No início do filme se insinua um subtexto interessante: há um paralelo entre os "Judas" e os imigrantes nos Estados Unidos. Os chineses semi-escravos são explorados da mesma forma que os insetos foram, mas eles podem aprender com os exploradores para subjugá-los. Porém, o filme esquece totalmente disso no terceiro ato e se torna a história dos protagonistas lutando pela sobrevivência. Nos primeiros dois atos a edição plano-a-plano é confusa, mas palatável. No terceiro ato ela desce numa espiral de desespero onde espaço e tempo se separam da lógica.
Os planos característicos desse filme, que vão do detalhe ao geral em um lânguido zoom out, não são meramente "pinturas vivas". Eles são a representação visual do tema que perpassa a história de Redmond Barry: o poder do meio sobre o indivíduo, a insignificância deste se comparado àquele. Redmond começa a narrativa como um garoto ingênuo e idealista, mas se torna torpe e cínico conforme as pessoas à sua volta lhe agridem e enganam. (só eu não consigo parar de escutar Sarabande?)
Não gosto do nome "Trilogia dos Dólares" "Trilogia das Moscas Que Pousam na Cara das Pessoas" seria melhor "Trilogia do Ódio aos Chapéus" seria legal também
O Dalton Trumbo devia estar maluco quando escreveu isso. O cara tava banido de Hollywood sob a acusação de ser comunista. Aí ele me escreve um roteiro sobre um líder (sindical) de escravos cujo puro sonho de liberdade é frustrado por causa do jogo de poder entre um nacionalista tirano (Craso) e um republicano corrupto (Graco). Neguinho engoliu fácil o discurso do início do filme sobre liberdade através de valores cristãos hahahahahha
Eu sinto que poderia ser uma experiência bem mais agradável se o editor tivesse substituido os incontáveis minutos de pessoas e tropas indo do ponto A ao ponto B por cenas que mostrassem Espártaco conquistando a confiança do seus "súditos" ou a sua relação com seus companheiros mais próximos. Sem falar nesse terrível hábito da cinematografia em cores dessa época de iluminar TUDO, deixando evidente o quão sintéticos eram os cenários de papelão e isopor.
As composições de Shayamalan são impecáveis. Permitindo que ele use movimentos de câmera (ou o fluido abrir e fechar de cortinas ao vento) quando normalmente seriam utilizados cortes. Produzindo momentos extremamente íntimos em planos abertos e médios, o que é um feito bem raro. Planos, aliás, bem longos para o padrão de hollywood nos anos 90, mas que não chamam muito a atenção para si.
A reviravolta na resolução é muito bem construída. As várias pistas deixadas durante o filme são óbvias apenas em retrospectiva. Além disso, ela confere uma dimensão moral bem interessante ao filme: Toda a felicidade que David pode alcançar com sua família e todo o potencial positivo das suas ações como um "herói" serão manchados pelos crimes de Elijah, que foram essenciais para que ele se descobrisse como tal.
É muito foda como as chamas do ódio que Powell acende em seu culto são as mesmas que o perseguem no final, e como o símbolo bíblico da maçã é subvertido. Charles Laughton tirou um sarro legal com os EUA e sues falsos profetas.
A câmera faz um travelling in agressivo pra caralho em cada personagem até que o Samuel L. Jackson (cujo personagem nesse filme ninguém me tira da cabeça que é deus) quebra o ciclo de ódio movimentado-se em direção à câmera por conta própria. Ou seja, fazendo esforço para sair do lugar comum, do sua zona de conforto, para defender o amor no lugar da ira.
A revelação, ou a mudança, da intenção de Darvell é conveniente demais e praticamente infundada, ao mesmo tempo que é, paradoxalmente, absolutamente previsível
Tirando isso, o filme é tematicamente sólido. Tudo gira em torno do poder que a sociedade machista exerce sobre as mulheres, amaldiçoando-nas (Ruthven desvirginando Clara e Eleanor à força) e depois negando a eternidade a elas por causa da maldição que lhes foi imposta (a irmandade,"the brotherhood", imputando os direitos de Clara como vampira e depois lhe perseguindo por salvar sua filha).
