Depois de assistir essa obra maravilhosa do Darren Aronofsky, fica difícil organizar as palavras e os pensamentos para escrever. Faço dessa crítica uma forma de agradecimento.
Dareen reconta uma antiga história, nos mergulhando em uma atmosfera sombria e proposital, com sua narrativa provocativa, explícita e cheia de metáforas. Mãe se demonstra de difícil de digestão, comprovando que Dareen vai muito além da superfície de sua história, o que deixa claro sua criatividade e talento.
Tudo gira em torno da personagem de Jennifer Lawrence e a escolha se mostra um acerto. Logo, a obsessão sobre a personagem é vista, tendo poucos momentos em que não é o foco da câmeras. Sabendo disso, a atriz sabe se comportar desde os momentos de pureza/desconforto, até os de explosão e terror. Que Jennifer Lawrence continue crescendo como atriz, porque potencial e talento ela tem.
Mãe apenas exemplifica o quanto não somos auto importantes, entramos em uma casa acreditando sermos donos, mas no fim somos apenas visitantes sem bons modos. A crítica ambiental é uma belíssima surpresa, a deterioração e crueldade que é muitas vezes ignorada, mesmo que a natureza seja nosso ponto de nascimento, descobrimento, crescimento e evolução humana. É nela que aprendemos sobre a beleza única da vida, assim como através de atitudes e histórias nos permitimos acreditar que somos donos e podemos abusar ao máximo dela.
Ela nos acolhe, com desconforto e medo, porque nós como criação não sabemos o limite ao receber uma boa recepção. Assim como a natureza aguenta tortura, ela sabe revidar em um mundo que é feito apartir dela. Nunca estaremos preparados para aguentar sua fúria e rezamos que em meio ao caos, ela não morra e reinicie o processo de restauração da vida.
Em que momento da mente humana, nos perdemos, a ponto de acreditarmos que temos um direito absurdo sobre tudo que habita aqui? Nós classificamos como humanos pensantes e inteligentes, enquanto são os animais que sabem o seu lugar, até onde usufruir e como dar devido valor para onde vivem.
A metáfora da mãe natureza também se encaixa sobre a mulher e o quanto de dor e repressão ela pode sofrer. A crítica sobre machismo é singela, mas representa o quanto as ideias fanáticas e conservadoras causam impacto. São pequenas críticas sobre atitudes humanas, mas necessárias.
Javier Bardem(o poeta) tem uma atuação que em poucos momentos exige uma carga dramática maior, mesmo assim consegue deixar imposta toda a essência fria, egocêntrica e misteriosa do personagem.
Seria Deus um ser egocêntrico e cego diante do amor/obsessão da sua criação? É mais do que evidente a vontade do personagem em ser importante e em demonstrar que o mundo gira em torno dele. É tudo sobre ele.
Alguns pontos: I. Mãe em certo momento diz que Deus não a ama, mas sim o amor que ela tem por ele. Ela doa tudo que tem de si mesma e não é o suficiente, o que serve como metáfora para a relação entre humanidade e natureza.
II. Deus em seu final, deixa claro a forma abusiva que trata a mãe natureza, deixando ela presa na ideia que foi feita para ser compartilhada, abusada, explorada e machucada. A mãe natureza não tem vontade própria, pode aguentar uma surra e até mesmo revidar, mas no fim é apenas um presente dado para nossa humanidade. É por isso que muitos rezam para Deus e viram a cara para a mãe natureza.
Essa ideia que somos auto importantes seria reflexo de algo antigo? Seria Deus uma imagem da humanidade?
A falta de força e carga dramática no personagem, acontece também com Ed Harris(o médico) e outros personagens. Não é um ponto negativo.
Adão é o personagem imposto como fã de Deus e seu respeito/submissão sobre ele é bem evidente. Diferente de Eva que é indisciplinada e curiosa, Adão respeita sua casa de certa forma.
Porem temos mais elogios ao elenco feminino, contando com Michelle Pfeiffer que está incrível em sua personagem provocadora, misteriosa, curiosa e desconfortante, fazendo com que sua presença na casa seja ainda mais incomoda.
A representação de Eva é condizente com sua descrição através da Bíblia, mesmo que a moldagem da história do filme pareça um pouco diferente. A submissão de Eva é muitas vezes vista na personagem, dando dicas de como agir e se vestir para o homem, e exercendo a ideia que é preciso ter um filho para segurar um homem(ou Deus) e um relacionamento. A curiosidade de Eva sempre foi ponto vital da personagem e isso é bem colocado na historia, principalmente no momento que ela e Adão entram onde não deveriam e quebram o item fundamental da casa.
A crítica é sobre a forma como lidamos com figuras e ídolos sagrados, o fanatismo e a obsessão pela cultura religiosa, onde seus impactos são deixados de lado. Não esquecendo a belíssima e forte crítica ambiental. Mother nos entrega um produto em processo de deterioração, aberto para discussões interessantes, perguntas e visões completamente diferentes/únicas.
Desculpa mãe, por estar presa em sua própria casa, com visitantes sem bons modos.
Jogo Perigoso apenas reflete uma realidade assustadora, trazendo uma reflexão sobre dor, medo e força que acontece no corpo, coração, mente e alma daqueles que são atingidos pela crueldade, repressão e moldagem de outros.
[Pode conter spoilers aleatórios, cuidado] O caminho da história é tão cruel com Jessie, quanto é com seu público, punindo ambos com o tormento real e as inúmeras alucinações e flashbacks, que se dividem entre aterrorizantes, tristes e comoventes. A direção merece grande elogio por conseguir nos manter interessado, mesmo com uma atmosfera tão sufocante, talvez seja porque chegamos ao ponto de nós importar e torcer pela protagonista que precisamos ver o caminho que ela vai percorrer.
No momento que entramos com a protagonista naquele quarto, não saímos de lá, estamos presos e presenciamos sua dor, as unicas válvulas de escape sao as que nos levam a conhecer seu passado, ainda mais torturante que o presente.
É nesse mergulho profundo ao passado que a história de Stephen King e a direção nos levam a experimentar diferentes tipos de sensações, nos mostrando uma perspectiva da quantidade de abusos que uma mulher pode sofrer e tolerar durante sua vida.
Mesmo que a história seja contada através de uma perspectiva masculina de Stephen King e Flanagan, a narrativa é uma auto-reflexao para abrirmos nossos olhos e não ignorarmos que essa ficção é sobre uma realidade de muitas mulheres/pessoas.
Claro, que todo o excelente trabalho não seria possível sem Carla Gugino que merece elogios do começo ao fim, entregando uma atuação digna e incrível. Além de carregar o filme inteiro sozinha nas costas, com sua direção e história impecável feita por King, consegue entregar uma personagem unica, que equilibra coragem e vulnerabilidade.
A cena que a Jessie tem que se cortar com o copo é muito pesada, me fez tampar os olhos, mas seus gritos e sua dor eu escutei. Foi difícil.
A palheta de cores, fotografia, edição e elementos que a direção usou para introduzir na história deixam a estética com uma beleza única. É um presente ver nossa arte do cinema ser tão bem representada, nas mãos de quem sabe o que está fazendo.
Mesmo com uma história tão pesada e profunda, o que eu vi do começo ao fim foi uma incrível adaptação, que além de me causar emoção e desconforto, deixa claro que eu nao vou conseguir esquecer tão cedo o que presenciei naquele quarto.
Essa história não é simplesmente sobre uma mulher lutando para sobreviver. É sobre uma mulher que em meio de uma luta contra medos, se dá conta que já estava algemada há muito tempo pelo machismo que percorre seu caminho da infância até a vida adulta.
Em um momento algum da vida temos direito sobre o corpo, mente ou alma alheia, independente dos tipos de relações sociais, familiares ou amorosas que exercemos. Então é muito triste que continuamos presenciando esses atos criminosos, torturantes e nojentos em nossa sociedade, sabendo que a vítima leva esses momentos de violação de seu corpo, mente e coração até o fim de sua vida.
Nascemos com nossos corpos livres de algemas, por favor, respeite isso.
Com profunda tristeza deixo claro que Jogo Perigoso é muito mais sobre realidade, do que ficção. Não feche os olhos.
Poeticamente estranho e belo, Os Sonhadores quebra a barreira entre sonho e realidade, e nos afunda em uma belíssima homenagem ao cinema. Assisti-lo é aprender mais sobre arte, vida e ate sobre nos mesmos.
1968. 2017. "Onde uma revolução começa? Todo tipo de revolução popular é válida? Até que ponto uma ideologia de outra pessoa é aplicada a nós? Botamos palavras de outros em nossas bocas? Rebelar faz parte do humano? É questão de moda de uma geração?"
A conversa sobre revolução é bastante suave e quase imperceptível, levantando diferentes de perguntas, sobre um assunto que ainda é atual. As respostas de algumas perguntas -talvez- sejam respondidas, quando a rua invadir o quarto.
Nas primeiras filas do cinema é onde encontramos nossos três personagens centrais e ate difícil imaginar o quanto vamos torcer por eles ao longo da sua historia. Longe de todo preconceito ou repulsa que eu poderia ter, os acolhi e aceitei a beleza nessa estranheza toda. Caminhando na direção oposta, não senti nojo ou qualquer outro sentimento semelhante sobre a relação incestuosa dos irmãos. O incesto é muito mais poético do que carnal. Existe uma conexão, que torna os dois em um só, como se fosse um medo de se tornarem pessoas distintas, amadurecer ou encarar a realidade do mundo.
Em uma bela casa o diretor faz uma viagem pelos corredores, cozinha e quarto, nos apresentando um ambiente que evoluirá a relação desse triangulo amoroso e as consequências da intimidade, é nessa abertura, que o lado mais enigmático de cada um é revelado. Nessa atmosfera de Theo e Isabelle, Matthew é recebido, a sexualidade é exposta e com naturalidade. No entanto, em segundo plano existe o prazer da auto descoberta pessoal de Matthew e o descobrimento sobre novas coisas, que por um instante, deixa suas questões antigas e conservadoras para trás.
Observações com spoilers e para diminuir o tamanho do texto:
Personagens: Entre os personagens centrais, Isabelle é a mais interessante e complexa, nos gerando duvidas sobre sua consciência frágil, enquanto conhecemos seu lado de devaneio. Quando Matthew enxerga os dois como pessoas distintas, vemos o medo da personagem aflorar e o conflito gerado entre o trio amoroso é perceptível.
Sem contar que a personagem nos presenteia com grandes cenas, exemplos: - A cena lindíssima do fim de sua virgindade, logo depois a cena do beijo com sangue. Nojento? Talvez. Mesmo assim, continua sendo uma das cenas mais lindas e corajosas do cinema. - Ela montada de Venus de Milo é uma cena sem explicação, extremamente incrível. - Ela executando o suicídio, logo depois de encontrar o cheque de seus pais. Ainda bem, que a rua invadiu o quarto.
Theo é um traço muito bem colocado para representar a politica, discutindo com o Matthew e ate com seu pai. Observação: as colocações e pensamentos do pai de Theo são incríveis, possuindo frases marcantes, mesmo em curto período de espaço.
Matthew ao meu haver é um ponto de metáfora para a realidade. Mesmo que mergulhados na mente do outro, os três se tornam dois. Theo e Isabelle são apenas um e não há nada que os faça separar, fazendo de Matthew um elemento secundário desde o começo, sem nenhuma interferência significativa neles.
A fotografia e as colocações de cenas cinematográficas em sua estrutura deixam o filme ainda mais nostálgico e belíssimo. De fato, a historia conversa sobre muitas coisas, cenas, frases, olhares e etc que nos dão esse espaço para termos duvidas, em um final quase aberto é função do espectador fecha-lo como quiser.
Existe essa competência extrema do diretor e roteirista de nos apresentar metáforas profundas e complexas, que com grande mérito, consegue tornar essa homenagem ao cinema ainda mais bonita. Sem contar as brilhantes atuações do trio, com grande enfase em Eva Green que desde que apareceu, despensa elogios. Talvez não seja uma obra de grande aprovação popular(não sei), mas é inegável que em contexto geral todo o seu conteúdo é uma bela peça para estudar e dissecar. Não posso compreende-lo e limita-lo apenas como amostras sexuais poéticas, é muito alem disso.
Acredito que "Os Sonhadores" não quer provar nada, apenas nos dar liberdade para desenvolver nossas próprias interpretações sobre os personagens, amor, poder, politica e cultura. No fim, ao meu haver, a obra é sobre consequências quando escolhemos entre sonhar ou viver a realidade.
Em tempos sombrios, Moonlight trás uma submersão profunda sobre a vida e o impacto que o ser humano esta causando no próximo. É um alerta, para conhecer o ser humano como ele é, não como você quer que ele seja. Se não pode amar ou respeitar alguém por suas diferenças pequenas, vá viver sua vida sob a luz do luar.
Chiron não é apenas um personagem, ele fala por todos aqueles que em suas vidas foram perseguidos por outras pessoas, se isolando e se perdendo em si mesmo. É um personagem de poucos palavras e um silencio enorme, mas seus olhos gritam desespero, solidão e dor. Sempre dizendo "estou bem", enquanto algo ali no fundo dos seus olhos suplica por ajuda, carinho, respeito e amor. Pessoas não nascem quebradas.
O roteiro misturado de dor, luta e silencio não nos poupa ao falar diretamente sobre o impacto que um ser humano causa no outro. É em profunda tristeza que encaramos o quanto não se trata apenas de uma ficção, mas sim de uma realidade sombria que algumas pessoas vivem todos os dias, mas sem câmeras, roteiros ou edições.
Moonlight não é apenas sobre sexualidade, mas também sobre: solidão, deslocamento, impacto humano, enganação, bullying e etc. É sobre uma unica verdade que a maioria das pessoas esqueceram: Somos todos humanos, ainda que nossas cores ou sexualidades sejam diferentes. E que nossas pequenas diferenças também precisam de amor e respeito.
Acredito que Moonlight trás uma perspectiva do quanto as pessoas deixaram de conhecer como o ser humano é em seu interior, para se prender agressivamente nessas diferenças pequenas como cor, sexualidade, religião, raça e etc. Em uma diversidade complexa e linda que o ser humano é em seu interior, ainda me pergunto o porque das pessoas serem tão obcecadas pela sexualidade ou cor alheia. O erro não esta na diferença do próximo, mas sim acreditar na ideia de que existe um padrão humano. Não existe. Somos quem devemos ser. Livres. Únicos.
Aspectos técnicos: antes de tudo, Moonlight trás representatividade com um elenco impecável de atores negros/negras, mas não entenda que a temática aqui imposta é só para aqueles que ali foram representados... Não! É para todas as cores e pessoas que são caçadas por serem quem são. A fotografia é deslumbrante, assim como a trilha sonora, que transmite tudo o que filme quer dizer. Muitas vezes a sonoridade é sufocante, angustiante, assustadora.. mas sem perder sua leveza.
O longo e cansativo caminho do nosso querido personagem, termina em um final cru, que em toda sua simplicidade deixa claro um suspiro de alivio de uma criança que passou a vida inteira querendo ser amado por quem era. Não importa o quão adulto nos tornamos, aquela criança que já fomos ainda estará conosco, em alguns com uma força mais forte e em outros quase inexistente. Não sabemos qual sera agora o caminho do personagem, deixando claro o quão a vida é enigmática, mas é bom ver que aquele personagem que seguimos foi tocado com carinho mais uma vez por alguém.
Ps: Esta tudo bem, você é importante e é aceito. Não peça desculpas por existir.
Mahershala Ali venceu o premio de melhor ator coadjuvante no SAG Awards por sua atuação em Moonlight e ainda nos presenteou com um discurso lindo:
"O que eu aprendi trabalhando em Moonlight é que você vê o que acontece quando se persegue as pessoas. Elas se dobram dentro delas mesmas. Eu agradeço a oportunidade de interpretar Juan porque foi como interpretar um cavalheiro que viu um jovem rapaz se fechando nele mesmo, como o resultado da perseguição de sua comunidade, e aproveitou a oportunidade para elevá-lo, e dizer que ele importa, que estava tudo bem e que ele era aceito. E eu espero que nós façamos um trabalho melhor nisso.
Nós ficamos presos nas minúcias, nos detalhes que nos tornam diferentes. Acho que existem duas maneiras de olhar para isso... Existe a oportunidade de ver a textura daquela pessoa, as características que a fazem única, e existe também a possibilidade de entrar em guerra por conta disso. Minha mãe é pastora. Eu sou muçulmano. Ela não deu pulos de alegria quando eu contei que me converti, 17 anos atrás. Mas eu digo a vocês agora: nós deixamos isso de lado. Eu sou capaz de vê-la, e ela é capaz de me ver. Nós nos amamos, o amor cresceu. E aquela diferença é minúscula, não é importante."
Estrelas Além do Tempo venceu o premio de melhor elenco no SAG Awards e Taraji ao lado de suas colegas -emocionadas- de trabalho fez um discurso lindo:
"Este filme é sobre união. Estamos aqui como atores orgulhosos, agradecendo a cada integrante desse sindicato incrível por votar em nós, por reconhecer nosso trabalho duro. Mas nos apoiamos nos ombros de mulheres que são três heroínas americanas: Katherine Johnson, Dorothy Vaughn, Mary Jackson. Sem elas, não saberíamos como chegar às estrelas. Essas mulheres não reclamavam sobre seus problemas, suas circunstâncias, os problemas. Todos nós sabemos o que estava acontecendo naquela época. Elas não reclamavam. Elas focavam em soluções. E assim, essas mulheres corajosas ajudaram a colocar o homem no espaço. Não podemos esquecer dos homens corajosos que também trabalharam com a gente. Que Deus dê descanso a sua alma em paz, John Glenn. Esta história é sobre o que acontece quando colocamos nossas diferenças de lado e nos unimos como raça humana. Nós vencemos, o amor vence, todas as vezes. Muito obrigada por valorizar o trabalho que fizemos. Muito obrigada por valorizar essas mulheres. Elas já não são figuras escondidas. Obrigada."
Anota aí: "Esta história é sobre o que acontece quando colocamos nossas diferenças de lado e nos unimos como raça humana. Nós vencemos, o amor vence, todas as vezes."
Assim como Historias Cruzadas teve grande importância, Estrelas Alem do Tempo me trouxe o mesmo orgulho. É realmente importante esse tipo de historia real ser contada, é humana e relevante, mas também é triste saber que o racismo-preconceito ainda existe... Talvez não em uma forma tão brutal como antigamente, mas ainda corroendo e machucando pessoas. Nossas cores são lindas, mas jamais serão parâmetro para definir caráter, capacidade, inteligencia, bondade, maldade e diferentes questões humanas.
