua ingenuidade/pureza (jovem frustrado por ''excesso de paixão'', algo extremamente piegas para alguns, mas com uma certa nobreza na essência), e era literalmente um jovem, suscitando lembranças da mocidade de Sarah, a qual estava doente e com dificuldades de lidar com a situação, já que não podia contar com ninguém....
Com relação à Lucy, Carter compreendeu, de fato, a dor emocional dela quando a mesma revelou que se sentia julgada desde a infância por ter cometido -inocentemente- atos sensuais com um colega, causando um trauma gigante na vida da garota( há grandes chances desse ter sido o pontapé inicial para que o ''abismo'' na relação entre mãe e filha surgisse). O impacto causado na vida sentimental da garota fica evidente quando percebemos que Lucy é alguém popular e atraente na escola, porém nunca beijou(oportunidades certamente não faltaram), ou seja: havia uma grande insegurança com relação ao sexo masculino. Carter soube se aproximar como quem ''não quer nada'' e, de fato, ele não queria nada. Contudo, não deixou de ser gentil, atencioso e DOADOR(comentarei no final do texto), porque era mais velho e já tinha passado pela fase da ''aborrescência'' e principalmente pelo fato dele ter se esquecido de si mesmo(daí surge o magnetismo fortíssimo dele com relação às mulheres).
Carter era a ''ponte'' que faltava para aproximar mãe e filha, esse era o ''papel'' dele desde o início. Tudo fica mais claro quando refletimos sobre o real motivo do rapaz ter ido cuidar da avó, deixando LOS ANGELES por uma cidadezinha do interior de Michigan. Em certo momento do filme, o garoto diz que mudou de cidade para fugir dos problemas, porém ele não percebeu que essa atitude, esse ''agir'' na vida dele transformou a vida de outras pessoas. Isso ocorreu pelo fato dele ter se esquecido(pelo menos um pouco) dos acontecimentos que o magoavam e passado a se dedicar a quem precisasse mais(à avó e às vizinhas), ou seja: largou o egoísmo, o viver fechado em si e se DOOU por quem necessitava, em nome da força mais forte existente: o AMOR !
Sarah reaprendeu a sonhar e a enxergar a beleza da vida por conta da companhia do garoto, enquanto Lucy compreendeu que sua mãe poderia morrer e que era preciso se esforçar para ser menos ''revoltada'', voltando ao diálogo com sua progenitora.
Carter entendeu um pouco de sua missão quando aceitou manter distância de Lucy(a pedido de Sarah), demonstrando, logo em seguida duas grandes virtudes: a obediência(respeito humilde e digno à pessoa da Sarah, em sua condição mais frágil e forte possível) e a hombridade, pois indicou quem realmente seria o cara ''certo'' para Lucy. O beijo entre Sarah e Carter aconteceu apenas pela extrema confusão emocional de ambos. Além do mais, Sarah era casada e, apesar da traição do marido, em nenhum momento deu indícios de vingança, muito pelo contrário, foi uma excelente esposa, mesmo que o marido não ''merecesse''.
E não podemos nos esquecer da personagem mais simbólica, mais complexa(e paradoxalmente simples): a vovó ! Talvez a grande metáfora seja se fingir de louco para viver nesse mundo, aliás a loucura dela não era tão ''doida'' assim, já que, de fato, a morte se aproximava. Vovó Phyllis recebeu a companhia de seu neto, o qual achava que iria somente cuidar dela, mas, no fundo, o rapaz acabou ''recebendo'' tanto quanto ''deu'', pois o modo inusitado com o qual Phyllis se comportava, além dos divertidos e humanos diálogos entre avó e neto o fizeram se questionar sobre aquilo que realmente importava: o Amor(doar-se ao outro, enquanto outro, e sem medidas !). Portanto, se Carter é ''o coringa, a chave, o servo'' para que as pessoas que mais necessitavam da resolução de conflitos(Lucy e Sarah) ficassem em paz, vovó Phyllis foi a mestra dele !
A fotografia do filme também é muito bela, transmitindo certa leveza, paixão e surpresa, e as locações escolhidas foram bem adequadas . ''In The Land Of Women'' é uma obra rica e especial. Recomendadíssima !
''O Retrato de Jennie'' é Arte(no sentido mais essencial possível, isto é: Belo e Puro) Um dos mais encantadores, profundos e maravilhosos filmes da história do cinema. O simbolismo presente consegue transmitir ''o intangível''. Roteiro sensacional, atuações ''vivas'' e transformadoras. Direção impecável, sensível e racional. Obra-prima absoluta !
