'' O valor das pessoas e das coisas depende do cenário em que se encontram...... ''
Realmente, Kenji Mizoguchi é um diretor fora de série.... Nessa, que é uma das mais fulgurantes obras-primas do cinema mundial; ele é um daqueles cineastas que nos atestam o por que de os diretores japoneses serem descomunais e terem uma ótica singular a respeito da condição existencial humana. Tem-se aqui, já no deslindar das belíssimas imagens iniciais, uma película que nos ensina uma forma completamente original de se fazer Cinema.... A feérica mescla que o diretor nos transpassa entre o real e o imaginário apresenta-se como aspecto fundante do filme tanto em seu aspecto de realidade circundante quanto pela sua própria singeleza onírica... a cada plano, ficamos maravilhados por insignes planos existenciais, repletos pela aura intersticial que concerne aos lôbregos meandros da natureza humana; o quesito 'fantasmático' é sobressaltado na ótica sui generis do diretor japonês, pois tudo que nos é apresentado no filme, os viventes problemas humanos mais basilares - são postos de maneira minuciosa - , onde cada enquadro fílmico não deixa ninguém incólume nessa experiência cinematográfica única com a sua deslumbrante fotografia.... Encantador, impactante e BELO - eis aqui, uma verdadeira pérola do Cinema; àquele tipo de obra que nos faz avocar-se numa postura humilde como seres humanos em eterno aprendizado... para mim, quando terminei a sessão, foi como estar na presença da magnanimidade... Enfim, obrigatório para os genuínos amantes da Sétima Arte .
"Toda riqueza se tornou um valor em si mesma. Não há outro tipo de riqueza imensa. O dinheiro perdeu sua qualidade narrativa (...) o dinheiro cria o tempo, costumava ser o oposto. O relógio acelerou a ascensão do capitalismo. As pessoas pararam de pensar na eternidade e começaram a se concentrar nas horas, horas mensuráveis. Homens-hora usando o trabalho de forma mais eficiente. É o capital cibernético que cria o futuro. Agora o tempo é um bem corporativo, pertence ao sistema de livre mercado. O presente está cada vez mais difícil de se encontrar, foi arrancado do mundo para dar lugar ao futuro de mercados sem controle e enorme potencial de investimento”.
Cronenberg, indubitavelmente para mim, é um diretor do outro mundo..... Filmaço que não canso de ver e rever, dos meus prediletos em sua filmografia; assim como a próstata do protagonista principal é assimétrica, a vida também se deslinda assim, em nossas vivências cotidianas dissonantes; ele nos brinda de maneira fulgurante com um ensaio atemporal sobre a era capitalística em seu torrencial crepúsculo amalgamado... Não posso deixar de rememorar o cintilante pintor norte-americano Rothko - onde a lógica encontra-se sibilante - nem por isso, com menos sentido inteligível; tem-se um essencial retrato das entranhas do sistema capitalista e o modo como se dão as socializações de parasitismo humano... a pintura não menos babélica do que é o homem moderno; enfim, belamente hermético - uma genial síntese metafórica sobre o vampirismo vertiginoso que circunda e delineia o século XXI.
Filmaço incrível, Alucinações do Passado surpreende-nos como se estivéssemos estabelecido uma espécie de insólito encontro com dois diretores que eu amo demais - David Lynch e Darren Aronofsky - no caso aqui presente, Adrian Lyne nos brinda com uma verdadeira pérola fílmica; repleta de cenas antológicas, com seu onirismo intermitente e a auréola do real beirando o imaginário que subjaz toda a trama intrincada e não menos envolvente por esse aspecto tangível da sua narrativa labiríntica.... trabalho autoral do Lyne que não nos decepciona em nenhum momento; o horror aqui é deslindado de maneira singular para nos fazer repensar a noção da perda de um ente querido, ajuntando-se a isso, a perspectiva fulgurante do filme, que fora a de tratar os traumas bélicos, dos quais um indivíduo pode carregar por toda a sua vida... Não por isso, esse filme influenciou até a realização de ótimos games, como foi o caso de Silent Hill; as ambiências e trilha sonora, permeada pela fotografia notívaga/sombria nos atestam isso exemplarmente.... A melancolia realiza seu flerte mais lancinante com seus cenários de purgatório pesadelar. Película mais que recomendável.... um dever de cinéfilo ! Amei , fiquei aturdido.
''Our love affair is a wondrous thing That we'll rejoice in remembering Our love was born with our first embrace And a page was torn out of time and space Our love affair, may it always be A flame to burn through eternity So take my hand with a fervent prayer That we may live and we may share A love affair to remember....''
