Villeneuve é um mágico. Esse filme é tão filosófico e reflexivo quanto A Chegada é, o tempo todo com questionamentos ao cerne humano enquanto condição existencial e paralelos que encaixam como uma luva à nossa realidade. O antagonista de Jared Leto é muito ignoravel e isso se deve ao quanto o personagem de Gosling e Ford são fascinantes e abrangentes, é possível falar que cinco horas de filme seriam insuficientes para abordar cada dilema de K e eu amo esse filme por isso, além de toda estética maravilhosa que envolve ele
Eu admiro tanto a consistência do trabalho do Villeneuve. Falando da perspectiva de alguém que não viu o primeiro filme, Blade Runner 2049 é extremamente genial, em tudo. O diretor já havia provado seu dom em A Chegada e aqui ele só mostra mais uma vez que tem um inegável talento pro gênero. Que estética maravilhosa e reflexiva é a desse filme, tô em choque! Uma pena o 3D estragar um pouco desse trabalho visual no filme, por que realmente ficou ruim esse recurso, além de desnecessário
A pessoas esquecem as vezes que por trás de um artista existe uma pessoa, pessoa essa sucetivel, como qualquer outra. O documentário não é perfeito, mas mostra um lado humano lindo
Uma re-adaptação quase que perfeita do livro. Respeitosa com o material de origem e nos poucos momentos que se desvia dele, continua bem feito. Engana-se quem pensa que o filme é sobre um palhaço assasino. Apesar de Bill Skarsgård brilhar como um vilão (tão bom quanto o de Tim Curry e mais ameaçador), ele é um elemento alegórico de roteiro e um produto que funciona como consequência da verdadeira ameaça do filme, o medo. Quando você tem um vilão com o potencial de evocar os maiores medos do personagem, deixar com que ele seja um acessório e criar uma atmosfera tão ameaçadora quanto, é algo estratégico numa história. E esse elemento existe tanto no filme quanto no livro, "Derry" deixa de ser apenas um cenário e constitui um personagem em si, ela exala "A Coisa", é uma própria extensão da criatura, até por que o filme não se resume à "Pennywise" em si atacando crianças, ele trabalha paralelamente temáticas como o abuso físico/psicológico/sexual, racismo e bullying, por mais que tenha sido amenizado em relação ao material original (tempo em tela acaba que limita a quantidade de coisas que podem ser abordadas, o filme não pode ser acusado de negligênciar essas pautas, o que já tem crítica fazendo) Mais sanguinário e ousado do que eu achei que fosse ser, um timing cômico ótimo para aliviar a tensão (até por que estamos falando de um filme protagonizado pro garotos de treze anos) e momentos de drama intenso (chorei, nem minto).
PS: Bill é genial e cria um "Pennywise" onde até o estrabismo constitui o ar ameaçador e imprevisível do vilão, mas quem brilha com força são as crianças. Penso se a continuação vai ter a mesma força sem o elenco mirim. "Eddie" se tornou um dos personagens mais interessantes do filme e Sophia Lillis foi um ótimo achado para a "Beverly" (apesar de estar numa posição problemática no roteiro).
Bingo traz à tona toda força de algo que é extremamente bonito, o cinema nacional em sua melhor forma. É o tipo de filme que faz você o subestimar ao ver o trailer, parece ser algo supérfluo e bobo, apenas uma comédia com teor nada politicamente correto, aquele tipo de filme que fará sucesso com uma parcela do público, mas que não atingirá, nem tocará ninguém.
E ao ver o filme essas definições vão todas embora, por que consegue não ser apenas o filme sobre um personagem da TV, ele se torna um estudo de humanidade no qual a gente vê o artista em sua mais crua forma, que é fora de seu trabalho, os anseios, medos, esperanças, desejos e sentimentos por trás da máscara do personagem, vemos o artista como uma figura palpável, trazendo humanidade ao profissional e mostrando não só sua ascensão, mas também sua queda e os que caem juntos. As luzes se apagam um dia, seja pela morte, seja pelo esquecimento, seja pela autodestruição e algo vai ficar. Essa lembrança muitas vezes é o que define o artista apara todo o sempre, após seu ato final. Holofotes são cruéis, eles amam e odeiam as pessoas para quem estão direcionados, constroem e destroem a imagem. Um artista só morre de verdade quando é substituído e ainda assim, seu nome fica gravado tanto quanto sua imagem, como disse Norma Desmond em Crepúsculo dos Deuses, “Estrelas são eternas, não são? ”
A direção desse filme é tão bem feita e fluída, Dani Rezende arrebentou. Leandra e Vladimir donos do meu ser e da atuação.
Infinitamente superior ao primeiro, o segundo filme consegue dentro de uma margem já batida, se destacar como um filme bem feito e sem muitos problemas, que mesmo que preso nos clichês de sempre que cercam os jumpscare, ainda se constrói bem. Podia ser melhor caso fosse menos visual e mais indutor, sem aparecer demais a ameaça ou até ocultar ela completamente, entregar a criatura precocemente diminui o alcance do clímax e só serve pra fazer o telespetador pular na cadeira. Mas ainda com esses erros, com toda a repetição do gênero, da já saturação por abuso do universo de Invocação do Mal, ele tem seu mérito. Eficiente em se conectar com o primeiro filme, um ótimo e inesperado twist no final e a promessa de mais filmes do universo (A Freira está vivíssima). Só espero uma reformulação para os próximos, por que esse possui alguns dos problemas de Invocação do Mal 2 e ninguém quer ver isso de novo num terceiro filme da franquia principal, em A Freira ou O Homem Torto.
