Em um momento do filme, o Capitao Willard chega em um de seus soldados no meio de uma batalha, e pergunta: "Quem está comandando esta operação?", o soldado olha para ele e responde com outra pergunta: "Não é você?". Esta cena representa tudo o que o Coppola quis dizer neste longa: o quão desorganizada foi esta guerra, o quanto foi um suicídio o que sofreram os soldados estadunidenses, o quão perdido estavam aqueles jovens em meio à tanta loucura liderada por governantes genocidas. Só por esta cena já vale o filme, só por esta cena apocalipse Now merece ser classificado como uma das maiores belezas que o cinema já produziu.
Há um constante erro na tradução dos títulos de filmes estrangeiros para o português, muitas vezes podem soar apenas estranhos como Pierrot Le Fou (Pierrot, o louco) que no Brasil ficou com o inexplicável título, O Demônio das Onze Horas – mas muitas vezes podem prejudicar e até dar spoilers como na terrível tradução de Mulholland Drive (que é o nome da avenida onde acontece boa parte do filme) que aqui ficou com o revelador título Cidade dos Sonhos. No filme em questão No Country For Old Men “ganha” uma ininteligente e prejudicial tradução para “Onde os Fracos não tem vez” que seria muito melhor (e correto) se trocassem a palavra “fracos” por “velhos” ou se simplesmente utilizassem ao pé da letra como em Portugal, “Este país não é para velhos”.
Desde que estrearam em 1984 com o excepcional Gosto de Sangue, os irmãos Coen tem uma regularidade impressionante com uma filmografia invejável a qualquer diretor. A dupla já fez filmes espetaculares como Fargo, O Homem Que Não Estava Lá, Bravura Indômita, O Grande Lebowski e até seus irregulares Matadores de Velhinhas e E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? tem seus bons momentos. Em No Country For Old Men não é diferente, o filme tem uma trama eletrizante, onde os momentos de perseguição chega a ser tão tensos como os de Exterminador do Futuro 2 - e todo o enredo é tão bem desenvolvido e inteligente, sem deixar nada mastigado, trazendo assim, interpretações diferentes.
Todo o elenco do filme é muito bom, destacando-se (claro) o Javier Bardem, que aqui faz uma atuação sensacional com o seu personagem Chigurh, que mesmo com o seu jeito sério, taciturno e tranquilo, já logo de cara nos faz entender que se trata de um sociopata, mesmo se não tivéssemos visto-o matando alguém.
O Xerife Ed (Tommy Lee Jones) após muitos anos de profissão nunca tinha visto nada igual ao que estava acontecendo, ficando impressionado com as ações e a psicopatia de Chigurh, mas mesmo que disposto a parar o assassino, ele sempre está atrasado ante aos acontecimentos, sempre que chega já aconteceu o que tinha que acontecer. A prova do despreparo e dá relação com o passado da polícia no filme é quando o Xerife Ed e seu parceiro Wendell chegam ao local da negociação montados em seus cavalos, enquanto só vemos carros ao redor. Chigurh aqui é a representação da morte, por onde ele passa raramente alguém consegue escapar vivo. Apesar de Moss (Josh Brolin) tanto fugir, o destino dele era inevitável e o Xerife Ed sabia disso.
Os Coen conseguem nos mostrar tudo de maneira espetacular, a cena em que o Chigurh entra na loja de conveniências e ameaça o vendedor é uma das melhores do filme, intercalando entre planos abertos e outros fechadíssimos, conforme a tensão aumenta. Conta também com uma ótima direção de arte, mostrando as cordas ao fundo da loja, como se o velho estivesse numa forca e uma trilha sufocante, valorizando os sons diegéticos que com todo aquele silêncio aumenta ainda mais a tensão.
No fim o Xerife Ed Tom Bell chegou tarde demais, não conseguiu salvar o Moss e nós espectadores também não conseguimos chegar a tempo e nem ao menos vimos como tudo aconteceu e assim percebemos que depois de 122 minutos de filme o verdadeiro velho do filme éramos nós.
Em julho de 2005 chegava ao Brasil Sin City – A Cidade do Pecado, um filme que de forma magistral conseguiu trazer a HQ (homônima) de Frank Miller para dentro das telonas. Apresentando de forma envolvente, quatro histórias interessantíssimas que se cruzavam com momentos extremamente violentos e espetaculares, nos remetendo aos filmes noir da década de 40. Utilizando da mesma fonte, esse Sin City 2 – a dama fatal tenta ser igual ao anterior, mas acaba se transformando numa grande frustração para quem tanto apreciou o primeiro longa.
