Como é que, tentando nos excluir de forma sistemática da natureza ao conceber um campo exclusivo do "eu" humano, colocamos no mundo nossas pretensões a ponto de não apenas alterá-lo drasticamente em direção a um precipício de extinção, mas de maneira tão antiética, cruel e objetificante? Não conseguimos mesmo nos enxergar nos olhos e na sensação de cada ser que vive?
O documentário pode não responder tais indagações, mas faz refletir sobre os resultados que esse projeto civilizacional tem trazido. Sem dúvida
O universo é de Nim, é de todos os chimpanzés, não exclusivamente nosso para demarcarmos fronteiras artificiais.
O filme pode ser definido pela seguinte paráfrase genialmente atribuída às intelectuais brasileiras conhecidas como As Meninas, "o motivo todo mundo já conhece: é que o de cima sobe e o de baixo desce".
A história é bem simples, mas não deixa de ser tocante. O segundo ato pra mim possui as mais belas paisagens desenhadas. O terceiro é sem dúvida o mais angustiante.
A tentativa de conquistar o que todos os homens saciam, dinheiro e poder, leva Daniel Plainview ao abismo da ética humana, onde não existe mais o sagrado, o profano, o justo ou injusto, mas apenas as vontades capitalistas mais selvagens possíveis. O filme, apesar de sua ambientação histórica estar situada na primeira metade do século XX, não deixa de ter seus ecos no presente, principalmente por ter sido lançado em 2007, ano que foi antecâmara do ápice de uma das piores crises econômicas da história desde a década da Grande Depressão.
Valeu a pena pela diversão e por realmente imaginar uma festa daquele porte. Quem não consegue lidar com o que eu chamo de "filme-isopor", melhor passar longe.
Valeu a pena pelas cenas incansáveis de ação, que conseguem te prender de uma forma que poucos filmes do gênero lançados recentemente conseguiram, e pelos efeitos-especiais absurdamente bem feitos. A exposição de morais de conduta variadas e o embate dos personagens para mim é o ponto alto do filme. O choque entre o entendimento de mundo do soldado Scott Rogers, que acorda em uma sociedade do século XXI, e o bilionário industrial Tony Stark (de valores flexíveis, ética mais individualista) é exemplo perfeito disso.
Por outro lado, penso que os reflexos gerados com o surgimento dos Vingadores na sociedade foi mal explorado, além da questão da produção de armas nucleares pelo governos dos EUA com a tecnologia do Tesseract (que leva Nick Fury a afrontar seus oficiais superiores diretos). Outro ponto que preciso notar como fraco foi o rápido, mas perceptível, controle do dr. Bruce Banner sobre o Hulk.
Não obstante, o filme "Os Vingadores" é sem dúvida um must see para todos aqueles que, como eu, são apaixonados por esse universo de HQs, heróis, tecnologias futuras e pancadaria, muita pancadaria.
Impossível não pensar no que foi dito por Walter Benjamin:
“Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso”.
E esse filme pode se desdobrar em tantas interpretações sobre as condições sobre as quais os seres humanos cresceram e produziram com suas mãos tudo aquilo que foi pensado em um determinado momento. É a reprodução de ideias no plano físico. É o pêndulo de ordenação e caos pelo qual a realidade se compõe e nos participamos em tudo isso.