Adoro que esse filme prova que o terror com adolescentes não precisa ser algo ridículo e nonsense. Ele sabe criar um clímax como ninguém e trás algo novo ao mostrar uma ameaça que de certa forma não é algo onipotente, mas algo com limitações que ajudam na narrativa e não torna tudo banal. É ameaçador na medida certa. Mas o final é bem preguiçoso, como se o roteiro não tivesse se preocupado com o encerramento do filme
Na teoria a mente é nosso santuário, é inviolável, é a única coisa que não pode ser roubada, e isso é algo reconfortante, a certeza que o acúmulo de conhecimentos e experiências que não nos podem ser tiradas, algo que de perpetua e no qual nos apoiamos. Para Sempre Alice desmancha todas essas certezas ao reforçar o sentimento de perca ao ver a própria vida ser tirada aos poucos e de maneira progressiva. Botar isso em tela não é fácil, por que retratar todas as faces desse abandono mental e em parte até social, junto com todo o comprometimento emocional que isso traz à tona, é algo que exige uma sensibilidade enorme em roteiro e atuação. Juju Moore dona ❤ (mas devolve o Oscar da Pyke)
Nota dez para fotografia e trilha. Bruna e Johnny reizinhos do cinema e TV nacional, o filme tem todo um tom apaixonante e simplista que remete à novelas das seis da TV Globo, e isso particularmente é algo que me agrada, por que a produção é genuinamente sincera sobre si mesma, sem nenhuma pretensão de ser maior do que é, esse é um ponto à favor. Mas o roteiro é extremamente inexistente e fraco. É linda essa tentativa de poetizar e encantar usando o cotidiano, mostrar que nisso há magia à ser explorada, mas funciona apenas caso seja bem planejado e executado desde o roteiro. E o roteiro desse filme se torna seu maior carrasco à partir do momento em que ele não encontra uma força motora e assim morre antes mesmo de transmitir algo. Há sensibilidade na história do filme, mas isso por si só não o torna sensível por que esse potencial não é explorado, apenas lançado e depois esquecido. Os núcleos demoram à se conectar e quando o fazem é sem finalidade alguma, apenas acontece. Inserir conflitos e depois abrir mão deles é algo desanimador e uma fotografia bonita e reflexiva em tons rústicos somado à frases prontas não salva a história que não se move, é contida e tem medo de si mesma, não ousa. Usar um protagonista que é mais ouvinte do que locutor da própria história é interessante, mas aí a reflexão se torna necessária, o fato dela não existir é frustrante e algo que não passa batido já que é uma das poucas coisas que existe na história.
Tratar do cotidiano no cinema se mostra ser uma arte bastante emocional, filmes como "Manchester à Beira-mar" sempre provam isso. Trazer à tona personagens de uma realidade como a nossa é algo que mesmo na sutileza, se mostra algo complexo, por que é muito fácil transformar isso em um material monótono que nos primeiros minutos desanima o telespetador. E não pela obra em si, mas pelo condicionamento da indústria à sempre nos tirar da realidade para entreter, quando as vezes algo simplista e humano consegue ser tão poderoso quanto. Dito isso, "Blue Valentine" propõe em tela acompanhar a convivência conjugal de Dean e Cynthia, um casal que passa por uma crise no relacionamento e tenta superar isso. Trabalhando o presente dos dois e mostrando paralelamente o passado e como começou o relacionamento deles, o filme deixa ambos como pilares que vão tentar sustentar a relação nas fraquezas, contrastando com os momentos onde a paixão era mais forte (é inteligente que apesar de tudo o que acontece, a cena final mostra que um fim não determina fracasso, pois os momentos bons ainda estão lá.
Eu adoro o trabalho do Aronofsky e cada vez que revejo Black Swan eu tenho percepções novas sobre esse filme. Mesmo que se possa discordar do mérito da Natalie pelo Oscar obtido por esse filme, ainda assim a Nina é uma das protagonistas mais cheias de camada que eu consigo me lembrar. Todos nós temos demônios internos, mas eles não necessáriamente serão obstáculos e podem justamente ser a escada para o alavancar do nome e do reconhecimento. O sucesso sempre terá um preço, e muitas vezes esse preço é o valor da própria sanidade, assim sendo, nada mais simbólico do que o sacrificio para chegar ao topo. E quando no final, esse sacrificio nem é o protagonista da história, mas sim os fins que o justificarão, vender a alma e o corpo por algo se torna mais do que uma possibilidade, é uma mera consequencia para o estrelato. Sentir a grandeza em si no final sempre será mais doce do que a trajetória, que pode acabar ser a mais amarga possível. E se a personalidade é fragmentada nesse processo, o que garante que por algo maior, ela não possa ser sobreposta por outras camadas senão a usual? Assim, uma pessoa totalmente nova surge, motivada pela vontade de ser grande, um agente do próprio subconsciente, forte e as vezes imparável em seu objetivo. Eu amo esse filme e tudo que envolve ele.
Esse filme, como tudo que o Nolan faz, me confunde. Não tem os problemas de roteiro de Interstellar, (até por que não tem roteiro) mas é meio desconexo entre os três núcleos que desenvolve, sem contar que a passagem de tempo que é diferente entre esse núcleos, é confusa, mesmo ele deixando claro com legendas até no iníco do filme, cheio de muleta técnica e sem grande desenvolvimento
A trilha sonora e toda o trabalho de som dele são uma das coisas mais bonitas que eu vi no cinema desse ano e mesmo sendo de um gênero do qual eu partticularmente não sou lá muito fã, esse filme eletriza e anima à cada segundo com as várias trilhas e melodias. Edgar e Steven eu os venero.
O filme não se conecta muito consigo mesmo e a narrativa possui falhas e uma certa preguiça de roteiro, transita em um genero de ficção científica, mas em seu desfecho ele acaba jogando para o alto o lado realístico e palpável da trama, usando de uma grande subjetividade que contrasta da pior maneira possível com sua proposta. A ambição do direto foi a maior inimiga de Interestelar, que prejudicou muito tanto no roteiro do filme, quanto na sua recepção depois, de longe o filme exala a presunção e a megalomania de Nolan
A narrativa do filme me incomoda um pouco, ela segue um padrão que embora ensaie construir ótimos momentos, se perde muito com algums cenas que quebram o climax e te trazem de volta ao meio externo do filme de maniera brusca, mas há boas sequencias e Lilly consegue mostrar que não está limitada à comédias romanticas e papeis alegres.
