Esse filme nunca envelhece para mim. Só as voadoras (do nada) que o policial torturador vive dando já valem o filme. E os detetives extremamente frustrados por não poder colocar a culpa dos crimes em quem eles querem pôr (pra ficar mais fácil), e tendo que lidar com isso. É muito bom! Conforme vai crescendo essa frustração de não poder lidar com o problema de forma antiética e rápida, parece que vai crescendo neles a vontade de encontrar o assassino pela forma correta, que é a única forma que não deixaria dúvidas que o assassino real foi pego, e vai pagar pelo que fez. E isso vai fazendo a gente voltar a torcer por eles. Tudo isso pra no fim a gente sofrer juntos.
As vezes a gente que tanto enxergar um significado em um amontoado de coisas que a gente força demais todo contexto e ponto de vista para tornar aparente esse significado. Dentro da arte moderna e do pós-modernismo é inserida essa ideia de que qualquer coisa pode ser arte dado um contexto, ou um certo ponto de vista ao olhar a coisa. O grande problema disso é que fora desse ponto de vista, essa coisa é apenas ela mesma, sem arte. E esse filme fica batendo nessa tecla diversas vezes de maneiras diferentes. O filme começa mostrando a conexão forte que ele tem com o trabalho de fotografia dele, nessa seção de fotos com a modelo, chega a aparentar que ele tirando fotos dela, tocando nela, ajeitando a modelo e até montando nela, está tendo um relacionamento carnal ali, não somente uma seção de fotos. Depois disso vem a trama principal, que ele acredita que ao tirar fotos num parque de um casal distante e a mulher ficar perseguindo ele querendo as fotos, ele possa ter testemunhado um assassinato que será revelado nas fotos. Mas como o tema do filme vai se abrindo a gente percebe que é só uma pura vontade de que o trabalho de fotografia dele encontre um significado. Não ocorreu assassinato, da mesma forma que quando ele fira fotos com um modelo não está acontecendo um ato sexual, é apenas a forma como ele vê e se conecta com a arte dele. O filme mostra isso novamente quando ele vai numa loja de antiguidades e ele se interessa por um quadro na parede e o vendedor nem entende que aquilo é um quadro a venda (novamente os pontos de vistas do protagonista e do vendedor são diferentes quanto ao quadro) e o protagonista acaba comprando uma hélice de madeira, quando leva para casa, a mulher na casa dele diz "isso é um ótimo enfeite" e ele "não isso é um monumento", novamente ele enxergando arte onde outras pessoas não a veem. Por fim, tem a cena maravilhosa do que um grupo de artes cênicas está brincando de jogar tênis imaginário, sendo a bola e as raquetes imaginarias. A bola cai próxima a ele e ele tem que ir pegar para joga-la de volta para que possam continuar o jogo. Ele pega a bola imaginaria e arremessa de volta, e ao ficar observando o jogo ele chega até a ouvir o barulho da bola e das raquetes. Ele precisou se inserir nesse contexto imaginário dos artistas para conseguir ouvir o jogo que estava acontecendo (de forma imaginaria) assim compreendendo que a realidade da arte dele é somente para ele se ele não se esforçar para ver a arte dele de um ponto de vista mais acessível para o público. O que se imagina é que o diretor Antonioni queria se referir a dificuldade que ele sente ao seus filmes serem equivocadamente interpretado por serem obras com uma arte muito pouco acessível, e da mesma forma que o protagonista ao fim do filme percebe que precisa se inserir num mundo imaginário mais amplo que somente a imaginação própria dele, para poder fazer com que a arte dele volte a ter sentido dentro do contexto da vida de mais admiradores da arte e não acabe sozinho num gigante gramado como o protagonista.
Esse filme tem tantos personagens com narrativas boas, e como essas narrativas passam perto uma da outra sem se esbarrar, gera essa ideia de que todo mundo convive com um sentimento de dor comum, porém cada um dentro da sua estória. A situação do personagem do Frank é a que acho mais intensa. O cara tem toda uma personalidade que gira em torno de culpar o pai por toda infelicidade que aconteceu com a mãe que foi abandonada no meio do casamento. Fora ter convivido com a fraqueza da mãe dele de ter desistido de continuar buscando a felicidade, e por fim, ter assistido a mãe morrer triste e sozinha, criou esse personagem Frank que é todo errado, machista, narcisista. E agora, o Frank que tem ajudar o pai no leito de morte, e essa dinâmica dele ter que perdoar e, ao mesmo tempo, assistir o pai morrer gera uma intensidade no personagem que me deixou na merda. Jesus, que treco pesado.
"Se o soldado quer se declarar doido para ganhar uma licença e ser dispensado da guerra, então ele não é doido, e se o soldado quer permanecer lutando na guerra sem tentar pedir uma licença qualquer para tentar fugir da guerra, então ele é de fato doido, e vai continuar combatendo pois não vai pedir a licença mesmo." Esse livro é muito bom, a adaptação ficou um pouco corrida. Acho que o seriado acabou me chamando mais a atenção por ser um seriado e caber mais trechos do livro. E eu acho muito intrigante as ambiguidades das situações de guerra, é um dos temas que mais me chama a atenção.
Adorei esse conceito do Dr. Bowman passar a existir numa espécie de "quinta dimensão" onde ele é o passado, o presente e o futuro da existência dele, tudo ao mesmo tempo. Ele fica trocando de forma sem parecer ter muito controle de como um humano vai conseguir perceber ele. As vezes aparece como bebê, ou como jovem, ou adulto, e até mesmo velho, e quando o astronauta pergunta para aparição dele: "Você é o dr. Bowman?", e ele responde: "Toda a vida do dr. Bowman é uma parte de mim, mas eu não posso ser definido somente pelo que ele foi" como se ele nesse tipo de existência que ele está vivendo independesse de uma linha do tempo de envelhecimento orgânico. Apesar de muito viajado é muito intrigante o conceito. Ainda mais vindo do Arthur C Clarke.
