Depois de 21 anos do único filme (O PODEROSO CHEFÃO – PARTE II, 1974), que fizeram juntos, mas que não dividiram nenhuma cena, finalmente nós pudemos ver a colisão entre dois grandes astros: Al Pacino e Robert De Niro! O diretor Michael Mann fez poucos filmes, se levar em conta o início de sua carreira no final da década de 60, mas são dos mais expressivos e acabou revelando-se um mestre em filmes policiais. O roteiro de autoria do próprio Mann é excelente, inteligente e muito esperto em abordar não apenas o conflito entre os ladrões e os policiais, mas de expor suas vidas pessoais e seus conflitos internos também. Outra qualidade que deve ser mencionada é que todos os personagens são importantes para a trama. Os protagonistas e antagonistas são obviamente dois monstros consagrados, então não poderia ser menos do que um espetáculo o encontro de Pacino (Ten. Vincent Hanna) e De Niro (Neil McCauley). Do grande elenco os principais destaques são: Val Kilmer (Chris Shiherlis) em um dos melhores papéis de sua carreira e Natalie Portman (Lauren Gustafson) arrasando em seu 2° longa-metragem no cinema. O filme ainda conta com as presenças marcantes de Jon Voight (Nate), Diane Venora (Justine Hanna), Ashley Judd (Charlene Shiherlis) e Tom Sizemore (Michael Cheritto). Visualmente o filme é impecável tanto na fotografia de cores frias do italiano Dante Spinotti, como na edição ágil e precisa do quarteto de editores (Pasquale Buba, William Goldenberg, Dov Hoenig & Tom Rolf), que alternam as cenas de investigação com as cenas de assalto de forma brilhante. A trilha sonora de Elliot Goldenthal cresce conforme o ritmo do filme e falando em sonoridade é impossível não notar o trabalho dos técnicos (Chirs Jenkins, Ron Bartlett, Mark Smith & Lee Orloff) na mixagem de som. Acho um absurdo um filme com tantas qualidades ter sido completamente ignorado no Oscar, que não foi lembrado sequer nas categorias técnicas. Foi um sucesso de público, com renda superior a 180 milhões de dólares. São quase três horas de projeção, mas em nenhum momento fica monótono, pelo contrário e mesmo agora, quase 20 anos depois de sua estreia continua extraordinário e já o considero um clássico. Além do encontro histórico de dois grandes atores como Pacino e De Niro, o filme merece ser visto também por ser um dos melhores do gênero.
Um homem de tamanha grandeza como Nelson Mandela, que assim como Gandhi foi admirado muito além de suas fronteiras, não ficaria sem ter uma cinebiografia! Na realidade o longa-metragem Invictus, não é uma biografia completa e nem o primeiro filme a retratar o filho mais ilustre do continente africano, mas um fragmento importante na vida e na trajetória política de Mandela. O veterano Clint Eastwood, aqui dirigindo seu 30° longa-metragem de cinema com uma vitalidade invejável e provando mais uma vez seu enorme talento atrás das câmeras! O excelente roteiro de Anthony Peckham foi adaptado do livro “Conquistando o Inimigo: Nelson Mandela e o Jogo que Uniu a África do Sul” de John Carlin, concentrando-se na chegada de Mandela a presidência e o desafio de unir um povo separado pelo ódio racial. Focando o esporte, no caso a Copa do Mundo de Rugby como um dos principais fatores na união e celebração de uma nova África do Sul. Além de Mandela, outro personagem destacado é François Pienaar, o capitão da seleção nacional de Rugby, os Springboks. Como Mandela, ninguém menos que Morgan Freeman, que apesar de imensamente popular, nos faz esquecê-lo completamente e quem está ali em cena é o próprio Mandela, mas isso somente grandes atores são capazes. Matt Damon como Pienaar está perfeito, com uma das melhores atuações de sua carreira. Um destaque também é a bela trilha-sonora dos compositores Kyle Eastwood e Michael Stevens. O filme foi indicado para o Oscar de Ator (Morgan Freeman) e Ator Coadjuvante (Matt Damon). No Globo de Ouro recebeu indicações nas mesmas categorias, além de Melhor Diretor (Clint Eastwood). Dos 60 milhões de dólares da produção, Invictus arrecadou nas bilheterias mundias mais de 120 milhões! Confesso que não esperava tanto do filme, principalmente pelo “Rugby”, mas mudei de opinião já nas primeiras cenas. É um filme inspirador, que com o alcance do cinema espero que muitas pessoas vejam e conheçam mais um pouco desse homem extraordinário.
De todos road movies que vi, nenhum foi tão empolgante como esse! Sempre que o repriso tenho a mesma impressão, de que estou vendo um filme brilhante e inesquecível! Muitos consideram o filme feminista demais, eu já discordo e acho que já estava na hora de o cinema produzir um road movie inteiramente feminino, que se não é o melhor do cinema, então é o melhor da década de 90! A direção ficou a cargo do experiente e eclético Ridley Scott, que acrescentou mais dois papéis femininos fortes na sua filmografia, que apesar das diferenças não fazem feio a Ellen Ripley de Alien, o 8° Passageiro. Mesmo abordando o drama de duas mulheres cansadas da vida rotineira e infeliz que levavam, o roteiro original da estreante Callie Khouri é sensacional e foge do sentimentalismo barato, concentrando-se na amizade e na jornada dessas duas personagens contagiantes. Um filme de duas protagonistas brilhantes, Geena Davis (Thelma) e Susan Sarandon (Louise) estão perfeitas e realmente fica muito difícil dizer qual delas é a melhor. Dos coadjuvantes destacam-se: Harvey Keitel (Hal), Michael Madsen (Jimmy) e um jovem Brad Pitt (J.D.), ainda trilhando o caminho para o estrelato. Outros destaques do longa ficam por conta da trilha sonora de Hans Zimmer e a belíssima fotografia de Adrian Biddle. O filme venceu o Oscar de Roteiro (Callie Khouri) e foi indicado para Direção (Ridley Scott em sua 1° indicação), Atriz (Geena Davis & Susan Sarandon), Fotografia e Edição. Venceu também o Globo de Ouro de Roteiro e foi indicado para Melhor Filme e Atriz (Geena Davis & Susan Sarandon). O custo de produção foi de 16 milhões de dólares e a bilheteria ultrapassou 45 milhões. Hoje passados mais de 20 anos, o filme continua tão empolgante como em sua estreia e merece ser descoberto pela nova geração de cinéfilos.
"APERTEM SEUS CINTOS, ESTA SERÁ UMA NOITE TURBULENTA" (MARGO CHANNING)
Em meio à constelação hollywoodiana, Bette Davis foi uma das estrelas mais brilhantes, de personalidade forte e incansável, sendo até hoje lembrada e admirada. Sua estreia no cinema foi na década de 30, com o filme “A Irmã Má” (1931) e pouco tempo depois conquistou dois Oscar de Melhor Atriz, pelos filmes “Perigosa” (1935) e “Jezebel” (1938). Mas ao longo da década seguinte, com alguns fracassos e atravessando problemas pessoais, além é claro de estar mais madura, com isso bons papéis foram ficando cada vez mais escassos. Década de 50, a Era de Ouro do cinema com grandes nomes no auge do talento e criatividade, sendo um deles o do excelente diretor/roteirista Joseph L. Mankiewicz, que começando com o pé direito saiu da cerimônia do Oscar em 1950, com os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Roteiro pelo filme “Quem é o Infiel?” (1949). Dois longa-metragens depois, Mankiewicz adaptou o conto “The Wisdow of Eve” de Mary Orr e certamente acrescentou algumas coisas a mais, no texto que é um dos melhores já feitos. A trama se passa nos bastidores do Teatro com temas como: sucesso, decadência e principalmente inveja, da forma mais brilhante possível e com grandes personagens e diálogos dos mais memoráveis. O roteiro caiu nas mãos do manda-chuva da Fox, Darryl F. Zanuck que não só aprovou, como sugeriu ainda um novo título que de “Best Performance” ficou com “All About Eve” que era uma das falas do roteiro. Originalmente a protagonista seria Claudette Colbert, mas devido a uma fratura precisou ser substituída e com isso surgiu o nome de Davis, mas Zanuck que havia brigado com a atriz, não a queria de imediato, mas precisou engolir seu orgulho e assim foi o retorno triunfal da grande atriz ao sucesso, com um dos melhores papéis de sua carreira “Margo Channing”. Zanuck implicou com outros nomes do elenco, mas por sorte o diretor Mankiewicz foi ouvido e conseguiu os atores que queria ao lado de Bette Davis, como: Anne Baxter (Eve Harrington), Celest Holm (Karen Richards), Garry Merrill (Bill Sampson), Thelma Ritter (Birdie Coonan), Gregory Ratoff (Max Fabian), George Sanders (Addison DeWitt), Hugh Marlowe (Lloyd Richards) com atuações que vão de boas a memoráveis e ainda temos a pequena participação de um dos maiores ícones do cinema, Marilyn Monroe (Srta. Casswell) em início de carreira. Por suas inúmeras qualidades artísticas o filme foi recordista no Oscar de 1951, recebendo 14 indicações ao prêmio, fato somente igualado no Oscar de 1998 por Titanic. Dessas indicações, cinco delas foram para o elenco, com indicações para Melhor Atriz (Bette Davis & Anne Baxter, que fez de tudo para ser nomeada na categoria principal, fato que acabou prejudicando Davis), Celest Holm & Thelma Ritter como coadjuvantes e George Sanders que acabou vencendo como Melhor Ator Coadjuvante. O filme ainda venceu os Oscar de Melhor Filme, Diretor (Mankiewicz), Roteiro (Mankiewicz), Figurino (Para a grande figurinista Edith Head & Charles Le Maire) e Som. Vale ressaltar que o Oscar de 1951, foi palco de uma disputa acirrada entre “A Malvada” e o também clássico absoluto “Crepúsculo dos Deuses”, dois filmes com temas parecidos e com duas grandes e veteranas estrelas (Bette Davis & Gloria Swanson), que apesar de mão terem levando o prêmio continuam conquistando com suas extraordinárias atuações. Além do Oscar, outro prêmio importante foi no Festival de Cannes, onde Bette Davis venceu o prêmio de atriz e Mankiewicz venceu o prêmio especial do juri. O filme faz parte também da lista dos 100 Maiores Filmes de Todos os Tempos do Instituto Americano de Cinema. Já passados mais de 60 anos de sua estreia, o filme permanece como um dos mais importantes e cultuados clássicos do cinema americano e grande parte desse brilho deve-se a sua maior estrela, Bette Davis que como a própria afirmou, que ressuscitou sua carreira e de forma admirável, provando que grandes atores não perdem o brilho nunca. Definitivamente um filmaço, que vale a pena cada segundo, principalmente para ver e rever a grande diva Bette Davis.
“Numa toca no chão vivia um Hobbit”. Com essa simples introdução, um dos povos mais interessantes e carismáticos da grande mitologia criada por Tolkien foi apresentado no livro infanto-juvenil “O Hobbit”. Publicado há 75 anos, o sucesso da obra foi alcançado já em sua época, o que resultou num pedido dos editores por uma sequência (“O Senhor dos Anéis”), essa que se tornaria uma das sagas mais populares da história, responsável pela consagração de Tolkien e com grande admiração de uma legião de fãs no mundo todo. Foram necessários nove anos após o fim da trilogia “O Senhor dos Anéis”, que ao todo venceu 17 Oscar e arrecadou quase 3 bilhões de dólares, para que o passado da saga pudesse sair do papel e ganhar as telas. Pendências judiciais e autorais, atrasos e mais o fator de a trilogia “O Senhor dos Anéis” ter sido lançada em ordem cronológica inversa foram acontecimentos extremamente favoráveis, principalmente para que os estúdios percebessem a mina de ouro que tinham em mãos e que uma nova jornada pela Terra-Média era mais do que esperada! Com co-produção da New Line/Warner e a MGM, a volta de Peter Jackson que inicialmente seria somente como produtor e roteirista e a escolha de Guillermo del Toro para a direção só fizeram as expectativas crescerem, mas o atraso na produção culminando com a saída de del Toro e o retorno de Peter Jackson a direção, acabou sendo mais um problema que veio a ser positivo, já que Peter e equipe já viveram imersos naquele mundo e toda a experiência e o respeito adquiridos são visíveis em cada detalhe da produção. Originalmente seria feito apenas um longa-metragem, mas para surpresa de todos foi anunciada mais uma trilogia, que claramente foi aprovada visando os lucros que mais dois filmes viriam a ter, mas felizmente Tolkien deixou um vasto material adicional e com isso o quarteto de roteiristas formados por Peter Jackson, Fran Walsh, Philippa Boyens & Guillermo del Toro puderam ampliar a história da melhor maneira possível, com o retorno de personagens queridos e a apresentação de novos, combinando perfeitamente momentos leves e engraçados com outros mais épicos e isso sem contar nos excelentes diálogos. As referências a trilogia “O Senhor dos Anéis” são evidentes e deixam clara a intenção de tornar as duas trilogias em uma hexalogia. Revisitando seus papéis destaco: Sir Ian Mckellen (Gandalf) sempre brilhante e dominador nas suas cenas, Cate Blanchett (Galadriel) com grande talento e beleza, Christopher Lee (Saruman) todo imponente no alto de seus 90 anos, Andy Serkis (Gollum) brilha mais uma vez em dos grandes momentos do filme e as ótimas participações de Hugo Weaving (Elrond), Sir Ian Holm (Bilbo quando idoso) e Elijah Wood (Frodo). Dos estreantes, Martin Freeman (Bilbo quando jovem) merece ser elogiado, já que pegou um personagem que já havia sido visto antes e deu conta do recado com uma irretocável atuação, Richard Armitage (Thorin Escudo-de-Carvalho) dá toda seriedade e autoridade que seu personagem precisava e por fim Ken Stott (Balin) dando brilho ao mais velho dos 13 anões. Os anos que separaram as duas trilogias se destacaram pelas inovações tecnológicas no cinema, primeiro pelo retorno e popularização do 3-D e depois pelo anúncio que “O Hobbit” seria filmado em 48 fps ao invés dos tradicionais 24 fps. Falando em avanços, eles são visíveis também em todos os efeitos visuais empregados no filme, principalmente em detalhes como texturas, expressões e movimentos como no Gollum, que se antes já era tido como uma das maiores criações digitais, agora ninguém duvida de tal conquista. O trio de maquiadores (Peter King, Rick Findlater & Tami Lane) fez um trabalho magnífico e de um realismo absurdo, principalmente notável nos anões. A Direção de Arte (Dan Hennah, Ra Vincent & Simon Bright) aliada aos efeitos visuais (dos técnicos: Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton & R. Christopher White) recriaram lugares vistos anteriormente como o Condado, Valfenda e nos deixaram de queixo caído com a beleza da cidade de Valle e toda a majestade de Erebor, o reino dos anões. Mais uma vez o cenário natural da Nova Zelândia favoreceu o trabalho do diretor de fotografia Andrew Lesnie, com os mais belos ângulos de sua câmera. A trilha sonora de Howard Shore evoca a trilogia “O Senhor dos Anéis”, mas tem seus momentos de leveza e inocência na medida certa e um dos grandes momentos é o da bela canção “Song of the Lonely Mountain”. Foi indicado para 3 Oscars (Direção de Arte, Efeitos Visuais & Maquiagem) merecia ter levado os três, mas nem por isso perde a excelência e a beleza do imenso trabalho de todos os envolvidos na construção de um belíssimo e espantoso mundo. O custo da produção ou das produções, já que foram filmadas de uma vez só, não foram divulgados, mas certamente a bilheteria de mais de 1 bilhão de dólares é merecida e mais que suficiente para cobrir os gastos. Não posso opinar sobre a experiência em ver em 48 fps, já que não foram todos os cinemas que exibiram desta forma, mas a imersão e perfeição do 3-D são dignas de cada centavo e minutos de projeção. Um belo começo para mais uma trilogia do diretor Peter Jackson e mais dois anos de ansiedade pela frente pelo término da saga.
Nesses quase 20 anos, não perdeu em nada sua relevância e com toda sua simplicidade, ainda conquistará muitos admiradores. Frank Darabont estreou no cinema, adaptando de forma brilhante o conto “A Primavera Eterna” da coletânea “Quatro Estações” de Stephen King. Nos papéis centrais estão Tim Robbins (Andy Dufresne) em uma de suas melhores atuações e Morgan Freeman (Ellis Boyd “Red” Redding), que está simplesmente magnífico. A cena de Red lendo uma carta deixada por Andy, perto de uma árvore é uma das cenas que acho mais bonita, tocante e só evidencia o enorme talento de Freeman. A esperança inabalável de Andy e a amizade verdadeira que o uniu ao veterano Red são tão reais, que fica impossível não se emocionar e não ficar imerso na jornada de ambos pela liberdade. Coadjuvantes às vezes roubam cenas, aqui destaco três: Bob Gunton (Warden Norton) está brilhante e fica impossível não odiá-lo! Clancy Brown (Capitão Hadley) interpreta muito bem um policial violento e corrupto. E por último o veterano James Whitmore (Brooks Hatlen), que comove como um prisioneiro com dificuldades de readaptação à vida fora do ambiente prisional. Por incrível que pareça não foi um sucesso de bilheteria, tendo arrecadado apenas 28 milhões de dólares e com isso lucrando somente 3 milhões de dólares! Mas logo perceberam sua beleza e o boca a boca fizeram de Um Sonho de Liberdade um sucesso, quando foi lançado em VHS. Foi indicado para sete Oscar (Filme, Roteiro Adaptado: Frank Darabont, Ator: Morgan Freeman, Fotografia: Roger Deakins, Trilha Sonora: Thomas Newman, Som e Edição de Som), mas acabou não levando nada e frequentemente é lembrado como um dos melhores filmes que não levaram a tão cobiçada estatueta dourada. Faz parte da lista dos 100 maiores filmes do Instituto Americano de Cinema e atualmente ocupa a primeira posição da lista dos 250 filmes mais votados do popular site IMDB. Seu status de cult é mais do que merecido e permanece como um filme inspirador e preferido de muitos. Altamente recomendável e merece um lugar no coração de todos cinéfilos!