P.S: O corte da vampira sendo morta com uma estaca no programa de TV que Eleanor está assistindo para os saltos agulha de Clara é brilhante.
P.P.S.: O romance de um jovem moribundo e hemofílico com uma vampira puritana e misericordiosa é a coisa mais emo que eu ja vi, e é lindo.
É provavelmente um pecado pensar em filmes transcendentais tão tecnicamente, porém não pude deixar de notar como os travellings laterais, que dominam os planos abertos, vão sempre da direita para esquerda como se estivéssemos fazendo uma inevitável viagem de volta ao começo da narrativa, indo de encontro ao trágico fim da protagonista. Além disso, a direção desse movimento também pode causar incômodo, já que vai contra o sentido no qual lemos imagens (e texto, para nós ocidentais) um efeito muito bem vindo a um filme instigante como esse. Ou nada disso faz sentido nenhum, já que, me parece, esse filme foi escrito mais com tesoura e cola do que com lentes, ou caneta e papel. O tempo na edição de Varda e Mazuy tem uma qualidade que eu não consigo exatamente especificar, é algo sobre a sua descontinuidade: as cenas e sequências seguem-se sem relacionarem-se por causa e efeito ou algo assim, sei lá
Boa ruptura no gênero policial, abordando a investigação criminal com mais realismo e menos "CSI". Tem muito crime por aí que não é desvendado, ele não precisa ser perfeito, às vezes só é preciso "sorte". Já que o mistério por trás do assassinato de Angela Hayes não está no cerne da trama, ela é ocupada pela relação desses personagens muito humanos entre si e com a morte (ora a sua, ora a dos outros).
Hemos de concordar que isso já é muito melhor que qualquer mistério policial unidimensional.
A porrada inacreditavelmente cirúrgica nos pilares podres da moral das forças armadas dos EUA foi a cereja do bolo, e que cerejona!
Comédia: peidos. A única cena razoável dessa bagunça é a do capitão na quadra de basquete. A mise-en-scéne é boa, as atuações também (joe pantoliano ta excelente) e a edição nem é tão merda assim.
Ação: Nesses momentos o editor brilha com planos de meio segundo e cortes incoerentes. Me deu náuseas de verdade.
O Harmônica é tão foda que ele é introduzido duas vezes praticamente. E essa melodia que ele ta sempre tocando no seu instrumento é a representação perfeita da obsessão pela vingança que o consome e define. Que personagem, pqp
E o que é aquele corte quando o Frank vai matar o Timmy? A bala se torna o trem, como se o próprio progresso da linha férrea fosse o responsável pelo massacre daquela família. É um match cut tão incrível quanto o osso/nave do Kubrick, só que muito menos famoso, infelizmente.
Gente,O Babadook não "foge do gênero". Todo monstro é uma metáfora em algum nível (se a história for boa). Ele parece diferente porque nesse caso a metáfora é bem clara e essencial ao significado da narrativa em sua totalidade, o que não é muito comum nos filmes de terror hoje em dia, mas é a norma em clássicos como o Frankenstein da Mary Shelly.
E esse filme têm jump scares sim, só que eles são bem construídos.
A mente desse argentino é um lugar perigoso, pqp. A cinematografia é insana, destaque pra operação de câmera que é inescrutável na maior parte do tempo. A integração entre Live action e VFX é inacreditável. Adoraria ver esse filme no cinema, mas se não tiver essa chance, até nunca mais. Ou até outra vida, quem sabe?