//// An Affair To Remember - Nat King Cole
Daqueles filmes que realmente nos atestam com lancinante compostura, que Clássicos realmente são bem difíceis de se tornarem senis; aqui nessa obra-prima não foi diferente... A começar pelas prodigiosas atuações de Cary Grant e Debora Kerr, que nos envolve de forma tão singela ao passo de não percebermos a duração de duas horas da película que se esvoaçam em poesia visual; a trilha sonora atemporal, é outro quesito fundamental para edificar esse status cultuado - ficamos embevecidos pelas esplêndidas letras destiladas por Nat King Cole.... assomados a isso, tem-se a magnífica fotografia, 'que fotografia', que 'scope' mais belo; é inebriante e encantador, poder se deleitar por essa, que é daquelas obras fílmicas que garantem a gênese seivosa do que denominamos a Sétima Arte; a inefável história de Amor que nos arrebata da mesma maneira de quando foi lançada - fazendo-nos perguntar "Será que nascemos na época errada?!" De uma coisa tenho irrefutável certeza: Clássico inesquecível, àquele que está entre os meus prediletos, e que nos faz deslindar a seguinte assertiva: A vida seria um erro sem o Cinema.
A trama nos arrebata e mostra que, comumente, as aparências pregam peças na gente: então, o que terá acontecido a Baby Jane?
Até agora estou aturdido com tão fulgurantes atuações; a Bette Davis e Joan Crawford nos presenteia com indeléveis cenas primorosas a respeito desse thriller inesquecível do saudoso, não menos expressivo e meticuloso Robert Aldrich..... A fotografia é, com certeza, um dos aspectos que nos fazem enxergar tamanha a densidade do horror psicológico que delineia as situações das protagonistas em suas complexas antinomias emocionais - tudo isso acrescido de um impecável senso de direção - a angustiante trilha fílmica e o aflitivo perfilhar cênico nos deixam imersos numa experiência, em que nós, como espectadores não saímos ilesos.... A decupagem demonstra o quão nessa película, nos é ratificado o verdadeiro valor do Cinema em suas múltiplas abordagens - roteiro esplendente e final mais que inolvidável..... genuína obra que compunha a gênese da Sétima Arte.... Prescrito para todo cinéfilo doente que se preze !!!
Apesar da década em que fora propelido, não há senilidade temática nessa película de Tavernier; aqui, mais do que nunca, tem-se a reflexão bastante hodierna de como se dão e até que medida vão se edificando os limites acerca dos meios de comunicação... o roteiro estanque nos faz pensar de maneira lancinante, as maneiras em que vivenciamos hoje a era dos nossos reality shows cotidianos; seja nas redes sociais, seja nas micro-relações sociais que estabelecemos no dia-a-dia. A atuação da eterna e arrebatadora Romy Schneider (uma das minhas atrizes prediletas), nos faz ficar ainda mais embasbacados com tão fulgurante obra de longa-metragem; onde a sua tônica premissa encontra-se mais palpitante hoje do quê quando lançado.... enfim, cinematograficamente luzidio!!
''Já pensou se pudéssemos trancar a miséria em vez das crianças?'' "De barriga cheia todos somos melhores." "As grandes cidades modernas, Nova Iorque, Paris, Londres escondem sob sua riqueza, lares miseráveis onde crianças sub-nutridas, sem saúde, sem escola, estão sentenciadas ao crime"
Filme mais que atual, do sempre gênio Buñuel; daqueles que nos faz refletir e muito sobre a lancinante crítica social que ele traz consigo... isto é, da crítica que aborda a perpetuidade perversa de um sistema cada vez mais excludente com relação aos 'esquecidos' da sociedade dita 'democrática' e boníssima para com os seus cidadãos. O retrato aqui exposto à bisturi, feito pelo insigne diretor espanhol nos deixa boquiabertos com sua crueza e faticidade no que tange ao cotidiano de jovens paupérrimos que não possuem nenhuma oportunidade de se tornarem pessoas melhores e/ou saírem da sua condição caracterizada pela fome e desprezo cada vez mais crescente; é o que ainda presenciamos hoje em dia (infelizmente) sem nenhuma diferença (vale lembrar que é uma obra de 1950....) ; aqui se tem o verdadeiro modus operandi de uma sociedade, um estado facínora que não auxilia nem fornece nenhum subsídio político-social para mudar a realidade dessa juvenilidade excluída imersa em nossa gélida ambiência urbana; além claro, de que não existe mínimo afeto familiar e/ou socialização educacional... ingredientes, que como bem sabemos, só fazem acrescer a marginalidade/criminalidade pré-fabricada pela mesma sociedade/estado que a critica... A redução de maioridade penal já era um tema abordado, e que como vê-se não fornece resultado positivo algum [apesar de já presenciarmos a pena de morte cotidiana com relação aos pobres, negros, lgbtq's etc.]... Sem dúvida nenhuma, verdadeira Obra-Prima do Cinema mundial; mexe conosco na maneira de fazer-nos abrir os olhos para uma realidade vil que insistimos em ignorar..... Crítica social atemporal - Cinema em seu auge!!
A questão social não parte de uma fator ideológico, mas humano..... O que é "aprender a ser homem" nesse mundo indiferente?!!!
