Um lindo filme sobre depressão. Cada um se apega aos significados que fazem sentido prolongar a estadia na terra e sem perceber, por mais inútil que a pessoa se sinta, vai impactar e prejudicar a vida das pessoas ao redor que os amam.
Eu achei interessante, me lembrou “precisamos falar sobre Kevin”.
Eu vi dois assuntos retratados: a curiosidade de uma criança psicopata em saber como é ser adulto e o dom que uma família tradicional tem em fingir normalidade.
Um menino em seu auge da fase questionadora, até então normal em qualquer criança. Entre suas dúvidas, surge a curiosidade em como deve ser a vida de um adulto. Então ele decide vivenciar isso bruscamente isolando todos da sua família e tomando as ditas responsabilidades que sua mãe disse ser a única diferença entre crianças e adultos. Quais responsabilidades seriam essas? Manter a casa em ordem? Se alimentar? Não quebrar nada? Ele tentou. Experimentou a liberdade que lhe cabia, tentou manter afastado qualquer adulto que aparecesse e deu o mínimo de condição para sua família se manter viva, pois a intenção dele não era matá-la. Ele queria saber como era ser adulto de fato. Deu certo para ele, mas cansou e não viu muita graça nisso. Aí ele decide soltar a família como se nada tivesse acontecido.
E a família decide também concordar em fingir que nada aconteceu, como uma bela família tradicional sabe muito bem fazer, em prol de aparentar a normalidade e prosperidade esperada pela sociedade.
Um retrato da vida cotidiana e monótona de um casal na sociedade. A empresa leva um lindo objetivo de oferecer um lar confortável ao nível de pretenção de um casal comum: espaçosa, comida pronta na mesa, um belo quarto para criança, segurança ao redor etc. O que mais desejar? A vida real em paralelo percorre quase que o mesmo curso.
Não obstante, cada personagem assume o seu papel pretendido sem se dar conta. A menina que não quer ser mãe, logo tenta educar a criança, coloca para dormir, dar comida etc. O pai logo consegue algo que se assemelha a um emprego fixo, achando que sua atividade terá um propósito digno para o lar, mas no final das contas só cava a própria cova.
A criança cresce, descarta os pais, enterra e consegue um emprego. Assim costuma ser a vida em sua forma mais horrenda e comum possível.
Eu acabei de assistir. Talvez eu volte pra comentar direito depois que eu conseguir digerir toda história. O tanto que eu chorei nesse filme... foi um soco no estômago
Três grandes fatores que me deixaram bem feliz com a obra:
1. Trata-se de uma bela produção recente, datada ainda com este ano como lançamento no Brasil (a data oficial foi 2019).
2. O filme é regido por mulheres, sendo não somente dirigido por uma (a cineasta francesa Céline Sciamma), mas protagonizado por elas. Curiosidade não tão aleatória assim: as únicas vezes em que aparecem homens é ao final, sempre como figurantes, durante curtos segundos. A primeira cena é um cara batendo pregos em, ao que parece ser, algum móvel de madeira. E depois, são as últimas cenas, em algum evento artístico com fotos e uma apresentação que não me ficou muito claro o que seria. Agora só um adendo: mesmo assim, o romance de caráter lésbico da qual a obra se sustenta não chega a ser óbvio, pois a história se estrutura sob o casamento heterossexual de Héloïse com seu marido milanês (não me recordo se foi citado seu nome), então durante o filme você fica com a expectativa de que esse cara irá aparecer.
3. O gênero drama romântico do filme é muito bem explorado, digo, do jeito que eu gosto, regido por narrativas cheia de conflitos de relacionamentos que são jogadas em cena para o próprio espectador resolver as problemáticas, cabendo a nós, enquanto conhecedores de todas as perspectivas dos personagens conflituosos, escolhermos com qual verdade ficaremos, como iremos interpretar e defender nossos posicionamentos. Não só isso, a história traz grandes dosagens propositais de silêncios, troca de olhares e significativas expressões dos personagens. Tudo isso narrado de forma lenta e arrastada, para que a gente tenha tempo de se amarrar aos detalhes e assim ser possível interpretarmos os sentimentos ao nosso modo. O filme é muito mais de sensações do que interpretações da história, e é disso que eu mais gosto.
