A franquia protagonizada pelos mutantes já havia rendido uma trilogia - encerrada com o controverso X-Men - O Confronto Final (2006) - e um Spin-off - X-Men Origens: Wolverine (2009) - e nenhum destes escapou da maior polêmica que geralmente acomete as adaptações: a questão da fidelidade aos originais. Isto fez com que cada um deles dividisse a opinião de cinéfilos e de fãs da HQ, da qual eles foram adaptados. Em X-Men: Primeira Classe a situação tenderia a se agravar, uma vez que sua trama entra em conflito não só com a história original, mas também com passagens presentes nos filmes rodados anteriormente e não dá para considerá-lo um reboot, o que o tornaria independente dos demais, por causa das inúmeras referências que ele faz aos outros longas, que vão de cenas revisitadas a pequenas pontas de atores. Este aspecto da fidelidade pode ser sem dúvidas um grande desmotivador para os fãs mais radicais (estes existem aos montes), porém para aqueles, que como eu, decidirem analisar o filme como uma obra individual, isto fará pouca ou nenhuma diferença...
O olhar de Wenders sobre a obra de Pina denota o enorme respeito dele em relação à ela, esta postura o impede de minimizar a complexidade de suas peças e até mesmo de arriscar interpretações reducionistas sobre cada uma delas e é justamente isso que torna o documentário tão especial e diferenciado dos demais. Quem está acostumado com o formato padrão do gênero (informações históricas + imagens marcantes/raras) certamente irá estranhá-lo, uma vez que ele foge completamente do estilo "jornalístico" (nele felizmente não somos expostos a informações do tipo que poderiam ser encontradas na wikipedia), podendo ser melhor definido como: uma conversão da experiência da apreciação artística em uma nova obra de arte, tão impactante e bela quanto a original...
Tecnicamente Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras é quase impecável, a reconstrução, feita de forma digital, das cidades onde a trama se desenvolve é surpreendente, o figurino e a direção de arte também chamam a atenção durante todo o filme, estes aspectos ajudam a compor o belo visual que o longa tem. Os efeitos especiais também são ótimos, as cenas de explosões são bem feitas, o que as torna surpreendentemente impactantes e convincentes. Todavia, ao ser associada a um roteiro tão capenga todo este esmero técnico se torna um glamour medíocre...
Sinto um prazer enorme quando me deparo com um filme nacional capaz de reascender em mim a esperança de que nosso cinema possa um dia se libertar por completo de suas fórmulas manjadas e da influência negativa da linguagem televisiva. O Palhaço (2011), segundo filme dirigido por Selton Mello, é quase uma preciosidade neste sentido, ele não escapa de reproduzir alguns dos estereótipos já saturados, contudo ele cumpre de forma excelente a sua proposta. Felizmente não vemos nele o pseudorrealismo característico de produções que travestem suas tramas de crítica social e tão pouco somos agredidos pela enxurrada de palavrões de fitas que exploram uma veia cômica pressupostamente mais popularesca. É este aspecto que o torna diferenciado de boa parte dos filmes nacionais que atingem o grande circuíto e as principais salas de cinema. [...]
Aliens, o Resgate não é um filme ruim, longe disso, porém os seus atrativos são bem diferentes daqueles oferecidos pelo primeiro. Se no longa dirigido por Ridley Scott, o suspense com ares hitchcokianos era um dos aspectos que mais se destacava, ao lado da direção de arte, neste ele cede lugar a um modo bem mais simplório de explorar as nossas emoções. Quando escrevi o artigo Hitchcock à Luz da Teoria da Persuasão, iniciei o texto com uma citação do mestre do suspense que define bem o seu "estilo", ele diz que: "Se explodirmos repentinamente uma bomba numa sala com duas pessoas, a emoção durará dez segundos. Mas anuncie que a bomba irá explodir e o suspense durará até o fim"; tal forma de incitar a tenção é semelhante a aquela que Ridley explora em seu filme, Cameron no entanto segue um outro caminho, ele prefere explodir uma bomba atrás da outra, o que no fim das contas aproxima seu filme muito mais do gênero ação do que do suspense...
Tire de um homem a ilusão de segurança que seu dinheiro e seu poder podem lhe oferecer e toda sua vida se transformará da noite para o dia; esta é a premissa que sustenta o roteiro de Vidas em Jogo (1997), filme que está cronologicamente situado entre duas das obra primas que ajudaram a consolidar o estilo e a marca autoral do cineasta David Fincher, a saber Se7en (1995) e Clube da Luta (1999). Falar sobre este filme não é uma tarefa fácil, uma vez que a menor revelação sobre seu roteiro pode estragar por completo e efeito dele sobre nós expectadores [...]