O Abrigo, filme do diretor Jeff Nichols, estreou em janeiro de 2011 no festival de Sundance, tendo um lançamento bastante limitado desde então, mas ganhando diversos prêmios em festivais ao redor do mundo (Cannes, Deauville, Fipresci). Não obstante, é uma das pérolas cinematográficas recentes mais inquietantes que eu já assisti. Na história, vemos o cotidiano de Curtis LaForche (interpretado pelo ator Michael Shannon, também conhecido pelo excelente papel do detetive Nelson Van Alden em Boardwalk Empire, aclamada série produzida pela HBO), pai de uma garotinha de seis anos e casado com a belíssima Samantha (interpretada por Jessica Chastain, mundialmente conhecida por sua atuação em A Árvore da Vida de Terrence Malick). Curtis começa a ter estranhos sonhos apocalípticos, com tempestades, ataques de estranhos ou conhecidos, que o fazem questionar sua sanidade. As alucinações que Curtis visualiza são vívidas, trazem consequências paranoicas e por vezes suas ações imediatas e irreflexivas beiram a despersonalização, o que o faz pensar se tudo é realmente real ou apenas um produto de sua mente. Os trejeitos de Curtis em sua busca pela solução do que o incomoda não passam despercebidos: os olhares baixos, a esquiva dos conflitos iminentes, o desânimo consigo mesmo, a desconfiança crescente e as soluções rápidas para tentar afastar suas angústias; em suma, aquele suspiro inevitável e corrosivo atrás da orelha, ameaçador como um inimigo desconhecido, lembrando todos os dias quais são as suas maiores falhas e desapontamentos. A atuação de Shannon é delicada, sequencial - no sentido que cada trauma vivido reflete claramente no modo que o personagem reage às pessoas ao redor - e escalar, como se a persona visasse um determinado pico explosivo o tempo inteiro. É preciso falar também da atuação de Jessica Chastain no papel da mulher de Samantha. A compreensão, paciência e o amor de Samantha em face dos recentes problemas, incluindo o fato de sua filha de seis anos sofrer de uma deficiência auditiva e necessitar de um procedimento cirúrgico financeiramente dispendioso, é tocante. Não há barreiras, reais ou imaginárias, que impeça essa forte mulher de reconquistar a boa convivência e a melhoria de vida para sua família. O entrosamento familiar também ficou muito bem representado, me roubando sorrisos, lágrimas e comentários da minha avó, que assistiu ao filme comigo.
Apesar de ter se tornado um dos meu filmes favoritos pela atuação primorosa e a história simples, porém bem construída e filmada, não dei 5 estrelas apenas pelo desenrolar final, a última cena.
Não concordo com a esquiva da realidade utilizada pelo diretor para explicar as obsessões de Curtis. A trama te guia por um caminho firme e inevitável, de duras pedras e fortes provações, para no fim seguir por àquele mais fantasioso e fácil. Preferia que continuasse "pé-no-chão".
Independente, recomendo que todos que aqueles que possuam sensibilidade para analisar tais questões e correlacioná-las com as vivências sociais, assistam O Abrigo.
Vale pela atuação fantástica de Meryl Streep, dando vida à complexa figura política da dama e primeiro-ministro do Reino Unido, durante o período que posteriormente ficou marcado pelos valores conservadores e políticas econômicas liberais.
É impossível falar demais a respeito dessa obra-prima sem eixar escapar partes cruciais do roteiro. O que mais me chamou atenção foi que a trilha sonora e as atuações transformam a mansão - uma antiga clínica operatória dirigida pelo dr. Robert Ledgard - em um dos ambientes mais perturbadores que eu já assisti na tela. A representação da procura do dr. por uma pele que seja quase indestrutível contrasta de forma quase que explícita com a frágil psiquê dos personagens. O próprio Robert é tido como um personagem frio e racionalista, porém conforme conhecemos sua história, percebemos que ele também é repleto de segredos, traumas e momentos claros de indecisão. A supervalorização do corpo físico em detrimento do psicológico ou, para alguns, do espírito ou essência humana, é característico dos valores tidos como normatizadores para a maioria das sociedades contemporâneas. A ciência, que traz em si a forma racionalista de pensar, corrobora para que haja essa mudança de valores, afinal o corpo físico é palpável, existente, evidenciável. De lá para cá vimos o surgimento de indústrias muito incipientes outrora, como a dos produtos higiênicos, maquiagens e, posteriormente, das cirurgias plásticas que possibilitam a reforma dos traços naturais de qualquer pessoa. É em meio a esses valores e práticas tão atuais que o diretor aponta a câmera para aquilo que ele pode filmar. Se Malick tentou capturar a essência divina em "Árvore da Vida", aqui o trabalho de Almodóvar é mais fácil, pois baseia-se no físico, não no metafísico; no que pode definitivamente ser capturado. Ainda assim esse conseguiu filmar uma das melhores películas de 2011. Vale lembrar que o filme é vagamente baseado no romance de Thierry Jonquet, chamado "Tarântula".