Filne bem antigo, conhecido e bem falado, mas só o vi agora e, sinceramente, achei superestimado. Se fosse um curta, seria mais interessante, pois acompanhar o enredo repetitivo por quase duas horas é realmente cansativo.
Gaspar Noé nos convida a fazer uma Viagem Alucinante (esse é o título da obra em português) durante 2 horas e 41 minutos. O filme é intenso e imersivo. A sensação de movimento e as alucinações vivenciadas pelo protagonista Oscar, causadas pelas drogas, podem ser experimentadas facilmente por quem assiste. Três fatores contribuem para isso ocorrer com maestria: a repetição de cenas expostas sob perspectivas diferentes, e o jogo de câmeras e de luzes.
A história se passa em Tokyo (Japão), o que já contribui para o cenário cheio de cores florescentes típicas do imaginário alucinógeno das drogas ilícitas que, no caso do filme, são LSD, DMT e datura (que eu lembre).
Os enquadramentos são diversos e permitem movimento e incômodo propositais, a começar com a câmera em primeira pessoa, imitando até os piscar de olhos do Oscar, que vai dando profunda imersão na sua vida, que logo é interrompida por um tiro no banheiro. Então, a partir daí, nos deparamos com a sua viagem alucinante da experiência de morte do Oscar.
A câmera passa a mudar diversas vezes. Cenas que já foram expostas voltam a se repetir em terceira pessoa. E uma sucessão de acontecimentos novos são expostos e também repetidos ao longo do filme. A alma perdida de Oscar é interpretada pela câmera aérea, que sobrevoa o céu de Tokyo. Dentre suas últimas lembranças de vida, estão a morte dos pais e o pacto de sangue com a irmã, regida pela promessa de companhia eterna, que ele não consegue cumprir.
Em suma, o filme é uma experiência de imersão pela vida de Oscar narrada por sua consciência sob efeito alucinógeno durante o lapso de tempo antes de sua morte. Uma vida que é regida por tragédias, desastres e decepções, com a falha tentativa de impedi-las por meio das drogas.
Gosto de filmes em que a trama é centrada em gerar incômodo no espectador, naturalizando comportamentos culturalmentes considerados estranhos devido ao contexto social. Também gosto da proposta documental (fic/doc) e da narrativa lenta com diálogos soltos que só fazem sentido se analisarmos em conjunto. Acredito que a proposta de Gummo foi representar um retrato de uma realidade social, e isso foi feito. Mas me faltou algo mais em Gummo, não sei explicar direito. Talvez esse tipo de narrativa somada a finais abertos sem explicação não me seja a favorita.
Filmaço. E Brasileiro. E independente. Que massa ver isso.
No começo, parecia que seguiria uma linha trash/gore. Beirava ao clichê sem sentido, até. Pensei logo: Samuel Galli certamente já assistiu "A Serbian Film". Seria bem bizarro se realmente parecesse com esse filme. Mas ufa, foi melhor que isso!
O enredo vai ficando muito bom a cada minuto que passa. Pra mim, começa a ficar bom mesmo ali, quando ele fala com o casal de lésbicas no bar. Mas antes disso, claro, a narrativa já vai deixando um suspense pra você ficar pensando: que merda está acontecendo?
O baixo orçamento do filme (curiosamente de R$ 350 mil) abusa da criatividade e não deixa a desejar na qualidade das ambientações e maquiagens. Ainda bem que não são necessários muitos recursos para colocar um cara sentado numa cadeira com um fundo preto e uma luz na cara, pois as cenas do monólogo de Arthur são sensacionais.
O clima misterioso e sexual durante quase o filme inteiro surpreende no final. De repente um plot twist, e a história termina com uma explicação que não era muito minha expectativa. O que foi novamente sensacional.