A convergência entre teatro e cinema, que o roteiro proporciona, não chega a ser um problema, como já o foi em diversas outras produções que tentaram seguir a mesma linha. O encontro entre as linguagens funciona bem na maior parte do filme, e mais que isso, ele serve ao propósito principal do longa...
Alien realizou o elogiável feito de transpor os limites dos gêneros sob os quais sua trama está firmada, o terror e a sci-fi., se tornando assim um venerado clássico cult, que rendeu três continuações e mais alguns spin-offs caça niqueis. Todo o alarde em torno dele não é de todo injustificável, uma vez que ele vale a pena ser visto não só pelo fato de ter envelhecido bem, mas também pela sua inegável qualidade técnica e estética, pelos nomes envolvidos e pela excelente condução de seu suspense.
[...] Tal como no modelo do Teatro Épico, proposto por Bertolt Brecht, nas obras de Godard o ser humano é apresentado como obejeto de investigação, passível de constantes transformações, e não como algo previamente conhecido e imutável, é justamente nesta característica que se encontra um dos principais vieses da reconhecida politização do cineasta. De acordo com tal visão, se o homem é um ser “inacabado”, ele pode ser instigado à permanente transformação, sendo que esta viria através da reflexão consciente, que é geralmente proposta pelo diretor/autor em seus roteiros. Este aspecto pode ser facilmente percebido na história e na montagem do excelente Viver a Vida (1962), uma de suas obras mais cultuadas. [...]
Fincher parece fascinado com histórias vindas do “underground”, de um circuíto que está além da vida convencional cotidiana, tal aspecto pode ser observado em Se7en (1995), em Clube da Luta (1999), na alienação social do personagem principal de A Rede Social (2010) e no mergulho do personagem central de Zodíaco (2006) no caso que ele investiga; todos estes personagens adentram em mundo de imundícia e degradação moral, que serve, ora como metáfora daquilo que geralmente tentamos esconder em nossa própria realidade, ora como encenação verossimilhante da realidade tal como ela é... Millennium - Os Homens que não Amavam as Mulheres segue este mesmo caminho, sua trama também nos conduz à uma incursão em submundo de perversão, ressentimentos e preconceitos...
O roteiro do filme é muito bem escrito, apesar de em alguns momentos lembrar o de Forrest Gump (1994) e o de O Curioso Caso de Benjamin Button (2008), também escritos por Eric Roth. Toda a trama é muito bem amarrada e cheia de sutilezas que são capazes de nos impactar de forma totalmente inexplicável. A edição não linear e narrações em off, são artifícios que se não usados da forma certa podem colocar tudo a perder, mas aqui eles funcionam da melhor maneira possível. A trilha sonora original assinada pelo premiado compositor francês Alexandre Desplat é ótima, ela ajuda a criar uma atmosfera melancólica, mas sem se tornar com isso opressiva ou massante. Tão Forte e Tão Perto é um filme belo, poético e sensível, para o qual infelizmente muitos torcerão seus narizes, eu contudo o vejo como uma obra prima, à altura da filmografia de Daldry.
Sete Dias com Marilyn, apesar de não desempenhar da melhor forma sua proposta de recriar fatos e eventos que realmente aconteceram, funciona muito bem como uma filme sobre relacionamentos e busca de identidade, sem grandes pretensões. Ele ainda tem uma bela fotografia, lindas locações e algumas passagens emocionantes, isso sem contar a trilha sonora que é tão cativante quanto a história recriada. Sem dúvidas o elenco está muito bem, o que é mais um peso a favor do filme... Sete Dias com Marilyn pode não ser uma obra prima, ou um filme indispensável, mais ainda assim vale a pena ser conferido...
[...] Este é o tipo de filme capaz de nos dar prazer real diante da tela, não um prazer induzido por técnicas já manjadas, mas um prazer de estar diante de uma verdadeira obra prima, capaz de nos desafiar a um confronto que se desenvolve a cada sequência. O Espião que Sabia Demais é cinema de qualidade e sem qualquer tipo de frescuragens, ele mais uma obra que entra com louvor em meu top 10 de 2011. Coloquemos os nossos cérebros para funcionar e apreciemos!
