se rogério sganzerla iria amar ou não o filme de welles eu não sei, mas não me cativou. a montagem do filme é incrivel, assim como os planos, mas o contexto em si só confirma a morte cinematográfica. memórias póstumas de f for fake
Não sei o que seria do homem, que quando nasce é fraco e flexível, mas quando morre, é impassível. Em meio à arquitetura de vertigem, o caos recorda, costurando pouco a pouco, uma lembrança completa. Jonas Mekas é o realizador do tempo. O tal espaço concedido por esse tempo é manifestado através do olhar que o ser adquire durante a vida, até mesmo depois da morte. O exercício de viver e olhar o mundo possibilita essa experiência ontológica. Lembro-me de meu avô em tempos passados quando eu, apenas uma criança que corria pra lá e pra cá, era registrado pelo olhar de meu avô através da câmera que se tornava parte de seu corpo, de tão usada. Logo que assisti ao filme de Mekas, corri para ver as gravações que meu avô fazia de seu dia a dia. A câmera era seu diário. Passado um tempo, a única coisa que saia de mim eram lágrimas, cactos de vidro, porcelanato quebrado. É lindo o sentimento de viver aquilo novamente. Todas aquelas memórias, aquele paraíso – muito citado por Mekas – que não precisa ser necessariamente bucólico, nessa onda meio Werther onde o espaço é o campo. O paraíso é tudo que está em volta. Todo aquele momento que vivenciamos, cada paraíso é uma experiência, sejam elas boas ou ruins. O filme é um registro do paraíso de Jonas Mekas. Filme onde cada um irá interpretar da forma que bem entender, mas que no fim todos irão criar uma memória. Desde “O homem com uma câmera” de Dziga Vertov, não se tinha um registro tão documental e real do que seria o viver humano. Jonas Mekas com certeza conseguiu impor seu registro antológico do que seria isso. Incrível como o filme te entrega essa limpeza espiritual, o bem-estar momentâneo, um empurrãozinho para viver mais aquele momento e subsequentemente outros.
ISSO NÃO É UM ENSAIO
Não sei como se pode analisar um filme onde o autobiográfico não existe. A linguagem não faz parte dessa síntese. Ela morreu, escafedeu! Cada palavra dita ou pensada no fim, em palavras ou não, o ensaio – não existe ensaio, existe ou não? - vai ser um registro intimo e compreendido apenas pelo próprio criador. "As I Was Moving..." é um filme singular, não se consegue escrever sobre, não há o que analisar a não ser o não-filme. Jonas Mekas cria uma espécie de viagem do elétrico guiada pelo viver. Um punhado de lembranças incompletas para lembrar uma memória completa.
cada filme que vejo do alan clarke é um tiro no coração que vai se despedaçando em novos pedaços para que abra oportunidades para novos cortes e isso até não ter fim. a misantropia subjetiva, o suprassumo do niilismo. dói e é real.
cronenberg entrega o limite escatológico em formato fetichista. o bizarro se leva ao sensual, antítese do imoral, ambientando os desejos mais ilimitados do ser: o prazer, o prazer, o prazer! a estética do nada ou a morte
The Post – A Guerra Secreta, ou a romantização da liberdade de imprensa para uma estatueta do Oscar
Steven Spielberg como sempre caçando recompensas em premiações com seus roteiros de baixa qualidade e péssima direção. Em The Post – A Guerra Secreta, a ideia colocada para rodar nas telinhas mais acessíveis com financiamento do próprio governo que bloqueia ou mesmo tenta bloquear a liberdade de expressão da imprensa americana é contada com aquele melodrama básico “hollywoodiano”. Com atores consagrados, a história se passa em 1971 contando os fatos históricos sobre a liberdade de imprensa no mandato Nixon e os jornais adquirindo informações secretas do governo. Isso tudo é muito lindo e super crítico. Até a segunda página. Cinematograficamente, o roteiro pobre de informações e o foco em fotografia e direção artística para compensar acabam sendo o desenrolar do filme. A narrativa linear objetiva omite fatos importantes dos acontecimentos de vazamento de informações ultra secretos. Jornalisticamente falando, é interessante ver como funciona a cadeia hereditária e estrutural de um jornal. Com o foco principal em homens inteligentes falando, fazendo, vivendo e mulheres ouvindo, inclusive a editora-chefe do Washington Post, é meramente um personagem secundário do longa. Katherine Gaham foi uma das (se não) a principal peça para o caso Watergate, que levou