Woody sempre manobra a história de tal forma que faz os personagens serem hipócritas. Não, na verdade melhor ainda: ele esfrega a hipocrisia da realidade na nossa cara.
Analisar Lucy é entender o funcionamento da prepotência intelectual humana. É uma compilação praticamente biográfica dos maiores desejos dessa geração. Adorei.
Woody Allen argumentando sobre sua visão de como a filosofia não passa de masturbação intelectual, de prostituta cuja moral serve à habilidade dialética de seu cafetão.
É importante perceber como nos é exposto a diferença de comportamento entre essas duas meninas: a Marie, inocente, vivendo essa paixão nova, pura, profunda e dolorida, cheia de curiosidade, e a Anne, uma menina que já teve esse caráter sexual prematuramente estimulado e que se posiciona super manipuladora, fria, hedonista, meio sem alma, sem brilho. Ao meu ver, é um filme que fala muito mais sobre abuso sexual do que sobre relações lésbicas.
"Se não vejo na criança uma criança, é porque alguém a violentou antes, e o que vejo é o que sobrou de tudo que lhe foi tirado."
O filme foi bem dirigido, bem construído, bem argumentado; mesmo que tenha sido produzido por um canal de tv super família, é uma propaganda anti-drogas bem inteligente e eficiente. A trama é gradualmente bem costurada, os relacionamentos dos personagens recebem a devida atenção, a imersão da protagonista é suficientemente convincente. Provavelmente não vai ser um filme que vá te levar às lágrimas, mas com certeza te ganhará pela racionalidade. E um ótimo ponto positivo em relação aos clássicos Trainspotting e Réquiem para um Sonho é que ele se mantém mais real. Neles, você se distancia e pode achar que é impossível se afundar tanto no mundo das drogas; com eles aconteceu porque desde novos não cresceram num ambiente saudável, eles usam as drogas para tampar buracos emocionais, etc. Aqui, você consegue se colocar no lugar da personagem, uma jovem adolescente normal com ambiente familiar estável que se levou pelo prazer e depois perdeu o controle. Ponto também para o final não ser aquela coisa de felizes para sempre de conto de fadas. Pode até ser um filme sem surpresas. Mas possível, real, coerente, racional.
Logo antes, eles tinham dito que na segunda feira nada mudaria e eu realmente acho que as cenas finais "catarticas" foram uma comprovação disso. A "caso perdido" não vai mudar porque ainda vai ser uma mentirosa compulsiva e quando chegar em casa seus pais ainda vão ignorá-la. A "descaracterização" ela curtiu porque aquilo era ela vivendo um personagem e serviu também para mostrar que o "esportista" continua supérfluo. A "princesa" indo se envolver com o "delinquente" foi, nada mais do que, um ato pra aumentar a auto estima dela e, provavelmente, dele também. Com ela, como fica bem comprovado quando ela dá importância em perguntar se ele realmente odiou o truque do batom, tem a função de fazê-la se sentir menos merda em relação àquele cara que a colocou no chão (pensamento parecido daquelas meninas que eram zoadas na escola, crescem ficam maravilhosas e decidem que revanche boa é conseguir transar com o cara que zoava ela; ou seja, procurar por migalhas). Com ele, é ele provando que ela é uma sedutora (quem lembra dessa discussão?) e fazendo a patricinha reverenciar o tipo de cara que ela geralmente torceria o nariz. O "nerd" também não desconstruiu nada, o prazer ele ainda encontra na realização intelectual e ele ainda vai querer morrer se tirar outro zero. Os problemas são apresentados, mas eu não tenho porque ficar fantasiando sobre um final feliz quando o que aconteceu naquela sala não terá impacto no ambiente exterior. Ali havia um meio fértil para aquelas relações, mas segunda feira, depois de um domingo inteiro de choque de realidade com os problemas familiares de cada um, eles vão chegar na escola, encontrar com os amigos (os quais também exercerão pressão sobre eles) e eles não terão força alguma para fazer diferente, não valeria a pena tentar.
Por isso, eu realmente gostei do filme e, sem querer parecer dona da verdade, mas acho um pena ele ser visto apenas como mais um filme adolescente com final romântico. Se é só isso que vocês acham que ele tem a oferecer, então sim, concordo com o pessoal que o considera superestimado. Mas ainda bem que o meu ver foi além.