No começo parece só mais um filme gore. Em pouco tempo ele se desenvolve com a temática de realidades paralelas, abordando a teoria do caos, e nos coloca naquela incômoda e prazerosa posição de pensar que os acontecimentos são meros resultados das nossas escolhas. As cenas, por mais surreais que sejam - afinal de contas, viver é surreal -, se aproximam da nossa realidade porque a gente começa a pensar nas vezes em que deixamos a espontaneidade dominar nossas ações e elas mudaram completamente nossos destinos. São os pontos foras da curva louca do equilíbrio que dão emoções à vida e modelam um percurso mais interessante. É inevitável não pensar na quantidade de vezes que já me imaginei gritando, do nada, no meio de uma multidão qualquer. É bizarro. Aliás, o filme inteiro se esforça para assim parecer. E consegue com maestria. Lá pro final do filme, ele fica bem "black mirror". É sensacional. E acaba com poesia. Eu vi muitas mensagens sensacionais no filme. É preciso matar nossos adversários pra fazermos novos destinos, somos seres completamente capazes de mudar a inércia que a vida incansavelmente nos força a seguir. Ah, e me lembrou também do filme "O Homem Duplicado". Viajei hahaha
Muito orgulho de tanto talento brasileiro, sobretudo cearense. Eu ficaria mais tempo assistindo ao filme, pois ele apresenta um roteiro com muita história pra ser desdobrada. Inclusive senti falta de algumas explicações, mas isso não impactou na qualidade do filme como um todo. Muito bom.
Acredito que o filme não teve o objetivo de prender o espectador pra que ele desvendasse os mistérios apresentados; até porque, o amigo policial de Chris entrega o roteiro facilmente durante os curtos e diretos diálogos com ele. Quem se viu meramente nesse papel de tentar compreender o que realmente estava acontecendo, não entendeu de fato a proposta do filme, ou simplesmente não teve a comoção suficiente pra se colocar no papel do protagonista e então se incomodar com todos os inúmeros insultos racistas que ele sofreu. Por não entender o filme nessa perspectiva, fica muito fácil julgar que ele não é aterrorizante o suficiente para ser categorizado como gênero de terror. Mas basta um pouquinho de sensibilidade pra perceber que o enredo mostra várias cenas absurdas. Pior que isso, apesar do filme ser ficcional, ele faz referência à escravidão, que sabemos que ela é racista e real.
Esse filme me fez refletir quantas vezes já nos deparamos com conflitos internos que só a criação de um alter ego nos salvaria a vida, e então quantas vezes nós já precisamos matar duplos de nós mesmos. E se essa dualidade pessoal existe, quantas vezes então estivemos frente a frente com duplos de outras pessoas? Nossos duplos alguma hora conviveram com duplos de outras pessoas e isso criou uma realidade paralela. No final, estamos vivos ou mortos? Gato de schrodinger, responda-me quanto tempo de vida lúcida ainda me resta!
O filme mostra o quanto o ser humano falha miseravelmente por buscar sua liberdade nos diferentes extremos de convívio social.
O começo me lembrou muito o livro 1984, de George Orwell, por mostrar tanto a padronização social e a fuga do homem em detrimento da busca pela tão subjetiva felicidade e sentido de vida.
Achei o final brilhante por colocar o espectador na mesma posição que os personagens se encontram, sempre na dúvida se o outro está agindo lealmente ou fingindo algo para se adequar a determinado padrão. Será que ele volta para a mesa realmente cego ou vai fingir que ficou cego para ela? Nunca saberemos!
Aftersun
4.1 702Um lindo filme sobre depressão. Cada um se apega aos significados que fazem sentido prolongar a estadia na terra e sem perceber, por mais inútil que a pessoa se sinta, vai impactar e prejudicar a vida das pessoas ao redor que os amam.
Pobres Criaturas
4.1 1,1K Assista AgoraYorgos nunca decepciona.
Que elenco!
Jovens Adultos
3.0 874 Assista AgoraOw filme besta. Perca de tempo.
Dentro
2.8 95 Assista AgoraComo uma casa milionária não tem câmera dentro dela?
Um Lugar Secreto
2.3 152 Assista AgoraEu achei interessante, me lembrou “precisamos falar sobre Kevin”.
Eu vi dois assuntos retratados: a curiosidade de uma criança psicopata em saber como é ser adulto e o dom que uma família tradicional tem em fingir normalidade.