à renúncia do então presidente Richard Nixon, que infelizmente isso foi omitido no filme não só como documento histórico mas também como a personagem que foi colocada como uma sonsa que não conseguia escolher entre dois tipos de chá sem consultar os grandes homens inteligentes que estavam ao seu redor. Péssimo. The Post esquece do seu papel principal de mostrar os acontecimentos históricos e passa a ser um estudo de como funciona um jornal impresso. Ben Bradlee (Tom Hanks) coordena uma equipe inteligente de jornalistas do The Washington Post, que vivia em crise por não conseguir publicar as melhores matérias, enquanto o The Times tinha as principais manchetes e fontes. Durante o filme, acontece esse desdobramento que é pouco detalhado e num piscar de olhos, nos trinta minutos finais do filme, os grandes jornais conseguem publicar sobre os acontecimentos no Vietnam, que até então era assunto confidencial do governo americano e a liberdade de imprensa é colocada como papel principal. Marx em seu texto "Debate sobre a liberdade de imprensa e comunicação", publicado em 1842, apontava que o nível de desenvolvimento da imprensa, em sua capacidade de crítica à realidade e ao estado de coisas, reflete sempre o nível de desenvolvimento político e social da sociedade que a produziu. Assim, se a imprensa é politicamente mais desenvolvida, politizada e crítica, isso se deve ao próprio grau de ebulição de ideias e praticas da sociedade que produziu tal imprensa. Nesse aspecto ganha relevo a imprensa livre, que é capaz de sintetizar e debater as principais ideias e problemas sociais. Em outro momento do mesmo ensaio, Marx indica que a censura mata o espírito público. Assistir The Post foi me sentir assassinado. Mas é claro que não vamos criticar o filme por não ter mostrado realmente o que se passava naquela época, visto que é uma produção americana feita por um diretor que talvez tenha se esquecido de mencionar os principais fatos históricos e tenha focado apenas no “happy ending” do longa-metragem. O cinema entretenimento, o cinema de 40 reais o ingresso não precisa apresentar todo o contexto histórico que isso foi vivenciado. Mesmo porque em quase duas horas de filme não dá nem para começar a mostrar todo o processo. O cinema feito por esse tipo de gente mata a liberdade do saber, mas ao mesmo tempo revive o riso e aquele pensamento apaixonante do cinema americano como lazer, visual e o grande estilo americano de viver. Ah, não podemos esquecer que esse grande longa-metragem tem como principal personagem o queridinho Tom Hanks. Esse mesmo, o ator de Forrest Gump. “Run, Forrest! Run...”, pois não há lugar melhor do que receber um material “simbólico” e tão importante como o Oscar. É pegar ou largar, certo Spielberg?
No inicio de Pickpocket, antes dos créditos de abertura, Bresson salienta necessariamente que este não é um filme de suspense. Ele explica por meio da imagem e do som para demonstrar o tormento de um jovem conduzido pela fraqueza de se aventurar em roubar, para o qual ele não estava destinado. Essa é uma historia de redenção Claramente influenciado pela obra Crime e Castigo de Fiódor Dostoiévski, Bresson utiliza o mesmo conceito imposto pelo autor russo onde o protagonista comete um ato e logo após procura um jeito de redimir seu feito. Em Pickpocket vemos que Bresson não procura demonstrar emoções e entonações nos personagens, por isso não sabemos qual o motivo leva o protagonista a roubar e também não fazer uso do dinheiro, ele apenas faz o furto, ou seja, da a entender que Bresson nos quer mostrar o efeito e não a causa. O interessante nisso é o jogo de imagens que a câmera faz mostrando de uma forma minimalista (característica clara no cinema de Bresson) todos os detalhes, dos mais claros até os mínimos como as habilidades com as mãos e truques que Michael vai adquirindo ao longo do filme para realizar seus furtos. A compulsividade de Michael em furtar carteiras é algo que passa de um modo de ganhar dinheiro pra uma obsessão de auto-realização, já que durante o filme, Michael recebe propostas de trabalho e não aceita. É interessante relevar o lado existencialista e/ou niilista do personagem, que pode ser muito bem comparada com Sr. Meursault da obra O Estrangeiro de Albert Camus, onde ele não tem medo de ser pego ou de realizar tal ato. O importante pra Michael é apenas fazer, sem mais nem menos.