Muito maneiro em como se confundem a vida real da protagonista com os personagens que ela interpreta nos papeis que pega ao longo do filme. Ela vai pegando uns papéis pesado de vitima de estupro e de tentativa de assassinato, e ao mesmo tempo, na vida real, vai tendo a dignidade dilacerada pelos abusos sofridos pelas personagens dela (são momentos filmados e expostos para ser vendidos como arte audiovisual), e que são, de certa forma, parte dela. Isso vai criando um trauma, uma ruptura com a realidade que vai fazendo a personagem se questionar do que é real e o que é só filme, mas como o tema dos filmes que ela participa são sempre bem degradantes, violentos, e abusivos, a situação vai ficando muito sinistra e o espectador também entra nessa situação de não saber mais o que é real. Muito maneiro o desenrolar da trama.
Quando você remove a responsabilidade de uma pessoa poder escolher entre fazer o bem ou o mal, criando uma ilusão que ameaça quem escolhe o mal, e que recompensa quem escolhe o bem, você acaba por remover o peso moral das escolhas e atos humanos. A escolha de fazer o bem nessas circunstâncias é sempre amoral, e a escolha de fazer o mal é muito mais um ato de rebeldia do que de fato uma escolha pelo mal. Os valores estão todos subvertidos. Quando o batman não deixa a verdade sobre o que aconteceu com o harvey dent vir a tona, e fica tentando controlar as escolhas morais que o coringa dá para as pessoas dos 2 barcos (pois o coringa quer provar que "o homem é o lobo do homem"). O batman acaba sendo a pessoa menos ética dessa estória para proteger as pessoas que ele julga que não conseguiriam escolher o bem sobre o mal nessa escolha que o coringa deu a elas. No final, o coringa vai preso, as pessoas ficam a salvo, porém a verdade permanece escondida, a ética destruída e as escolhas morais não foram naturais.
Se o tamanho da violência que você manifesta só é equiparada a insegurança que você guarda, quão longe você consegue ir antes de se destruir? Engraçado como ele é um "animal" tanto dentro do ring (o que é muito bom), como fora do ring, no cotidiano da vida (o que é péssimo). A cena que ele passa um round inteiro com a guarda baixa, deixando o oponente socar ele, e quando o round acaba ele vai atrás do oponente estando com a cara toda arrebentada e manda: "...e você nem conseguiu me derrubar" é mto boa. Ele querendo ser punido por tudo que fez, mas ele é tão marrento que nem nocauteado consegue ser.
"... Você não vai acreditar nisso, mas você costumava caber bem aqui (Rocky aponta para própria palma da mão). Eu te segurava alto para dizer para sua mãe: "Essa criança vai ser a melhor criança do mundo! Essa criança vai ser a melhor pessoa que qualquer um já conheceu!" E você cresceu bondoso e maravilhoso. Era ótimo ficar assistindo você crescer, era como um privilégio. E então o tempo chegou para você ser dono de si mesmo, ir para o mundo, e você foi! Mas, em algum momento no caminho você mudou. Você parou de se você mesmo. Você deixou pessoas colocarem o dedo na sua cara e dizerem que você não é bom. E quando as coisas ficaram difíceis, você começou a procurar algo para culpar. Como uma sombra gigante. Deixe eu te contar uma coisa que você já sabe: O mundo não é um mar de rosas, é um lugar muito perverso e asqueroso, e não importa o quão forte você seja, o mundo vai te bater até ficar de joelhos e vai deixar você assim para sempre se você deixar. Eu, você, e ninguém, vai bater tão forte quanto a vida. Mas não sobre quão forte se pode bater. É sobre quanto você consegue apanhar e continuar progredindo, quanto você aguenta e continua indo em frente. É assim que a vitória é alcançada. Agora, se você sabe o quanto você merece, vá atrás do que você merece! Mas você tem que estar disposto a aguentar os golpes que a vida vai te dar sem ficar apontando o dedo dizendo que não está onde quer estar por causa disso ou daquilo. Covardes fazem isso, e isso não é você! Você é melhor que isso! Eu sempre vou te amar não importa o que aconteça. Você é meu filho, você é meu sangue, você é a melhor coisa na minha vida, mas até você começar a acreditar em si mesmo, você não terá uma vida. Não se esqueça de visitar sua mãe." Pensa num roteiro foda = )
Pra que fazer tratamento para se recuperar de agora-fobia que leva anos e custa um dinheirão em sessões de terapia e remédios, se você sempre pode se mudar pra uma vizinhança violenta. Resolve em poucos meses e o possível gasto com o hospital vai ser consideravelmente menor que o gasto com os anos de terapia.
Esse filme é uma viagem de 90 minutos observando a solidão dentro da vida de uma jovem que está bastante perdido. Cria um retrato de desconexão humana bastante empático.
Eu adoro em como o protagonista parece estar preso em um mundo de subversão. A pornografia, para ele, funciona melhor do que sexo com uma mulher de verdade. Relacionamentos curtos, ou sexo esporádico com prostitutas também funcionam melhor do que tentar se conectar com uma mulher que está em busca de um relacionamento solido. A amizade com o chefe dele é só de fachada. O casamento do chefe dele é vazio, cheio de infidelidade. E isso tudo leva a ele e a irmã dele terem uma vida e personalidade bastante auto destrutiva. Pode se interpretar que o apetite sexual tanto dele quanto da irmã, possam ser manifestação de auto destruição por algo que o filme meio que justifica com a frase da irmã dele "Nós não somos pessoas ruins. Nossa infância que foi muito difícil." A irmã já tem um histórico de tentativas de suicídio, enquanto ele está preso numa vida de subversão. Sem conseguir, ou querer, se conectar com até mesmo a própria irmã. Filme muito bom, pesado, mas um pouco vago.