O melhor à se falar sobre esse filme, é que Marvel soube desenvolver o protagonista de uma forma que a Sony nunca o fez. Tom Holland parece ter sido moldado para o papel ou o papel parece ter sido moldado para ele, por que tudo cabe como uma luva. Dito isso, é válido constatar também que o ritmo do filme e construção de tudo, é algo super coerente com o estilo Marvel de se fazer cinema, fazendo com que De Volta Ao Lar seja provávelmente o que mais se harmoniza com a vibe da Casa de Ideias, junto com o primeiro Guardiões da Galáxia. Michael Keaton deu vida ao que provavelmente é um dos melhores vilões do universo Marvel até agora (algo que o estúdio insiste em errar sempre, é a construção de seus antagonistas), com reais motivações e uma atuação bem digna e simples, que encaixa bem com o personagem.
Mas o filme está longe de ser à prova de falhas. O terceiro ato é provavelmente um dos mais pobres do gênero e não funciona de forma alguma com nada, é algo corrido e resumido à explosões, barulho e CGI. Por mais que finalmente a Marvel tenha conseguido aplicar bem sua forma descontraída de trabalhar, o filme acaba sofrendo com a saturação de tudo que o estúdio já mostrou em outros longas desde Vingadores, que é o escape humorístico constante, um clima colorido e o uso de figuras como Tony Stark, fazendo com que o filme seja mais um da mesma fórmula redonda de sempre.
Invasão Zumbi prova que não é só Hollywood que sabe fazer blockbuster e inclusive se firma como referência de filmes do subgênero ao qual pertence. A produção Sul-coreana traz drama e catástrofe para a tela, trabalha não só as cenas de ação esperadas de um longa sobre um apocalipse zumbi, mas procura em meio à isso, jogar seus personagens em conflitos pessoais e de valores, isso de um forma lúcida e bem dirigida.
Ele tende à ser um pouco previsível sobre a evolução dos personagens ao longo das duas horas e não é nada original, embora bem executado. Entrega tudo que um blockbuster pede e entretém bastante. Talvez o filme fosse um pouco mais dinâmico com uma quantidade menor de personagens e se esses fossem melhor explorados. A dupla protagonista, carrega bastante responsabilidade nas costas para retratar a relação pai e filha, e embora seja clichê, eles se construíram de maneira bem convincente, principalmente a pequena Kim Soo-Ahn (Soo-An), que de longe, rouba a cena com uma performance extremamente sensível e tocante, digna de lágrimas até.
Que filmezinho mais sublime! Ele puxa do gancho da apatia pra construir uma história melancólica firmada em uns alicerces tão simples, que é surpreendente não desmoronar tudo e recorrer à frases prontas e um clichê sobre superação do luto. O filme basicamente é sobre uma figura sem rosto, uma criatura visualmente metafórica e inexpressiva, ligada à uma ideia fixa, à um ambiente, à outra personagem, esse é o enredo. Muito dali parece ser parte de uma obra em live action de Myazaki, o que por si só já é algo lindo e se torna mais ainda quando por inexpressivo visualmente que seja o personagem, ele transmite uma gama de sentimentos com movimentos, ajudado pelo cenário e pela trilha sonora, que é a maior metalinguagem do filme e transmite cada sentimento ao espectador, então há uma humanização enorme de algo que não é humano, e aí mora a grande sacada do filme, que caso não tivesse essa sensibilidade, seria apenas mais um filme com fotografia bonita e pretenção (OI THE NEON DEMON).
O elemento do luto é sim presente, acompanhado por sentimentos claustrofóbicos que num silencio sepulcral gritam uma dor enorme em alguns momentos do filme (cena da torta, de partir corações) e que refletem também a questão do abandono não intencional, uma farpa no dedo que demora anos para sair. Quando finalmente se segue em frente, a magia do filme dá um último e belo espectáculo, e então morre de vez com o fim de um ciclo, afinal nada é eterno, nem mesmo a dor.
Adoro a forma como a passagem de tempo ta sempre clara de maneiras simples e delicada. Em suma, é super bem elaborado e concebido, trabalha com músicas maravilhosas na trilha e o resultado final é uma das coisinhas mais lindas e melancólicas que eu vi esse ano, nem a carranca do Affleck consegue me torcer o nariz.
Eu demorei um pouco pra digerir a claustrofobia na qual esse filme insere seu expectador. Cada ato cresce em relação ao anterior, como uma panela de pressão, aos poucos, até um momento em que tudo explode. Então um caos de caráter visual, sonoro, psicológico e até físico, toma conta da situação. Antes eu achava injustiça esse filme receber um boicote por parte do público, e por mais que ainda ache a represália bem rasa, eu entendo a motivação de quem não gostou dele, já que sutileza não é nem de longe uma característica do projeto do Aronofsky. Parte do que eu vi me pareceu uma grande metáfora artística sobre a história já conhecida que o filme se propõe à contar de forma alegórica, parte me pareceu ego e megalomania pura do diretor, o que não necessariamente é ruim se a vaidade não superar o valor da obra. Algumas coisas claras: a ambição e orgulho do Aronofsky pelo seu filme são bem claras, ao mesmo tempo em que ele não resolveu apenas fazer algo que só funciona na sua cabeça, o que eu gosto, por que intelectualidade falsa é patética, ser "grande demais para mentes pequenas" só funciona para outros filmes aí. O fato é que eu amei o que vi na tela e as sensações que isso me proporcionou, é uma experiência bem sensorial e interpretativa, tendo um impacto bem mais psicológico do que de entretenimento e comercial. Jennifer Lawrence é a alma de tudo, em todos os sentidos possíveis, você se põe no lugar dela e toda violência proposta pelo filme é sentido no âmago no expectador. Percebo depois de ter assistido, que o marketing desse filme me incomoda um pouco, por que ele não é honesto e propositalmente esconde o cerne verdadeiro e parte das críticas partem justamente do que essa propaganda errônea vendeu. É meio que uma faca de dois gumes, pois embora tenha potencializado o choque todo, te faz querer tirar satisfações com o diretor por não ter preparado seu público para o que viria. Não achei perfeito, as vezes passa do ponto e fica claramente experimental, mas de qualquer maneira eu amei a estrutura que ta presa na minha garganta até hoje. Só espero que assim, as pessoas vejam esse filme com a mente aberta e não esperem se divertir, por que ele não vai fazer isso, qualquer esperança de absorção de sentimentos bons vai ser frustrada pelo choque (e pela autopercepção) que esse filme proporciona. É tenso, explosivo, caótico, exagerado, perturbador, violento, blasfêmico, doloroso e genial. Isso tudo sem usar qualquer plot twist e sendo até óbvio as vezes.