Desconsidere as pretensões biográficas de Sete Dias com Marilyn (2011) e ele se tornará uma excelente pedida para um final de semana sem coisas melhores para fazer! De fato o filme não é ruim, mas confesso que comecei a assisti-lo cheio de dúvidas em relação à atuação de Michelle Williams, que tem sido ovacionada por boa parte da crítica especializada. Pois acreditem, ela me convenceu. Não acho que as indicações dela ao Oscar e a outros prêmios tenham sido merecidas, uma vez que outras atrizes que tiveram um desempenho fantástico, bem superior ao dela, ficaram de fora, contudo não tenho como negar que ela está muito bem. O legal é que tanto ela quanto o filme vão nos conquistando aos poucos, à princípio eu olhava pra ela e enxergava apenas a aparência, não sei explicar bem, mas ela não me convencia de que era a Marilyn que todos conhecemos. Mas à medida que a trama vai se desenvolvendo isso passa a não ter tanta importância, o que passa a contar é a forma com que a Michelle vive aquela personagem e não se sua atuação consistem em uma recriação perfeita daquela que foi um dos maiores ícones da história do cinema. [...]
[...] A alienação social do personagem e o clima melancólico e opressivo de Drive nos remete a Taxi Driver (1976), obra prima de Martin Scorsese, a semelhança entre os dois longas, perceptível até no nome, não para por ai, algumas tomadas e enquadramentos são bem parecidos e a similaridade está presente também no desenvolvimento do personagem central que, tal como o taxista Travis Bickle, parece não ser guiado por uma moral social constituída, mas sim por uma espécie de código ética pessoal, código este que nos dois casos parece ter sido deturpado pelas suas respectivas vivências e pela reclusão que se auto impuseram. Ambos são marginais, no sentido de viverem à margem da sociedade. Ambos não conseguem se enquadrar ao meio em que vivem e suas atitudes são em diversos pontos condenáveis. Ambos num rompante de reação, conduzidos por uma espécie de justiça própria, decidem intervir no meio para destruir o que condenam e proteger o que valorizam, tal reação apenas reforça a ideia de que são determinados não por aquilo que são, mas por aquilo que fazem. [...]
Margin Call é perfeito ao mostrar o choque entre as posturas de diferentes gerações, e seus respectivos conflitos éticos. O temor iminente trás á tona o atrito entre as formas distintas de pensamento e de atuação das gerações “X” e “Y”. Alguns dos personagens mais velhos, membros da geração anterior, têm uma noção precisa do que a ganância já lhes custou, mas ainda assim continuam a alimentando como se isso fosse um vício, outros perderam a alma no jogo pelo dinheiro fácil e são incapazes de esboçar qualquer tipo de sentimento humano, que não o medo ou a ansiedade. Os mais jovens, imediatistas e ávidos por uma ascensão meteórica, parecem em alguns momentos desconsiderarem a gravidade do contexto ás suas voltas...
[...] A Dama de Ferro retrata através de seu roteiro não linear a trajetória de Thatcher desde a sua juventude, quando ela trabalhava ajudando o pai em uma mercearia, até os dias atuais, passando é claro pelo auge de sua carreira política, no período que ela ocupou o cargo máximo do poder executivo inglês. A relação de Margaret com sua família, principalmente com o marido, Denis Thatcher (vivido por Jim Broadbent na maturidade e velhice e por Harry Lloyd na juventude), ganha relativo destaque na trama. Ironicamente, ela que esteve distanciada da vida familiar por causa da política, se torna cada vez mais dependente da família na velhice por causa do agravamento de seu quadro de Alzheimer. Margaret não consegue superar a morte do companheiro que sempre esteve ao seu lado (mesmo quando ela o ignorava) e isto ajuda a piorar seu estado psicológico, levando-a a devaneios e alucinações. [...]
Achei que estivesse me tornando insensível por não ter sido tocado pela trama minimalista de Cavalo de Guerra (2011) de Spielberg, mas Tão Forte e Tão Perto (2011) de Stephen Daldry me provou que não. Enquanto o primeiro filme abusa da manipulação técnica para fazer chorar, o segundo emociona é pela sensibilidade e humanismo pungente de sua trama. O roteiro, escrito por Eric Roth, baseado no livro de Jonathan Safran Foer, explora cada um dos personagens de forma não maniqueísta, tornando-os detentores de um realismo que aumenta ainda mais o impacto da trama. Outros filmes já foram feitos sobre o atentado de 11 de setembro, mas a maioria deles, ao contrário deste, focava a tragédia e não as suas consequências. Tão Forte e Tão Perto se despe de qualquer viés político na abordagem do tema e desenvolve a sua trama em uma ambiente quase intimista, conduzido pelo olhar de uma criança machucada e traumatizada pelo atentado.