Sean encontra o Todd numa varanda sentado sozinho com um kit de escrivaninha. Todd diz que ganhou esse kit de escrivaninha dos pais pois era aniversário dele. Sean diz "Ah, é um kit de escrivaninha!" (querendo dizer, não é um presente bacana mas tem uma usabilidade), então Todd diz, só que é exatamente o mesmo presente que recebi ano passado. (O que invalida qualquer usabilidade de um kit de escrivaninha duplicado, para quê ter 2 pranchetas? 2 réguas? 2 pesos de papel? 2 tesouras?). É impossível não reparar em como que os pais do Todd enviam o presente de aniversário muito mais para cumprir um papel social de pais preocupados e sensíveis que não esqueceram o aniversário do filho, porém não tem qualquer empatia, não tem carta, não tem amor, não tem sentimento algum. E isso desvenda esse personagem maravilhosamente. O Todd é tão introspectivo e quando ele se manifesta pela poesia deixa claro que ele sente que algo está muito errado, mas ele é muito jovem, e os pais dele são adultos, ricos, aceitos pela sociedade, como ele poderia estar certo e todo o resto errado? Talvez a falta de conexão entre familiares seja o correto (isso é uma indagação do Todd). Então o Sean fala: "Acho que você está subestimando o valor desse kit de escrivaninha! Ele me parece bastante aero dinâmico!" Então eles arremessam o kit pela varanda, e ele se despedaça todo. Sean: "Não se preocupe! Ano que vem você vai receber outro idêntico."
Rapaz, a violência desse filme é extrema e acontece em breves momentos inesperados. Ritmo lento, porém funciona porque você fica intrigado pensando o que que 1 xerife velho, junto de um assistente idoso, acompanhados de um marido desesperado em conseguir recuperar sua esposa raptada, e mais um "cowboy" "afrescalhado", vão conseguir fazer quando começar os tiroteios? E é satisfatória assistir o embate das personalidades deles durante a viagem.
Assisti a versão remasterizada pelo Steven Spielberg, gostei bastante, as cores estão bem mais vivas que a da versão original que assisti há uns 15 anos atrás (oxe, tô idoso). Alguns momentos as cores tão vivas geram uma estranheza mas em outros momentos, principalmente dentro dos quadros do Van Gogh ficaram maravilhosas.
Gosto dessa ideia do filme de sequenciar cronologicamente sonhos de um protagonista que a gente não chega a conhecer (possivelmente é o próprio Akira Kurosawa o protagonista). Os primeiros sonhos são mais infantis, mais fantasiosos, com um espirito de curiosidade e pureza, enquanto os sonhos seguintes vão sendo mais sombrios e pesados e cheios de preocupações e responsabilidade, porém um tema que tem em todos os sonhos é um fundo de culpa, preocupação e ligação com a natureza. Acredito que os sonhos sejam manifestações da consciente reprimida, e culpa devora o subconsciente das pessoas, talvez por isso seja um tema tão recorrente. A única pausa que temos do tema da culpa, é durante o sonho das pinturas do Van Gogh, em que o protagonista entra nelas. Acredito que a conexão com a arte suprime um pouco a culpa reprimida. Conforme os sonhos vão progredindo, vai aparecendo também um sentimento de medo, com a aparição das nuvens de radiação no antepenúltimo sonho, e dos demônios, no penúltimo sonho. Adorei esse conceito de que os demônios na mitologia japonesa são imortais para poderem sofrer eternamente, enquanto os humanos podem morrer e reencarnar. Já o ultimo sonho é catártico, maravilhoso. É sobre paz, calma, morte e ligação com a natureza. Se passa num vilarejo sem luz elétrica, com diversos moinhos de agua em riachos calmos. Enquanto o sonho vai passando o protagonista descobre que está acontecendo um funeral, porém é uma parada musical linda, uma celebração da morte com alegria e paz. Como não gostar desse filme? = )
Esse filme é lindo apesar de angustiante. É muito profundo apesar de, em alguns momentos, muito abstrato. Acredito que pelo diretor estar falando sobre coisas que ele mesmo não tenha a resposta o filme fica muito aberto a interpretações, e dá espaço para interpretações de conotações "acidentais" e que talvez não fossem o que diretamente o diretor estivesse querendo descrever.
De qualquer forma, o que eu compreendi da mensagem que me alcançou foi que o protagonista está sofrendo com a nostalgia de estar longe de seu pais nativo. Essa desconexão com a Itália (pais que está morando) vem da minha interpretação de quando a Eugenia, interprete Russo-Italiano que o está acompanhando, diz que está lendo um livro de poesias Russo, e o Andrei (protagonista) a pergunta "está em russo o livro?", ela diz que está traduzido para o italiano, e ele fala que então não tem valor algum. Que é impossível de se traduzir a essência estrangeira russa, tem uma barreira de comunicação entre o que se quer dizer, e o que dá para ser interpretado na outra língua. E ae entra conotação, Andrei é um russo vivendo na Itália e ele tem grande dificuldade de se conectar com qualquer um, quase como que se a consciência dele não alcançasse ninguém por algum espaço que existe entre tudo o que ele é como pessoa e as pessoas que ele tenta se conectar que tem uma natureza diferente pois são culturalmente diferente. A Eugenia indaga "Como posso então interpretar corretamente Tolstoy? Puchkin? E outros artistas maravilhosos?" Andrei: "É preciso quebrar todas as fronteiras."