Um menino em seu auge da fase questionadora, até então normal em qualquer criança. Entre suas dúvidas, surge a curiosidade em como deve ser a vida de um adulto. Então ele decide vivenciar isso bruscamente isolando todos da sua família e tomando as ditas responsabilidades que sua mãe disse ser a única diferença entre crianças e adultos. Quais responsabilidades seriam essas? Manter a casa em ordem? Se alimentar? Não quebrar nada? Ele tentou. Experimentou a liberdade que lhe cabia, tentou manter afastado qualquer adulto que aparecesse e deu o mínimo de condição para sua família se manter viva, pois a intenção dele não era matá-la. Ele queria saber como era ser adulto de fato. Deu certo para ele, mas cansou e não viu muita graça nisso. Aí ele decide soltar a família como se nada tivesse acontecido.
E a família decide também concordar em fingir que nada aconteceu, como uma bela família tradicional sabe muito bem fazer, em prol de aparentar a normalidade e prosperidade esperada pela sociedade.
Viveiro
3.2 760 Assista AgoraUm retrato da vida cotidiana e monótona de um casal na sociedade. A empresa leva um lindo objetivo de oferecer um lar confortável ao nível de pretenção de um casal comum: espaçosa, comida pronta na mesa, um belo quarto para criança, segurança ao redor etc. O que mais desejar? A vida real em paralelo percorre quase que o mesmo curso.
Não obstante, cada personagem assume o seu papel pretendido sem se dar conta. A menina que não quer ser mãe, logo tenta educar a criança, coloca para dormir, dar comida etc. O pai logo consegue algo que se assemelha a um emprego fixo, achando que sua atividade terá um propósito digno para o lar, mas no final das contas só cava a própria cova.
A criança cresce, descarta os pais, enterra e consegue um emprego. Assim costuma ser a vida em sua forma mais horrenda e comum possível.
Órfã 2: A Origem
2.7 773 Assista AgoraFizeram um segundo filme com o mesmo roteiro do primeiro. Qual o sentido?
Meia-Noite em Paris
4.0 3,8K Assista AgoraWoody nunca erra (nos filmes)
O Homem Invisível
3.8 2,0K Assista AgoraMe surpreendeu pelo teor tecnólogico. Por hora, no início, parecia clichê, mas depois ficou legal.
Cafarnaum
4.6 673 Assista AgoraEu acabei de assistir. Talvez eu volte pra comentar direito depois que eu conseguir digerir toda história. O tanto que eu chorei nesse filme... foi um soco no estômago
Retrato de uma Jovem em Chamas
4.4 899 Assista AgoraTrês grandes fatores que me deixaram bem feliz com a obra:
1. Trata-se de uma bela produção recente, datada ainda com este ano como lançamento no Brasil (a data oficial foi 2019).
2. O filme é regido por mulheres, sendo não somente dirigido por uma (a cineasta francesa Céline Sciamma), mas protagonizado por elas. Curiosidade não tão aleatória assim: as únicas vezes em que aparecem homens é ao final, sempre como figurantes, durante curtos segundos. A primeira cena é um cara batendo pregos em, ao que parece ser, algum móvel de madeira. E depois, são as últimas cenas, em algum evento artístico com fotos e uma apresentação que não me ficou muito claro o que seria. Agora só um adendo: mesmo assim, o romance de caráter lésbico da qual a obra se sustenta não chega a ser óbvio, pois a história se estrutura sob o casamento heterossexual de Héloïse com seu marido milanês (não me recordo se foi citado seu nome), então durante o filme você fica com a expectativa de que esse cara irá aparecer.
3. O gênero drama romântico do filme é muito bem explorado, digo, do jeito que eu gosto, regido por narrativas cheia de conflitos de relacionamentos que são jogadas em cena para o próprio espectador resolver as problemáticas, cabendo a nós, enquanto conhecedores de todas as perspectivas dos personagens conflituosos, escolhermos com qual verdade ficaremos, como iremos interpretar e defender nossos posicionamentos. Não só isso, a história traz grandes dosagens propositais de silêncios, troca de olhares e significativas expressões dos personagens. Tudo isso narrado de forma lenta e arrastada, para que a gente tenha tempo de se amarrar aos detalhes e assim ser possível interpretarmos os sentimentos ao nosso modo. O filme é muito mais de sensações do que interpretações da história, e é disso que eu mais gosto.