Week-End à Francesa
3.8 108o carnaval de godard é anárquico
O Outro Lado do Vento
3.6 36 Assista Agorase rogério sganzerla iria amar ou não o filme de welles eu não sei, mas não me cativou. a montagem do filme é incrivel, assim como os planos, mas o contexto em si só confirma a morte cinematográfica. memórias póstumas de f for fake
Ao Caminhar Entrevi Lampejos de Beleza
4.6 32Não sei o que seria do homem, que quando nasce é fraco e flexível, mas quando morre, é impassível. Em meio à arquitetura de vertigem, o caos recorda, costurando pouco a pouco, uma lembrança completa. Jonas Mekas é o realizador do tempo. O tal espaço concedido por esse tempo é manifestado através do olhar que o ser adquire durante a vida, até mesmo depois da morte. O exercício de viver e olhar o mundo possibilita essa experiência ontológica.
Lembro-me de meu avô em tempos passados quando eu, apenas uma criança que corria pra lá e pra cá, era registrado pelo olhar de meu avô através da câmera que se tornava parte de seu corpo, de tão usada. Logo que assisti ao filme de Mekas, corri para ver as gravações que meu avô fazia de seu dia a dia. A câmera era seu diário. Passado um tempo, a única coisa que saia de mim eram lágrimas, cactos de vidro, porcelanato quebrado. É lindo o sentimento de viver aquilo novamente. Todas aquelas memórias, aquele paraíso – muito citado por Mekas – que não precisa ser necessariamente bucólico, nessa onda meio Werther onde o espaço é o campo. O paraíso é tudo que está em volta. Todo aquele momento que vivenciamos, cada paraíso é uma experiência, sejam elas boas ou ruins. O filme é um registro do paraíso de Jonas Mekas. Filme onde cada um irá interpretar da forma que bem entender, mas que no fim todos irão criar uma memória.
Desde “O homem com uma câmera” de Dziga Vertov, não se tinha um registro tão documental e real do que seria o viver humano. Jonas Mekas com certeza conseguiu impor seu registro antológico do que seria isso. Incrível como o filme te entrega essa limpeza espiritual, o bem-estar momentâneo, um empurrãozinho para viver mais aquele momento e subsequentemente outros.
ISSO NÃO É UM ENSAIO
Não sei como se pode analisar um filme onde o autobiográfico não existe. A linguagem não faz parte dessa síntese. Ela morreu, escafedeu! Cada palavra dita ou pensada no fim, em palavras ou não, o ensaio – não existe ensaio, existe ou não? - vai ser um registro intimo e compreendido apenas pelo próprio criador. "As I Was Moving..." é um filme singular, não se consegue escrever sobre, não há o que analisar a não ser o não-filme. Jonas Mekas cria uma espécie de viagem do elétrico guiada pelo viver.
Um punhado de lembranças incompletas para lembrar uma memória completa.
Scum
3.9 14cada filme que vejo do alan clarke é um tiro no coração que vai se despedaçando em novos pedaços para que abra oportunidades para novos cortes e isso até não ter fim. a misantropia subjetiva, o suprassumo do niilismo. dói e é real.
Crash: Estranhos Prazeres
3.6 328 Assista Agoracronenberg entrega o limite escatológico em formato fetichista. o bizarro se leva ao sensual, antítese do imoral, ambientando os desejos mais ilimitados do ser: o prazer, o prazer, o prazer! a estética do nada
ou a morte
The Post: A Guerra Secreta
3.5 607 Assista AgoraThe Post – A Guerra Secreta, ou a romantização da liberdade de imprensa para uma estatueta do Oscar
Steven Spielberg como sempre caçando recompensas em premiações com seus roteiros de baixa qualidade e péssima direção.
Em The Post – A Guerra Secreta, a ideia colocada para rodar nas telinhas mais acessíveis com financiamento do próprio governo que bloqueia ou mesmo tenta bloquear a liberdade de expressão da imprensa americana é contada com aquele melodrama básico “hollywoodiano”. Com atores consagrados, a história se passa em 1971 contando os fatos históricos sobre a liberdade de imprensa no mandato Nixon e os jornais adquirindo informações secretas do governo. Isso tudo é muito lindo e super crítico. Até a segunda página.
Cinematograficamente, o roteiro pobre de informações e o foco em fotografia e direção artística para compensar acabam sendo o desenrolar do filme. A narrativa linear objetiva omite fatos importantes dos acontecimentos de vazamento de informações ultra secretos. Jornalisticamente falando, é interessante ver como funciona a cadeia hereditária e estrutural de um jornal. Com o foco principal em homens inteligentes falando, fazendo, vivendo e mulheres ouvindo, inclusive a editora-chefe do Washington Post, é meramente um personagem secundário do longa. Katherine Gaham foi uma das (se não) a principal peça para o caso Watergate, que levou à renúncia do então presidente Richard Nixon, que infelizmente isso foi omitido no filme não só como documento histórico mas também como a personagem que foi colocada como uma sonsa que não conseguia escolher entre dois tipos de chá sem consultar os grandes homens inteligentes que estavam ao seu redor. Péssimo.
