O suspense toma conta e o desenvolvimento me surpreendeu muito, mas... algo me deixou com o coração rasgado e não se relaciona com a paranóia do filme: Kate (Angie Dickinson), já no fatídico elevador, logo após uma descoberta arrasadora, uma cena doída demais pra mim.
O espetáculo de Marcel Carné é calcado em seu roteiro adocicado pelo amor e em seus atores tomados pelo mesmo. Alain Cuny e Marie Déa, com seus olhos lamuriosos, dão um show. Ainda que se fale muito da associação do filme a um discurso anti-hitlerista, Os visitantes da noite, a meu ver, se mantém como um grande atestado de uma força maior. E o coração bateu ainda mais forte depois do fim...
Um título altamente poético. Sempre achei lindo o título desse filme. Sempre quis assistir a esse, pude agora e gostei muito. Apesar das soluções um tanto esquemáticas, o Bergman realista se sai muito bem ao discutir questões sociais, no sentido mais abrangente da expressão. Lindo o cachorrinho depois da cena do trem.
O melodrama elevado à quinquagésima potência. E que potência! Jane Wyman, sublime! As cenas na praia e a do amanhecer que nunca chega são as minhas favoritas.
"Não se pode sentar com as ovelhas e caçar com os lobos." Eis a [irônica] frase de um dos personagens, que ao rebelar-se com a atitude dissidente de um companheiro britânico resume a insolubilidade de uma relação marcada pela exploração.
Filme super tenso, lembro disso claramente, mas faz tempo que vi e uma revisão é mais do que necessária. Tomara que quando rever, continue a achá-lo uma OP.
Que filme belo! Pode parecer mais do mesmo ou canastrão, mas eu gostei muito. Atuações impressionantes, roteiro de círculos, ou quase. Veja o que fala Glória (Sandra Bréa) sobre a família de Mário. Repressão sexual é o grande tema, muito bem trabalhado, aliás.
Eis a história de um homem deslocado. A primorosidade deste filme é algo simples, tão simples que pequenas cenas (ou "pequenas" coisas) realmente fazem a diferença. Uma das que me marcou mais foi aquela em que seu José Maria atende o telefone e, com a câmera em sua face que muda abruptamente, diz à pessoa no outro lado da linha: "Calculei depois de sua ligação que alguém tinha morrido". Foi de grande valia assistir a este. Grande também é a atuação de Rodolfo Mayer como José Maria, um personagem que além de deslocado, quer a todo custo se agarrar a alguém, mesmo que esta esteja em Pouso Triste.
O melhor é a participação de Millôr Fernandes nos diálogos: afiados e engraçados. Além disso, há ainda uma cômica inversão de papéis. E como não se render à beleza de Susana Freyre, Fábio Cardoso e Oduvaldo Vianna Filho (excelente nas palavras e ótimo atuando). Atuações muito boas! Sigo conhecendo melhor o CHC...
Filme seco e de inspiração homoerótica. Mas talvez estejamos diante de algo que seja mais do que simplesmente isso. As relações humanas de posse e consequente propriedade tanto no sentido material como no sentimental nem sempre desencadeiam num fim como o do filme. O fato é que ecoa ainda a seguinte frase: "Esse mundo é só nosso!"
Apesar de "Monika e o Desejo" (Sommaren med Monika) não ser um filme francês, é evidente que muitas das características do amor louco e livre das convenções (bem retratado pelos franceses) estão presentes neste drama do sueco Ingmar Bergman. Aliás, diga-se, os franceses François Truffaut e Jean-Luc Godard diziam adorar o filme. Um deles chegava a dizer que Bergman era mestre por saber retratar com tanta delicadeza o acordar de uma mulher, fazendo referência (se não me engano) à cena em que Monika acorda no barco de Harry. Truffaut até usou uma foto de Monika em uma das cenas de "Os Incompreendidos". Por outro lado, Ingmar não sentia tanto apreço assim pelas obras de um certo francês: o próprio Godard, o qual Bergman julgava chato e tedioso. Picuinhas à parte, de uma forma ou de outra os franceses absorveram pelo menos um pouco desta obra. Visto que Bergman utilizou alguns elementos que viriam a ser as bases da libertária Nouvelle Vague.
A história em si, se não fosse de Ingmar, poderia ser enquadrada na "Nova Onda", que viria a ter suas maiores obras lançadas no fim da decáda de 1950 e ao longo dos anos 1960. Quem vê as obras dos franceses dessa época e se depara com uma semelhante na filmografia do sueco, estranha e a acha repetitiva e convencional e, não deixa de ter razão. No entanto, é interessante observar os mesmos temas dos franceses na ótica do mestre Bergman, antes da N.V..
