Bom filme. Ótima atuação de Eddie Redmayne, que consegue transmitir as dificuldades motoras e psicológicas vivenciadas por Hawking. É um filme que prende a atenção do público em geral. Procura não apenas mostrar a progressiva degeneração muscular, mas também como era a relação de Hawking com sua mulher, com seus filhos, com seus pais. Demonstra toda a inteligência desse astrofísico ao mesmo tempo em que mostra suas fragilidades, mostra que seu tempo não era dedicado exclusivamente às pesquisas, aos estudos, às aulas e às palestras. Achei interessante porque o filme não dá destaque exacerbado a doença, ou mesmo tentar explorá-la de forma com que "forçasse" a comoção. Outra questão importante é que o filme busca tratar Hawking não apenas como um gênio, mas também como uma pessoa e que por isso apresenta limitações, angústias e problemas.
É um prazer puder ver um registro sobre esse ser humano especial. Cada palavra que Manoel fala é mágica; é poética. Viveu a sua vida como poucos: livre. Não era apegado nem valorizava os luxos e matérias terrenas; sua paixão sempre foi puder se sentar e ter em mãos lápis e papel. Nem por isso deixou de ter uma família, tinha também vários amigos, incentivava outros artistas da região. Vale a pena ver, encantar-se e aprender um pouco sobre a vida e os ensinamentos que Manoel tem a nos dar. Há um curta muito bom, que reúne textos de diversos livros do poeta, "Histórias da Unha do Dedão do Pé do Fim do Mundo", vale a pena conferir. "O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo",
Entre os filmes de Almodóvar eu prefiro os estilos de "tudo sobre minha mãe" e "fale com ela", do que essa doentia busca por vingança de "a pele que habito". Não deixa de ser um bom filme. Elena Anaya e Antonio Banderas fazem boas interpretações. Os efeitos visuais da transformação é bem produzido.
A genialidade de Chaplin perpassa gerações e se mantém atual. A temática do filme já é explícita logo no princípio "Tempos modernos: industria, iniciativa privada e busca do ser humano pela felicidade". Há várias referências a alienação, a exploração do operariado (enquanto que quem detém o poder fica em seus escritórios com ar-condicionado "formando quebra-cabeças"); há também o assédio moral, através do monitoramento do trabalho, até mesmo no banheiro. Homem não precisa nem pensar: é só reproduzir movimentos. Trabalho que não estimula em nada a criatividade, o intelecto. O ócio não pode existir; há apenas espaço para o trabalho e para os negócios, que é a negação do ócio. A temática de repressão as manifestações é ainda atual; dentro dessa manifestação há uma forte violência da polícia que abusa do seu poder de autoridade. A pobreza é retratada de forma que muitos não têm o que comer, precisam roubar para comer, nem têm oportunidade de trabalho.
A miséria é tão grande que Chaplin quer continuar na cadeia, depois de "salvar a delegacia" pois é bem tratado, tem comida...é feliz! Solto e com a sua mulher, Chaplin e ela são felizes, mesmo com apenas uma casinha de madeira caindo aos pedaços
. Mais uma obra que mistura comédia com crítica social que precisa ser vista por todos nós, de tempos em tempos!
Dos filmes de tarantino que já vi e me lembro, "django livre" e "bastardos inglórios", "Pulp fiction" não me chamou tanta atenção como os outros dois. É inegável que há boas atuações, bons atores, boa história mas o filme não me prendeu e me chamou atenção como os outros; não sei explicar bem o porquê, talvez tenha criado uma certa expectativa e não foi correspondida.
Filme que tem uma bela fotografia. A tônica do filme se centra nas escolhas que fazemos; como seria se tivéssemos "pego outro caminho". As "viagens temporais"; as diferentes relações nos campos de realidade diversos são interessantes. Vemos que "uma pequena folha no meio da estrada" pode fazer uma grande diferença em nossas vidas. Não é um filme simplesmente mastigado para o espectador, várias deduções e reflexões devem partir de cada um.
É um filme com uma temática já bastante explorada, mas que tem uma forma "única" de se contar, de velocidade dos acontecimentos. A história apesar de envolver ação, perseguições...tem um ritmo mais lento. Os maniqueísmos típicos de filmes com essa história não é visto aqui, pois o personagem principal, ainda que seja um homem que demostra verdadeiro afeto para com seu chefe no trabalho e posteriormente com irene e seu filho, é um criminoso, nem por isso ele é "desumano", somente mal, perverso. O filme conta com ótimas cenas de luta, tiroteio e perseguições automobilísticas; ao mesmo tempo em que não se resume apenas nisso.
Gostei muito da trilha sonora e acho interessante tanto a temática histórica, como também o caminho anarquista seguido por Caio. A época em que o filme se passa é a fase de transição democrática pós-ditadura, contexto no qual ainda vemos as manchas da opressão cravadas na educação, na política, no pensamento de boa parte da sociedade. Caio é um jovem que ao longo do filme vai amadurecendo as suas ideias, os seus discursos e pouco a pouco consegue construir, ao invés de apenas criticar, revoltar-se, indignar-se. Há algumas criticas a se fazer, que até já li por aqui, como o fato de haver poucos personagens negros em um lugar como a Bahia. Alguns momentos, propositalmente, são mais lentos e o tempo chega quase a "parar", principalmente ao som de alguma música ou instrumento. Isso torna o filme "não tragável" para a maioria do público que gosta dos grandes Blockbuster cheios de ação e explosões.