De crítico da famosa revista francesa “Cahiers du Cinéma” a cineasta, François Truffaut foi um dos jovens que idealizaram e mudaram a estética do cinema francês com o movimento Nouvelle Vague. O cinema autoral em ambientes reais ao invés de estúdios e o estilo documental eram as principais mudanças em resposta ao cinema comercial. Aos 27 anos, Truffaut fazia sua estreia com o longa-metragem “Os Incompreendidos”, sendo este um dos primeiros e mais famosos filmes do movimento. O roteiro quase autobiográfico de Truffaut e Marcel Moussy é extraordinário e seus personagens são um destaque a parte. O protagonista e alter-ego de Truffaut foi brilhantemente interpretado por Jean-Pierre Léaud (Antoine Doinel), aqui em seu segundo trabalho na frente das câmeras. A indicação a Palma de Ouro e o prêmio de diretor no Festival de Cannes, a escolha como melhor filme estrangeiro pelo Círculo de Críticos de Nova York e a indicação ao Oscar de Roteiro, além de merecidamente reconhecer o belo trabalho do cineasta, também serviu para mostrar o quanto sua carreira seria promissora. Truffaut e Léaud fizeram sete filmes juntos e continuaram a saga de “Antoine Doinel” em mais quatro filmes ao longo de 20 anos. Infelizmente Truffaut morreu prematuramente aos 52 anos, mas deixou 27 filmes e sua obra permanece importante, cultuada e ganhando novos admiradores que sempre lembrarão o quanto foi e sempre será importante para o cinema mundial. Léaud com mais de 50 anos de carreira em mais de 80 filmes é um daqueles casos raros de atores mirins que deram certo. Certamente um filme que não deve faltar em nenhuma lista de cinéfilos, perfeito para conhecer o início de um gênio, que não só adorava o que fazia, como tinha profundo conhecimento e paixão pela Sétima Arte.
LEONE, EASTWOOD & MORRICONE, que combinação perfeita!
Desde os primórdios, o Western esteve presente como um dos mais populares e tradicionais gêneros do cinema norte-americano. Mas foram os italianos nos anos 60, os responsáveis pela renovação do gênero, com filmes estilosos e com trilhas-sonoras que caracterizaram o estilo europeu do gênero que viria a ser chamado de “Western Spaghetti”. Apelido dado por críticos de forma depreciativa, mas que o tempo fez justiça e hoje serve para definir os grandes e cultuados westerns italianos. Os mais influentes diretores da época foram Sergio Corbucci (Django) e o extraordinário Sergio Leone, que fez do último capítulo de sua trilogia dos Dólares ou Do Homem Sem Nome, um dos filmes mais icônicos e importantes do gênero. Leone deixou poucos filmes, mas seu lugar na história do cinema é permanente e será sempre lembrado e admirado, como por exemplo, cenas de plano aberto e close-ups extremos de seus atores, são marcas inconfundíveis de seu estilo e genialidade. O roteiro original é de autoria de Leone e do trio Agenore Incrocci, Furio Scarpelli & Luciano Vincenzoni, com uma ótima e divertida história, com personagens interessantes e marcantes. O BOM: Clint Eastwood (Blondie) havia participado de produções pouco expressivas e em muitas nem sequer foi creditado, mas sua carreira foi transformada com o convite de Leone, principalmente por sua última parceria com o grande diretor, com um dos personagens mais icônicos de sua grande carreira. O MAU: Lee Van Cleef (Angel Eyes/Sentenza) foi um dos melhores atores do gênero, tendo começado sua carreira justamente com o grande clássico do western americano “Matar ou Morrer”. Três Homens em Conflito foi o 51º longa-metragem pelo qual Van Cleef foi creditado e com certeza foi um de seus melhores trabalhos. O FEIO: Eli Wallach (Tuco) está perfeito, roubando cenas e com bons momentos cômicos. Este foi seu 15º longa-metragem em que foi creditado e um dos melhores papéis de sua carreira. O filme já empolga com seus créditos de abertura, com os nomes de toda equipe levando tiros, incluindo o de Leone sendo atingido pelo tiro de um canhão. Atualmente com mais de 500 composições, o grande maestro Ennio Morricone é um dos mais celebrados e admirados do cinema, mas foi com esta trilha-sonora composta para o final da trilogia, que Morricone criou uma de suas maiores obras-primas. Curiosamente a trilha-sonora foi composta antes das filmagens, fato bastante incomum no cinema e devido a sua imensa popularidade, às vezes consegue ser mais famosa que o próprio filme. Como as filmagens foram sem gravação de som, cada ator poderia falar em seu idioma de origem, porque tudo seria dublado posteriormente para o italiano, idioma oficial do filme. Mas na versão em inglês podemos conferir as vozes originais do trio americano. A fotografia foi do mestre italiano Tonino Delli Colli, iniciando sua parceria com Leone de forma brilhante. Rino Carboni fez um trabalho extraordinário com a maquiagem, sendo extremamente realista e os figurinos de Carlo Simi, apesar de simples ganharam destaque nos trajes de Eastwood, que são dos mais estilosos. A edição ficou com a dupla Eugenio Alabiso & Nino Baragli, que fizeram com muita competência cortes rápidos e precisos. Cultuado por sua excelência e clássico por merecimento, exemplifica muito bem a pequena, porém notável carreira do grande Sergio Leone. Uma das cenas mais marcantes é o duelo final no cemitério, com movimentos rápidos de câmera e o famoso close-up nos atores ao som de “L'Estasi dell'Oro” de Morricone, são um dos motivos que tornam o filme obrigatório e recomendadíssimo.
Vampiros sempre foram populares no cinema, desde o início do século XX, as plateias foram apresentadas aos "seres da noite" em clássicos notáveis como o alemão “Nosferatu” (1922) e o americano “Drácula” (1931). O tema vampiros parece ser inesgotável, já que em todas as décadas algum ou alguns exemplares foram lançados, tanto seguindo histórias clássicas, como outras mais modernas. No início dos anos 90, foi lançada uma das melhores e mais luxuosas adaptações da clássica obra de Bram Stoker. James V. Hart foi extremamente bem sucedido em adaptar Stoker, com um roteiro fiel ao texto original. Originalmente seria uma adaptação para a TV, mas Winona Ryder que faria parte do projeto resolveu levá-lo para Francis Ford Coppola, que então decidiu que este seria seu próximo projeto no cinema. Como protagonista Gary Oldman (Drácula), dá um verdadeiro show, com uma atuação poderosa e irretocável. Nomes de peso, como Sir Anthony Hopkins (Professor Abraham Van Helsing), que como esperado entrega mais uma excelente interpretação, Winona Ryder (Mina Murray/Elisabeta) fazendo dois papéis com perfeição, Keanu Reeves (Jonathan Harker), que muitas vezes é crucificado, aqui está com uma atuação na medida certa, Sadie Frost (Lucy Westenra) toda sensual e responsável por um dos melhores momentos do longa e por último Tom Waits (R.M. Renfield) em grande atuação. Destaco também grandes artistas, como: a figurinista Eiko Ishioka, que fez um dos figurinos mais belos e estilosos do cinema, o trio de maguiadores: Greg Cannom, Michèle Burke e Matthew W. Mungle, que com um trabalho magnífico, absurdamente realista e diversificado fizeram com que Gary Oldman desaparecesse no personagem. Estonteante é a palavra para descrever os grandiosos cenários góticos criados pelos diretores de arte Thomas E. Sanders e Garrett Lewis. A trilha sonora do compositor Wojciech Kilar é uma das mais marcantes e sombrias que já ouvi, é impossível não notá-la e arrisco dizer que sem ela o filme não seria o que é! Drácula foi um grande sucesso, com custo de produção de 40 milhões de dólares e rendimento de 215 milhões, foi a 9ª maior bilheteria de 1992. O filme venceu três Oscars, o de Figurino, Edição de Som, Maquiagem e ainda foi indicado pela Direção de Arte. Duas ausências mais sentidas foram nas categorias de ator (Gary Oldman) e trilha sonora, com certeza mereciam pelo menos ser indicadas. Mais uma obra-prima do grande Francis Ford Coppola, que mesmo fazendo um filme com um tema já visto inúmeras vezes no cinema, soube explorá-lo de outra forma, por exemplo, usando todo romantismo e paixão da obra e não apelando somente para o horror. Um dos filmes que mais gosto, um clássico do gênero e deve ser apreciado por todos que gostam do tema vampiros.
Após o grande sucesso e a consagração da trilogia “O Senhor dos Anéis”, Peter Jackson pode realizar seu sonho de filmar uma nova produção de “King Kong”, mas diferente do longa de 1976, que foi totalmente adaptado e com muitas mudanças que não agradaram. Mais que uma refilmagem, o filme de Jackson é uma homenagem ao clássico de 1933 e as pessoas que participaram dele, por exemplo, a atriz Fay Wray (Ann Darrow) chegou a ser convidada por Jackson para uma ponta, que acabou não fazendo, mas falou que se os diretores Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack estivessem vivos fariam o filme do mesmo jeito que Jackson. A produção foi majestosa, épica e impecável em vários aspectos, começando pelo roteiro em três mãos (Jackson, Fran Walsh & Philippa Boyens) baseado no original de 1933, com o habitual talento e excelência do trio, que construíram um texto perfeito, que menciona até a grande depressão ocorrida no período e as dificuldades que muitos enfrentaram. E como Kong, só aparece em mais de 1 hora de projeção, os personagens são muito bem desenvolvidos até sua extraordinária aparição. Naomi Watts (Ann Darrow) brilha com uma atuação perfeita e emocional, principalmente nas cenas com Kong. Do restante do elenco, Jack Black (Carl Denham) em um dos poucos papéis sérios de sua carreira, fez um ótimo trabalho. Seguido pelas ótimas atuações de Adrien Brody (Jack Driscoll), Jamie Bell (Jimmy), Colin Hanks (Preston) e do extraordinário Andy Serkis que além de emprestar seu enorme talento para a captura de movimentos, criando de forma perfeita e excepcional, expressões e movimentos do gigantesco King Kong, ainda fez uma participação como Lumpy, um dos tripulantes do barco. Mais uma vez a companhia de efeitos visuais Weta Digital, com os geniais mestres Richard Taylor, Joe Letteri, Brian Van’t Hul & Christian Rivers fizeram toda uma era ganhar vida novamente com o uso de plantas originais da Nova York dos anos 30, com um realismo e beleza espetaculares. Mas o maior destaque fica para a grande atração do longa, o majestoso King Kong que é tão real e perfeito, que esquecemos que é um efeito digital. Outra grande atração foi a Ilha da Caveira, com visual deslumbrante e exótico, repleta de ameaças, como os nativos e os dinossauros. A Direção de Arte do trio Grant Major, Dan Hennah & Simon Bright é tão espetacular e grandiosa como o próprio filme, indo ao passado com o visual dos anos 30 e ao fantástico e exótico com a Ilha da Caveira. Os figurinos de Terry Ryan são bonitos e completam o belo visual da década de 30. A fotografia de Andrew Lesnie, mais uma vez é deslumbrante e a edição de Jamie Selkirk é ágil e perfeita. Originalmente o compositor seria Howard Shore, mas diferenças artísticas acabaram com sua saída e em seu lugar foi contratado o ótimo James Newton Howard, que acabou se saindo muito bem, com uma ótima trilha sonora. Mas Shore fez uma ponta regendo a música original de 1933, composta pelo grande Max Steiner. O filme venceu três Oscar: Edição de Som, Mixagem de Som, Efeitos Visuais e foi indicado também para Direção de Arte. Acho que merecia também indicações para Filme e Diretor, mas como Jackson foi amplamente lembrado nos anos anteriores, desta vez resolveram ignorá-lo. Foi uma das produções mais caras do cinema, custando acima de 200 milhões de dólares e rendeu mundialmente 550 milhões. O filme é dedicado aos diretores Cooper & Schoedsack, ao compositor Max Steiner e dedicado a memória da atriz Fay Wray, que faleceu em 2004 aos 96 anos. Todos os méritos são para Peter Jackson, que ao realizar o sonho que vinha desde sua infância, onde fazia dos casacos de sua mãe o próprio King Kong, uma obra memorável, épica e uma perfeita amostra de como deve ser uma refilmagem.
Pessoas que sofrem preconceito sejam eles quais forem nem sempre são retratadas no cinema como deveriam, mas esse não é o caso de Teena Brandon ou Brandon Teena. Sua história de coragem e vontade de viver sua verdadeira identidade é honesta, brutal e merece ser vista e por abaixo preconceitos. Kimberly Pierce dirigiu a história de Brandon Teena duas vezes, em seu 2º trabalho na direção com o curta-metragem “Boys Don’t Cry” (1995) e quatro anos depois neste seu primeiro longa-metragem de mesmo nome. O roteiro de Kimberly Pierce e Andy Bienen é forte, verdadeiro, chocante e de forma alguma estereotipado. Nem sempre filmes ruins e papéis inexpressivos são sinônimos de falta de talento, mas sim de oportunidade ou sorte talvez, por isso que Hilary Swank (Brandon Teena) agarrou a chance que teve e mostrou todo seu potencial. Como a produção era independente, todo processo de laboratório ficou por conta de Swank, que de forma simples e realista foi além da caracterização, entregando-se de corpo e alma ao personagem de forma extremamente marcante. Outros destaques ficam por conta de Chloë Sevigny (Lana Tisdel) em excelente atuação e Peter Sarsgaard (John Lotter) um excelente ator, que ainda merece reconhecimento. Por sua brilhante e irretocável atuação, Swank venceu o Oscar e o Globo de ouro de Melhor Atriz e Sevigny merecidamente foi lembrada nas indicações. Um soco no estômago, é a expressão correta da experiência de assistir a um filme como este e não poderia ser de outro jeito, por isso que a diretora Kimberly Pierce deve ser lembrada pela coragem de ter levado este projeto adiante. A história de Brandon Teena deve ser vista como um forte combate ao preconceito.
Super produções, às vezes vêm acompanhadas de grandes problemas e com Cleópatra não foi diferente. Para o estúdio seria apenas mais uma produção lucrativa, mas acabou saindo uma das mais caras e tumultuadas do cinema. Tudo teve início em 1958 e sua estreia foi em 12/06/1963 em Nova York, o longa passou por dois presidentes da Fox, com visões bem diferentes: o 1° foi Spyros Skouras, que achava que seria uma produção fácil e lucrativa, chegando a oferecer ao produtor Walter Wanger, o roteiro do filme mudo que o estúdio produziu em 1917. O 2° foi Darryl F. Zanuck, retornando a direção do estúdio, para botar ordem ao caos instalado que se encontrava a produção. Wanger viu que o roteiro do filme mudo não era adequado e acabou adquirindo os direitos do livro “The Life and Times of Cleopatra” de Carlo Mario Franzero, com base no livro o roteiro começou a ganhar forma com Ranald MacDougall e Sidney Buchman. O diretor Rouben Mamoulian não aguentou os ínumeros problemas e a pressão sob suas costas, resultando em sua demissão com a produção ainda no início. Seu substituto foi o excelente diretor/roteirista Joseph L. Mankiewicz, que teve a árdua tarefa de dirigir uma produção já iniciada e reescrever o roteiro simultaneamente. Mankiewicz vendo que tinha muito material em mãos comentou que gostaria de dividi-lo em dois filmes de três horas, mas Zanuck não deixou e confiscou o filme para edição, desta forma perdendo 2 horas, um verdadeiro desperdício! Wanger desde o início queria a atriz Elizabeth Taylor como Cleópatra, oferecendo a atriz um cachê a sua escolha e o valor escolhido foi nada menos que 1 milhão de dólares, um valor inédito para a época. Com uma grande atriz, o filme teria mais chances de sucesso e problemas também, como os graves problemas de saúde de Taylor, que atrasaram as filmagens em meses e o escândalo que foi seu romance com o ator Richard Burton (Marco Antonio) ambos casados na época, que serviram de aperitivo para a mídia sensacionalista da época. Além de Taylor com seu talento e beleza estonteante, Burton em minha opinião estava razoável no papel de Marco Antonio e o destaque mesmo ficou para Rex Harrison (Julio César), que com muita classe e magnífica atuação roubou suas cenas. Dos coadjuvantes o mais interessante foi Roddy McDowall (Octávio/César Augustu), com uma atuação brilhante e provavelmente a melhor de sua carreira. A trilha sonora de Alex North é poderosa e dá o tom épico necessário. Diretores de Arte foram dez, para dar conta dos gigantescos e magníficos cenários, com muita beleza e luxo. Leon Shamroy foi o responsável pela arrebatadora fotografia, com belas e grandiosas imagens. Os efeitos visuais ainda longe da era digital foram muito bem aplicados pelo técnico Emil Kosa Jr. Os figurinistas Vittorio Nino Novarese, Renié e Irene Sharaff, fizeram um trabalho excepcional e é óbvio que o figurino mais bonito e luxuoso é o de Elizabeth Taylor, que desfila ao longo do filme os mais belos trajes do cinema. Foi indicado para nove Oscar, incluindo Filme e Ator (Rex Harrison) e acabou vencendo quatro: Direção de Arte, Figurino, Fotografia e Efeitos Visuais. Com orçamento inicial de 2 milhões de dólares, acabou superando 40 milhões, o que hoje ultrapassaria 300 milhões de dólares. Com o orçamento nas alturas, os 57 milhões de dólares arrecadados, não foram suficientes para que o filme fosse um sucesso. Mas hoje, com 50 anos é considerado um dos grandes clássicos do cinema, com seu visual deslumbrante e Elizabeth Taylor como Cleópatra continua sendo um colírio para os olhos!
Todos sabem que este não é o fim do “Homem-Morcego”, mas o fim de uma Trilogia que tem tudo para tornar-se clássica.