Cavalo de Guerra (2011) é o filme mais fajuto de Spielberg desde..., bem desde Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008), seu último trabalho como diretor. Certamente eu teria o considerado uma obra prima se tivesse o visto quando eu ainda era uma criança, contudo presumo que hoje meu senso crítico esteja ao menos um pouquinho mais aguçado, o que torna quase impossível a digestão de algo tão medíocre em quase todos os aspectos. Tenho um sério problema com obras que têm animas como protagonistas e sem dúvidas este foi um dos fatores que afetaram negativamente minha apreciação desta película, contudo dos desacertos do filme este é o menor. Cavalo de Guerra só não é um verdadeiro desastre, pois John Williams e Janusz Kaminski estavam lá para salvá-lo, mas toda a beleza conferida pela trilha sonora e pela fotografia parece ter sido desperdiçada ao ser associada a um roteiro tão fraco e tão apelativo. [...]
Os Descendentes (2011) não é melhor filme de Alexander Payne e também não traz a melhor atuação da carreira de George Clooney… Mas não, eu não o considero superestimado, cada um dos elogios que ele recebeu e prêmios aos quais ele foi indicado, foram realmente merecidos. Pode parecer que eu estou me contradizendo, mas não, este é o tipo de filme no qual o atrativo transcende qualquer uma de nossas noções de técnica, narrativa, ou de atuações. O impacto causado pelo longa não pode ser explicado tão facilmente, não é algo que pode ser mensurado e não tem nenhuma categoria em festivais ou premiações que valorize tal tipo de efeito. A reação que ele nos provoca é subjetiva e se dá de uma forma sutil, sem qualquer tipo de apelação, é um impacto causado pelo realismo desmascarado, sem fantasias ou adornos... O foco da narrativa de Os Descendentes é uma família nuclear não tão bem estruturada, como em tantos outros filmes que abordam tal temática, neste as relações conjugais e entre pais e filhos apontam para uma crise maior, que não é algo ficcional, é uma crise generalizada que afeta ameaça a família como instituição.
A direção de Lynne Ramsay é surpreendente, por não permitir que o filme se tornasse apenas mais uma adaptação ancorada no sucesso da obra que lhe originou. Ramsay ao que tudo indica respeitou a história original, porém ciente de que adaptações na trama seriam necessárias para que o filme não pendesse para lugares comuns, como a exploração da comoção do expectador ou apontamento de respostas fáceis para os questionamentos propostos. O roteiro assinado por ela, em colaboração com Rory Kinnear, consegue dar ao filme uma vida própria, tornando-o grandioso, sem que ele para isso dependa do livro que o originou, o resultado final não denota nenhum problema relacionado à transição de linguagem, como frequentemente acontece. Precisamos Falar Sobre o Kevin é arte, é cinema, é o tipo de adaptação que nos faz ficar curiosos e ao mesmo tempo receosos em relação à obra original, afinal, será que ela alcança tamanho nível qualidade? Acho que não precisamos falar mais nada sobre nada… Simplesmente o assista!
Precisamos Falar Sobre o Kevin (2011), dirigido por Lynne Ramsay, adaptado da obra homônima de Lionel Shriver, é o tipo de filme cuja trama nos induz a uma infinidade de questões filosóficas e sociológicas. No entanto, ele apenas levanta tais questionamentos sem apontar nenhuma resposta e é aí que está parte de sua genialidade. A obra foge de qualquer lugar comum ao abordar temas como a educação infantil, a origem da maldade no indivíduo e o limiar da loucura.
Sobre Café e Cigarros vale mais pela ruptura estética que representa, do que pelo entretenimento que proporciona. Só é indicado para quem curte “filmes de arte”, cineastas cults e experimentações cinematográficas, ou para quem se interessar em ver algumas das personalidades do elenco em momento de “descontração” no intervalo entre suas outras obras maiores. E se você se dispor a ver, é melhor se despojar do senso de politicamente correto. Fazendo jus ao título, o que mais tem na trama são café e cigarros.
X-Men: Primeira Classe
3.9 3,4K Assista AgoraA franquia protagonizada pelos mutantes já havia rendido uma trilogia - encerrada com o controverso X-Men - O Confronto Final (2006) - e um Spin-off - X-Men Origens: Wolverine (2009) - e nenhum destes escapou da maior polêmica que geralmente acomete as adaptações: a questão da fidelidade aos originais. Isto fez com que cada um deles dividisse a opinião de cinéfilos e de fãs da HQ, da qual eles foram adaptados. Em X-Men: Primeira Classe a situação tenderia a se agravar, uma vez que sua trama entra em conflito não só com a história original, mas também com passagens presentes nos filmes rodados anteriormente e não dá para considerá-lo um reboot, o que o tornaria independente dos demais, por causa das inúmeras referências que ele faz aos outros longas, que vão de cenas revisitadas a pequenas pontas de atores. Este aspecto da fidelidade pode ser sem dúvidas um grande desmotivador para os fãs mais radicais (estes existem aos montes), porém para aqueles, que como eu, decidirem analisar o filme como uma obra individual, isto fará pouca ou nenhuma diferença...