Okja tem uma das melhores idealizações para um longa metragem lançado em 2017. Ele trabalha com uma premissa totalmente original, os impactos do consumismo exacerbado e da falta de consciencia alimentar, como sua pricipal trama. Paralelo à isso, a manipulação midiática de imagem é explorada de forma sutil, junto com algo já conhecido, que é o conceito da amizade entre uma criança e um animal. É curioso ver que "Okja" entrega algo de uma boa qualidade, embora que desconexo em alguns momentos. Ele não é um filme que promete de início, mas que ao longo de sua narrativa, se torna algo grandioso e emocionante, sem deixar de ser algo sério e carregado de uma potente e eficaz crítica social, capaz de incomodar até mesmo defensores ávidos do consumismo sem limites.
O problema que a narrativa de "Okja" enfrenta, é tentar abraçar muitos ideais ao mesmo tempo e por isso, acabar deixando alguns no ar, como é o caso das motivações do personagem de Jake Gyllenhaal e o desenvolvimento das personagens gemeas interpretadas por Tilda Swinton.
Apesar desse pequeno problema narrativo, o filme ainda é um dos grandes trabalhos do ano, algo pelo qual o diretor sul-coreano Joon-Ho Bong merece créditos. Tem ótimas tomadas dramáticas, a protagonista Mikha vivida pela também sul-coreana Seo-Hyun Ahn, é um personagem com poucas palavras, mas extremamente expressiva (lembra bastante o personagem Chiron quando criança em "Moonlight", vivido por Alex Hibbert). Jake e Tilda vivem personagens totalmente canastrões e satíricos, que embora num primeiro contexo pareçam algo forçado e canastrão, tem como objetivo aparentar esse desgastante modo de como as pessoas públicas sempre são megalomaníacas amigos de todos e sempre psicóticamente felizes e sorridentes, escondendo nos bastidores, grandes frustrações pessoais.
Acima de tudo, é um ótimo filme pelo qual Patty Jenkins merece aplausos, principalmente por trazer o esperado protagonismo feminino para dentro dos filmes de herói. Viaja entre tons de cinza o tempo todo, e contrastando com esse mundo nublado, a protagonista parece irradiar uma aura própria, junto com tudo ligado à ela, como sua cidade natal, que por sinal é bem construída e bonita. Atuações bem sinceras e até elogiaveis, como a de Robin Wright, mesmo tendo poucos minutos em tela. Os erros são pequenos e se concentram apenas em facilidades de roteiro e algumas situações que foram deixadas de lado para não estender o filme ou até garantir pontos à serem explorados em uma possível continuação. Tem uma história bem amarrada e enxuta, sem exageros ou tramas desnecessárias. Trabalham corrigindo vários erros nos quais os filmes de herói acabam tropeçando e equilibraram coisa como o alívio cômico no roteiro para não parecer algo genérico e superficial. "Mulher Maravilha" é um dos melhores do gênero e deu um novo gás à produtora que recentemente tomou dois baques com "Batman vs Superman" e "Esquadrão Suicida". Além elevar o nível do duelo entre Marvel e DC no cinema, o filme ainda representa uma ameaça considerável ao modelo de filmes da concorrente, que vai precisar inovar para evitar críticas negativas.
O filme tropeça em diversas falhas e tem tudo para ser um completo fracasso. Faltam pontos que te conectem com os personagens, inclusive os protagonistas, em praticamente nenhum momento ele consegue criar um apego do público e isso pode significar um péssimo começo para uma franquia, como é o objetivo da Universal fazer, já que tudo se torna completamente esquecível quando o filme termina. Embora o clima tenso seja algo que poderia ter dado certo, qualquer possibilidade disso ter salvado o filme, se quebra por conta do alívio cômico extremamente mal inserido, furos sem lógica alguma na trama e uma lente que variava entre extremamente escura ou extremamente clara à todo momento, sem seguir um tom criasse uma familiarização com o que se via na tela. Tramas demais sendo desenvolvidas ao mesmo tempo e todas de forma rasa.
Finalmente a Fox mostrou o por que de não ser necessário devolver os direitos de alguns personagens para a Marvel. Violento e sincero, o melhor que a Fox já produziu, aqui temos o verdadeiro Wolverine, é sanguinário e brutal, e toca. É a despedida perfeita para Hugh Jackman e Patrick Stewart!
Dafne Keen rouba a cena em vários momento, e para quem achou que ela seria subutilizada, é uma bela surpresa ver o quão intenso é a participação da atriz e sua personagem.
Logan se tornou meu filme de herói preferido, mostrou uma natureza que poucos filmes do gênero se atreveram à mostrar e trouxe lagrimas de tristeza pelo fim de uma era. O filme peca em algumas facilidades de roteiro, mas todas pequenas compradas à qualidade que o filme apresenta. Trilha maravilhosa e fotografia à lá Miss Sunshine muito bem bolada e sincronizada com o clima do filme. Simplesmente um dos melhores!