Ao longo dos intermináveis 102 minutos de projeção, acompanhamos diversas histórias que, diferente do primeiro filme, são muito menos interessantes e mal desenvolvidas. As narrações em off que eram tão fortes no primeiro longa, perdem força, com diálogos que não são nada interessantes como os do primeiro filme, frases marcantes como “o velho morre, a garotinha vive, uma troca justa”, são substituídas por irrelevantes: “Devo ter esquecido de tomar o remédio, eu tenho um problema, é ruim esquecer de tomar o remédio quando você tem um problema”.
No primeiro filme, os momentos que tinham cores eram pra poder destacar algo importante na trama, como por exemplo, o vilão, pois a cor amarela é muito bem utilizada para nos passar o quanto o cara era nojento, pela cor dele você praticamente sentia o seu fedor. Já nesse segundo, ela é jogada de qualquer jeito, com personagens completamente coloridos, sangues e grandes chamas de fogo, utilizada apenas pra brincar e enfeitar a tela.
O elenco do filme é completamente extenso e recheado de personalidades de destaque, mas que pouco consegue fazer por seus papéis curtos e sem função narrativa (temos até a Lady Gaga de garçonete). Jessica Alba faz aqui uma das piores atuações que eu já vi, a cena em que ela se corta é uma das cenas mais constrangedoras do cinema, ela consegue proporcionar uma atuação tão ruim, que numa cena que era para nos dar tensão, nos traz risadas.
A deliciosa e fraca Eva Green, apesar de dar título ao filme, assim como no fraquíssimo 300 – A ascensão de um império (2014, Noam Murro), tem um tempo gigantesco de tela, com um roteiro feito para poder exibir seu belo corpo. Utilizando assim todo o tempo do personagem do Bruce Willis, por exemplo, que mesmo morto poderia ter uma história muito melhor desenvolvida.
Os diretores (Frank Miller e Robert Rodriguez) brincam de todas as maneiras possíveis, com carros andando em volta da cabeça dos personagens, cabeças explodindo pra todos lados, sem função narrativa alguma. Com isso nos fica a dúvida se o Tarantino dirigiu apenas uma cena no primeiro filme.
Como disse o Marv: "é ruim esquecer de tomar o remédio quando você tem um problema” e acho que o Rodriguez e o Miller esqueceram de tomar o seu remédio.
O grande problema do gênero comédia (e retiro, por questão de gosto, os filmes mudos como os do Charlie Chaplin, Buster Keaton, Harold Lloyd, etc. ), é que com o passar dos anos elas podem ficar datadas e principalmente repetitivas. Isso se deve pela época, pois um filme que hoje pode ser extremamente engraçado, no futuro talvez, seja chato e entediante, isso por causa do contexto do período em que foi lançado, pra aquele tempo a piada poderia funcionar bem, mas pra hoje possa ser sem graça. Esse problema acontece com grande freqüência, por exemplo, em “M.A.S.H”, 1970 (Robert Altman), porém no filme em questão não sentimos tanto esse problema como no clássico de 70, mas ele existe.
“The Party” (título original) ou o terrível “Um convidado bem trapalhão” (em português), segue a linha do acaso, onde um “penetra” INDIANO (Peter Sellers) (e uso o indiano em destaque, pois isso é algo importante que o filme trata), recebe um convite para uma festa e chegando lá, todos o olham estranho por não o conhecerem ou pelo mesmo modo como são tratados os estrangeiros ao chegarem ao país, mas não é pra menos, pois o cara chega destruindo tudo. Mas essa caracterização de um idiota criada pelo diretor/roteirista Blake Edwards, pode soar um pouco preconceituosa, porque o filme insiste em pôr alguém sempre perguntando ao protagonista se ele bebe e ficam impressionados que o cara faz tudo aquilo sóbrio, isso pode ser usado como uma gag, mas ao contrário do garçom (provavelmente nascido nos EUA) que só faz as burradas após se embebedar. A cena em que a filha do casal dono da casa conversa com o Hrundi V. Bakshi (Peter Sellers) sobre a pintura no elefante é um apelo do Edwards para dizer “ah, não tive a intenção de ofender ninguém, se ofendi, desculpe”.