Eugenia é uma mulher italiana que fala russo e que parece ter um certo desespero em não estar conseguindo se conectar com nenhum homem. Aos poucos que ela vai revelando essa angustia dele de solidão. Enquanto isso Andrei passa se interessar bastante por um "louco" local que alguns anos atrás aprisionou a família por quase 7 anos dizendo que queria salva-los da perdição da humanidade (O que deixa a Eugenia nervosa por se interessar mais por um doido do que por ela). Andrei se interessa até demais, acredito por causa da situação da Rússia, das fronteiras russas que aprisionam quem está lá dentro por medo do contato com as culturas estrangeiras. (Esse filme é de 1983, a Rússia ainda estava fechada economicamente na época, e era crime sair do país.) Andrei diz "o que é um louco, se não uma pessoa na qual as outras deixaram de conseguir se conectar e entender suas motivações". Em suas conversas com o "louco" Domenico, ele pede para que Andrei salve a humanidade ao andar com uma vela acesa de uma lado da "piscina" até o outro sem deixar a chama apagar. (kkkkk) (mas isso vai ter uma grande importância mais para o fim) E, também, na casa de Domenico tem um desenho na parede que diz "1+1=1" e ele explica que se você juntar uma gota de agua com outra gota de agua, você fica com uma gota de agua. Essa parte as interpretações vão longe, mas acredito que seja sobre ideias e consciência que o diretor esteja falando, que não se dá para somar esse tipo de coisa, e nem se conectar individualmente com cada parte. No fim do filme, Domenico sobe em uma estátua e começa a fazer um discurso dizendo da falta de conexão que existe entre as pessoas, e as pessoas que estão ao redor, nem ligam, e se reparar bem, as pessoas não se tocam, cada uma está a alguns passos de distancia da outra, uma imagem bem expressionista. Então ao fim do discurso, Domenico ateia fogo em si, e a única criatura que se desespera com o ato é o seu cachorro, o resto das pessoas nem reagem. Simultaneamente a isso, Andrei decide voltar para Rússia, quando tudo está pronto para voltar, ele acaba pedindo para adiar o voo pois tem uma tarefa a fazer. Ele vai na terma(piscina) tentar levar a vela acesa de um lado para o outro. E isso tem uma interpretação interessante, ele tentou se conectar com Domenico por meio da ideia do Domenico, que certeza que ele teria que Domenico não estava certo só porque a ideia parece ser muito estranha, de andar com uma vela. E ao tentar, isso honra a tentativa de se conectar com outra pessoa. Achei um ótimo filme, porém muito introspectivo e abstrato. Lindo.
Andrey Rublyov se depara em diversos momentos com situações em que a punição de Deus parece ser severa demais contra atos vindos intrinsecamente da natureza humana. Como o bobo da corte ser punido e violentado por simplesmente estar fazendo piadas "pesadas" para trazer um pouco de alegria na vida desgraçada das pessoas. Conforme a estória prossegue, Andrey, passa a duvidar dos atos da humanidade, e da impunidade que existe em alguns momentos, em algumas circunstancias. Como quando o exercito invasor consegue entrar na igreja (que estava trancada e abrigando pessoas inocentes), e matam os plebeus que estavam se refugiando dentro. E na parte final, que a igreja está destruída há algum tempo, nota-se a falta de esperança e o pesar na vida das pessoas. Até que encontram o sino da igreja soterrado. Quando suspendem o Sino nos alicerces de madeira do que virá a ser a nova igreja, e tocam ele pela primeira vez, é como se a fé do Andrey fosse reacendida. A igreja é uma necessidade na vida dos perdidos. Então o Andrey Rublyov aceita pintar a nova igreja (que ele estava relutante em pintar a igreja anterior, pois pediam para ele pintar o apocalipse, para conquistar a fé das pessoas por meio do medo), e agora ele pintará a estória dessa igreja, e como ela pode servir de refugio para os que perderem a fé nos atos cruéis da humanidade. Muito interessante como a arte da pintura e a fé do personagem se misturam e se complementam, e evoluem com a vida dele. Achei melhor que o Sétimo Selo, mas esse filme é loooooongo.
Interessante como as cenas dentro dos sonhos do Ivan são lindas, leves e surrealistas. Mas quando ele acorda e o filme volta pra realidade, parece que tem algo errado com a realidade. Muito opressora e sem casualidade. Muitas vezes sem sentido. A cena do menino revelando todo o ódio e amargura dele contra o exercito inimigo e que ele não liga de morrer se for ajudando a derrotar o exercito nazista é de cortar o coração.
Em Chamas
3.9 378 Assista AgoraO Grande Gatsby koreano
Memórias de um Assassino
4.2 366 Assista AgoraEsse filme nunca envelhece para mim. Só as voadoras (do nada) que o policial torturador vive dando já valem o filme. E os detetives extremamente frustrados por não poder colocar a culpa dos crimes em quem eles querem pôr (pra ficar mais fácil), e tendo que lidar com isso. É muito bom! Conforme vai crescendo essa frustração de não poder lidar com o problema de forma antiética e rápida, parece que vai crescendo neles a vontade de encontrar o assassino pela forma correta, que é a única forma que não deixaria dúvidas que o assassino real foi pego, e vai pagar pelo que fez. E isso vai fazendo a gente voltar a torcer por eles. Tudo isso pra no fim a gente sofrer juntos.
Blow-Up: Depois Daquele Beijo
3.9 370 Assista AgoraAs vezes a gente que tanto enxergar um significado em um amontoado de coisas que a gente força demais todo contexto e ponto de vista para tornar aparente esse significado.