Discordo que o filme deveria ter uma narrativa mais linear, clara e cronológica. São justamente essas idas e vindas no tempo que demonstram o toque de humildade presente na vida de tudo o que foi, é e pode vir a ser. Mallick consegue capturar como ninguém a graça que é estar vivo, observar, crescer; tudo em conjunção com as crueldades da natureza, que funciona como motor do desencantamento. A morte é tema central da vida. Mais do que sua antitese, ela é, de um ponto de vista subjetivo, a completude de um circulo dentro de outros círculos. Tudo, a partir do primeiro sinal de vida, está fadado ao fim, fator interno e inerente. Para viver é preciso aceitar a morte.
O quanto o Cristianismo, durante séculos, suprimiu o pensamento crítico humano que era contrário a sua fé e às políticas de sua fé, provocando para isso barbaridades das mais impensáveis.
Alain Delon encarna o verdadeiro espírito de um samurai, porém, ironicamente, no papel de um mercenário moderno. Assim como os guerreiros orientais, Jef Costello subtrai seus sentimentos em favor do raciocínio frio do seu dever e, no entanto, nunca perde a honra como valor primordial. Melville nos brinda com essa verdadeira pérola do cinema francês, que sem dúvida serviu como base para os muitos filmes centrados em criminosos que o cinema Hollywoodiano lançou nos anos que viriam.
O filme desnuda o conflito classista existente na sociedade 'ocidental' da forma mais violenta possível. Godard não impõe limites ao demonstrar - em imagens, som e textos - o horror e o caos inerentes à estrutura societária mais racionalizada e sistematizada da história.
Representa perfeitamente o que muitas vezes acontece nos bastidores daquele órgão que, para o indivíduo que olha de fora, parece incorruptível, imparcial, e sempre verídico: a mídia. Nos convida a questionar as ações da imprensa, tal como ela se constituí nos dias atuais, ao apoiar tacitamente um político execrando o seu adversário ou, numa analise mais ampla, ao defender determinados modelos políticos e econômicos que, por conseguinte, sejam favoráveis aos seus diversos interesses.
Interessante a maneira como o filme retrata os EUA como o país da liberdade, ou seja, aquele que sempre lutou do lado certo, sendo o lado certo o lado "bom", da "democracia" contra os "vilões ditadores" ao redor do mundo. Mesmo a liberdade de expressão sendo o valor por eles mais querido - talvez mais do que a própria vida - não houve hesitação alguma do Estado em romper com toda a estrutura "democrática" ao sentir que existia de fato uma possível ameaça às suas instituições tradicionais.
Projeto Nim
4.0 47Como é que, tentando nos excluir de forma sistemática da natureza ao conceber um campo exclusivo do "eu" humano, colocamos no mundo nossas pretensões a ponto de não apenas alterá-lo drasticamente em direção a um precipício de extinção, mas de maneira tão antiética, cruel e objetificante? Não conseguimos mesmo nos enxergar nos olhos e na sensação de cada ser que vive?
O documentário pode não responder tais indagações, mas faz refletir sobre os resultados que esse projeto civilizacional tem trazido. Sem dúvida
O universo é de Nim, é de todos os chimpanzés, não exclusivamente nosso para demarcarmos fronteiras artificiais.
Mundos Opostos
3.4 611 Assista AgoraO filme pode ser definido pela seguinte paráfrase genialmente atribuída às intelectuais brasileiras conhecidas como As Meninas, "o motivo todo mundo já conhece: é que o de cima sobe e o de baixo desce".