Filme nacional singelo e que mostra uma das trágicas tradições de uma pequena cidade do interior; no sertão. Inclusive essa cultura de quando se assassina alguém outro da família pode vingá-lo é comum ainda hoje nos rincões brasileiros. Uma obra que não precisa apelar para "grandes cenas" para puder transmitir toda a dramaticidade e sentimentos envolvidos no caminhar da história. O papel que mais me cativou foi o de Pacu, uma criança analfabeta, mas com sede de aprender e muita criatividade. A questão do latifúndio, da pobreza dos pequenos agricultores, a falta de oportunidade de estudo no campo, a magia dos circos transeuntes...tudo isso é bem retratado no filme. Mais uma obra do cinema nacional que vale a pena conferir e apreciar!
A exigência; ir até o limite; não há espaço para errar. Essa é a vida de Andrew, ainda mais após entrar na melhor escola de música do EUA. Seu professor, Terence, "ajuda" Andrew a "afundar", em um mundo que exige tudo de você e um pouco mais, através da sua personalidade e do seu método de ensino agressivo, rigoroso e obsessivo. Por sinal, vale destacar a boa atuação de J. K. Simmons nesse papel, pelo qual vamos ao longo do filme alimentando uma repulsa crescente. A super valorização, pela sociedade de forma geral, de outras áreas, como a de esporte e educação, em detrimento das áreas artísticas, que são para os "viajados", "sonhadores", "vagabundos" é também retratado no filme. Não tem amigos; não "pode" ter nem namorada, para não "perder tempo". A musica é a sua vida. Outro elemento trazido pelo filme é a competitividade. Só não gosto da proposta do filme de tornar a história como sensacional e fantástica, ao invés de valorizar mais as incertezas, as fragilidades e os sentimentos. Isso é um padrão seguido pela maioria dos filmes norte-americanos, que não me agrada muito.
Esse filme ratifica que a fala é apenas uma das formas de se comunicar: há ainda os gestos, os olhares...Apesar de nós também ficarmos angustiados com a situação de jun, que está a procura do seu tio e não sabe uma palavra do país em que está, conseguimos captar que jun é uma pessoa honesta, sensível, ainda abalado pela morte de sua esposa. Jun está bastante fragilizado e tenta recompensar de alguma forma o esforço que roberto está fazendo para abrigá-lo e ajudar na busca do seu tio. A falta de comunicação, o fato de ser um "solteirão" mal humorado e metódico faz com que roberto muitas vezes pense em abandonar jun e seguir sua vida; mas, por traz dessa máscara roberto é um homem sensível e nobre.
O filme até tem "viradas" que nos surpreendem, mas não consegue manter um bom nível de ação, não prende, não apresenta diálogos inteligente; é muito clichê, a começar pela velha polaridade americano (bom, herói, que luta pela vida de sua família) contra o russo (bandido, "destruidor de lares", impiedoso). Liam me parece um tanto "sem fôlego" para esse papel, que exigia mais do físico do que do "mental", me parece. Fazer uma trilogia de "busca implacável" não é um tanto forçado não?
Inclusive a tese de que Leonard pode ter "manipulado a falta de memória é apenas revelado no final para que "cada um" possa tirar suas próprias conclusões de se aqueles esquecimentos foram "frutos da mente" dele ou era realmente uma doença.
. É um filme em que vc deve juntar as peças para o todo fazer um mínimo de sentido e vc poder tirar conclusões e teses. Para quem não gosta de filmes com finais abertos e roteiros não "mastigados", de fácil compreensão, certamente não conseguirão aproveitar tudo que o filme tem a oferecer. "As memórias são interpretações; não são registros".
Quando vi essa magnífica obra ainda nem conhecia pink floyd. Poder rever anos depois e escutar novamente essas músicas que se transformaram em inspiração e compõem parte do filme é algo fantástico; não apenas pela genialidade musical de pink floyd, como também pelos temas ainda atuais enfrentados por nós: os muros cotidianos, o sistema de ensino opressivo que nos quer enquadrar, a super proteção materna que chega a "cortar as asas de nossas liberdades e nossos desejos", a alienação, o universo das drogas, "as viagens" (por sinal muito bem representadas não só pela trilha, mas também por desenhos extraordinários)...
Não gosto de no campo da arte dizer: este é o melhor! Mas, Birdman sem dúvidas é um ótimo filme e merece todos os elogios e indicações. Iñarritu mais uma vez nos traz um filme dramático. A insegurança e angústia de Riggan é intercalada com momentos de adrenalina,
. Eu estarei enganado ou Keaton fez seu melhor papel? Não conheço sua vida pessoal, mas sua trajetória no cinema certamente pode ser comparada com o do seu personagem. Até mesmo ele participou de um filme de super-herói, Batman, inclusive um deles foi exatamente no ano de 1992, semelhante a trajetória de Riggan. Edward Norton, faz um personagem talentoso e indisciplinado; não se importa com ninguém; é narcisista e inconsequente. Apesar dos seus personagens serem como de ator coadjuvante, Edward Norton não a toa está em dois dos melhores filmes atuais, inclusive com várias indicações: Grande Hotel Budapeste e Birdman. A história nos prende. O jogo de câmeras nos põe em ângulos nos quais parecemos fazer parte do filme. Os bastidores do teatro, a fugacidade da fama, o jogo sujo da imprensa e da crítica, a decadência de um ator que faz de tudo para poder voltar a ser aplaudido e reconhecido por um papel atual...Tudo isso é retratado de forma "real" e reflexiva.
