Julia Amorim

Acho que a maciez com que a fotografia do filme deixa experiências tão sombrias, ficarem tão próximas da realidade, faz com que o filme seja desconfortável, de certa forma.

Discordo quando dizem que gostar desse tipo de filme em 2022 é problemático. Penso que, ao contrário do que foi mostrado pela mídia sobre ela enquanto viva, o filme expõe um ponto muito importante sobre a posição da mulher daquela época: quando mãe, filha, subordinada (no trabalho, por ex.); seus desejos violados, sua capacidade intelectual questionada, abuso sexual e psicológico, e a negligência para com os desafios de alguém que enfrenta algum trauma ou desordem psíquica.
Sobre os comentários a respeito das cenas hiper sexualizadas, deixo vocês pensarem se o "incômodo" no telespectador não faz jus a forma com que ela era tratada e se sentia em torno daquelas pessoas.

Acredito, sim, que o perigo do filme está na sensibilidade do assunto e na forma que ele é mostrado, pois ainda hoje isso é a realidade de muitas de nós, mesmo que em pequena escala. Apesar disso, necessário; há muito o que discutir sobre abuso velado, e objetificação da mulher, por exemplo. E esse é um ótimo e trágico exemplo.