Estou até agora aturdido, com essa que é uma das obras-primas do brilhante diretor italiano Vittorio De Sica..... o neo-realismo aqui, em seu auge fulgurante - filme que possui uma temática mais que atual, infelizmente... Agora sei de onde veio a inspiração para o Buñuel e o Truffaut para realizarem 'Os Esquecidos' e 'Os Incompreendidos' respectivamente; apesar doa sua duração lacônica, De Sica consegue nos transmitir inúmeras emoções no decorrer do perfilhar cênico; a marginalidade aqui é retratada de forma singular e traça o seu enraizamento mais que profundo, a respeito das mazelas em que jovens estão imersos sem oportunidades e excluídos pelas instituições cada vez mais pérfidas e gélidas simultaneamente.... o resultado do desamparo familiar-social é refletido nas socializações infantis no mundo do crime; onde desde a tenra idade, são submetidos a um ambiente de opressão e exclusão perversas/negligências vis.... a atuação realista dos púberes atores nos brindam com um deleite a mais nessa cintilante película. Esse, com certeza, não fica muito atrás da outra obra magnânima desse insigne diretor 'Ladrões de Bicicleta' (dos meus prediletos desde sempre).... Uma crítica político-social que vale e muitíssimo aos dias de hoje... nada mudou no mundo dos contos de fadas para adultos !! Cinema nos abre percepções que se retraduzem em consciência e engajamento político-social . Sétima Arte em seu paroxismo .
"- Não é que eu não goste de trabalhar. É que não gosto da ideia de me escravizar para que os chefes possam obter todos os lucros. Parece tudo errado para mim . - Eu costumava pensar que seria maravilhoso ser crescido. - Eu acho que é. - É, mas não da maneira que pensei, no entanto. - Por que, o que você achou? - Eu não sei. Talvez não saibamos muito ainda. - Eu sei o suficiente, você sabe, querer saber mais. Eu tenho aprendido muito ultimamente. O problema é que não tenho certeza do que estou aprendendo. [...] Correr sempre foi algo importante em nossa família, especialmente correr da polícia. É difícil de entender. Tudo o que sei é que se deve correr, correr sem saber porque, pelos campos e bosques. E ser o vencedor não é a meta, mesmo que torcedores malucos estejam vibrando como idiotas. Assim é a solidão de um corredor de longa distância.”
Obra-prima incontestável do fulgurante diretor inglês Tony Richardson.... Indubitavelmente um marco esplendoroso no cinema mundial, no que concerne à reflexão sobre rebeldia e [in]conformismo; vê-se de maneira diáfana, a influência do Neorrealismo e, claro - da nouvelle vague, que nesse exímio caso - a encafifada nouvelle vague inglesa.. Nessa película, tem-se com cada deslindar cênico, uma crítica mais que atual sobre como as relações sociais são condicionadas pelo dinheiro e consequentemente, o consumismo desenfreado; mas, mais que esses nevrálgicos pontos - observa-se a marginalidade juvenil criada e retroalimentada por essa própria sociedade adoecida em cada metro quadrado do seu tecido conjuntivo.... Depois desse filme, fica bem mais clarificado entender os problemas crônicos que o Brasil enfrenta; a sequência final é antológica e talhada à bisturi por tamanha magistralidade - a insubordinação se faz mais que necessária nos dias hodiernos, e essa obra fílmica nos descortina a obstinação que devemos ter e a resistência que devemos assumir como sendo um bosquejo de sensatez nessa ambiência social nebulosa que insiste/persiste em nos circundar claustromanicamente.
- Cinema em seu píncaro magnificente. Receita tarja-preta prescrita aos doentes cinéfilos , como eu e você.
"Pouquíssimas obras captam a essência de momentos lindamente fugidios de maneira tão bela....."
Não consigo expressar de forma clarificante o quão essa obra-prima do cinema mundial me enlevou; é de se ficar, no mínimo, estonteado com De Sica e o modo como ele nos desvela um universo bélico, e mesmo assim, simultaneamente fulgura-se venustidade em cada alinhamento cênico - tudo isso, vale ressaltar - ambientado numa delineação antológica, repleta de beleza singular e marcante. O ritmo narrativo nos faz degustar cada cena num cadenciamento realizado na medida certa... O realismo de concretude-poética italiano insurgido, nos refestela o Cinema da Itália em seu auge; uma ótica caprichada que só um diretor do quilate de De Sica para airosamente nos fazer refletir a respeito do período nebuloso correspondente ao pré-segunda guerra. Tem-se o retrato da dor esplendente que demarcou esse contexto histórico tão excruciante para todos nós; e que mesmo assim, o diretor italiano ainda consegue nos presentear com essa película encantadora e ao mesmo tempo extemporânea; necessária e basilar para compreender a história do cinema - e das nossas ações (nem sempre enternecedoras) como seres humanos.
Cinema Italiano nunca [me/nos] decepciona, e como sou fã de fotografia - não tenho como dizer : realmente, uma das fotografias mais fascinantes de todos os tempos. Sétima Arte em sua feérica culminância. Tarja-Preta para todo Cinéfilo doente à là Truffaut......
"Às vezes, imagino como seria se ao invés de uma cabeça opaca, as pessoas tivessem um monitor onde eu pudesse ler seus pensamentos......"
Haneke consegue radiografar como poucos diretores que aprecio a diáfana rispidez das relações humanas, onde ruídos e cacofônicos silêncios emanam imageticamente a ascendência de uma sensibilidade excepcional .