Dentro da arte moderna e do pós-modernismo é inserida essa ideia de que qualquer coisa pode ser arte dado um contexto, ou um certo ponto de vista ao olhar a coisa. O grande problema disso é que fora desse ponto de vista, essa coisa é apenas ela mesma, sem arte. E esse filme fica batendo nessa tecla diversas vezes de maneiras diferentes. O filme começa mostrando a conexão forte que ele tem com o trabalho de fotografia dele, nessa seção de fotos com a modelo, chega a aparentar que ele tirando fotos dela, tocando nela, ajeitando a modelo e até montando nela, está tendo um relacionamento carnal ali, não somente uma seção de fotos. Depois disso vem a trama principal, que ele acredita que ao tirar fotos num parque de um casal distante e a mulher ficar perseguindo ele querendo as fotos, ele possa ter testemunhado um assassinato que será revelado nas fotos. Mas como o tema do filme vai se abrindo a gente percebe que é só uma pura vontade de que o trabalho de fotografia dele encontre um significado. Não ocorreu assassinato, da mesma forma que quando ele fira fotos com um modelo não está acontecendo um ato sexual, é apenas a forma como ele vê e se conecta com a arte dele. O filme mostra isso novamente quando ele vai numa loja de antiguidades e ele se interessa por um quadro na parede e o vendedor nem entende que aquilo é um quadro a venda (novamente os pontos de vistas do protagonista e do vendedor são diferentes quanto ao quadro) e o protagonista acaba comprando uma hélice de madeira, quando leva para casa, a mulher na casa dele diz "isso é um ótimo enfeite" e ele "não isso é um monumento", novamente ele enxergando arte onde outras pessoas não a veem. Por fim, tem a cena maravilhosa do que um grupo de artes cênicas está brincando de jogar tênis imaginário, sendo a bola e as raquetes imaginarias. A bola cai próxima a ele e ele tem que ir pegar para joga-la de volta para que possam continuar o jogo. Ele pega a bola imaginaria e arremessa de volta, e ao ficar observando o jogo ele chega até a ouvir o barulho da bola e das raquetes. Ele precisou se inserir nesse contexto imaginário dos artistas para conseguir ouvir o jogo que estava acontecendo (de forma imaginaria) assim compreendendo que a realidade da arte dele é somente para ele se ele não se esforçar para ver a arte dele de um ponto de vista mais acessível para o público.
O que se imagina é que o diretor Antonioni queria se referir a dificuldade que ele sente ao seus filmes serem equivocadamente interpretado por serem obras com uma arte muito pouco acessível, e da mesma forma que o protagonista ao fim do filme percebe que precisa se inserir num mundo imaginário mais amplo que somente a imaginação própria dele, para poder fazer com que a arte dele volte a ter sentido dentro do contexto da vida de mais admiradores da arte e não acabe sozinho num gigante gramado como o protagonista.
Magnólia
4.1 1,3K Assista AgoraEsse filme tem tantos personagens com narrativas boas, e como essas narrativas passam perto uma da outra sem se esbarrar, gera essa ideia de que todo mundo convive com um sentimento de dor comum, porém cada um dentro da sua estória.
A situação do personagem do Frank é a que acho mais intensa. O cara tem toda uma personalidade que gira em torno de culpar o pai por toda infelicidade que aconteceu com a mãe que foi abandonada no meio do casamento. Fora ter convivido com a fraqueza da mãe dele de ter desistido de continuar buscando a felicidade, e por fim, ter assistido a mãe morrer triste e sozinha, criou esse personagem Frank que é todo errado, machista, narcisista. E agora, o Frank que tem ajudar o pai no leito de morte, e essa dinâmica dele ter que perdoar e, ao mesmo tempo, assistir o pai morrer gera uma intensidade no personagem que me deixou na merda. Jesus, que treco pesado.
Ardil 22
3.5 22 Assista Agora"Se o soldado quer se declarar doido para ganhar uma licença e ser dispensado da guerra, então ele não é doido, e se o soldado quer permanecer lutando na guerra sem tentar pedir uma licença qualquer para tentar fugir da guerra, então ele é de fato doido, e vai continuar combatendo pois não vai pedir a licença mesmo." Esse livro é muito bom, a adaptação ficou um pouco corrida. Acho que o seriado acabou me chamando mais a atenção por ser um seriado e caber mais trechos do livro. E eu acho muito intrigante as ambiguidades das situações de guerra, é um dos temas que mais me chama a atenção.
Antiviral
3.2 159Tem que aproveitar até a última gota de fama da pessoa. Perturbador.
2010: O Ano Em Que Faremos Contato
3.2 143 Assista AgoraAdorei esse conceito do Dr. Bowman passar a existir numa espécie de "quinta dimensão" onde ele é o passado, o presente e o futuro da existência dele, tudo ao mesmo tempo. Ele fica trocando de forma sem parecer ter muito controle de como um humano vai conseguir perceber ele. As vezes aparece como bebê, ou como jovem, ou adulto, e até mesmo velho, e quando o astronauta pergunta para aparição dele: "Você é o dr. Bowman?", e ele responde: "Toda a vida do dr. Bowman é uma parte de mim, mas eu não posso ser definido somente pelo que ele foi" como se ele nesse tipo de existência que ele está vivendo independesse de uma linha do tempo de envelhecimento orgânico. Apesar de muito viajado é muito intrigante o conceito. Ainda mais vindo do Arthur C Clarke.