Os diretores conseguiram um baita resultado através dessa obra. O modo como os familiares lidam com a doença é muito verossímil, aliás, mais realista que isso somente a atuação de Moore. Ela consegue ser ''crescente'', de acordo com a degeneração da doença, dando vida à uma personagem que, muitas vezes, parece não ter vida, e é nesse fato que reside a maior poesia do filme: Lidar com os problemas da vida, do melhor modo possível: vivendo ! Valorizando a vida. Uma história importantíssima, visto que vivemos um contexto de ataque à vida, em todos os campos ''sociais''. Claro que a família de Alice é bem falha: marido que trabalha demais; filho(quase médico) que segue o ritmo acelerado do pai(talvez o ''espelho'' dele, em certos aspectos); a filha mais velha, inteligente e determinada (única confirmada de que terá a doença no futuro), que se parece muito com Alice quando jovem; e a jovem Lydia(Kristen em um papel exigente, atuando muito bem, fazendo uma das melhores performances de sua carreira), a qual era a mais ''complicada'' dos filhos, porém não mediu esforços para CUIDAR da mãe, e então aprender mais sobre o texto citado no final do filme, ou seja: aprender a amar, do único modo possível: se doando/entregando, colocando-se a serviço de quem mais precisava dela, mesmo que isso significasse abdicar-se de vontades ! Além disso tudo, a direção é ótima, há um cuidado muito especial com o desfoque de câmera, em certas cenas, causando angústia no espectador, mostrando os sintomas de Alice(gradativos). Vale ressaltar os momentos engraçadamente sutis que, aos olhos dos que apenas se lamuriam, passaram despercebidos, mas para os que, atentos, buscaram encarar a vida como única e bela, trarão plenitude. Juntando, também, o fato das locações da cidade serem muito convidativas para o ''clima delicado'', em certos momentos.
Uma obra que traz a mensagem tênue entre a ''bela leveza da vida'' com uma melancolia dos momentos difíceis de lidar. Julianne Moore está um monstro atuando ! Filme recomendadíssimo.
Muito subestimado ! O roteiro é genial, em alguns momentos. O filme foge do óbvio(aproveitando o óbvio). A linguagem ''idiota'' escolhida nesta comédia foi excelente, deu muito certo, mesmo com alguns clichês. Os personagens sendo comuns e excêntricos/bizarros, ao mesmo tempo, dão mais vida ainda à ''Encontros e Desencontros do amor''. Além disso tudo, as locações em NY sempre tornam a experiência do espectador prazerosa. O filme ainda conta com uma trilha sonora muito boa. Uma das melhores comédias da década, fácil fácil...
Excelente ! Jim Cummings é um monstro, fazendo um triplo de funções(dirigindo, escrevendo e protagonizando). A fotografia é envolvente, ''se encaixa'' muito bem durante o enredo, é como se houvesse uma harmonia entre as cenas e as locações/imagens captadas e mostradas. Personagens realistas, um roteiro bem forte e uma direção que sabe para onde ir e como ir, utilizando de enquadramentos notáveis, tornam o filme muito marcante.
Longe de qualquer menção a movimentos sociais, ''Thunder Road'' é sobre ser Homem. Simples e complexo assim. Vemos uma autoridade policial que tem vários arrependimentos em sua vida, se esforçando para lidar com a morte de sua mãe, fato que o fez surtar, literalmente. É angustiante e aterrorizante perceber as expressões faciais de Jim. Há momentos em que ele começa a chorar de maneira abrupta e intensa, então, de repente, para e ''segura'' tudo. Temos aqui, claramente, um doente emocional(todos somos um pouco), da maneira mais ''nua e crua'' possível. Um policial(função que deve proteger as pessoas, o Estado, o Patrimônio e prezar pelo bem e a ordem comum) ''perdido'' na vida, sem saber como lidar com sua carreira(de extrema importância para todos), muito menos com seu verdadeiro Amor(a filha dele), a qual passa por um momento rebelde(grande parte por conta separação dos pais). Tudo isso são apenas fatos que, se fossem juntados em um filme qualquer, de uma maneira medíocre, seria mais um caso típico e sem ''gosto'' da sétima arte. Contudo, a delicadeza dessa obra é inefável, é possível perceber o mais frágil do ser humano, focado, especialmente, na figura masculina. Jim tem que provar que é bom para todos ao redor, inclusive pra si mesmo, e como é difícil recuperar a autoconfiança lutando contra ''demônios internos''. O personagem é representado de maneira genial por Cummings, pois é exatamente expresso como deve ser; um ''fracassado'' aos olhos de muitos, mas um verdadeiro Humano, aos olhos mais sensíveis. Jim se dedicou muito ao ato de ''servir'', como policial(perdendo anos de qualidade em sono), sendo condecorado várias vezes, mas a questão é: e quando precisa ser servido/ajudado... ?O filme também fala sobre a maldade(perfeitamente definida como ''a ausência do Bem'') e o caos presentes na vida. Afinal de contas, Jim tem que lidar com a ex-esposa problemática, a qual quer ter a guarda da filha exclusivamente para si mesma, e mesmo assim, o policial ''segura a barra'', um pouco, e diz no tribunal que a mãe de sua filha é uma boa progenitora e que cuida muito bem de Crystal(fato que é mentira, porém, talvez exista um pouco de covardia , medo e cautela nisso, já que Jim também é uma pessoa instável, e entende que a criança precisa de um bom relacionamento com ambos os pais), lidar com o inexplicável abalo sentido