The Post esquece do seu papel principal de mostrar os acontecimentos históricos e passa a ser um estudo de como funciona um jornal impresso. Ben Bradlee (Tom Hanks) coordena uma equipe inteligente de jornalistas do The Washington Post, que vivia em crise por não conseguir publicar as melhores matérias, enquanto o The Times tinha as principais manchetes e fontes. Durante o filme, acontece esse desdobramento que é pouco detalhado e num piscar de olhos, nos trinta minutos finais do filme, os grandes jornais conseguem publicar sobre os acontecimentos no Vietnam, que até então era assunto confidencial do governo americano e a liberdade de imprensa é colocada como papel principal.
Marx em seu texto "Debate sobre a liberdade de imprensa e comunicação", publicado em 1842, apontava que o nível de desenvolvimento da imprensa, em sua capacidade de crítica à realidade e ao estado de coisas, reflete sempre o nível de desenvolvimento político e social da sociedade que a produziu. Assim, se a imprensa é politicamente mais desenvolvida, politizada e crítica, isso se deve ao próprio grau de ebulição de ideias e praticas da sociedade que produziu tal imprensa. Nesse aspecto ganha relevo a imprensa livre, que é capaz de sintetizar e debater as principais ideias e problemas sociais. Em outro momento do mesmo ensaio, Marx indica que a censura mata o espírito público. Assistir The Post foi me sentir assassinado. Mas é claro que não vamos criticar o filme por não ter mostrado realmente o que se passava naquela época, visto que é uma produção americana feita por um diretor que talvez tenha se esquecido de mencionar os principais fatos históricos e tenha focado apenas no “happy ending” do longa-metragem. O cinema entretenimento, o cinema de 40 reais o ingresso não precisa apresentar todo o contexto histórico que isso foi vivenciado. Mesmo porque em quase duas horas de filme não dá nem para começar a mostrar todo o processo. O cinema feito por esse tipo de gente mata a liberdade do saber, mas ao mesmo tempo revive o riso e aquele pensamento apaixonante do cinema americano como lazer, visual e o grande estilo americano de viver. Ah, não podemos esquecer que esse grande longa-metragem tem como principal personagem o queridinho Tom Hanks. Esse mesmo, o ator de Forrest Gump. “Run, Forrest! Run...”, pois não há lugar melhor do que receber um material “simbólico” e tão importante como o Oscar. É pegar ou largar, certo Spielberg?
O Batedor de Carteiras
3.9 117No inicio de Pickpocket, antes dos créditos de abertura, Bresson salienta necessariamente que este não é um filme de suspense. Ele explica por meio da imagem e do som para demonstrar o tormento de um jovem conduzido pela fraqueza de se aventurar em roubar, para o qual ele não estava destinado. Essa é uma historia de redenção
Claramente influenciado pela obra Crime e Castigo de Fiódor Dostoiévski, Bresson utiliza o mesmo conceito imposto pelo autor russo onde o protagonista comete um ato e logo após procura um jeito de redimir seu feito. Em Pickpocket vemos que Bresson não procura demonstrar emoções e entonações nos personagens, por isso não sabemos qual o motivo leva o protagonista a roubar e também não fazer uso do dinheiro, ele apenas faz o furto, ou seja, da a entender que Bresson nos quer mostrar o efeito e não a causa. O interessante nisso é o jogo de imagens que a câmera faz mostrando de uma forma minimalista (característica clara no cinema de Bresson) todos os detalhes, dos mais claros até os mínimos como as habilidades com as mãos e truques que Michael vai adquirindo ao longo do filme para realizar seus furtos. A compulsividade de Michael em furtar carteiras é algo que passa de um modo de ganhar dinheiro pra uma obsessão de auto-realização, já que durante o filme, Michael recebe propostas de trabalho e não aceita. É interessante relevar o lado existencialista e/ou niilista do personagem, que pode ser muito bem comparada com Sr. Meursault da obra O Estrangeiro de Albert Camus, onde ele não tem medo de ser pego ou de realizar tal ato. O importante pra Michael é apenas fazer, sem mais nem menos.
A sequência de furtos realizadas no trem é sem dúvida o ápice do filme.
A Juventude
4.0 342gy!be
Túmulo dos Vagalumes
4.6 2,2Kpor que os vagalumes têm de morrer tão cedo?
Extermínio
3.7 946gybe!!!!!!!!!!
Buffalo '66
4.1 302apaixonante
Frank
3.7 596 Assista Agorafrank is the new michael gira