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraVilleneuve é um mágico. Esse filme é tão filosófico e reflexivo quanto A Chegada é, o tempo todo com questionamentos ao cerne humano enquanto condição existencial e paralelos que encaixam como uma luva à nossa realidade. O antagonista de Jared Leto é muito ignoravel e isso se deve ao quanto o personagem de Gosling e Ford são fascinantes e abrangentes, é possível falar que cinco horas de filme seriam insuficientes para abordar cada dilema de K e eu amo esse filme por isso, além de toda estética maravilhosa que envolve ele
Blade Runner 2049
4.0 1,7K Assista AgoraEu admiro tanto a consistência do trabalho do Villeneuve. Falando da perspectiva de alguém que não viu o primeiro filme, Blade Runner 2049 é extremamente genial, em tudo. O diretor já havia provado seu dom em A Chegada e aqui ele só mostra mais uma vez que tem um inegável talento pro gênero. Que estética maravilhosa e reflexiva é a desse filme, tô em choque! Uma pena o 3D estragar um pouco desse trabalho visual no filme, por que realmente ficou ruim esse recurso, além de desnecessário
Gaga: Five Foot Two
4.0 420A pessoas esquecem as vezes que por trás de um artista existe uma pessoa, pessoa essa sucetivel, como qualquer outra. O documentário não é perfeito, mas mostra um lado humano lindo
It: A Coisa
3.9 3,0K Assista AgoraUma re-adaptação quase que perfeita do livro. Respeitosa com o material de origem e nos poucos momentos que se desvia dele, continua bem feito. Engana-se quem pensa que o filme é sobre um palhaço assasino. Apesar de Bill Skarsgård brilhar como um vilão (tão bom quanto o de Tim Curry e mais ameaçador), ele é um elemento alegórico de roteiro e um produto que funciona como consequência da verdadeira ameaça do filme, o medo. Quando você tem um vilão com o potencial de evocar os maiores medos do personagem, deixar com que ele seja um acessório e criar uma atmosfera tão ameaçadora quanto, é algo estratégico numa história. E esse elemento existe tanto no filme quanto no livro, "Derry" deixa de ser apenas um cenário e constitui um personagem em si, ela exala "A Coisa", é uma própria extensão da criatura, até por que o filme não se resume à "Pennywise" em si atacando crianças, ele trabalha paralelamente temáticas como o abuso físico/psicológico/sexual, racismo e bullying, por mais que tenha sido amenizado em relação ao material original (tempo em tela acaba que limita a quantidade de coisas que podem ser abordadas, o filme não pode ser acusado de negligênciar essas pautas, o que já tem crítica fazendo)
Mais sanguinário e ousado do que eu achei que fosse ser, um timing cômico ótimo para aliviar a tensão (até por que estamos falando de um filme protagonizado pro garotos de treze anos) e momentos de drama intenso (chorei, nem minto).
PS: Bill é genial e cria um "Pennywise" onde até o estrabismo constitui o ar ameaçador e imprevisível do vilão, mas quem brilha com força são as crianças. Penso se a continuação vai ter a mesma força sem o elenco mirim. "Eddie" se tornou um dos personagens mais interessantes do filme e Sophia Lillis foi um ótimo achado para a "Beverly" (apesar de estar numa posição problemática no roteiro).
Bingo - O Rei das Manhãs
4.1 1,1K Assista AgoraBingo traz à tona toda força de algo que é extremamente bonito, o cinema nacional em sua melhor forma. É o tipo de filme que faz você o subestimar ao ver o trailer, parece ser algo supérfluo e bobo, apenas uma comédia com teor nada politicamente correto, aquele tipo de filme que fará sucesso com uma parcela do público, mas que não atingirá, nem tocará ninguém.
E ao ver o filme essas definições vão todas embora, por que consegue não ser apenas o filme sobre um personagem da TV, ele se torna um estudo de humanidade no qual a gente vê o artista em sua mais crua forma, que é fora de seu trabalho, os anseios, medos, esperanças, desejos e sentimentos por trás da máscara do personagem, vemos o artista como uma figura palpável, trazendo humanidade ao profissional e mostrando não só sua ascensão, mas também sua queda e os que caem juntos. As luzes se apagam um dia, seja pela morte, seja pelo esquecimento, seja pela autodestruição e algo vai ficar. Essa lembrança muitas vezes é o que define o artista apara todo o sempre, após seu ato final. Holofotes são cruéis, eles amam e odeiam as pessoas para quem estão direcionados, constroem e destroem a imagem. Um artista só morre de verdade quando é substituído e ainda assim, seu nome fica gravado tanto quanto sua imagem, como disse Norma Desmond em Crepúsculo dos Deuses, “Estrelas são eternas, não são? ”
A direção desse filme é tão bem feita e fluída, Dani Rezende arrebentou. Leandra e Vladimir donos do meu ser e da atuação.
Annabelle 2: A Criação do Mal
3.3 1,1K Assista AgoraInfinitamente superior ao primeiro, o segundo filme consegue dentro de uma margem já batida, se destacar como um filme bem feito e sem muitos problemas, que mesmo que preso nos clichês de sempre que cercam os jumpscare, ainda se constrói bem. Podia ser melhor caso fosse menos visual e mais indutor, sem aparecer demais a ameaça ou até ocultar ela completamente, entregar a criatura precocemente diminui o alcance do clímax e só serve pra fazer o telespetador pular na cadeira. Mas ainda com esses erros, com toda a repetição do gênero, da já saturação por abuso do universo de Invocação do Mal, ele tem seu mérito. Eficiente em se conectar com o primeiro filme, um ótimo e inesperado twist no final e a promessa de mais filmes do universo (A Freira está vivíssima). Só espero uma reformulação para os próximos, por que esse possui alguns dos problemas de Invocação do Mal 2 e ninguém quer ver isso de novo num terceiro filme da franquia principal, em A Freira ou O Homem Torto.
Death Note
1.8 1,5K Assista AgoraEsperava que fosse ruim, mas consegue ser pior. Os envolvidos estão de parabéns.