pela perda da mãe, com a solidão vivida por morar sozinh, além da distância pessoal e íntima entre seu bem mais precioso(Crystal) e ele estar aumentando. Nate é como um anjo para o protagonista, fazendo o necessário para acolhê-lo e amá-lo como um irmão genuíno, independente da situação. Nos minutos finais há uma sequência extremamente poética e ''viva'' ! Após o suicídio de sua ex-esposa, Jim olha para Crystal e parafraseia a letra da canção que dá título ao filme: -Não posso obrigar você a ir. Você tem que querer. Não posso prometer que vai ser melhor do que viver aqui. O que você diz ? Quer entrar no carro comigo ? Vamos fugir juntos ? Crystal responde, da maneira mais delicada, triste, desprotegida e inocente(e, contraditoriamente, madura) do mundo: -Sim -Vamos ? -Sim, tudo bem A cena acima é o início do ápice incrível do desfecho da história, procedida pelo momento em que Pai e Filha assistem à uma apresentação de balé(dança que era a paixão da mãe de Jim), com os olhos brilhando de fascínio pelo espetáculo. Um momento ''Progenitor e Cria''. Um só tem ao outro, praticamente, e ainda assim tudo é conduzido, novamente, de modo ''nu e cru'', sem apelar ao exacerbado sentimentalismo, vemos Jim se emocionar muito, quase como se fosse um momento de amadurecimento, de aceitação e de gratidão pelo acontecimento presente. Então acontece o ''desfecho do desfecho''. Memorável ! A recordação da falha, mas amorosa, tentativa de homenagem para a mãe falecida, situação pela qual o personagem principal não se acovardou, de fato, em fazer, mesmo com todas as dificuldades envolvidas. Há remorso, há arrependimento, há tristeza, mas há cura, há amor, há, até mesmo, um pouco de auto-perdão. Aqui se encerra a tragicomédia visceral e honesta, sendo ''constante'' e coerente do início ao fim. Superficialmente, o protagonista está longe de ser um herói. Todavia, substancialmente, ele é mais que isso, é um humano !
Há muito mais a dizer sobre ''Thunder Road'', mas é preferível se propor à experiência de assisti-lo(mais de uma vez) e deixar a obra transmitir, por si só. Sensacional. Uma das maiores surpresas que tive na vida cinéfila !
Roteiro medíocre, diálogos fraquíssimos, enredo simples, atuações esquecíveis. Praticamente nada em ''Encontro Selvagem'' funciona. Temos 2 personagens principais que são extremamente frágeis(como muitas pessoas), porém é praticamente impossível se interessar pela personalidade dos dois, afinal de contas são bem ''mornos'', tediosos, não se esforçam para se autoaperfeiçoarem, se mostram como ''vazios''. Nada é aprofundado, até mesmo as expressões faciais e corporais deles não têm ''vida'', ainda que sejam pessoas de ''negócios'', deveria haver, pelo menos, um tiquinho de características mais ''expressivas'' nos dois, portanto, falta naturalidade DEMAIS. Os pensamentos e rasos sentimentos dos personagens são ''jogados'' nas cenas, as quais poderiam(quem sabe ?!) ter um toque de ''estética'', de ''belo'', se levarmos em conta que Les e Natalie tinham coisas em comuns, estavam viajando, conhecendo coisas novas, passando muito tempo juntos, ficaram e passearem em lugares bonitos(restaurante, bar, hotel)...situações das quais uma boa direção poderia extrair aspectos importantes e dar significância. Um dos piores filmes que vi na vida. Infelicidade !
Amo a sétima arte, mas há poucos filmes que penetram no meu âmago. Tenho vontade ,há um bom tempo, de me tornar um realizador de cinema. E no futuro, irei. Esse é um dos poucos filmes que fazem esta vontade aumentar. Afinal de contas, a maioria das obras cinematográficas são ''medianas ou ruins''. Portanto, quando encontramos uma que se sobressai, a alegria fica estampada na cara. Contudo, sempre acontece daquela sede humana de desejar mais e mais ficar aguçada, então é necessário que nos ''alimentemos'' com uma ''obra-maior'', a qual consegue suprir mais do que as outras, no caso, as ''comuns ou ruins'', porém, ainda assim falta algo... ''Medianeras'' faz parte do último estágio, é o que chamam de ''obra-prima'', cumprindo, grandiosamente, não apenas com aspectos interessantíssimos e necessários como: direção, atuações, locações, fotografia, enredo, roteiro e etc., como também fornecendo um impacto profundo positivo na ''alma''. É inefável o que essa película fez, faz e fará. O cinema tem um poder magnífico de passar qualquer mensagem, e somente isso é o que realmente importa, no final das contas. ''Medianeras'' faz bem pra alma ! Dá vontade de VIVER !
O cinema espanhol vem me surpreendendo muito. Em ''Nossos amantes'' temos um filme que foge um pouco dos clichês. Há diálogos excelentes, um enredo bom, belas locações e fotografia. Mas o que mais me cativou foi o fato dos personagens serem falhos e humanos, assim como suas relações interpessoais, dando um toque de realidade à obra. Afinal de contas, muitas vezes assistimos a um filme e sabemos que se trata um filme, o que não é, necessariamente, ruim, mas em ''Nossos Amantes'' a noção de realidade fica bem confusa(o que é ótimo), pois há vários momentos feitos com muita naturalidade. Arrisco dizer, também, que a emoção(por se tratar de um filme romântico), na maior parte do tempo, não se sobrepõe à razão, o que passa a ideia de não ser apenas mais uma obra ficcional melosa, trazendo até mesmo um toque de crueza(necessária muitas vezes na vida).