Perfect Blue
4.3 815Muito maneiro em como se confundem a vida real da protagonista com os personagens que ela interpreta nos papeis que pega ao longo do filme. Ela vai pegando uns papéis pesado de vitima de estupro e de tentativa de assassinato, e ao mesmo tempo, na vida real, vai tendo a dignidade dilacerada pelos abusos sofridos pelas personagens dela (são momentos filmados e expostos para ser vendidos como arte audiovisual), e que são, de certa forma, parte dela. Isso vai criando um trauma, uma ruptura com a realidade que vai fazendo a personagem se questionar do que é real e o que é só filme, mas como o tema dos filmes que ela participa são sempre bem degradantes, violentos, e abusivos, a situação vai ficando muito sinistra e o espectador também entra nessa situação de não saber mais o que é real. Muito maneiro o desenrolar da trama.
Manchester à Beira-Mar
3.8 1,4K Assista AgoraFilme dolorido de se assistir. Tem uns momentos que o coração pesa demais, tá loco.
Batman: O Cavaleiro das Trevas
4.5 3,8K Assista AgoraQuando você remove a responsabilidade de uma pessoa poder escolher entre fazer o bem ou o mal, criando uma ilusão que ameaça quem escolhe o mal, e que recompensa quem escolhe o bem, você acaba por remover o peso moral das escolhas e atos humanos. A escolha de fazer o bem nessas circunstâncias é sempre amoral, e a escolha de fazer o mal é muito mais um ato de rebeldia do que de fato uma escolha pelo mal. Os valores estão todos subvertidos.
Quando o batman não deixa a verdade sobre o que aconteceu com o harvey dent vir a tona, e fica tentando controlar as escolhas morais que o coringa dá para as pessoas dos 2 barcos (pois o coringa quer provar que "o homem é o lobo do homem"). O batman acaba sendo a pessoa menos ética dessa estória para proteger as pessoas que ele julga que não conseguiriam escolher o bem sobre o mal nessa escolha que o coringa deu a elas. No final, o coringa vai preso, as pessoas ficam a salvo, porém a verdade permanece escondida, a ética destruída e as escolhas morais não foram naturais.
Touro Indomável
4.2 708 Assista AgoraSe o tamanho da violência que você manifesta só é equiparada a insegurança que você guarda, quão longe você consegue ir antes de se destruir?
Engraçado como ele é um "animal" tanto dentro do ring (o que é muito bom), como fora do ring, no cotidiano da vida (o que é péssimo).
A cena que ele passa um round inteiro com a guarda baixa, deixando o oponente socar ele, e quando o round acaba ele vai atrás do oponente estando com a cara toda arrebentada e manda: "...e você nem conseguiu me derrubar" é mto boa. Ele querendo ser punido por tudo que fez, mas ele é tão marrento que nem nocauteado consegue ser.
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraPara onde as nossas memórias vão após perdermos a vida? E, em qual período nós existimos de verdade?
Sei lá.
Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio
3.2 961 Assista AgoraA dupla que eu queria mesmo assistir combatendo a capirotagem era, o padre do filme "Machete", e o padre do filme "Um Drink no Inferno".
Rocky Balboa
3.8 573 Assista Agora"...
Você não vai acreditar nisso, mas você costumava caber bem aqui (Rocky aponta para própria palma da mão). Eu te segurava alto para dizer para sua mãe: "Essa criança vai ser a melhor criança do mundo! Essa criança vai ser a melhor pessoa que qualquer um já conheceu!" E você cresceu bondoso e maravilhoso. Era ótimo ficar assistindo você crescer, era como um privilégio. E então o tempo chegou para você ser dono de si mesmo, ir para o mundo, e você foi! Mas, em algum momento no caminho você mudou. Você parou de se você mesmo. Você deixou pessoas colocarem o dedo na sua cara e dizerem que você não é bom. E quando as coisas ficaram difíceis, você começou a procurar algo para culpar. Como uma sombra gigante.
Deixe eu te contar uma coisa que você já sabe: O mundo não é um mar de rosas, é um lugar muito perverso e asqueroso, e não importa o quão forte você seja, o mundo vai te bater até ficar de joelhos e vai deixar você assim para sempre se você deixar. Eu, você, e ninguém, vai bater tão forte quanto a vida. Mas não sobre quão forte se pode bater. É sobre quanto você consegue apanhar e continuar progredindo, quanto você aguenta e continua indo em frente. É assim que a vitória é alcançada.
Agora, se você sabe o quanto você merece, vá atrás do que você merece! Mas você tem que estar disposto a aguentar os golpes que a vida vai te dar sem ficar apontando o dedo dizendo que não está onde quer estar por causa disso ou daquilo. Covardes fazem isso, e isso não é você! Você é melhor que isso!
Eu sempre vou te amar não importa o que aconteça. Você é meu filho, você é meu sangue, você é a melhor coisa na minha vida, mas até você começar a acreditar em si mesmo, você não terá uma vida.
Não se esqueça de visitar sua mãe."
Pensa num roteiro foda = )
A Mulher na Janela
3.0 1,1K Assista AgoraPra que fazer tratamento para se recuperar de agora-fobia que leva anos e custa um dinheirão em sessões de terapia e remédios, se você sempre pode se mudar pra uma vizinhança violenta. Resolve em poucos meses e o possível gasto com o hospital vai ser consideravelmente menor que o gasto com os anos de terapia.
Oslo, 31 de Agosto
3.9 194Esse filme é uma viagem de 90 minutos observando a solidão dentro da vida de uma jovem que está bastante perdido. Cria um retrato de desconexão humana bastante empático.
Shame
3.6 2,0K Assista AgoraTirem as crianças da sala!