Atualmente Hollywood raramente produz algo novo e original, os cinemas são infestados de remakes e sequências intermináveis, mas com a fama e prestígio alcançados por sua excelente e bem sucedida filmografia, Christopher Nolan fez sua trilogia ir além do sucesso comercial, com filmes dignos de prêmios, popularidade e bilheterias astronômicas. Retornando após quatro anos e depois de sua magnífica obra-prima “A Origem”, Nolan não só dá continuidade a saga do Homem-Morcego, como conclui de forma digna e extraordinária sua trilogia. Batman – A Queda do Morcego de Chuck Dixon e outros, O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller e Batman – Terra de Ninguém de Bob Gale, foram adaptados para o excelente roteiro de David S. Goyer e dos irmãos Christopher & Jonathan Nolan, que souberam muito bem não só continuar a história, como destacar personagens e fatos dos dois longas anteriores de forma excepcional e empolgante. Christian Bale (Bruce Wayne/Batman) volta mais emocional e melhor do que os longas anteriores, Michael Caine (Alfred) roubando suas cenas e mostrando seu imenso talento, merece no mínimo ser indicado para Oscar por sua excelente e emocionante atuação. Gary Oldman (Comissário Gordon) está perfeito e mais ativo, Morgan Freeman (Lucius Fox), Cillian Murphy (Dr. Jonathan Crane/Espantalho) e Liam Neeson (Ra’s Al Ghul) voltando a série e fechando o elenco já mostrado nos longas anteriores. Estreantes na saga estão Tom Hardy (Bane), excelente ator britânico que desde sua aclamada atuação no filme “Bronson” (2008) do diretor Nicolas Winding Refn, não parou mais e com certeza vai dar muito que falar, mesmo mascarado sua atuação é notável e ameaçadora, somente superada pelo Coringa de Heath Ledger. Marion Cotillard (Miranda) alterna seus papéis entre produções americanas e francesas, com grande talento e versatilidade. Joseph Gordon-Levitt (Blake) é um dos melhores atores de sua geração e cada vez mais vem ganhando seu merecido espaço, por isso não é de se espantar o destaque e a importância dada ao seu personagem, que vai bem além do que esperamos. A Mulher-Gato de Michelle Pfeiffer é icônica e insuperável, mas mesmo assim Anne Hattaway (Selina) defendeu muito bem sua personagem e vem recebendo muitos elogios, incluindo uma possível indicação ao Oscar. Novamente Nolan resgata um ator do ostracismo, desta vez foi Matthew Modine (Foley) longe de grandes filmes há muito tempo. Desta vez Hans Zimmer sozinho, dando continuidade a excelente Trilha-Sonora dos filmes anteriores de forma extraordinária, por isso espero que desta vez seja pelo menos lembrado no Oscar, quem sabe até saindo vencedor depois de quase 20 anos de seu último prêmio. Mais uma vez foi alcançada a excelência em Edição e Mixagem de Som, pelos técnicos Richard King, Randle Akerson, Michael Babcock, Mark Goodermote & Ed Novick, com grande impacto durante todo o filme. Um dos maiores trabalhos deste capítulo final da trilogia, certamente foi do editor Lee Smith em editar quatro horas de material em pouco mais de 2h40 de projeção, pela excelência de seu árduo trabalho merece levar certa estatueta dourada para casa. Muito se falou acerca da longa duração, mas todos sabiam que nunca seria lançado em sua totalidade, mas bem que podiam lançar o filme em duas partes, nós como fãs com certeza voltaríamos em massa aos cinemas. Premiado com Oscar pelo genial “A Origem”, o diretor de fotografia Wally Pfister pode muito bem repetir o feito pelo seu extraordinário trabalho neste filme. Os figurinos de Lindy Hemming são notáveis, principalmente nos trajes de Bale, Hattaway e Hardy com sua máscara. Outro destaque foi o trabalho dos maquiadores Audrey Doyle, Doug Fairall & Connor O’Sullivan, principalmente no personagem Bane. Com grande impacto os efeitos visuais são de um realismo absurdo em várias cenas, principalmente na primeira com Bane, certamente o técnico Chris Corbould e sua equipe serão lembrados pelo excelente trabalho. Infelizmente logo nos primeiros dias de sua estreia o longa ficou marcado pelo massacre cometido em um cinema lotado de fãs em uma cidade norte-americana. Devido a essa fatalidade, alguns acham que o filme vai sair prejudicado em relação ao Oscar, sendo um absurdo um fato cometido por um louco, atrapalhar o julgamento dos membros de uma premiação como o Oscar, espero que foquem suas qualidades artísticas e não esse fato isolado. Atualmente em cartaz, o filme que estreou não faz nem 2 meses e custou 250 milhões de dólares, está arrebentando nas bilheterias com mais de 1 bilhão de dólares, já tendo ultrapassado seu antecessor e neste momento ocupando a 12ª posição das maiores bilheterias de todos os tempos. Um final quase perfeito e digno de um grande diretor como Nolan, que fez de sua trilogia não só um marco na Saga cinematográfica do Homem-Morcego, como mostrou como revitalizar um personagem já visto anteriormente.
Próximo de completar 30 anos, o filme continua poderoso e um forte apelo contra ditaduras pelo mundo. Adaptado de um artigo publicado no The New York Times, o roteirista Bruce Robinson contou a história real de um homem que presenciou os horrores impostos pelo regime do Khmer Vermelho, no Camboja e sua luta pela sobrevivência. Este foi o primeiro longa de cinema do diretor britânico Rolland Joffé, fazendo uma escolha acertada e corajosa, tocar em uma ferida ainda não cicatrizada de um genocídio recente e pouco conhecido. Sam Waterston (Sydney Schanberg) viveu o jornalista americano e o Dr. Haing S. Ngor (Dith Pran) foi o cambojano que o ajudou em suas reportagens, como fotógrafo, informante e seu grande amigo. O filme foi indicado para sete Oscar, incluindo: Filme, Direção (Rolland Joffé), Roteiro (Bruce Robinson), Ator (Sam Waterston) e venceu três: Ator Coadjuvante (Haing S. Ngor), Fotografia (Chris Menges) e Edição (Jim Clark). Venceu também inúmeros prêmios internacionais e esteve presente nas listas dos dez melhores do ano. Uma das coisas mais extraordinárias do filme é presença do médico cambojano Haing S. Ngor, em sua primeira atuação e principalmente pelo fato de ser um sobrevivente dos horrores mostrados no filme, só tendo escapado da execução por negar ter qualquer profissão de nível superior. Entrou para a história sendo o 2° asiático a vencer o Oscar e também o 2° não-profissional a vencer o prêmio. O médico/ator sempre lutou contra o regime e muitos acreditam que por esse motivo foi assassinado em 1996, um fato triste para uma pessoa que no mínimo merecia viver em paz por tudo que já havia passado. Um filme impactante e extraordinário, seu final é um dos mais bonitos que já vi e ao som da música “Imagine” de John Lennon, ficou ainda mais emocionante.
Da era de ouro do cinema americano, o mestre Billy Wilder foi um dos mais criativos e com Crepúsculo dos Deuses, foi ousado o bastante para tecer críticas ácidas a própria indústria cinematográfica. O roteiro não poderia ser menos que brilhante, nele ficção e realidade se confundem, com foco em Joe Gillis (William Holden) roteirista em busca de trabalho e sucesso e na atriz Norma Desmond (Gloria Swanson), que fez fama e dinheiro no cinema mudo e ensaia seu retorno ao cinema. Isso tudo foi escrito de forma brilhante e privilegiando seus grandes atores com diálogos memoráveis e até hoje lembrados. De todas as qualidades do filme, o que mais chama a atenção é a grande e inesquecível atuação de Gloria Swanson como Norma, em um papel que com certeza foi o de sua vida e pelo qual sempre será lembrada. Dos 11 Oscar que concorreu, o filme venceu os de Roteiro, Direção de Arte e Trilha Sonora, com certeza merecia muito mais. Mas o que importa é que será sempre lembrado por todos os amantes da Sétima Arte e 60 anos depois continua sendo indispensável.
Atualmente filmes de super-heróis são tão comuns quanto abundantes, mas nem sempre são tão bons e divertidos como esperamos. Próximo do 10° aniversário, o filme da “Família Incrível” continua sendo um dos melhores do gênero e mais um clássico sensacional da Pixar. Concebido originalmente como uma animação tradicional e sendo o 2° longa-metragem da carreira de Brad Bird, cinco anos após sua extraordinária estreia com o cultuado “Gigante de Ferro”, o projeto estava sendo desenvolvido dentro da Warner, que pouco tempo depois fechou as portas de sua divisão de animação. Apesar do contratempo, não demorou muito para que Bird conseguisse levar adiante seu projeto e foi com seu ex-colega de faculdade, John Lasseter que sabendo da qualidade e do potencial do projeto, contratou Bird para o talentoso time da Pixar. Dentro da Pixar, Bird foi convencido de produzir o projeto em animação computadorizada, o que sem dúvida foi uma mudança das mais acertadas. Sendo o 6° longa-metragem da Pixar e pela primeira vez com personagens humanos, sendo muito realista também nos temas, como família, violência e até morte. De autoria do próprio Bird, o roteiro é excelente, inteligente e muito original. Seus personagens são tão interessantes quanto brilhantes, com diálogos bem escritos que ficaram ainda melhores nas vozes originais dos talentosos atores: Craig T. Nelson (Sr. Incrível), Holly Hunter (Mulher-Elástica), Samuel L. Jackson (Gelado), Spencer Fox (Flecha), Sarah Vowell (Violeta), Jason Lee (Síndrome), Eli Fucile & Maeve Andrews dublando o ótimo bebê Zezé e a excelente personagem Edna Moda (inspirada na grande figurinista do cinema, Edith Head), que Brad Bird ofereceu para a atriz Lily Tomlin, que quando o diretor fez uma demonstração do tom que queria, sugeriu que o próprio fizesse e a atriz tinha razão, ficou excelente sua dublagem. Mais uma vez Bird prestou homenagem a seus mentores, os grandes animadores Frank Thomas (faleceu antes da estreia aos 92 anos) e Ollie Johnston, com personagens que são caricaturas deles e com dublagem dos próprios. O compositor Michael Giacchino em sua 7ª trilha-sonora para o cinema fez um excelente trabalho, digno de reconhecimento. Foi vencedor dos Oscar de Melhor Animação e Edição de Som (Excelente trabalho dos técnicos Michael Silvers & Randy Thom) e ainda foi indicado para Roteiro Original (Brad Bird) e Mixagem de Som. Venceu 10 prêmios Annie, incluindo os de Animação, Direção (Brad Bird) e Roteiro (Brad Bird). Foi também lembrado pelo prestigiado Instituto Americano de Cinema, com o prêmio de Melhor Filme do Ano. Com custo de produção de mais de 90 milhões de dólares, foi um enorme sucesso nas bilheterias com soma superior a 630 milhões de dólares. Genial, empolgante e acima de tudo divertido, comprovando o talento de Bird e do espetacular e novamente bem sucedido trabalho coletivo da Pixar.
O casal Jonathan Dayton e Valerie Faris já tinham uma carreira longa como diretores de clips musicais e documentários, mas foi com esse “road movie” familiar, que fizeram sua estreia no cinema, com bom humor e sensibilidade. O roteiro de Michael Arndt é extraordinário, conseguindo extrair problemas, alegrias e convivência forçada de forma engraçada e tocante. Outro mérito do texto são os diálogos, que valorizam o excepcional elenco: Greg Kinnear (Richard), Toni Collette (Sheryl), Steve Carrell (Frank), Paul Dano (Dwayne) e por último os dois maiores responsáveis pelo sucesso, Alan Arkin (Edwin) como o patriarca da famíla Hoover, em grande atuação e a pequena miss Abigail Breslin (Olive) brilhando em cada cena e com uma atuação extraordinária. Outro destaque é a bela trilha sonora de Michael Danna e da banda DeVotchka, combinando perfeitamente com o clima do filme. Foi indicado para quatro Oscar, incluindo: Filme, Atriz Coadjuvante (Abigail Breslin) e venceu os de Ator Coadjuvante (Alan Arkin), recebendo o prêmio 40 anos depois de ser indicado pela primeira vez e Roteiro (Michael Arndt). Além de diversos prêmios internacionais e listas de melhores do ano, foi um feito extraordinário para um filme simples, porém belo e muito original. Um filme inesquecível, que mostra uma família totalmente desestruturada, mas que acaba unindo-se pelo amor em comum pela pequena Olive.
Um filme colossal, com certeza o maior filme americano do século XX. Foi adaptado da obra de Margaret Mitchell, que em sua época era imensamente popular, com isso fazendo sua produção ser a mais comentada e disputada de Hollywood. Atores consagrados fizeram testes para os papéis principais, fato que não acontecia com frequência e isso só prova que não era qualquer filme que estavam produzindo. Como toda superprodução, ocorreram problemas e o mais visível e comentado foi a troca sucessiva de diretores, que ao todo foram três: George Cukor, Sam Wood e Victor Fleming. Este último foi quem levou os créditos e o ambicioso produtor David O. Selznick comandou e mandou com pulso firme em todos os aspectos desta grandiosa produção. Clark Gable já era uma estrela nesta época e foram os leitores que o escolheram para viver Rhett Butler, nem Selznick pode fazer nada a respeito e não dá para imaginar outro ator fazendo este personagem. Scarlett O’Hara ficou para a britânica Vivien Leigh, que em seu 10° longa e sua estreia no cinema americano não poderia ter sido melhor. Sua personagem é o coração do filme, começa como uma menina mimada e ao longo do filme transforma-se em uma mulher forte e determinada. Com uma brilhante atuação, Vivien não só fez fama, como conseguiu entrar para a história com sua lendária personagem. Dos coadjuvantes os maiores destaques são: Leslie Howard (Ashley Wilkes), Olivia de Havilland (Melanie Hamilton) uma das últimas sobreviventes do longa, que lutou para conseguir participar da produção e permanece como uma das personagens mais doces e bondosas do cinema. Por último e de grande importância foi Hattie McDaniel (Mammy), com toques de humor fez um personagem que apesar de estereotipado, ainda é um dos melhores do longa. Sua estreia foi em dezembro de 1939 em Atlanta, passados mais de 70 anos do fim da Guerra Civil e foi um acontecimento histórico. Venceu oito de treze indicações ao Oscar, incluindo: Filme, Direção (Victor Fleming), Roteiro (prêmio póstumo para Sidney Howard), Atriz (Vivien Leigh) e Atriz Coadjuvante (Hattie McDaniel, fez história ao ser a primeira atriz afro-americana vencedora do prêmio). O filme ainda recebeu 02 prêmios honorários e o produtor David O. Selznick foi homenageado com o prêmio Irving G.Thalberg Memorial. Dos prêmios não conquistados, o mais sentido é o da grande trilha-sonora de Max Steiner, que ecoa até hoje como uma das mais marcantes da história do cinema. Foi o maior de sua época em todos os aspectos, da produção grandiosa ao sucesso nas bilheterias. Em plena 2ª Guerra Mundial, com Londres sendo bombardeada, as filas nas sessões do filme continuavam lotadas. Agora passados mais de 70 anos, o filme encanta toda uma nova geração, com seus personagens marcantes, sua produção irretocável e o belíssimo colorido do Technicolor dos anos 30.
A intolerância racial e a luta pelos direitos civis estão presentes em muitos filmes, mas este aqui é muito especial e diferente. Adaptado da obra de Kathryn Stockett, sua amiga de infância, o diretor/roteirista Tate Taylor teve a tarefa difícil de adaptar o popular livro "The Help" , mas foi bem sucedido e o resultado está aí para comprovar. Este foi seu terceiro trabalho como diretor e seu segundo longa-metragem, mostrando muita competência em acumular duas funções e também por sua extraordinária direção de atores. O filme é dominado por atrizes, em grandes e marcantes atuações, destacando-se: Viola Davis (Aibileen) dá um show e mostrou o que é ser uma grande atriz, em uma atuação forte, verdadeira e extremamente comovente. Bryce Dallas Howard (Hilly), cada vez mais prova seu talento e aqui faz uma personagem que é impossível não odiar, merecia uma indicação ao Oscar pela ótima atuação. Octavia Spencer (Minny) está impecável com uma personagem forte, decidida e corajosa. Esta foi sua terceira colaboração com Tate Taylor, apesar da carga dramática seu personagem tem ótimos momentos cômicos. Jessica Chastain (Celia) estreou no cinema em 2008 e só em 2011 fez oito longas, sendo disputada em Hollywood, por sua beleza, simpatia e enorme talento. Em um papel atípico para um filme com temas fortes como o racismo, esbanja carisma como uma mulher sem preconceitos. Emma Stone (Skeeter) em seu primeiro papel sério mostrou-se uma ótima atriz. Aqui é a escritora responsável em contar a história destas grandes mulheres. Allison Janney (Charlotte) sempre ótima, atuando pela terceira vez em um trabalho de Tate Taylor. E por último as veteranas Cicely Tyson (Constantine) e Sissy Spacek (Missus Walters) roubando suas cenas. O filme foi indicado para quatro Oscar, incluindo: Filme, Atriz (Viola Davis), Atriz Coadjuvante (Jessica Chastain) e venceu merecidamente o de Atriz Coadjuvante para Octavia Spencer. Foi também um enorme sucesso de público, rendendo mais de 200 milhões de dólares pelo mundo. Com uma bela reconstituição de época, um elenco excepcional e uma história inesquecível, fazem de “Histórias Cruzadas” um filme imperdível.