Não gostei tanto de algumas situações no filme, como a ''não reação'' de Carlos no diálogo com Cristobal quando este conta que transou com a esposa daquele, contudo é possível deduzir que Carlos estivesse com uma forte carga emocional e, portanto, ficou sem reação... Também não me pareceu tão bacana o fato de Irene ter ido e sentado até a mesa de Carlos(início do filme) e proposto um ''jogo'' com ele(pessoa desconhecida), não que uma mulher não possa sentar na mesa de um homem que ela não conhece, porém pareceu um pouco absurdo, a menos que seja levada em conta a ideia de ''destino'', como se Irene realmente tivesse que se atrair pelo cara que é marido da atual amante de seu ex(inclusive é absurdo ler esta explicação absurda).
No mais, é uma excelente pedida cinematográfica. Meu carinho pelo cinema espanhol apenas cresce... talvez vire uma paixão !
Pé na Estrada
3.7 6Demorei anos para ver, mas valeu MUITO A PENA.
Um belo filme!
O Santo Relutante
4.0 8Uma das maiores atuações masculinas da história do cinema. Maximilian Schell está estupendo.
Flores Partidas
3.6 201 Assista AgoraSegundo contato que tenho com Jim Jarmusch ( o primeiro foi com ''Patterson'' e não me agradou muito...)
''Flores partidas'' retrata a solidão de maneira sóbria. Diferentemente de outras obras, a solidão não nos é mostrada de maneira forçada, fazendo parecer que o personagem é apenas um esquisito ou deslocado. Pelo contrário, as poucas informações que temos sobre Don nos mostram, principalmente, que ele é desapegado, tanto de relações profundas amorosas, como em relação ao dinheiro. Esse fato é constatado perante duas informações recebidas: 1) Don sempre foi um galanteador (há, inclusive, um ''símbolo'' no momento em que o personagem está assistindo Don Juan na tv, e tempo depois seu melhor amigo Winston o chama de ''Don Juan''. Além disso, evidentemente, o próprio nome do personagem é ''Don''; 2) O tempo todo ele evita falar sobre seu trabalho (ramo dos computadores) e sucesso financeiro. Nem ao menos tem um computador em casa e não tem hábitos luxuosos.
A solidão é mostrada de modo sutil, inteligente e perspicaz: Várias vezes Don dorme no sofá, o qual aparenta ser muito confortável, porém, obviamente, com seu poder aquisitivo, é possível intuir que sua cama fosse bem confortável. O sofá está situado na sala, local bem convidativo de se ficar junto com uma família ou amigos (ainda mais na idade dele). Outro ponto é que não há a sensação de Don aproveitar o ''momento de lazer'' quando está sozinho na sala vendo tv ou ouvindo música. Ele aparenta estar apático, neutro, indiferente, e esses são sintomas claros de solidão.
Durante as viagens, ele tinha flashes mentais dos momentos (com as ex-namoradas) que tinham acabado de ocorrer, o que mostra mais ainda esse lado ''interno'', e mais: Don não compartilha esses momentos com ninguém (vez outra fala um pouco para Winston, mas não são conversas muito profundas). A sensação transmitida é de que, as vezes, Don até quer expressar mais seus sentimentos e se comunicar, porém algo o ''prende''.
A trilha sonora é espetacular, consegue ''ligar os pontos'' durante a jornada do protagonista, e por vezes é sua única companhia. A viagem de Don não é glamourosa. Nem mesmo o carro alugado é ''legal''. - ''Você poderia ter me alugado um Porsche''. Talvez o que o mova seja a necessidade de encontrar um propósito (um filho mudaria tudo, ainda que Don não soubesse bem como corresponder a isso).
Há uma simbologia rica presente na obra, o diretor coloca elementos intrigantes e prazerosos de se observar, como por exemplo a cor rosa e a flor rosa, simbolizando: paixão, sedução, romance, memórias, arrependimentos... Além de ser uma cor comumente agradável às mulheres. Logo, toda vez que o protagonista encontra algo rosa em um pertence de uma de suas ex-namoradas, isso pode significar que ele está perto de descobrir a verdade (se realmente tem um filho e quem é a mãe) ou apenas significa que a mulher gosta de rosa ( essa dicotomia é de enlouquecer, mas faz parte da vida real, o que torna ''Flores partidas'' mais ainda um filme objetivo e sensível).
O humor presente é ácido, inteligente e dosado de maneira orquestrada por Jarmusch, como por exemplo o fato da filha de Laura se chamar ''Lolita'' e realmente se insinuar para o protagonista (cru e absurdamente hilário, levando em conta a adequação em relação à referência). Outro momento divertidíssimo é descobrir que Carmen se transformou em uma espécie de psicóloga que se comunica com animais e tem um gato chamado Winston. É possível, inclusive, deduzir que Carmen consiga se relacionar melhor com animais do que com uma pessoa (parceiro), o que seria trágico, embora muito comum nos dias de hoje (isso vale para homens, também, é claro).
O estilo de filmagem tem totalmente a ''vibe anos 2000'' e as locações são muito bonitas, fazendo uma bela parceria à trilha sonora, tornando ''Flores partidas'' uma experiência prazerosa.