Corrente do Mal
3.2 1,8K Assista AgoraAdoro que esse filme prova que o terror com adolescentes não precisa ser algo ridículo e nonsense. Ele sabe criar um clímax como ninguém e trás algo novo ao mostrar uma ameaça que de certa forma não é algo onipotente, mas algo com limitações que ajudam na narrativa e não torna tudo banal. É ameaçador na medida certa. Mas o final é bem preguiçoso, como se o roteiro não tivesse se preocupado com o encerramento do filme
Para Sempre Alice
4.1 2,3K Assista AgoraNa teoria a mente é nosso santuário, é inviolável, é a única coisa que não pode ser roubada, e isso é algo reconfortante, a certeza que o acúmulo de conhecimentos e experiências que não nos podem ser tiradas, algo que de perpetua e no qual nos apoiamos. Para Sempre Alice desmancha todas essas certezas ao reforçar o sentimento de perca ao ver a própria vida ser tirada aos poucos e de maneira progressiva. Botar isso em tela não é fácil, por que retratar todas as faces desse abandono mental e em parte até social, junto com todo o comprometimento emocional que isso traz à tona, é algo que exige uma sensibilidade enorme em roteiro e atuação. Juju Moore dona ❤ (mas devolve o Oscar da Pyke)
O Filme da Minha Vida
3.6 500 Assista AgoraNota dez para fotografia e trilha. Bruna e Johnny reizinhos do cinema e TV nacional, o filme tem todo um tom apaixonante e simplista que remete à novelas das seis da TV Globo, e isso particularmente é algo que me agrada, por que a produção é genuinamente sincera sobre si mesma, sem nenhuma pretensão de ser maior do que é, esse é um ponto à favor. Mas o roteiro é extremamente inexistente e fraco. É linda essa tentativa de poetizar e encantar usando o cotidiano, mostrar que nisso há magia à ser explorada, mas funciona apenas caso seja bem planejado e executado desde o roteiro. E o roteiro desse filme se torna seu maior carrasco à partir do momento em que ele não encontra uma força motora e assim morre antes mesmo de transmitir algo. Há sensibilidade na história do filme, mas isso por si só não o torna sensível por que esse potencial não é explorado, apenas lançado e depois esquecido. Os núcleos demoram à se conectar e quando o fazem é sem finalidade alguma, apenas acontece. Inserir conflitos e depois abrir mão deles é algo desanimador e uma fotografia bonita e reflexiva em tons rústicos somado à frases prontas não salva a história que não se move, é contida e tem medo de si mesma, não ousa. Usar um protagonista que é mais ouvinte do que locutor da própria história é interessante, mas aí a reflexão se torna necessária, o fato dela não existir é frustrante e algo que não passa batido já que é uma das poucas coisas que existe na história.
Namorados para Sempre
3.6 2,5K Assista AgoraTratar do cotidiano no cinema se mostra ser uma arte bastante emocional, filmes como "Manchester à Beira-mar" sempre provam isso. Trazer à tona personagens de uma realidade como a nossa é algo que mesmo na sutileza, se mostra algo complexo, por que é muito fácil transformar isso em um material monótono que nos primeiros minutos desanima o telespetador. E não pela obra em si, mas pelo condicionamento da indústria à sempre nos tirar da realidade para entreter, quando as vezes algo simplista e humano consegue ser tão poderoso quanto. Dito isso, "Blue Valentine" propõe em tela acompanhar a convivência conjugal de Dean e Cynthia, um casal que passa por uma crise no relacionamento e tenta superar isso. Trabalhando o presente dos dois e mostrando paralelamente o passado e como começou o relacionamento deles, o filme deixa ambos como pilares que vão tentar sustentar a relação nas fraquezas, contrastando com os momentos onde a paixão era mais forte (é inteligente que apesar de tudo o que acontece, a cena final mostra que um fim não determina fracasso, pois os momentos bons ainda estão lá.
Cisne Negro
4.2 7,9K Assista AgoraEu adoro o trabalho do Aronofsky e cada vez que revejo Black Swan eu tenho percepções novas sobre esse filme. Mesmo que se possa discordar do mérito da Natalie pelo Oscar obtido por esse filme, ainda assim a Nina é uma das protagonistas mais cheias de camada que eu consigo me lembrar. Todos nós temos demônios internos, mas eles não necessáriamente serão obstáculos e podem justamente ser a escada para o alavancar do nome e do reconhecimento. O sucesso sempre terá um preço, e muitas vezes esse preço é o valor da própria sanidade, assim sendo, nada mais simbólico do que o sacrificio para chegar ao topo. E quando no final, esse sacrificio nem é o protagonista da história, mas sim os fins que o justificarão, vender a alma e o corpo por algo se torna mais do que uma possibilidade, é uma mera consequencia para o estrelato. Sentir a grandeza em si no final sempre será mais doce do que a trajetória, que pode acabar ser a mais amarga possível. E se a personalidade é fragmentada nesse processo, o que garante que por algo maior, ela não possa ser sobreposta por outras camadas senão a usual? Assim, uma pessoa totalmente nova surge, motivada pela vontade de ser grande, um agente do próprio subconsciente, forte e as vezes imparável em seu objetivo. Eu amo esse filme e tudo que envolve ele.
Dunkirk
3.8 2,0K Assista AgoraEsse filme, como tudo que o Nolan faz, me confunde. Não tem os problemas de roteiro de Interstellar, (até por que não tem roteiro) mas é meio desconexo entre os três núcleos que desenvolve, sem contar que a passagem de tempo que é diferente entre esse núcleos, é confusa, mesmo ele deixando claro com legendas até no iníco do filme, cheio de muleta técnica e sem grande desenvolvimento
Em Ritmo de Fuga
4.0 1,9K Assista AgoraA trilha sonora e toda o trabalho de som dele são uma das coisas mais bonitas que eu vi no cinema desse ano e mesmo sendo de um gênero do qual eu partticularmente não sou lá muito fã, esse filme eletriza e anima à cada segundo com as várias trilhas e melodias. Edgar e Steven eu os venero.
Interestelar
4.3 5,7K Assista AgoraO filme não se conecta muito consigo mesmo e a narrativa possui falhas e uma certa preguiça de roteiro, transita em um genero de ficção científica, mas em seu desfecho ele acaba jogando para o alto o lado realístico e palpável da trama, usando de uma grande subjetividade que contrasta da pior maneira possível com sua proposta. A ambição do direto foi a maior inimiga de Interestelar, que prejudicou muito tanto no roteiro do filme, quanto na sua recepção depois, de longe o filme exala a presunção e a megalomania de Nolan
O Mínimo Para Viver
3.5 622 Assista AgoraA narrativa do filme me incomoda um pouco, ela segue um padrão que embora ensaie construir ótimos momentos, se perde muito com algums cenas que quebram o climax e te trazem de volta ao meio externo do filme de maniera brusca, mas há boas sequencias e Lilly consegue mostrar que não está limitada à comédias romanticas e papeis alegres.