Há diálogos muito bons, um dos que mais me chamaram atenção foi quando Riggan "conversa com o birdman" e este o fala que o público não quer mais diálogos filosóficos; querem é sangue, ação, violência
O filme tem uma ótima história, que nos envolve; nos instiga; nos faz refletir, questionar; nos faz pensar como “nasceu” o fascismo, como foi disseminado. O que instiga o professor a trazer sua aula não apenas para a teoria, mas ensinar na prática o que é autocracia, que é o tema de sua aula, é o fato de os jovens pensarem não ser mais possível uma ditadura no país. A partir disso, os alunos, em parte também o professor, começam a interagir e a se envolver com a aula de tal forma que passam a levar para fora da sala de aula os ensinamentos da aula.
Então, pouco a pouco a sala adquire várias características fascistas: ter um líder, um modelo; ter um símbolo; não respeitam a liberdade individual, "em nome do todo", que é mais importante e necessário; ter um elemento de identificação, um uniforme.
. Portanto, é um filme muito didático, durante o filme nós também aprendemos bastante sobre fascismo, autocracia...E ao mesmo tempo é um filme bastante reflexivo. É fácil apontar as tragédias e erros dos outros, como o nazismo, e acharmos que isso está distante de nós e que somos "imunes" a isso.
Filme muito sensível e delicado. Conta de forma natural e singela a dificuldade que é ser diferente, principalmente por conta dos preconceitos enraizados nas sociedades. Laure tem uma família unida e feliz. Mudam-se e logo conhece os vizinhos, especialmente Lisa lhe inclui e logo se aproxima de Laure, que mente dizendo se chamar Mikael. Vemos o machismo até nas brincadeiras infantis: mulher não pode jogar bola...Vizinha logo repara q Mikael n é como os outros; o que de certa forma a atrai. Vê os outros meninos e começa a reproduzir seus gestos: cuspir...começa a jogar bola. O pai a trata da maneira como ela se sente bem, então trata Laure como um garoto:
massa de modelar como genitália para ela poder ir nadar com os demais, urinar depois do jogo...
Queria ser um menino, sente-se como um. O filme retrata muito bem uma temática delicada, ainda mais para uma criança que ainda está em fase de "construção" de seu caráter, está descobrindo sua sexualidade...
Mais um filme brasileiro que não deixa a desejar a qualquer produção mundo a fora. Atuações muito boas,algumas até surpreendentes para mim. Irandhir mais uma vez encarna um papel "de cabeça"; em tudo o que eu já vi dele, as suas atuações sempre são muito verdadeiras e consoantes a personalidade que o papel exige. Filme em preto e branco para mostrar as chagas do que é viver em uma periferia, ainda mais de uma metrópole de um país como o Brasil. A ausência de cores destoa com a alegria, intercalada com momentos de angústia, dos personagens do filme. Suas vidas não são fáceis, mas o encontro num bar, um poema lido por Zizo, uma festa...Tudo isso mostra que apesar da adversidade, eles vivem, de certa forma, coletivamente e de forma harmoniosa; diferente do que ocorre, por exemplo, nos condomínios em que, geralmente, vivemos como estranhos em relação aos nossos vizinhos. Zizo vive de forma coerente com o que propõe em seus escritos e conversas. Ele é um poeta da vida; dos sonhos; da revolta; da comunidade. Sua vida e seus poemas tentam quebrar essa ordem vigente; tentam trazer uma luz, misturada a beleza de suas palavras, a tamanha repressão vivida e desigualdade social.
Filme muito interessante, que retrata dois tipos de educação antagônicas: enquanto o colégio interno defende valores como disciplina, tradição...o professor novo de inglês propõe uma forma de educação que faça com que os alunos possam pensar por si mesmo, ou seja, estimula a criatividade, a independência. Rapidamente uma parte dos alunos se identificam com a forma de educação proposta pelo professor. Esses alunos criam uma sociedade secreta, onde eles podem contar histórias, ler e fazer poemas, tocar música; além disso, há consequências no modo de pensar dos alunos, que passam a adotar o lema: carpe diem, ou seja, aproveite a vida. Outro tema abordado é a repressão dos alunos sofridas no seio familiar, especialmente representado pelo pai de um dos integrantes da sociedade secreta, que não tem diálogo com o seu filho, apenas imposições.
O que me fez não dar uma nota maior foi que no final do filme o "filho, que era reprimido pelo pai", sofre uma proibição de atuar, sua grande paixão; por isso, suicida-se. Eu não senti durante o filme nenhum traço suicida na personalidade do rapaz nem mesmo a situação me pareceu ser coerente "com essa resposta". Nem mesmo quando o pai deu a oportunidade do filho expor o que sentia, ele o fez; estranho, já que o garoto não apresentava traços introspectivos. Outra questão foi um dos integrantes da "sociedade dos poetas mortos" ser expulso e o o professor demitido. Isso parece transmitir que tudo o que foi construído de contrário ao sistema tradicional da escola foi desconstruído; apesar da última cena ser parte dos alunos mostrando apoio ao professor.
