Produção feita por mulheres, sobre mulheres, para mulheres. Abordando a misoginia, o machismo e o feminicídio, a série traz as sutilezas com que as formas de violencia contra a mulher aparecem em nosso dia-a-dia, escancarando a ponto de tornar insuportável. Como sofremos silenciosamente e morremos aos poucos a partir do momento em que nascemos com o corpo feminino, não importando a idade. A proposta de enredo que a série trouxe fez com que eu me visse mergulhada por completo na história das personagens e poucas vezes - se não a única - me vi tão pessoalmente inserida em um drama. Eu me chocava por elas, torcia por elas, sofria com elas. Incrivelmente bem escrita nesse quesito. Muito satisfatório ver uma mulher num cargo raramente ocupado nas produções audiovisuais, que sabe do que fala e que exige o respeito obrigatório que vem (ou deveria vir) não só do cargo como de sua pessoa e da bagagem que carrega consigo. Os twists da história não são óbvios ao longo da narrativa, mas quando aparecem percebemos que era algo que estava acontecendo e que as implicações do texto mostravam-nas para nós. Tecnicamente falando é um pouco relapso. A fotografia é estonteante com todas aquelas paisagens grandiosas, que colide de forma harmoniosa com a arte, que vem pra trazer o clima frio do lugar ("frio" no sentido de afastamento dos relacionamentos interpessoais). Os momentos em que cores estão mais presentes são as cenas do acampamento para mulheres da GJ (implicidade é tudo). Mas a edição... urgh! Cortes totalmente desconexos com o momento que a cena mostrava; foram inúmeras as vezes em que me vi retirada da imersão da história simplesmente porque algum plano foi cortado abruptamente e/ou jogada para uma nova cena, sem motivo narrativo algum. A montagem num geral fez com que espaço E tempo ficassem confusos pra mim - se tem algo que eu odeio é não saber quanto tempo foi passado entre as sequencias - quando pensava que tinha me estabelecido, era jogada na confusão novamente. As atuações são magistrais, não há mais nada a falar sobre isso. Especificamente Elizabeth Moss e Holly Hunter, maravilhosas. Tanto mulheres quanto homens dando o seu melhor aqui, não há do que reclamar. O desfecho da série ficou um pouco cortado e deixando a sensação de que algumas informações faltaram ou foram perdidas durante a produção final. Não sei se era algo intencional dos realizadores - tendo em vista toda a temática realista e crua da série - mas eu em particular senti falta de algumas resoluções para o público. Enfim, todos esses últimos pontos não são suficientes pra tirar o brilho de Top of the Lake. O tipo de série que recomendaria a todas as mulheres, pra que nunca esqueçamos o que passamos diariamente e como nós somos as verdadeiras guerreiras dessa sociedade, como não podemos confiar em ninguém além de nós mesmas. "Be like a cat, heal yourself. There's no match for the tremendous intelligence of the body"
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Top of the Lake (1ª Temporada)
4.0 100 Assista AgoraProdução feita por mulheres, sobre mulheres, para mulheres. Abordando a misoginia, o machismo e o feminicídio, a série traz as sutilezas com que as formas de violencia contra a mulher aparecem em nosso dia-a-dia, escancarando a ponto de tornar insuportável. Como sofremos silenciosamente e morremos aos poucos a partir do momento em que nascemos com o corpo feminino, não importando a idade. A proposta de enredo que a série trouxe fez com que eu me visse mergulhada por completo na história das personagens e poucas vezes - se não a única - me vi tão pessoalmente inserida em um drama. Eu me chocava por elas, torcia por elas, sofria com elas. Incrivelmente bem escrita nesse quesito. Muito satisfatório ver uma mulher num cargo raramente ocupado nas produções audiovisuais, que sabe do que fala e que exige o respeito obrigatório que vem (ou deveria vir) não só do cargo como de sua pessoa e da bagagem que carrega consigo.
Os twists da história não são óbvios ao longo da narrativa, mas quando aparecem percebemos que era algo que estava acontecendo e que as implicações do texto mostravam-nas para nós.
Tecnicamente falando é um pouco relapso. A fotografia é estonteante com todas aquelas paisagens grandiosas, que colide de forma harmoniosa com a arte, que vem pra trazer o clima frio do lugar ("frio" no sentido de afastamento dos relacionamentos interpessoais). Os momentos em que cores estão mais presentes são as cenas do acampamento para mulheres da GJ (implicidade é tudo). Mas a edição... urgh! Cortes totalmente desconexos com o momento que a cena mostrava; foram inúmeras as vezes em que me vi retirada da imersão da história simplesmente porque algum plano foi cortado abruptamente e/ou jogada para uma nova cena, sem motivo narrativo algum. A montagem num geral fez com que espaço E tempo ficassem confusos pra mim - se tem algo que eu odeio é não saber quanto tempo foi passado entre as sequencias - quando pensava que tinha me estabelecido, era jogada na confusão novamente.
As atuações são magistrais, não há mais nada a falar sobre isso. Especificamente Elizabeth Moss e Holly Hunter, maravilhosas. Tanto mulheres quanto homens dando o seu melhor aqui, não há do que reclamar.
O desfecho da série ficou um pouco cortado e deixando a sensação de que algumas informações faltaram ou foram perdidas durante a produção final. Não sei se era algo intencional dos realizadores - tendo em vista toda a temática realista e crua da série - mas eu em particular senti falta de algumas resoluções para o público.
Enfim, todos esses últimos pontos não são suficientes pra tirar o brilho de Top of the Lake. O tipo de série que recomendaria a todas as mulheres, pra que nunca esqueçamos o que passamos diariamente e como nós somos as verdadeiras guerreiras dessa sociedade, como não podemos confiar em ninguém além de nós mesmas.
"Be like a cat, heal yourself. There's no match for the tremendous intelligence of the body"