A cena final é muito intimista (no sentido Don-público). Nos sentimos desnorteados, assim como ele, sem saber se há realmente um filho, se é um dos dois rapazes mostrados no final (o jovem viajante ou o rapaz que passou no fusca) ou se tudo aquilo não passou de uma ''peça pregada'' ou uma tentativa de lição de sua última ex namorada ou quem quer que seja... O fato é que uma vida sem relações profundas e duradouras é solitária, é vazia. Por isso sentimos compaixão por Don. E quantos ''Dons'' há por aí...
Recomendadíssimo ! Filmaço.
O Homem Que Copiava
3.5 901 Assista AgoraUma aula de roteiro e direção.
Demorei demais para ver essa maravilha. Puta filme!
Milagre
4.1 1Simples, objetivo e necessário ! Magnífico.
Os Dementes
1.7 188 Assista AgoraO filme é mediano, não merece nota TÃO baixa .
Peca em vários pontos, mas acerta em outros interessantes .
Você Deveria Ter Partido
2.6 199 Assista AgoraFilmaço ! Um dos melhores de 2020 e um dos melhores suspenses do século XXI.
Talvez eu escreva uma análise mais pra frente...
Eu e as Mulheres
3.2 296 Assista AgoraFilme pouquíssimo conhecido.... lotado de simbolismos incríveis e personagens fascinantes, mas requer um certo esforço e simplicidade para que suas camadas sejam penetradas.
O personagem ''principal'', superficialmente, é Carter. Contudo, se buscarmos a essência, veremos que não.
Lucy e Sarah são as ''mais importantes'', pois o conflito que mais necessitava ser resolvido era o delas: o distanciamento, frieza, apatia entre os dois seres mais ligados no mundo humano(mãe e filha(o), e esse ''abismo'' entre as duas precisava de uma ponte(Carter) para que houvesse um ''religamento'', uma passagem.
Vejamos: Carter não seduziu conscientemente nenhuma das duas, ele não tinha intuito direto e ativo sobre nenhuma delas. Mas tinha a habilidade de ser um bom ouvinte, mais que isso: ele era alguém PRESENTE(as pessoas se sentiam especiais quando estavam em sua presença), especialmente em relação à Sarah, mulher mais velha que estava sendo traída(perda de CONFIANÇA) pelo marido e sentia como se jovialidade da vida estivesse sumindo repentinamente(isso é mais reforçado ainda quando ela descobre que tem câncer), além do mais, Carter transmitiu CONFIANÇA por sua ingenuidade/pureza (jovem frustrado por ''excesso de paixão'', algo extremamente piegas para alguns, mas com uma certa nobreza na essência), e era literalmente um jovem, suscitando lembranças da mocidade de Sarah, a qual estava doente e com dificuldades de lidar com a situação, já que não podia contar com ninguém....
Com relação à Lucy, Carter compreendeu, de fato, a dor emocional dela quando a mesma revelou que se sentia julgada desde a infância por ter cometido -inocentemente- atos sensuais com um colega, causando um trauma gigante na vida da garota( há grandes chances desse ter sido o pontapé inicial para que o ''abismo'' na relação entre mãe e filha surgisse).
O impacto causado na vida sentimental da garota fica evidente quando percebemos que Lucy é alguém popular e atraente na escola, porém nunca beijou(oportunidades certamente não faltaram), ou seja: havia uma grande insegurança com relação ao sexo masculino. Carter soube se aproximar como quem ''não quer nada'' e, de fato, ele não queria nada. Contudo, não deixou de ser gentil, atencioso e DOADOR(comentarei no final do texto), porque era mais velho e já tinha passado pela fase da ''aborrescência'' e principalmente pelo fato dele ter se esquecido de si mesmo(daí surge o magnetismo fortíssimo dele com relação às mulheres).
Carter era a ''ponte'' que faltava para aproximar mãe e filha, esse era o ''papel'' dele desde o início. Tudo fica mais claro quando refletimos sobre o real motivo do rapaz ter ido cuidar da avó, deixando LOS ANGELES por uma cidadezinha do interior de Michigan. Em certo momento do filme, o garoto diz que mudou de cidade para fugir dos problemas, porém ele não percebeu que essa atitude, esse ''agir'' na vida dele transformou a vida de outras pessoas. Isso ocorreu pelo fato dele ter se esquecido(pelo menos um pouco) dos acontecimentos que o magoavam e passado a se dedicar a quem precisasse mais(à avó e às vizinhas), ou seja: largou o egoísmo, o viver fechado em si e se DOOU por quem necessitava, em nome da força mais forte existente: o AMOR !
Sarah reaprendeu a sonhar e a enxergar a beleza da vida por conta da companhia do garoto, enquanto Lucy compreendeu que sua mãe poderia morrer e que era preciso se esforçar para ser menos ''revoltada'', voltando ao diálogo com sua progenitora.
Carter entendeu um pouco de sua missão quando aceitou manter distância de Lucy(a pedido de Sarah), demonstrando, logo em seguida duas grandes virtudes: a obediência(respeito humilde e digno à pessoa da Sarah, em sua condição mais frágil e forte possível) e a hombridade, pois indicou quem realmente seria o cara ''certo'' para Lucy.