Mas isso é tão recorrente nos filmes estadunidenses, “Borat”, 2006 (Larry Charles) é um exemplo desse modo xenofóbico de agir. Felizmente após “aceitarmos” o filme, o diretor nos traz uma comédia, sim, engraçada, como logo no começo, quando o protagonista perde o sapato. Fora a cegueira e a falta de sensibilidade dos personagens, por exemplo, na cena em que o frango gruda no cabelo de um dos personagens e este não sente nada e ninguém vê aquele frango gigantesco na cabeça dele, o filme segue bem verossímil e as confusões em que os personagens se metem tomam proporções gigantescas, trazendo assim muitos momentos hilários.
Peter Sellers faz um papel excelente, as suas expressões (ou a falta delas) quando não entende uma piada ou a forma de andar é engraçadíssima. Blake Edwards tem uma direção segura e inteligente, fazendo bastantes planos longos e conjuntos, nos trazendo pra dentro da festa, e nos fazendo participar de todas aquelas confusões. E destaco parte do elenco de apoio, que apesar de serem apenas peças para as piadas de Sellers, outros têm participações curtas, mas ótimas, como o dono da casa que a sua paciência que de tão grande, traz momentos muito bons. Mas o mordomo bêbado poderia ter continuado na gag de beber sempre que alguém negasse, pois quando realmente fica bêbado, o filme dá uma caída toda vez que este aparece.
Quando o filme chega ao seu final, temos uma oscilação grande entre partes boas e outras completamente ruins. A repetição das pessoas desmaiando toda vez que veem algo diferente ou se assustam com outra coisa, é excessivamente repetida, que infelizmente nos faz pensar hoje, que o título em português se encaixa muito melhor no filme.
Depois de uma trilogia de sucesso (monetariamente falando), por que não fazer um quarto filme e ganhar muito dinheiro? E me parece que foi só com essa ideia que a equipe responsável por esse péssimo Jurassic World, trabalhou. E apesar do filme assumidamente expor essa ideia, como naquele diálogo em que a diretora do parque diz: “ninguém mais se impressiona com dinossauros” (portanto vamos criar um novo dinossauro geneticamente alterado e impressioná-los de novo), o filme se limita a apenas isso e todo o resto continua igual aos anteriores. Atirando todos os clichês possíveis na cara do espectador sem pudor nenhum: A mulher bonita e poderosa que se apaixona pelo simples funcionário, mas claro, bonitão. Seguem se ajudando o filme todo e no meio de tanto caos tem que dar aquela paradinha para se beijarem. Queria ver a coragem de pôr uma Heather Matarazzo e um Klaus Kinski no front do filme. A equipe de roteiristas nos recheiam com frases óbvias, como aquela que a mãe dos garotos diz antes da viagem: “se algo perseguir vocês, corram”, desnecessariamente nos preparando para o que viria a seguir. Mas isso não é nem ¼ pior do que aquela parceria entre o velociraptor e o T-Rex, jurei que iria rolar um aperto de mão quando os dois se olharam após a luta. E por que o dinossaurão que vivia dentro d’água deu aquele salto gigantesco para atacar o Indominus rex? Sendo que ele nunca atacou os humanos que passavam por lá?
Infelizmente o longa não se preocupa com essas falhas do roteiro, contanto que tudo ocorra bem e nenhum protagonista se machuque, tá tudo certo. Além disso o diretor usa todo o seu maniqueísmo para nos mostrar logo no começo que o Vic Hoskins é um vilão, como quando os velociraptors rosnam pra ele, ou quando ele assume o comando e diz: “agora eu estou no controle...” só faltou o “muahahaha”. E por que raios os personagens só correm quando alguém diz pra eles, “corraaaam”? A única parte boa (apesar da ressalva acima), fica por conta do diretor, que consegue nos mostrar muito bem tudo o que está acontecendo, principalmente nas cenas de ação, onde vemos claramente quem está vencendo quem ou quem foi mordido/morto.
Muitos espectadores saíram das salas de cinema dizendo o quanto foi impressionante aquele dinossauro, o quanto foi bem feita aquela outra cena, mas imediatamente começarão a falar sobre o que vão comer ou comprar, com certeza na volta pra casa já nem se lembrarão muito do que se passou no filme. E um filme que é tão esquecível e desnecessário como esse, encherá os bolsos de dinheiro de quem o fez.