O passado de extrema segregação racial e maldade só serviu para mostrar o quão uma massa humana consegue ser cruel. Imagina banheiros, locais, bebedouros e diferentes coisas diferenciados por questões de cor... Não consigo me colocar no lugar de ninguém, muito menos imaginar tamanha repressão e dor, apenas sentir vergonha e nojo de uma cor se achar superior a outra.
Estrelas Alem do Tempo apesar de um ou dois problemas, entrega algo digno para se admirar, compartilhar e mostrar para pessoas o que é definição de luta, entrega, empoderamento e capacidade. O aprofundamento das personagens principais é impecável, dando bastante destaque as atrizes Octavia Spencer e Taraji P. Henson, mas a novata Janelle Monae nos mostra que não entende só de musica, mas que também consegue causar boa impressão em sua atuação. Elenco inteiro esta de parabéns.
Acredito que são poucos cenas e atuações que conseguem tocar profundamente uma pessoa, mas o que Taraji P. Henson fez na cena onde esta toda ensopada da chuva foi algo simplesmente surreal e incrível. Eu realmente não consegui segurar minhas emoções, meu coração quebrou, me fazendo chorar ate soluçar.
"- Não tenho nada contra você. - Eu sei. Sei que você provavelmente acredita nisso."
Sem generalização, esse dialogo serve para uma certa parte da sociedade. EUA, Brasil e outros países podem sentir o gosto do sangue na boca depois de levar um tapão desses. Querida parte da sociedade, eu sei que você acha que é um jogo sobre vitimização, mas na verdade é sobre caráter, igualdade, respeito... e você esta perdendo.
Pode ser apenas três historias de três mulheres negras para alguns, mas eu consigo imaginar a influencia que elas causaram para outras pessoas de sua época, de outras gerações e do nosso presente. É uma historia de empoderamento, representatividade, luta, inteligencia e respeito que não se deve ser escutada ou admirada só pelos negros, mas sim por todas as cores.
Todo ganho em pro ao respeito e igualdade beneficia nossa realidade, parece não gerar tanto impacto em sua vida e sonhos, mas ainda assim é importante. Nosso mundo se torna melhor a cada vez que um ser humano luta e supera obstáculos colocados pela vida ou na maioria das vezes pela sociedade, nos mostrando que amor, inteligencia, luta e sucesso pessoal não são propriedades baseadas em cor, sexualidade, religião e etc. São baseadas no interior humano.
Você é o que seu caráter diz sobre você. Mais amor, empatia e respeito.. para cada vez mais nos tornarmos estrelas alem do tempo.
A Onda trás consigo uma ótima analise sobre o quanto uma parte da geração pode se deixar ser corrompida, usando de uma ideologia que parece confortável, mas que se torna fascismo. A critica não é nada doce, a ação é coletiva, mas os efeitos do fascismo são individuais. Atacando cada ser de um modo diferente. Aqueles seres pensantes deixam de pensar, se levam a acreditar na ideia do coletivo de forma superior, excluindo a individualidade e atacando toda a oposição que é gerada sobre eles.
O filme retrata muito bem as questões humanas dentro da ideologia que foi escolhida, como solidão, ego, superioridade, egoismo, cegueira e falta de questionamento sobre as coisas, manipulação, extremismo, negação, a individualidade de alguns personagens e diferentes outras questões.
Mona e Karo talvez sejam as alunas mais conscientes, ao mesmo tempo que transparecem individualidade, revidam essa ideia nos provando que elas estão mais preocupadas com os integrantes da Onda, do que os próprios. A ideologia gera desconfiança desde o primeiro momento que é imposta em aula, pelo menos eu senti isso, talvez seja porque esteja em minha ideologia desconfiar e questionar os atos humanos e suas ideias.
O mundo já sofreu e sofre com diversas ideologias toxicas, seja na politica, religião ou pessoas da sociedade. É fácil de ver que o fascismo não morreu, ele ainda existe, esta impregnado em grande parte da sociedade... é um verme, alimentado todos os dias, sejam em pequenas atitudes ou em grandes discursos.
"Os ditadores nunca são tão fortes quanto dizem ser. O povo nunca é tão fraco quanto pensa ser." - Gene Sharp
Hitler, Pol Pot, Hideki, Gensis, Chiang, Leopoldo II, Tseu, Kublai, Josef Stalin, Mao Tse-Tung, Osa Bin Laden, Cristianismo, Bolsonaro, Donald Trump, Temer e etc. O que todos tem em comum? Ideologia perigosa. Alguns foram ensinados, mas todos foram alimentados a cada aplauso, apoio e falta de questionamento/desconfiança de seus milhares de seguidores. Nenhum exigiu seu lugar no poder, mas foi guiado e colocado lá. Nenhum ditador/odiador é forte ate ser alimentado todos os dias, com atenção 24 horas por dias, fanatismo e morte/dor de quem se impõe sobre sua condutada. É triste, mas real.
O fascismo tá aqui, na politica, religião, internet, ali na casa do vizinho, nas escolas e andando por aí.... Sempre acreditando que fascismo e ideologia são a mesma coisa. Acreditando que sua ideologia é parâmetro para todos, precisando alimentar seu ego e provar pra si mesmo a qualquer custo que esta certo. A culpa não é só de quem tem fome, mas também de quem alimenta.
Desconfio e questiono qualquer ideologia que procura no extremismo, favorecer um lado e atacar outro sem ser parcial com todos que vivem nele. Questiono qualquer coisa que exclua indivíduos, faça não acreditar na individualidade e pensamento próprio, tentando impor que devemos seguir e não caminhar lado a lado com opiniões diferentes/iguais, procurando um bem maior para todos. Desconfio de qualquer pessoa que venda uma ideologia aparentemente boa, mas do lado se contradiz, atacando e desrespeitando outra pessoa. Desconfio e questiono, não pra alimentar meu ego, mas por acreditar que tenho direito.
É engraçado que não são apenas os alunos da Onda que são manipulados, mas também o professor, enquanto preenche seu ego, se torna cego por sua arrogância e falso poder. É na ultima cena que o professor realmente acorda, antes dos créditos, a expressão de surpresa e o sopro de realidade é evidenciada em seu rosto. Fico imaginando o que aconteceria se desde o começo, o papel de líder do grupo A Onda estivesse nas mãos de um aluno e não do professor, provavelmente o caos seria ainda maior.
O filme trás muitas informações e te faz pensar sobre muita coisa, mas como meu comentário já se tornou uma bíblia, só quero dizer mais isso:
A Onda é um aviso, devemos saber que um governo bom não surge do nada, ele é lapidado por anos e talvez nunca chegue a ser um diamante. É preciso saber que o bem não se concentra em apenas uma pessoa e o mal não é limitado apenas a certo partido/politico, tudo é distribuído. O ser humano é infinito, não limitado, seja em seu lado mais doce ou sombrio. Tudo é questionável, se mantenha acordado e alerta. Conheça antes de aplaudir e caminhar ao lado de alguém, tenha cuidado com uma ideologia que impõe autoridade, extremismo, exclusão, desrespeito, preconceito e etc.
É importante não fechar os olhos/ouvidos para as ideologias alheias, assim como é preciso acabar com o fascismo abusivo e agressivo. Não sou inferior para ser calado, não sou superior para não escutar. Eu quero ver todos os documentos, pesquisas, conversar e realmente tentar entender... Se isso for bom e ajudar a melhorar minhas crenças/ideologias, eu vou caminhar do seu lado, sempre alerta e pensante.
The Neon Demon retrata superficialidade com superficialidade, maquiando um roteiro com o que é mais importante no mundo da moda: beleza. No mundo da moda, a beleza não é tudo, é a unica coisa. O diretor merece muito mérito por seu trabalho incrível de fotografia e todos os elementos de arte, em um roteiro que utiliza poucas palavras importantes, mas muito beleza e simbolismo.
Não vejo muito problema em o roteiro parecer "superficial", se encaixa de algum modo em seu tema, onde a beleza exterior conta mais que sua essência interior. Acredito de algum modo que algumas cenas dizem/mostram algo, que talvez não captamos de primeira por causa da beleza deslumbrante, luzes fortes, palheta incrível de cores, elenco, cenas conduzidas com uma fotografia de tirar o folego e trilha sonora... Somos facilmente hipnotizados.
Podemos perceber que o diretor trabalha com vários assuntos, desde o padrão de beleza, a juventude corrompida, sexualidade, necrofilia, canibalismo e pedofilia/estupro. Todos os assuntos não possuem a mesma profundidade, mas se encaixam, em mundo real e fantasioso como o da moda... Sem deixar de evidenciar do belo ao mais sombrio do lado humano.
O titulo The Neon Demon me faz achar que esteja relacionado ao elemento químico Ne, um dos gases nobres e que existe no ar em pequena quantidade, o mesmo que a beleza(nobre e em pequena quantidade no mundo) da personagem central. Demon talvez seja pelo perigo que a personagem transmita as suas concorrentes, logo ela é o Demônio de Neon, iluminando o local onde esta e roubando todos os olhares.
Alguns "Q" a mais, spoilers, coisas que pensei e etc:
A frase "the wicked die young" do poster: a beleza e juventude de Jesse era considerada maldosa pelas outras personagens, parecendo insensível e causando desconforto. Logo, morreu jovem.
Cena inicial: a personagem Jesse já começa o filme fazendo um ensaio onde aparece assassinada, com sangue escorrendo, que já trilha seu infeliz destino.
Cena do banheiro: existe uma pergunta "você é sexo ou comida?" que já trilha o infeliz destino de Jesse, ao negar ser sexo, se torna comida.
Tigre no quarto: em algumas culturas o tigre simboliza perigo e crueldade. O motel era extremamente perigoso e cruel, onde garotas menores de idade(maioria, acredito) sem muito dinheiro e vários sonhos, viviam perto de um personagem pedófilo e estuprador.
Triângulos: lembra o Valknut(o qual é entrelaçado e chamado de No dos Enforcados), que simboliza a morte e seus mistérios. Os triângulos podem simbolizar as três personagens assassinas.
Os olhos de Jesse: nas primeiras cenas eu vi que constantemente a personagem pisca, enquanto as outras personagens/modelos tem seus olhos parados e vazios, com nada que diga que são humanas. Estão no piloto automático. Isso muda conforme a andamento, depois temos uma personagem extremamente robótica, vazia e com um ego que se sobressai.
Desfile com o show de luzes/som: é nesse momento que vemos a personagem Jesse parece sofrer uma mudança, onde alguns pensamentos e partes de sua personalidade são "quebrados". Ainda nessa mesma cena, temos repetidos beijos em si mesma, deixando claro o extremo amor próprio, que logo se tornara arrogância incontrolável.
Necrofilia e canibalismo: enquanto o canibalismo não nos causa tanto impacto por não ser tão posto em tela, a necrofilia nos trás repulsa e nojo.
Cena dos créditos: parece não encaixar no resto do filme, mas em determinado Gigi pergunta a Jesse como era ser o sol em um local frio... Assim Gigi é o oposto, caminhando de jaqueta no chão de barro seco pelo sol.
Mesmo que todo elenco trabalhe bem, Elle Fanning e Jena Malone são duas atrizes incríveis e ganham mais pontos, porque enquanto Elle transmite beleza, inocência e ego de forma maravilhosa... Jena entrega uma atuação assustadora, com falsidade e raiva no olhar.
No fim The Neon Demon é sobre parte de uma geração e como ela pode se tornar desesperada sobre como criar uma ilusão do que é perfeito, para o cumprimento final aos olhos dos outros. A obsessão de uma ilusória promessa, vida cumprindo o esperado. E você, é comida ou sexo?
Poético e alucinógeno, My Beautiful Broken Brain nos entrega a estabilidade humana corrompida em fração de segundos e o quanto isso reflete em questões como luta e adequação.
A vulnerabilidade humana muitas vezes pode ser considerada um fracasso, mas no fim é apenas uma forma para mostrar um lado que você não esta acostumada, um lado o qual não se preparou porque tudo sempre era estável. Quando essa estabilidade se corrompe, procuramos voltar a ser quem eramos, mas a vida não se trata de procurar resgatar o passado... mas sim, de adequar nosso presente e futuro. Se trata de nos adequarmos as nossas deficiências, fraquezas e vulnerabilidades, e com certeza Lotje chegou no ápice da identidade humana. Um ápice onde ela entende o quão forte é, e aceita toda sua vulnerabilidade... deixando de resgatar seu eu antigo, para se entregar ao seu novo eu. É sufocante ver o quanto Lotje se perdia em tal realidade misturada com ilusão, suas pausas rápidas e as vezes longas, praticamente sempre perdida em seu eu antigo. É também angustiante sentir a fúria dela sempre procurando resgatar tudo aquilo que ela era antes do trauma, mas pequenos lapsos sempre a afastando mais e mais.
"É aqui onde eu aprendo sobre a vulnerabilidade e força humana, e do que o ser humano é feito... É feito por dentro."
Lotje e assim como milhões de pessoas vivem com esse brilho magico nos olhos, misturado com um toque sombrio e dolorido, de frente a uma vida nova cheia de possibilidades e ate estradas esburacadas. Nos mostra um redescobrimento forçado perante uma vida que já tinha sido criada... cheia de certezas, verdades e zonas de conforto. A vida é como a historia da Lotje e de outras pessoas... Com um começo, um meio bem longo e o fim que só vai ser importante/um fato quando acontecer.
É nessa fraqueza e força humana que eu me perco, aprendo a reclamar menos e agradecer mais. É nisso que eu acredito: o corpo é falho, mas a essência jamais. Somos feitos por dentro.
Nossas roupas viajam longos caminhos, chegam em lojas de grandes marcas que nos vendem uma imagem que não condiz com a realidade, são expostas em vitrines, bancadas e manequins. As portas são abertas, as pessoas entram e compram, mais do que precisam. A grande maioria não se questiona de onde vem ou do quanto isso afeta as pessoas e a natureza, roupas são compradas com manchas de sangue e suor de pessoas que depositam suas vidas, lutas e necessidades naquilo... sendo recompensadas com pouco e sem nenhuma qualidade de vida ou trabalho....
.... Mas ninguém sabe disso. Ou não se importam. Ou apenas querem comprar.
Não é novidade, mas é apavorante ver quantas marcas não se importam com seus trabalhadores, -primários- e terceirizados, sem qualidade de vida ou trabalho. É são eles, os responsáveis de mais de 97% dessa produção de moda rápida, que enquanto leva um grupo ao topo, empurra outro mais ainda pra baixo. É triste ver o quanto alguém lucra a partir do suor e sangue alheio, sem se importar que seu lucro só existe porque outras pessoas foram exploradas e não tinham escolhas, isso é desumano. A ajuda não vem nem das empresas, muito menos do próprio governo, e os trabalhadores continuam sem escolhas, e suas lutas por qualidade de vida e trabalho são vistas como indiferentes... onde recebem tiros e agressões, ao invés de ajuda. O governo/marca se importa só com o lucro e ignora quem da isso a eles, o povo é importante, mas seu trabalho não é recompensado.
Mas nem tudo é obscuro, no documentário temos provas que ainda existem pessoas que querem lucro, mas sem esquecer da qualidade de vida/trabalho de seus empregados e companheiros em uma jornada de crescimento, tanto como de trabalho, como de vida. É lindo ver os sorrisos daquelas mulheres ao saberem que pelo menos, uma delas, vai viajar a outro pais/cidade pra conhecer pra onde vai seu trabalho, conhecer quem são seus clientes e depois passar isso tudo para as outras mulheres. Parece pouco pra alguns, mas é muito, ser reconhecido é importante.
É extremamente dolorido a parte onde toca "I Want It All", misturando o consumismo e a riqueza fajuta, com o cansaço e falta de qualidade de vida de trabalhadores que entregam suas vidas sem escolhas pra confeccionar coisas para outras pessoas, que nem sabem da existência deles... apenas compram e vão pra casa.
"I want it all... and I'll use you to get it... 'Cause I want it all. When there's nothing left, they'll be nothing left for us to take."
Não estou dizendo que o consumismo é errado, mas sim que questionar e repensar isso... é o certo. Não questionar e ignorar é se tornar condizente. É se tornar cúmplice em um mundo onde o consumismo é em grande parte, sujo. Questione, repense e respeite.
Dilacerador como uma faca entrando em sua pele, e ao mesmo tempo tão esperançoso, puro e cheio de amor. Minhas lagrimas começaram a cair no primeiro ato, na primeira corrida das crianças ate Rocky, o abraçando com toda força e gratidão que um ser humano pode ter por alguém que os ama, acolhe e protege.
Blood Brother quebra todas as barreiras impostas, colocando vidas diferentes lado a lado, mostrando o quão podemos ajudar um ao outro. Mostrando o quanto de esperança e amor pode existir onde a dor aparece de um dia para o outro, um lugar onde alguém pode estar bem e em outro instante, morto. É um lugar onde a vida e a morte caminham juntas, não é poético, é a realidade.
"Eu poderia morar numa casa melhor, com vaso sanitário, ar condicionado... Mas não faço isso por vários motivos. Acho que cria uma separação, como: existe um rei branco, e ele tem tudo o que quer, e eu não posso ter nada daquilo porque sou pobre. Outras pessoas podem aliviar ou medicar seus sofrimentos com dinheiro. Quando você utiliza esses mesmos padrões para si mesmo, acaba forçando seu coração a mudar."
Essa visão não demonstre só ajuda, mas sim uma entrega completa, onde um homem abandonou todas as suas pretensões padronizadas e luxos, forçando sua mente e coração a mudança, assim ficando ainda mais presente na realidade daquelas pessoas e crianças. Ele fez o que achava que deveria fazer, mesmo com medo, não desistiu. Isso tudo define: entrega, luta, esperança e amor. A entrega dele não é só linda, mas sim surreal.
É uma pergunta simples feita para uma criança: O que é amor? A resposta é pensada, mas rápida: Amor é quando tem uma pessoa triste, ai alguém vem e deixa ela feliz.
Assim como Madre Teresa de Calcutá disse: Não devemos permitir que alguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.
É isso que nos diferencia, se não estamos prontos para fazer bem sem olhar a quem, então tão pouco estamos evoluindo nossa mente, coração e alma. Estamos parados em nosso próprio egoismo.
Blood Brother não aborda só a questão da luta de Rocky, mas sim também da ignorância e discriminação que pessoas com HIV sofrem, as vezes ate dentro de sua própria aldeia ou família. Mas como Rocky disse: dai, você vai ver e são apenas crianças. São apenas pessoas. Lutando todos os dias, talvez com medo, mas sem desistir. Fala também de como a morte também precisa de dignidade e paz, não apenas a vida. Blood Brother é um documentário obrigatório.