Realmente a filmografia de Michael Haneke é algo estupendo, o diretor austríaco deixa qualquer amante (sério) da Sétima Arte, no mínimo, inebriado com a sua idiossincrática câmera gélida; à qual consegue perscrutar de maneira pontual os meandros das contradições humanas mais fundamentais. Nessa obra-prima indiscutível que fornece o pontapé do seu início de carreira, tem-se a sua brilhante análise referente ao estrépito fracasso das relações familiares mais básicas: só para exemplificar: a garotinha [resultante de uma típica família classe média-alta] finge ser cega para ter uma diminuta conexão com os pais, que vivem imersos em suas rotinas maquinais - tudo isto consequência de um modelo civilizatório glacial e perversamente asfixiante; e aqui, se nota a influência Bressoniana, no que tange ao modo como Haneke nos destila o abafadiço perfilhar dos objetos em cena - fulgurantes em seu quesito aflitivos, nos quais também agem como personagens importantes para compreender o desvanecimento dos anseios burgueses mais torpes e mesquinhos (como lhes são característicos). O embotamento afetivo é algo filmado de forma sublime - a realidade se torna robotizada, o que acarreta o afastamento moral das relações humanas - essa magnífica obra Hanekeana nos questiona a todo momento em seu primoroso descortinar cênico:
"O que estamos nos tornando?!"
A humanidade carece de humanização, disso não temos nenhuma dúvida... Enquanto isso não ocorre, estamos todos com viagem marcada ao Sétimo Continente - apesar de já o estarmos vivenciando cotidianamente, não é mesmo?!
Obrigado Haneke pelo cintilante alerta, ainda enxergo em sua magnânima obra fílmica um ígneo resquício de assunção pelo compadecimento ao flexuoso gênero humano. O austríaco é um reptante nato e convite mais que obrigatório a todo Cinéfilo, doente crônico por Filmes que se preze !
"Eu sei que a burguesia fede. Mas tem dinheiro pra comprar perfume....."
“Eu amo a liberdade e, então, a sociedade burguesa me parece abominável. Nós vivemos numa sociedade com plena injustiça em todos os terrenos, em todos os sentidos. Odeio a injustiça. Rejeito a sociedade burguesa por causa da injustiça”, falou Buñuel quando entrevistado sobre o filme de 1972.
Que obra-prima mais irretocável essa do Luis Buñuel; atualíssima, nos demonstra um exemplar estudo de personagens - imersos em seus vernizes de dissimulada civilidade/cordialidade - mais que isso, uma análise multifacetada imagética, repleta do seu primoroso humor sarcástico, apurado e belamente subversivo. Nada escapa ao bisturi buñueliano, tanto desde as camadas mais altas da sociedade - as mais indiferentes, teatrais e sínicas - quanto o proscênico tripé social: a política estilhaçada por atos de corrupção, Igrejas sempre a serviço dos mais abastados e o Exército em sua excrescência anedótica. As classes mais altas da sociedade são analisadas à olho nu nessa atemporal película; é sórdido como vemos o seu esbanjamento de superficialidade, atos néscios, preconceitos e ignorância desmedida - aqui, toda semelhança possui total coincidência com a nossa encenada realidade. A crítica social esbaforida é magnífica e mais que hodierna; a casta dos que se acham superiores na Terra é desvelada sem ressalvas: indiferente, medíocre, fútil, cobiçosa, libertina, mesquinha, depravada e teatral - movida pelas aparências e ilusão posada de auto-controle. Mais que obrigatório a todo Cinéfilo que se preze e todos àqueles que querem compreender desveladamente as relações sociais que se desfilam dramaturgicamente ao nosso redor - onde o onírico se faz presente e factível: mais fiel à realidade é impossível. Obrigado Buñuel pela extemporânea perspicácia, sendo que não há muito o que se falar, e sim, aplaudir !
"Você nem é velha o suficiente para saber o quanto a vida é difícil..... Claro, doutor. Você nunca foi uma garota de 13 anos..." /Cecília (Hanna Hall) Filme gracioso em todos os aspectos..... que trilha sonora notável e marcante; sua estética e fotografia são lindas, com toques suaves de melancolia tangida por um verniz que nos deslumbra por seu prazeroso visual, nos envolvendo de forma eficaz por tratar de questões existenciais instigantes; o que nos exige doses de sensibilidade e empatia pelas personagens envolvidas em situações que recaem em privação da liberdade, super proteção, dilemas familiares, vazio existencial, isolamento.... Sofia Coppola nos presenteia com um deleite imagético aos olhos expectativos; a atmosfera fílmica é tão encantadora e aprazível que as músicas de fundo só fazem a gente ficar cada vez mais amantéticos em cada cena, por onde deliciosamente perfila nossa percepção.... o paradoxo da proibição como sendo incentivo e algo que concita; provocativo e lindamente poético!!