Parece que as pessoas estão numa competição pra ver quem consegue descobrir o rumo que a trama vai tomar. Se elas descobrirem, ganham, o filme, infelizmente, perde. Mas, como diria Morpheus: "Saber o caminho não é o mesmo que percorrê-lo." (eu assisti matrix hoje pela primeira vez, por acaso. Gostei mais de A Colina Escarlate). Na minha opinião esse filme é fantástico, uma autêntica história de horror do século XIX feita em pleno XXI. O que é um verdadeiro feito. Não basta vestir os atores com roupas e sotaques antiquados para nos transportar dois séculos no passado. O objeto de horror tem que ser fiel à época também. No caso de A Colina: fantasmas. Não, fantasmas não, eles são apenas uma metáfora para o passado, para a tradição. Tradição ainda é muito importante, mas há pouco mais de cem anos ela era essencial para a cultura ocidental. Por isso a quebra da tradição é a característica mais latente nos antagonistas. Seja ela representada pelo descuido da casa que herdaram de seus pais, pelo
Além disso, os personagens são muito bem construídos, a edição molda as perfomances com proficiência, principalmente os olhares.Os simbolismos são bem óbvios, mas em filmes populares não pode ser diferente: a borboleta é Edith, frágil e bela, a traça é Lucille forte e fria; a luz e as roupas claras são a pureza e inocência de Edith, as sombras e as roupas escuras são a vileza dos irmãos Sharpe; o vermelho do barro no qual a casa afunda dramaticamente é o sangue das outras vítimas (duh) Enfim, a melhor adaptação do horror vitoriano pro cinema que eu já tive o prazer de assistir.
O Quarto de Jack
4.4 3,3K Assista AgoraOs "monólogos" de Jack são assustadoramente autênticos
Como faz pra escrever um troço poderoso desse?
Entrevista Com o Vampiro
4.1 2,2K Assista Agorainadvertidamente cômico
Ao Cair da Noite
3.1 977 Assista AgoraPor que sempre que sai um filme de terror bom nesses últimos anos aparece um monte de gente dizendo que não é terror?
Mutação
3.1 128 Assista AgoraNo início do filme se insinua um subtexto interessante: há um paralelo entre os "Judas" e os imigrantes nos Estados Unidos. Os chineses semi-escravos são explorados da mesma forma que os insetos foram, mas eles podem aprender com os exploradores para subjugá-los. Porém, o filme esquece totalmente disso no terceiro ato e se torna a história dos protagonistas lutando pela sobrevivência.
Nos primeiros dois atos a edição plano-a-plano é confusa, mas palatável. No terceiro ato ela desce numa espiral de desespero onde espaço e tempo se separam da lógica.
Barry Lyndon
4.2 400 Assista AgoraOs planos característicos desse filme, que vão do detalhe ao geral em um lânguido zoom out, não são meramente "pinturas vivas". Eles são a representação visual do tema que perpassa a história de Redmond Barry: o poder do meio sobre o indivíduo, a insignificância deste se comparado àquele. Redmond começa a narrativa como um garoto ingênuo e idealista, mas se torna torpe e cínico conforme as pessoas à sua volta lhe agridem e enganam.
(só eu não consigo parar de escutar Sarabande?)
Três Homens em Conflito
4.6 1,2K Assista AgoraNão gosto do nome "Trilogia dos Dólares"
"Trilogia das Moscas Que Pousam na Cara das Pessoas" seria melhor
"Trilogia do Ódio aos Chapéus" seria legal também
Spartacus
4.0 344 Assista AgoraO Dalton Trumbo devia estar maluco quando escreveu isso. O cara tava banido de Hollywood sob a acusação de ser comunista. Aí ele me escreve um roteiro sobre um líder (sindical) de escravos cujo puro sonho de liberdade é frustrado por causa do jogo de poder entre um nacionalista tirano (Craso) e um republicano corrupto (Graco). Neguinho engoliu fácil o discurso do início do filme sobre liberdade através de valores cristãos hahahahahha
Eu sinto que poderia ser uma experiência bem mais agradável se o editor tivesse substituido os incontáveis minutos de pessoas e tropas indo do ponto A ao ponto B por cenas que mostrassem Espártaco conquistando a confiança do seus "súditos" ou a sua relação com seus companheiros mais próximos. Sem falar nesse terrível hábito da cinematografia em cores dessa época de iluminar TUDO, deixando evidente o quão sintéticos eram os cenários de papelão e isopor.
O Ato de Matar
4.3 135As definições de "real demais" foram atualizadas.
Corpo Fechado
3.7 1,3K Assista AgoraAs composições de Shayamalan são impecáveis. Permitindo que ele use movimentos de câmera (ou o fluido abrir e fechar de cortinas ao vento) quando normalmente seriam utilizados cortes. Produzindo momentos extremamente íntimos em planos abertos e médios, o que é um feito bem raro. Planos, aliás, bem longos para o padrão de hollywood nos anos 90, mas que não chamam muito a atenção para si.