Eu adoro em como o protagonista parece estar preso em um mundo de subversão. A pornografia, para ele, funciona melhor do que sexo com uma mulher de verdade. Relacionamentos curtos, ou sexo esporádico com prostitutas também funcionam melhor do que tentar se conectar com uma mulher que está em busca de um relacionamento solido. A amizade com o chefe dele é só de fachada. O casamento do chefe dele é vazio, cheio de infidelidade. E isso tudo leva a ele e a irmã dele terem uma vida e personalidade bastante auto destrutiva. Pode se interpretar que o apetite sexual tanto dele quanto da irmã, possam ser manifestação de auto destruição por algo que o filme meio que justifica com a frase da irmã dele "Nós não somos pessoas ruins. Nossa infância que foi muito difícil." A irmã já tem um histórico de tentativas de suicídio, enquanto ele está preso numa vida de subversão. Sem conseguir, ou querer, se conectar com até mesmo a própria irmã.
Filme muito bom, pesado, mas um pouco vago.
Sociedade dos Poetas Mortos
4.3 2,3K Assista AgoraA cena do presente de aniversário do Todd (Ethan Hawke) sempre me marcou, mesmo não sendo a melhor cena desse filme.
Sean encontra o Todd numa varanda sentado sozinho com um kit de escrivaninha. Todd diz que ganhou esse kit de escrivaninha dos pais pois era aniversário dele. Sean diz "Ah, é um kit de escrivaninha!" (querendo dizer, não é um presente bacana mas tem uma usabilidade), então Todd diz, só que é exatamente o mesmo presente que recebi ano passado. (O que invalida qualquer usabilidade de um kit de escrivaninha duplicado, para quê ter 2 pranchetas? 2 réguas? 2 pesos de papel? 2 tesouras?).
É impossível não reparar em como que os pais do Todd enviam o presente de aniversário muito mais para cumprir um papel social de pais preocupados e sensíveis que não esqueceram o aniversário do filho, porém não tem qualquer empatia, não tem carta, não tem amor, não tem sentimento algum. E isso desvenda esse personagem maravilhosamente. O Todd é tão introspectivo e quando ele se manifesta pela poesia deixa claro que ele sente que algo está muito errado, mas ele é muito jovem, e os pais dele são adultos, ricos, aceitos pela sociedade, como ele poderia estar certo e todo o resto errado? Talvez a falta de conexão entre familiares seja o correto (isso é uma indagação do Todd).
Então o Sean fala: "Acho que você está subestimando o valor desse kit de escrivaninha! Ele me parece bastante aero dinâmico!" Então eles arremessam o kit pela varanda, e ele se despedaça todo. Sean: "Não se preocupe! Ano que vem você vai receber outro idêntico."
Rastro de Maldade
3.7 408 Assista AgoraRapaz, a violência desse filme é extrema e acontece em breves momentos inesperados.
Ritmo lento, porém funciona porque você fica intrigado pensando o que que 1 xerife velho, junto de um assistente idoso, acompanhados de um marido desesperado em conseguir recuperar sua esposa raptada, e mais um "cowboy" "afrescalhado", vão conseguir fazer quando começar os tiroteios? E é satisfatória assistir o embate das personalidades deles durante a viagem.
Sonhos
4.4 380 Assista AgoraAssisti a versão remasterizada pelo Steven Spielberg, gostei bastante, as cores estão bem mais vivas que a da versão original que assisti há uns 15 anos atrás (oxe, tô idoso). Alguns momentos as cores tão vivas geram uma estranheza mas em outros momentos, principalmente dentro dos quadros do Van Gogh ficaram maravilhosas.
Gosto dessa ideia do filme de sequenciar cronologicamente sonhos de um protagonista que a gente não chega a conhecer (possivelmente é o próprio Akira Kurosawa o protagonista).
Os primeiros sonhos são mais infantis, mais fantasiosos, com um espirito de curiosidade e pureza, enquanto os sonhos seguintes vão sendo mais sombrios e pesados e cheios de preocupações e responsabilidade, porém um tema que tem em todos os sonhos é um fundo de culpa, preocupação e ligação com a natureza. Acredito que os sonhos sejam manifestações da consciente reprimida, e culpa devora o subconsciente das pessoas, talvez por isso seja um tema tão recorrente. A única pausa que temos do tema da culpa, é durante o sonho das pinturas do Van Gogh, em que o protagonista entra nelas. Acredito que a conexão com a arte suprime um pouco a culpa reprimida.
Conforme os sonhos vão progredindo, vai aparecendo também um sentimento de medo, com a aparição das nuvens de radiação no antepenúltimo sonho, e dos demônios, no penúltimo sonho.
Adorei esse conceito de que os demônios na mitologia japonesa são imortais para poderem sofrer eternamente, enquanto os humanos podem morrer e reencarnar.
Já o ultimo sonho é catártico, maravilhoso. É sobre paz, calma, morte e ligação com a natureza. Se passa num vilarejo sem luz elétrica, com diversos moinhos de agua em riachos calmos. Enquanto o sonho vai passando o protagonista descobre que está acontecendo um funeral, porém é uma parada musical linda, uma celebração da morte com alegria e paz. Como não gostar desse filme? = )
Rashomon
4.4 301 Assista Agora"A verdade não existe e ninguém é de confiança."
Nostalgia
4.3 185Esse filme é lindo apesar de angustiante. É muito profundo apesar de, em alguns momentos, muito abstrato. Acredito que pelo diretor estar falando sobre coisas que ele mesmo não tenha a resposta o filme fica muito aberto a interpretações, e dá espaço para interpretações de conotações "acidentais" e que talvez não fossem o que diretamente o diretor estivesse querendo descrever.
