A repreensão dos sentimentos causa ao sujeito uma dor imensurável, entre o processo de transição da fase adolescente para a fase adulta, encontramos um drama genuíno, que procura mostrar da sua própria forma o quanto o amor e as amizades são importantes para a formação de caráter.
A construção do muro de Berlim, dividiu a destruída Alemanha em duas nações, com ideologias completamente diferentes, o longa-metragem torna esse momento histórico uma representação da vida de Jarle Kleep.
Esse que no início da película, fala diretamente com o telespectador, em uma espécie de "Quebra da 4° parede", esse recurso pode parecer desnecessário, mas pelo contrário, essa cena é totalmente crucial.
Sozinho e sem sexo, Jarle procura a atenção do público, pois a sua solidão tem uma imensidão considerável, esse momento tem uma conexão com a última cena, em que o próprio, olha para a câmera mais uma vez, só que agora, ele não precisa se comunicar, instantaneamente relembra de momentos cruciais em que ele viveu com Yngve e o seu grupo de amigos.
O dito-cujo percebe que aproveitou com as melhores pessoas uma fase concludente da sua vida, nessa ocasião, o muro que o dividia sentimentalmente se destrói.
"Mannen som eltsket Yngve" apresentou o cinema Norueguês para o mundo, não poderíamos ter uma apresentação tão catártica.
A busca constante pelo amor paternal, percorrendo esse caminho doloroso, James Dean interpreta um jovem conturbado (não fugindo assim do seu clássico Jim Stark).
Porém, há aqui uma quebra no maniqueismo habitual de algumas produções dessa época, Caleb Trask demonstra rancor e carisma ao mesmo tempo, tomando decisões de caráter duvidoso, não tendo se tornado um típico "herói sem erros".
Fugindo, assim, desse convencionalismo pertinente na "era de ouro". "East of Eden" tem características batidas de um melodrama, mas não deixa de mostrar o lado mais sombrio do seu protagonista.
Lembranças irão sumir na vastidão da vida, mesmo que o esquecimento tenha se tornado inevitável, a relevância da vida está no quanto a solidão pode ser compartilhada por indivíduos que atinam a beleza no mundano, pois essas ocasiões monótonas se tornam especiais quando compartilhadas.
A amizade retém toda a dor, seguindo em frente com "Clair de Lune", Mike Mills retorna pela segunda vez, com um trabalho agridoce, temos o padecer no olhar de ambos os protagonistas, angústia que se destaca a cada frame, um mundo que perdeu a cor, assemelhando-se assim com Johnny e Jesse.
Palavras essas vão ser lidas e olvidas no decorrer dos próximos dias, mas sempre lembre-se, siga em frente.
Os momentos moldam o caráter de uma criança, mínimos detalhes dignificam um período costumeiro, pois esses, lembram as sensações mais doces.
A correlação entre o sutil e o belo, reforça a relação de Marion e Nelly, ambas procuraram apreciar unidas esse período carinhoso.
Com despedidas ínfimas, a cineasta francesa Céline Sciamma, alcança com uma duração limitada, um longa-metragem sensível.
A intimidade das relações impressiona, isso se deve ao trabalho cuidadoso da cuja dita em utilizar movimentos de câmera suaves, com passagens de tempo imperceptíveis à primeira vista.
O cuidado a cada frame é ressaltado pelo uso da música, Sciamma poderia abusar do recurso, mas ela sabe a hora exata de usar a sonoridade para engrandecer ocasiões, essas que ganham uma força devastadora.
"Petite Maman" ressalta de forma ímpar o quanto a beleza pode ser subjetiva, pois a beldade pode estar em "momentos banais".
O cinema americano da década de 40 trouxe consigo uma vasta gama de obras inesquecíveis. Entretanto, como o citado é o cineasta franco-americano Jacques Torneur, que em 1942 ressuscitou a produtora "RKO Pictures" com o terror atmosférico "Cat People".