Com seu sétimo longa-metragem, Ang Lee mudou radicalmente de gênero e estilo, com o “Wuxia”, o tradicional gênero chinês de artes marciais e espadas. O roteiro foi adaptado do livro de Du Lu Wang, pelos chineses Hui-Ling Wang, Kuo Jung Tsai e pelo americano James Schamus, colaborador de Lee desde sua estreia com “A Arte de Viver” (1992), aqui também com a função de produtor executivo. O trio fez uma ótima adaptação, com todos os elementos tradicionais e místicos do Wuxia, aliados pelos ótimos personagens. Após três produções nos E.U.A., o veterano Chow Yun-Fat (Mestre Li Mu Bai) voltou ao cinema chinês para o 78° longa-metragem de sua carreira, com uma grande e forte atuação. Mais conhecido pelos filmes de ação do diretor John Woo, que não possuem cenas com artes marciais, o ator que também não tinha muita experiência e habilidades para isso, passou por um extenso treinamento e preparação para o papel. Michelle Yeoh (Yu Shu Lien) está magnífica em um dos melhores papéis de sua carreira, este foi seu segundo trabalho após sua estreia no cinema ocidental com “007 – O Amanhã Nunca Morre” (1997) e foi o 21º longa-metragem de sua carreira. Ao contrário de seu colega, Michelle participou de vários filmes de artes marciais, mas mesmo assim aprimorou suas habilidades para este extraordinário filme. Um dos maiores destaques do elenco é a bela e extremamente talentosa Zhang Ziyi (Jen Yu), roubando cenas em seu segundo longa-metragem no cinema. Em grandiosa atuação e com cenas espetaculares, uma das coisas mais impressionantes é saber que a atriz não tinha experiência com artes marciais. Dos coadjuvantes destaco o novato Chen Chang (Luo Xiao Hu) em seu 4º longa-metragem e a veterana Cheng Pei-Pei (Jade Fox), ambos com ótimas atuações. Amparada pelas belíssimas paisagens chinesas, a fotografia de Peter Pau é de encher os olhos de tão espetacular. Timmy Yip além de diretor de arte, foi também responsável pelos figurinos, fazendo os dois trabalhos com perfeição e com grande beleza. O mestre Yuen Woo-Ping foi o responsável pelas grandiosas e espetaculares coreografias de artes marciais, fazendo o impossível parecer tão real quanto belo. Com sua equipe, os atores passaram longas horas treinando e fizeram grande parte de suas cenas pendurados em cabos de aço. Os efeitos visuais foram necessários e usados na medida certa, incluindo na remoção de fios e cabos que suspendiam os atores. Foi uma excelente realização dos técnicos Leo Lo & Rob Hodgson. A edição de Tim Squyres é de muita competência, principalmente nas espetaculares e rápidas cenas de artes marciais. Os efeitos sonoros, que vão de uma simples telha se quebrando ao de espadas se chocando, foram perfeitamente executados pelo técnico Eugene Gearty e equipe. O compositor Tan Dun fez uma belíssima e memorável trilha-sonora, suave em alguns momentos e empolgante em outros. Além de compor a bela canção “A Love Before Time”, ao lado de Jorge Calandrelli & James Schamus, com interpretação da bela cantora chinesa CoCo Lee. O filme originalmente seria falado em inglês, mas o bom senso prevaleceu e Ang Lee acabou optando pelo mandarim como idioma, com isso alguns membros do elenco que não tinham fluência no idioma, tiveram que ter aulas intensivas. Sua estreia foi em maio de 2000, em Cannes e desde então sua trajetória foi marcada por recordes e grandes prêmios. O filme custou 17 milhões de dólares e rendeu mais de 200 milhões de dólares no mundo todo. É até hoje o filme estrangeiro com mais indicações ao Oscar, com surpreendentes 10 indicações, incluindo a de Melhor Filme (sendo o 3º filme estrangeiro indicado nesta categoria), Diretor (Ang Lee) e Roteiro. Sendo vencedor em quatro categorias: Filme Estrangeiro, Trilha-Sonora, Fotografia & Direção de Arte. Com certeza mereceu todo barulho e continua sendo um dos melhores e mais memoráveis trabalhos do excelente diretor Ang Lee.
Um dos maiores clássicos da história do cinema e um dos maiores exemplos da genialidade e talentos de um dos maiores diretores do século XX.
Após duas superproduções em cores, o mestre Alfred Hitchcock fez um filme de baixo orçamento e preto e branco, para cumprir seu contrato com a Paramount. Algo que o estúdio de imediato não esperava, já que imaginava uma produção nos moldes das anteriores. Com roteiro do jovem e talentoso Joseph Stefano, adaptando o livro de Robert Bloch, que Hitchcock havia lido e adquirido os direitos imediatamente. Foi um trabalho excepcional, principalmente por ser o terceiro roteiro de cinema de Stefano e o segundo pelo qual levou crédito. Norman Bates foi o 12º personagem da carreira de Anthony Perkins e foi eternizado como um dos mais populares e icônicos, não só da extensa carreira de Hitchcock, como também da história do cinema. Um trabalho magnífico e digno de reconhecimento, Perkins sempre será lembrado e admirado por sua espetacular atuação. Janet Leigh (Marion Crane), apesar de jovem estava em seu 35° longa-metragem, mas nenhum outro papel de sua carreira causou tanto impacto e elogios como este. Principalmente por sua grande atuação e por ter protagonizado uma das cenas mais antológicas do cinema. Dos coadjuvantes os destaques são: Vera Miles (Lila Crane), John Gavin (Sam Loomis) & Martin Balsam (Detetive Milton Arbogast), todos com ótimas atuações. E como de costume Hitchcock fez uma ponta e sua filha Patricia Hitchcock fez sua terceira e última participação em uma obra de seu pai. Este foi um dos últimos trabalhos do mestre Alfred Hitchcock e um dos melhores e mais importantes filmes de sua carreira. Apesar do custo inferior a 900 mil dólares, o diretor e sua equipe conseguiram fazer um filme com tantas qualidades, que hoje em dia é difícil acreditar que esta obra-prima foi produzida com tal quantia. Psicose também marcou umas das últimas parcerias de Hitchcock, com o grande compositor Bernard Herrmann, fazendo somente mais dois filmes depois deste. Mas esta foi uma das mais brilhantes e icônicas composições de Herrmann, não só de sua carreira, mas também da história do cinema. Foi e ainda é inspiração para muitos compositores e virou símbolo para cenas de suspense e grande impacto, sendo frequentemente lembrada e imitada. Outra parceria de Hitchcock, que merece destaque é com o famoso designer gráfico Saul Bass, responsável pelos excelentes créditos de abertura e também pelos storyboards do filme, incluindo da famosa e polêmica cena do chuveiro. Cena que Bass causou polêmica ao afirmar que havia dirigido, no lugar de Hitchcock. Fato desmentido por Janet Leigh, estrela da cena em questão, confirmando que Hitchcock quem dirigiu. Polêmica a parte, sua contribuição foi extremamente importante com os storyboards servindo de prévia da fantástica e famosa cena. A extraordinária fotografia em preto e branco de Jack L. Russell e a edição com cortes precisos e perfeitos de George Tomasini são exemplos da extrema qualidade de um filme com assinatura do Mestre do Suspense. A direção de arte (Joseph Hurley, Robert Clatworthy & George Milo) apesar de modesta foi de extrema qualidade e criatividade, principalmente no Motel Bates, na decoração de interiores e pela primeira vez no cinema, um banheiro foi destaque de cena. O filme foi indicado para quatro Oscar: Diretor (Hitchcock), Roteiro, Atriz Coadjuvante (Janet Leigh) & Direção de Arte. Além de não ter vencido nenhum prêmio, o maior absurdo foi à ausência de Anthony Perkins nas indicações, já que sua atuação é brilhante e inesquecível. O único prêmio importante foi para Janet Leigh, que venceu o Globo de Ouro de Atriz Coadjuvante. O filme faz parte da lista dos 100 maiores filmes de todos os tempos, pelo Instituto Americano de Cinema. Pela sua importância e status de clássico, seria absurdo pensar que um dia fariam um remake, mas foi isso que aconteceu em 1998. Com Gus Van Sant filmando quadro a quadro, incluindo a cena do chuveiro, mas com o uso de cores e atualização de época. Com custo de absurdos 60 milhões de dólares e com bilheteria mundial de pouco mais de 30 milhões de dólares, provaram que grandes clássicos do cinema não devem ser refilmados e sim preservados para outras gerações. Passados mais de 50 anos de sua estreia, Psicose continua fascinante e merece ser visto e revisto por todos.
STAR WARS: EPISÓDIO IV - UMA NOVA ESPERANÇA (1977)
Com o sucesso de crítica e público de “Loucuras de Verão“ (1973), o diretor George Lucas conseguiu depois da recusa de alguns estúdios, que a Fox financiasse seu projeto mais ambicioso, o primeiro filme da saga Star Wars. Com uma sacada genial e quase premonitória, o diretor abriu mão de seu salário em troca de total controle sobre a obra e mais os direitos de merchandising, fato bem incomum para a época. Foi o terceiro longa-metragem da carreira de Lucas, que assina também o roteiro excepcional, inventivo e com personagens marcantes e populares até hoje. O jovem elenco foi excepcional, principalmente Mark Hamill (Luke Skywalker) em seu primeiro longa-metragem de cinema, após estrear como um dos dubladores da animação “Wizards” de Ralph Bakshi, lançada também em 1977. Carrie Fisher (Princesa Leia Organa) em sua segunda aparição nos cinemas, com um grande papel feminino em que atuou muito bem. Harrison Ford (Han Solo) já havia sido dirigido por Lucas em “Loucuras de Verão“ (1973) e participado também do elogiado “A Conversação” (1974) de Francis Ford Coppola, conseguindo aqui sua grande chance ao estrelato, como o anti-herói mais popular do cinema. O grande Alec Guinness (Ben/Obi-Wan Kenobi) como era de se imaginar, tem uma atuação brilhante e extremamente marcante. Outro ator britânico que merece ser mencionado é Peter Cushing (Grand Moff Tarkin), famoso pelas produções de horror dos Estúdios Hammer, fazendo um dos vilões com muita competência e talento. Dos muitos ícones da saga, Darth Vader é um dos mais populares de toda a história do cinema, fazendo parte da cultura popular desde sua estreia. Dois nomes foram responsáveis pelo notável personagem, David Prowse emprestando seu porte físico e James Earl Jones emprestando sua poderosa e inconfundível voz. Outros grandes personagens apresentados foram: C-3PO (Anthony Daniels) e R2-D2 (Kenny Baker), como os dróides/robôs mais queridos do cinema e o peludo e mal-humorado Chewbacca (Peter Mayhew). Os efeitos visuais foram revolucionários, sendo o segundo longa-metragem com o selo da famosa Industrial Light & Magic, fundada por Lucas em 1975. Os grandes e geniais pioneiros, por traz dos magníficos efeitos visuais foram: John Stears, John Dykstra, Richard Edlund, Grant McCune & Robert Blalack. Ainda em início de carreira, o grande maquiador Rick Baker foi um dos responsáveis pela exótica, perfeita e extraordinária maquiagem, já dando sinais do que viria a ser. Apesar de pouco comentada a fotografia de Gilbert Taylor, merece ser destacada também, principalmente nas cenas na Tunísia. Umas das coisas mais interessantes e importantes foram os extraordinários cenários dos diretores de arte (John Barry, Norman Reynolds, Leslie Dilley & Roger Christian), que vão dos cenários no deserto da Tunísia aos interiores das espaçonaves. O figurinista John Mollo estreou no cinema, produzindo uma variedade incrível de trajes, que vão do comum ao exótico, com muita criatividade e talento. A trilha-sonora criada pelo grande John Williams é uma das mais famosas e icônicas da história do cinema. Star Wars não seria tão importante, não teria tanto impacto e popularidade, sem a extraordinária e clássica trilha-sonora do maestro Williams. O som é o responsável por grande parte da emoção de um grande filme como este, dando vida às espetaculares imagens projetadas. Os grandes responsáveis foram: Don MacDougall, Ray West, Bob Minkler & Derek Ball. Fazendo parte desta área também, Ben Burtt foi o responsável pelos extraordinários efeitos sonoros, dando vozes a várias criaturas, alienígenas e robôs. Com edição ágil e perfeita, o trio de editores (Paul Hirsch, Marcia Lucas & Richard Chew), teve a árdua tarefa de ver o que funcionava ou não, tudo é lógico supervisionado por Lucas, que certamente acompanhava o trabalho de sua esposa Marcia. O filme foi indicado para dez Oscar, incluindo os de Filme, Diretor (George Lucas), Roteiro (George Lucas), Ator Coadjuvante (Alec Guinness) e venceu sete (Edição, Direção de Arte, Figurino, Efeitos Visuais, Trilha-Sonora, Som e o prêmio honorário pelos Efeitos Sonoros). Um feito e tanto para um gênero que geralmente é desprezado nas premiações. O filme também faz parte da lista dos 100 maiores filmes de todos os tempos, pelo Instituto Americano de Cinema. Com orçamento de 11 milhões de dólares, o filme faturou impressionantes 775 milhões de dólares, contando com os relançamentos. Com o sucesso George Lucas pode dar continuidade a série, com este filme ganhando o subtítulo de “Uma Nova Esperança” e sendo o Capítulo IV da grande saga espacial. Com os direitos autorais em mãos, Lucas acabou modificando cenas no relançamento da saga em 1997, usando a tecnologia da época para isso. Para os fãs mais puristas, foram totalmente desnecessárias, já que a saga fez fama e dinheiro da forma que foi concebida originalmente. Apesar disso, este que foi o primeiro filme lançado nos cinemas, merece ser chamado de clássico e foi um divisor de águas, para o gênero fantasia/ficção que sempre eram vistos como filmes B e de baixa qualidade. Jedi hoje em dia, é uma palavra tão comum, que é impossível alguém não ter escutado. O império galáctico construído por Lucas, não perde seu impacto e agora com 35 anos de sua estreia nos cinemas, mais os bilhões arrecadados com bilheterias e merchandising, mostram que a “Força” continua com Lucas e sua obra, apesar das constantes modificações, conta com uma crescente legião de fãs no mundo todo. Uma obra essencial do cinema, pela sua importância no desenvolvimento dos efeitos visuais pré-era digital, pela sua imensa popularidade e também como um dos melhores exemplos de escapismo, com uma total imersão ao universo criado por Lucas, com seus personagens icônicos e lugares fantásticos.
Mais de 70 anos de um grande clássico, Bogart e a estreia na direção de John Huston, fazem deste um filme imperdível.
Em 1929, pouco depois da revolução causada com a chegada do som ao cinema, John Huston com apenas 23 anos, fazia sua estreia no cinema no curta-metragem “Two Americans”. Mas foram seus trabalhos como roteirista em filmes de grandes diretores como William Wyler e Howard Hawks, que deram prestígio e oportunidade para que em 1941, pudesse estrear como diretor. Com uma escolha inusitada, resolveu adaptar o livro “O Falcão Maltês” de Dashiell Hammett, que a Warner detinha os direitos e já havia feito duas produções anteriores. Mas ao contrário das adaptações anteriores, que fracassaram em todos os aspectos, Huston fez de sua estreia um grande sucesso. A trama gira em torno de uma estatueta que é cobiçada por várias pessoas, com reviravoltas e surpresas ao longo do filme. Foi um dos primeiros filmes do gênero “Noir”, termo francês para filmes policiais em preto-e-branco, onde sombras e outras características do expressionismo alemão eram comuns. Além é claro de personagens cínicos e uma “Femme Fatale”, fez deste um dos grandes exemplares do gênero. Liderando o afiadíssimo elenco, o lendário Humphrey Bogart (Sam Spade), que antes era mais conhecido pelos papéis de gângster que havia feito, mas este filme foi o primeiro passo para que o ator atingisse o status de grande astro que ostenta até hoje. Com certeza foi sua primeira atuação, digna de ser lembrada e reconhecida. Mary Astor (Brigid O’Shaughnessy) começou sua carreira ainda no cinema mudo e seu papel é de grande destaque e importância na trama, com a atriz mostrando todo seu talento. O filme ainda conta com a presença notável do húngaro Peter Lorre (Joel Cairo), fazendo seu primeiro grande filme no cinema norte-americano, após dez anos de seu maior sucesso: o grande filme alemão “M, o Vampiro de Dusseldorf” do diretor Fritz Lang. Mas a grande atuação do longa-metragem de estreia de Huston foi de outro estreante Sydney Greenstreet (Kasper Gutman), que vinha do teatro e pela falta de experiência no cinema, ficou extremamente nervoso em atuar na frente das câmeras, fato que não transparece em nenhum momento, já que atua de forma tão natural. A trilha sonora de Adolph Deutch e a fotografia em preto-e-branco de Arthur Edeson sustentam muito bem o status de policial noir, dando clima e atmosfera com perfeição. Foi indicado para três Oscar: Melhor Filme, Roteiro (Huston) e Ator Coadjuvante (Greenstreet). Não foi vencedor, mas provou o grande talento de Huston, que acabou se igualando aos grandes diretores que o revelaram. Faz também parte da famosa lista do Instituto Americano de Cinema, como um dos cem maiores filmes da história. Esta também foi a primeira vez que o trio Bogart, Lorre & Greenstreet apareceu no cinema. Um filme essencial, que marcou o início da excelente parceria de Huston com Bogart.
Me Chame Pelo Seu Nome
4.1 2,6K Assista AgoraLindo demais, quero chamar alguém pelo meu nome!
Fogo Contra Fogo
4.0 660 Assista AgoraFOGO CONTRA FOGO (1995)
Depois de 21 anos do único filme (O PODEROSO CHEFÃO – PARTE II, 1974), que fizeram juntos, mas que não dividiram nenhuma cena, finalmente nós pudemos ver a colisão entre dois grandes astros: Al Pacino e Robert De Niro!
O diretor Michael Mann fez poucos filmes, se levar em conta o início de sua carreira no final da década de 60, mas são dos mais expressivos e acabou revelando-se um mestre em filmes policiais.
O roteiro de autoria do próprio Mann é excelente, inteligente e muito esperto em abordar não apenas o conflito entre os ladrões e os policiais, mas de expor suas vidas pessoais e seus conflitos internos também.
Outra qualidade que deve ser mencionada é que todos os personagens são importantes para a trama.
Os protagonistas e antagonistas são obviamente dois monstros consagrados, então não poderia ser menos do que um espetáculo o encontro de Pacino (Ten. Vincent Hanna) e De Niro (Neil McCauley).
Do grande elenco os principais destaques são: Val Kilmer (Chris Shiherlis) em um dos melhores papéis de sua carreira e Natalie Portman (Lauren Gustafson) arrasando em seu 2° longa-metragem no cinema.
O filme ainda conta com as presenças marcantes de Jon Voight (Nate), Diane Venora (Justine Hanna), Ashley Judd (Charlene Shiherlis) e Tom Sizemore (Michael Cheritto).