Esse documentário é ao mesmo tempo uma denúncia das condições impostas a uma região em que o seu "explorador oficial" foi sendo passado "de mão em mão" e por fim a descoberta de uma rica área em cobre e a consequente destruição de uma parte da natureza, além da exploração dos nativos; mas também um exemplo de um povo guerreiro que, apesar de todas as adversidades, consegue viver em harmonia com a natureza; e a sua luta consiste, também, por conta da destruição da mina de cobre instalada. O povo da ilha de Bougainville desenvolveu várias tecnologias próprias, inclusive energia e combustível. Essas tecnologias foram possíveis graças a criatividade e a natureza farta da sua terra. A energia e o combustível produzidos através do coco é mais uma demostração de que é possível as energias renováveis e limpas serem introduzidas nos mais diversos países; esse tipo de energia pode ser até mais eficiente e limpo que os atuais métodos.
Esse filme é baseado em um livro que, apesar de não ter lido, já ouvi vários elogios e o seu conteúdo me pareceu muito interessante. Então, já assisti ao filme tendo certa expectativa. O filme me agradou e trouxe vários questionamentos, em que diversas áreas do conhecimento deveria se fazer: qual minha parcela de responsabilidade nas invenções que eu ajudo a criar? A educação tradicional está precisando de novas perspectivas e formas de ensino? A fragmentação do conhecimento não traz uma alienação do todo? A sociedade precisa rever seus valores em relação ao capital, à ciência? Esses e outros questionamentos são discutidos de forma envolvente e didática; há várias metáforas e citações, que nos ajudam a entender e também nos faz conhecer referências científicas, políticas e poéticas.
Confesso que assisti a esse filme sem muitas expectativas. Me surpreendeu positivamente. Visões sobre a educação. Alunos sem atenção, entediados, desmotivados. Ensina numa escola em que os índices de avaliação caem, pois a população mais pobre começa a frequentá-la. Ao mesmo tempo em que mostra ser sentimental, há também traços agressivo, como quando ameaça a enfermeira que cuida do seu avô por ela não estar cumprindo seu papel. O filme traz a realidade triste e cruel de muitos jovens, no qual expõe desde a prostituição infantil à falta de um ambiente familiar salutar...A responsabilidade pela educação é de quem? A mídia, algumas músicas acabam fomentando o “emburrecimento”, a alienação, o consumismo e até mesmo a violência. Mentiras que nos introjetam como verdades, como o “fato” de a mulher ser tratada como objeto de desejo e prazer, apenas; programas como o “pânico na TV” aqui no Brasil reproduzem essa realidade. Devemos estimular a imaginação, criar nossa própria consciência. É necessário coragem e caráter para se importar. O “professor substituto” ficou órfão da mão logo aos 7 anos de idade, quando sua mãe morreu de overdose. Então, ele foi morar com o seu avô, que pode ter abusado de sua filha. Seu avô está muito debilitado e vive sobre cuidados no hospital. Há certos tipos de pessoas que são classificados como “pessoas invisíveis”; sem importância; “digna de maus tratos. O que é importante se não as pessoas? Todos nós precisamos fugir da complexidade e da realidade, ainda que vivamos momentos felizes. Suicídio: solução permanente para problemas temporários? Cuidar para os jovens não irem se desintegrando; serem esquecidos; “empurrados para a marginalidade” ou para subempregos que os exploram. “Andar pelos corredores e sentir o peso, a pressão... A casa de Usher não é só um castelo em ruínas. É um estado de ser”. A melhoria da educação muitas vezes é vista apenas como uma necessidade de os professores serem mais qualificados e conseguirem ensinar seus assuntos, quando na verdade esses professores não tem, muitas vezes, uma estrutura financeira, uma família que os apoia, então essas pessoas não conseguem dar o seu melhor. Mesmo assim toda a sociedade, o que inclui seus alunos, pressionam os professores para serem cada vez melhores, sem oferecer a devida valorização e respeito a uma classe tão importante.
Chaplin é um daqueles gênios que não há adjetivos suficientes para descrever tamanho talento e sensibilidade. Nessa obra magistral, em que toda a família pode se reunir e assistir, cada um com sua percepção e amadurecimento, claro, Chaplin é capaz, mais uma vez, de denunciar preconceitos, injustiças e autoritarismos de forma ao mesmo tempo cômica e dramática. Além de ser uma ótima fonte de entretenimento, riso, comoção é também uma obra capaz de nos trazer a história e o contexto social desde a primeira guerra, passando pela ascensão do nazi-fascismo, principalmente focando na alemanha, ou na tomânia, como é retratada no filme. O jogo de vaidades de hitler, quer dizer “hynkie”, é fantástico e expõe o quanto um sistema ditatorial em que se idolatra o seu líder, chegando a quase endeusá-lo, enquanto que se exclui e se violenta minorias, ditas impuras, é pautado em argumentos falaciosos para tornar o seu líder um ser perfeito, que todos devem expropriar sua liberdade, até mesmo seu corpo, em prol de uma causa dita "comum a todos", em prol de uma "pureza". O discurso final, contrastando com o anterior do Ministro do interior e da propaganda, nos traz um alento e nos apontam caminhos para procurarmos ajudar ao próximo; para que não aceitemos "de cabeça baixa e sem voz" o que os detentores do poder nos dizem; para que não "compremos o discurso do ódio"..."Homens acima do ódio e da brutalidade. A alma dos homens ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris. Para a luz da esperança. Para o futuro"
A Teoria de Tudo
4.1 3,4K Assista AgoraBom filme. Ótima atuação de Eddie Redmayne, que consegue transmitir as dificuldades motoras e psicológicas vivenciadas por Hawking. É um filme que prende a atenção do público em geral. Procura não apenas mostrar a progressiva degeneração muscular, mas também como era a relação de Hawking com sua mulher, com seus filhos, com seus pais. Demonstra toda a inteligência desse astrofísico ao mesmo tempo em que mostra suas fragilidades, mostra que seu tempo não era dedicado exclusivamente às pesquisas, aos estudos, às aulas e às palestras. Achei interessante porque o filme não dá destaque exacerbado a doença, ou mesmo tentar explorá-la de forma com que "forçasse" a comoção. Outra questão importante é que o filme busca tratar Hawking não apenas como um gênio, mas também como uma pessoa e que por isso apresenta limitações, angústias e problemas.