Recheado de metáforas, com um toque sombrio de ocultismo e satanismo, A Bruxa caminha de forma lenta nos trazendo mais sobre a busca da liberdade... do que nos assustando. O ataque a nossa visão é colocado em segundo plano, dando espaço maior para que a trilha sonora nos sufoque e tente nos desequilibrar.
A Bruxa nos entrega mais sobre liberdade feminina do que nos assusta, ser uma bruxa é ser uma mulher livre, que se permite se ver igual aos outros, tendo conhecimento total de sua sexualidade e liberdade própria.
A fé dos personagens em diferentes momentos é testada e em todos os momentos a fé é corrompida, pelo simples de ser algo forçado, sem vontade e verdade naquilo que pregavam. Não se tratava de algo verdadeiro que fluía em suas almas, mas sim de algo que era obrigatório e irreal, forçado do seu inicio ao fim. A religião controla e os reprime, mergulhando as crianças no isolado cheio de desconhecido, forçando suas mentes ao suposto pecado e ilusão.
A bruxa é o oposto de toda essa religião obrigatória... Sua figura logo mencionada é a força que precisava para derrubar tudo o qual já estava desmoronando. Levando tudo ao chão, demonstrando que não existe força quando se possui fé sem verdade.
No fim, Thomasin se entrega ao bode, que no final das contas, o mesmo é a sua própria liberdade. É nesse momento que ela pode viver sem amarras religiosas e sociais que a prendiam em uma realidade a qual não se encaixa . Pode viver livre.
O filme assim como fala sobre a busca de liberdade total, também reflete muito a questão sobre a opressão. Os animais do inicio ao fim são um ponto forte. Assim como outras metáforas.
1. O bode, é colocado em situação vergonhosa pela igreja, o fazendo parecer o fruto de todo o mal, no fim quando Thomasin se une a ele é porque esta dizendo sim a luxuria e liberdade.
2. O coelho que poderia muito bem fugir, não, ele afronta seu predador. É evidente que o equilíbrio esta sendo renovado, onde a presa perde seu medo e enfrenta seus medos e opressões.
3. O corvo me lembra mudança, assim como possui um toque de morte e vazio. Ele aparece em tempo de mudança, se alimentando do vazio da mãe e trazendo a morte para aquele lugar. A morte é a mudança, é onde o vazio desaparece e trás a liberdade total daquela que precisava.
4. A igreja católica associou a ideia de pecado à maçã, mas esta fruta para as bruxas já era utilizada para feitiços de amor. É uma fruta doce, bonita e desejada por todos. Desejada por Thomasin, assim como por Caleb, o qual sentia desejo em sua irmã porque tão pouco conhecia outras coisas. A maçã é utilizada como instrumento de atração e desejo.
Nenhum lobo é convincente em pele de cordeiro. Coloque-os à prova e todos falharão, imediatamente. O mesmo serve para a sua fé, tão pouco ela sobrevive se não é verdadeira.
Em alguns momentos A Bruxa pode parecer clichê, mas tão pouco se perde em seu ritmo lento e sombrio, se permite ser o que precisava ser... Sem se importar se vai chocar ou receber criticas negativas por não assustar como seus concorrentes. O sombrio nunca foi tão belo e tão cheio de vida, metáforas mergulhadas em uma historia incrível que ainda tem muito para ser descoberta. As atuações são excelentes, assim como o pulso firme e decidido da direção.
O principio da bruxaria é a natureza, ver algo alem daquilo que nos parece obvio, e a A Bruxa nos demonstra isso claramente.... nos entrega uma historia que parece obvia, mas que por trás dela e de cada coisa que ali habita existe mais coisas sobre as mesmas. É um filme rico em detalhes e com uma beleza incrível.
Brooklyn chega de modo singelo, humano, sentimental e extremamente doce. Mergulhamos em uma historia simples, mas que de algum modo é profunda, que nos faz apreciar cada minuto... Nos encanta em sua fotografia. Nos faz rir a beira da mesa com as garotas. Nos faz chorar com momentos de demonstrações sinceras e ate quando o Brooklyn parece escurecer escondendo a luz que existia ali. Nos deixa apaixonados em um romance que ao mesmo tempo que é sincero, se demonstra tão real, nos fazendo ate esquecer que aquilo é uma atuação entre dois atores.
É uma historia simples e não existe problema algum nisso, possui todo seu romance e isso também não é problema. É bonito ver o amor ser representado dessa forma, entre nossas confusões, lutas, decisões e indecisões, perdas... ver que a vida pode ate nos tirar algo, mas no fim ela nos da muito mais, basta olhar atentamente. Aqui possui dois lados: toda a luta de Ellis por algo melhor e assim conseguindo, mas também temos o lado assustador da perda e de é como voltar para o familiar acreditando que somos obrigados a seguir o dever de sacrificar nossa felicidade e aquilo que lutamos tanto para adquirir. É estranho ver tudo o que era estranho virando algo que agora parece se encaixar perfeitamente. Por mais amadurecimento que você adquira, você ainda é humano, estranha o que a vida proporciona ou tira, o que ela esta tentando fazer enquanto você esta confuso e o que ela pode se tornar a partir de suas decisões. Porque abandonar algo que você lutou pra ter, para viver uma vida que agora estão tentando te encaixar? Não é justo consigo mesmo, nem com sua felicidade e muito menos com sua luta. Talvez escolher o amor nem sempre de certo, mas ainda é melhor que viver o dever de estar em um lugar que tentam te encaixar, mas que você não se sente encaixada. Vivemos em uma transição emocional enorme, onde as vezes estamos no céu e as vezes no chão... e é bonito ver isso aqui.
Acredito que o amor mesmo sendo um ponto muito forte, no fim é um filme sobre decisões e indecisões, e de como isso pode ser assustador, assim como pode ser maravilhoso. E sinceramente, esse é um dos romances mais sinceros e lindos do cinema, assim como o casal... Um amor antigo, que de certa forma hoje desaparece e aparece em meio a nossa atualidade.
Acredito que essa seja a resposta para todos nos quando não conseguimos falar ou demonstrar o que sentimos na hora exata, seja por medo ou por nos sentirmos confusos. É uma forma sincera de deixar claro que para nos aquela não era a hora certa de falar, mas agora sim.
"Você se lembra quando disse que me amava, naquela noite, e eu não soube o que dizer? Bem, eu realmente não sabia o que dizer. Mas já sei o que dizer agora. Estive pensando em você, e gosto de você. E gosto de estar com você. E, talvez eu sinta o mesmo. Então, na próxima vez que disser que me ama, se houver uma próxima vez, vou dizer que eu também te amo."
Saoirse Ronan tem uma expressão no olhar raro no cinema, assim como sua beleza, nos entregando com facilidade um amadurecimento incrível, não só de sua personagem mas também pessoal. Admiro toda essa simplicidade da direção em nos entregar um filme sutil e delicado, que poderia cair no clichê de algum modo, mas que não cai e sim nos levanta de forma agradável como num abraço de segurança.
Brooklyn é tão delicado que você o coloca no coração e guarda ele lá.... No conforto, porque é nesse lugar que as coisas boas devem ficar, assim como Ellis.
The Danish Girl não é só sobre a força de uma mulher, mas sim de duas, Lili e Gerda são o exemplo perfeito de amor verdadeiro. O amor que é além do carnal, aquele puro que faz duas almas continuarem juntas lutando uma pela outra.
Tudo ali é sobre força, beleza e amor, que transforma, absorve e modifica tudo. É evidente a confusão, o medo, a dor, o amor, os sacrifícios, a luta, a forma que os personagens desabam e se levantam, na sua forma mais ampla é um filme sobre a vida e o quanto ela é complicada ate estarmos completos de alguma forma.
Os toques das mãos nos vestidos, nas meias, em sua pele, os olhares, os sorrisos, a doçura, a melancolia...... Tudo em meio a uma historia sobre a dor de duas almas, feridas cada uma pelo próprio e profundo sofrimento interno. Uma história sobre amor incondicional, que sobrevive ate além do fim.
Não vejo a atuação do Eddie como forçada, talvez como confusa, mas isso não é algo negativo... É algo que me faz pensar no quão difícil deve ser para alguém viver sentindo que sua alma esta em uma embalagem diferente que ela gostaria. Se sentindo incompleta. Se sentindo enganada. Sentindo medo. Sentindo. Sentindo sempre. Sentindo tudo que é de mais confuso, alegre, triste... sentindo em um nível que não sabemos como explicar.
Enquanto Eddie desaparece em Lili, é Alicia Vikander quem rouba a cena e mostra toda sua intensidade. É de sua personagem o inicio da auto descoberta, de força, de medo, de amor incondicional... e em meio a tudo isso ela conduz sua força de forma incrível, lidando com a solidão da perda do seu parceiro por amor a sua amiga Lili.
"Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz." - Madre Teresa de Calcutá
O documentário de Amy não traz novas descobertas, porque já sabemos de tudo aquilo e já esperamos o final trágico. Mas Amy é lindo ao mostrar a real imagem de uma artista que morreu rotulada como drogada, louca, rebelde e outros rótulos. Aqui temos aquela criança doce, com opinião forte desde muito cedo, aquela adolescente rebelde, aquela mulher encabulada e ainda tão inocente.... Óbvio que em sua vida adulta Amy sabia o que estava acontecendo, mas estava perdida ao ponto de não se encontrar mais, e nesse momento ela só precisava de alguém para dizer: pare um pouco, você é muito importante. Ela precisava de alguém para retira-la com força de tudo aquilo e deixa-la confortável em um abraço... e é evidente que algumas pessoas se importavam, amigos, mas os quais não tinham força sobre a personalidade dela. Amy precisava de seu pai e de sua família, mais que qualquer outra coisa!
Depois de ler o livro do Mitch e ter mais imagens-vídeos reais, a hipocrisia é evidente. E Amy não conseguiu enxergar isso totalmente, porque fez do pai seu porto seguro, por mais que a segurança não existisse. Meu total desprezo ao Blake, o qual me fez demorar vários dias para conseguir acabar o documentário, porque eu não conseguia ver e escutar a voz dele. Não foi as drogas que destruiu Amy, foi principalmente o amor que ela sentia por alguém tão miserável e raso.
Billie Holiday uma letra da Ella Henderson parece descrever Amy, aqui já traduzida: Eu me lembro quando o papai disse: o que você quer ser? Eu disse que “eu quero ser uma sereia e viver sob o mar”. Bem, eu sabia que não ia dar certo quando olhei para baixo para os meus pés... Meu primeiro álbum saiu e foi aí que ele mudou para mim. Ele me faz sorrir, me fez cantar, fiz minhas preocupações voar para longe. ARMANDO PARA MIM, me libertando. Eu poderia ser Billie Holiday. – Mas o fato que Amy não foi Billie Holiday e nem esteve perto de ser outro artista, Amy Winehouse era apenas Amy Winehouse. Nessa letra eu consigo ver a relação da Amy com o pai, alguém que em seu interesse fazia da história de Amy a dele. Não era a história dele, ele libertava Amy enquanto armava para a mesma. Era um aproveitador.
Ausência e logo depois o interesse do pai, a fama que ela não esperava, a destruição de um amor que só ela sentia, bulimia, seus vícios, suas melhorarias e seus deslizes mais rápidos ainda, a crueldade da mídia e da indústria musical.... Amy foi machucada de tantas formas ao longo de sua vida que não é difícil aceitar o porquê de ter se perdido. Amy tinha o direito de se perder, de sentir medo, de chorar, de querer fugir, ela era um ser humano e muitos esqueceram disso. Amy surgiu sendo humana em uma indústria/mídia onde a maioria são robôs.
Os flashs são um ponto forte no documentário, ainda mais por serem extremamente altos, nos colocando na posição de Amy e nos assustando. Imagina o quão deve ser torturante para alguém tão humilde entrar rapidamente na fama e ter sua privacidade inteiramente tomada? Quando ela não esperava por isso? O erro talvez de Amy talvez tenha sido isso, não ter acredito em si mesmo, achar que não faria sucesso... quando todos a sua volta sabiam que isso ia acontecer. Amy não estava preparada e mesmo ela não estando, isso aconteceu e todos a sufocaram sem antes prepara-la. A fama veio rápido para alguém que só precisava de um tempo para se acostumar (e que talvez nem se acostumasse, porque a atenção sobre Amy não parava). A música final se encaixa perfeitamente nas imagens de um momento de maior perda, tanto para a indústria musical, quanto para a vida. O final me levou as lágrimas.
Amy ofereceu muito para todos, e recebeu pouco. Aquela garota só precisava de amor, o verdadeiro, não o traiçoeiro que a matou.
Sinceramente? Não consegui gostar, me simpatizar, me envolver, porque o amor de fato ali só existe na mente de Murphy, onde ele vive com suas lembranças, buscando algo que já é inexistente e inalcançável. Ele apenas foge de sua realidade infeliz. O filme procura nos mostrar em alguns aspectos qual o sentido da vida, mas peca nos afundando em relações vazias que não procuram amor ou alimentar suas vidas com sexo, mas sim preencher os vazios de uma relação forçada e ate de certo modo sombria. A destruição do amor(utilizado de qualquer forma) é clara, mas é ainda mais claro a forma como a historia parece querer colocar Murphy como coitadinho, quando ela não é.
Love com certeza perdeu bastante meu foco e meu interesse na cena da Trans:
A cena é suja, não é apenas um tema delicado, mas também usada de forma preconceituosa e estereotipada. A trans é colocada em diferentes rótulos, usada com falta de respeito onde parece ser transportada apenas para servir como vingança em uma relação perdida. É utilizada como se fosse algo nojento, quando ela não é. Coloca-la nessa cena rápida onde logo é cortada, dando lugar ao dialogo que reprime e procura esquecer que aquilo que aconteceu, e que não pode ser revelado porque pode causar vergonha.... É também uma situação onde deixa claro que essas pessoas são usadas no escuro, mas que socialmente são descartáveis e causam vergonha. Não era preciso ter essa cena, porque ela pode ate enfatizar uma realidade crua, mas exalta o preconceito.. algo que algumas pessoas não enxergam como cruel, mas sim como engraçado ou indiferente.
O filme ganha seu mérito em sua fotografia e em como ele consegue utilizar das cenas de sexo como expressões de diálogos, longe de nos mostrar algo pornô.
Não enxerguei amor, muito menos sentido de vida, apenas vi uma forma cansativa de contar uma historia sem sair do lugar. Uma historia que não é mais real, mas torturante na mente de homem infeliz porque fez suas escolhas e não consegue aguenta-las. É inteiramente baseado em polêmica, não em sentimento ou sentido.
Dançando no Escuro é dilacerador como uma faca entrando em seu peito, que depois da lugar a uma mão que separa sua carne, segura seu coração e o arranca.
Cruel. Real. Forte. Nos torcemos aos poucos por Selma, que tem sua doçura fragilidade aos poucos, nos faz aceitar suas fantasias, mas não nos faz esquecer que o pior esta por vir. O lado humano é imposto de forma surreal aqui, nos levando a dançar no escuro com a protagonista ate onde ela for. A vontade é de abraça-la e dizer "não continue, apenas fique onde esta", mas ate onde você iria por amor? O que faria? O que sacrificaria? Deixaria de voar por uma vida bela para que outro pudesse voar sem bater nas arvores? Tudo se trata de luta, amor e sacrifício. O musical esta ali apenas para nos fazer esquecer o que já esperamos, esta ali para mascar a realidade dura da dor e do que significa sacrifício.
É quando o silencio aparece que Selma se sufoca, assim nos fazendo sufocar também. Como fantasiar em um lugar cruel quando se não possui sons em uma cela? O silencio trás a realidade e isso machuca. Não é um machucado qualquer, é aquele que que não se curou porque você esta ocupada lutando por outras coisas, não é a dor da carne... mas sim da alma. Chegando ao fim, mas não tão perto, porque é nesse momento que os 107 precisam ser percorridos. 107 passos que descartam toda sua entrega, luta, que a humilha por erros que não eram seus, por egoísmo e ambição nojenta do próximo. Depois dos cansativos 107 passos, temos a tortura, nos colocando um capuz quando já estamos cegos, nos fazendo sufocar ainda mais. Os gritos não eram por causa da escuridão, mas sim porque o ato de sufoca-la a fazia ter a noção do quanto a morte era sombria. É melhor morrer de olhos abertos mesmo que não enxergue nada, do que te levarem sufocado para outro lugar. Não procuramos ambição na morte, mas sim dignidade. Ao fim, para Selma todo seu sacrifício deu certo, e é nesse momento que ela pode cantar para o seu filho em sua própria realidade. Ela não precisa mais lutar e fantasiar, apenas descansar.
Que os anjos toquem bastante musicas no paraíso para Selma poder dançar e cantar.
Não me permito dar menos de 5 estrelas depois de um filme como esse me transmitir milhares de coisas e destruir meu coração.Por fim... Obrigado Bjork por essa atuação incrível. Obrigado direção e elenco. Apenas obrigado por despedaçar meu coração. Nada é mais belo que um filme que transborda sentimento.
Não esperava muito do filme, mas nem por isso o vi como ruim, mas depois de assistir e chegar ao final não levei nada dele. E isso é uma pena. Beira-mar é vazio, não te transmite nada, apenas prolonga uma historia que poderia ser resumida em um curta.
Não vou ficar elogiando fotografia e trilha sonora que são agradáveis para mascar os defeitos. Vou reclamar por possuir diálogos rasos, um roteiro ou falta dele, a forma que se arrasta apenas para falar sobre o desabrochar de algo, que no fim não acrescenta e nem trás nada de novo. Não me importo muito com as escolhas de atores, mas ao longo do trajeto você não cria vinculo com nenhum personagem e nem se importa com eles, não sente emoção e então a obra se torna apenas mais uma. A falta de profundidade nos personagens é um erro triste. Talvez essa essência e o que filme tenta demonstrar conquiste alguém, mas eu não.
O filme não fala sobre amor, talvez tente falar sobre auto descoberta, mas não convence. Acredito que a aposta foi na simplicidade, mas a falta de roteiro e emoção levou o filme ao fundo. Simplicidade é linda, mas quando arrastada e preguiçosa se torna entediante e conquista olhares que logo depois te esquecem.