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Apocalypse Now
4.3 1,2K Assista AgoraEm um momento do filme, o Capitao Willard chega em um de seus soldados no meio de uma batalha, e pergunta: "Quem está comandando esta operação?", o soldado olha para ele e responde com outra pergunta: "Não é você?". Esta cena representa tudo o que o Coppola quis dizer neste longa: o quão desorganizada foi esta guerra, o quanto foi um suicídio o que sofreram os soldados estadunidenses, o quão perdido estavam aqueles jovens em meio à tanta loucura liderada por governantes genocidas. Só por esta cena já vale o filme, só por esta cena apocalipse Now merece ser classificado como uma das maiores belezas que o cinema já produziu.
Onde os Fracos Não Têm Vez
4.1 2,4K Assista AgoraHá um constante erro na tradução dos títulos de filmes estrangeiros para o português, muitas vezes podem soar apenas estranhos como Pierrot Le Fou (Pierrot, o louco) que no Brasil ficou com o inexplicável título, O Demônio das Onze Horas – mas muitas vezes podem prejudicar e até dar spoilers como na terrível tradução de Mulholland Drive (que é o nome da avenida onde acontece boa parte do filme) que aqui ficou com o revelador título Cidade dos Sonhos. No filme em questão No Country For Old Men “ganha” uma ininteligente e prejudicial tradução para “Onde os Fracos não tem vez” que seria muito melhor (e correto) se trocassem a palavra “fracos” por “velhos” ou se simplesmente utilizassem ao pé da letra como em Portugal, “Este país não é para velhos”.
Desde que estrearam em 1984 com o excepcional Gosto de Sangue, os irmãos Coen tem uma regularidade impressionante com uma filmografia invejável a qualquer diretor. A dupla já fez filmes espetaculares como Fargo, O Homem Que Não Estava Lá, Bravura Indômita, O Grande Lebowski e até seus irregulares Matadores de Velhinhas e E Aí, Meu Irmão, Cadê Você? tem seus bons momentos. Em No Country For Old Men não é diferente, o filme tem uma trama eletrizante, onde os momentos de perseguição chega a ser tão tensos como os de Exterminador do Futuro 2 - e todo o enredo é tão bem desenvolvido e inteligente, sem deixar nada mastigado, trazendo assim, interpretações diferentes.
Todo o elenco do filme é muito bom, destacando-se (claro) o Javier Bardem, que aqui faz uma atuação sensacional com o seu personagem Chigurh, que mesmo com o seu jeito sério, taciturno e tranquilo, já logo de cara nos faz entender que se trata de um sociopata, mesmo se não tivéssemos visto-o matando alguém.
O Xerife Ed (Tommy Lee Jones) após muitos anos de profissão nunca tinha visto nada igual ao que estava acontecendo, ficando impressionado com as ações e a psicopatia de Chigurh, mas mesmo que disposto a parar o assassino, ele sempre está atrasado ante aos acontecimentos, sempre que chega já aconteceu o que tinha que acontecer. A prova do despreparo e dá relação com o passado da polícia no filme é quando o Xerife Ed e seu parceiro Wendell chegam ao local da negociação montados em seus cavalos, enquanto só vemos carros ao redor.
Chigurh aqui é a representação da morte, por onde ele passa raramente alguém consegue escapar vivo. Apesar de Moss (Josh Brolin) tanto fugir, o destino dele era inevitável e o Xerife Ed sabia disso.
Os Coen conseguem nos mostrar tudo de maneira espetacular, a cena em que o Chigurh entra na loja de conveniências e ameaça o vendedor é uma das melhores do filme, intercalando entre planos abertos e outros fechadíssimos, conforme a tensão aumenta. Conta também com uma ótima direção de arte, mostrando as cordas ao fundo da loja, como se o velho estivesse numa forca e uma trilha sufocante, valorizando os sons diegéticos que com todo aquele silêncio aumenta ainda mais a tensão.
No fim o Xerife Ed Tom Bell chegou tarde demais, não conseguiu salvar o Moss e nós espectadores também não conseguimos chegar a tempo e nem ao menos vimos como tudo aconteceu e assim percebemos que depois de 122 minutos de filme o verdadeiro velho do filme éramos nós.
Sin City: A Dama Fatal
3.4 974 Assista AgoraEm julho de 2005 chegava ao Brasil Sin City – A Cidade do Pecado, um filme que de forma magistral conseguiu trazer a HQ (homônima) de Frank Miller para dentro das telonas. Apresentando de forma envolvente, quatro histórias interessantíssimas que se cruzavam com momentos extremamente violentos e espetaculares, nos remetendo aos filmes noir da década de 40. Utilizando da mesma fonte, esse Sin City 2 – a dama fatal tenta ser igual ao anterior, mas acaba se transformando numa grande frustração para quem tanto apreciou o primeiro longa.