Contos da Lua Vaga
4.4 105 Assista Agora'' O valor das pessoas e das coisas depende do cenário em que se encontram...... ''
Realmente, Kenji Mizoguchi é um diretor fora de série.... Nessa, que é uma das mais fulgurantes obras-primas do cinema mundial; ele é um daqueles cineastas que nos atestam o por que de os diretores japoneses serem descomunais e terem uma ótica singular a respeito da condição existencial humana. Tem-se aqui, já no deslindar das belíssimas imagens iniciais, uma película que nos ensina uma forma completamente original de se fazer Cinema.... A feérica mescla que o diretor nos transpassa entre o real e o imaginário apresenta-se como aspecto fundante do filme tanto em seu aspecto de realidade circundante quanto pela sua própria singeleza onírica... a cada plano, ficamos maravilhados por insignes planos existenciais, repletos pela aura intersticial que concerne aos lôbregos meandros da natureza humana; o quesito 'fantasmático' é sobressaltado na ótica sui generis do diretor japonês, pois tudo que nos é apresentado no filme, os viventes problemas humanos mais basilares - são postos de maneira minuciosa - , onde cada enquadro fílmico não deixa ninguém incólume nessa experiência cinematográfica única com a sua deslumbrante fotografia.... Encantador, impactante e BELO - eis aqui, uma verdadeira pérola do Cinema; àquele tipo de obra que nos faz avocar-se numa postura humilde como seres humanos em eterno aprendizado... para mim, quando terminei a sessão, foi como estar na presença da magnanimidade... Enfim, obrigatório para os genuínos amantes da Sétima Arte .
Cosmópolis
2.7 1,0K Assista Agora"Toda riqueza se tornou um valor em si mesma. Não há outro tipo de riqueza imensa. O dinheiro perdeu sua qualidade narrativa (...) o dinheiro cria o tempo, costumava ser o oposto. O relógio acelerou a ascensão do capitalismo. As pessoas pararam de pensar na eternidade e começaram a se concentrar nas horas, horas mensuráveis. Homens-hora usando o trabalho de forma mais eficiente. É o capital cibernético que cria o futuro. Agora o tempo é um bem corporativo, pertence ao sistema de livre mercado. O presente está cada vez mais difícil de se encontrar, foi arrancado do mundo para dar lugar ao futuro de mercados sem controle e enorme potencial de investimento”.
Cronenberg, indubitavelmente para mim, é um diretor do outro mundo..... Filmaço que não canso de ver e rever, dos meus prediletos em sua filmografia; assim como a próstata do protagonista principal é assimétrica, a vida também se deslinda assim, em nossas vivências cotidianas dissonantes; ele nos brinda de maneira fulgurante com um ensaio atemporal sobre a era capitalística em seu torrencial crepúsculo amalgamado... Não posso deixar de rememorar o cintilante pintor norte-americano Rothko - onde a lógica encontra-se sibilante - nem por isso, com menos sentido inteligível; tem-se um essencial retrato das entranhas do sistema capitalista e o modo como se dão as socializações de parasitismo humano... a pintura não menos babélica do que é o homem moderno; enfim, belamente hermético - uma genial síntese metafórica sobre o vampirismo vertiginoso que circunda e delineia o século XXI.
Alucinações do Passado
3.9 257Filmaço incrível, Alucinações do Passado surpreende-nos como se estivéssemos estabelecido uma espécie de insólito encontro com dois diretores que eu amo demais - David Lynch e Darren Aronofsky - no caso aqui presente, Adrian Lyne nos brinda com uma verdadeira pérola fílmica; repleta de cenas antológicas, com seu onirismo intermitente e a auréola do real beirando o imaginário que subjaz toda a trama intrincada e não menos envolvente por esse aspecto tangível da sua narrativa labiríntica.... trabalho autoral do Lyne que não nos decepciona em nenhum momento; o horror aqui é deslindado de maneira singular para nos fazer repensar a noção da perda de um ente querido, ajuntando-se a isso, a perspectiva fulgurante do filme, que fora a de tratar os traumas bélicos, dos quais um indivíduo pode carregar por toda a sua vida... Não por isso, esse filme influenciou até a realização de ótimos games, como foi o caso de Silent Hill; as ambiências e trilha sonora, permeada pela fotografia notívaga/sombria nos atestam isso exemplarmente.... A melancolia realiza seu flerte mais lancinante com seus cenários de purgatório pesadelar. Película mais que recomendável.... um dever de cinéfilo ! Amei , fiquei aturdido.
Tarde Demais para Esquecer
4.1 152 Assista Agora''Our love affair is a wondrous thing
That we'll rejoice in remembering
Our love was born with our first embrace
And a page was torn out of time and space
Our love affair, may it always be
A flame to burn through eternity
So take my hand with a fervent prayer
That we may live and we may share
A love affair to remember....''
//// An Affair To Remember - Nat King Cole
Daqueles filmes que realmente nos atestam com lancinante compostura, que Clássicos realmente são bem difíceis de se tornarem senis; aqui nessa obra-prima não foi diferente... A começar pelas prodigiosas atuações de Cary Grant e Debora Kerr, que nos envolve de forma tão singela ao passo de não percebermos a duração de duas horas da película que se esvoaçam em poesia visual; a trilha sonora atemporal, é outro quesito fundamental para edificar esse status cultuado - ficamos embevecidos pelas esplêndidas letras destiladas por Nat King Cole.... assomados a isso, tem-se a magnífica fotografia, 'que fotografia', que 'scope' mais belo; é inebriante e encantador, poder se deleitar por essa, que é daquelas obras fílmicas que garantem a gênese seivosa do que denominamos a Sétima Arte; a inefável história de Amor que nos arrebata da mesma maneira de quando foi lançada - fazendo-nos perguntar "Será que nascemos na época errada?!" De uma coisa tenho irrefutável certeza: Clássico inesquecível, àquele que está entre os meus prediletos, e que nos faz deslindar a seguinte assertiva: A vida seria um erro sem o Cinema.