De qualquer forma, o que eu compreendi da mensagem que me alcançou foi que o protagonista está sofrendo com a nostalgia de estar longe de seu pais nativo. Essa desconexão com a Itália (pais que está morando) vem da minha interpretação de quando a Eugenia, interprete Russo-Italiano que o está acompanhando, diz que está lendo um livro de poesias Russo, e o Andrei (protagonista) a pergunta "está em russo o livro?", ela diz que está traduzido para o italiano, e ele fala que então não tem valor algum. Que é impossível de se traduzir a essência estrangeira russa, tem uma barreira de comunicação entre o que se quer dizer, e o que dá para ser interpretado na outra língua. E ae entra conotação, Andrei é um russo vivendo na Itália e ele tem grande dificuldade de se conectar com qualquer um, quase como que se a consciência dele não alcançasse ninguém por algum espaço que existe entre tudo o que ele é como pessoa e as pessoas que ele tenta se conectar que tem uma natureza diferente pois são culturalmente diferente. A Eugenia indaga "Como posso então interpretar corretamente Tolstoy? Puchkin? E outros artistas maravilhosos?" Andrei: "É preciso quebrar todas as fronteiras."
Eugenia é uma mulher italiana que fala russo e que parece ter um certo desespero em não estar conseguindo se conectar com nenhum homem. Aos poucos que ela vai revelando essa angustia dele de solidão.
Enquanto isso Andrei passa se interessar bastante por um "louco" local que alguns anos atrás aprisionou a família por quase 7 anos dizendo que queria salva-los da perdição da humanidade (O que deixa a Eugenia nervosa por se interessar mais por um doido do que por ela). Andrei se interessa até demais, acredito por causa da situação da Rússia, das fronteiras russas que aprisionam quem está lá dentro por medo do contato com as culturas estrangeiras. (Esse filme é de 1983, a Rússia ainda estava fechada economicamente na época, e era crime sair do país.)
Andrei diz "o que é um louco, se não uma pessoa na qual as outras deixaram de conseguir se conectar e entender suas motivações".
Em suas conversas com o "louco" Domenico, ele pede para que Andrei salve a humanidade ao andar com uma vela acesa de uma lado da "piscina" até o outro sem deixar a chama apagar. (kkkkk) (mas isso vai ter uma grande importância mais para o fim) E, também, na casa de Domenico tem um desenho na parede que diz "1+1=1" e ele explica que se você juntar uma gota de agua com outra gota de agua, você fica com uma gota de agua. Essa parte as interpretações vão longe, mas acredito que seja sobre ideias e consciência que o diretor esteja falando, que não se dá para somar esse tipo de coisa, e nem se conectar individualmente com cada parte.
No fim do filme, Domenico sobe em uma estátua e começa a fazer um discurso dizendo da falta de conexão que existe entre as pessoas, e as pessoas que estão ao redor, nem ligam, e se reparar bem, as pessoas não se tocam, cada uma está a alguns passos de distancia da outra, uma imagem bem expressionista. Então ao fim do discurso, Domenico ateia fogo em si, e a única criatura que se desespera com o ato é o seu cachorro, o resto das pessoas nem reagem.
Simultaneamente a isso, Andrei decide voltar para Rússia, quando tudo está pronto para voltar, ele acaba pedindo para adiar o voo pois tem uma tarefa a fazer. Ele vai na terma(piscina) tentar levar a vela acesa de um lado para o outro. E isso tem uma interpretação interessante, ele tentou se conectar com Domenico por meio da ideia do Domenico, que certeza que ele teria que Domenico não estava certo só porque a ideia parece ser muito estranha, de andar com uma vela. E ao tentar, isso honra a tentativa de se conectar com outra pessoa.
Achei um ótimo filme, porém muito introspectivo e abstrato. Lindo.
Andrei Rublev
4.3 131Engraçado como que esse filme e o "Sétimo Selo" do Bergman se complementam.
Andrey Rublyov se depara em diversos momentos com situações em que a punição de Deus parece ser severa demais contra atos vindos intrinsecamente da natureza humana. Como o bobo da corte ser punido e violentado por simplesmente estar fazendo piadas "pesadas" para trazer um pouco de alegria na vida desgraçada das pessoas.
Conforme a estória prossegue, Andrey, passa a duvidar dos atos da humanidade, e da impunidade que existe em alguns momentos, em algumas circunstancias. Como quando o exercito invasor consegue entrar na igreja (que estava trancada e abrigando pessoas inocentes), e matam os plebeus que estavam se refugiando dentro.
E na parte final, que a igreja está destruída há algum tempo, nota-se a falta de esperança e o pesar na vida das pessoas. Até que encontram o sino da igreja soterrado. Quando suspendem o Sino nos alicerces de madeira do que virá a ser a nova igreja, e tocam ele pela primeira vez, é como se a fé do Andrey fosse reacendida. A igreja é uma necessidade na vida dos perdidos. Então o Andrey Rublyov aceita pintar a nova igreja (que ele estava relutante em pintar a igreja anterior, pois pediam para ele pintar o apocalipse, para conquistar a fé das pessoas por meio do medo), e agora ele pintará a estória dessa igreja, e como ela pode servir de refugio para os que perderem a fé nos atos cruéis da humanidade.
Muito interessante como a arte da pintura e a fé do personagem se misturam e se complementam, e evoluem com a vida dele.
Achei melhor que o Sétimo Selo, mas esse filme é loooooongo.
A Infância de Ivan
4.3 155 Assista AgoraInteressante como as cenas dentro dos sonhos do Ivan são lindas, leves e surrealistas. Mas quando ele acorda e o filme volta pra realidade, parece que tem algo errado com a realidade. Muito opressora e sem casualidade. Muitas vezes sem sentido.
A cena do menino revelando todo o ódio e amargura dele contra o exercito inimigo e que ele não liga de morrer se for ajudando a derrotar o exercito nazista é de cortar o coração.