Só Dez Por Cento é Mentira
4.6 144É um prazer puder ver um registro sobre esse ser humano especial. Cada palavra que Manoel fala é mágica; é poética. Viveu a sua vida como poucos: livre. Não era apegado nem valorizava os luxos e matérias terrenas; sua paixão sempre foi puder se sentar e ter em mãos lápis e papel. Nem por isso deixou de ter uma família, tinha também vários amigos, incentivava outros artistas da região. Vale a pena ver, encantar-se e aprender um pouco sobre a vida e os ensinamentos que Manoel tem a nos dar. Há um curta muito bom, que reúne textos de diversos livros do poeta, "Histórias da Unha do Dedão do Pé do Fim do Mundo", vale a pena conferir. "O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo",
A Pele que Habito
4.2 5,1K Assista AgoraEntre os filmes de Almodóvar eu prefiro os estilos de "tudo sobre minha mãe" e "fale com ela", do que essa doentia busca por vingança de "a pele que habito". Não deixa de ser um bom filme. Elena Anaya e Antonio Banderas fazem boas interpretações. Os efeitos visuais da transformação é bem produzido.
Tempos Modernos
4.4 1,1K Assista AgoraA genialidade de Chaplin perpassa gerações e se mantém atual. A temática do filme já é explícita logo no princípio "Tempos modernos: industria, iniciativa privada e busca do ser humano pela felicidade". Há várias referências a alienação, a exploração do operariado (enquanto que quem detém o poder fica em seus escritórios com ar-condicionado "formando quebra-cabeças"); há também o assédio moral, através do monitoramento do trabalho, até mesmo no banheiro. Homem não precisa nem pensar: é só reproduzir movimentos. Trabalho que não estimula em nada a criatividade, o intelecto. O ócio não pode existir; há apenas espaço para o trabalho e para os negócios, que é a negação do ócio. A temática de repressão as manifestações é ainda atual; dentro dessa manifestação há uma forte violência da polícia que abusa do seu poder de autoridade. A pobreza é retratada de forma que muitos não têm o que comer, precisam roubar para comer, nem têm oportunidade de trabalho.
A miséria é tão grande que Chaplin quer continuar na cadeia, depois de "salvar a delegacia" pois é bem tratado, tem comida...é feliz! Solto e com a sua mulher, Chaplin e ela são felizes, mesmo com apenas uma casinha de madeira caindo aos pedaços
Pulp Fiction: Tempo de Violência
4.4 3,7K Assista AgoraDos filmes de tarantino que já vi e me lembro, "django livre" e "bastardos inglórios", "Pulp fiction" não me chamou tanta atenção como os outros dois. É inegável que há boas atuações, bons atores, boa história mas o filme não me prendeu e me chamou atenção como os outros; não sei explicar bem o porquê, talvez tenha criado uma certa expectativa e não foi correspondida.
Sr. Ninguém
4.3 2,7KFilme que tem uma bela fotografia. A tônica do filme se centra nas escolhas que fazemos; como seria se tivéssemos "pego outro caminho". As "viagens temporais"; as diferentes relações nos campos de realidade diversos são interessantes. Vemos que "uma pequena folha no meio da estrada" pode fazer uma grande diferença em nossas vidas. Não é um filme simplesmente mastigado para o espectador, várias deduções e reflexões devem partir de cada um.
Trainspotting: Sem Limites
4.2 1,9K Assista AgoraNão gostei tanto do filme. Mensagens como as passadas por "réquiem para um sonho" me pareceram mais pertinentes e reflexivas.
Drive
3.9 3,5K Assista AgoraÉ um filme com uma temática já bastante explorada, mas que tem uma forma "única" de se contar, de velocidade dos acontecimentos. A história apesar de envolver ação, perseguições...tem um ritmo mais lento. Os maniqueísmos típicos de filmes com essa história não é visto aqui, pois o personagem principal, ainda que seja um homem que demostra verdadeiro afeto para com seu chefe no trabalho e posteriormente com irene e seu filho, é um criminoso, nem por isso ele é "desumano", somente mal, perverso. O filme conta com ótimas cenas de luta, tiroteio e perseguições automobilísticas; ao mesmo tempo em que não se resume apenas nisso.