A reviravolta na resolução é muito bem construída. As várias pistas deixadas durante o filme são óbvias apenas em retrospectiva. Além disso, ela confere uma dimensão moral bem interessante ao filme: Toda a felicidade que David pode alcançar com sua família e todo o potencial positivo das suas ações como um "herói" serão manchados pelos crimes de Elijah, que foram essenciais para que ele se descobrisse como tal.
Um Tiro na Noite
3.9 236 Assista Agorablow out >>>blow up
O Mensageiro do Diabo
4.1 262 Assista AgoraÉ muito foda como as chamas do ódio que Powell acende em seu culto são as mesmas que o perseguem no final, e como o símbolo bíblico da maçã é subvertido. Charles Laughton tirou um sarro legal com os EUA e sues falsos profetas.
Faça a Coisa Certa
4.2 398O que é aquela sequência dos insultos racistas?
A câmera faz um travelling in agressivo pra caralho em cada personagem até que o Samuel L. Jackson (cujo personagem nesse filme ninguém me tira da cabeça que é deus) quebra o ciclo de ódio movimentado-se em direção à câmera por conta própria. Ou seja, fazendo esforço para sair do lugar comum, do sua zona de conforto, para defender o amor no lugar da ira.
Os Inocentes
4.1 396repressão sexual é o melhor tema para histórias de terror
Byzantium: Uma Vida Eterna
3.4 352Meu único problema com esse filme é no final:
A revelação, ou a mudança, da intenção de Darvell é conveniente demais e praticamente infundada, ao mesmo tempo que é, paradoxalmente, absolutamente previsível
Tirando isso, o filme é tematicamente sólido. Tudo gira em torno do poder que a sociedade machista exerce sobre as mulheres, amaldiçoando-nas (Ruthven desvirginando Clara e Eleanor à força) e depois negando a eternidade a elas por causa da maldição que lhes foi imposta (a irmandade,"the brotherhood", imputando os direitos de Clara como vampira e depois lhe perseguindo por salvar sua filha).
P.S: O corte da vampira sendo morta com uma estaca no programa de TV que Eleanor está assistindo para os saltos agulha de Clara é brilhante.
P.P.S.: O romance de um jovem moribundo e hemofílico com uma vampira puritana e misericordiosa é a coisa mais emo que eu ja vi, e é lindo.
Os Renegados
4.1 86 Assista AgoraÉ provavelmente um pecado pensar em filmes transcendentais tão tecnicamente, porém não pude deixar de notar como os travellings laterais, que dominam os planos abertos, vão sempre da direita para esquerda como se estivéssemos fazendo uma inevitável viagem de volta ao começo da narrativa, indo de encontro ao trágico fim da protagonista. Além disso, a direção desse movimento também pode causar incômodo, já que vai contra o sentido no qual lemos imagens (e texto, para nós ocidentais) um efeito muito bem vindo a um filme instigante como esse.
Ou nada disso faz sentido nenhum, já que, me parece, esse filme foi escrito mais com tesoura e cola do que com lentes, ou caneta e papel. O tempo na edição de Varda e Mazuy tem uma qualidade que eu não consigo exatamente especificar, é algo sobre a sua descontinuidade: as cenas e sequências seguem-se sem relacionarem-se por causa e efeito ou algo assim, sei lá
Três Anúncios Para um Crime
4.2 2,0K Assista AgoraBoa ruptura no gênero policial, abordando a investigação criminal com mais realismo e menos "CSI". Tem muito crime por aí que não é desvendado, ele não precisa ser perfeito, às vezes só é preciso "sorte". Já que o mistério por trás do assassinato de Angela Hayes não está no cerne da trama, ela é ocupada pela relação desses personagens muito humanos entre si e com a morte (ora a sua, ora a dos outros).
A porrada inacreditavelmente cirúrgica nos pilares podres da moral das forças armadas dos EUA foi a cereja do bolo, e que cerejona!