Uma boa crítica sobre a imagem feminina. Dorothea passa um tempo se desgastando se entregando a diversos homens que não conhece em busca de uma satisfação, plenitude que não encontra. O ritmo do filme, inclusive, creio que foi intencionalmente pensado para criar tédio, afinal, essa parecia ser o sentimento que dominava a protagonista. Só nas cenas finais que conseguimos entender o sentido do filme, que não é dar respostas, pois não está entre eles "a criança que entende tudo", mas fecundar uma ideia, te dar algo sobre o que pensar.
"Eu lhes contei sobre as coisas que aconteceram comigo, lhes mostrei o meu corpo e dormi com homens que não gostava diante de seus olhos. Talvez vocês queiram me ver transando com os meus amigos, mas isso não é possível. O que vocês vêem aqui não é uma cena de hoje, mas de amanhã. Espero que não fiquem com muita raiva de mim."
E eis o momento da vingança. Em tempos de mercantilização do sexo, normalização do pornô e de todas as distorções que essa cultura pode causar, ao meu ver, o filme critica a nova posição da mulher. Sim, tem ganhado liberdade sexual, mas na mesma proporção há cada vez mais a influência e a propaganda de que a maior felicidade que ela poderia alcançar seria se submetendo ao maior número de possibilidades sexuais, se dando aos loucos, aos frustrados, aos vaidosos sem reclamar porque por mais bizarras que sejam, deve haver prazer naquilo. Interessante que a única vez que notei a protagonista sorrindo foi ao final, verdadeiramente feliz, plena, satisfeita na cama com os amigos. Mas essa, a cena do verdadeiro prazer, é a cena de amanhã. E a vingança é justamente nos privar de observar. Ainda estamos condenados (ou mal acostumados, viciados) em buscar o prazer na cena de hoje. Se bem analisado, ainda não estamos livres.
O personagem Luisinho me fez lembrar muito do personagem-narrador dos contos "Passeio Noturno I e II" de Rubem Fonseca. Nada muito especial, apenas dois pais de família classe média alta buscando satisfazer seus tédios em prazeres efêmeros.
É um drama atemporal, mas queria eu, com todas as minhas forças, que toda essa repressão sentimental do ser repleto de paixão e vontade que somos se tornasse coisa do passado.
Durante todo o filme, tentei me imaginar no lugar da Alice e coincidiu que, assim como ela, também via meu conhecimento e minhas memórias como bens mais preciosos. Pensava eu que fossem os bens de maior importância em se cultivar, porque seriam aquilo que ninguém poderia me tirar. Bem, parece que eu estava errada... É irônico como o Alzheimer, ao mesmo tempo que priva o paciente de suas memórias, exige, que, cada dia mais, as pessoas que o cercam se lembrem de quem aquele paciente costumava ser. A Alice é para sempre uma mulher maravilhosa viva nas lembranças da sua familia. Esse filme me ensinou uma lição muito importante de como devemos, essencialmente, nos preocupar em construir relacionamentos, em criar uma rede de pessoas que nos ame e apoie, que o resto virá mais fácil. O real sentido da vida não está em nada que se possa acumular, interior ou exteriormente, mas sim no amor. A cena final sintetiza muito bem esse meu pensamento.
As partes do filme destinadas ao romance são breves, mas encantam. Infelizmente, considerei todo o resto do filme bem chatinho, se priorizasse o foco do filme no amor, nas descobertas e na forma peculiar de ver o mundo deles seria bem mais apaixonante.
Um Gato em Paris
3.8 192 Assista Agoraque traço lindooooo
Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão
3.4 103Woody sempre manobra a história de tal forma que faz os personagens serem hipócritas. Não, na verdade melhor ainda: ele esfrega a hipocrisia da realidade na nossa cara.
Lucy
3.3 3,3K Assista AgoraAnalisar Lucy é entender o funcionamento da prepotência intelectual humana. É uma compilação praticamente biográfica dos maiores desejos dessa geração. Adorei.
O Homem Irracional
3.5 551 Assista AgoraWoody Allen argumentando sobre sua visão de como a filosofia não passa de masturbação intelectual, de prostituta cuja moral serve à habilidade dialética de seu cafetão.
Bem Me Quer, Mal Me Quer
4.0 522Desses que se você começar a se identificar muito com a personagem, é melhor procurar logo ajuda médica.
Lírios D'Água
3.1 157É importante perceber como nos é exposto a diferença de comportamento entre essas duas meninas: a Marie, inocente, vivendo essa paixão nova, pura, profunda e dolorida, cheia de curiosidade, e a Anne, uma menina que já teve esse caráter sexual prematuramente estimulado e que se posiciona super manipuladora, fria, hedonista, meio sem alma, sem brilho. Ao meu ver, é um filme que fala muito mais sobre abuso sexual do que sobre relações lésbicas.