Que horas ela volta? é um soco no estômago, seja no meu, no seu e principalmente em quem acha o preconceito algo normal. No do inicio ao fim, QHEV se mostra simples, nos mostrando uma realidade que é atual e nada acolhedora. Possui uma fotografia linda, enquadramentos que nos mostram um mundo particular da personagem principal e possui uma direção forte que utiliza de varias coisas para te passar ensinamentos, que hoje em dia são necessários. As atuações são boas, e Regina Case surpreende. Não é um filme que generaliza, mas sim que te mostra que isso existe em nossa sociedade e que a hipocrisia, arrogância e superioridade são atos evidentes.
É maravilhoso ver um filme te transmitindo mensagem e sentimento ate sobre uma forma de gelo, representando o egoísmo ao próximo. Grande parte do mundo utiliza o gelo, mas porque não coloca agua na forma para que o próximo tenha algo para gelar seu suco? Não se trata apenas de egoísmo, se trata também de preguiça e que esse ato não parece importante. É evidente que todo ato humano, seja ele pequeno ou não, tem seu valor e seu impacto.
A família é composta de 3 elementos: arrogância, autoridade abusiva disfarçada de calmaria e logo depois o terceiro elemento: transparência. A patroa além de ser arrogante, é hipócrita, porque para ela Val é parte da família, mas só depois da porta da cozinha para lá - assim como a filha da empregada que é bem vinda -. É a parte que não tem valor, mas que mantém as paredes de sua casa e de seu filho em bom estado. O patrão é o reflexo de uma autoridade nojenta que se disfarça em meio a calmaria, que ao ver a filha inocente da empregada acha que pode corrompe-la com presentes e aceleração de seus sonhos, mas isso não é algo que ele consegue porque a sua futilidade não tem poder ao se confrontar com o caráter de Jessica. Fabinho eu conclui como "transparência" porque ele transparece aquilo que algumas pessoas são e ate eu mesmo as vezes, julgando de certo modo mas não para machucar mas sim porque nos demonstramos curiosos e duvidosos. Fabinho é acolhedor com Val, então em nenhum momento senti nojo de seu personagem.
Logo de começo achamos a Jessica meio - folgada e arrogante - mas é evidente que ela foi construida para nos dar um tapa na cara, não era uma filha arrogante ou ingrata, era apenas alguém que procurava por igualdade e a realização de seus sonhos. Logo depois vem outro tapa na cara de quem acreditava que ela se entregaria ao luxo porque alguém esta afim dela, só porque ela é pobre e filha da empregada ela se torna tão fácil a ponto de se entregar a um homem que ela não conhece e que é casado? Não. A filha da empregada não pode fazer vestibular em uma faculdade concorrida e forte? Pode sim, aí vem 68 tapas no seu rosto, por que o mundo e o topo é de quem se esforça e entrega seu suor.
Val é aquela personagem doce, que em sua condição de necessidade se submete a ser outra pessoa para que problemas não apareçam e para que seu emprego seja mantido. É uma mulher que a sociedade e suas necessidades tornam em um ser regrado, inferior, inseguro e que não vê sua igualdade e seu grande valor. Mas no fim, Val é um ser humano simples, acolhedor e carinhoso. É um ser humano realmente grande, preso em um rotulo pequeno e sufocante. E é muito bom ver a Val em uma cena de libertação logo depois na piscina, que mesmo vazia, parecia cheia para ela. É aquele ser humano que eu colocaria em minha mesa, serviria sorvete de amêndoas, porque ninguém na minha casa é melhor ou pior. Todo ser humano tem direito a um bom sorvete, de nadar em uma piscina e de ser grande. Não importa o quanto possuímos, onde nos estamos no topo da classe social, devemos apenas aceitar o fato que aqui ninguém é pior ou melhor que ninguém.
O momento da demissão fica evidente que depois que Fabinho se foi, Val não precisa mais estar ali, ainda mais sabendo que sua filha precisa muito dela. Não existia o porque dela transmitir seu carinho em um lugar onde não permitia isso e que muito menos fazia questão de trata-la como se não fosse apenas uma "empregada". Não era questão de dinheiro, não era fofoca, era cansaço e aceitação que sua liberdade interior era importante. Val se liberta de um rotulo que era posto nela, porque antes dela ser uma empregada, era um ser humano.
Julgamos as vezes sem perceber, mas é burrice persistir em tal ato - misturando isso com ódio e preconceito -, quando podemos simplesmente procurar conhecer a pessoa. É preciso conhecer as pessoas, é preciso saber o que acontece dentro de cada um, é preciso saber que nem depois de conhecer uma pessoa por completo temos o direito de trata-la com inferioridade, só porque em nossas mentes parecemos maiores.
Conheça alguém pelo o ser humano que ele é, não pelos rótulos que a sociedade coloca. Mantenha o respeito, você não é melhor e nem pior. Somos apenas visitantes em uma vida que dura tão pouco.
Que horas ela volta? é um filme de valor enorme, mas algo me diz que os críticos do oscar vão ignora-lo. Ganhando oscar ou não, isso não me abate, porque a sua mensagem já esta guardada em meu coração.
Por acaso encontrei Human e nunca fiquei feliz ao encontrar algo, encontrei a sinceridade e a verdade daquilo que somos em 3 volumes. São tantas pessoas, tantos rostos, olhos felizes e outros cansados, tantas vidas e historias, que eu me sentiria incomodado se viesse aqui falar sobre ele em poucas palavras. Quero falar sobre Human, para cada pessoa, quero coloca-lo no lugar das novelas fúteis, quero enviar o link do youtube para todos e torna-lo um viral. Yann nos entrega uma forma incrível e sincera de ver os vários lados e historias de um ser humano, tudo isso em meio a uma direção e fotografia absurdamente maravilhosa.
O que nos torna humanos? Será por que amamos, por que brigamos? Por que rimos? Choramos? Nossa curiosidade? A busca pela descoberta? Ao longo do trajeto nos encaramos as respostas, em lábios de outras pessoas, em historias doloridas, confusas, cansadas, felizes e angustiantes.
Começamos por aquilo que nos gerou, por aquilo que se perdeu ao longo dos anos, sim, estamos falando de amor. Talvez não tenha se perdido, mas hoje ele existe em poucos. Ver aquele senhor dizendo que cuidou da sua mulher -machucada e invalida- ate o fim da vida dela me emocionou, ele demonstra o que significa amor, significa não abandonar e dar conforta seja como for... seu corpo cansou, isso é óbvio, mas ele adorava fazer isso por ela. Adorava é uma palavra citada varias vezes por ele. Adorava, apenas adorava. Logo depois vem uma chinesa suplicando por amor, para você que assiste, é nesse exato momento que meu coração desaba e minha vontade é de abraça-la, é de ama-la seja ela quem for... é nítido que ela precisa de amor e esta com medo de estar sozinha, ela é humana, assim como eu. Esse medo existe. Nos vemos casais de 60 anos de casamento andando de mãos dadas e queremos isso, queremos esse tipo de amor. Queremos que alguém nos ame alem de nos mesmos. Nosso amor próprio é uma dádiva, mas o amor do próximo é uma luxaria bem vinda. Logo depois vem a dor, de estar em uma relação cruel e que nos machuca, nos mostra que existe um lado cruel e isso não se trata de amor, se trata que humanos são humanos e nem todos escolhem te respeitar, te cuidar, te manter bem, outros procuram a destruição do próximo. Não temos tempo para julgar o relacionamento de ninguém, apenas cuidar de nossas vidas, porque as vezes talvez exista esperança em algo que parece ruim. Logo depois vem a exaustão, seja ela do corpo ou da alma, através do trabalho e do quanto nos sacrificamos, existe um lado que não desiste, outro que não tem escolha e no momento que uma senhora conta uma historia antiga que um sorriso meu aparece, ela diz que quando era criança olhava uma boneca e sua mãe disse que não poderia comprar, ela com uma alma velha e madura responde "mamãe não estou pedindo que você a compre, só quero ficar mais um pouco para admira-la. Incrível. Fechando esse volume que eu miseravelmente tento resumir, vem o status social e o egoísmo. Uma certa parte com muito e outra com tanto pouco, não é meu direito julgar quem tem muito, apenas me entristece ver gente com nada em suas mãos para saciar seu estômago ou seu cérebro. É triste ver um mundo político e outros meios que adquirem milhoes esquecendo das pessoas. Não é preciso dar dinheiro ou ergue-los ao ceu, apenas compartilhar algo, seja algo para comer ou esperança vinda com um pouco de ajuda. Para quem não tem nada, o minimo é muito. O egoismo nos mata como humanos, como sociedade e raça(humana). Tudo se compra, menos a vida. A vida se gasta.
É o volume mais angustiante e dolorido, é forte e descontrolado como as ondas de um mar furioso. Nos mostra o quão o ser humano é horrível. A guerra se tornou normal, ela é ensinada as crianças e passada de geração a geração. Por que existe tantas guerras? Por que não conseguimos nos entender? Porque temos a ideia de que somos os melhores? Que nossa religião ou raça é melhor? Vemos que é mais facil para a sociedade ensinar sobre ódio do que sobre amor, isso é triste. Vemos que é preferível atirar do que procurar entender. O que falta é conhecer ao próximo, como ser humano. Talvez assim poderíamos amar do que matar. Mas isso é um sonho, nossa realidade é persistente, infelizmente. Talvez o mundo enxergue algum dia que a guerra não tras beneficio, e se trouxe, não é puro e sincero. Não queremos sangue em nossas mãos, queremos um lugar melhor e se demorar pra conseguir com paz, que demore. Logo depois vem o segundo tipo de guerra que o mundo cria sem precisar: a sexualidade alheia. O fato é que não precisaríamos nos identificar como gay, não precisamos de um rotulo, porque no fim somos humanos, somos irmãos, pais, mães, pessoas que possuem dias ruins e o sexo de quem amamos não nos define, o que nos define é o amor que sentimos. Talvez para alguns seja motivo de julgamento ver que alguém depois de anos se encontra enganado e percebe finalmente que ama alguém do mesmo sexo, não acho isso errado, somos humanos, podemos ser confusos e ate não nos encontrar por um certo momento. A vida é assim, não somos perfeitos e demoramos para nos encontrar. Apenas aceite o fato que você pode ser quem você quiser, desde que seja feliz, esta tudo bem. Seja feliz, isso importa. Difícil mesmo não é o mundo não te aceitar, é a sua propria familia te ver como errado, e é nessa exato momento que uma menina conta sua historia, nos dizendo que em busca de aceitação ela finge um namoro com um amigo, o qual a estupra e transmite HIV, meu mundo desabou nesse exato momento... imaginando sua dor. Familia é tudo, mas acredito que no momento que a mesma que ensinou sobre amor e respeito te nega isso, ela não é mais uma familia. Nao espere aceitação, espere respeito, se não encontrar isso, procure ser feliz do seu modo. O errado na historia não é voce. Mas sexualidade não se trata apenas de dor, ainda existe amor, ainda existe familia e ainda existe respeito. Depois de encarar tanta dor, chegamos a morte, assim como eu escutei nessa parte eu digo que não quero saber da existencia de deus, apenas agradecer por ter 'o dom da vida', quando eu morrer quero agradecer por ter respirado e construido uma alma boa. Por mais que a morte seja algo estranho a encarar, não nos preocupamos com ela, mas sim com que o vai acontecer logo depois dela... não com nos mesmos, mas sim com a vida aqui. Qual sera nosso legado? Quem amamos vão ficar bem? A vida é uma enorme pergunta sem resposta, assim como a morte. Nos resta apenas continuar seguindo o caminho e ver ele onde ele vai.
Vol. 3 - Felicidade e seus atos. Educação. Vida e sentido.
A felicidade é uma caminho de vários rumos, cada um procura nela aquilo que precisa. É uma busca de todos, mas individual. Educação sempre será o centro de nos mesmos, não se trata só de ir a escola, ler um livro e de buscar cultura... ate porque cultura não é aquilo que entra por nossos olhos e ouvidos, mas sim aquilo que modifica nosso modo de olhar e pensar. A educação deve ser prioridade e se caso não vir do próximo, faça vir de si mesmo. Procure absorver e entender o que mundo te propõe, não seja parte do mundo, seja infinito. Óbvio que nem todos conseguem lutar sem ajuda, talvez nem todos cheguem ao topo, por isso é triste ver que o poder não se importa em alimentar o conhecimento do povo. As vezes nem o povo procura alimentar-se de conhecimento, talvez seja o cansaço ou não procurem por isso, não sei... julgamentos não são uma prioridade, educação sim. O mundo precisa de educação, desde o básico ate o mais complexo sentimento chamado amor. Se não existe educação a sua volta e você possui, transmita isso. Talvez não mude ninguém, mas inspire.
Chegando ao fim, temos a vida e seus sentidos. Todas as perguntas são feitas, nenhuma resposta é a certa, cada um tem o próprio significado para aquilo que chamamos de vida. São tantos seres humanos, tantas vidas, tantas historias e é bom conhecer um pouco de cada um. O fato é que devemos cuidar de nossas vidas, sem interferir na vida do próximo de modo importuno, mas nada nos interfere de conhecer o ser humano que existe em cada um. Devemos nos conhecer. Não existe um ponto para julgamentos, apenas aceitamos que ninguém é igual, mas todos nos somos passageiros em uma vida que pode acabar em um piscar de olhos.
Acredito que o sentido da vida esta em trazer aquelas mensagens que você faz quando criança, aquelas inocentes e boas, e não nos perder ou deixar que a vida nos retire isso quando adultos. Devemos procurar ser o melhor que podemos ser, não porque isso nos da lugar ao topo ou ao suposto céu, mas sim porque isso expande nossa alma. A vida é um grande livro em branco, nada vem explicado, porque no fim é você quem escreve nessas paginas. Eu não estou certo. Eu não estou errado. Eu não sei tudo. Eu sei tudo. Eu sou um passageiro que prefere sentir o mundo, do que esquece-lo.
Talvez ninguém leia meu enorme texto, talvez isso não importe para alguém, mas eu senti que deveria faze-lo. Eu senti que HUMAN merecia minhas palavras, minhas ideias e meu respeito. Por fim eu quero continuar sendo sempre quem eu fui, carregar minha mensagem e se for para morrer, que seja pela a verdade e o amor. Por fim: obrigado, pelo o dom da vida!
Miss Violence abre a porta e te deixa entrar, arrasta a cadeira e te convida a sentar, e é nesse exato momento que suas mãos são amarradas e você se torna impotente, você passa a conviver em um lugar onde não é acostumado mas sabe que existe. Seus olhos são completamente dominados pelo ódio e em sua boca existe um gosto de desprezo e angustia. Você se pergunta o porque de todos a sua volta agirem como se tudo tivesse ok, depois da morte de um familiar. O porque de não poder sofrer ou chorar, o porque de ter que se manter forte e fingir estar tudo bem. A dor não pode ser uma distração, mesmo que ela existe todos os dias.
Então entre os poucos diálogos, os olhares, punições e o silencio... você percebe que a morte sempre esteve ali, caminhando por entre os corredores, enxugando as lágrimas dos mais fracos e esperando o mais sufocado se entregar.
Em meio a tudo, uma calmaria existe, se tornando tudo ainda mais assustador. Tudo segue um cronograma, para que nada saia errado, mesmo que tudo esteja completamente errado aos nossos olhos. Tudo esta errado, mas os únicos gritos que escutamos são de almas cansadas, que em seus corpos possuem bocas silenciadas. A angustia é criada desde o primeiro ato ate o seu ultimo, é talvez no fim que as janelas da casa são abertas e um pouco de luz entra refletindo no sangue.
As cenas dos abusos são jogadas em nosso rosto com uma violência enorme, nos colocando nas mesmas situações que as vitimas, nos tornando impotentes e cansados de presenciar aquilo. Ninguém tem o direito de julgar ou esperar que as mesmas tomem decisões e ações depois de conviver com a dor e a violência durante anos, onde já se formou um ciclo vicioso.
Miss Violence não é só angustiante, é de certo modo devastador. Nos mostra aquilo que infelizmente ainda acontece em vários lugares do mundo e por mais cruel que seja, nossos olhos devem continuar abertos, porque fecha-los é dar espaço para que isso se torne normal.
Tudo parece raso se você não se liberta e se deixa afundar. Em meio a musica e os passos de danço temos não só uma historia, mas sim varias, que aos poucos se conectam. Em meio a essas historias vemos o desafio e a entrega pela realização, o cansaço, a doçura de descobrir o amor e não entender seus medos e desconfortos. O filme é sobre como a vida é cansativa, o quanto somos sozinhos e o quanto precisamos das outras pessoas. É sobre medo e amor. É sobre a vida. É sobre si mesmo.
Antes do filme falar sobre amor, ele te sufoca com medo, aquele medo que você sente quando encontra algo especial e não sabe como encaixar isso em sua vida com medo de machuca-lo ou se machucar. Estamos desconectados e com medo. Antes do filme dançar em conjunto, ele te mostra a solidão de diferentes formas, no erro da traição, no medo de se apaixonar, no conforto e na "promiscuidade" em busca de preenchimento de espaços vazios.
Nos faz lembrar da inocência do amor que muitas vezes esquecemos, ou que o mundo destruiu. Estamos cansados e esquecemos que o amor faz quando é verdadeiro, afasta nossos medos e trás esperança. Não esqueça da inocência que o amor transmite, e se caso esqueceu, volte a procurar... no próximo ou ate em si mesmo.
Aquele abraço que o Chip da naquela moça é algo extremamente sufocante, é um abraço de amor e de sensação de não estar mais sozinho. Algo extremamente lindo. A cena deles todos(o Chip e os seus amigos) se divertindo é linda, a cena de sexo e o final também.
De fato o filme não te toca pela a abordagem sobre o protagonista, mas sim por tudo que esta em sua volta, todas as outras pessoas, todas as outras historias. Claro que não posso esquecer da trilha sonora e das danças, porque em nenhum momento eu tirei os olhos da tela, acompanhando seus corpos dançantes e harmônicos.
"Put your back into it, there is still grace in this. Let me be the one to turn you on, there is love without hiding. Nothing you show me I will never leave you, let me be the one to turn you on."
Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore
3.3 570J. K. Rowling por favor, pare! Sobre o filme: não, apenas não.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraDepois de assistir essa obra maravilhosa do Darren Aronofsky, fica difícil organizar as palavras e os pensamentos para escrever. Faço dessa crítica uma forma de agradecimento.
Dareen reconta uma antiga história, nos mergulhando em uma atmosfera sombria e proposital, com sua narrativa provocativa, explícita e cheia de metáforas. Mãe se demonstra de difícil de digestão, comprovando que Dareen vai muito além da superfície de sua história, o que deixa claro sua criatividade e talento.