Visualmente o filme é impecável tanto na fotografia de cores frias do italiano Dante Spinotti, como na edição ágil e precisa do quarteto de editores (Pasquale Buba, William Goldenberg, Dov Hoenig & Tom Rolf), que alternam as cenas de investigação com as cenas de assalto de forma brilhante.
A trilha sonora de Elliot Goldenthal cresce conforme o ritmo do filme e falando em sonoridade é impossível não notar o trabalho dos técnicos (Chirs Jenkins, Ron Bartlett, Mark Smith & Lee Orloff) na mixagem de som.
Acho um absurdo um filme com tantas qualidades ter sido completamente ignorado no Oscar, que não foi lembrado sequer nas categorias técnicas.
Foi um sucesso de público, com renda superior a 180 milhões de dólares.
São quase três horas de projeção, mas em nenhum momento fica monótono, pelo contrário e mesmo agora, quase 20 anos depois de sua estreia continua extraordinário e já o considero um clássico.
Além do encontro histórico de dois grandes atores como Pacino e De Niro, o filme merece ser visto também por ser um dos melhores do gênero.
Invictus
3.8 805 Assista AgoraINVICTUS (2009)
Um homem de tamanha grandeza como Nelson Mandela, que assim como Gandhi foi admirado muito além de suas fronteiras, não ficaria sem ter uma cinebiografia!
Na realidade o longa-metragem Invictus, não é uma biografia completa e nem o primeiro filme a retratar o filho mais ilustre do continente africano, mas um fragmento importante na vida e na trajetória política de Mandela.
O veterano Clint Eastwood, aqui dirigindo seu 30° longa-metragem de cinema com uma vitalidade invejável e provando mais uma vez seu enorme talento atrás das câmeras!
O excelente roteiro de Anthony Peckham foi adaptado do livro “Conquistando o Inimigo: Nelson Mandela e o Jogo que Uniu a África do Sul” de John Carlin, concentrando-se na chegada de Mandela a presidência e o desafio de unir um povo separado pelo ódio racial.
Focando o esporte, no caso a Copa do Mundo de Rugby como um dos principais fatores na união e celebração de uma nova África do Sul.
Além de Mandela, outro personagem destacado é François Pienaar, o capitão da seleção nacional de Rugby, os Springboks.
Como Mandela, ninguém menos que Morgan Freeman, que apesar de imensamente popular, nos faz esquecê-lo completamente e quem está ali em cena é o próprio Mandela, mas isso somente grandes atores são capazes.
Matt Damon como Pienaar está perfeito, com uma das melhores atuações de sua carreira.
Um destaque também é a bela trilha-sonora dos compositores Kyle Eastwood e Michael Stevens.
O filme foi indicado para o Oscar de Ator (Morgan Freeman) e Ator Coadjuvante (Matt Damon).
No Globo de Ouro recebeu indicações nas mesmas categorias, além de Melhor Diretor (Clint Eastwood).
Dos 60 milhões de dólares da produção, Invictus arrecadou nas bilheterias mundias mais de 120 milhões!
Confesso que não esperava tanto do filme, principalmente pelo “Rugby”, mas mudei de opinião já nas primeiras cenas.
É um filme inspirador, que com o alcance do cinema espero que muitas pessoas vejam e conheçam mais um pouco desse homem extraordinário.
Thelma & Louise
4.2 967 Assista AgoraTHELMA & LOUISE (1991)
De todos road movies que vi, nenhum foi tão empolgante como esse! Sempre que o repriso tenho a mesma impressão, de que estou vendo um filme brilhante e inesquecível!
Muitos consideram o filme feminista demais, eu já discordo e acho que já estava na hora de o cinema produzir um road movie inteiramente feminino, que se não é o melhor do cinema, então é o melhor da década de 90!
A direção ficou a cargo do experiente e eclético Ridley Scott, que acrescentou mais dois papéis femininos fortes na sua filmografia, que apesar das diferenças não fazem feio a Ellen Ripley de Alien, o 8° Passageiro.
Mesmo abordando o drama de duas mulheres cansadas da vida rotineira e infeliz que levavam, o roteiro original da estreante Callie Khouri é sensacional e foge do sentimentalismo barato, concentrando-se na amizade e na jornada dessas duas personagens contagiantes.
Um filme de duas protagonistas brilhantes, Geena Davis (Thelma) e Susan Sarandon (Louise) estão perfeitas e realmente fica muito difícil dizer qual delas é a melhor.
Dos coadjuvantes destacam-se: Harvey Keitel (Hal), Michael Madsen (Jimmy) e um jovem Brad Pitt (J.D.), ainda trilhando o caminho para o estrelato.
Outros destaques do longa ficam por conta da trilha sonora de Hans Zimmer e a belíssima fotografia de Adrian Biddle.
O filme venceu o Oscar de Roteiro (Callie Khouri) e foi indicado para Direção (Ridley Scott em sua 1° indicação), Atriz (Geena Davis & Susan Sarandon), Fotografia e Edição.
Venceu também o Globo de Ouro de Roteiro e foi indicado para Melhor Filme e Atriz (Geena Davis & Susan Sarandon).
O custo de produção foi de 16 milhões de dólares e a bilheteria ultrapassou 45 milhões.
Hoje passados mais de 20 anos, o filme continua tão empolgante como em sua estreia e merece ser descoberto pela nova geração de cinéfilos.
A Malvada
4.4 660 Assista AgoraA MALVADA (1950)
"APERTEM SEUS CINTOS, ESTA SERÁ UMA NOITE TURBULENTA" (MARGO CHANNING)
Em meio à constelação hollywoodiana, Bette Davis foi uma das estrelas mais brilhantes, de personalidade forte e incansável, sendo até hoje lembrada e admirada.
Sua estreia no cinema foi na década de 30, com o filme “A Irmã Má” (1931) e pouco tempo depois conquistou dois Oscar de Melhor Atriz, pelos filmes “Perigosa” (1935) e “Jezebel” (1938).
Mas ao longo da década seguinte, com alguns fracassos e atravessando problemas pessoais, além é claro de estar mais madura, com isso bons papéis foram ficando cada vez mais escassos.
Década de 50, a Era de Ouro do cinema com grandes nomes no auge do talento e criatividade, sendo um deles o do excelente diretor/roteirista Joseph L. Mankiewicz, que começando com o pé direito saiu da cerimônia do Oscar em 1950, com os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Roteiro pelo filme “Quem é o Infiel?” (1949).
Dois longa-metragens depois, Mankiewicz adaptou o conto “The Wisdow of Eve” de Mary Orr e certamente acrescentou algumas coisas a mais, no texto que é um dos melhores já feitos. A trama se passa nos bastidores do Teatro com temas como: sucesso, decadência e principalmente inveja, da forma mais brilhante possível e com grandes personagens e diálogos dos mais memoráveis.
O roteiro caiu nas mãos do manda-chuva da Fox, Darryl F. Zanuck que não só aprovou, como sugeriu ainda um novo título que de “Best Performance” ficou com “All About Eve” que era uma das falas do roteiro.
Originalmente a protagonista seria Claudette Colbert, mas devido a uma fratura precisou ser substituída e com isso surgiu o nome de Davis, mas Zanuck que havia brigado com a atriz, não a queria de imediato, mas precisou engolir seu orgulho e assim foi o retorno triunfal da grande atriz ao sucesso, com um dos melhores papéis de sua carreira “Margo Channing”.
Zanuck implicou com outros nomes do elenco, mas por sorte o diretor Mankiewicz foi ouvido e conseguiu os atores que queria ao lado de Bette Davis, como: Anne Baxter (Eve Harrington), Celest Holm (Karen Richards), Garry Merrill (Bill Sampson), Thelma Ritter (Birdie Coonan), Gregory Ratoff (Max Fabian), George Sanders (Addison DeWitt), Hugh Marlowe (Lloyd Richards) com atuações que vão de boas a memoráveis e ainda temos a pequena participação de um dos maiores ícones do cinema, Marilyn Monroe (Srta. Casswell) em início de carreira.
Por suas inúmeras qualidades artísticas o filme foi recordista no Oscar de 1951, recebendo 14 indicações ao prêmio, fato somente igualado no Oscar de 1998 por Titanic. Dessas indicações, cinco delas foram para o elenco, com indicações para Melhor Atriz (Bette Davis & Anne Baxter, que fez de tudo para ser nomeada na categoria principal, fato que acabou prejudicando Davis), Celest Holm & Thelma Ritter como coadjuvantes e George Sanders que acabou vencendo como Melhor Ator Coadjuvante.
O filme ainda venceu os Oscar de Melhor Filme, Diretor (Mankiewicz), Roteiro (Mankiewicz), Figurino (Para a grande figurinista Edith Head & Charles Le Maire) e Som.
Vale ressaltar que o Oscar de 1951, foi palco de uma disputa acirrada entre “A Malvada” e o também clássico absoluto “Crepúsculo dos Deuses”, dois filmes com temas parecidos e com duas grandes e veteranas estrelas (Bette Davis & Gloria Swanson), que apesar de mão terem levando o prêmio continuam conquistando com suas extraordinárias atuações.
Além do Oscar, outro prêmio importante foi no Festival de Cannes, onde Bette Davis venceu o prêmio de atriz e Mankiewicz venceu o prêmio especial do juri.
O filme faz parte também da lista dos 100 Maiores Filmes de Todos os Tempos do Instituto Americano de Cinema.
Já passados mais de 60 anos de sua estreia, o filme permanece como um dos mais importantes e cultuados clássicos do cinema americano e grande parte desse brilho deve-se a sua maior estrela, Bette Davis que como a própria afirmou, que ressuscitou sua carreira e de forma admirável, provando que grandes atores não perdem o brilho nunca.
Definitivamente um filmaço, que vale a pena cada segundo, principalmente para ver e rever a grande diva Bette Davis.
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
4.1 4,7K Assista AgoraO HOBBIT: UMA JORNADA INESPERADA (2012)
“Numa toca no chão vivia um Hobbit”. Com essa simples introdução, um dos povos mais interessantes e carismáticos da grande mitologia criada por Tolkien foi apresentado no livro infanto-juvenil “O Hobbit”.
Publicado há 75 anos, o sucesso da obra foi alcançado já em sua época, o que resultou num pedido dos editores por uma sequência (“O Senhor dos Anéis”), essa que se tornaria uma das sagas mais populares da história, responsável pela consagração de Tolkien e com grande admiração de uma legião de fãs no mundo todo.
Foram necessários nove anos após o fim da trilogia “O Senhor dos Anéis”, que ao todo venceu 17 Oscar e arrecadou quase 3 bilhões de dólares, para que o passado da saga pudesse sair do papel e ganhar as telas.
Pendências judiciais e autorais, atrasos e mais o fator de a trilogia “O Senhor dos Anéis” ter sido lançada em ordem cronológica inversa foram acontecimentos extremamente favoráveis, principalmente para que os estúdios percebessem a mina de ouro que tinham em mãos e que uma nova jornada pela Terra-Média era mais do que esperada!
Com co-produção da New Line/Warner e a MGM, a volta de Peter Jackson que inicialmente seria somente como produtor e roteirista e a escolha de Guillermo del Toro para a direção só fizeram as expectativas crescerem, mas o atraso na produção culminando com a saída de del Toro e o retorno de Peter Jackson a direção, acabou sendo mais um problema que veio a ser positivo, já que Peter e equipe já viveram imersos naquele mundo e toda a experiência e o respeito adquiridos são visíveis em cada detalhe da produção.
Originalmente seria feito apenas um longa-metragem, mas para surpresa de todos foi anunciada mais uma trilogia, que claramente foi aprovada visando os lucros que mais dois filmes viriam a ter, mas felizmente Tolkien deixou um vasto material adicional e com isso o quarteto de roteiristas formados por Peter Jackson, Fran Walsh, Philippa Boyens & Guillermo del Toro puderam ampliar a história da melhor maneira possível, com o retorno de personagens queridos e a apresentação de novos, combinando perfeitamente momentos leves e engraçados com outros mais épicos e isso sem contar nos excelentes diálogos.
As referências a trilogia “O Senhor dos Anéis” são evidentes e deixam clara a intenção de tornar as duas trilogias em uma hexalogia.
Revisitando seus papéis destaco: Sir Ian Mckellen (Gandalf) sempre brilhante e dominador nas suas cenas, Cate Blanchett (Galadriel) com grande talento e beleza, Christopher Lee (Saruman) todo imponente no alto de seus 90 anos, Andy Serkis (Gollum) brilha mais uma vez em dos grandes momentos do filme e as ótimas participações de Hugo Weaving (Elrond), Sir Ian Holm (Bilbo quando idoso) e Elijah Wood (Frodo).
Dos estreantes, Martin Freeman (Bilbo quando jovem) merece ser elogiado, já que pegou um personagem que já havia sido visto antes e deu conta do recado com uma irretocável atuação, Richard Armitage (Thorin Escudo-de-Carvalho) dá toda seriedade e autoridade que seu personagem precisava e por fim Ken Stott (Balin) dando brilho ao mais velho dos 13 anões.
Os anos que separaram as duas trilogias se destacaram pelas inovações tecnológicas no cinema, primeiro pelo retorno e popularização do 3-D e depois pelo anúncio que “O Hobbit” seria filmado em 48 fps ao invés dos tradicionais 24 fps.
Falando em avanços, eles são visíveis também em todos os efeitos visuais empregados no filme, principalmente em detalhes como texturas, expressões e movimentos como no Gollum, que se antes já era tido como uma das maiores criações digitais, agora ninguém duvida de tal conquista.
O trio de maquiadores (Peter King, Rick Findlater & Tami Lane) fez um trabalho magnífico e de um realismo absurdo, principalmente notável nos anões.
A Direção de Arte (Dan Hennah, Ra Vincent & Simon Bright) aliada aos efeitos visuais (dos técnicos: Joe Letteri, Eric Saindon, David Clayton & R. Christopher White) recriaram lugares vistos anteriormente como o Condado, Valfenda e nos deixaram de queixo caído com a beleza da cidade de Valle e toda a majestade de Erebor, o reino dos anões.
Mais uma vez o cenário natural da Nova Zelândia favoreceu o trabalho do diretor de fotografia Andrew Lesnie, com os mais belos ângulos de sua câmera.
A trilha sonora de Howard Shore evoca a trilogia “O Senhor dos Anéis”, mas tem seus momentos de leveza e inocência na medida certa e um dos grandes momentos é o da bela canção “Song of the Lonely Mountain”.
Foi indicado para 3 Oscars (Direção de Arte, Efeitos Visuais & Maquiagem) merecia ter levado os três, mas nem por isso perde a excelência e a beleza do imenso trabalho de todos os envolvidos na construção de um belíssimo e espantoso mundo.
O custo da produção ou das produções, já que foram filmadas de uma vez só, não foram divulgados, mas certamente a bilheteria de mais de 1 bilhão de dólares é merecida e mais que suficiente para cobrir os gastos.
Não posso opinar sobre a experiência em ver em 48 fps, já que não foram todos os cinemas que exibiram desta forma, mas a imersão e perfeição do 3-D são dignas de cada centavo e minutos de projeção.
Um belo começo para mais uma trilogia do diretor Peter Jackson e mais dois anos de ansiedade pela frente pelo término da saga.
Um Sonho de Liberdade
4.6 2,4K Assista AgoraUM SONHO DE LIBERDADE (1994)
Nesses quase 20 anos, não perdeu em nada sua relevância e com toda sua simplicidade, ainda conquistará muitos admiradores.
Frank Darabont estreou no cinema, adaptando de forma brilhante o conto “A Primavera Eterna” da coletânea “Quatro Estações” de Stephen King.
Nos papéis centrais estão Tim Robbins (Andy Dufresne) em uma de suas melhores atuações e Morgan Freeman (Ellis Boyd “Red” Redding), que está simplesmente magnífico. A cena de Red lendo uma carta deixada por Andy, perto de uma árvore é uma das cenas que acho mais bonita, tocante e só evidencia o enorme talento de Freeman.
A esperança inabalável de Andy e a amizade verdadeira que o uniu ao veterano Red são tão reais, que fica impossível não se emocionar e não ficar imerso na jornada de ambos pela liberdade.
Coadjuvantes às vezes roubam cenas, aqui destaco três: Bob Gunton (Warden Norton) está brilhante e fica impossível não odiá-lo! Clancy Brown (Capitão Hadley) interpreta muito bem um policial violento e corrupto. E por último o veterano James Whitmore (Brooks Hatlen), que comove como um prisioneiro com dificuldades de readaptação à vida fora do ambiente prisional.
Por incrível que pareça não foi um sucesso de bilheteria, tendo arrecadado apenas 28 milhões de dólares e com isso lucrando somente 3 milhões de dólares!
Mas logo perceberam sua beleza e o boca a boca fizeram de Um Sonho de Liberdade um sucesso, quando foi lançado em VHS.
Foi indicado para sete Oscar (Filme, Roteiro Adaptado: Frank Darabont, Ator: Morgan Freeman, Fotografia: Roger Deakins, Trilha Sonora: Thomas Newman, Som e Edição de Som), mas acabou não levando nada e frequentemente é lembrado como um dos melhores filmes que não levaram a tão cobiçada estatueta dourada.
Faz parte da lista dos 100 maiores filmes do Instituto Americano de Cinema e atualmente ocupa a primeira posição da lista dos 250 filmes mais votados do popular site IMDB.
Seu status de cult é mais do que merecido e permanece como um filme inspirador e preferido de muitos. Altamente recomendável e merece um lugar no coração de todos cinéfilos!
Os Incompreendidos
4.4 645OS INCOMPREENDIDOS (1959)
De crítico da famosa revista francesa “Cahiers du Cinéma” a cineasta, François Truffaut foi um dos jovens que idealizaram e mudaram a estética do cinema francês com o movimento Nouvelle Vague.
O cinema autoral em ambientes reais ao invés de estúdios e o estilo documental eram as principais mudanças em resposta ao cinema comercial.
Aos 27 anos, Truffaut fazia sua estreia com o longa-metragem “Os Incompreendidos”, sendo este um dos primeiros e mais famosos filmes do movimento.