O Que Terá Acontecido a Baby Jane?
4.4 830 Assista AgoraA trama nos arrebata e mostra que, comumente, as aparências pregam peças na gente: então, o que terá acontecido a Baby Jane?
Até agora estou aturdido com tão fulgurantes atuações; a Bette Davis e Joan Crawford nos presenteia com indeléveis cenas primorosas a respeito desse thriller inesquecível do saudoso, não menos expressivo e meticuloso Robert Aldrich..... A fotografia é, com certeza, um dos aspectos que nos fazem enxergar tamanha a densidade do horror psicológico que delineia as situações das protagonistas em suas complexas antinomias emocionais - tudo isso acrescido de um impecável senso de direção - a angustiante trilha fílmica e o aflitivo perfilhar cênico nos deixam imersos numa experiência, em que nós, como espectadores não saímos ilesos.... A decupagem demonstra o quão nessa película, nos é ratificado o verdadeiro valor do Cinema em suas múltiplas abordagens - roteiro esplendente e final mais que inolvidável..... genuína obra que compunha a gênese da Sétima Arte.... Prescrito para todo cinéfilo doente que se preze !!!
A Morte ao Vivo
3.6 9" Está tudo bem, não há nada acontecendo...... "
Apesar da década em que fora propelido, não há senilidade temática nessa película de Tavernier; aqui, mais do que nunca, tem-se a reflexão bastante hodierna de como se dão e até que medida vão se edificando os limites acerca dos meios de comunicação... o roteiro estanque nos faz pensar de maneira lancinante, as maneiras em que vivenciamos hoje a era dos nossos reality shows cotidianos; seja nas redes sociais, seja nas micro-relações sociais que estabelecemos no dia-a-dia. A atuação da eterna e arrebatadora Romy Schneider (uma das minhas atrizes prediletas), nos faz ficar ainda mais embasbacados com tão fulgurante obra de longa-metragem; onde a sua tônica premissa encontra-se mais palpitante hoje do quê quando lançado.... enfim, cinematograficamente luzidio!!
Os Esquecidos
4.3 110''Já pensou se pudéssemos trancar a miséria em vez das crianças?''
"De barriga cheia todos somos melhores."
"As grandes cidades modernas, Nova Iorque, Paris, Londres escondem sob sua riqueza, lares miseráveis onde crianças sub-nutridas, sem saúde, sem escola, estão sentenciadas ao crime"
Filme mais que atual, do sempre gênio Buñuel; daqueles que nos faz refletir e muito sobre a lancinante crítica social que ele traz consigo... isto é, da crítica que aborda a perpetuidade perversa de um sistema cada vez mais excludente com relação aos 'esquecidos' da sociedade dita 'democrática' e boníssima para com os seus cidadãos. O retrato aqui exposto à bisturi, feito pelo insigne diretor espanhol nos deixa boquiabertos com sua crueza e faticidade no que tange ao cotidiano de jovens paupérrimos que não possuem nenhuma oportunidade de se tornarem pessoas melhores e/ou saírem da sua condição caracterizada pela fome e desprezo cada vez mais crescente; é o que ainda presenciamos hoje em dia (infelizmente) sem nenhuma diferença (vale lembrar que é uma obra de 1950....) ; aqui se tem o verdadeiro modus operandi de uma sociedade, um estado facínora que não auxilia nem fornece nenhum subsídio político-social para mudar a realidade dessa juvenilidade excluída imersa em nossa gélida ambiência urbana; além claro, de que não existe mínimo afeto familiar e/ou socialização educacional... ingredientes, que como bem sabemos, só fazem acrescer a marginalidade/criminalidade pré-fabricada pela mesma sociedade/estado que a critica... A redução de maioridade penal já era um tema abordado, e que como vê-se não fornece resultado positivo algum [apesar de já presenciarmos a pena de morte cotidiana com relação aos pobres, negros, lgbtq's etc.]... Sem dúvida nenhuma, verdadeira Obra-Prima do Cinema mundial; mexe conosco na maneira de fazer-nos abrir os olhos para uma realidade vil que insistimos em ignorar..... Crítica social atemporal - Cinema em seu auge!!
Vítimas da Tormenta
4.4 47A questão social não parte de uma fator ideológico, mas humano..... O que é "aprender a ser homem" nesse mundo indiferente?!!!