O beijo entre Sarah e Carter aconteceu apenas pela extrema confusão emocional de ambos. Além do mais, Sarah era casada e, apesar da traição do marido, em nenhum momento deu indícios de vingança, muito pelo contrário, foi uma excelente esposa, mesmo que o marido não ''merecesse''.
E não podemos nos esquecer da personagem mais simbólica, mais complexa(e paradoxalmente simples): a vovó !
Talvez a grande metáfora seja se fingir de louco para viver nesse mundo, aliás a loucura dela não era tão ''doida'' assim, já que, de fato, a morte se aproximava.
Vovó Phyllis recebeu a companhia de seu neto, o qual achava que iria somente cuidar dela, mas, no fundo, o rapaz acabou ''recebendo'' tanto quanto ''deu'', pois o modo inusitado com o qual Phyllis se comportava, além dos divertidos e humanos diálogos entre avó e neto o fizeram se questionar sobre aquilo que realmente importava: o Amor(doar-se ao outro, enquanto outro, e sem medidas !). Portanto, se Carter é ''o coringa, a chave, o servo'' para que as pessoas que mais necessitavam da resolução de conflitos(Lucy e Sarah) ficassem em paz, vovó Phyllis foi a mestra dele !
A fotografia do filme também é muito bela, transmitindo certa leveza, paixão e surpresa, e as locações escolhidas foram bem adequadas .
''In The Land Of Women'' é uma obra rica e especial.
Recomendadíssima !
O Retrato de Jennie
4.1 38''O Retrato de Jennie'' é Arte(no sentido mais essencial possível, isto é: Belo e Puro)
Um dos mais encantadores, profundos e maravilhosos filmes da história do cinema. O simbolismo presente consegue transmitir ''o intangível''.
Roteiro sensacional, atuações ''vivas'' e transformadoras. Direção impecável, sensível e racional.
Obra-prima absoluta !
Entre Facas e Segredos
4.0 1,5K Assista AgoraSensacional, um dos melhores filmes do século !
Uma Saída de Mestre
3.6 458 Assista AgoraDuas das melhores e mais surpreendentes cenas de roubos da história do cinema estão nesse filme E QUE ELENCO !
Como se Tornar o Pior Aluno da Escola
2.5 340PURAMENTE POLITICAMENTE INCORRETO !
OS CHATOS DE PLANTÃO PIRAM HAHAAHAH
BOM DEMAIS !
Para Sempre Alice
4.1 2,3K Assista Agora''Still Alice'' é um filme delicado sobre coisas delicadas de uma vida delicada E frágil, além de bela, é claro.
Os diretores conseguiram um baita resultado através dessa obra. O modo como os familiares lidam com a doença é muito verossímil, aliás, mais realista que isso somente a atuação de Moore. Ela consegue ser ''crescente'', de acordo com a degeneração da doença, dando vida à uma personagem que, muitas vezes, parece não ter vida, e é nesse fato que reside a maior poesia do filme: Lidar com os problemas da vida, do melhor modo possível: vivendo ! Valorizando a vida.
Uma história importantíssima, visto que vivemos um contexto de ataque à vida, em todos os campos ''sociais''.
Claro que a família de Alice é bem falha: marido que trabalha demais; filho(quase médico) que segue o ritmo acelerado do pai(talvez o ''espelho'' dele, em certos aspectos); a filha mais velha, inteligente e determinada (única confirmada de que terá a doença no futuro), que se parece muito com Alice quando jovem; e a jovem Lydia(Kristen em um papel exigente, atuando muito bem, fazendo uma das melhores performances de sua carreira), a qual era a mais ''complicada'' dos filhos, porém não mediu esforços para CUIDAR da mãe, e então aprender mais sobre o texto citado no final do filme, ou seja: aprender a amar, do único modo possível: se doando/entregando, colocando-se a serviço de quem mais precisava dela, mesmo que isso significasse abdicar-se de vontades !
Além disso tudo, a direção é ótima, há um cuidado muito especial com o desfoque de câmera, em certas cenas, causando angústia no espectador, mostrando os sintomas de Alice(gradativos). Vale ressaltar os momentos engraçadamente sutis que, aos olhos dos que apenas se lamuriam, passaram despercebidos, mas para os que, atentos, buscaram encarar a vida como única e bela, trarão plenitude. Juntando, também, o fato das locações da cidade serem muito convidativas para o ''clima delicado'', em certos momentos.
Uma obra que traz a mensagem tênue entre a ''bela leveza da vida'' com uma melancolia dos momentos difíceis de lidar.
Julianne Moore está um monstro atuando !
Filme recomendadíssimo.
Encontros e Desencontros do Amor
2.4 115 Assista AgoraMuito subestimado !
O roteiro é genial, em alguns momentos.
O filme foge do óbvio(aproveitando o óbvio). A linguagem ''idiota'' escolhida nesta comédia foi excelente, deu muito certo, mesmo com alguns clichês. Os personagens sendo comuns e excêntricos/bizarros, ao mesmo tempo, dão mais vida ainda à ''Encontros e Desencontros do amor''. Além disso tudo, as locações em NY sempre tornam a experiência do espectador prazerosa. O filme ainda conta com uma trilha sonora muito boa. Uma das melhores comédias da década, fácil fácil...