Killer Joe: Matador de Aluguel
3.6 880 Assista AgoraO que eu acabei de assistir?
5 Centímetros por Segundo
3.9 383A história é bem simples, mas não deixa de ser tocante. O segundo ato pra mim possui as mais belas paisagens desenhadas. O terceiro é sem dúvida o mais angustiante.
Sangue Negro
4.3 1,2K Assista AgoraA tentativa de conquistar o que todos os homens saciam, dinheiro e poder, leva Daniel Plainview ao abismo da ética humana, onde não existe mais o sagrado, o profano, o justo ou injusto, mas apenas as vontades capitalistas mais selvagens possíveis. O filme, apesar de sua ambientação histórica estar situada na primeira metade do século XX, não deixa de ter seus ecos no presente, principalmente por ter sido lançado em 2007, ano que foi antecâmara do ápice de uma das piores crises econômicas da história desde a década da Grande Depressão.
Projeto X: Uma Festa Fora de Controle
3.5 2,2K Assista AgoraValeu a pena pela diversão e por realmente imaginar uma festa daquele porte. Quem não consegue lidar com o que eu chamo de "filme-isopor", melhor passar longe.
Vidas em Jogo
3.8 727 Assista AgoraPra quem gosta de plot twists intermináveis, esse filme é uma ótima pedida. David Fincher fazendo o que sabe fazer melhor.
Os Vingadores
4.0 6,9K Assista AgoraValeu a pena pelas cenas incansáveis de ação, que conseguem te prender de uma forma que poucos filmes do gênero lançados recentemente conseguiram, e pelos efeitos-especiais absurdamente bem feitos. A exposição de morais de conduta variadas e o embate dos personagens para mim é o ponto alto do filme. O choque entre o entendimento de mundo do soldado Scott Rogers, que acorda em uma sociedade do século XXI, e o bilionário industrial Tony Stark (de valores flexíveis, ética mais individualista) é exemplo perfeito disso.
Por outro lado, penso que os reflexos gerados com o surgimento dos Vingadores na sociedade foi mal explorado, além da questão da produção de armas nucleares pelo governos dos EUA com a tecnologia do Tesseract (que leva Nick Fury a afrontar seus oficiais superiores diretos). Outro ponto que preciso notar como fraco foi o rápido, mas perceptível, controle do dr. Bruce Banner sobre o Hulk.
Não obstante, o filme "Os Vingadores" é sem dúvida um must see para todos aqueles que, como eu, são apaixonados por esse universo de HQs, heróis, tecnologias futuras e pancadaria, muita pancadaria.
O Mundo dos Pequeninos
4.2 653 Assista AgoraStudio Ghibli sempre produzindo animações impecáveis.
Koyaanisqatsi - Uma Vida Fora de Equilíbrio
4.4 236 Assista AgoraImpossível não pensar no que foi dito por Walter Benjamin:
“Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso”.
E esse filme pode se desdobrar em tantas interpretações sobre as condições sobre as quais os seres humanos cresceram e produziram com suas mãos tudo aquilo que foi pensado em um determinado momento. É a reprodução de ideias no plano físico. É o pêndulo de ordenação e caos pelo qual a realidade se compõe e nos participamos em tudo isso.
Primer
3.5 490 Assista AgoraCompletamente mindfuck, sem dúvida terei que rever.
Diário de um Jornalista Bêbado
3.0 774 Assista grátisPéssimo título.