Depois da Chuva
2.9 50Gostei muito da trilha sonora e acho interessante tanto a temática histórica, como também o caminho anarquista seguido por Caio. A época em que o filme se passa é a fase de transição democrática pós-ditadura, contexto no qual ainda vemos as manchas da opressão cravadas na educação, na política, no pensamento de boa parte da sociedade. Caio é um jovem que ao longo do filme vai amadurecendo as suas ideias, os seus discursos e pouco a pouco consegue construir, ao invés de apenas criticar, revoltar-se, indignar-se. Há algumas criticas a se fazer, que até já li por aqui, como o fato de haver poucos personagens negros em um lugar como a Bahia. Alguns momentos, propositalmente, são mais lentos e o tempo chega quase a "parar", principalmente ao som de alguma música ou instrumento. Isso torna o filme "não tragável" para a maioria do público que gosta dos grandes Blockbuster cheios de ação e explosões.
Abril Despedaçado
4.2 673Filme nacional singelo e que mostra uma das trágicas tradições de uma pequena cidade do interior; no sertão. Inclusive essa cultura de quando se assassina alguém outro da família pode vingá-lo é comum ainda hoje nos rincões brasileiros. Uma obra que não precisa apelar para "grandes cenas" para puder transmitir toda a dramaticidade e sentimentos envolvidos no caminhar da história. O papel que mais me cativou foi o de Pacu, uma criança analfabeta, mas com sede de aprender e muita criatividade. A questão do latifúndio, da pobreza dos pequenos agricultores, a falta de oportunidade de estudo no campo, a magia dos circos transeuntes...tudo isso é bem retratado no filme. Mais uma obra do cinema nacional que vale a pena conferir e apreciar!
Whiplash: Em Busca da Perfeição
4.4 4,1K Assista AgoraA exigência; ir até o limite; não há espaço para errar. Essa é a vida de Andrew, ainda mais após entrar na melhor escola de música do EUA. Seu professor, Terence, "ajuda" Andrew a "afundar", em um mundo que exige tudo de você e um pouco mais, através da sua personalidade e do seu método de ensino agressivo, rigoroso e obsessivo. Por sinal, vale destacar a boa atuação de J. K. Simmons nesse papel, pelo qual vamos ao longo do filme alimentando uma repulsa crescente. A super valorização, pela sociedade de forma geral, de outras áreas, como a de esporte e educação, em detrimento das áreas artísticas, que são para os "viajados", "sonhadores", "vagabundos" é também retratado no filme. Não tem amigos; não "pode" ter nem namorada, para não "perder tempo". A musica é a sua vida. Outro elemento trazido pelo filme é a competitividade. Só não gosto da proposta do filme de tornar a história como sensacional e fantástica, ao invés de valorizar mais as incertezas, as fragilidades e os sentimentos. Isso é um padrão seguido pela maioria dos filmes norte-americanos, que não me agrada muito.
Um Conto Chinês
4.0 852 Assista AgoraEsse filme ratifica que a fala é apenas uma das formas de se comunicar: há ainda os gestos, os olhares...Apesar de nós também ficarmos angustiados com a situação de jun, que está a procura do seu tio e não sabe uma palavra do país em que está, conseguimos captar que jun é uma pessoa honesta, sensível, ainda abalado pela morte de sua esposa. Jun está bastante fragilizado e tenta recompensar de alguma forma o esforço que roberto está fazendo para abrigá-lo e ajudar na busca do seu tio. A falta de comunicação, o fato de ser um "solteirão" mal humorado e metódico faz com que roberto muitas vezes pense em abandonar jun e seguir sua vida; mas, por traz dessa máscara roberto é um homem sensível e nobre.
Busca Implacável 3
3.3 625 Assista AgoraO filme até tem "viradas" que nos surpreendem, mas não consegue manter um bom nível de ação, não prende, não apresenta diálogos inteligente; é muito clichê, a começar pela velha polaridade americano (bom, herói, que luta pela vida de sua família) contra o russo (bandido, "destruidor de lares", impiedoso). Liam me parece um tanto "sem fôlego" para esse papel, que exigia mais do físico do que do "mental", me parece. Fazer uma trilogia de "busca implacável" não é um tanto forçado não?
Amnésia
4.2 2,2K Assista AgoraFilme denso; complexo. A temporalidade do filme segue a
suposta
Inclusive a tese de que Leonard pode ter "manipulado a falta de memória é apenas revelado no final para que "cada um" possa tirar suas próprias conclusões de se aqueles esquecimentos foram "frutos da mente" dele ou era realmente uma doença.
Pink Floyd - The Wall
4.4 702Quando vi essa magnífica obra ainda nem conhecia pink floyd. Poder rever anos depois e escutar novamente essas músicas que se transformaram em inspiração e compõem parte do filme é algo fantástico; não apenas pela genialidade musical de pink floyd, como também pelos temas ainda atuais enfrentados por nós: os muros cotidianos, o sistema de ensino opressivo que nos quer enquadrar, a super proteção materna que chega a "cortar as asas de nossas liberdades e nossos desejos", a alienação, o universo das drogas, "as viagens" (por sinal muito bem representadas não só pela trilha, mas também por desenhos extraordinários)...
Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)
3.8 3,4K Assista AgoraNão gosto de no campo da arte dizer: este é o melhor! Mas, Birdman sem dúvidas é um ótimo filme e merece todos os elogios e indicações. Iñarritu mais uma vez nos traz um filme dramático. A insegurança e angústia de Riggan é intercalada com momentos de adrenalina,
mt bem representada pelo som da bateria
Há diálogos muito bons, um dos que mais me chamaram atenção foi quando Riggan "conversa com o birdman" e este o fala que o público não quer mais diálogos filosóficos; querem é sangue, ação, violência
A Onda
4.2 1,9KO filme tem uma ótima história, que nos envolve; nos instiga; nos faz refletir, questionar; nos faz pensar como “nasceu” o fascismo, como foi disseminado. O que instiga o professor a trazer sua aula não apenas para a teoria, mas ensinar na prática o que é autocracia, que é o tema de sua aula, é o fato de os jovens pensarem não ser mais possível uma ditadura no país. A partir disso, os alunos, em parte também o professor, começam a interagir e a se envolver com a aula de tal forma que passam a levar para fora da sala de aula os ensinamentos da aula.
Então, pouco a pouco a sala adquire várias características fascistas: ter um líder, um modelo; ter um símbolo; não respeitam a liberdade individual, "em nome do todo", que é mais importante e necessário; ter um elemento de identificação, um uniforme.
Tomboy
4.2 1,6K Assista AgoraFilme muito sensível e delicado. Conta de forma natural e singela a dificuldade que é ser diferente, principalmente por conta dos preconceitos enraizados nas sociedades. Laure tem uma família unida e feliz. Mudam-se e logo conhece os vizinhos, especialmente Lisa lhe inclui e logo se aproxima de Laure, que mente dizendo se chamar Mikael. Vemos o machismo até nas brincadeiras infantis: mulher não pode jogar bola...Vizinha logo repara q Mikael n é como os outros; o que de certa forma a atrai. Vê os outros meninos e começa a reproduzir seus gestos: cuspir...começa a jogar bola. O pai a trata da maneira como ela se sente bem, então trata Laure como um garoto:
coloca ela para dirigir, dar um gole na cerveja
massa de modelar como genitália para ela poder ir nadar com os demais, urinar depois do jogo...
Febre do Rato
4.0 657Mais um filme brasileiro que não deixa a desejar a qualquer produção mundo a fora. Atuações muito boas,algumas até surpreendentes para mim. Irandhir mais uma vez encarna um papel "de cabeça"; em tudo o que eu já vi dele, as suas atuações sempre são muito verdadeiras e consoantes a personalidade que o papel exige. Filme em preto e branco para mostrar as chagas do que é viver em uma periferia, ainda mais de uma metrópole de um país como o Brasil. A ausência de cores destoa com a alegria, intercalada com momentos de angústia, dos personagens do filme. Suas vidas não são fáceis, mas o encontro num bar, um poema lido por Zizo, uma festa...Tudo isso mostra que apesar da adversidade, eles vivem, de certa forma, coletivamente e de forma harmoniosa; diferente do que ocorre, por exemplo, nos condomínios em que, geralmente, vivemos como estranhos em relação aos nossos vizinhos. Zizo vive de forma coerente com o que propõe em seus escritos e conversas. Ele é um poeta da vida; dos sonhos; da revolta; da comunidade. Sua vida e seus poemas tentam quebrar essa ordem vigente; tentam trazer uma luz, misturada a beleza de suas palavras, a tamanha repressão vivida e desigualdade social.
Sociedade dos Poetas Mortos
4.3 2,3K Assista AgoraFilme muito interessante, que retrata dois tipos de educação antagônicas: enquanto o colégio interno defende valores como disciplina, tradição...o professor novo de inglês propõe uma forma de educação que faça com que os alunos possam pensar por si mesmo, ou seja, estimula a criatividade, a independência. Rapidamente uma parte dos alunos se identificam com a forma de educação proposta pelo professor. Esses alunos criam uma sociedade secreta, onde eles podem contar histórias, ler e fazer poemas, tocar música; além disso, há consequências no modo de pensar dos alunos, que passam a adotar o lema: carpe diem, ou seja, aproveite a vida. Outro tema abordado é a repressão dos alunos sofridas no seio familiar, especialmente representado pelo pai de um dos integrantes da sociedade secreta, que não tem diálogo com o seu filho, apenas imposições.
O que me fez não dar uma nota maior foi que no final do filme o "filho, que era reprimido pelo pai", sofre uma proibição de atuar, sua grande paixão; por isso, suicida-se. Eu não senti durante o filme nenhum traço suicida na personalidade do rapaz nem mesmo a situação me pareceu ser coerente "com essa resposta". Nem mesmo quando o pai deu a oportunidade do filho expor o que sentia, ele o fez; estranho, já que o garoto não apresentava traços introspectivos. Outra questão foi um dos integrantes da "sociedade dos poetas mortos" ser expulso e o o professor demitido. Isso parece transmitir que tudo o que foi construído de contrário ao sistema tradicional da escola foi desconstruído; apesar da última cena ser parte dos alunos mostrando apoio ao professor.