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Pina
4.4 408O olhar de Wenders sobre a obra de Pina denota o enorme respeito dele em relação à ela, esta postura o impede de minimizar a complexidade de suas peças e até mesmo de arriscar interpretações reducionistas sobre cada uma delas e é justamente isso que torna o documentário tão especial e diferenciado dos demais. Quem está acostumado com o formato padrão do gênero (informações históricas + imagens marcantes/raras) certamente irá estranhá-lo, uma vez que ele foge completamente do estilo "jornalístico" (nele felizmente não somos expostos a informações do tipo que poderiam ser encontradas na wikipedia), podendo ser melhor definido como: uma conversão da experiência da apreciação artística em uma nova obra de arte, tão impactante e bela quanto a original...
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Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras
3.8 2,2K Assista AgoraTecnicamente Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras é quase impecável, a reconstrução, feita de forma digital, das cidades onde a trama se desenvolve é surpreendente, o figurino e a direção de arte também chamam a atenção durante todo o filme, estes aspectos ajudam a compor o belo visual que o longa tem. Os efeitos especiais também são ótimos, as cenas de explosões são bem feitas, o que as torna surpreendentemente impactantes e convincentes. Todavia, ao ser associada a um roteiro tão capenga todo este esmero técnico se torna um glamour medíocre...
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O Palhaço
3.6 2,2K Assista AgoraSinto um prazer enorme quando me deparo com um filme nacional capaz de reascender em mim a esperança de que nosso cinema possa um dia se libertar por completo de suas fórmulas manjadas e da influência negativa da linguagem televisiva. O Palhaço (2011), segundo filme dirigido por Selton Mello, é quase uma preciosidade neste sentido, ele não escapa de reproduzir alguns dos estereótipos já saturados, contudo ele cumpre de forma excelente a sua proposta. Felizmente não vemos nele o pseudorrealismo característico de produções que travestem suas tramas de crítica social e tão pouco somos agredidos pela enxurrada de palavrões de fitas que exploram uma veia cômica pressupostamente mais popularesca. É este aspecto que o torna diferenciado de boa parte dos filmes nacionais que atingem o grande circuíto e as principais salas de cinema.
[...]
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Aliens: O Resgate
4.0 810 Assista AgoraAliens, o Resgate não é um filme ruim, longe disso, porém os seus atrativos são bem diferentes daqueles oferecidos pelo primeiro. Se no longa dirigido por Ridley Scott, o suspense com ares hitchcokianos era um dos aspectos que mais se destacava, ao lado da direção de arte, neste ele cede lugar a um modo bem mais simplório de explorar as nossas emoções. Quando escrevi o artigo Hitchcock à Luz da Teoria da Persuasão, iniciei o texto com uma citação do mestre do suspense que define bem o seu "estilo", ele diz que: "Se explodirmos repentinamente uma bomba numa sala com duas pessoas, a emoção durará dez segundos. Mas anuncie que a bomba irá explodir e o suspense durará até o fim"; tal forma de incitar a tenção é semelhante a aquela que Ridley explora em seu filme, Cameron no entanto segue um outro caminho, ele prefere explodir uma bomba atrás da outra, o que no fim das contas aproxima seu filme muito mais do gênero ação do que do suspense...
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Vidas em Jogo
3.8 726 Assista AgoraTire de um homem a ilusão de segurança que seu dinheiro e seu poder podem lhe oferecer e toda sua vida se transformará da noite para o dia; esta é a premissa que sustenta o roteiro de Vidas em Jogo (1997), filme que está cronologicamente situado entre duas das obra primas que ajudaram a consolidar o estilo e a marca autoral do cineasta David Fincher, a saber Se7en (1995) e Clube da Luta (1999). Falar sobre este filme não é uma tarefa fácil, uma vez que a menor revelação sobre seu roteiro pode estragar por completo e efeito dele sobre nós expectadores [...]
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Deus da Carnificina
3.8 1,4KA convergência entre teatro e cinema, que o roteiro proporciona, não chega a ser um problema, como já o foi em diversas outras produções que tentaram seguir a mesma linha. O encontro entre as linguagens funciona bem na maior parte do filme, e mais que isso, ele serve ao propósito principal do longa...