Homem-Aranha: De Volta ao Lar
3.8 1,9K Assista AgoraO melhor à se falar sobre esse filme, é que Marvel soube desenvolver o protagonista de uma forma que a Sony nunca o fez. Tom Holland parece ter sido moldado para o papel ou o papel parece ter sido moldado para ele, por que tudo cabe como uma luva. Dito isso, é válido constatar também que o ritmo do filme e construção de tudo, é algo super coerente com o estilo Marvel de se fazer cinema, fazendo com que De Volta Ao Lar seja provávelmente o que mais se harmoniza com a vibe da Casa de Ideias, junto com o primeiro Guardiões da Galáxia. Michael Keaton deu vida ao que provavelmente é um dos melhores vilões do universo Marvel até agora (algo que o estúdio insiste em errar sempre, é a construção de seus antagonistas), com reais motivações e uma atuação bem digna e simples, que encaixa bem com o personagem.
Mas o filme está longe de ser à prova de falhas. O terceiro ato é provavelmente um dos mais pobres do gênero e não funciona de forma alguma com nada, é algo corrido e resumido à explosões, barulho e CGI. Por mais que finalmente a Marvel tenha conseguido aplicar bem sua forma descontraída de trabalhar, o filme acaba sofrendo com a saturação de tudo que o estúdio já mostrou em outros longas desde Vingadores, que é o escape humorístico constante, um clima colorido e o uso de figuras como Tony Stark, fazendo com que o filme seja mais um da mesma fórmula redonda de sempre.
Invasão Zumbi
4.0 2,0K Assista AgoraInvasão Zumbi prova que não é só Hollywood que sabe fazer blockbuster e inclusive se firma como referência de filmes do subgênero ao qual pertence. A produção Sul-coreana traz drama e catástrofe para a tela, trabalha não só as cenas de ação esperadas de um longa sobre um apocalipse zumbi, mas procura em meio à isso, jogar seus personagens em conflitos pessoais e de valores, isso de um forma lúcida e bem dirigida.
Ele tende à ser um pouco previsível sobre a evolução dos personagens ao longo das duas horas e não é nada original, embora bem executado. Entrega tudo que um blockbuster pede e entretém bastante. Talvez o filme fosse um pouco mais dinâmico com uma quantidade menor de personagens e se esses fossem melhor explorados. A dupla protagonista, carrega bastante responsabilidade nas costas para retratar a relação pai e filha, e embora seja clichê, eles se construíram de maneira bem convincente, principalmente a pequena Kim Soo-Ahn (Soo-An), que de longe, rouba a cena com uma performance extremamente sensível e tocante, digna de lágrimas até.
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista AgoraQue filmezinho mais sublime! Ele puxa do gancho da apatia pra construir uma história melancólica firmada em uns alicerces tão simples, que é surpreendente não desmoronar tudo e recorrer à frases prontas e um clichê sobre superação do luto. O filme basicamente é sobre uma figura sem rosto, uma criatura visualmente metafórica e inexpressiva, ligada à uma ideia fixa, à um ambiente, à outra personagem, esse é o enredo. Muito dali parece ser parte de uma obra em live action de Myazaki, o que por si só já é algo lindo e se torna mais ainda quando por inexpressivo visualmente que seja o personagem, ele transmite uma gama de sentimentos com movimentos, ajudado pelo cenário e pela trilha sonora, que é a maior metalinguagem do filme e transmite cada sentimento ao espectador, então há uma humanização enorme de algo que não é humano, e aí mora a grande sacada do filme, que caso não tivesse essa sensibilidade, seria apenas mais um filme com fotografia bonita e pretenção (OI THE NEON DEMON).
O elemento do luto é sim presente, acompanhado por sentimentos claustrofóbicos que num silencio sepulcral gritam uma dor enorme em alguns momentos do filme (cena da torta, de partir corações) e que refletem também a questão do abandono não intencional, uma farpa no dedo que demora anos para sair. Quando finalmente se segue em frente, a magia do filme dá um último e belo espectáculo, e então morre de vez com o fim de um ciclo, afinal nada é eterno, nem mesmo a dor.
Adoro a forma como a passagem de tempo ta sempre clara de maneiras simples e delicada. Em suma, é super bem elaborado e concebido, trabalha com músicas maravilhosas na trilha e o resultado final é uma das coisinhas mais lindas e melancólicas que eu vi esse ano, nem a carranca do Affleck consegue me torcer o nariz.
Mãe!
4.0 3,9K Assista AgoraEu demorei um pouco pra digerir a claustrofobia na qual esse filme insere seu expectador. Cada ato cresce em relação ao anterior, como uma panela de pressão, aos poucos, até um momento em que tudo explode. Então um caos de caráter visual, sonoro, psicológico e até físico, toma conta da situação. Antes eu achava injustiça esse filme receber um boicote por parte do público, e por mais que ainda ache a represália bem rasa, eu entendo a motivação de quem não gostou dele, já que sutileza não é nem de longe uma característica do projeto do Aronofsky. Parte do que eu vi me pareceu uma grande metáfora artística sobre a história já conhecida que o filme se propõe à contar de forma alegórica, parte me pareceu ego e megalomania pura do diretor, o que não necessariamente é ruim se a vaidade não superar o valor da obra. Algumas coisas claras: a ambição e orgulho do Aronofsky pelo seu filme são bem claras, ao mesmo tempo em que ele não resolveu apenas fazer algo que só funciona na sua cabeça, o que eu gosto, por que intelectualidade falsa é patética, ser "grande demais para mentes pequenas" só funciona para outros filmes aí. O fato é que eu amei o que vi na tela e as sensações que isso me proporcionou, é uma experiência bem sensorial e interpretativa, tendo um impacto bem mais psicológico do que de entretenimento e comercial. Jennifer Lawrence é a alma de tudo, em todos os sentidos possíveis, você se põe no lugar dela e toda violência proposta pelo filme é sentido no âmago no expectador. Percebo depois de ter assistido, que o marketing desse filme me incomoda um pouco, por que ele não é honesto e propositalmente esconde o cerne verdadeiro e parte das críticas partem justamente do que essa propaganda errônea vendeu. É meio que uma faca de dois gumes, pois embora tenha potencializado o choque todo, te faz querer tirar satisfações com o diretor por não ter preparado seu público para o que viria. Não achei perfeito, as vezes passa do ponto e fica claramente experimental, mas de qualquer maneira eu amei a estrutura que ta presa na minha garganta até hoje. Só espero que assim, as pessoas vejam esse filme com a mente aberta e não esperem se divertir, por que ele não vai fazer isso, qualquer esperança de absorção de sentimentos bons vai ser frustrada pelo choque (e pela autopercepção) que esse filme proporciona. É tenso, explosivo, caótico, exagerado, perturbador, violento, blasfêmico, doloroso e genial. Isso tudo sem usar qualquer plot twist e sendo até óbvio as vezes.