O Abrigo
3.6 720 Assista AgoraO Abrigo, filme do diretor Jeff Nichols, estreou em janeiro de 2011 no festival de Sundance, tendo um lançamento bastante limitado desde então, mas ganhando diversos prêmios em festivais ao redor do mundo (Cannes, Deauville, Fipresci). Não obstante, é uma das pérolas cinematográficas recentes mais inquietantes que eu já assisti. Na história, vemos o cotidiano de Curtis LaForche (interpretado pelo ator Michael Shannon, também conhecido pelo excelente papel do detetive Nelson Van Alden em Boardwalk Empire, aclamada série produzida pela HBO), pai de uma garotinha de seis anos e casado com a belíssima Samantha (interpretada por Jessica Chastain, mundialmente conhecida por sua atuação em A Árvore da Vida de Terrence Malick). Curtis começa a ter estranhos sonhos apocalípticos, com tempestades, ataques de estranhos ou conhecidos, que o fazem questionar sua sanidade. As alucinações que Curtis visualiza são vívidas, trazem consequências paranoicas e por vezes suas ações imediatas e irreflexivas beiram a despersonalização, o que o faz pensar se tudo é realmente real ou apenas um produto de sua mente. Os trejeitos de Curtis em sua busca pela solução do que o incomoda não passam despercebidos: os olhares baixos, a esquiva dos conflitos iminentes, o desânimo consigo mesmo, a desconfiança crescente e as soluções rápidas para tentar afastar suas angústias; em suma, aquele suspiro inevitável e corrosivo atrás da orelha, ameaçador como um inimigo desconhecido, lembrando todos os dias quais são as suas maiores falhas e desapontamentos.
A atuação de Shannon é delicada, sequencial - no sentido que cada trauma vivido reflete claramente no modo que o personagem reage às pessoas ao redor - e escalar, como se a persona visasse um determinado pico explosivo o tempo inteiro.
É preciso falar também da atuação de Jessica Chastain no papel da mulher de Samantha. A compreensão, paciência e o amor de Samantha em face dos recentes problemas, incluindo o fato de sua filha de seis anos sofrer de uma deficiência auditiva e necessitar de um procedimento cirúrgico financeiramente dispendioso, é tocante. Não há barreiras, reais ou imaginárias, que impeça essa forte mulher de reconquistar a boa convivência e a melhoria de vida para sua família.
O entrosamento familiar também ficou muito bem representado, me roubando sorrisos, lágrimas e comentários da minha avó, que assistiu ao filme comigo.
Apesar de ter se tornado um dos meu filmes favoritos pela atuação primorosa e a história simples, porém bem construída e filmada, não dei 5 estrelas apenas pelo desenrolar final, a última cena.
Não concordo com a esquiva da realidade utilizada pelo diretor para explicar as obsessões de Curtis. A trama te guia por um caminho firme e inevitável, de duras pedras e fortes provações, para no fim seguir por àquele mais fantasioso e fácil. Preferia que continuasse "pé-no-chão".
Independente, recomendo que todos que aqueles que possuam sensibilidade para analisar tais questões e correlacioná-las com as vivências sociais, assistam O Abrigo.
A Dama de Ferro
3.6 1,7KVale pela atuação fantástica de Meryl Streep, dando vida à complexa figura política da dama e primeiro-ministro do Reino Unido, durante o período que posteriormente ficou marcado pelos valores conservadores e políticas econômicas liberais.
A Pele que Habito
4.2 5,1K Assista AgoraÉ impossível falar demais a respeito dessa obra-prima sem eixar escapar partes cruciais do roteiro. O que mais me chamou atenção foi que a trilha sonora e as atuações transformam a mansão - uma antiga clínica operatória dirigida pelo dr. Robert Ledgard - em um dos ambientes mais perturbadores que eu já assisti na tela. A representação da procura do dr. por uma pele que seja quase indestrutível contrasta de forma quase que explícita com a frágil psiquê dos personagens. O próprio Robert é tido como um personagem frio e racionalista, porém conforme conhecemos sua história, percebemos que ele também é repleto de segredos, traumas e momentos claros de indecisão. A supervalorização do corpo físico em detrimento do psicológico ou, para alguns, do espírito ou essência humana, é característico dos valores tidos como normatizadores para a maioria das sociedades contemporâneas. A ciência, que traz em si a forma racionalista de pensar, corrobora para que haja essa mudança de valores, afinal o corpo físico é palpável, existente, evidenciável. De lá para cá vimos o surgimento de indústrias muito incipientes outrora, como a dos produtos higiênicos, maquiagens e, posteriormente, das cirurgias plásticas que possibilitam a reforma dos traços naturais de qualquer pessoa. É em meio a esses valores e práticas tão atuais que o diretor aponta a câmera para aquilo que ele pode filmar. Se Malick tentou capturar a essência divina em "Árvore da Vida", aqui o trabalho de Almodóvar é mais fácil, pois baseia-se no físico, não no metafísico; no que pode definitivamente ser capturado. Ainda assim esse conseguiu filmar uma das melhores películas de 2011. Vale lembrar que o filme é vagamente baseado no romance de Thierry Jonquet, chamado "Tarântula".