A história é a seguinte: Harry, um rapaz que trabalha numa loja de porcelanas, conhece Monika, a moça da quitanda. Juntos, iniciam um romance, com direito a pegação no sofá e tudo. Harry se vê prejudicado no trabalho por causa de Monika. Essa não se entende com a família dela. Os dois decidem, então, desatar as amarras que os unem a essa sociedade e embarcam, literalmente, numa viagem de prazeres, emoções e completude em que os outros são eles próprios. Porém, a maré que os leva para novas experiências guarda algumas ondas difíceis de serem enfrentadas.
Harriet Andersson, uma das musas primeiras de Ingmar, apesar de não aparentar ter a pouca idade de Monika, consegue com toda a sua desenvoltura repassar a imagem da adolescente inconsequente, cheia de desejo e cujas decisões lhe conferem um ar libertário, mostrado com ênfase em uma cena na praia, rendendo ali uma certa polêmica para Ingmar na década de 1950. Aliás, o ar de liberdade é o que permeia o filme do início ao fim. Monika é o carroochefe desse ideário. Harry a acompanha, seguindo também seus anseios de jovem.
Por seu caráter romancesco, e levando em consideração boa parte dos filmes de Ingmar Bergman, talvez "Monika e o Desejo" seja um dos seus filmes mais palpáveis e digeríveis, aproximando-se ao máximo dos demais filmes europeus da época. O cineasta trata aqui de um tema tão comum e ao mesmo tempo tão fascinante: a nostálgica e angustiante passagem da adolescência à vida adulta com todas as suas responsabilidades. Tema esse que já havia sido visto com algumas singularidades, alguns anos antes, no também belo "Juventude" (Sommarlek, 1951) dirigido pelo sueco também. Repare: (Sommar)en med Monika; (Sommar)lek. Bergman talvez tratava desta forma dos belos e idílicos "amours fous": como verões, que sendo estações...
Comprar Ingressos
Este site usa cookies para oferecer a melhor experiência possível. Ao navegar em nosso site, você concorda com o uso de cookies.
Se você precisar de mais informações e / ou não quiser que os cookies sejam colocados ao usar o site, visite a página da Política de Privacidade.
Vestida Para Matar
3.8 252 Assista AgoraO suspense toma conta e o desenvolvimento me surpreendeu muito, mas... algo me deixou com o coração rasgado e não se relaciona com a paranóia do filme: Kate (Angie Dickinson), já no fatídico elevador, logo após uma descoberta arrasadora, uma cena doída demais pra mim.
Os Visitantes da Noite
3.8 6O espetáculo de Marcel Carné é calcado em seu roteiro adocicado pelo amor e em seus atores tomados pelo mesmo. Alain Cuny e Marie Déa, com seus olhos lamuriosos, dão um show. Ainda que se fale muito da associação do filme a um discurso anti-hitlerista, Os visitantes da noite, a meu ver, se mantém como um grande atestado de uma força maior. E o coração bateu ainda mais forte depois do fim...
Chove Sobre Nosso Amor
3.7 30Um título altamente poético. Sempre achei lindo o
título desse filme. Sempre quis assistir a esse, pude agora e gostei muito. Apesar das soluções um tanto esquemáticas, o Bergman realista se sai muito bem ao discutir questões sociais, no sentido mais abrangente da expressão. Lindo o
cachorrinho depois da cena do trem.
Educação Sentimental
3.4 32Contemplar é participar.
Sublime Obsessão
3.9 40 Assista AgoraO melodrama elevado à quinquagésima potência. E que potência! Jane Wyman, sublime! As cenas na praia e a do amanhecer que nunca chega são as minhas favoritas.
Passagem para a Índia
3.8 35 Assista Agora"Não se pode sentar com as ovelhas e caçar com os lobos." Eis a [irônica] frase de um dos personagens, que ao rebelar-se com a atitude dissidente de um companheiro britânico resume a insolubilidade de uma relação marcada pela exploração.
Vampiros de Almas
3.9 157Filme super tenso, lembro disso claramente, mas faz tempo que vi e uma revisão é mais do que necessária. Tomara que quando rever, continue a achá-lo uma OP.
Os Imorais
3.7 22Que filme belo! Pode parecer mais do mesmo ou canastrão, mas eu gostei muito. Atuações impressionantes, roteiro de círculos, ou quase. Veja o que fala Glória (Sandra Bréa) sobre a família de Mário. Repressão sexual é o grande tema, muito bem trabalhado, aliás.
São Paulo Sociedade Anônima
4.2 172Quando uma engrenagem já sente a ferrugem de viver.