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Alien: O Oitavo Passageiro
4.1 1,3K Assista AgoraAlien realizou o elogiável feito de transpor os limites dos gêneros sob os quais sua trama está firmada, o terror e a sci-fi., se tornando assim um venerado clássico cult, que rendeu três continuações e mais alguns spin-offs caça niqueis. Todo o alarde em torno dele não é de todo injustificável, uma vez que ele vale a pena ser visto não só pelo fato de ter envelhecido bem, mas também pela sua inegável qualidade técnica e estética, pelos nomes envolvidos e pela excelente condução de seu suspense.
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Viver a Vida
4.2 391[...]
Tal como no modelo do Teatro Épico, proposto por Bertolt Brecht, nas obras de Godard o ser humano é apresentado como obejeto de investigação, passível de constantes transformações, e não como algo previamente conhecido e imutável, é justamente nesta característica que se encontra um dos principais vieses da reconhecida politização do cineasta. De acordo com tal visão, se o homem é um ser “inacabado”, ele pode ser instigado à permanente transformação, sendo que esta viria através da reflexão consciente, que é geralmente proposta pelo diretor/autor em seus roteiros. Este aspecto pode ser facilmente percebido na história e na montagem do excelente Viver a Vida (1962), uma de suas obras mais cultuadas.
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Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres
4.2 3,1K Assista AgoraFincher parece fascinado com histórias vindas do “underground”, de um circuíto que está além da vida convencional cotidiana, tal aspecto pode ser observado em Se7en (1995), em Clube da Luta (1999), na alienação social do personagem principal de A Rede Social (2010) e no mergulho do personagem central de Zodíaco (2006) no caso que ele investiga; todos estes personagens adentram em mundo de imundícia e degradação moral, que serve, ora como metáfora daquilo que geralmente tentamos esconder em nossa própria realidade, ora como encenação verossimilhante da realidade tal como ela é... Millennium - Os Homens que não Amavam as Mulheres segue este mesmo caminho, sua trama também nos conduz à uma incursão em submundo de perversão, ressentimentos e preconceitos...
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Tão Forte e Tão Perto
4.0 2,0K Assista AgoraO roteiro do filme é muito bem escrito, apesar de em alguns momentos lembrar o de Forrest Gump (1994) e o de O Curioso Caso de Benjamin Button (2008), também escritos por Eric Roth. Toda a trama é muito bem amarrada e cheia de sutilezas que são capazes de nos impactar de forma totalmente inexplicável. A edição não linear e narrações em off, são artifícios que se não usados da forma certa podem colocar tudo a perder, mas aqui eles funcionam da melhor maneira possível. A trilha sonora original assinada pelo premiado compositor francês Alexandre Desplat é ótima, ela ajuda a criar uma atmosfera melancólica, mas sem se tornar com isso opressiva ou massante. Tão Forte e Tão Perto é um filme belo, poético e sensível, para o qual infelizmente muitos torcerão seus narizes, eu contudo o vejo como uma obra prima, à altura da filmografia de Daldry.
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Sete Dias com Marilyn
3.7 1,7K Assista AgoraSete Dias com Marilyn, apesar de não desempenhar da melhor forma sua proposta de recriar fatos e eventos que realmente aconteceram, funciona muito bem como uma filme sobre relacionamentos e busca de identidade, sem grandes pretensões. Ele ainda tem uma bela fotografia, lindas locações e algumas passagens emocionantes, isso sem contar a trilha sonora que é tão cativante quanto a história recriada. Sem dúvidas o elenco está muito bem, o que é mais um peso a favor do filme... Sete Dias com Marilyn pode não ser uma obra prima, ou um filme indispensável, mais ainda assim vale a pena ser conferido...
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O Espião que Sabia Demais
3.4 744 Assista Agora[...]
Este é o tipo de filme capaz de nos dar prazer real diante da tela, não um prazer induzido por técnicas já manjadas, mas um prazer de estar diante de uma verdadeira obra prima, capaz de nos desafiar a um confronto que se desenvolve a cada sequência. O Espião que Sabia Demais é cinema de qualidade e sem qualquer tipo de frescuragens, ele mais uma obra que entra com louvor em meu top 10 de 2011. Coloquemos os nossos cérebros para funcionar e apreciemos!