Estou até agora aturdido, com essa que é uma das obras-primas do brilhante diretor italiano Vittorio De Sica..... o neo-realismo aqui, em seu auge fulgurante - filme que possui uma temática mais que atual, infelizmente... Agora sei de onde veio a inspiração para o Buñuel e o Truffaut para realizarem 'Os Esquecidos' e 'Os Incompreendidos' respectivamente; apesar doa sua duração lacônica, De Sica consegue nos transmitir inúmeras emoções no decorrer do perfilhar cênico; a marginalidade aqui é retratada de forma singular e traça o seu enraizamento mais que profundo, a respeito das mazelas em que jovens estão imersos sem oportunidades e excluídos pelas instituições cada vez mais pérfidas e gélidas simultaneamente.... o resultado do desamparo familiar-social é refletido nas socializações infantis no mundo do crime; onde desde a tenra idade, são submetidos a um ambiente de opressão e exclusão perversas/negligências vis.... a atuação realista dos púberes atores nos brindam com um deleite a mais nessa cintilante película. Esse, com certeza, não fica muito atrás da outra obra magnânima desse insigne diretor 'Ladrões de Bicicleta' (dos meus prediletos desde sempre).... Uma crítica político-social que vale e muitíssimo aos dias de hoje... nada mudou no mundo dos contos de fadas para adultos !! Cinema nos abre percepções que se retraduzem em consciência e engajamento político-social .
Sétima Arte em seu paroxismo .
A Solidão de uma Corrida Sem Fim
4.1 16"- Não é que eu não goste de trabalhar. É que não gosto da ideia de me escravizar para que os chefes possam obter todos os lucros. Parece tudo errado para mim .
- Eu costumava pensar que seria maravilhoso ser crescido.
- Eu acho que é.
- É, mas não da maneira que pensei, no entanto.
- Por que, o que você achou?
- Eu não sei. Talvez não saibamos muito ainda.
- Eu sei o suficiente, você sabe, querer saber mais. Eu tenho aprendido muito ultimamente. O problema é que não tenho certeza do que estou aprendendo.
[...]
Correr sempre foi algo importante em nossa família, especialmente correr da polícia. É difícil de entender.
Tudo o que sei é que se deve correr, correr sem saber porque, pelos campos e bosques. E ser o vencedor não é a meta, mesmo que torcedores malucos estejam vibrando como idiotas. Assim é a solidão de um corredor de longa distância.”
Obra-prima incontestável do fulgurante diretor inglês Tony Richardson.... Indubitavelmente um marco esplendoroso no cinema mundial, no que concerne à reflexão sobre rebeldia e [in]conformismo; vê-se de maneira diáfana, a influência do Neorrealismo e, claro - da nouvelle vague, que nesse exímio caso - a encafifada nouvelle vague inglesa.. Nessa película, tem-se com cada deslindar cênico, uma crítica mais que atual sobre como as relações sociais são condicionadas pelo dinheiro e consequentemente, o consumismo desenfreado; mas, mais que esses nevrálgicos pontos - observa-se a marginalidade juvenil criada e retroalimentada por essa própria sociedade adoecida em cada metro quadrado do seu tecido conjuntivo.... Depois desse filme, fica bem mais clarificado entender os problemas crônicos que o Brasil enfrenta; a sequência final é antológica e talhada à bisturi por tamanha magistralidade - a insubordinação se faz mais que necessária nos dias hodiernos, e essa obra fílmica nos descortina a obstinação que devemos ter e a resistência que devemos assumir como sendo um bosquejo de sensatez nessa ambiência social nebulosa que insiste/persiste em nos circundar claustromanicamente.
- Cinema em seu píncaro magnificente. Receita tarja-preta prescrita aos doentes cinéfilos , como eu e você.
O Jardim dos Finzi-Contini
3.9 32"Pouquíssimas obras captam a essência de momentos lindamente fugidios de maneira tão bela....."
Não consigo expressar de forma clarificante o quão essa obra-prima do cinema mundial me enlevou; é de se ficar, no mínimo, estonteado com De Sica e o modo como ele nos desvela um universo bélico, e mesmo assim, simultaneamente fulgura-se venustidade em cada alinhamento cênico - tudo isso, vale ressaltar - ambientado numa delineação antológica, repleta de beleza singular e marcante. O ritmo narrativo nos faz degustar cada cena num cadenciamento realizado na medida certa... O realismo de concretude-poética italiano insurgido, nos refestela o Cinema da Itália em seu auge; uma ótica caprichada que só um diretor do quilate de De Sica para airosamente nos fazer refletir a respeito do período nebuloso correspondente ao pré-segunda guerra. Tem-se o retrato da dor esplendente que demarcou esse contexto histórico tão excruciante para todos nós; e que mesmo assim, o diretor italiano ainda consegue nos presentear com essa película encantadora e ao mesmo tempo extemporânea; necessária e basilar para compreender a história do cinema - e das nossas ações (nem sempre enternecedoras) como seres humanos.
Cinema Italiano nunca [me/nos] decepciona, e como sou fã de fotografia - não tenho como dizer : realmente, uma das fotografias mais fascinantes de todos os tempos. Sétima Arte em sua feérica culminância.
Tarja-Preta para todo Cinéfilo doente à là Truffaut......
O Sétimo Continente
4.0 174"Às vezes, imagino como seria se ao invés de uma cabeça opaca, as pessoas tivessem um monitor onde eu pudesse ler seus pensamentos......"
Haneke consegue radiografar como poucos diretores que aprecio a diáfana rispidez das relações humanas, onde ruídos e cacofônicos silêncios emanam imageticamente a ascendência de uma sensibilidade excepcional .