A Revolução dos Cocos
4.4 27Esse documentário é ao mesmo tempo uma denúncia das condições impostas a uma região em que o seu "explorador oficial" foi sendo passado "de mão em mão" e por fim a descoberta de uma rica área em cobre e a consequente destruição de uma parte da natureza, além da exploração dos nativos; mas também um exemplo de um povo guerreiro que, apesar de todas as adversidades, consegue viver em harmonia com a natureza; e a sua luta consiste, também, por conta da destruição da mina de cobre instalada. O povo da ilha de Bougainville desenvolveu várias tecnologias próprias, inclusive energia e combustível. Essas tecnologias foram possíveis graças a criatividade e a natureza farta da sua terra. A energia e o combustível produzidos através do coco é mais uma demostração de que é possível as energias renováveis e limpas serem introduzidas nos mais diversos países; esse tipo de energia pode ser até mais eficiente e limpo que os atuais métodos.
Ponto de Mutação
4.0 149Esse filme é baseado em um livro que, apesar de não ter lido, já ouvi vários elogios e o seu conteúdo me pareceu muito interessante. Então, já assisti ao filme tendo certa expectativa. O filme me agradou e trouxe vários questionamentos, em que diversas áreas do conhecimento deveria se fazer: qual minha parcela de responsabilidade nas invenções que eu ajudo a criar? A educação tradicional está precisando de novas perspectivas e formas de ensino? A fragmentação do conhecimento não traz uma alienação do todo? A sociedade precisa rever seus valores em relação ao capital, à ciência? Esses e outros questionamentos são discutidos de forma envolvente e didática; há várias metáforas e citações, que nos ajudam a entender e também nos faz conhecer referências científicas, políticas e poéticas.
O Substituto
4.4 1,7K Assista AgoraConfesso que assisti a esse filme sem muitas expectativas. Me surpreendeu positivamente. Visões sobre a educação. Alunos sem atenção, entediados, desmotivados. Ensina numa escola em que os índices de avaliação caem, pois a população mais pobre começa a frequentá-la. Ao mesmo tempo em que mostra ser sentimental, há também traços agressivo, como quando ameaça a enfermeira que cuida do seu avô por ela não estar cumprindo seu papel. O filme traz a realidade triste e cruel de muitos jovens, no qual expõe desde a prostituição infantil à falta de um ambiente familiar salutar...A responsabilidade pela educação é de quem? A mídia, algumas músicas acabam fomentando o “emburrecimento”, a alienação, o consumismo e até mesmo a violência. Mentiras que nos introjetam como verdades, como o “fato” de a mulher ser tratada como objeto de desejo e prazer, apenas; programas como o “pânico na TV” aqui no Brasil reproduzem essa realidade. Devemos estimular a imaginação, criar nossa própria consciência. É necessário coragem e caráter para se importar. O “professor substituto” ficou órfão da mão logo aos 7 anos de idade, quando sua mãe morreu de overdose. Então, ele foi morar com o seu avô, que pode ter abusado de sua filha. Seu avô está muito debilitado e vive sobre cuidados no hospital. Há certos tipos de pessoas que são classificados como “pessoas invisíveis”; sem importância; “digna de maus tratos. O que é importante se não as pessoas? Todos nós precisamos fugir da complexidade e da realidade, ainda que vivamos momentos felizes. Suicídio: solução permanente para problemas temporários? Cuidar para os jovens não irem se desintegrando; serem esquecidos; “empurrados para a marginalidade” ou para subempregos que os exploram. “Andar pelos corredores e sentir o peso, a pressão... A casa de Usher não é só um castelo em ruínas. É um estado de ser”. A melhoria da educação muitas vezes é vista apenas como uma necessidade de os professores serem mais qualificados e conseguirem ensinar seus assuntos, quando na verdade esses professores não tem, muitas vezes, uma estrutura financeira, uma família que os apoia, então essas pessoas não conseguem dar o seu melhor. Mesmo assim toda a sociedade, o que inclui seus alunos, pressionam os professores para serem cada vez melhores, sem oferecer a devida valorização e respeito a uma classe tão importante.
O Grande Ditador
4.6 804 Assista AgoraChaplin é um daqueles gênios que não há adjetivos suficientes para descrever tamanho talento e sensibilidade. Nessa obra magistral, em que toda a família pode se reunir e assistir, cada um com sua percepção e amadurecimento, claro, Chaplin é capaz, mais uma vez, de denunciar preconceitos, injustiças e autoritarismos de forma ao mesmo tempo cômica e dramática. Além de ser uma ótima fonte de entretenimento, riso, comoção é também uma obra capaz de nos trazer a história e o contexto social desde a primeira guerra, passando pela ascensão do nazi-fascismo, principalmente focando na alemanha, ou na tomânia, como é retratada no filme. O jogo de vaidades de hitler, quer dizer “hynkie”, é fantástico e expõe o quanto um sistema ditatorial em que se idolatra o seu líder, chegando a quase endeusá-lo, enquanto que se exclui e se violenta minorias, ditas impuras, é pautado em argumentos falaciosos para tornar o seu líder um ser perfeito, que todos devem expropriar sua liberdade, até mesmo seu corpo, em prol de uma causa dita "comum a todos", em prol de uma "pureza". O discurso final, contrastando com o anterior do Ministro do interior e da propaganda, nos traz um alento e nos apontam caminhos para procurarmos ajudar ao próximo; para que não aceitemos "de cabeça baixa e sem voz" o que os detentores do poder nos dizem; para que não "compremos o discurso do ódio"..."Homens acima do ódio e da brutalidade. A alma dos homens ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris. Para a luz da esperança. Para o futuro"