Tudo gira em torno da personagem de Jennifer Lawrence e a escolha se mostra um acerto. Logo, a obsessão sobre a personagem é vista, tendo poucos momentos em que não é o foco da câmeras. Sabendo disso, a atriz sabe se comportar desde os momentos de pureza/desconforto, até os de explosão e terror. Que Jennifer Lawrence continue crescendo como atriz, porque potencial e talento ela tem.
Mãe apenas exemplifica o quanto não somos auto importantes, entramos em uma casa acreditando sermos donos, mas no fim somos apenas visitantes sem bons modos. A crítica ambiental é uma belíssima surpresa, a deterioração e crueldade que é muitas vezes ignorada, mesmo que a natureza seja nosso ponto de nascimento, descobrimento, crescimento e evolução humana. É nela que aprendemos sobre a beleza única da vida, assim como através de atitudes e histórias nos permitimos acreditar que somos donos e podemos abusar ao máximo dela.
Ela nos acolhe, com desconforto e medo, porque nós como criação não sabemos o limite ao receber uma boa recepção. Assim como a natureza aguenta tortura, ela sabe revidar em um mundo que é feito apartir dela. Nunca estaremos preparados para aguentar sua fúria e rezamos que em meio ao caos, ela não morra e reinicie o processo de restauração da vida.
Em que momento da mente humana, nos perdemos, a ponto de acreditarmos que temos um direito absurdo sobre tudo que habita aqui? Nós classificamos como humanos pensantes e inteligentes, enquanto são os animais que sabem o seu lugar, até onde usufruir e como dar devido valor para onde vivem.
A metáfora da mãe natureza também se encaixa sobre a mulher e o quanto de dor e repressão ela pode sofrer. A crítica sobre machismo é singela, mas representa o quanto as ideias fanáticas e conservadoras causam impacto. São pequenas críticas sobre atitudes humanas, mas necessárias.
Javier Bardem(o poeta) tem uma atuação que em poucos momentos exige uma carga dramática maior, mesmo assim consegue deixar imposta toda a essência fria, egocêntrica e misteriosa do personagem.
Seria Deus um ser egocêntrico e cego diante do amor/obsessão da sua criação? É mais do que evidente a vontade do personagem em ser importante e em demonstrar que o mundo gira em torno dele. É tudo sobre ele.
Alguns pontos:
I. Mãe em certo momento diz que Deus não a ama, mas sim o amor que ela tem por ele. Ela doa tudo que tem de si mesma e não é o suficiente, o que serve como metáfora para a relação entre humanidade e natureza.
II. Deus em seu final, deixa claro a forma abusiva que trata a mãe natureza, deixando ela presa na ideia que foi feita para ser compartilhada, abusada, explorada e machucada. A mãe natureza não tem vontade própria, pode aguentar uma surra e até mesmo revidar, mas no fim é apenas um presente dado para nossa humanidade. É por isso que muitos rezam para Deus e viram a cara para a mãe natureza.
Essa ideia que somos auto importantes seria reflexo de algo antigo? Seria Deus uma imagem da humanidade?
A falta de força e carga dramática no personagem, acontece também com Ed Harris(o médico) e outros personagens. Não é um ponto negativo.
Adão é o personagem imposto como fã de Deus e seu respeito/submissão sobre ele é bem evidente. Diferente de Eva que é indisciplinada e curiosa, Adão respeita sua casa de certa forma.
Porem temos mais elogios ao elenco feminino, contando com Michelle Pfeiffer que está incrível em sua personagem provocadora, misteriosa, curiosa e desconfortante, fazendo com que sua presença na casa seja ainda mais incomoda.
A representação de Eva é condizente com sua descrição através da Bíblia, mesmo que a moldagem da história do filme pareça um pouco diferente. A submissão de Eva é muitas vezes vista na personagem, dando dicas de como agir e se vestir para o homem, e exercendo a ideia que é preciso ter um filho para segurar um homem(ou Deus) e um relacionamento. A curiosidade de Eva sempre foi ponto vital da personagem e isso é bem colocado na historia, principalmente no momento que ela e Adão entram onde não deveriam e quebram o item fundamental da casa.
A crítica é sobre a forma como lidamos com figuras e ídolos sagrados, o fanatismo e a obsessão pela cultura religiosa, onde seus impactos são deixados de lado. Não esquecendo a belíssima e forte crítica ambiental. Mother nos entrega um produto em processo de deterioração, aberto para discussões interessantes, perguntas e visões completamente diferentes/únicas.
Desculpa mãe, por estar presa em sua própria casa, com visitantes sem bons modos.
Jogo Perigoso
3.5 1,1K Assista AgoraJogo Perigoso apenas reflete uma realidade assustadora, trazendo uma reflexão sobre dor, medo e força que acontece no corpo, coração, mente e alma daqueles que são atingidos pela crueldade, repressão e moldagem de outros.
[Pode conter spoilers aleatórios, cuidado]
O caminho da história é tão cruel com Jessie, quanto é com seu público, punindo ambos com o tormento real e as inúmeras alucinações e flashbacks, que se dividem entre aterrorizantes, tristes e comoventes. A direção merece grande elogio por conseguir nos manter interessado, mesmo com uma atmosfera tão sufocante, talvez seja porque chegamos ao ponto de nós importar e torcer pela protagonista que precisamos ver o caminho que ela vai percorrer.
No momento que entramos com a protagonista naquele quarto, não saímos de lá, estamos presos e presenciamos sua dor, as unicas válvulas de escape sao as que nos levam a conhecer seu passado, ainda mais torturante que o presente.
É nesse mergulho profundo ao passado que a história de Stephen King e a direção nos levam a experimentar diferentes tipos de sensações, nos mostrando uma perspectiva da quantidade de abusos que uma mulher pode sofrer e tolerar durante sua vida.
Mesmo que a história seja contada através de uma perspectiva masculina de Stephen King e Flanagan, a narrativa é uma auto-reflexao para abrirmos nossos olhos e não ignorarmos que essa ficção é sobre uma realidade de muitas mulheres/pessoas.
Claro, que todo o excelente trabalho não seria possível sem Carla Gugino que merece elogios do começo ao fim, entregando uma atuação digna e incrível. Além de carregar o filme inteiro sozinha nas costas, com sua direção e história impecável feita por King, consegue entregar uma personagem unica, que equilibra coragem e vulnerabilidade.
A cena que a Jessie tem que se cortar com o copo é muito pesada, me fez tampar os olhos, mas seus gritos e sua dor eu escutei. Foi difícil.
A palheta de cores, fotografia, edição e elementos que a direção usou para introduzir na história deixam a estética com uma beleza única. É um presente ver nossa arte do cinema ser tão bem representada, nas mãos de quem sabe o que está fazendo.
Mesmo com uma história tão pesada e profunda, o que eu vi do começo ao fim foi uma incrível adaptação, que além de me causar emoção e desconforto, deixa claro que eu nao vou conseguir esquecer tão cedo o que presenciei naquele quarto.
Essa história não é simplesmente sobre uma mulher lutando para sobreviver. É sobre uma mulher que em meio de uma luta contra medos, se dá conta que já estava algemada há muito tempo pelo machismo que percorre seu caminho da infância até a vida adulta.
Em um momento algum da vida temos direito sobre o corpo, mente ou alma alheia, independente dos tipos de relações sociais, familiares ou amorosas que exercemos. Então é muito triste que continuamos presenciando esses atos criminosos, torturantes e nojentos em nossa sociedade, sabendo que a vítima leva esses momentos de violação de seu corpo, mente e coração até o fim de sua vida.
Nascemos com nossos corpos livres de algemas, por favor, respeite isso.
Com profunda tristeza deixo claro que Jogo Perigoso é muito mais sobre realidade, do que ficção. Não feche os olhos.
Os Sonhadores
4.1 1,9K Assista AgoraPoeticamente estranho e belo, Os Sonhadores quebra a barreira entre sonho e realidade, e nos afunda em uma belíssima homenagem ao cinema. Assisti-lo é aprender mais sobre arte, vida e ate sobre nos mesmos.
1968. 2017.
"Onde uma revolução começa? Todo tipo de revolução popular é válida? Até que ponto uma ideologia de outra pessoa é aplicada a nós? Botamos palavras de outros em nossas bocas? Rebelar faz parte do humano? É questão de moda de uma geração?"
A conversa sobre revolução é bastante suave e quase imperceptível, levantando diferentes de perguntas, sobre um assunto que ainda é atual. As respostas de algumas perguntas -talvez- sejam respondidas, quando a rua invadir o quarto.
Nas primeiras filas do cinema é onde encontramos nossos três personagens centrais e ate difícil imaginar o quanto vamos torcer por eles ao longo da sua historia. Longe de todo preconceito ou repulsa que eu poderia ter, os acolhi e aceitei a beleza nessa estranheza toda. Caminhando na direção oposta, não senti nojo ou qualquer outro sentimento semelhante sobre a relação incestuosa dos irmãos. O incesto é muito mais poético do que carnal. Existe uma conexão, que torna os dois em um só, como se fosse um medo de se tornarem pessoas distintas, amadurecer ou encarar a realidade do mundo.
Em uma bela casa o diretor faz uma viagem pelos corredores, cozinha e quarto, nos apresentando um ambiente que evoluirá a relação desse triangulo amoroso e as consequências da intimidade, é nessa abertura, que o lado mais enigmático de cada um é revelado. Nessa atmosfera de Theo e Isabelle, Matthew é recebido, a sexualidade é exposta e com naturalidade. No entanto, em segundo plano existe o prazer da auto descoberta pessoal de Matthew e o descobrimento sobre novas coisas, que por um instante, deixa suas questões antigas e conservadoras para trás.
Observações com spoilers e para diminuir o tamanho do texto:
Personagens:
Entre os personagens centrais, Isabelle é a mais interessante e complexa, nos gerando duvidas sobre sua consciência frágil, enquanto conhecemos seu lado de devaneio. Quando Matthew enxerga os dois como pessoas distintas, vemos o medo da personagem aflorar e o conflito gerado entre o trio amoroso é perceptível.
Sem contar que a personagem nos presenteia com grandes cenas, exemplos:
- A cena lindíssima do fim de sua virgindade, logo depois a cena do beijo com sangue. Nojento? Talvez. Mesmo assim, continua sendo uma das cenas mais lindas e corajosas do cinema.
- Ela montada de Venus de Milo é uma cena sem explicação, extremamente incrível.
- Ela executando o suicídio, logo depois de encontrar o cheque de seus pais. Ainda bem, que a rua invadiu o quarto.
Theo é um traço muito bem colocado para representar a politica, discutindo com o Matthew e ate com seu pai. Observação: as colocações e pensamentos do pai de Theo são incríveis, possuindo frases marcantes, mesmo em curto período de espaço.
Matthew ao meu haver é um ponto de metáfora para a realidade. Mesmo que mergulhados na mente do outro, os três se tornam dois. Theo e Isabelle são apenas um e não há nada que os faça separar, fazendo de Matthew um elemento secundário desde o começo, sem nenhuma interferência significativa neles.
A fotografia e as colocações de cenas cinematográficas em sua estrutura deixam o filme ainda mais nostálgico e belíssimo. De fato, a historia conversa sobre muitas coisas, cenas, frases, olhares e etc que nos dão esse espaço para termos duvidas, em um final quase aberto é função do espectador fecha-lo como quiser.
Existe essa competência extrema do diretor e roteirista de nos apresentar metáforas profundas e complexas, que com grande mérito, consegue tornar essa homenagem ao cinema ainda mais bonita. Sem contar as brilhantes atuações do trio, com grande enfase em Eva Green que desde que apareceu, despensa elogios. Talvez não seja uma obra de grande aprovação popular(não sei), mas é inegável que em contexto geral todo o seu conteúdo é uma bela peça para estudar e dissecar. Não posso compreende-lo e limita-lo apenas como amostras sexuais poéticas, é muito alem disso.
Acredito que "Os Sonhadores" não quer provar nada, apenas nos dar liberdade para desenvolver nossas próprias interpretações sobre os personagens, amor, poder, politica e cultura. No fim, ao meu haver, a obra é sobre consequências quando escolhemos entre sonhar ou viver a realidade.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraEm tempos sombrios, Moonlight trás uma submersão profunda sobre a vida e o impacto que o ser humano esta causando no próximo. É um alerta, para conhecer o ser humano como ele é, não como você quer que ele seja. Se não pode amar ou respeitar alguém por suas diferenças pequenas, vá viver sua vida sob a luz do luar.
Chiron não é apenas um personagem, ele fala por todos aqueles que em suas vidas foram perseguidos por outras pessoas, se isolando e se perdendo em si mesmo. É um personagem de poucos palavras e um silencio enorme, mas seus olhos gritam desespero, solidão e dor. Sempre dizendo "estou bem", enquanto algo ali no fundo dos seus olhos suplica por ajuda, carinho, respeito e amor. Pessoas não nascem quebradas.
O roteiro misturado de dor, luta e silencio não nos poupa ao falar diretamente sobre o impacto que um ser humano causa no outro. É em profunda tristeza que encaramos o quanto não se trata apenas de uma ficção, mas sim de uma realidade sombria que algumas pessoas vivem todos os dias, mas sem câmeras, roteiros ou edições.
Moonlight não é apenas sobre sexualidade, mas também sobre: solidão, deslocamento, impacto humano, enganação, bullying e etc. É sobre uma unica verdade que a maioria das pessoas esqueceram: Somos todos humanos, ainda que nossas cores ou sexualidades sejam diferentes. E que nossas pequenas diferenças também precisam de amor e respeito.
Acredito que Moonlight trás uma perspectiva do quanto as pessoas deixaram de conhecer como o ser humano é em seu interior, para se prender agressivamente nessas diferenças pequenas como cor, sexualidade, religião, raça e etc. Em uma diversidade complexa e linda que o ser humano é em seu interior, ainda me pergunto o porque das pessoas serem tão obcecadas pela sexualidade ou cor alheia. O erro não esta na diferença do próximo, mas sim acreditar na ideia de que existe um padrão humano. Não existe. Somos quem devemos ser. Livres. Únicos.
Aspectos técnicos: antes de tudo, Moonlight trás representatividade com um elenco impecável de atores negros/negras, mas não entenda que a temática aqui imposta é só para aqueles que ali foram representados... Não! É para todas as cores e pessoas que são caçadas por serem quem são. A fotografia é deslumbrante, assim como a trilha sonora, que transmite tudo o que filme quer dizer. Muitas vezes a sonoridade é sufocante, angustiante, assustadora.. mas sem perder sua leveza.
O longo e cansativo caminho do nosso querido personagem, termina em um final cru, que em toda sua simplicidade deixa claro um suspiro de alivio de uma criança que passou a vida inteira querendo ser amado por quem era. Não importa o quão adulto nos tornamos, aquela criança que já fomos ainda estará conosco, em alguns com uma força mais forte e em outros quase inexistente. Não sabemos qual sera agora o caminho do personagem, deixando claro o quão a vida é enigmática, mas é bom ver que aquele personagem que seguimos foi tocado com carinho mais uma vez por alguém.
Ps: Esta tudo bem, você é importante e é aceito. Não peça desculpas por existir.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraMahershala Ali venceu o premio de melhor ator coadjuvante no SAG Awards por sua atuação em Moonlight e ainda nos presenteou com um discurso lindo:
"O que eu aprendi trabalhando em Moonlight é que você vê o que acontece quando se persegue as pessoas. Elas se dobram dentro delas mesmas. Eu agradeço a oportunidade de interpretar Juan porque foi como interpretar um cavalheiro que viu um jovem rapaz se fechando nele mesmo, como o resultado da perseguição de sua comunidade, e aproveitou a oportunidade para elevá-lo, e dizer que ele importa, que estava tudo bem e que ele era aceito. E eu espero que nós façamos um trabalho melhor nisso.
Nós ficamos presos nas minúcias, nos detalhes que nos tornam diferentes. Acho que existem duas maneiras de olhar para isso... Existe a oportunidade de ver a textura daquela pessoa, as características que a fazem única, e existe também a possibilidade de entrar em guerra por conta disso. Minha mãe é pastora. Eu sou muçulmano. Ela não deu pulos de alegria quando eu contei que me converti, 17 anos atrás. Mas eu digo a vocês agora: nós deixamos isso de lado. Eu sou capaz de vê-la, e ela é capaz de me ver. Nós nos amamos, o amor cresceu. E aquela diferença é minúscula, não é importante."
Estrelas Além do Tempo
4.3 1,5K Assista AgoraEstrelas Além do Tempo venceu o premio de melhor elenco no SAG Awards e Taraji ao lado de suas colegas -emocionadas- de trabalho fez um discurso lindo:
"Este filme é sobre união. Estamos aqui como atores orgulhosos, agradecendo a cada integrante desse sindicato incrível por votar em nós, por reconhecer nosso trabalho duro. Mas nos apoiamos nos ombros de mulheres que são três heroínas americanas: Katherine Johnson, Dorothy Vaughn, Mary Jackson. Sem elas, não saberíamos como chegar às estrelas. Essas mulheres não reclamavam sobre seus problemas, suas circunstâncias, os problemas. Todos nós sabemos o que estava acontecendo naquela época. Elas não reclamavam. Elas focavam em soluções. E assim, essas mulheres corajosas ajudaram a colocar o homem no espaço. Não podemos esquecer dos homens corajosos que também trabalharam com a gente. Que Deus dê descanso a sua alma em paz, John Glenn. Esta história é sobre o que acontece quando colocamos nossas diferenças de lado e nos unimos como raça humana. Nós vencemos, o amor vence, todas as vezes. Muito obrigada por valorizar o trabalho que fizemos. Muito obrigada por valorizar essas mulheres. Elas já não são figuras escondidas. Obrigada."
Anota aí: "Esta história é sobre o que acontece quando colocamos nossas diferenças de lado e nos unimos como raça humana. Nós vencemos, o amor vence, todas as vezes."
Sem mais.
Estrelas Além do Tempo
4.3 1,5K Assista AgoraAssim como Historias Cruzadas teve grande importância, Estrelas Alem do Tempo me trouxe o mesmo orgulho. É realmente importante esse tipo de historia real ser contada, é humana e relevante, mas também é triste saber que o racismo-preconceito ainda existe... Talvez não em uma forma tão brutal como antigamente, mas ainda corroendo e machucando pessoas. Nossas cores são lindas, mas jamais serão parâmetro para definir caráter, capacidade, inteligencia, bondade, maldade e diferentes questões humanas.
O passado de extrema segregação racial e maldade só serviu para mostrar o quão uma massa humana consegue ser cruel. Imagina banheiros, locais, bebedouros e diferentes coisas diferenciados por questões de cor... Não consigo me colocar no lugar de ninguém, muito menos imaginar tamanha repressão e dor, apenas sentir vergonha e nojo de uma cor se achar superior a outra.