O roteiro quase autobiográfico de Truffaut e Marcel Moussy é extraordinário e seus personagens são um destaque a parte.
O protagonista e alter-ego de Truffaut foi brilhantemente interpretado por Jean-Pierre Léaud (Antoine Doinel), aqui em seu segundo trabalho na frente das câmeras.
A indicação a Palma de Ouro e o prêmio de diretor no Festival de Cannes, a escolha como melhor filme estrangeiro pelo Círculo de Críticos de Nova York e a indicação ao Oscar de Roteiro, além de merecidamente reconhecer o belo trabalho do cineasta, também serviu para mostrar o quanto sua carreira seria promissora.
Truffaut e Léaud fizeram sete filmes juntos e continuaram a saga de “Antoine Doinel” em mais quatro filmes ao longo de 20 anos.
Infelizmente Truffaut morreu prematuramente aos 52 anos, mas deixou 27 filmes e sua obra permanece importante, cultuada e ganhando novos admiradores que sempre lembrarão o quanto foi e sempre será importante para o cinema mundial.
Léaud com mais de 50 anos de carreira em mais de 80 filmes é um daqueles casos raros de atores mirins que deram certo.
Certamente um filme que não deve faltar em nenhuma lista de cinéfilos, perfeito para conhecer o início de um gênio, que não só adorava o que fazia, como tinha profundo conhecimento e paixão pela Sétima Arte.
Três Homens em Conflito
4.6 1,2K Assista AgoraTRÊS HOMENS EM CONFLITO (1966)
LEONE, EASTWOOD & MORRICONE, que combinação perfeita!
Desde os primórdios, o Western esteve presente como um dos mais populares e tradicionais gêneros do cinema norte-americano.
Mas foram os italianos nos anos 60, os responsáveis pela renovação do gênero, com filmes estilosos e com trilhas-sonoras que caracterizaram o estilo europeu do gênero que viria a ser chamado de “Western Spaghetti”. Apelido dado por críticos de forma depreciativa, mas que o tempo fez justiça e hoje serve para definir os grandes e cultuados westerns italianos.
Os mais influentes diretores da época foram Sergio Corbucci (Django) e o extraordinário Sergio Leone, que fez do último capítulo de sua trilogia dos Dólares ou Do Homem Sem Nome, um dos filmes mais icônicos e importantes do gênero.
Leone deixou poucos filmes, mas seu lugar na história do cinema é permanente e será sempre lembrado e admirado, como por exemplo, cenas de plano aberto e close-ups extremos de seus atores, são marcas inconfundíveis de seu estilo e genialidade.
O roteiro original é de autoria de Leone e do trio Agenore Incrocci, Furio Scarpelli & Luciano Vincenzoni, com uma ótima e divertida história, com personagens interessantes e marcantes.
O BOM: Clint Eastwood (Blondie) havia participado de produções pouco expressivas e em muitas nem sequer foi creditado, mas sua carreira foi transformada com o convite de Leone, principalmente por sua última parceria com o grande diretor, com um dos personagens mais icônicos de sua grande carreira.
O MAU: Lee Van Cleef (Angel Eyes/Sentenza) foi um dos melhores atores do gênero, tendo começado sua carreira justamente com o grande clássico do western americano “Matar ou Morrer”. Três Homens em Conflito foi o 51º longa-metragem pelo qual Van Cleef foi creditado e com certeza foi um de seus melhores trabalhos.
O FEIO: Eli Wallach (Tuco) está perfeito, roubando cenas e com bons momentos cômicos. Este foi seu 15º longa-metragem em que foi creditado e um dos melhores papéis de sua carreira.
O filme já empolga com seus créditos de abertura, com os nomes de toda equipe levando tiros, incluindo o de Leone sendo atingido pelo tiro de um canhão.
Atualmente com mais de 500 composições, o grande maestro Ennio Morricone é um dos mais celebrados e admirados do cinema, mas foi com esta trilha-sonora composta para o final da trilogia, que Morricone criou uma de suas maiores obras-primas.
Curiosamente a trilha-sonora foi composta antes das filmagens, fato bastante incomum no cinema e devido a sua imensa popularidade, às vezes consegue ser mais famosa que o próprio filme.
Como as filmagens foram sem gravação de som, cada ator poderia falar em seu idioma de origem, porque tudo seria dublado posteriormente para o italiano, idioma oficial do filme. Mas na versão em inglês podemos conferir as vozes originais do trio americano.
A fotografia foi do mestre italiano Tonino Delli Colli, iniciando sua parceria com Leone de forma brilhante.
Rino Carboni fez um trabalho extraordinário com a maquiagem, sendo extremamente realista e os figurinos de Carlo Simi, apesar de simples ganharam destaque nos trajes de Eastwood, que são dos mais estilosos.
A edição ficou com a dupla Eugenio Alabiso & Nino Baragli, que fizeram com muita competência cortes rápidos e precisos.
Cultuado por sua excelência e clássico por merecimento, exemplifica muito bem a pequena, porém notável carreira do grande Sergio Leone. Uma das cenas mais marcantes é o duelo final no cemitério, com movimentos rápidos de câmera e o famoso close-up nos atores ao som de “L'Estasi dell'Oro” de Morricone, são um dos motivos que tornam o filme obrigatório e recomendadíssimo.
Drácula de Bram Stoker
4.0 1,4K Assista AgoraDRÁCULA DE BRAM STOKER (1992)
Vampiros sempre foram populares no cinema, desde o início do século XX, as plateias foram apresentadas aos "seres da noite" em clássicos notáveis como o alemão “Nosferatu” (1922) e o americano “Drácula” (1931).
O tema vampiros parece ser inesgotável, já que em todas as décadas algum ou alguns exemplares foram lançados, tanto seguindo histórias clássicas, como outras mais modernas.
No início dos anos 90, foi lançada uma das melhores e mais luxuosas adaptações da clássica obra de Bram Stoker. James V. Hart foi extremamente bem sucedido em adaptar Stoker, com um roteiro fiel ao texto original.
Originalmente seria uma adaptação para a TV, mas Winona Ryder que faria parte do projeto resolveu levá-lo para Francis Ford Coppola, que então decidiu que este seria seu próximo projeto no cinema.
Como protagonista Gary Oldman (Drácula), dá um verdadeiro show, com uma atuação poderosa e irretocável.
Nomes de peso, como Sir Anthony Hopkins (Professor Abraham Van Helsing), que como esperado entrega mais uma excelente interpretação, Winona Ryder (Mina Murray/Elisabeta) fazendo dois papéis com perfeição, Keanu Reeves (Jonathan Harker), que muitas vezes é crucificado, aqui está com uma atuação na medida certa, Sadie Frost (Lucy Westenra) toda sensual e responsável por um dos melhores momentos do longa e por último Tom Waits (R.M. Renfield) em grande atuação.
Destaco também grandes artistas, como: a figurinista Eiko Ishioka, que fez um dos figurinos mais belos e estilosos do cinema, o trio de maguiadores: Greg Cannom, Michèle Burke e Matthew W. Mungle, que com um trabalho magnífico, absurdamente realista e diversificado fizeram com que Gary Oldman desaparecesse no personagem. Estonteante é a palavra para descrever os grandiosos cenários góticos criados pelos diretores de arte Thomas E. Sanders e Garrett Lewis.
A trilha sonora do compositor Wojciech Kilar é uma das mais marcantes e sombrias que já ouvi, é impossível não notá-la e arrisco dizer que sem ela o filme não seria o que é!
Drácula foi um grande sucesso, com custo de produção de 40 milhões de dólares e rendimento de 215 milhões, foi a 9ª maior bilheteria de 1992.
O filme venceu três Oscars, o de Figurino, Edição de Som, Maquiagem e ainda foi indicado pela Direção de Arte. Duas ausências mais sentidas foram nas categorias de ator (Gary Oldman) e trilha sonora, com certeza mereciam pelo menos ser indicadas.
Mais uma obra-prima do grande Francis Ford Coppola, que mesmo fazendo um filme com um tema já visto inúmeras vezes no cinema, soube explorá-lo de outra forma, por exemplo, usando todo romantismo e paixão da obra e não apelando somente para o horror.
Um dos filmes que mais gosto, um clássico do gênero e deve ser apreciado por todos que gostam do tema vampiros.
King Kong
3.3 999 Assista AgoraKING KONG (2005)
Após o grande sucesso e a consagração da trilogia “O Senhor dos Anéis”, Peter Jackson pode realizar seu sonho de filmar uma nova produção de “King Kong”, mas diferente do longa de 1976, que foi totalmente adaptado e com muitas mudanças que não agradaram.
Mais que uma refilmagem, o filme de Jackson é uma homenagem ao clássico de 1933 e as pessoas que participaram dele, por exemplo, a atriz Fay Wray (Ann Darrow) chegou a ser convidada por Jackson para uma ponta, que acabou não fazendo, mas falou que se os diretores Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack estivessem vivos fariam o filme do mesmo jeito que Jackson.
A produção foi majestosa, épica e impecável em vários aspectos, começando pelo roteiro em três mãos (Jackson, Fran Walsh & Philippa Boyens) baseado no original de 1933, com o habitual talento e excelência do trio, que construíram um texto perfeito, que menciona até a grande depressão ocorrida no período e as dificuldades que muitos enfrentaram. E como Kong, só aparece em mais de 1 hora de projeção, os personagens são muito bem desenvolvidos até sua extraordinária aparição.
Naomi Watts (Ann Darrow) brilha com uma atuação perfeita e emocional, principalmente nas cenas com Kong. Do restante do elenco, Jack Black (Carl Denham) em um dos poucos papéis sérios de sua carreira, fez um ótimo trabalho. Seguido pelas ótimas atuações de Adrien Brody (Jack Driscoll), Jamie Bell (Jimmy), Colin Hanks (Preston) e do extraordinário Andy Serkis que além de emprestar seu enorme talento para a captura de movimentos, criando de forma perfeita e excepcional, expressões e movimentos do gigantesco King Kong, ainda fez uma participação como Lumpy, um dos tripulantes do barco.
Mais uma vez a companhia de efeitos visuais Weta Digital, com os geniais mestres Richard Taylor, Joe Letteri, Brian Van’t Hul & Christian Rivers fizeram toda uma era ganhar vida novamente com o uso de plantas originais da Nova York dos anos 30, com um realismo e beleza espetaculares. Mas o maior destaque fica para a grande atração do longa, o majestoso King Kong que é tão real e perfeito, que esquecemos que é um efeito digital.
Outra grande atração foi a Ilha da Caveira, com visual deslumbrante e exótico, repleta de ameaças, como os nativos e os dinossauros.
A Direção de Arte do trio Grant Major, Dan Hennah & Simon Bright é tão espetacular e grandiosa como o próprio filme, indo ao passado com o visual dos anos 30 e ao fantástico e exótico com a Ilha da Caveira. Os figurinos de Terry Ryan são bonitos e completam o belo visual da década de 30. A fotografia de Andrew Lesnie, mais uma vez é deslumbrante e a edição de Jamie Selkirk é ágil e perfeita.
Originalmente o compositor seria Howard Shore, mas diferenças artísticas acabaram com sua saída e em seu lugar foi contratado o ótimo James Newton Howard, que acabou se saindo muito bem, com uma ótima trilha sonora. Mas Shore fez uma ponta regendo a música original de 1933, composta pelo grande Max Steiner.
O filme venceu três Oscar: Edição de Som, Mixagem de Som, Efeitos Visuais e foi indicado também para Direção de Arte. Acho que merecia também indicações para Filme e Diretor, mas como Jackson foi amplamente lembrado nos anos anteriores, desta vez resolveram ignorá-lo.
Foi uma das produções mais caras do cinema, custando acima de 200 milhões de dólares e rendeu mundialmente 550 milhões.
O filme é dedicado aos diretores Cooper & Schoedsack, ao compositor Max Steiner e dedicado a memória da atriz Fay Wray, que faleceu em 2004 aos 96 anos.
Todos os méritos são para Peter Jackson, que ao realizar o sonho que vinha desde sua infância, onde fazia dos casacos de sua mãe o próprio King Kong, uma obra memorável, épica e uma perfeita amostra de como deve ser uma refilmagem.
Meninos Não Choram
4.2 1,4K Assista AgoraMENINOS NÃO CHORAM (1999)
Pessoas que sofrem preconceito sejam eles quais forem nem sempre são retratadas no cinema como deveriam, mas esse não é o caso de Teena Brandon ou Brandon Teena.
Sua história de coragem e vontade de viver sua verdadeira identidade é honesta, brutal e merece ser vista e por abaixo preconceitos.
Kimberly Pierce dirigiu a história de Brandon Teena duas vezes, em seu 2º trabalho na direção com o curta-metragem “Boys Don’t Cry” (1995) e quatro anos depois neste seu primeiro longa-metragem de mesmo nome.
O roteiro de Kimberly Pierce e Andy Bienen é forte, verdadeiro, chocante e de forma alguma estereotipado.
Nem sempre filmes ruins e papéis inexpressivos são sinônimos de falta de talento, mas sim de oportunidade ou sorte talvez, por isso que Hilary Swank (Brandon Teena) agarrou a chance que teve e mostrou todo seu potencial.
Como a produção era independente, todo processo de laboratório ficou por conta de Swank, que de forma simples e realista foi além da caracterização, entregando-se de corpo e alma ao personagem de forma extremamente marcante.
Outros destaques ficam por conta de Chloë Sevigny (Lana Tisdel) em excelente atuação e Peter Sarsgaard (John Lotter) um excelente ator, que ainda merece reconhecimento.
Por sua brilhante e irretocável atuação, Swank venceu o Oscar e o Globo de ouro de Melhor Atriz e Sevigny merecidamente foi lembrada nas indicações.
Um soco no estômago, é a expressão correta da experiência de assistir a um filme como este e não poderia ser de outro jeito, por isso que a diretora Kimberly Pierce deve ser lembrada pela coragem de ter levado este projeto adiante.
A história de Brandon Teena deve ser vista como um forte combate ao preconceito.
Cleópatra
4.0 307 Assista AgoraCLEÓPATRA (1963)
Super produções, às vezes vêm acompanhadas de grandes problemas e com Cleópatra não foi diferente.
Para o estúdio seria apenas mais uma produção lucrativa, mas acabou saindo uma das mais caras e tumultuadas do cinema.
Tudo teve início em 1958 e sua estreia foi em 12/06/1963 em Nova York, o longa passou por dois presidentes da Fox, com visões bem diferentes: o 1° foi Spyros Skouras, que achava que seria uma produção fácil e lucrativa, chegando a oferecer ao produtor Walter Wanger, o roteiro do filme mudo que o estúdio produziu em 1917. O 2° foi Darryl F. Zanuck, retornando a direção do estúdio, para botar ordem ao caos instalado que se encontrava a produção.
Wanger viu que o roteiro do filme mudo não era adequado e acabou adquirindo os direitos do livro “The Life and Times of Cleopatra” de Carlo Mario Franzero, com base no livro o roteiro começou a ganhar forma com Ranald MacDougall e Sidney Buchman.
O diretor Rouben Mamoulian não aguentou os ínumeros problemas e a pressão sob suas costas, resultando em sua demissão com a produção ainda no início. Seu substituto foi o excelente diretor/roteirista Joseph L. Mankiewicz, que teve a árdua tarefa de dirigir uma produção já iniciada e reescrever o roteiro simultaneamente.
Mankiewicz vendo que tinha muito material em mãos comentou que gostaria de dividi-lo em dois filmes de três horas, mas Zanuck não deixou e confiscou o filme para edição, desta forma perdendo 2 horas, um verdadeiro desperdício!
Wanger desde o início queria a atriz Elizabeth Taylor como Cleópatra, oferecendo a atriz um cachê a sua escolha e o valor escolhido foi nada menos que 1 milhão de dólares, um valor inédito para a época. Com uma grande atriz, o filme teria mais chances de sucesso e problemas também, como os graves problemas de saúde de Taylor, que atrasaram as filmagens em meses e o escândalo que foi seu romance com o ator Richard Burton (Marco Antonio) ambos casados na época, que serviram de aperitivo para a mídia sensacionalista da época.
Além de Taylor com seu talento e beleza estonteante, Burton em minha opinião estava razoável no papel de Marco Antonio e o destaque mesmo ficou para Rex Harrison (Julio César), que com muita classe e magnífica atuação roubou suas cenas.
Dos coadjuvantes o mais interessante foi Roddy McDowall (Octávio/César Augustu), com uma atuação brilhante e provavelmente a melhor de sua carreira.
A trilha sonora de Alex North é poderosa e dá o tom épico necessário. Diretores de Arte foram dez, para dar conta dos gigantescos e magníficos cenários, com muita beleza e luxo. Leon Shamroy foi o responsável pela arrebatadora fotografia, com belas e grandiosas imagens.
Os efeitos visuais ainda longe da era digital foram muito bem aplicados pelo técnico Emil Kosa Jr.
Os figurinistas Vittorio Nino Novarese, Renié e Irene Sharaff, fizeram um trabalho excepcional e é óbvio que o figurino mais bonito e luxuoso é o de Elizabeth Taylor, que desfila ao longo do filme os mais belos trajes do cinema.
Foi indicado para nove Oscar, incluindo Filme e Ator (Rex Harrison) e acabou vencendo quatro: Direção de Arte, Figurino, Fotografia e Efeitos Visuais.
Com orçamento inicial de 2 milhões de dólares, acabou superando 40 milhões, o que hoje ultrapassaria 300 milhões de dólares. Com o orçamento nas alturas, os 57 milhões de dólares arrecadados, não foram suficientes para que o filme fosse um sucesso.
Mas hoje, com 50 anos é considerado um dos grandes clássicos do cinema, com seu visual deslumbrante e Elizabeth Taylor como Cleópatra continua sendo um colírio para os olhos!
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
4.2 6,4K Assista AgoraBATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS RESSURGE (2012)
Todos sabem que este não é o fim do “Homem-Morcego”, mas o fim de uma Trilogia que tem tudo para tornar-se clássica.