Viagem aos Seios de Duília
4.0 8Eis a história de um homem deslocado. A primorosidade deste filme é algo simples, tão simples que pequenas cenas (ou "pequenas" coisas) realmente fazem a diferença. Uma das que me marcou mais foi aquela em que seu José Maria atende o telefone e, com a câmera em sua face que muda abruptamente, diz à pessoa no outro lado da linha: "Calculei depois de sua ligação que alguém tinha morrido". Foi de grande valia assistir a este. Grande também é a atuação de Rodolfo Mayer como José Maria, um personagem que além de deslocado, quer a todo custo se agarrar a alguém, mesmo que esta esteja em Pouso Triste.
Amor Para Três
3.4 3O melhor é a participação de Millôr Fernandes nos diálogos: afiados e engraçados. Além disso, há ainda uma cômica inversão de papéis. E como não se render à beleza de Susana Freyre, Fábio Cardoso e Oduvaldo Vianna Filho (excelente nas palavras e ótimo atuando). Atuações muito boas! Sigo conhecendo melhor o CHC...
A Intrusa
3.4 16Filme seco e de inspiração homoerótica. Mas talvez estejamos diante de algo que seja mais do que simplesmente isso. As relações humanas de posse e consequente propriedade tanto no sentido material como no sentimental nem sempre desencadeiam num fim como o do filme. O fato é que ecoa ainda a seguinte frase: "Esse mundo é só nosso!"
Monika e o Desejo
4.0 120 Assista AgoraApesar de "Monika e o Desejo" (Sommaren med Monika) não ser um filme francês, é evidente que muitas das características do amor louco e livre das convenções (bem retratado pelos franceses) estão presentes neste drama do sueco Ingmar Bergman. Aliás, diga-se, os franceses François Truffaut e Jean-Luc Godard diziam adorar o filme. Um deles chegava a dizer que Bergman era mestre por saber retratar com tanta delicadeza o acordar de uma mulher, fazendo referência (se não me engano) à cena em que Monika acorda no barco de Harry. Truffaut até usou uma foto de Monika em uma das cenas de "Os Incompreendidos". Por outro lado, Ingmar não sentia tanto apreço assim pelas obras de um certo francês: o próprio Godard, o qual Bergman julgava chato e tedioso. Picuinhas à parte, de uma forma ou de outra os franceses absorveram pelo menos um pouco desta obra. Visto que Bergman utilizou alguns elementos que viriam a ser as bases da libertária Nouvelle Vague.
A história em si, se não fosse de Ingmar, poderia ser enquadrada na "Nova Onda", que viria a ter suas maiores obras lançadas no fim da decáda de 1950 e ao longo dos anos 1960. Quem vê as obras dos franceses dessa época e se depara com uma semelhante na filmografia do sueco, estranha e a acha repetitiva e convencional e, não deixa de ter razão. No entanto, é interessante observar os mesmos temas dos franceses na ótica do mestre Bergman, antes da N.V..
A história é a seguinte: Harry, um rapaz que trabalha numa loja de porcelanas, conhece Monika, a moça da quitanda. Juntos, iniciam um romance, com direito a pegação no sofá e tudo. Harry se vê prejudicado no trabalho por causa de Monika. Essa não se entende com a família dela. Os dois decidem, então, desatar as amarras que os unem a essa sociedade e embarcam, literalmente, numa viagem de prazeres, emoções e completude em que os outros são eles próprios. Porém, a maré que os leva para novas experiências guarda algumas ondas difíceis de serem enfrentadas.
Harriet Andersson, uma das musas primeiras de Ingmar, apesar de não aparentar ter a pouca idade de Monika, consegue com toda a sua desenvoltura repassar a imagem da adolescente inconsequente, cheia de desejo e cujas decisões lhe conferem um ar libertário, mostrado com ênfase em uma cena na praia, rendendo ali uma certa polêmica para Ingmar na década de 1950. Aliás, o ar de liberdade é o que permeia o filme do início ao fim. Monika é o carroochefe desse ideário. Harry a acompanha, seguindo também seus anseios de jovem.
Por seu caráter romancesco, e levando em consideração boa parte dos filmes de Ingmar Bergman, talvez "Monika e o Desejo" seja um dos seus filmes mais palpáveis e digeríveis, aproximando-se ao máximo dos demais filmes europeus da época. O cineasta trata aqui de um tema tão comum e ao mesmo tempo tão fascinante: a nostálgica e angustiante passagem da adolescência à vida adulta com todas as suas responsabilidades. Tema esse que já havia sido visto com algumas singularidades, alguns anos antes, no também belo "Juventude" (Sommarlek, 1951) dirigido pelo sueco também. Repare: (Sommar)en med Monika; (Sommar)lek. Bergman talvez tratava desta forma dos belos e idílicos "amours fous": como verões, que sendo estações...