Estrelas Alem do Tempo apesar de um ou dois problemas, entrega algo digno para se admirar, compartilhar e mostrar para pessoas o que é definição de luta, entrega, empoderamento e capacidade. O aprofundamento das personagens principais é impecável, dando bastante destaque as atrizes Octavia Spencer e Taraji P. Henson, mas a novata Janelle Monae nos mostra que não entende só de musica, mas que também consegue causar boa impressão em sua atuação. Elenco inteiro esta de parabéns.
Acredito que são poucos cenas e atuações que conseguem tocar profundamente uma pessoa, mas o que Taraji P. Henson fez na cena onde esta toda ensopada da chuva foi algo simplesmente surreal e incrível. Eu realmente não consegui segurar minhas emoções, meu coração quebrou, me fazendo chorar ate soluçar.
"- Não tenho nada contra você.
- Eu sei. Sei que você provavelmente acredita nisso."
Sem generalização, esse dialogo serve para uma certa parte da sociedade. EUA, Brasil e outros países podem sentir o gosto do sangue na boca depois de levar um tapão desses. Querida parte da sociedade, eu sei que você acha que é um jogo sobre vitimização, mas na verdade é sobre caráter, igualdade, respeito... e você esta perdendo.
Pode ser apenas três historias de três mulheres negras para alguns, mas eu consigo imaginar a influencia que elas causaram para outras pessoas de sua época, de outras gerações e do nosso presente. É uma historia de empoderamento, representatividade, luta, inteligencia e respeito que não se deve ser escutada ou admirada só pelos negros, mas sim por todas as cores.
Todo ganho em pro ao respeito e igualdade beneficia nossa realidade, parece não gerar tanto impacto em sua vida e sonhos, mas ainda assim é importante. Nosso mundo se torna melhor a cada vez que um ser humano luta e supera obstáculos colocados pela vida ou na maioria das vezes pela sociedade, nos mostrando que amor, inteligencia, luta e sucesso pessoal não são propriedades baseadas em cor, sexualidade, religião e etc. São baseadas no interior humano.
Você é o que seu caráter diz sobre você. Mais amor, empatia e respeito.. para cada vez mais nos tornarmos estrelas alem do tempo.
A Onda
4.2 1,9KA Onda trás consigo uma ótima analise sobre o quanto uma parte da geração pode se deixar ser corrompida, usando de uma ideologia que parece confortável, mas que se torna fascismo. A critica não é nada doce, a ação é coletiva, mas os efeitos do fascismo são individuais. Atacando cada ser de um modo diferente. Aqueles seres pensantes deixam de pensar, se levam a acreditar na ideia do coletivo de forma superior, excluindo a individualidade e atacando toda a oposição que é gerada sobre eles.
O filme retrata muito bem as questões humanas dentro da ideologia que foi escolhida, como solidão, ego, superioridade, egoismo, cegueira e falta de questionamento sobre as coisas, manipulação, extremismo, negação, a individualidade de alguns personagens e diferentes outras questões.
Mona e Karo talvez sejam as alunas mais conscientes, ao mesmo tempo que transparecem individualidade, revidam essa ideia nos provando que elas estão mais preocupadas com os integrantes da Onda, do que os próprios. A ideologia gera desconfiança desde o primeiro momento que é imposta em aula, pelo menos eu senti isso, talvez seja porque esteja em minha ideologia desconfiar e questionar os atos humanos e suas ideias.
O mundo já sofreu e sofre com diversas ideologias toxicas, seja na politica, religião ou pessoas da sociedade. É fácil de ver que o fascismo não morreu, ele ainda existe, esta impregnado em grande parte da sociedade... é um verme, alimentado todos os dias, sejam em pequenas atitudes ou em grandes discursos.
"Os ditadores nunca são tão fortes quanto dizem ser. O povo nunca é tão fraco quanto pensa ser." - Gene Sharp
Hitler, Pol Pot, Hideki, Gensis, Chiang, Leopoldo II, Tseu, Kublai, Josef Stalin, Mao Tse-Tung, Osa Bin Laden, Cristianismo, Bolsonaro, Donald Trump, Temer e etc.
O que todos tem em comum? Ideologia perigosa. Alguns foram ensinados, mas todos foram alimentados a cada aplauso, apoio e falta de questionamento/desconfiança de seus milhares de seguidores. Nenhum exigiu seu lugar no poder, mas foi guiado e colocado lá. Nenhum ditador/odiador é forte ate ser alimentado todos os dias, com atenção 24 horas por dias, fanatismo e morte/dor de quem se impõe sobre sua condutada. É triste, mas real.
O fascismo tá aqui, na politica, religião, internet, ali na casa do vizinho, nas escolas e andando por aí.... Sempre acreditando que fascismo e ideologia são a mesma coisa. Acreditando que sua ideologia é parâmetro para todos, precisando alimentar seu ego e provar pra si mesmo a qualquer custo que esta certo. A culpa não é só de quem tem fome, mas também de quem alimenta.
Desconfio e questiono qualquer ideologia que procura no extremismo, favorecer um lado e atacar outro sem ser parcial com todos que vivem nele. Questiono qualquer coisa que exclua indivíduos, faça não acreditar na individualidade e pensamento próprio, tentando impor que devemos seguir e não caminhar lado a lado com opiniões diferentes/iguais, procurando um bem maior para todos. Desconfio de qualquer pessoa que venda uma ideologia aparentemente boa, mas do lado se contradiz, atacando e desrespeitando outra pessoa. Desconfio e questiono, não pra alimentar meu ego, mas por acreditar que tenho direito.
É engraçado que não são apenas os alunos da Onda que são manipulados, mas também o professor, enquanto preenche seu ego, se torna cego por sua arrogância e falso poder. É na ultima cena que o professor realmente acorda, antes dos créditos, a expressão de surpresa e o sopro de realidade é evidenciada em seu rosto. Fico imaginando o que aconteceria se desde o começo, o papel de líder do grupo A Onda estivesse nas mãos de um aluno e não do professor, provavelmente o caos seria ainda maior.
O filme trás muitas informações e te faz pensar sobre muita coisa, mas como meu comentário já se tornou uma bíblia, só quero dizer mais isso:
A Onda é um aviso, devemos saber que um governo bom não surge do nada, ele é lapidado por anos e talvez nunca chegue a ser um diamante. É preciso saber que o bem não se concentra em apenas uma pessoa e o mal não é limitado apenas a certo partido/politico, tudo é distribuído. O ser humano é infinito, não limitado, seja em seu lado mais doce ou sombrio. Tudo é questionável, se mantenha acordado e alerta. Conheça antes de aplaudir e caminhar ao lado de alguém, tenha cuidado com uma ideologia que impõe autoridade, extremismo, exclusão, desrespeito, preconceito e etc.
É importante não fechar os olhos/ouvidos para as ideologias alheias, assim como é preciso acabar com o fascismo abusivo e agressivo. Não sou inferior para ser calado, não sou superior para não escutar. Eu quero ver todos os documentos, pesquisas, conversar e realmente tentar entender... Se isso for bom e ajudar a melhorar minhas crenças/ideologias, eu vou caminhar do seu lado, sempre alerta e pensante.
Demônio de Neon
3.2 1,2K Assista AgoraThe Neon Demon retrata superficialidade com superficialidade, maquiando um roteiro com o que é mais importante no mundo da moda: beleza. No mundo da moda, a beleza não é tudo, é a unica coisa. O diretor merece muito mérito por seu trabalho incrível de fotografia e todos os elementos de arte, em um roteiro que utiliza poucas palavras importantes, mas muito beleza e simbolismo.
Não vejo muito problema em o roteiro parecer "superficial", se encaixa de algum modo em seu tema, onde a beleza exterior conta mais que sua essência interior. Acredito de algum modo que algumas cenas dizem/mostram algo, que talvez não captamos de primeira por causa da beleza deslumbrante, luzes fortes, palheta incrível de cores, elenco, cenas conduzidas com uma fotografia de tirar o folego e trilha sonora... Somos facilmente hipnotizados.
Podemos perceber que o diretor trabalha com vários assuntos, desde o padrão de beleza, a juventude corrompida, sexualidade, necrofilia, canibalismo e pedofilia/estupro. Todos os assuntos não possuem a mesma profundidade, mas se encaixam, em mundo real e fantasioso como o da moda... Sem deixar de evidenciar do belo ao mais sombrio do lado humano.
O titulo The Neon Demon me faz achar que esteja relacionado ao elemento químico Ne, um dos gases nobres e que existe no ar em pequena quantidade, o mesmo que a beleza(nobre e em pequena quantidade no mundo) da personagem central. Demon talvez seja pelo perigo que a personagem transmita as suas concorrentes, logo ela é o Demônio de Neon, iluminando o local onde esta e roubando todos os olhares.
Alguns "Q" a mais, spoilers, coisas que pensei e etc:
A frase "the wicked die young" do poster: a beleza e juventude de Jesse era considerada maldosa pelas outras personagens, parecendo insensível e causando desconforto. Logo, morreu jovem.
Cena inicial: a personagem Jesse já começa o filme fazendo um ensaio onde aparece assassinada, com sangue escorrendo, que já trilha seu infeliz destino.
Cena do banheiro: existe uma pergunta "você é sexo ou comida?" que já trilha o infeliz destino de Jesse, ao negar ser sexo, se torna comida.
Tigre no quarto: em algumas culturas o tigre simboliza perigo e crueldade. O motel era extremamente perigoso e cruel, onde garotas menores de idade(maioria, acredito) sem muito dinheiro e vários sonhos, viviam perto de um personagem pedófilo e estuprador.
Triângulos: lembra o Valknut(o qual é entrelaçado e chamado de No dos Enforcados), que simboliza a morte e seus mistérios. Os triângulos podem simbolizar as três personagens assassinas.
Os olhos de Jesse: nas primeiras cenas eu vi que constantemente a personagem pisca, enquanto as outras personagens/modelos tem seus olhos parados e vazios, com nada que diga que são humanas. Estão no piloto automático. Isso muda conforme a andamento, depois temos uma personagem extremamente robótica, vazia e com um ego que se sobressai.
Desfile com o show de luzes/som: é nesse momento que vemos a personagem Jesse parece sofrer uma mudança, onde alguns pensamentos e partes de sua personalidade são "quebrados". Ainda nessa mesma cena, temos repetidos beijos em si mesma, deixando claro o extremo amor próprio, que logo se tornara arrogância incontrolável.
Necrofilia e canibalismo: enquanto o canibalismo não nos causa tanto impacto por não ser tão posto em tela, a necrofilia nos trás repulsa e nojo.
Cena dos créditos: parece não encaixar no resto do filme, mas em determinado Gigi pergunta a Jesse como era ser o sol em um local frio... Assim Gigi é o oposto, caminhando de jaqueta no chão de barro seco pelo sol.
Mesmo que todo elenco trabalhe bem, Elle Fanning e Jena Malone são duas atrizes incríveis e ganham mais pontos, porque enquanto Elle transmite beleza, inocência e ego de forma maravilhosa... Jena entrega uma atuação assustadora, com falsidade e raiva no olhar.
No fim The Neon Demon é sobre parte de uma geração e como ela pode se tornar desesperada sobre como criar uma ilusão do que é perfeito, para o cumprimento final aos olhos dos outros. A obsessão de uma ilusória promessa, vida cumprindo o esperado. E você, é comida ou sexo?
My Beautiful Broken Brain
3.9 40 Assista AgoraPoético e alucinógeno, My Beautiful Broken Brain nos entrega a estabilidade humana corrompida em fração de segundos e o quanto isso reflete em questões como luta e adequação.
A vulnerabilidade humana muitas vezes pode ser considerada um fracasso, mas no fim é apenas uma forma para mostrar um lado que você não esta acostumada, um lado o qual não se preparou porque tudo sempre era estável. Quando essa estabilidade se corrompe, procuramos voltar a ser quem eramos, mas a vida não se trata de procurar resgatar o passado... mas sim, de adequar nosso presente e futuro. Se trata de nos adequarmos as nossas deficiências, fraquezas e vulnerabilidades, e com certeza Lotje chegou no ápice da identidade humana. Um ápice onde ela entende o quão forte é, e aceita toda sua vulnerabilidade... deixando de resgatar seu eu antigo, para se entregar ao seu novo eu. É sufocante ver o quanto Lotje se perdia em tal realidade misturada com ilusão, suas pausas rápidas e as vezes longas, praticamente sempre perdida em seu eu antigo. É também angustiante sentir a fúria dela sempre procurando resgatar tudo aquilo que ela era antes do trauma, mas pequenos lapsos sempre a afastando mais e mais.
"É aqui onde eu aprendo sobre a vulnerabilidade e força humana, e do que o ser humano é feito... É feito por dentro."
Lotje e assim como milhões de pessoas vivem com esse brilho magico nos olhos, misturado com um toque sombrio e dolorido, de frente a uma vida nova cheia de possibilidades e ate estradas esburacadas. Nos mostra um redescobrimento forçado perante uma vida que já tinha sido criada... cheia de certezas, verdades e zonas de conforto. A vida é como a historia da Lotje e de outras pessoas... Com um começo, um meio bem longo e o fim que só vai ser importante/um fato quando acontecer.
É nessa fraqueza e força humana que eu me perco, aprendo a reclamar menos e agradecer mais. É nisso que eu acredito: o corpo é falho, mas a essência jamais. Somos feitos por dentro.
O Verdadeiro Custo
4.5 132 Assista AgoraNossas roupas viajam longos caminhos, chegam em lojas de grandes marcas que nos vendem uma imagem que não condiz com a realidade, são expostas em vitrines, bancadas e manequins. As portas são abertas, as pessoas entram e compram, mais do que precisam. A grande maioria não se questiona de onde vem ou do quanto isso afeta as pessoas e a natureza, roupas são compradas com manchas de sangue e suor de pessoas que depositam suas vidas, lutas e necessidades naquilo... sendo recompensadas com pouco e sem nenhuma qualidade de vida ou trabalho....
.... Mas ninguém sabe disso. Ou não se importam. Ou apenas querem comprar.
Não é novidade, mas é apavorante ver quantas marcas não se importam com seus trabalhadores, -primários- e terceirizados, sem qualidade de vida ou trabalho. É são eles, os responsáveis de mais de 97% dessa produção de moda rápida, que enquanto leva um grupo ao topo, empurra outro mais ainda pra baixo. É triste ver o quanto alguém lucra a partir do suor e sangue alheio, sem se importar que seu lucro só existe porque outras pessoas foram exploradas e não tinham escolhas, isso é desumano. A ajuda não vem nem das empresas, muito menos do próprio governo, e os trabalhadores continuam sem escolhas, e suas lutas por qualidade de vida e trabalho são vistas como indiferentes... onde recebem tiros e agressões, ao invés de ajuda. O governo/marca se importa só com o lucro e ignora quem da isso a eles, o povo é importante, mas seu trabalho não é recompensado.
Mas nem tudo é obscuro, no documentário temos provas que ainda existem pessoas que querem lucro, mas sem esquecer da qualidade de vida/trabalho de seus empregados e companheiros em uma jornada de crescimento, tanto como de trabalho, como de vida. É lindo ver os sorrisos daquelas mulheres ao saberem que pelo menos, uma delas, vai viajar a outro pais/cidade pra conhecer pra onde vai seu trabalho, conhecer quem são seus clientes e depois passar isso tudo para as outras mulheres. Parece pouco pra alguns, mas é muito, ser reconhecido é importante.
É extremamente dolorido a parte onde toca "I Want It All", misturando o consumismo e a riqueza fajuta, com o cansaço e falta de qualidade de vida de trabalhadores que entregam suas vidas sem escolhas pra confeccionar coisas para outras pessoas, que nem sabem da existência deles... apenas compram e vão pra casa.
"I want it all... and I'll use you to get it... 'Cause I want it all. When there's nothing left, they'll be nothing left for us to take."
Não estou dizendo que o consumismo é errado, mas sim que questionar e repensar isso... é o certo. Não questionar e ignorar é se tornar condizente. É se tornar cúmplice em um mundo onde o consumismo é em grande parte, sujo. Questione, repense e respeite.
Irmão de Sangue
4.6 59Dilacerador como uma faca entrando em sua pele, e ao mesmo tempo tão esperançoso, puro e cheio de amor. Minhas lagrimas começaram a cair no primeiro ato, na primeira corrida das crianças ate Rocky, o abraçando com toda força e gratidão que um ser humano pode ter por alguém que os ama, acolhe e protege.
Blood Brother quebra todas as barreiras impostas, colocando vidas diferentes lado a lado, mostrando o quão podemos ajudar um ao outro. Mostrando o quanto de esperança e amor pode existir onde a dor aparece de um dia para o outro, um lugar onde alguém pode estar bem e em outro instante, morto. É um lugar onde a vida e a morte caminham juntas, não é poético, é a realidade.
"Eu poderia morar numa casa melhor, com vaso sanitário, ar condicionado... Mas não faço isso por vários motivos. Acho que cria uma separação, como: existe um rei branco, e ele tem tudo o que quer, e eu não posso ter nada daquilo porque sou pobre. Outras pessoas podem aliviar ou medicar seus sofrimentos com dinheiro. Quando você utiliza esses mesmos padrões para si mesmo, acaba forçando seu coração a mudar."
Essa visão não demonstre só ajuda, mas sim uma entrega completa, onde um homem abandonou todas as suas pretensões padronizadas e luxos, forçando sua mente e coração a mudança, assim ficando ainda mais presente na realidade daquelas pessoas e crianças. Ele fez o que achava que deveria fazer, mesmo com medo, não desistiu. Isso tudo define: entrega, luta, esperança e amor. A entrega dele não é só linda, mas sim surreal.
É uma pergunta simples feita para uma criança: O que é amor?
A resposta é pensada, mas rápida: Amor é quando tem uma pessoa triste, ai alguém vem e deixa ela feliz.
Assim como Madre Teresa de Calcutá disse: Não devemos permitir que alguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.
É isso que nos diferencia, se não estamos prontos para fazer bem sem olhar a quem, então tão pouco estamos evoluindo nossa mente, coração e alma. Estamos parados em nosso próprio egoismo.
Blood Brother não aborda só a questão da luta de Rocky, mas sim também da ignorância e discriminação que pessoas com HIV sofrem, as vezes ate dentro de sua própria aldeia ou família. Mas como Rocky disse: dai, você vai ver e são apenas crianças. São apenas pessoas. Lutando todos os dias, talvez com medo, mas sem desistir. Fala também de como a morte também precisa de dignidade e paz, não apenas a vida. Blood Brother é um documentário obrigatório.