Ao longo dos intermináveis 102 minutos de projeção, acompanhamos diversas histórias que, diferente do primeiro filme, são muito menos interessantes e mal desenvolvidas. As narrações em off que eram tão fortes no primeiro longa, perdem força, com diálogos que não são nada interessantes como os do primeiro filme, frases marcantes como “o velho morre, a garotinha vive, uma troca justa”, são substituídas por irrelevantes: “Devo ter esquecido de tomar o remédio, eu tenho um problema, é ruim esquecer de tomar o remédio quando você tem um problema”.
No primeiro filme, os momentos que tinham cores eram pra poder destacar algo importante na trama, como por exemplo, o vilão, pois a cor amarela é muito bem utilizada para nos passar o quanto o cara era nojento, pela cor dele você praticamente sentia o seu fedor. Já nesse segundo, ela é jogada de qualquer jeito, com personagens completamente coloridos, sangues e grandes chamas de fogo, utilizada apenas pra brincar e enfeitar a tela.
O elenco do filme é completamente extenso e recheado de personalidades de destaque, mas que pouco consegue fazer por seus papéis curtos e sem função narrativa (temos até a Lady Gaga de garçonete). Jessica Alba faz aqui uma das piores atuações que eu já vi, a cena em que ela se corta é uma das cenas mais constrangedoras do cinema, ela consegue proporcionar uma atuação tão ruim, que numa cena que era para nos dar tensão, nos traz risadas.
A deliciosa e fraca Eva Green, apesar de dar título ao filme, assim como no fraquíssimo 300 – A ascensão de um império (2014, Noam Murro), tem um tempo gigantesco de tela, com um roteiro feito para poder exibir seu belo corpo. Utilizando assim todo o tempo do personagem do Bruce Willis, por exemplo, que mesmo morto poderia ter uma história muito melhor desenvolvida.
Os diretores (Frank Miller e Robert Rodriguez) brincam de todas as maneiras possíveis, com carros andando em volta da cabeça dos personagens, cabeças explodindo pra todos lados, sem função narrativa alguma. Com isso nos fica a dúvida se o Tarantino dirigiu apenas uma cena no primeiro filme.
Como disse o Marv: "é ruim esquecer de tomar o remédio quando você tem um problema” e acho que o Rodriguez e o Miller esqueceram de tomar o seu remédio.
Um Convidado Bem Trapalhão
3.9 186 Assista AgoraO grande problema do gênero comédia (e retiro, por questão de gosto, os filmes mudos como os do Charlie Chaplin, Buster Keaton, Harold Lloyd, etc. ), é que com o passar dos anos elas podem ficar datadas e principalmente repetitivas. Isso se deve pela época, pois um filme que hoje pode ser extremamente engraçado, no futuro talvez, seja chato e entediante, isso por causa do contexto do período em que foi lançado, pra aquele tempo a piada poderia funcionar bem, mas pra hoje possa ser sem graça. Esse problema acontece com grande freqüência, por exemplo, em “M.A.S.H”, 1970 (Robert Altman), porém no filme em questão não sentimos tanto esse problema como no clássico de 70, mas ele existe.
“The Party” (título original) ou o terrível “Um convidado bem trapalhão” (em português), segue a linha do acaso, onde um “penetra” INDIANO (Peter Sellers) (e uso o indiano em destaque, pois isso é algo importante que o filme trata), recebe um convite para uma festa e chegando lá, todos o olham estranho por não o conhecerem ou pelo mesmo modo como são tratados os estrangeiros ao chegarem ao país, mas não é pra menos, pois o cara chega destruindo tudo. Mas essa caracterização de um idiota criada pelo diretor/roteirista Blake Edwards, pode soar um pouco preconceituosa, porque o filme insiste em pôr alguém sempre perguntando ao protagonista se ele bebe e ficam impressionados que o cara faz tudo aquilo sóbrio, isso pode ser usado como uma gag, mas ao contrário do garçom (provavelmente nascido nos EUA) que só faz as burradas após se embebedar. A cena em que a filha do casal dono da casa conversa com o Hrundi V. Bakshi (Peter Sellers) sobre a pintura no elefante é um apelo do Edwards para dizer “ah, não tive a intenção de ofender ninguém, se ofendi, desculpe”.