Realmente a filmografia de Michael Haneke é algo estupendo, o diretor austríaco deixa qualquer amante (sério) da Sétima Arte, no mínimo, inebriado com a sua idiossincrática câmera gélida; à qual consegue perscrutar de maneira pontual os meandros das contradições humanas mais fundamentais. Nessa obra-prima indiscutível que fornece o pontapé do seu início de carreira, tem-se a sua brilhante análise referente ao estrépito fracasso das relações familiares mais básicas: só para exemplificar: a garotinha [resultante de uma típica família classe média-alta] finge ser cega para ter uma diminuta conexão com os pais, que vivem imersos em suas rotinas maquinais - tudo isto consequência de um modelo civilizatório glacial e perversamente asfixiante; e aqui, se nota a influência Bressoniana, no que tange ao modo como Haneke nos destila o abafadiço perfilhar dos objetos em cena - fulgurantes em seu quesito aflitivos, nos quais também agem como personagens importantes para compreender o desvanecimento dos anseios burgueses mais torpes e mesquinhos (como lhes são característicos). O embotamento afetivo é algo filmado de forma sublime - a realidade se torna robotizada, o que acarreta o afastamento moral das relações humanas - essa magnífica obra Hanekeana nos questiona a todo momento em seu primoroso descortinar cênico:
"O que estamos nos tornando?!"
A humanidade carece de humanização, disso não temos nenhuma dúvida... Enquanto isso não ocorre, estamos todos com viagem marcada ao Sétimo Continente - apesar de já o estarmos vivenciando cotidianamente, não é mesmo?!
Obrigado Haneke pelo cintilante alerta, ainda enxergo em sua magnânima obra fílmica um ígneo resquício de assunção pelo compadecimento ao flexuoso gênero humano. O austríaco é um reptante nato e convite mais que obrigatório a todo Cinéfilo, doente crônico por Filmes que se preze !
O Discreto Charme da Burguesia
4.1 284 Assista Agora"Eu sei que a burguesia fede. Mas tem dinheiro pra comprar perfume....."
“Eu amo a liberdade e, então, a sociedade burguesa me parece abominável. Nós vivemos numa sociedade com plena injustiça em todos os terrenos, em todos os sentidos. Odeio a injustiça. Rejeito a sociedade burguesa por causa da injustiça”, falou Buñuel quando entrevistado sobre o filme de 1972.
Que obra-prima mais irretocável essa do Luis Buñuel; atualíssima, nos demonstra um exemplar estudo de personagens - imersos em seus vernizes de dissimulada civilidade/cordialidade - mais que isso, uma análise multifacetada imagética, repleta do seu primoroso humor sarcástico, apurado e belamente subversivo. Nada escapa ao bisturi buñueliano, tanto desde as camadas mais altas da sociedade - as mais indiferentes, teatrais e sínicas - quanto o proscênico tripé social: a política estilhaçada por atos de corrupção, Igrejas sempre a serviço dos mais abastados e o Exército em sua excrescência anedótica. As classes mais altas da sociedade são analisadas à olho nu nessa atemporal película; é sórdido como vemos o seu esbanjamento de superficialidade, atos néscios, preconceitos e ignorância desmedida - aqui, toda semelhança possui total coincidência com a nossa encenada realidade. A crítica social esbaforida é magnífica e mais que hodierna; a casta dos que se acham superiores na Terra é desvelada sem ressalvas: indiferente, medíocre, fútil, cobiçosa, libertina, mesquinha, depravada e teatral - movida pelas aparências e ilusão posada de auto-controle. Mais que obrigatório a todo Cinéfilo que se preze e todos àqueles que querem compreender desveladamente as relações sociais que se desfilam dramaturgicamente ao nosso redor - onde o onírico se faz presente e factível: mais fiel à realidade é impossível.
Obrigado Buñuel pela extemporânea perspicácia, sendo que não há muito o que se falar, e sim, aplaudir !
Atrás da Porta Verde
3.4 15Obra de Arte, um verdadeiro clássico irretocável !
As Virgens Suicidas
3.8 1,4K Assista Agora"Você nem é velha o suficiente para saber o quanto a vida é difícil..... Claro, doutor. Você nunca foi uma garota de 13 anos..."
/Cecília (Hanna Hall)
Filme gracioso em todos os aspectos..... que trilha sonora notável e marcante; sua estética e fotografia são lindas, com toques suaves de melancolia tangida por um verniz que nos deslumbra por seu prazeroso visual, nos envolvendo de forma eficaz por tratar de questões existenciais instigantes; o que nos exige doses de sensibilidade e empatia pelas personagens envolvidas em situações que recaem em privação da liberdade, super proteção, dilemas familiares, vazio existencial, isolamento.... Sofia Coppola nos presenteia com um deleite imagético aos olhos expectativos; a atmosfera fílmica é tão encantadora e aprazível que as músicas de fundo só fazem a gente ficar cada vez mais amantéticos em cada cena, por onde deliciosamente perfila nossa percepção.... o paradoxo da proibição como sendo incentivo e algo que concita; provocativo e lindamente poético!!