Pantera Negra
4.2 2,3K Assista Agoramelhor filme de pantera sem pantera desde a pantera cor-de-rosa
Top Gun: Ases Indomáveis
3.5 922 Assista AgoraPor que mesmo eu assisti esse anúncio de quase duas horas pra a aeronáutica dos EUA?
Os Bad Boys
3.2 283 Assista AgoraComédia: peidos. A única cena razoável dessa bagunça é a do capitão na quadra de basquete. A mise-en-scéne é boa, as atuações também (joe pantoliano ta excelente) e a edição nem é tão merda assim.
Ação: Nesses momentos o editor brilha com planos de meio segundo e cortes incoerentes. Me deu náuseas de verdade.
Era uma Vez no Oeste
4.4 730 Assista AgoraO Harmônica é tão foda que ele é introduzido duas vezes praticamente. E essa melodia que ele ta sempre tocando no seu instrumento é a representação perfeita da obsessão pela vingança que o consome e define. Que personagem, pqp
E o que é aquele corte quando o Frank vai matar o Timmy? A bala se torna o trem, como se o próprio progresso da linha férrea fosse o responsável pelo massacre daquela família. É um match cut tão incrível quanto o osso/nave do Kubrick, só que muito menos famoso, infelizmente.
O Babadook
3.5 2,0KGente,O Babadook não "foge do gênero". Todo monstro é uma metáfora em algum nível (se a história for boa). Ele parece diferente porque nesse caso a metáfora é bem clara e essencial ao significado da narrativa em sua totalidade, o que não é muito comum nos filmes de terror hoje em dia, mas é a norma em clássicos como o Frankenstein da Mary Shelly.
E esse filme têm jump scares sim, só que eles são bem construídos.
A Cor Púrpura
4.4 1,4K Assista AgoraVOCÊ GANHA UM FINAL FELIZ, VOCÊ GANHA UM FINAL FELIZ E VOCÊ GANHA UM FINAL FELIZ! TODO MUNDO GANHA UM FINAL FELIZ!!! (até você, Danny Glover)
Enter The Void: Viagem Alucinante
4.0 870A mente desse argentino é um lugar perigoso, pqp.
A cinematografia é insana, destaque pra operação de câmera que é inescrutável na maior parte do tempo. A integração entre Live action e VFX é inacreditável.
Adoraria ver esse filme no cinema, mas se não tiver essa chance, até nunca mais. Ou até outra vida, quem sabe?
A Colina Escarlate
3.3 1,3K Assista AgoraParece que as pessoas estão numa competição pra ver quem consegue descobrir o rumo que a trama vai tomar. Se elas descobrirem, ganham, o filme, infelizmente, perde. Mas, como diria Morpheus: "Saber o caminho não é o mesmo que percorrê-lo." (eu assisti matrix hoje pela primeira vez, por acaso. Gostei mais de A Colina Escarlate).
Na minha opinião esse filme é fantástico, uma autêntica história de horror do século XIX feita em pleno XXI. O que é um verdadeiro feito. Não basta vestir os atores com roupas e sotaques antiquados para nos transportar dois séculos no passado. O objeto de horror tem que ser fiel à época também. No caso de A Colina: fantasmas. Não, fantasmas não, eles são apenas uma metáfora para o passado, para a tradição. Tradição ainda é muito importante, mas há pouco mais de cem anos ela era essencial para a cultura ocidental. Por isso a quebra da tradição é a característica mais latente nos antagonistas. Seja ela representada pelo descuido da casa que herdaram de seus pais, pelo
matricídio ou pelo incesto.
Além disso, os personagens são muito bem construídos, a edição molda as perfomances com proficiência, principalmente os olhares.Os simbolismos são bem óbvios, mas em filmes populares não pode ser diferente: a borboleta é Edith, frágil e bela, a traça é Lucille forte e fria; a luz e as roupas claras são a pureza e inocência de Edith, as sombras e as roupas escuras são a vileza dos irmãos Sharpe; o vermelho do barro no qual a casa afunda dramaticamente é o sangue das outras vítimas (duh)
Enfim, a melhor adaptação do horror vitoriano pro cinema que eu já tive o prazer de assistir.