Dinheiro em Jogo
2.5 30 Assista AgoraUma bela surpresa.
Merece nota bem maior que essa...
Tickle Head, O Melhor Lugar Da Terra
3.7 47 Assista Agoraalgum link legendado ?
Les Derniers Jours Du Monde
3.1 15onde ver ?
A Estalagem Maldita
3.1 31 Assista AgoraChadwick(mordomo),no final do filme, ouve um grito o chamar. A voz era de sua mente ou Sir Humphrey Pengallan não morreu ?
Thunder Road
3.6 28 Assista AgoraExcelente !
Jim Cummings é um monstro, fazendo um triplo de funções(dirigindo, escrevendo e protagonizando). A fotografia é envolvente, ''se encaixa'' muito bem durante o enredo, é como se houvesse uma harmonia entre as cenas e as locações/imagens captadas e mostradas. Personagens realistas, um roteiro bem forte e uma direção que sabe para onde ir e como ir, utilizando de enquadramentos notáveis, tornam o filme muito marcante.
Longe de qualquer menção a movimentos sociais, ''Thunder Road'' é sobre ser Homem. Simples e complexo assim. Vemos uma autoridade policial que tem vários arrependimentos em sua vida, se esforçando para lidar com a morte de sua mãe, fato que o fez surtar, literalmente. É angustiante e aterrorizante perceber as expressões faciais de Jim. Há momentos em que ele começa a chorar de maneira abrupta e intensa, então, de repente, para e ''segura'' tudo. Temos aqui, claramente, um doente emocional(todos somos um pouco), da maneira mais ''nua e crua'' possível. Um policial(função que deve proteger as pessoas, o Estado, o Patrimônio e prezar pelo bem e a ordem comum) ''perdido'' na vida, sem saber como lidar com sua carreira(de extrema importância para todos), muito menos com seu verdadeiro Amor(a filha dele), a qual passa por um momento rebelde(grande parte por conta separação dos pais). Tudo isso são apenas fatos que, se fossem juntados em um filme qualquer, de uma maneira medíocre, seria mais um caso típico e sem ''gosto'' da sétima arte. Contudo, a delicadeza dessa obra é inefável, é possível perceber o mais frágil do ser humano, focado, especialmente, na figura masculina. Jim tem que provar que é bom para todos ao redor, inclusive pra si mesmo, e como é difícil recuperar a autoconfiança lutando contra ''demônios internos''. O personagem é representado de maneira genial por Cummings, pois é exatamente expresso como deve ser; um ''fracassado'' aos olhos de muitos, mas um verdadeiro Humano, aos olhos mais sensíveis. Jim se dedicou muito ao ato de ''servir'', como policial(perdendo anos de qualidade em sono), sendo condecorado várias vezes, mas a questão é: e quando precisa ser servido/ajudado... ?O filme também fala sobre a maldade(perfeitamente definida como ''a ausência do Bem'') e o caos presentes na vida. Afinal de contas, Jim tem que lidar com a ex-esposa problemática, a qual quer ter a guarda da filha exclusivamente para si mesma, e mesmo assim, o policial ''segura a barra'', um pouco, e diz no tribunal que a mãe de sua filha é uma boa progenitora e que cuida muito bem de Crystal(fato que é mentira, porém, talvez exista um pouco de covardia , medo e cautela nisso, já que Jim também é uma pessoa instável, e entende que a criança precisa de um bom relacionamento com ambos os pais), lidar com o inexplicável abalo sentido pela perda da mãe, com a solidão vivida por morar sozinh, além da distância pessoal e íntima entre seu bem mais precioso(Crystal) e ele estar aumentando.
Nate é como um anjo para o protagonista, fazendo o necessário para acolhê-lo e amá-lo como um irmão genuíno, independente da situação.
Nos minutos finais há uma sequência extremamente poética e ''viva'' !
Após o suicídio de sua ex-esposa, Jim olha para Crystal e parafraseia a letra da canção que dá título ao filme:
-Não posso obrigar você a ir. Você tem que querer. Não posso prometer que vai ser melhor do que viver aqui. O que você diz ? Quer entrar no carro comigo ? Vamos fugir juntos ?
Crystal responde, da maneira mais delicada, triste, desprotegida e inocente(e, contraditoriamente, madura) do mundo:
-Sim
-Vamos ?
-Sim, tudo bem
A cena acima é o início do ápice incrível do desfecho da história, procedida pelo momento em que Pai e Filha assistem à uma apresentação de balé(dança que era a paixão da mãe de Jim), com os olhos brilhando de fascínio pelo espetáculo. Um momento ''Progenitor e Cria''. Um só tem ao outro, praticamente, e ainda assim tudo é conduzido, novamente, de modo ''nu e cru'', sem apelar ao exacerbado sentimentalismo, vemos Jim se emocionar muito, quase como se fosse um momento de amadurecimento, de aceitação e de gratidão pelo acontecimento presente.
Então acontece o ''desfecho do desfecho''. Memorável ! A recordação da falha, mas amorosa, tentativa de homenagem para a mãe falecida, situação pela qual o personagem principal não se acovardou, de fato, em fazer, mesmo com todas as dificuldades envolvidas.