"Se não vejo na criança uma criança, é porque alguém a violentou antes, e o que vejo é o que sobrou de tudo que lhe foi tirado."
Pesado.
Amy
4.4 1,0K Assista AgoraCaramba!!! Como assim a Amy escreveu raps??? Onde estão essas relíquias???
Dope: Um Deslize Perigoso
4.0 351 Assista AgoraAconselho a fechar ouvindo um Casey Veggies.
Eu, Você e a Garota Que Vai Morrer
4.0 888 Assista AgoraA música dos créditos ainda é tão lindinha... Não dá vontade de sair desse filme.
Amor, Drogas e Nova York
3.3 51 Assista AgoraAlguém me explica a cena do judeu?
Que Horas Ela Volta?
4.3 3,0K Assista AgoraUm soco no estômago desse e, nas partes que eu tava me caindo de lágrimas, a metade do cinema onde eu fui passou rindo.
Fargo: Uma Comédia de Erros
3.9 920 Assista AgoraNão me venham dizer que esses diálogos foram bem elaborados.
Passos Perigosos
3.1 17O filme foi bem dirigido, bem construído, bem argumentado; mesmo que tenha sido produzido por um canal de tv super família, é uma propaganda anti-drogas bem inteligente e eficiente. A trama é gradualmente bem costurada, os relacionamentos dos personagens recebem a devida atenção, a imersão da protagonista é suficientemente convincente. Provavelmente não vai ser um filme que vá te levar às lágrimas, mas com certeza te ganhará pela racionalidade.
E um ótimo ponto positivo em relação aos clássicos Trainspotting e Réquiem para um Sonho é que ele se mantém mais real. Neles, você se distancia e pode achar que é impossível se afundar tanto no mundo das drogas; com eles aconteceu porque desde novos não cresceram num ambiente saudável, eles usam as drogas para tampar buracos emocionais, etc. Aqui, você consegue se colocar no lugar da personagem, uma jovem adolescente normal com ambiente familiar estável que se levou pelo prazer e depois perdeu o controle. Ponto também para o final não ser aquela coisa de felizes para sempre de conto de fadas.
Pode até ser um filme sem surpresas. Mas possível, real, coerente, racional.
Butcher boys
1.4 23Única possibilidade desse roteiro ser menos pior é se ele tivesse sido um curta em ABC da Morte.
Conceição - Autor Bom é Autor Morto
4.0 6"O nascimento do leitor tem de pagar-se com a morte do Autor." Barthes
Clube dos Cinco
4.2 2,6K Assista AgoraAqui eu não tenho como acreditar em final feliz.
Logo antes, eles tinham dito que na segunda feira nada mudaria e eu realmente acho que as cenas finais "catarticas" foram uma comprovação disso. A "caso perdido" não vai mudar porque ainda vai ser uma mentirosa compulsiva e quando chegar em casa seus pais ainda vão ignorá-la. A "descaracterização" ela curtiu porque aquilo era ela vivendo um personagem e serviu também para mostrar que o "esportista" continua supérfluo. A "princesa" indo se envolver com o "delinquente" foi, nada mais do que, um ato pra aumentar a auto estima dela e, provavelmente, dele também. Com ela, como fica bem comprovado quando ela dá importância em perguntar se ele realmente odiou o truque do batom, tem a função de fazê-la se sentir menos merda em relação àquele cara que a colocou no chão (pensamento parecido daquelas meninas que eram zoadas na escola, crescem ficam maravilhosas e decidem que revanche boa é conseguir transar com o cara que zoava ela; ou seja, procurar por migalhas). Com ele, é ele provando que ela é uma sedutora (quem lembra dessa discussão?) e fazendo a patricinha reverenciar o tipo de cara que ela geralmente torceria o nariz. O "nerd" também não desconstruiu nada, o prazer ele ainda encontra na realização intelectual e ele ainda vai querer morrer se tirar outro zero.
Os problemas são apresentados, mas eu não tenho porque ficar fantasiando sobre um final feliz quando o que aconteceu naquela sala não terá impacto no ambiente exterior. Ali havia um meio fértil para aquelas relações, mas segunda feira, depois de um domingo inteiro de choque de realidade com os problemas familiares de cada um, eles vão chegar na escola, encontrar com os amigos (os quais também exercerão pressão sobre eles) e eles não terão força alguma para fazer diferente, não valeria a pena tentar.