O Iluminado
4.3 4,0K Assista AgoraComo eu demorei tanto pra ver esse clássico? Simplesmente espetacular! Da narrativa às atuações.
Blade Runner: O Caçador de Andróides
4.1 1,6K Assista AgoraFilne bem antigo, conhecido e bem falado, mas só o vi agora e, sinceramente, achei superestimado. Se fosse um curta, seria mais interessante, pois acompanhar o enredo repetitivo por quase duas horas é realmente cansativo.
Enter The Void: Viagem Alucinante
4.0 871Gaspar Noé nos convida a fazer uma Viagem Alucinante (esse é o título da obra em português) durante 2 horas e 41 minutos. O filme é intenso e imersivo. A sensação de movimento e as alucinações vivenciadas pelo protagonista Oscar, causadas pelas drogas, podem ser experimentadas facilmente por quem assiste. Três fatores contribuem para isso ocorrer com maestria: a repetição de cenas expostas sob perspectivas diferentes, e o jogo de câmeras e de luzes.
A história se passa em Tokyo (Japão), o que já contribui para o cenário cheio de cores florescentes típicas do imaginário alucinógeno das drogas ilícitas que, no caso do filme, são LSD, DMT e datura (que eu lembre).
Os enquadramentos são diversos e permitem movimento e incômodo propositais, a começar com a câmera em primeira pessoa, imitando até os piscar de olhos do Oscar, que vai dando profunda imersão na sua vida, que logo é interrompida por um tiro no banheiro. Então, a partir daí, nos deparamos com a sua viagem alucinante da experiência de morte do Oscar.
A câmera passa a mudar diversas vezes. Cenas que já foram expostas voltam a se repetir em terceira pessoa. E uma sucessão de acontecimentos novos são expostos e também repetidos ao longo do filme. A alma perdida de Oscar é interpretada pela câmera aérea, que sobrevoa o céu de Tokyo. Dentre suas últimas lembranças de vida, estão a morte dos pais e o pacto de sangue com a irmã, regida pela promessa de companhia eterna, que ele não consegue cumprir.
Em suma, o filme é uma experiência de imersão pela vida de Oscar narrada por sua consciência sob efeito alucinógeno durante o lapso de tempo antes de sua morte. Uma vida que é regida por tragédias, desastres e decepções, com a falha tentativa de impedi-las por meio das drogas.
Vidas sem Destino
3.7 657Gosto de filmes em que a trama é centrada em gerar incômodo no espectador, naturalizando comportamentos culturalmentes considerados estranhos devido ao contexto social. Também gosto da proposta documental (fic/doc) e da narrativa lenta com diálogos soltos que só fazem sentido se analisarmos em conjunto. Acredito que a proposta de Gummo foi representar um retrato de uma realidade social, e isso foi feito. Mas me faltou algo mais em Gummo, não sei explicar direito. Talvez esse tipo de narrativa somada a finais abertos sem explicação não me seja a favorita.
Mal Nosso
3.0 160Filmaço. E Brasileiro. E independente. Que massa ver isso.
No começo, parecia que seguiria uma linha trash/gore. Beirava ao clichê sem sentido, até. Pensei logo: Samuel Galli certamente já assistiu "A Serbian Film". Seria bem bizarro se realmente parecesse com esse filme. Mas ufa, foi melhor que isso!
O enredo vai ficando muito bom a cada minuto que passa. Pra mim, começa a ficar bom mesmo ali, quando ele fala com o casal de lésbicas no bar. Mas antes disso, claro, a narrativa já vai deixando um suspense pra você ficar pensando: que merda está acontecendo?
O baixo orçamento do filme (curiosamente de R$ 350 mil) abusa da criatividade e não deixa a desejar na qualidade das ambientações e maquiagens. Ainda bem que não são necessários muitos recursos para colocar um cara sentado numa cadeira com um fundo preto e uma luz na cara, pois as cenas do monólogo de Arthur são sensacionais.