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Sete Dias com Marilyn
3.7 1,7K Assista AgoraDesconsidere as pretensões biográficas de Sete Dias com Marilyn (2011) e ele se tornará uma excelente pedida para um final de semana sem coisas melhores para fazer! De fato o filme não é ruim, mas confesso que comecei a assisti-lo cheio de dúvidas em relação à atuação de Michelle Williams, que tem sido ovacionada por boa parte da crítica especializada. Pois acreditem, ela me convenceu. Não acho que as indicações dela ao Oscar e a outros prêmios tenham sido merecidas, uma vez que outras atrizes que tiveram um desempenho fantástico, bem superior ao dela, ficaram de fora, contudo não tenho como negar que ela está muito bem. O legal é que tanto ela quanto o filme vão nos conquistando aos poucos, à princípio eu olhava pra ela e enxergava apenas a aparência, não sei explicar bem, mas ela não me convencia de que era a Marilyn que todos conhecemos. Mas à medida que a trama vai se desenvolvendo isso passa a não ter tanta importância, o que passa a contar é a forma com que a Michelle vive aquela personagem e não se sua atuação consistem em uma recriação perfeita daquela que foi um dos maiores ícones da história do cinema.
[...]
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Drive
3.9 3,5K Assista Agora[...]
A alienação social do personagem e o clima melancólico e opressivo de Drive nos remete a Taxi Driver (1976), obra prima de Martin Scorsese, a semelhança entre os dois longas, perceptível até no nome, não para por ai, algumas tomadas e enquadramentos são bem parecidos e a similaridade está presente também no desenvolvimento do personagem central que, tal como o taxista Travis Bickle, parece não ser guiado por uma moral social constituída, mas sim por uma espécie de código ética pessoal, código este que nos dois casos parece ter sido deturpado pelas suas respectivas vivências e pela reclusão que se auto impuseram. Ambos são marginais, no sentido de viverem à margem da sociedade. Ambos não conseguem se enquadrar ao meio em que vivem e suas atitudes são em diversos pontos condenáveis. Ambos num rompante de reação, conduzidos por uma espécie de justiça própria, decidem intervir no meio para destruir o que condenam e proteger o que valorizam, tal reação apenas reforça a ideia de que são determinados não por aquilo que são, mas por aquilo que fazem.
[...]
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Margin Call: O Dia Antes do Fim
3.4 223 Assista AgoraMargin Call é perfeito ao mostrar o choque entre as posturas de diferentes gerações, e seus respectivos conflitos éticos. O temor iminente trás á tona o atrito entre as formas distintas de pensamento e de atuação das gerações “X” e “Y”. Alguns dos personagens mais velhos, membros da geração anterior, têm uma noção precisa do que a ganância já lhes custou, mas ainda assim continuam a alimentando como se isso fosse um vício, outros perderam a alma no jogo pelo dinheiro fácil e são incapazes de esboçar qualquer tipo de sentimento humano, que não o medo ou a ansiedade. Os mais jovens, imediatistas e ávidos por uma ascensão meteórica, parecem em alguns momentos desconsiderarem a gravidade do contexto ás suas voltas...
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A Dama de Ferro
3.6 1,7K[...]
A Dama de Ferro retrata através de seu roteiro não linear a trajetória de Thatcher desde a sua juventude, quando ela trabalhava ajudando o pai em uma mercearia, até os dias atuais, passando é claro pelo auge de sua carreira política, no período que ela ocupou o cargo máximo do poder executivo inglês. A relação de Margaret com sua família, principalmente com o marido, Denis Thatcher (vivido por Jim Broadbent na maturidade e velhice e por Harry Lloyd na juventude), ganha relativo destaque na trama. Ironicamente, ela que esteve distanciada da vida familiar por causa da política, se torna cada vez mais dependente da família na velhice por causa do agravamento de seu quadro de Alzheimer. Margaret não consegue superar a morte do companheiro que sempre esteve ao seu lado (mesmo quando ela o ignorava) e isto ajuda a piorar seu estado psicológico, levando-a a devaneios e alucinações.
[...]
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Tão Forte e Tão Perto
4.0 2,0K Assista AgoraAchei que estivesse me tornando insensível por não ter sido tocado pela trama minimalista de Cavalo de Guerra (2011) de Spielberg, mas Tão Forte e Tão Perto (2011) de Stephen Daldry me provou que não. Enquanto o primeiro filme abusa da manipulação técnica para fazer chorar, o segundo emociona é pela sensibilidade e humanismo pungente de sua trama. O roteiro, escrito por Eric Roth, baseado no livro de Jonathan Safran Foer, explora cada um dos personagens de forma não maniqueísta, tornando-os detentores de um realismo que aumenta ainda mais o impacto da trama. Outros filmes já foram feitos sobre o atentado de 11 de setembro, mas a maioria deles, ao contrário deste, focava a tragédia e não as suas consequências. Tão Forte e Tão Perto se despe de qualquer viés político na abordagem do tema e desenvolve a sua trama em uma ambiente quase intimista, conduzido pelo olhar de uma criança machucada e traumatizada pelo atentado.