Por isso, eu realmente gostei do filme e, sem querer parecer dona da verdade, mas acho um pena ele ser visto apenas como mais um filme adolescente com final romântico. Se é só isso que vocês acham que ele tem a oferecer, então sim, concordo com o pessoal que o considera superestimado. Mas ainda bem que o meu ver foi além.
A Vingança de Dorothea
3.5 12Uma boa crítica sobre a imagem feminina. Dorothea passa um tempo se desgastando se entregando a diversos homens que não conhece em busca de uma satisfação, plenitude que não encontra. O ritmo do filme, inclusive, creio que foi intencionalmente pensado para criar tédio, afinal, essa parecia ser o sentimento que dominava a protagonista. Só nas cenas finais que conseguimos entender o sentido do filme, que não é dar respostas, pois não está entre eles "a criança que entende tudo", mas fecundar uma ideia, te dar algo sobre o que pensar.
"Eu lhes contei sobre as coisas que aconteceram comigo, lhes mostrei o meu corpo e dormi com homens que não gostava diante de seus olhos. Talvez vocês queiram me ver transando com os meus amigos, mas isso não é possível. O que vocês vêem aqui não é uma cena de hoje, mas de amanhã. Espero que não fiquem com muita raiva de mim."
E eis o momento da vingança. Em tempos de mercantilização do sexo, normalização do pornô e de todas as distorções que essa cultura pode causar, ao meu ver, o filme critica a nova posição da mulher. Sim, tem ganhado liberdade sexual, mas na mesma proporção há cada vez mais a influência e a propaganda de que a maior felicidade que ela poderia alcançar seria se submetendo ao maior número de possibilidades sexuais, se dando aos loucos, aos frustrados, aos vaidosos sem reclamar porque por mais bizarras que sejam, deve haver prazer naquilo. Interessante que a única vez que notei a protagonista sorrindo foi ao final, verdadeiramente feliz, plena, satisfeita na cama com os amigos. Mas essa, a cena do verdadeiro prazer, é a cena de amanhã. E a vingança é justamente nos privar de observar. Ainda estamos condenados (ou mal acostumados, viciados) em buscar o prazer na cena de hoje. Se bem analisado, ainda não estamos livres.
Noite Vazia
4.1 88O personagem Luisinho me fez lembrar muito do personagem-narrador dos contos "Passeio Noturno I e II" de Rubem Fonseca. Nada muito especial, apenas dois pais de família classe média alta buscando satisfazer seus tédios em prazeres efêmeros.
Taxi Driver
4.2 2,5K Assista AgoraEssa propagação de imagens do DeNiro de moicano é um dos maiores spoilers da historia do cinema
Sociedade dos Poetas Mortos
4.3 2,3K Assista AgoraÉ um drama atemporal, mas queria eu, com todas as minhas forças, que toda essa repressão sentimental do ser repleto de paixão e vontade que somos se tornasse coisa do passado.
O ABC da Morte 2
2.9 117 Assista AgoraO que vocês entenderam do D de Deloused (Despojado) e no K de Knell (Mau-Agouro)?
No I de Invencible (Invencível) a filha morre no final?
Para Sempre Alice
4.1 2,3K Assista AgoraDurante todo o filme, tentei me imaginar no lugar da Alice e coincidiu que, assim como ela, também via meu conhecimento e minhas memórias como bens mais preciosos. Pensava eu que fossem os bens de maior importância em se cultivar, porque seriam aquilo que ninguém poderia me tirar. Bem, parece que eu estava errada... É irônico como o Alzheimer, ao mesmo tempo que priva o paciente de suas memórias, exige, que, cada dia mais, as pessoas que o cercam se lembrem de quem aquele paciente costumava ser. A Alice é para sempre uma mulher maravilhosa viva nas lembranças da sua familia.
Esse filme me ensinou uma lição muito importante de como devemos, essencialmente, nos preocupar em construir relacionamentos, em criar uma rede de pessoas que nos ame e apoie, que o resto virá mais fácil. O real sentido da vida não está em nada que se possa acumular, interior ou exteriormente, mas sim no amor. A cena final sintetiza muito bem esse meu pensamento.
Moonrise Kingdom
4.2 2,1K Assista AgoraAs partes do filme destinadas ao romance são breves, mas encantam. Infelizmente, considerei todo o resto do filme bem chatinho, se priorizasse o foco do filme no amor, nas descobertas e na forma peculiar de ver o mundo deles seria bem mais apaixonante.
O Sol - Caminhando Contra o Vento
3.6 8A história é suprema, mas eu odiei a forma como foi ministrada; ficou meio que uma rasgação de seda, sem ritmo, desinteressante...