Okja
4.0 1,3K Assista AgoraOkja tem uma das melhores idealizações para um longa metragem lançado em 2017. Ele trabalha com uma premissa totalmente original, os impactos do consumismo exacerbado e da falta de consciencia alimentar, como sua pricipal trama. Paralelo à isso, a manipulação midiática de imagem é explorada de forma sutil, junto com algo já conhecido, que é o conceito da amizade entre uma criança e um animal. É curioso ver que "Okja" entrega algo de uma boa qualidade, embora que desconexo em alguns momentos. Ele não é um filme que promete de início, mas que ao longo de sua narrativa, se torna algo grandioso e emocionante, sem deixar de ser algo sério e carregado de uma potente e eficaz crítica social, capaz de incomodar até mesmo defensores ávidos do consumismo sem limites.
O problema que a narrativa de "Okja" enfrenta, é tentar abraçar muitos ideais ao mesmo tempo e por isso, acabar deixando alguns no ar, como é o caso das motivações do personagem de Jake Gyllenhaal e o desenvolvimento das personagens gemeas interpretadas por Tilda Swinton.
Apesar desse pequeno problema narrativo, o filme ainda é um dos grandes trabalhos do ano, algo pelo qual o diretor sul-coreano Joon-Ho Bong merece créditos. Tem ótimas tomadas dramáticas, a protagonista Mikha vivida pela também sul-coreana Seo-Hyun Ahn, é um personagem com poucas palavras, mas extremamente expressiva (lembra bastante o personagem Chiron quando criança em "Moonlight", vivido por Alex Hibbert). Jake e Tilda vivem personagens totalmente canastrões e satíricos, que embora num primeiro contexo pareçam algo forçado e canastrão, tem como objetivo aparentar esse desgastante modo de como as pessoas públicas sempre são megalomaníacas amigos de todos e sempre psicóticamente felizes e sorridentes, escondendo nos bastidores, grandes frustrações pessoais.
Mulher-Maravilha
4.1 2,9K Assista AgoraAcima de tudo, é um ótimo filme pelo qual Patty Jenkins merece aplausos, principalmente por trazer o esperado protagonismo feminino para dentro dos filmes de herói.
Viaja entre tons de cinza o tempo todo, e contrastando com esse mundo nublado, a protagonista parece irradiar uma aura própria, junto com tudo ligado à ela, como sua cidade natal, que por sinal é bem construída e bonita. Atuações bem sinceras e até elogiaveis, como a de Robin Wright, mesmo tendo poucos minutos em tela. Os erros são pequenos e se concentram apenas em facilidades de roteiro e algumas situações que foram deixadas de lado para não estender o filme ou até garantir pontos à serem explorados em uma possível continuação. Tem uma história bem amarrada e enxuta, sem exageros ou tramas desnecessárias. Trabalham corrigindo vários erros nos quais os filmes de herói acabam tropeçando e equilibraram coisa como o alívio cômico no roteiro para não parecer algo genérico e superficial. "Mulher Maravilha" é um dos melhores do gênero e deu um novo gás à produtora que recentemente tomou dois baques com "Batman vs Superman" e "Esquadrão Suicida". Além elevar o nível do duelo entre Marvel e DC no cinema, o filme ainda representa uma ameaça considerável ao modelo de filmes da concorrente, que vai precisar inovar para evitar críticas negativas.
A Múmia
2.5 998 Assista AgoraO filme tropeça em diversas falhas e tem tudo para ser um completo fracasso. Faltam pontos que te conectem com os personagens, inclusive os protagonistas, em praticamente nenhum momento ele consegue criar um apego do público e isso pode significar um péssimo começo para uma franquia, como é o objetivo da Universal fazer, já que tudo se torna completamente esquecível quando o filme termina. Embora o clima tenso seja algo que poderia ter dado certo, qualquer possibilidade disso ter salvado o filme, se quebra por conta do alívio cômico extremamente mal inserido, furos sem lógica alguma na trama e uma lente que variava entre extremamente escura ou extremamente clara à todo momento, sem seguir um tom criasse uma familiarização com o que se via na tela. Tramas demais sendo desenvolvidas ao mesmo tempo e todas de forma rasa.
Logan
4.3 2,6K Assista AgoraFinalmente a Fox mostrou o por que de não ser necessário devolver os direitos de alguns personagens para a Marvel. Violento e sincero, o melhor que a Fox já produziu, aqui temos o verdadeiro Wolverine, é sanguinário e brutal, e toca. É a despedida perfeita para Hugh Jackman e Patrick Stewart!
Dafne Keen rouba a cena em vários momento, e para quem achou que ela seria subutilizada, é uma bela surpresa ver o quão intenso é a participação da atriz e sua personagem.
Logan se tornou meu filme de herói preferido, mostrou uma natureza que poucos filmes do gênero se atreveram à mostrar e trouxe lagrimas de tristeza pelo fim de uma era. O filme peca em algumas facilidades de roteiro, mas todas pequenas compradas à qualidade que o filme apresenta. Trilha maravilhosa e fotografia à lá Miss Sunshine muito bem bolada e sincronizada com o clima do filme. Simplesmente um dos melhores!