Há remorso, há arrependimento, há tristeza, mas há cura, há amor, há, até mesmo, um pouco de auto-perdão. Aqui se encerra a tragicomédia visceral e honesta, sendo ''constante'' e coerente do início ao fim.
Superficialmente, o protagonista está longe de ser um herói. Todavia, substancialmente, ele é mais que isso, é um humano !
Há muito mais a dizer sobre ''Thunder Road'', mas é preferível se propor à experiência de assisti-lo(mais de uma vez) e deixar a obra transmitir, por si só. Sensacional. Uma das maiores surpresas que tive na vida cinéfila !
Encontro Selvagem
2.1 25 Assista AgoraRoteiro medíocre, diálogos fraquíssimos, enredo simples, atuações esquecíveis.
Praticamente nada em ''Encontro Selvagem'' funciona. Temos 2 personagens principais que são extremamente frágeis(como muitas pessoas), porém é praticamente impossível se interessar pela personalidade dos dois, afinal de contas são bem ''mornos'', tediosos, não se esforçam para se autoaperfeiçoarem, se mostram como ''vazios''. Nada é aprofundado, até mesmo as expressões faciais e corporais deles não têm ''vida'', ainda que sejam pessoas de ''negócios'', deveria haver, pelo menos, um tiquinho de características mais ''expressivas'' nos dois, portanto, falta naturalidade DEMAIS. Os pensamentos e rasos sentimentos dos personagens são ''jogados'' nas cenas, as quais poderiam(quem sabe ?!) ter um toque de ''estética'', de ''belo'', se levarmos em conta que Les e Natalie tinham coisas em comuns, estavam viajando, conhecendo coisas novas, passando muito tempo juntos, ficaram e passearem em lugares bonitos(restaurante, bar, hotel)...situações das quais uma boa direção poderia extrair aspectos importantes e dar significância.
Um dos piores filmes que vi na vida. Infelicidade !
Culpa
3.9 355 Assista AgoraSensacional ! Recomendadíssimo .
Zootopia: Essa Cidade é o Bicho
4.2 1,5K Assista AgoraGenial ! Sensacional !
Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual
4.3 2,3K Assista AgoraAmo a sétima arte, mas há poucos filmes que penetram no meu âmago. Tenho vontade ,há um bom tempo, de me tornar um realizador de cinema. E no futuro, irei. Esse é um dos poucos filmes que fazem esta vontade aumentar. Afinal de contas, a maioria das obras cinematográficas são ''medianas ou ruins''. Portanto, quando encontramos uma que se sobressai, a alegria fica estampada na cara. Contudo, sempre acontece daquela sede humana de desejar mais e mais ficar aguçada, então é necessário que nos ''alimentemos'' com uma ''obra-maior'', a qual consegue suprir mais do que as outras, no caso, as ''comuns ou ruins'', porém, ainda assim falta algo...
''Medianeras'' faz parte do último estágio, é o que chamam de ''obra-prima'', cumprindo, grandiosamente, não apenas com aspectos interessantíssimos e necessários como: direção, atuações, locações, fotografia, enredo, roteiro e etc., como também fornecendo um impacto profundo positivo na ''alma''.
É inefável o que essa película fez, faz e fará.
O cinema tem um poder magnífico de passar qualquer mensagem, e somente isso é o que realmente importa, no final das contas.
''Medianeras'' faz bem pra alma ! Dá vontade de VIVER !
Nossos Amantes
3.6 91 Assista AgoraO cinema espanhol vem me surpreendendo muito. Em ''Nossos amantes'' temos um filme que foge um pouco dos clichês. Há diálogos excelentes, um enredo bom, belas locações e fotografia. Mas o que mais me cativou foi o fato dos personagens serem falhos e humanos, assim como suas relações interpessoais, dando um toque de realidade à obra. Afinal de contas, muitas vezes assistimos a um filme e sabemos que se trata um filme, o que não é, necessariamente, ruim, mas em ''Nossos Amantes'' a noção de realidade fica bem confusa(o que é ótimo), pois há vários momentos feitos com muita naturalidade. Arrisco dizer, também, que a emoção(por se tratar de um filme romântico), na maior parte do tempo, não se sobrepõe à razão, o que passa a ideia de não ser apenas mais uma obra ficcional melosa, trazendo até mesmo um toque de crueza(necessária muitas vezes na vida).
Não gostei tanto de algumas situações no filme, como a ''não reação'' de Carlos no diálogo com Cristobal quando este conta que transou com a esposa daquele, contudo é possível deduzir que Carlos estivesse com uma forte carga emocional e, portanto, ficou sem reação... Também não me pareceu tão bacana o fato de Irene ter ido e sentado até a mesa de Carlos(início do filme) e proposto um ''jogo'' com ele(pessoa desconhecida), não que uma mulher não possa sentar na mesa de um homem que ela não conhece, porém pareceu um pouco absurdo, a menos que seja levada em conta a ideia de ''destino'', como se Irene realmente tivesse que se atrair pelo cara que é marido da atual amante de seu ex(inclusive é absurdo ler esta explicação absurda).
No mais, é uma excelente pedida cinematográfica. Meu carinho pelo cinema espanhol apenas cresce... talvez vire uma paixão !