O clima misterioso e sexual durante quase o filme inteiro surpreende no final. De repente um plot twist, e a história termina com uma explicação que não era muito minha expectativa. O que foi novamente sensacional.
Vale a pena.
The Chasing World
3.4 82No começo parece só mais um filme gore. Em pouco tempo ele se desenvolve com a temática de realidades paralelas, abordando a teoria do caos, e nos coloca naquela incômoda e prazerosa posição de pensar que os acontecimentos são meros resultados das nossas escolhas. As cenas, por mais surreais que sejam - afinal de contas, viver é surreal -, se aproximam da nossa realidade porque a gente começa a pensar nas vezes em que deixamos a espontaneidade dominar nossas ações e elas mudaram completamente nossos destinos. São os pontos foras da curva louca do equilíbrio que dão emoções à vida e modelam um percurso mais interessante. É inevitável não pensar na quantidade de vezes que já me imaginei gritando, do nada, no meio de uma multidão qualquer. É bizarro. Aliás, o filme inteiro se esforça para assim parecer. E consegue com maestria. Lá pro final do filme, ele fica bem "black mirror". É sensacional. E acaba com poesia. Eu vi muitas mensagens sensacionais no filme. É preciso matar nossos adversários pra fazermos novos destinos, somos seres completamente capazes de mudar a inércia que a vida incansavelmente nos força a seguir. Ah, e me lembrou também do filme "O Homem Duplicado". Viajei hahaha
Bacurau
4.3 2,7K Assista AgoraMuito orgulho de tanto talento brasileiro, sobretudo cearense. Eu ficaria mais tempo assistindo ao filme, pois ele apresenta um roteiro com muita história pra ser desdobrada. Inclusive senti falta de algumas explicações, mas isso não impactou na qualidade do filme como um todo. Muito bom.
O Grito
1.9 331 Assista AgoraEle consegue reunir todos os clichês de terror/suspense em um único filme.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraAcredito que o filme não teve o objetivo de prender o espectador pra que ele desvendasse os mistérios apresentados; até porque, o amigo policial de Chris entrega o roteiro facilmente durante os curtos e diretos diálogos com ele. Quem se viu meramente nesse papel de tentar compreender o que realmente estava acontecendo, não entendeu de fato a proposta do filme, ou simplesmente não teve a comoção suficiente pra se colocar no papel do protagonista e então se incomodar com todos os inúmeros insultos racistas que ele sofreu. Por não entender o filme nessa perspectiva, fica muito fácil julgar que ele não é aterrorizante o suficiente para ser categorizado como gênero de terror. Mas basta um pouquinho de sensibilidade pra perceber que o enredo mostra várias cenas absurdas. Pior que isso, apesar do filme ser ficcional, ele faz referência à escravidão, que sabemos que ela é racista e real.
De Repente uma Família
4.0 330 Assista AgoraChorei e não foi pouco
Ame-me!
2.8 58Quem é que aguenta um borderline?
O Duplo
3.5 518 Assista AgoraEsse filme me fez refletir quantas vezes já nos deparamos com conflitos internos que só a criação de um alter ego nos salvaria a vida, e então quantas vezes nós já precisamos matar duplos de nós mesmos. E se essa dualidade pessoal existe, quantas vezes então estivemos frente a frente com duplos de outras pessoas? Nossos duplos alguma hora conviveram com duplos de outras pessoas e isso criou uma realidade paralela. No final, estamos vivos ou mortos? Gato de schrodinger, responda-me quanto tempo de vida lúcida ainda me resta!
O Lagosta
3.8 1,4K Assista AgoraO filme mostra o quanto o ser humano falha miseravelmente por buscar sua liberdade nos diferentes extremos de convívio social.
O começo me lembrou muito o livro 1984, de George Orwell, por mostrar tanto a padronização social e a fuga do homem em detrimento da busca pela tão subjetiva felicidade e sentido de vida.
Achei o final brilhante por colocar o espectador na mesma posição que os personagens se encontram, sempre na dúvida se o outro está agindo lealmente ou fingindo algo para se adequar a determinado padrão. Será que ele volta para a mesa realmente cego ou vai fingir que ficou cego para ela? Nunca saberemos!