Mas isso é tão recorrente nos filmes estadunidenses, “Borat”, 2006 (Larry Charles) é um exemplo desse modo xenofóbico de agir. Felizmente após “aceitarmos” o filme, o diretor nos traz uma comédia, sim, engraçada, como logo no começo, quando o protagonista perde o sapato. Fora a cegueira e a falta de sensibilidade dos personagens, por exemplo, na cena em que o frango gruda no cabelo de um dos personagens e este não sente nada e ninguém vê aquele frango gigantesco na cabeça dele, o filme segue bem verossímil e as confusões em que os personagens se metem tomam proporções gigantescas, trazendo assim muitos momentos hilários.
Peter Sellers faz um papel excelente, as suas expressões (ou a falta delas) quando não entende uma piada ou a forma de andar é engraçadíssima. Blake Edwards tem uma direção segura e inteligente, fazendo bastantes planos longos e conjuntos, nos trazendo pra dentro da festa, e nos fazendo participar de todas aquelas confusões. E destaco parte do elenco de apoio, que apesar de serem apenas peças para as piadas de Sellers, outros têm participações curtas, mas ótimas, como o dono da casa que a sua paciência que de tão grande, traz momentos muito bons. Mas o mordomo bêbado poderia ter continuado na gag de beber sempre que alguém negasse, pois quando realmente fica bêbado, o filme dá uma caída toda vez que este aparece.
Quando o filme chega ao seu final, temos uma oscilação grande entre partes boas e outras completamente ruins. A repetição das pessoas desmaiando toda vez que veem algo diferente ou se assustam com outra coisa, é excessivamente repetida, que infelizmente nos faz pensar hoje, que o título em português se encaixa muito melhor no filme.
Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros
3.6 3,0K Assista AgoraDepois de uma trilogia de sucesso (monetariamente falando), por que não fazer um quarto filme e ganhar muito dinheiro? E me parece que foi só com essa ideia que a equipe responsável por esse péssimo Jurassic World, trabalhou. E apesar do filme assumidamente expor essa ideia, como naquele diálogo em que a diretora do parque diz: “ninguém mais se impressiona com dinossauros” (portanto vamos criar um novo dinossauro geneticamente alterado e impressioná-los de novo), o filme se limita a apenas isso e todo o resto continua igual aos anteriores.
Atirando todos os clichês possíveis na cara do espectador sem pudor nenhum: A mulher bonita e poderosa que se apaixona pelo simples funcionário, mas claro, bonitão. Seguem se ajudando o filme todo e no meio de tanto caos tem que dar aquela paradinha para se beijarem. Queria ver a coragem de pôr uma Heather Matarazzo e um Klaus Kinski no front do filme. A equipe de roteiristas nos recheiam com frases óbvias, como aquela que a mãe dos garotos diz antes da viagem: “se algo perseguir vocês, corram”, desnecessariamente nos preparando para o que viria a seguir. Mas isso não é nem ¼ pior do que aquela parceria entre o velociraptor e o T-Rex, jurei que iria rolar um aperto de mão quando os dois se olharam após a luta. E por que o dinossaurão que vivia dentro d’água deu aquele salto gigantesco para atacar o Indominus rex? Sendo que ele nunca atacou os humanos que passavam por lá?
Infelizmente o longa não se preocupa com essas falhas do roteiro, contanto que tudo ocorra bem e nenhum protagonista se machuque, tá tudo certo. Além disso o diretor usa todo o seu maniqueísmo para nos mostrar logo no começo que o Vic Hoskins é um vilão, como quando os velociraptors rosnam pra ele, ou quando ele assume o comando e diz: “agora eu estou no controle...” só faltou o “muahahaha”. E por que raios os personagens só correm quando alguém diz pra eles, “corraaaam”?
A única parte boa (apesar da ressalva acima), fica por conta do diretor, que consegue nos mostrar muito bem tudo o que está acontecendo, principalmente nas cenas de ação, onde vemos claramente quem está vencendo quem ou quem foi mordido/morto.
Muitos espectadores saíram das salas de cinema dizendo o quanto foi impressionante aquele dinossauro, o quanto foi bem feita aquela outra cena, mas imediatamente começarão a falar sobre o que vão comer ou comprar, com certeza na volta pra casa já nem se lembrarão muito do que se passou no filme. E um filme que é tão esquecível e desnecessário como esse, encherá os bolsos de dinheiro de quem o fez.