Josenias Nunes

Depois de ter terminado os episódios da franquia 007 estrelados por Daniel Craig, senti que era hora de visitar a produção que introduziu James Bond ao mundo cinematográfico e foi assim que Dr. No entrou para a minha lista de filmes vistos em 2023.

A sensação de assistir a um filme de 007 dos anos 60 é dúbia. Por um lado, há um estranhamento causado pelo baixíssimo orçamento de estreia, que é visível até em sequências simples do longa. Em contrapartida, o cerne da franquia já está lá: as paisagens paradisíacas – nesse caso, da Jamaica -, as perseguições automobilísticas, o jogo político, os personagens clássicos, a SPECTRE e o charme de Bond, que faz vítimas a todo momento.

Contudo, não dá pra negar que Dr. No é filho de seu tempo. Os motivos do subaproveitado vilão dialogam, a certo modo, com a Guerra Fria, tão cara às ambições políticas dos EUA. Além disso, algumas situações não encontram outra justificativa se não no racismo e no sexismo tão característicos aos títulos clássicos de Hollywood.

Ainda assim, junto aos créditos finais, subiu, também, a minha curiosidade pelo que reservam as próximas de Bond, James Bond.

Como foi bom assistir a uma comédia romântica LGBT que não precisa se preocupar com nada além de ser leve e divertida.

Um dos maiores acertos desse filme é que não há um objetivo de se construir como uma denúncia social nem se vê a burocracia de ser um filme deliberadamente acadêmico. Longe de isso ser um problema, pois Brokeback Mountain e Moonlight são alguns dos vários títulos que já ocuparam com maestria esse espaço, mas é preciso lembrar que a representação cinematográfica de um romance gay pode ir além disso e ser, simplesmente, fofa, piegas e...romântica.

Outro ponto alto é a química absurda de Alex e Henry. É impossível não torcer por eles e acompanhá-los nessa proposta de mundo ideal, que permite que o herdeiro do trono britânico e o filho da mulher mais poderosa do mundo se apaixonem e sejam felizes, quiçá, para sempre.

Red, White & Royal Blue é daqueles comfort movies a serem revisitados sempre que for necessário lembrar que é possível ser feliz.