Atualmente Hollywood raramente produz algo novo e original, os cinemas são infestados de remakes e sequências intermináveis, mas com a fama e prestígio alcançados por sua excelente e bem sucedida filmografia, Christopher Nolan fez sua trilogia ir além do sucesso comercial, com filmes dignos de prêmios, popularidade e bilheterias astronômicas.
Retornando após quatro anos e depois de sua magnífica obra-prima “A Origem”, Nolan não só dá continuidade a saga do Homem-Morcego, como conclui de forma digna e extraordinária sua trilogia.
Batman – A Queda do Morcego de Chuck Dixon e outros, O Cavaleiro das Trevas de Frank Miller e Batman – Terra de Ninguém de Bob Gale, foram adaptados para o excelente roteiro de David S. Goyer e dos irmãos Christopher & Jonathan Nolan, que souberam muito bem não só continuar a história, como destacar personagens e fatos dos dois longas anteriores de forma excepcional e empolgante.
Christian Bale (Bruce Wayne/Batman) volta mais emocional e melhor do que os longas anteriores, Michael Caine (Alfred) roubando suas cenas e mostrando seu imenso talento, merece no mínimo ser indicado para Oscar por sua excelente e emocionante atuação.
Gary Oldman (Comissário Gordon) está perfeito e mais ativo, Morgan Freeman (Lucius Fox), Cillian Murphy (Dr. Jonathan Crane/Espantalho) e Liam Neeson (Ra’s Al Ghul) voltando a série e fechando o elenco já mostrado nos longas anteriores.
Estreantes na saga estão Tom Hardy (Bane), excelente ator britânico que desde sua aclamada atuação no filme “Bronson” (2008) do diretor Nicolas Winding Refn, não parou mais e com certeza vai dar muito que falar, mesmo mascarado sua atuação é notável e ameaçadora, somente superada pelo Coringa de Heath Ledger. Marion Cotillard (Miranda) alterna seus papéis entre produções americanas e francesas, com grande talento e versatilidade.
Joseph Gordon-Levitt (Blake) é um dos melhores atores de sua geração e cada vez mais vem ganhando seu merecido espaço, por isso não é de se espantar o destaque e a importância dada ao seu personagem, que vai bem além do que esperamos.
A Mulher-Gato de Michelle Pfeiffer é icônica e insuperável, mas mesmo assim Anne Hattaway (Selina) defendeu muito bem sua personagem e vem recebendo muitos elogios, incluindo uma possível indicação ao Oscar.
Novamente Nolan resgata um ator do ostracismo, desta vez foi Matthew Modine (Foley) longe de grandes filmes há muito tempo.
Desta vez Hans Zimmer sozinho, dando continuidade a excelente Trilha-Sonora dos filmes anteriores de forma extraordinária, por isso espero que desta vez seja pelo menos lembrado no Oscar, quem sabe até saindo vencedor depois de quase 20 anos de seu último prêmio.
Mais uma vez foi alcançada a excelência em Edição e Mixagem de Som, pelos técnicos Richard King, Randle Akerson, Michael Babcock, Mark Goodermote & Ed Novick, com grande impacto durante todo o filme.
Um dos maiores trabalhos deste capítulo final da trilogia, certamente foi do editor Lee Smith em editar quatro horas de material em pouco mais de 2h40 de projeção, pela excelência de seu árduo trabalho merece levar certa estatueta dourada para casa. Muito se falou acerca da longa duração, mas todos sabiam que nunca seria lançado em sua totalidade, mas bem que podiam lançar o filme em duas partes, nós como fãs com certeza voltaríamos em massa aos cinemas.
Premiado com Oscar pelo genial “A Origem”, o diretor de fotografia Wally Pfister pode muito bem repetir o feito pelo seu extraordinário trabalho neste filme.
Os figurinos de Lindy Hemming são notáveis, principalmente nos trajes de Bale, Hattaway e Hardy com sua máscara. Outro destaque foi o trabalho dos maquiadores Audrey Doyle, Doug Fairall & Connor O’Sullivan, principalmente no personagem Bane.
Com grande impacto os efeitos visuais são de um realismo absurdo em várias cenas, principalmente na primeira com Bane, certamente o técnico Chris Corbould e sua equipe serão lembrados pelo excelente trabalho.
Infelizmente logo nos primeiros dias de sua estreia o longa ficou marcado pelo massacre cometido em um cinema lotado de fãs em uma cidade norte-americana.
Devido a essa fatalidade, alguns acham que o filme vai sair prejudicado em relação ao Oscar, sendo um absurdo um fato cometido por um louco, atrapalhar o julgamento dos membros de uma premiação como o Oscar, espero que foquem suas qualidades artísticas e não esse fato isolado.
Atualmente em cartaz, o filme que estreou não faz nem 2 meses e custou 250 milhões de dólares, está arrebentando nas bilheterias com mais de 1 bilhão de dólares, já tendo ultrapassado seu antecessor e neste momento ocupando a 12ª posição das maiores bilheterias de todos os tempos.
Um final quase perfeito e digno de um grande diretor como Nolan, que fez de sua trilogia não só um marco na Saga cinematográfica do Homem-Morcego, como mostrou como revitalizar um personagem já visto anteriormente.
Os Gritos do Silêncio
4.0 127OS GRITOS DO SILÊNCIO (1984)
Próximo de completar 30 anos, o filme continua poderoso e um forte apelo contra ditaduras pelo mundo. Adaptado de um artigo publicado no The New York Times, o roteirista Bruce Robinson contou a história real de um homem que presenciou os horrores impostos pelo regime do Khmer Vermelho, no Camboja e sua luta pela sobrevivência.
Este foi o primeiro longa de cinema do diretor britânico Rolland Joffé, fazendo uma escolha acertada e corajosa, tocar em uma ferida ainda não cicatrizada de um genocídio recente e pouco conhecido.
Sam Waterston (Sydney Schanberg) viveu o jornalista americano e o Dr. Haing S. Ngor (Dith Pran) foi o cambojano que o ajudou em suas reportagens, como fotógrafo, informante e seu grande amigo.
O filme foi indicado para sete Oscar, incluindo: Filme, Direção (Rolland Joffé), Roteiro (Bruce Robinson), Ator (Sam Waterston) e venceu três: Ator Coadjuvante (Haing S. Ngor), Fotografia (Chris Menges) e Edição (Jim Clark). Venceu também inúmeros prêmios internacionais e esteve presente nas listas dos dez melhores do ano.
Uma das coisas mais extraordinárias do filme é presença do médico cambojano Haing S. Ngor, em sua primeira atuação e principalmente pelo fato de ser um sobrevivente dos horrores mostrados no filme, só tendo escapado da execução por negar ter qualquer profissão de nível superior.
Entrou para a história sendo o 2° asiático a vencer o Oscar e também o 2° não-profissional a vencer o prêmio.
O médico/ator sempre lutou contra o regime e muitos acreditam que por esse motivo foi assassinado em 1996, um fato triste para uma pessoa que no mínimo merecia viver em paz por tudo que já havia passado.
Um filme impactante e extraordinário, seu final é um dos mais bonitos que já vi e ao som da música “Imagine” de John Lennon, ficou ainda mais emocionante.
Crepúsculo dos Deuses
4.5 794 Assista AgoraCREPÚSCULO DOS DEUSES (1950)
Da era de ouro do cinema americano, o mestre Billy Wilder foi um dos mais criativos e com Crepúsculo dos Deuses, foi ousado o bastante para tecer críticas ácidas a própria indústria cinematográfica. O roteiro não poderia ser menos que brilhante, nele ficção e realidade se confundem, com foco em Joe Gillis (William Holden) roteirista em busca de trabalho e sucesso e na atriz Norma Desmond (Gloria Swanson), que fez fama e dinheiro no cinema mudo e ensaia seu retorno ao cinema.
Isso tudo foi escrito de forma brilhante e privilegiando seus grandes atores com diálogos memoráveis e até hoje lembrados.
De todas as qualidades do filme, o que mais chama a atenção é a grande e inesquecível atuação de Gloria Swanson como Norma, em um papel que com certeza foi o de sua vida e pelo qual sempre será lembrada.
Dos 11 Oscar que concorreu, o filme venceu os de Roteiro, Direção de Arte e Trilha Sonora, com certeza merecia muito mais. Mas o que importa é que será sempre lembrado por todos os amantes da Sétima Arte e 60 anos depois continua sendo indispensável.
Os Incríveis
3.9 1,1K Assista AgoraOS INCRÍVEIS (2004)
Atualmente filmes de super-heróis são tão comuns quanto abundantes, mas nem sempre são tão bons e divertidos como esperamos.
Próximo do 10° aniversário, o filme da “Família Incrível” continua sendo um dos melhores do gênero e mais um clássico sensacional da Pixar.
Concebido originalmente como uma animação tradicional e sendo o 2° longa-metragem da carreira de Brad Bird, cinco anos após sua extraordinária estreia com o cultuado “Gigante de Ferro”, o projeto estava sendo desenvolvido dentro da Warner, que pouco tempo depois fechou as portas de sua divisão de animação.
Apesar do contratempo, não demorou muito para que Bird conseguisse levar adiante seu projeto e foi com seu ex-colega de faculdade, John Lasseter que sabendo da qualidade e do potencial do projeto, contratou Bird para o talentoso time da Pixar.
Dentro da Pixar, Bird foi convencido de produzir o projeto em animação computadorizada, o que sem dúvida foi uma mudança das mais acertadas.
Sendo o 6° longa-metragem da Pixar e pela primeira vez com personagens humanos, sendo muito realista também nos temas, como família, violência e até morte.
De autoria do próprio Bird, o roteiro é excelente, inteligente e muito original. Seus personagens são tão interessantes quanto brilhantes, com diálogos bem escritos que ficaram ainda melhores nas vozes originais dos talentosos atores: Craig T. Nelson (Sr. Incrível), Holly Hunter (Mulher-Elástica), Samuel L. Jackson (Gelado), Spencer Fox (Flecha), Sarah Vowell (Violeta), Jason Lee (Síndrome), Eli Fucile & Maeve Andrews dublando o ótimo bebê Zezé e a excelente personagem Edna Moda (inspirada na grande figurinista do cinema, Edith Head), que Brad Bird ofereceu para a atriz Lily Tomlin, que quando o diretor fez uma demonstração do tom que queria, sugeriu que o próprio fizesse e a atriz tinha razão, ficou excelente sua dublagem.
Mais uma vez Bird prestou homenagem a seus mentores, os grandes animadores Frank Thomas (faleceu antes da estreia aos 92 anos) e Ollie Johnston, com personagens que são caricaturas deles e com dublagem dos próprios.
O compositor Michael Giacchino em sua 7ª trilha-sonora para o cinema fez um excelente trabalho, digno de reconhecimento.
Foi vencedor dos Oscar de Melhor Animação e Edição de Som (Excelente trabalho dos técnicos Michael Silvers & Randy Thom) e ainda foi indicado para Roteiro Original (Brad Bird) e Mixagem de Som.
Venceu 10 prêmios Annie, incluindo os de Animação, Direção (Brad Bird) e Roteiro (Brad Bird).
Foi também lembrado pelo prestigiado Instituto Americano de Cinema, com o prêmio de Melhor Filme do Ano.
Com custo de produção de mais de 90 milhões de dólares, foi um enorme sucesso nas bilheterias com soma superior a 630 milhões de dólares.
Genial, empolgante e acima de tudo divertido, comprovando o talento de Bird e do espetacular e novamente bem sucedido trabalho coletivo da Pixar.
Pequena Miss Sunshine
4.1 2,8K Assista AgoraPEQUENA MISS SUNSHINE (2006)
O casal Jonathan Dayton e Valerie Faris já tinham uma carreira longa como diretores de clips musicais e documentários, mas foi com esse “road movie” familiar, que fizeram sua estreia no cinema, com bom humor e sensibilidade.
O roteiro de Michael Arndt é extraordinário, conseguindo extrair problemas, alegrias e convivência forçada de forma engraçada e tocante. Outro mérito do texto são os diálogos, que valorizam o excepcional elenco: Greg Kinnear (Richard), Toni Collette (Sheryl), Steve Carrell (Frank), Paul Dano (Dwayne) e por último os dois maiores responsáveis pelo sucesso, Alan Arkin (Edwin) como o patriarca da famíla Hoover, em grande atuação e a pequena miss Abigail Breslin (Olive) brilhando em cada cena e com uma atuação extraordinária.
Outro destaque é a bela trilha sonora de Michael Danna e da banda DeVotchka, combinando perfeitamente com o clima do filme.
Foi indicado para quatro Oscar, incluindo: Filme, Atriz Coadjuvante (Abigail Breslin) e venceu os de Ator Coadjuvante (Alan Arkin), recebendo o prêmio 40 anos depois de ser indicado pela primeira vez e Roteiro (Michael Arndt). Além de diversos prêmios internacionais e listas de melhores do ano, foi um feito extraordinário para um filme simples, porém belo e muito original.
Um filme inesquecível, que mostra uma família totalmente desestruturada, mas que acaba unindo-se pelo amor em comum pela pequena Olive.
...E o Vento Levou
4.3 1,4K Assista Agora...E O VENTO LEVOU (1939)
Um filme colossal, com certeza o maior filme americano do século XX. Foi adaptado da obra de Margaret Mitchell, que em sua época era imensamente popular, com isso fazendo sua produção ser a mais comentada e disputada de Hollywood.
Atores consagrados fizeram testes para os papéis principais, fato que não acontecia com frequência e isso só prova que não era qualquer filme que estavam produzindo.
Como toda superprodução, ocorreram problemas e o mais visível e comentado foi a troca sucessiva de diretores, que ao todo foram três: George Cukor, Sam Wood e Victor Fleming. Este último foi quem levou os créditos e o ambicioso produtor David O. Selznick comandou e mandou com pulso firme em todos os aspectos desta grandiosa produção.
Clark Gable já era uma estrela nesta época e foram os leitores que o escolheram para viver Rhett Butler, nem Selznick pode fazer nada a respeito e não dá para imaginar outro ator fazendo este personagem.
Scarlett O’Hara ficou para a britânica Vivien Leigh, que em seu 10° longa e sua estreia no cinema americano não poderia ter sido melhor. Sua personagem é o coração do filme, começa como uma menina mimada e ao longo do filme transforma-se em uma mulher forte e determinada.
Com uma brilhante atuação, Vivien não só fez fama, como conseguiu entrar para a história com sua lendária personagem.
Dos coadjuvantes os maiores destaques são: Leslie Howard (Ashley Wilkes), Olivia de Havilland (Melanie Hamilton) uma das últimas sobreviventes do longa, que lutou para conseguir participar da produção e permanece como uma das personagens mais doces e bondosas do cinema. Por último e de grande importância foi Hattie McDaniel (Mammy), com toques de humor fez um personagem que apesar de estereotipado, ainda é um dos melhores do longa.
Sua estreia foi em dezembro de 1939 em Atlanta, passados mais de 70 anos do fim da Guerra Civil e foi um acontecimento histórico.
Venceu oito de treze indicações ao Oscar, incluindo: Filme, Direção (Victor Fleming), Roteiro (prêmio póstumo para Sidney Howard), Atriz (Vivien Leigh) e Atriz Coadjuvante (Hattie McDaniel, fez história ao ser a primeira atriz afro-americana vencedora do prêmio). O filme ainda recebeu 02 prêmios honorários e o produtor David O. Selznick foi homenageado com o prêmio Irving G.Thalberg Memorial.
Dos prêmios não conquistados, o mais sentido é o da grande trilha-sonora de Max Steiner, que ecoa até hoje como uma das mais marcantes da história do cinema.
Foi o maior de sua época em todos os aspectos, da produção grandiosa ao sucesso nas bilheterias. Em plena 2ª Guerra Mundial, com Londres sendo bombardeada, as filas nas sessões do filme continuavam lotadas.
Agora passados mais de 70 anos, o filme encanta toda uma nova geração, com seus personagens marcantes, sua produção irretocável e o belíssimo colorido do Technicolor dos anos 30.
Histórias Cruzadas
4.4 3,8K Assista AgoraHISTÓRIAS CRUZADAS (2011)
A intolerância racial e a luta pelos direitos civis estão presentes em muitos filmes, mas este aqui é muito especial e diferente.
Adaptado da obra de Kathryn Stockett, sua amiga de infância, o diretor/roteirista Tate Taylor teve a tarefa difícil de adaptar o popular livro "The Help" , mas foi bem sucedido e o resultado está aí para comprovar. Este foi seu terceiro trabalho como diretor e seu segundo longa-metragem, mostrando muita competência em acumular duas funções e também por sua extraordinária direção de atores.
O filme é dominado por atrizes, em grandes e marcantes atuações, destacando-se:
Viola Davis (Aibileen) dá um show e mostrou o que é ser uma grande atriz, em uma atuação forte, verdadeira e extremamente comovente.
Bryce Dallas Howard (Hilly), cada vez mais prova seu talento e aqui faz uma personagem que é impossível não odiar, merecia uma indicação ao Oscar pela ótima atuação.
Octavia Spencer (Minny) está impecável com uma personagem forte, decidida e corajosa. Esta foi sua terceira colaboração com Tate Taylor, apesar da carga dramática seu personagem tem ótimos momentos cômicos.
Jessica Chastain (Celia) estreou no cinema em 2008 e só em 2011 fez oito longas, sendo disputada em Hollywood, por sua beleza, simpatia e enorme talento. Em um papel atípico para um filme com temas fortes como o racismo, esbanja carisma como uma mulher sem preconceitos.
Emma Stone (Skeeter) em seu primeiro papel sério mostrou-se uma ótima atriz. Aqui é a escritora responsável em contar a história destas grandes mulheres.
Allison Janney (Charlotte) sempre ótima, atuando pela terceira vez em um trabalho de Tate Taylor.
E por último as veteranas Cicely Tyson (Constantine) e Sissy Spacek (Missus Walters) roubando suas cenas.
O filme foi indicado para quatro Oscar, incluindo: Filme, Atriz (Viola Davis), Atriz Coadjuvante (Jessica Chastain) e venceu merecidamente o de Atriz Coadjuvante para Octavia Spencer.
Foi também um enorme sucesso de público, rendendo mais de 200 milhões de dólares pelo mundo.