A Bruxa
3.6 3,4K Assista AgoraRecheado de metáforas, com um toque sombrio de ocultismo e satanismo, A Bruxa caminha de forma lenta nos trazendo mais sobre a busca da liberdade... do que nos assustando. O ataque a nossa visão é colocado em segundo plano, dando espaço maior para que a trilha sonora nos sufoque e tente nos desequilibrar.
A Bruxa nos entrega mais sobre liberdade feminina do que nos assusta, ser uma bruxa é ser uma mulher livre, que se permite se ver igual aos outros, tendo conhecimento total de sua sexualidade e liberdade própria.
A fé dos personagens em diferentes momentos é testada e em todos os momentos a fé é corrompida, pelo simples de ser algo forçado, sem vontade e verdade naquilo que pregavam. Não se tratava de algo verdadeiro que fluía em suas almas, mas sim de algo que era obrigatório e irreal, forçado do seu inicio ao fim. A religião controla e os reprime, mergulhando as crianças no isolado cheio de desconhecido, forçando suas mentes ao suposto pecado e ilusão.
A bruxa é o oposto de toda essa religião obrigatória... Sua figura logo mencionada é a força que precisava para derrubar tudo o qual já estava desmoronando. Levando tudo ao chão, demonstrando que não existe força quando se possui fé sem verdade.
No fim, Thomasin se entrega ao bode, que no final das contas, o mesmo é a sua própria liberdade. É nesse momento que ela pode viver sem amarras religiosas e sociais que a prendiam em uma realidade a qual não se encaixa . Pode viver livre.
O filme assim como fala sobre a busca de liberdade total, também reflete muito a questão sobre a opressão. Os animais do inicio ao fim são um ponto forte. Assim como outras metáforas.
1. O bode, é colocado em situação vergonhosa pela igreja, o fazendo parecer o fruto de todo o mal, no fim quando Thomasin se une a ele é porque esta dizendo sim a luxuria e liberdade.
2. O coelho que poderia muito bem fugir, não, ele afronta seu predador. É evidente que o equilíbrio esta sendo renovado, onde a presa perde seu medo e enfrenta seus medos e opressões.
3. O corvo me lembra mudança, assim como possui um toque de morte e vazio. Ele aparece em tempo de mudança, se alimentando do vazio da mãe e trazendo a morte para aquele lugar. A morte é a mudança, é onde o vazio desaparece e trás a liberdade total daquela que precisava.
4. A igreja católica associou a ideia de pecado à maçã, mas esta fruta para as bruxas já era utilizada para feitiços de amor. É uma fruta doce, bonita e desejada por todos. Desejada por Thomasin, assim como por Caleb, o qual sentia desejo em sua irmã porque tão pouco conhecia outras coisas. A maçã é utilizada como instrumento de atração e desejo.
Nenhum lobo é convincente em pele de cordeiro. Coloque-os à prova e todos falharão, imediatamente. O mesmo serve para a sua fé, tão pouco ela sobrevive se não é verdadeira.
Em alguns momentos A Bruxa pode parecer clichê, mas tão pouco se perde em seu ritmo lento e sombrio, se permite ser o que precisava ser... Sem se importar se vai chocar ou receber criticas negativas por não assustar como seus concorrentes. O sombrio nunca foi tão belo e tão cheio de vida, metáforas mergulhadas em uma historia incrível que ainda tem muito para ser descoberta. As atuações são excelentes, assim como o pulso firme e decidido da direção.
O principio da bruxaria é a natureza, ver algo alem daquilo que nos parece obvio, e a A Bruxa nos demonstra isso claramente.... nos entrega uma historia que parece obvia, mas que por trás dela e de cada coisa que ali habita existe mais coisas sobre as mesmas. É um filme rico em detalhes e com uma beleza incrível.
Brooklin
3.8 1,1KBrooklyn chega de modo singelo, humano, sentimental e extremamente doce. Mergulhamos em uma historia simples, mas que de algum modo é profunda, que nos faz apreciar cada minuto... Nos encanta em sua fotografia. Nos faz rir a beira da mesa com as garotas. Nos faz chorar com momentos de demonstrações sinceras e ate quando o Brooklyn parece escurecer escondendo a luz que existia ali. Nos deixa apaixonados em um romance que ao mesmo tempo que é sincero, se demonstra tão real, nos fazendo ate esquecer que aquilo é uma atuação entre dois atores.
É uma historia simples e não existe problema algum nisso, possui todo seu romance e isso também não é problema. É bonito ver o amor ser representado dessa forma, entre nossas confusões, lutas, decisões e indecisões, perdas... ver que a vida pode ate nos tirar algo, mas no fim ela nos da muito mais, basta olhar atentamente. Aqui possui dois lados: toda a luta de Ellis por algo melhor e assim conseguindo, mas também temos o lado assustador da perda e de é como voltar para o familiar acreditando que somos obrigados a seguir o dever de sacrificar nossa felicidade e aquilo que lutamos tanto para adquirir. É estranho ver tudo o que era estranho virando algo que agora parece se encaixar perfeitamente. Por mais amadurecimento que você adquira, você ainda é humano, estranha o que a vida proporciona ou tira, o que ela esta tentando fazer enquanto você esta confuso e o que ela pode se tornar a partir de suas decisões. Porque abandonar algo que você lutou pra ter, para viver uma vida que agora estão tentando te encaixar? Não é justo consigo mesmo, nem com sua felicidade e muito menos com sua luta. Talvez escolher o amor nem sempre de certo, mas ainda é melhor que viver o dever de estar em um lugar que tentam te encaixar, mas que você não se sente encaixada. Vivemos em uma transição emocional enorme, onde as vezes estamos no céu e as vezes no chão... e é bonito ver isso aqui.
Acredito que o amor mesmo sendo um ponto muito forte, no fim é um filme sobre decisões e indecisões, e de como isso pode ser assustador, assim como pode ser maravilhoso. E sinceramente, esse é um dos romances mais sinceros e lindos do cinema, assim como o casal... Um amor antigo, que de certa forma hoje desaparece e aparece em meio a nossa atualidade.
Acredito que essa seja a resposta para todos nos quando não conseguimos falar ou demonstrar o que sentimos na hora exata, seja por medo ou por nos sentirmos confusos. É uma forma sincera de deixar claro que para nos aquela não era a hora certa de falar, mas agora sim.
"Você se lembra quando disse que me amava, naquela noite, e eu não soube o que dizer? Bem, eu realmente não sabia o que dizer. Mas já sei o que dizer agora. Estive pensando em você, e gosto de você. E gosto de estar com você. E, talvez eu sinta o mesmo. Então, na próxima vez que disser que me ama, se houver uma próxima vez, vou dizer que eu também te amo."
Saoirse Ronan tem uma expressão no olhar raro no cinema, assim como sua beleza, nos entregando com facilidade um amadurecimento incrível, não só de sua personagem mas também pessoal. Admiro toda essa simplicidade da direção em nos entregar um filme sutil e delicado, que poderia cair no clichê de algum modo, mas que não cai e sim nos levanta de forma agradável como num abraço de segurança.
Brooklyn é tão delicado que você o coloca no coração e guarda ele lá.... No conforto, porque é nesse lugar que as coisas boas devem ficar, assim como Ellis.
A Garota Dinamarquesa
4.0 2,2K Assista AgoraThe Danish Girl não é só sobre a força de uma mulher, mas sim de duas, Lili e Gerda são o exemplo perfeito de amor verdadeiro. O amor que é além do carnal, aquele puro que faz duas almas continuarem juntas lutando uma pela outra.
Tudo ali é sobre força, beleza e amor, que transforma, absorve e modifica tudo. É evidente a confusão, o medo, a dor, o amor, os sacrifícios, a luta, a forma que os personagens desabam e se levantam, na sua forma mais ampla é um filme sobre a vida e o quanto ela é complicada ate estarmos completos de alguma forma.
Os toques das mãos nos vestidos, nas meias, em sua pele, os olhares, os sorrisos, a doçura, a melancolia...... Tudo em meio a uma historia sobre a dor de duas almas, feridas cada uma pelo próprio e profundo sofrimento interno. Uma história sobre amor incondicional, que sobrevive ate além do fim.
Não vejo a atuação do Eddie como forçada, talvez como confusa, mas isso não é algo negativo... É algo que me faz pensar no quão difícil deve ser para alguém viver sentindo que sua alma esta em uma embalagem diferente que ela gostaria. Se sentindo incompleta. Se sentindo enganada. Sentindo medo. Sentindo. Sentindo sempre. Sentindo tudo que é de mais confuso, alegre, triste... sentindo em um nível que não sabemos como explicar.
Enquanto Eddie desaparece em Lili, é Alicia Vikander quem rouba a cena e mostra toda sua intensidade. É de sua personagem o inicio da auto descoberta, de força, de medo, de amor incondicional... e em meio a tudo isso ela conduz sua força de forma incrível, lidando com a solidão da perda do seu parceiro por amor a sua amiga Lili.
"Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz." - Madre Teresa de Calcutá
Amy
4.4 1,0K Assista AgoraO documentário de Amy não traz novas descobertas, porque já sabemos de tudo aquilo e já esperamos o final trágico. Mas Amy é lindo ao mostrar a real imagem de uma artista que morreu rotulada como drogada, louca, rebelde e outros rótulos. Aqui temos aquela criança doce, com opinião forte desde muito cedo, aquela adolescente rebelde, aquela mulher encabulada e ainda tão inocente.... Óbvio que em sua vida adulta Amy sabia o que estava acontecendo, mas estava perdida ao ponto de não se encontrar mais, e nesse momento ela só precisava de alguém para dizer: pare um pouco, você é muito importante. Ela precisava de alguém para retira-la com força de tudo aquilo e deixa-la confortável em um abraço... e é evidente que algumas pessoas se importavam, amigos, mas os quais não tinham força sobre a personalidade dela. Amy precisava de seu pai e de sua família, mais que qualquer outra coisa!
Depois de ler o livro do Mitch e ter mais imagens-vídeos reais, a hipocrisia é evidente. E Amy não conseguiu enxergar isso totalmente, porque fez do pai seu porto seguro, por mais que a segurança não existisse. Meu total desprezo ao Blake, o qual me fez demorar vários dias para conseguir acabar o documentário, porque eu não conseguia ver e escutar a voz dele. Não foi as drogas que destruiu Amy, foi principalmente o amor que ela sentia por alguém tão miserável e raso.
Billie Holiday uma letra da Ella Henderson parece descrever Amy, aqui já traduzida: Eu me lembro quando o papai disse: o que você quer ser? Eu disse que “eu quero ser uma sereia e viver sob o mar”. Bem, eu sabia que não ia dar certo quando olhei para baixo para os meus pés... Meu primeiro álbum saiu e foi aí que ele mudou para mim. Ele me faz sorrir, me fez cantar, fiz minhas preocupações voar para longe. ARMANDO PARA MIM, me libertando. Eu poderia ser Billie Holiday. – Mas o fato que Amy não foi Billie Holiday e nem esteve perto de ser outro artista, Amy Winehouse era apenas Amy Winehouse. Nessa letra eu consigo ver a relação da Amy com o pai, alguém que em seu interesse fazia da história de Amy a dele. Não era a história dele, ele libertava Amy enquanto armava para a mesma. Era um aproveitador.
Ausência e logo depois o interesse do pai, a fama que ela não esperava, a destruição de um amor que só ela sentia, bulimia, seus vícios, suas melhorarias e seus deslizes mais rápidos ainda, a crueldade da mídia e da indústria musical.... Amy foi machucada de tantas formas ao longo de sua vida que não é difícil aceitar o porquê de ter se perdido. Amy tinha o direito de se perder, de sentir medo, de chorar, de querer fugir, ela era um ser humano e muitos esqueceram disso. Amy surgiu sendo humana em uma indústria/mídia onde a maioria são robôs.
Os flashs são um ponto forte no documentário, ainda mais por serem extremamente altos, nos colocando na posição de Amy e nos assustando. Imagina o quão deve ser torturante para alguém tão humilde entrar rapidamente na fama e ter sua privacidade inteiramente tomada? Quando ela não esperava por isso? O erro talvez de Amy talvez tenha sido isso, não ter acredito em si mesmo, achar que não faria sucesso... quando todos a sua volta sabiam que isso ia acontecer. Amy não estava preparada e mesmo ela não estando, isso aconteceu e todos a sufocaram sem antes prepara-la. A fama veio rápido para alguém que só precisava de um tempo para se acostumar (e que talvez nem se acostumasse, porque a atenção sobre Amy não parava). A música final se encaixa perfeitamente nas imagens de um momento de maior perda, tanto para a indústria musical, quanto para a vida. O final me levou as lágrimas.
Amy ofereceu muito para todos, e recebeu pouco. Aquela garota só precisava de amor, o verdadeiro, não o traiçoeiro que a matou.
Love
3.5 882 Assista AgoraSinceramente? Não consegui gostar, me simpatizar, me envolver, porque o amor de fato ali só existe na mente de Murphy, onde ele vive com suas lembranças, buscando algo que já é inexistente e inalcançável. Ele apenas foge de sua realidade infeliz. O filme procura nos mostrar em alguns aspectos qual o sentido da vida, mas peca nos afundando em relações vazias que não procuram amor ou alimentar suas vidas com sexo, mas sim preencher os vazios de uma relação forçada e ate de certo modo sombria. A destruição do amor(utilizado de qualquer forma) é clara, mas é ainda mais claro a forma como a historia parece querer colocar Murphy como coitadinho, quando ela não é.
Love com certeza perdeu bastante meu foco e meu interesse na cena da Trans:
A cena é suja, não é apenas um tema delicado, mas também usada de forma preconceituosa e estereotipada. A trans é colocada em diferentes rótulos, usada com falta de respeito onde parece ser transportada apenas para servir como vingança em uma relação perdida. É utilizada como se fosse algo nojento, quando ela não é. Coloca-la nessa cena rápida onde logo é cortada, dando lugar ao dialogo que reprime e procura esquecer que aquilo que aconteceu, e que não pode ser revelado porque pode causar vergonha.... É também uma situação onde deixa claro que essas pessoas são usadas no escuro, mas que socialmente são descartáveis e causam vergonha. Não era preciso ter essa cena, porque ela pode ate enfatizar uma realidade crua, mas exalta o preconceito.. algo que algumas pessoas não enxergam como cruel, mas sim como engraçado ou indiferente.
O filme ganha seu mérito em sua fotografia e em como ele consegue utilizar das cenas de sexo como expressões de diálogos, longe de nos mostrar algo pornô.
Não enxerguei amor, muito menos sentido de vida, apenas vi uma forma cansativa de contar uma historia sem sair do lugar. Uma historia que não é mais real, mas torturante na mente de homem infeliz porque fez suas escolhas e não consegue aguenta-las. É inteiramente baseado em polêmica, não em sentimento ou sentido.
Dançando no Escuro
4.4 2,3K Assista AgoraDançando no Escuro é dilacerador como uma faca entrando em seu peito, que depois da lugar a uma mão que separa sua carne, segura seu coração e o arranca.
Cruel. Real. Forte.
Nos torcemos aos poucos por Selma, que tem sua doçura fragilidade aos poucos, nos faz aceitar suas fantasias, mas não nos faz esquecer que o pior esta por vir. O lado humano é imposto de forma surreal aqui, nos levando a dançar no escuro com a protagonista ate onde ela for. A vontade é de abraça-la e dizer "não continue, apenas fique onde esta", mas ate onde você iria por amor? O que faria? O que sacrificaria? Deixaria de voar por uma vida bela para que outro pudesse voar sem bater nas arvores? Tudo se trata de luta, amor e sacrifício. O musical esta ali apenas para nos fazer esquecer o que já esperamos, esta ali para mascar a realidade dura da dor e do que significa sacrifício.
É quando o silencio aparece que Selma se sufoca, assim nos fazendo sufocar também. Como fantasiar em um lugar cruel quando se não possui sons em uma cela? O silencio trás a realidade e isso machuca. Não é um machucado qualquer, é aquele que que não se curou porque você esta ocupada lutando por outras coisas, não é a dor da carne... mas sim da alma. Chegando ao fim, mas não tão perto, porque é nesse momento que os 107 precisam ser percorridos. 107 passos que descartam toda sua entrega, luta, que a humilha por erros que não eram seus, por egoísmo e ambição nojenta do próximo. Depois dos cansativos 107 passos, temos a tortura, nos colocando um capuz quando já estamos cegos, nos fazendo sufocar ainda mais. Os gritos não eram por causa da escuridão, mas sim porque o ato de sufoca-la a fazia ter a noção do quanto a morte era sombria. É melhor morrer de olhos abertos mesmo que não enxergue nada, do que te levarem sufocado para outro lugar. Não procuramos ambição na morte, mas sim dignidade. Ao fim, para Selma todo seu sacrifício deu certo, e é nesse momento que ela pode cantar para o seu filho em sua própria realidade. Ela não precisa mais lutar e fantasiar, apenas descansar.
Que os anjos toquem bastante musicas no paraíso para Selma poder dançar e cantar.
Não me permito dar menos de 5 estrelas depois de um filme como esse me transmitir milhares de coisas e destruir meu coração.Por fim... Obrigado Bjork por essa atuação incrível. Obrigado direção e elenco. Apenas obrigado por despedaçar meu coração. Nada é mais belo que um filme que transborda sentimento.
Beira-Mar
2.7 454Não esperava muito do filme, mas nem por isso o vi como ruim, mas depois de assistir e chegar ao final não levei nada dele. E isso é uma pena. Beira-mar é vazio, não te transmite nada, apenas prolonga uma historia que poderia ser resumida em um curta.
Não vou ficar elogiando fotografia e trilha sonora que são agradáveis para mascar os defeitos. Vou reclamar por possuir diálogos rasos, um roteiro ou falta dele, a forma que se arrasta apenas para falar sobre o desabrochar de algo, que no fim não acrescenta e nem trás nada de novo. Não me importo muito com as escolhas de atores, mas ao longo do trajeto você não cria vinculo com nenhum personagem e nem se importa com eles, não sente emoção e então a obra se torna apenas mais uma. A falta de profundidade nos personagens é um erro triste. Talvez essa essência e o que filme tenta demonstrar conquiste alguém, mas eu não.
O filme não fala sobre amor, talvez tente falar sobre auto descoberta, mas não convence. Acredito que a aposta foi na simplicidade, mas a falta de roteiro e emoção levou o filme ao fundo. Simplicidade é linda, mas quando arrastada e preguiçosa se torna entediante e conquista olhares que logo depois te esquecem.