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Cavalo de Guerra
4.0 1,9KCavalo de Guerra (2011) é o filme mais fajuto de Spielberg desde..., bem desde Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal (2008), seu último trabalho como diretor. Certamente eu teria o considerado uma obra prima se tivesse o visto quando eu ainda era uma criança, contudo presumo que hoje meu senso crítico esteja ao menos um pouquinho mais aguçado, o que torna quase impossível a digestão de algo tão medíocre em quase todos os aspectos. Tenho um sério problema com obras que têm animas como protagonistas e sem dúvidas este foi um dos fatores que afetaram negativamente minha apreciação desta película, contudo dos desacertos do filme este é o menor. Cavalo de Guerra só não é um verdadeiro desastre, pois John Williams e Janusz Kaminski estavam lá para salvá-lo, mas toda a beleza conferida pela trilha sonora e pela fotografia parece ter sido desperdiçada ao ser associada a um roteiro tão fraco e tão apelativo.
[...]
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Os Descendentes
3.5 1,3K Assista AgoraOs Descendentes (2011) não é melhor filme de Alexander Payne e também não traz a melhor atuação da carreira de George Clooney… Mas não, eu não o considero superestimado, cada um dos elogios que ele recebeu e prêmios aos quais ele foi indicado, foram realmente merecidos. Pode parecer que eu estou me contradizendo, mas não, este é o tipo de filme no qual o atrativo transcende qualquer uma de nossas noções de técnica, narrativa, ou de atuações. O impacto causado pelo longa não pode ser explicado tão facilmente, não é algo que pode ser mensurado e não tem nenhuma categoria em festivais ou premiações que valorize tal tipo de efeito. A reação que ele nos provoca é subjetiva e se dá de uma forma sutil, sem qualquer tipo de apelação, é um impacto causado pelo realismo desmascarado, sem fantasias ou adornos... O foco da narrativa de Os Descendentes é uma família nuclear não tão bem estruturada, como em tantos outros filmes que abordam tal temática, neste as relações conjugais e entre pais e filhos apontam para uma crise maior, que não é algo ficcional, é uma crise generalizada que afeta ameaça a família como instituição.
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Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraA direção de Lynne Ramsay é surpreendente, por não permitir que o filme se tornasse apenas mais uma adaptação ancorada no sucesso da obra que lhe originou. Ramsay ao que tudo indica respeitou a história original, porém ciente de que adaptações na trama seriam necessárias para que o filme não pendesse para lugares comuns, como a exploração da comoção do expectador ou apontamento de respostas fáceis para os questionamentos propostos. O roteiro assinado por ela, em colaboração com Rory Kinnear, consegue dar ao filme uma vida própria, tornando-o grandioso, sem que ele para isso dependa do livro que o originou, o resultado final não denota nenhum problema relacionado à transição de linguagem, como frequentemente acontece. Precisamos Falar Sobre o Kevin é arte, é cinema, é o tipo de adaptação que nos faz ficar curiosos e ao mesmo tempo receosos em relação à obra original, afinal, será que ela alcança tamanho nível qualidade? Acho que não precisamos falar mais nada sobre nada… Simplesmente o assista!
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Tão Forte e Tão Perto
4.0 2,0K Assista AgoraLegendas por favor!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Precisamos Falar Sobre o Kevin
4.1 4,2K Assista AgoraPrecisamos Falar Sobre o Kevin (2011), dirigido por Lynne Ramsay, adaptado da obra homônima de Lionel Shriver, é o tipo de filme cuja trama nos induz a uma infinidade de questões filosóficas e sociológicas. No entanto, ele apenas levanta tais questionamentos sem apontar nenhuma resposta e é aí que está parte de sua genialidade. A obra foge de qualquer lugar comum ao abordar temas como a educação infantil, a origem da maldade no indivíduo e o limiar da loucura.
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Sobre Café e Cigarros
3.7 278 Assista AgoraSobre Café e Cigarros vale mais pela ruptura estética que representa, do que pelo entretenimento que proporciona. Só é indicado para quem curte “filmes de arte”, cineastas cults e experimentações cinematográficas, ou para quem se interessar em ver algumas das personalidades do elenco em momento de “descontração” no intervalo entre suas outras obras maiores. E se você se dispor a ver, é melhor se despojar do senso de politicamente correto. Fazendo jus ao título, o que mais tem na trama são café e cigarros.
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