Com uma bela reconstituição de época, um elenco excepcional e uma história inesquecível, fazem de “Histórias Cruzadas” um filme imperdível.
O Tigre e o Dragão
3.6 455 Assista AgoraO TIGRE E O DRAGÃO (2000)
Com seu sétimo longa-metragem, Ang Lee mudou radicalmente de gênero e estilo, com o “Wuxia”, o tradicional gênero chinês de artes marciais e espadas.
O roteiro foi adaptado do livro de Du Lu Wang, pelos chineses Hui-Ling Wang, Kuo Jung Tsai e pelo americano James Schamus, colaborador de Lee desde sua estreia com “A Arte de Viver” (1992), aqui também com a função de produtor executivo. O trio fez uma ótima adaptação, com todos os elementos tradicionais e místicos do Wuxia, aliados pelos ótimos personagens.
Após três produções nos E.U.A., o veterano Chow Yun-Fat (Mestre Li Mu Bai) voltou ao cinema chinês para o 78° longa-metragem de sua carreira, com uma grande e forte atuação.
Mais conhecido pelos filmes de ação do diretor John Woo, que não possuem cenas com artes marciais, o ator que também não tinha muita experiência e habilidades para isso, passou por um extenso treinamento e preparação para o papel.
Michelle Yeoh (Yu Shu Lien) está magnífica em um dos melhores papéis de sua carreira, este foi seu segundo trabalho após sua estreia no cinema ocidental com “007 – O Amanhã Nunca Morre” (1997) e foi o 21º longa-metragem de sua carreira. Ao contrário de seu colega, Michelle participou de vários filmes de artes marciais, mas mesmo assim aprimorou suas habilidades para este extraordinário filme.
Um dos maiores destaques do elenco é a bela e extremamente talentosa Zhang Ziyi (Jen Yu), roubando cenas em seu segundo longa-metragem no cinema. Em grandiosa atuação e com cenas espetaculares, uma das coisas mais impressionantes é saber que a atriz não tinha experiência com artes marciais.
Dos coadjuvantes destaco o novato Chen Chang (Luo Xiao Hu) em seu 4º longa-metragem e a veterana Cheng Pei-Pei (Jade Fox), ambos com ótimas atuações.
Amparada pelas belíssimas paisagens chinesas, a fotografia de Peter Pau é de encher os olhos de tão espetacular. Timmy Yip além de diretor de arte, foi também responsável pelos figurinos, fazendo os dois trabalhos com perfeição e com grande beleza.
O mestre Yuen Woo-Ping foi o responsável pelas grandiosas e espetaculares coreografias de artes marciais, fazendo o impossível parecer tão real quanto belo. Com sua equipe, os atores passaram longas horas treinando e fizeram grande parte de suas cenas pendurados em cabos de aço.
Os efeitos visuais foram necessários e usados na medida certa, incluindo na remoção de fios e cabos que suspendiam os atores. Foi uma excelente realização dos técnicos Leo Lo & Rob Hodgson.
A edição de Tim Squyres é de muita competência, principalmente nas espetaculares e rápidas cenas de artes marciais. Os efeitos sonoros, que vão de uma simples telha se quebrando ao de espadas se chocando, foram perfeitamente executados pelo técnico Eugene Gearty e equipe.
O compositor Tan Dun fez uma belíssima e memorável trilha-sonora, suave em alguns momentos e empolgante em outros. Além de compor a bela canção “A Love Before Time”, ao lado de Jorge Calandrelli & James Schamus, com interpretação da bela cantora chinesa CoCo Lee.
O filme originalmente seria falado em inglês, mas o bom senso prevaleceu e Ang Lee acabou optando pelo mandarim como idioma, com isso alguns membros do elenco que não tinham fluência no idioma, tiveram que ter aulas intensivas.
Sua estreia foi em maio de 2000, em Cannes e desde então sua trajetória foi marcada por recordes e grandes prêmios.
O filme custou 17 milhões de dólares e rendeu mais de 200 milhões de dólares no mundo todo.
É até hoje o filme estrangeiro com mais indicações ao Oscar, com surpreendentes 10 indicações, incluindo a de Melhor Filme (sendo o 3º filme estrangeiro indicado nesta categoria), Diretor (Ang Lee) e Roteiro. Sendo vencedor em quatro categorias: Filme Estrangeiro, Trilha-Sonora, Fotografia & Direção de Arte.
Com certeza mereceu todo barulho e continua sendo um dos melhores e mais memoráveis trabalhos do excelente diretor Ang Lee.
Psicose
4.4 2,5K Assista AgoraPSICOSE (1960)
Um dos maiores clássicos da história do cinema e um dos maiores exemplos da genialidade e talentos de um dos maiores diretores do século XX.
Após duas superproduções em cores, o mestre Alfred Hitchcock fez um filme de baixo orçamento e preto e branco, para cumprir seu contrato com a Paramount. Algo que o estúdio de imediato não esperava, já que imaginava uma produção nos moldes das anteriores.
Com roteiro do jovem e talentoso Joseph Stefano, adaptando o livro de Robert Bloch, que Hitchcock havia lido e adquirido os direitos imediatamente. Foi um trabalho excepcional, principalmente por ser o terceiro roteiro de cinema de Stefano e o segundo pelo qual levou crédito.
Norman Bates foi o 12º personagem da carreira de Anthony Perkins e foi eternizado como um dos mais populares e icônicos, não só da extensa carreira de Hitchcock, como também da história do cinema. Um trabalho magnífico e digno de reconhecimento, Perkins sempre será lembrado e admirado por sua espetacular atuação.
Janet Leigh (Marion Crane), apesar de jovem estava em seu 35° longa-metragem, mas nenhum outro papel de sua carreira causou tanto impacto e elogios como este. Principalmente por sua grande atuação e por ter protagonizado uma das cenas mais antológicas do cinema.
Dos coadjuvantes os destaques são: Vera Miles (Lila Crane), John Gavin (Sam Loomis) & Martin Balsam (Detetive Milton Arbogast), todos com ótimas atuações. E como de costume Hitchcock fez uma ponta e sua filha Patricia Hitchcock fez sua terceira e última participação em uma obra de seu pai.
Este foi um dos últimos trabalhos do mestre Alfred Hitchcock e um dos melhores e mais importantes filmes de sua carreira. Apesar do custo inferior a 900 mil dólares, o diretor e sua equipe conseguiram fazer um filme com tantas qualidades, que hoje em dia é difícil acreditar que esta obra-prima foi produzida com tal quantia.
Psicose também marcou umas das últimas parcerias de Hitchcock, com o grande compositor Bernard Herrmann, fazendo somente mais dois filmes depois deste. Mas esta foi uma das mais brilhantes e icônicas composições de Herrmann, não só de sua carreira, mas também da história do cinema. Foi e ainda é inspiração para muitos compositores e virou símbolo para cenas de suspense e grande impacto, sendo frequentemente lembrada e imitada.
Outra parceria de Hitchcock, que merece destaque é com o famoso designer gráfico Saul Bass, responsável pelos excelentes créditos de abertura e também pelos storyboards do filme, incluindo da famosa e polêmica cena do chuveiro. Cena que Bass causou polêmica ao afirmar que havia dirigido, no lugar de Hitchcock. Fato desmentido por Janet Leigh, estrela da cena em questão, confirmando que Hitchcock quem dirigiu. Polêmica a parte, sua contribuição foi extremamente importante com os storyboards servindo de prévia da fantástica e famosa cena.
A extraordinária fotografia em preto e branco de Jack L. Russell e a edição com cortes precisos e perfeitos de George Tomasini são exemplos da extrema qualidade de um filme com assinatura do Mestre do Suspense.
A direção de arte (Joseph Hurley, Robert Clatworthy & George Milo) apesar de modesta foi de extrema qualidade e criatividade, principalmente no Motel Bates, na decoração de interiores e pela primeira vez no cinema, um banheiro foi destaque de cena.
O filme foi indicado para quatro Oscar: Diretor (Hitchcock), Roteiro, Atriz Coadjuvante (Janet Leigh) & Direção de Arte. Além de não ter vencido nenhum prêmio, o maior absurdo foi à ausência de Anthony Perkins nas indicações, já que sua atuação é brilhante e inesquecível.
O único prêmio importante foi para Janet Leigh, que venceu o Globo de Ouro de Atriz Coadjuvante.
O filme faz parte da lista dos 100 maiores filmes de todos os tempos, pelo Instituto Americano de Cinema.
Pela sua importância e status de clássico, seria absurdo pensar que um dia fariam um remake, mas foi isso que aconteceu em 1998. Com Gus Van Sant filmando quadro a quadro, incluindo a cena do chuveiro, mas com o uso de cores e atualização de época. Com custo de absurdos 60 milhões de dólares e com bilheteria mundial de pouco mais de 30 milhões de dólares, provaram que grandes clássicos do cinema não devem ser refilmados e sim preservados para outras gerações.
Passados mais de 50 anos de sua estreia, Psicose continua fascinante e merece ser visto e revisto por todos.
Star Wars, Episódio IV: Uma Nova Esperança
4.3 1,2K Assista AgoraSTAR WARS: EPISÓDIO IV - UMA NOVA ESPERANÇA (1977)
Com o sucesso de crítica e público de “Loucuras de Verão“ (1973), o diretor George Lucas conseguiu depois da recusa de alguns estúdios, que a Fox financiasse seu projeto mais ambicioso, o primeiro filme da saga Star Wars.
Com uma sacada genial e quase premonitória, o diretor abriu mão de seu salário em troca de total controle sobre a obra e mais os direitos de merchandising, fato bem incomum para a época.
Foi o terceiro longa-metragem da carreira de Lucas, que assina também o roteiro excepcional, inventivo e com personagens marcantes e populares até hoje.
O jovem elenco foi excepcional, principalmente Mark Hamill (Luke Skywalker) em seu primeiro longa-metragem de cinema, após estrear como um dos dubladores da animação “Wizards” de Ralph Bakshi, lançada também em 1977. Carrie Fisher (Princesa Leia Organa) em sua segunda aparição nos cinemas, com um grande papel feminino em que atuou muito bem. Harrison Ford (Han Solo) já havia sido dirigido por Lucas em “Loucuras de Verão“ (1973) e participado também do elogiado “A Conversação” (1974) de Francis Ford Coppola, conseguindo aqui sua grande chance ao estrelato, como o anti-herói mais popular do cinema.
O grande Alec Guinness (Ben/Obi-Wan Kenobi) como era de se imaginar, tem uma atuação brilhante e extremamente marcante. Outro ator britânico que merece ser mencionado é Peter Cushing (Grand Moff Tarkin), famoso pelas produções de horror dos Estúdios Hammer, fazendo um dos vilões com muita competência e talento.
Dos muitos ícones da saga, Darth Vader é um dos mais populares de toda a história do cinema, fazendo parte da cultura popular desde sua estreia. Dois nomes foram responsáveis pelo notável personagem, David Prowse emprestando seu porte físico e James Earl Jones emprestando sua poderosa e inconfundível voz.
Outros grandes personagens apresentados foram: C-3PO (Anthony Daniels) e R2-D2 (Kenny Baker), como os dróides/robôs mais queridos do cinema e o peludo e mal-humorado Chewbacca (Peter Mayhew).
Os efeitos visuais foram revolucionários, sendo o segundo longa-metragem com o selo da famosa Industrial Light & Magic, fundada por Lucas em 1975. Os grandes e geniais pioneiros, por traz dos magníficos efeitos visuais foram: John Stears, John Dykstra, Richard Edlund, Grant McCune & Robert Blalack. Ainda em início de carreira, o grande maquiador Rick Baker foi um dos responsáveis pela exótica, perfeita e extraordinária maquiagem, já dando sinais do que viria a ser. Apesar de pouco comentada a fotografia de Gilbert Taylor, merece ser destacada também, principalmente nas cenas na Tunísia.
Umas das coisas mais interessantes e importantes foram os extraordinários cenários dos diretores de arte (John Barry, Norman Reynolds, Leslie Dilley & Roger Christian), que vão dos cenários no deserto da Tunísia aos interiores das espaçonaves.
O figurinista John Mollo estreou no cinema, produzindo uma variedade incrível de trajes, que vão do comum ao exótico, com muita criatividade e talento.
A trilha-sonora criada pelo grande John Williams é uma das mais famosas e icônicas da história do cinema. Star Wars não seria tão importante, não teria tanto impacto e popularidade, sem a extraordinária e clássica trilha-sonora do maestro Williams.
O som é o responsável por grande parte da emoção de um grande filme como este, dando vida às espetaculares imagens projetadas. Os grandes responsáveis foram: Don MacDougall, Ray West, Bob Minkler & Derek Ball. Fazendo parte desta área também, Ben Burtt foi o responsável pelos extraordinários efeitos sonoros, dando vozes a várias criaturas, alienígenas e robôs.
Com edição ágil e perfeita, o trio de editores (Paul Hirsch, Marcia Lucas & Richard Chew), teve a árdua tarefa de ver o que funcionava ou não, tudo é lógico supervisionado por Lucas, que certamente acompanhava o trabalho de sua esposa Marcia.
O filme foi indicado para dez Oscar, incluindo os de Filme, Diretor (George Lucas), Roteiro (George Lucas), Ator Coadjuvante (Alec Guinness) e venceu sete (Edição, Direção de Arte, Figurino, Efeitos Visuais, Trilha-Sonora, Som e o prêmio honorário pelos Efeitos Sonoros). Um feito e tanto para um gênero que geralmente é desprezado nas premiações.
O filme também faz parte da lista dos 100 maiores filmes de todos os tempos, pelo Instituto Americano de Cinema.
Com orçamento de 11 milhões de dólares, o filme faturou impressionantes 775 milhões de dólares, contando com os relançamentos.
Com o sucesso George Lucas pode dar continuidade a série, com este filme ganhando o subtítulo de “Uma Nova Esperança” e sendo o Capítulo IV da grande saga espacial.
Com os direitos autorais em mãos, Lucas acabou modificando cenas no relançamento da saga em 1997, usando a tecnologia da época para isso. Para os fãs mais puristas, foram totalmente desnecessárias, já que a saga fez fama e dinheiro da forma que foi concebida originalmente.
Apesar disso, este que foi o primeiro filme lançado nos cinemas, merece ser chamado de clássico e foi um divisor de águas, para o gênero fantasia/ficção que sempre eram vistos como filmes B e de baixa qualidade. Jedi hoje em dia, é uma palavra tão comum, que é impossível alguém não ter escutado.
O império galáctico construído por Lucas, não perde seu impacto e agora com 35 anos de sua estreia nos cinemas, mais os bilhões arrecadados com bilheterias e merchandising, mostram que a “Força” continua com Lucas e sua obra, apesar das constantes modificações, conta com uma crescente legião de fãs no mundo todo.
Uma obra essencial do cinema, pela sua importância no desenvolvimento dos efeitos visuais pré-era digital, pela sua imensa popularidade e também como um dos melhores exemplos de escapismo, com uma total imersão ao universo criado por Lucas, com seus personagens icônicos e lugares fantásticos.
Relíquia Macabra
4.0 182 Assista AgoraO FALCÃO MALTÊS (1941)
Mais de 70 anos de um grande clássico, Bogart e a estreia na direção de John Huston, fazem deste um filme imperdível.
Em 1929, pouco depois da revolução causada com a chegada do som ao cinema, John Huston com apenas 23 anos, fazia sua estreia no cinema no curta-metragem “Two Americans”.
Mas foram seus trabalhos como roteirista em filmes de grandes diretores como William Wyler e Howard Hawks, que deram prestígio e oportunidade para que em 1941, pudesse estrear como diretor.
Com uma escolha inusitada, resolveu adaptar o livro “O Falcão Maltês” de Dashiell Hammett, que a Warner detinha os direitos e já havia feito duas produções anteriores.
Mas ao contrário das adaptações anteriores, que fracassaram em todos os aspectos, Huston fez de sua estreia um grande sucesso.
A trama gira em torno de uma estatueta que é cobiçada por várias pessoas, com reviravoltas e surpresas ao longo do filme.
Foi um dos primeiros filmes do gênero “Noir”, termo francês para filmes policiais em preto-e-branco, onde sombras e outras características do expressionismo alemão eram comuns.
Além é claro de personagens cínicos e uma “Femme Fatale”, fez deste um dos grandes exemplares do gênero.
Liderando o afiadíssimo elenco, o lendário Humphrey Bogart (Sam Spade), que antes era mais conhecido pelos papéis de gângster que havia feito, mas este filme foi o primeiro passo para que o ator atingisse o status de grande astro que ostenta até hoje. Com certeza foi sua primeira atuação, digna de ser lembrada e reconhecida.
Mary Astor (Brigid O’Shaughnessy) começou sua carreira ainda no cinema mudo e seu papel é de grande destaque e importância na trama, com a atriz mostrando todo seu talento.
O filme ainda conta com a presença notável do húngaro Peter Lorre (Joel Cairo), fazendo seu primeiro grande filme no cinema norte-americano, após dez anos de seu maior sucesso: o grande filme alemão “M, o Vampiro de Dusseldorf” do diretor Fritz Lang.
Mas a grande atuação do longa-metragem de estreia de Huston foi de outro estreante Sydney Greenstreet (Kasper Gutman), que vinha do teatro e pela falta de experiência no cinema, ficou extremamente nervoso em atuar na frente das câmeras, fato que não transparece em nenhum momento, já que atua de forma tão natural.
A trilha sonora de Adolph Deutch e a fotografia em preto-e-branco de Arthur Edeson sustentam muito bem o status de policial noir, dando clima e atmosfera com perfeição.
Foi indicado para três Oscar: Melhor Filme, Roteiro (Huston) e Ator Coadjuvante (Greenstreet). Não foi vencedor, mas provou o grande talento de Huston, que acabou se igualando aos grandes diretores que o revelaram.
Faz também parte da famosa lista do Instituto Americano de Cinema, como um dos cem maiores filmes da história.
Esta também foi a primeira vez que o trio Bogart, Lorre & Greenstreet apareceu no cinema.
Um filme essencial, que marcou o início da excelente parceria de Huston com Bogart.