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraQue horas ela volta? é um soco no estômago, seja no meu, no seu e principalmente em quem acha o preconceito algo normal. No do inicio ao fim, QHEV se mostra simples, nos mostrando uma realidade que é atual e nada acolhedora. Possui uma fotografia linda, enquadramentos que nos mostram um mundo particular da personagem principal e possui uma direção forte que utiliza de varias coisas para te passar ensinamentos, que hoje em dia são necessários. As atuações são boas, e Regina Case surpreende. Não é um filme que generaliza, mas sim que te mostra que isso existe em nossa sociedade e que a hipocrisia, arrogância e superioridade são atos evidentes.
É maravilhoso ver um filme te transmitindo mensagem e sentimento ate sobre uma forma de gelo, representando o egoísmo ao próximo. Grande parte do mundo utiliza o gelo, mas porque não coloca agua na forma para que o próximo tenha algo para gelar seu suco? Não se trata apenas de egoísmo, se trata também de preguiça e que esse ato não parece importante. É evidente que todo ato humano, seja ele pequeno ou não, tem seu valor e seu impacto.
A família é composta de 3 elementos: arrogância, autoridade abusiva disfarçada de calmaria e logo depois o terceiro elemento: transparência. A patroa além de ser arrogante, é hipócrita, porque para ela Val é parte da família, mas só depois da porta da cozinha para lá - assim como a filha da empregada que é bem vinda -. É a parte que não tem valor, mas que mantém as paredes de sua casa e de seu filho em bom estado. O patrão é o reflexo de uma autoridade nojenta que se disfarça em meio a calmaria, que ao ver a filha inocente da empregada acha que pode corrompe-la com presentes e aceleração de seus sonhos, mas isso não é algo que ele consegue porque a sua futilidade não tem poder ao se confrontar com o caráter de Jessica. Fabinho eu conclui como "transparência" porque ele transparece aquilo que algumas pessoas são e ate eu mesmo as vezes, julgando de certo modo mas não para machucar mas sim porque nos demonstramos curiosos e duvidosos. Fabinho é acolhedor com Val, então em nenhum momento senti nojo de seu personagem.
Logo de começo achamos a Jessica meio - folgada e arrogante - mas é evidente que ela foi construida para nos dar um tapa na cara, não era uma filha arrogante ou ingrata, era apenas alguém que procurava por igualdade e a realização de seus sonhos. Logo depois vem outro tapa na cara de quem acreditava que ela se entregaria ao luxo porque alguém esta afim dela, só porque ela é pobre e filha da empregada ela se torna tão fácil a ponto de se entregar a um homem que ela não conhece e que é casado? Não. A filha da empregada não pode fazer vestibular em uma faculdade concorrida e forte? Pode sim, aí vem 68 tapas no seu rosto, por que o mundo e o topo é de quem se esforça e entrega seu suor.
Val é aquela personagem doce, que em sua condição de necessidade se submete a ser outra pessoa para que problemas não apareçam e para que seu emprego seja mantido. É uma mulher que a sociedade e suas necessidades tornam em um ser regrado, inferior, inseguro e que não vê sua igualdade e seu grande valor. Mas no fim, Val é um ser humano simples, acolhedor e carinhoso. É um ser humano realmente grande, preso em um rotulo pequeno e sufocante. E é muito bom ver a Val em uma cena de libertação logo depois na piscina, que mesmo vazia, parecia cheia para ela. É aquele ser humano que eu colocaria em minha mesa, serviria sorvete de amêndoas, porque ninguém na minha casa é melhor ou pior. Todo ser humano tem direito a um bom sorvete, de nadar em uma piscina e de ser grande. Não importa o quanto possuímos, onde nos estamos no topo da classe social, devemos apenas aceitar o fato que aqui ninguém é pior ou melhor que ninguém.
O momento da demissão fica evidente que depois que Fabinho se foi, Val não precisa mais estar ali, ainda mais sabendo que sua filha precisa muito dela. Não existia o porque dela transmitir seu carinho em um lugar onde não permitia isso e que muito menos fazia questão de trata-la como se não fosse apenas uma "empregada". Não era questão de dinheiro, não era fofoca, era cansaço e aceitação que sua liberdade interior era importante. Val se liberta de um rotulo que era posto nela, porque antes dela ser uma empregada, era um ser humano.
Julgamos as vezes sem perceber, mas é burrice persistir em tal ato - misturando isso com ódio e preconceito -, quando podemos simplesmente procurar conhecer a pessoa. É preciso conhecer as pessoas, é preciso saber o que acontece dentro de cada um, é preciso saber que nem depois de conhecer uma pessoa por completo temos o direito de trata-la com inferioridade, só porque em nossas mentes parecemos maiores.
Conheça alguém pelo o ser humano que ele é, não pelos rótulos que a sociedade coloca. Mantenha o respeito, você não é melhor e nem pior. Somos apenas visitantes em uma vida que dura tão pouco.
Que horas ela volta? é um filme de valor enorme, mas algo me diz que os críticos do oscar vão ignora-lo. Ganhando oscar ou não, isso não me abate, porque a sua mensagem já esta guardada em meu coração.
Humano - Uma Viagem pela Vida
4.7 326 Assista AgoraPor acaso encontrei Human e nunca fiquei feliz ao encontrar algo, encontrei a sinceridade e a verdade daquilo que somos em 3 volumes. São tantas pessoas, tantos rostos, olhos felizes e outros cansados, tantas vidas e historias, que eu me sentiria incomodado se viesse aqui falar sobre ele em poucas palavras. Quero falar sobre Human, para cada pessoa, quero coloca-lo no lugar das novelas fúteis, quero enviar o link do youtube para todos e torna-lo um viral. Yann nos entrega uma forma incrível e sincera de ver os vários lados e historias de um ser humano, tudo isso em meio a uma direção e fotografia absurdamente maravilhosa.
O que nos torna humanos? Será por que amamos, por que brigamos? Por que rimos? Choramos? Nossa curiosidade? A busca pela descoberta? Ao longo do trajeto nos encaramos as respostas, em lábios de outras pessoas, em historias doloridas, confusas, cansadas, felizes e angustiantes.
Vol. 1 - Amor. Dor. Exaustão. Status social.
Começamos por aquilo que nos gerou, por aquilo que se perdeu ao longo dos anos, sim, estamos falando de amor. Talvez não tenha se perdido, mas hoje ele existe em poucos. Ver aquele senhor dizendo que cuidou da sua mulher -machucada e invalida- ate o fim da vida dela me emocionou, ele demonstra o que significa amor, significa não abandonar e dar conforta seja como for... seu corpo cansou, isso é óbvio, mas ele adorava fazer isso por ela. Adorava é uma palavra citada varias vezes por ele. Adorava, apenas adorava. Logo depois vem uma chinesa suplicando por amor, para você que assiste, é nesse exato momento que meu coração desaba e minha vontade é de abraça-la, é de ama-la seja ela quem for... é nítido que ela precisa de amor e esta com medo de estar sozinha, ela é humana, assim como eu. Esse medo existe. Nos vemos casais de 60 anos de casamento andando de mãos dadas e queremos isso, queremos esse tipo de amor. Queremos que alguém nos ame alem de nos mesmos. Nosso amor próprio é uma dádiva, mas o amor do próximo é uma luxaria bem vinda. Logo depois vem a dor, de estar em uma relação cruel e que nos machuca, nos mostra que existe um lado cruel e isso não se trata de amor, se trata que humanos são humanos e nem todos escolhem te respeitar, te cuidar, te manter bem, outros procuram a destruição do próximo. Não temos tempo para julgar o relacionamento de ninguém, apenas cuidar de nossas vidas, porque as vezes talvez exista esperança em algo que parece ruim. Logo depois vem a exaustão, seja ela do corpo ou da alma, através do trabalho e do quanto nos sacrificamos, existe um lado que não desiste, outro que não tem escolha e no momento que uma senhora conta uma historia antiga que um sorriso meu aparece, ela diz que quando era criança olhava uma boneca e sua mãe disse que não poderia comprar, ela com uma alma velha e madura responde "mamãe não estou pedindo que você a compre, só quero ficar mais um pouco para admira-la. Incrível. Fechando esse volume que eu miseravelmente tento resumir, vem o status social e o egoísmo. Uma certa parte com muito e outra com tanto pouco, não é meu direito julgar quem tem muito, apenas me entristece ver gente com nada em suas mãos para saciar seu estômago ou seu cérebro. É triste ver um mundo político e outros meios que adquirem milhoes esquecendo das pessoas. Não é preciso dar dinheiro ou ergue-los ao ceu, apenas compartilhar algo, seja algo para comer ou esperança vinda com um pouco de ajuda. Para quem não tem nada, o minimo é muito. O egoismo nos mata como humanos, como sociedade e raça(humana). Tudo se compra, menos a vida. A vida se gasta.
Vol. 2 - Guerra. Sexualidade. Família. Morte.
É o volume mais angustiante e dolorido, é forte e descontrolado como as ondas de um mar furioso. Nos mostra o quão o ser humano é horrível. A guerra se tornou normal, ela é ensinada as crianças e passada de geração a geração. Por que existe tantas guerras? Por que não conseguimos nos entender? Porque temos a ideia de que somos os melhores? Que nossa religião ou raça é melhor? Vemos que é mais facil para a sociedade ensinar sobre ódio do que sobre amor, isso é triste. Vemos que é preferível atirar do que procurar entender. O que falta é conhecer ao próximo, como ser humano. Talvez assim poderíamos amar do que matar. Mas isso é um sonho, nossa realidade é persistente, infelizmente. Talvez o mundo enxergue algum dia que a guerra não tras beneficio, e se trouxe, não é puro e sincero. Não queremos sangue em nossas mãos, queremos um lugar melhor e se demorar pra conseguir com paz, que demore. Logo depois vem o segundo tipo de guerra que o mundo cria sem precisar: a sexualidade alheia. O fato é que não precisaríamos nos identificar como gay, não precisamos de um rotulo, porque no fim somos humanos, somos irmãos, pais, mães, pessoas que possuem dias ruins e o sexo de quem amamos não nos define, o que nos define é o amor que sentimos. Talvez para alguns seja motivo de julgamento ver que alguém depois de anos se encontra enganado e percebe finalmente que ama alguém do mesmo sexo, não acho isso errado, somos humanos, podemos ser confusos e ate não nos encontrar por um certo momento. A vida é assim, não somos perfeitos e demoramos para nos encontrar. Apenas aceite o fato que você pode ser quem você quiser, desde que seja feliz, esta tudo bem. Seja feliz, isso importa. Difícil mesmo não é o mundo não te aceitar, é a sua propria familia te ver como errado, e é nessa exato momento que uma menina conta sua historia, nos dizendo que em busca de aceitação ela finge um namoro com um amigo, o qual a estupra e transmite HIV, meu mundo desabou nesse exato momento... imaginando sua dor. Familia é tudo, mas acredito que no momento que a mesma que ensinou sobre amor e respeito te nega isso, ela não é mais uma familia. Nao espere aceitação, espere respeito, se não encontrar isso, procure ser feliz do seu modo. O errado na historia não é voce. Mas sexualidade não se trata apenas de dor, ainda existe amor, ainda existe familia e ainda existe respeito. Depois de encarar tanta dor, chegamos a morte, assim como eu escutei nessa parte eu digo que não quero saber da existencia de deus, apenas agradecer por ter 'o dom da vida', quando eu morrer quero agradecer por ter respirado e construido uma alma boa. Por mais que a morte seja algo estranho a encarar, não nos preocupamos com ela, mas sim com que o vai acontecer logo depois dela... não com nos mesmos, mas sim com a vida aqui. Qual sera nosso legado? Quem amamos vão ficar bem? A vida é uma enorme pergunta sem resposta, assim como a morte. Nos resta apenas continuar seguindo o caminho e ver ele onde ele vai.
Vol. 3 - Felicidade e seus atos. Educação. Vida e sentido.
A felicidade é uma caminho de vários rumos, cada um procura nela aquilo que precisa. É uma busca de todos, mas individual. Educação sempre será o centro de nos mesmos, não se trata só de ir a escola, ler um livro e de buscar cultura... ate porque cultura não é aquilo que entra por nossos olhos e ouvidos, mas sim aquilo que modifica nosso modo de olhar e pensar. A educação deve ser prioridade e se caso não vir do próximo, faça vir de si mesmo. Procure absorver e entender o que mundo te propõe, não seja parte do mundo, seja infinito. Óbvio que nem todos conseguem lutar sem ajuda, talvez nem todos cheguem ao topo, por isso é triste ver que o poder não se importa em alimentar o conhecimento do povo. As vezes nem o povo procura alimentar-se de conhecimento, talvez seja o cansaço ou não procurem por isso, não sei... julgamentos não são uma prioridade, educação sim. O mundo precisa de educação, desde o básico ate o mais complexo sentimento chamado amor. Se não existe educação a sua volta e você possui, transmita isso. Talvez não mude ninguém, mas inspire.
Chegando ao fim, temos a vida e seus sentidos. Todas as perguntas são feitas, nenhuma resposta é a certa, cada um tem o próprio significado para aquilo que chamamos de vida. São tantos seres humanos, tantas vidas, tantas historias e é bom conhecer um pouco de cada um. O fato é que devemos cuidar de nossas vidas, sem interferir na vida do próximo de modo importuno, mas nada nos interfere de conhecer o ser humano que existe em cada um. Devemos nos conhecer. Não existe um ponto para julgamentos, apenas aceitamos que ninguém é igual, mas todos nos somos passageiros em uma vida que pode acabar em um piscar de olhos.
Acredito que o sentido da vida esta em trazer aquelas mensagens que você faz quando criança, aquelas inocentes e boas, e não nos perder ou deixar que a vida nos retire isso quando adultos. Devemos procurar ser o melhor que podemos ser, não porque isso nos da lugar ao topo ou ao suposto céu, mas sim porque isso expande nossa alma. A vida é um grande livro em branco, nada vem explicado, porque no fim é você quem escreve nessas paginas. Eu não estou certo. Eu não estou errado. Eu não sei tudo. Eu sei tudo. Eu sou um passageiro que prefere sentir o mundo, do que esquece-lo.
Talvez ninguém leia meu enorme texto, talvez isso não importe para alguém, mas eu senti que deveria faze-lo. Eu senti que HUMAN merecia minhas palavras, minhas ideias e meu respeito. Por fim eu quero continuar sendo sempre quem eu fui, carregar minha mensagem e se for para morrer, que seja pela a verdade e o amor. Por fim: obrigado, pelo o dom da vida!
Miss Violence
3.9 1,0K Assista AgoraMiss Violence abre a porta e te deixa entrar, arrasta a cadeira e te convida a sentar, e é nesse exato momento que suas mãos são amarradas e você se torna impotente, você passa a conviver em um lugar onde não é acostumado mas sabe que existe. Seus olhos são completamente dominados pelo ódio e em sua boca existe um gosto de desprezo e angustia. Você se pergunta o porque de todos a sua volta agirem como se tudo tivesse ok, depois da morte de um familiar. O porque de não poder sofrer ou chorar, o porque de ter que se manter forte e fingir estar tudo bem. A dor não pode ser uma distração, mesmo que ela existe todos os dias.
Então entre os poucos diálogos, os olhares, punições e o silencio... você percebe que a morte sempre esteve ali, caminhando por entre os corredores, enxugando as lágrimas dos mais fracos e esperando o mais sufocado se entregar.
Em meio a tudo, uma calmaria existe, se tornando tudo ainda mais assustador. Tudo segue um cronograma, para que nada saia errado, mesmo que tudo esteja completamente errado aos nossos olhos. Tudo esta errado, mas os únicos gritos que escutamos são de almas cansadas, que em seus corpos possuem bocas silenciadas. A angustia é criada desde o primeiro ato ate o seu ultimo, é talvez no fim que as janelas da casa são abertas e um pouco de luz entra refletindo no sangue.
As cenas dos abusos são jogadas em nosso rosto com uma violência enorme, nos colocando nas mesmas situações que as vitimas, nos tornando impotentes e cansados de presenciar aquilo. Ninguém tem o direito de julgar ou esperar que as mesmas tomem decisões e ações depois de conviver com a dor e a violência durante anos, onde já se formou um ciclo vicioso.
Miss Violence não é só angustiante, é de certo modo devastador. Nos mostra aquilo que infelizmente ainda acontece em vários lugares do mundo e por mais cruel que seja, nossos olhos devem continuar abertos, porque fecha-los é dar espaço para que isso se torne normal.
Five Dances
3.6 49Tudo parece raso se você não se liberta e se deixa afundar.
Em meio a musica e os passos de danço temos não só uma historia, mas sim varias, que aos poucos se conectam. Em meio a essas historias vemos o desafio e a entrega pela realização, o cansaço, a doçura de descobrir o amor e não entender seus medos e desconfortos. O filme é sobre como a vida é cansativa, o quanto somos sozinhos e o quanto precisamos das outras pessoas. É sobre medo e amor. É sobre a vida. É sobre si mesmo.
Antes do filme falar sobre amor, ele te sufoca com medo, aquele medo que você sente quando encontra algo especial e não sabe como encaixar isso em sua vida com medo de machuca-lo ou se machucar. Estamos desconectados e com medo. Antes do filme dançar em conjunto, ele te mostra a solidão de diferentes formas, no erro da traição, no medo de se apaixonar, no conforto e na "promiscuidade" em busca de preenchimento de espaços vazios.
Nos faz lembrar da inocência do amor que muitas vezes esquecemos, ou que o mundo destruiu. Estamos cansados e esquecemos que o amor faz quando é verdadeiro, afasta nossos medos e trás esperança. Não esqueça da inocência que o amor transmite, e se caso esqueceu, volte a procurar... no próximo ou ate em si mesmo.
Aquele abraço que o Chip da naquela moça é algo extremamente sufocante, é um abraço de amor e de sensação de não estar mais sozinho. Algo extremamente lindo. A cena deles todos(o Chip e os seus amigos) se divertindo é linda, a cena de sexo e o final também.
De fato o filme não te toca pela a abordagem sobre o protagonista, mas sim por tudo que esta em sua volta, todas as outras pessoas, todas as outras historias. Claro que não posso esquecer da trilha sonora e das danças, porque em nenhum momento eu tirei os olhos da tela, acompanhando seus corpos dançantes e harmônicos.
"Put your back into it, there is still grace in this. Let me be the one to turn you on, there is love without hiding. Nothing you show me I will never leave you, let me be the one to turn you on."