A Árvore da Vida
3.4 3,1K Assista AgoraDiscordo que o filme deveria ter uma narrativa mais linear, clara e cronológica. São justamente essas idas e vindas no tempo que demonstram o toque de humildade presente na vida de tudo o que foi, é e pode vir a ser.
Mallick consegue capturar como ninguém a graça que é estar vivo, observar, crescer; tudo em conjunção com as crueldades da natureza, que funciona como motor do desencantamento.
A morte é tema central da vida. Mais do que sua antitese, ela é, de um ponto de vista subjetivo, a completude de um circulo dentro de outros círculos. Tudo, a partir do primeiro sinal de vida, está fadado ao fim, fator interno e inerente. Para viver é preciso aceitar a morte.
Os Pinguins do Papai
3.1 1,3K Assista AgoraPéssimo, com as mesmas liçõezinhas de moral pífias que o cinema hollywoodiano adora.
Alexandria
4.0 583 Assista AgoraO quanto o Cristianismo, durante séculos, suprimiu o pensamento crítico humano que era contrário a sua fé e às políticas de sua fé, provocando para isso barbaridades das mais impensáveis.
O Samurai
4.2 145Alain Delon encarna o verdadeiro espírito de um samurai, porém, ironicamente, no papel de um mercenário moderno. Assim como os guerreiros orientais, Jef Costello subtrai seus sentimentos em favor do raciocínio frio do seu dever e, no entanto, nunca perde a honra como valor primordial.
Melville nos brinda com essa verdadeira pérola do cinema francês, que sem dúvida serviu como base para os muitos filmes centrados em criminosos que o cinema Hollywoodiano lançou nos anos que viriam.
Week-End à Francesa
3.8 108O filme desnuda o conflito classista existente na sociedade 'ocidental' da forma mais violenta possível. Godard não impõe limites ao demonstrar - em imagens, som e textos - o horror e o caos inerentes à estrutura societária mais racionalizada e sistematizada da história.
Tempos Modernos
4.4 1,1K Assista AgoraGenial, genial.
A Primeira Noite de Um Homem
4.1 809 Assista AgoraMrs Robinson.
A Montanha dos Sete Abutres
4.4 246 Assista AgoraRepresenta perfeitamente o que muitas vezes acontece nos bastidores daquele órgão que, para o indivíduo que olha de fora, parece incorruptível, imparcial, e sempre verídico: a mídia. Nos convida a questionar as ações da imprensa, tal como ela se constituí nos dias atuais, ao apoiar tacitamente um político execrando o seu adversário ou, numa analise mais ampla, ao defender determinados modelos políticos e econômicos que, por conseguinte, sejam favoráveis aos seus diversos interesses.
Cine Majestic
3.7 251 Assista AgoraInteressante a maneira como o filme retrata os EUA como o país da liberdade, ou seja, aquele que sempre lutou do lado certo, sendo o lado certo o lado "bom", da "democracia" contra os "vilões ditadores" ao redor do mundo. Mesmo a liberdade de expressão sendo o valor por eles mais querido - talvez mais do que a própria vida - não houve hesitação alguma do Estado em romper com toda a estrutura "democrática" ao sentir que existia de fato uma possível ameaça às suas instituições tradicionais.
Interessante.