O sucesso que Torneur teve, possibilitou a realização de uma das suas principais películas. Em um cenário conturbado, cheio de reviravoltas, personagens questionáveis e uma fotografia com contrastes sombrios, eis "Out of The Past".
A vida mundana de um posto de gasolina, Jeff Bailey (Robert Mitchum), é interrompida por uma série de conhecidos do seu passado. Como um noir clássico, há aqui uma Femme Fatale (Jane Greer), que entre várias ocasiões, desafia a percepção do protagonista com a sua sedução irresistível.
Indubitavelmente, também encontra um vilão imponente (Kirk Douglas), um mafioso que geralmente não leva desaforo dos seus lacaios. Essa estrutura que molda um noir, além dos vários cigarros, que proporcionam uma ambientação estilosa.
As intrigas e segredos, demonstram um lado nefasto de alguns personagens, apostando nas diversas reviravoltas (que funcionam sempre), Jacques faz um trabalho honesto e que chega ao ápice no final, que surpreende o telespectador e o coloca na ponta da cadeira, terminando de uma maneira abrupta.
Desde os primórdios do cinema, haviam vários gêneros que adquiriam a atenção do público, entre esses, se encontra o "Western", estilo esse que estabeleceu várias obras ilustres.
Temos os clássicos do cineasta italiano Sergio Leone, que para muitos é o mestre supremo dos filmes "bang bang", o dito-cujo dirigiu em sua breve carreira, longas como o vistoso "The Good, the Bad and the Ugly".
O clássico mencionado anteriormente, marcou a figura do "Pistoleiro sem Nome", que alavancou imensuravelmente a carreira Clint Eastwood, possibilitando a criação da película que é considerada "o último grande faroeste".
William Munny (Clint Eastwood) encontra uma oportunidade para a melhora de sua condição financeira, para isso, o próprio enfrentará fantasmas do passado.
A Inexpugnabilidade do tempo glorifica momentos pouco façanhosos, a brutalidade toma um sentido oposto, tornando a bebida, uma válvula que possibilita o esquecimento.
Essas histórias se tornaram um resquício de um homem que não existe mais, a mudança abrupta que sua amada causou, reafirma a quebra de paradigmas, mas como a sua crueldade prejudicou muitos caubóis que já não cavalgam pelos campos areados, o nosso protagonista, perde o seu único amor.
Isolado em uma cabana simplória, Munny cuida de porcos mazelados, um trabalho que sempre o coloca no chão, imergindo na lama fétida que tanto mereceu, o seu refúgio se torna a presença de suas crias.
No decorrer dessa jornada, Eastwood conduz cuidadosamente o seu personagem por um caminho que o tornará no mesmo jovem de tempos anteriores, esse declínio não surge por acaso, pois agora, ele percebe o quanto a morte afeta o psicológico de todos.
Clint subverte alguns aspectos presentes no Western, não temos heróis e nem vilões, os empecilhos afetam qualquer indivíduo, essas dificuldades solapam o fato de que certas escolhas duvidosas se tornam a saída mais congruente.
Os defeitos nos transformam em humanos, Munny mesmo sendo um assassino indomável, ganha o afeto do público, devido a sua personalidade, o seu sofrimento puxa o telespectador para dentro do "saloon".
"Unforgiven" consegue resgatar e revolucionar convenções de um gênero que tinha perdido o seu "brilho", porém, Eastwood não deixa de homenagear Leone, o próprio não poderia ter tido um auxiliador desse calibre.
Manuel (Geraldo Del Rey) e sua esposa Rosa (Yoná Magalhães) estão na miséria no interior do país, uma terra desolada e fúnebre. Até que seus caminhos se encontram com Sebastião (Lidio Silva), um beato que prega a metamorfose do sertão, assim se tornando o mar, e com Corisco (Othon Bastos), um cangaceiro que acredita que o poder do povo é o mais forte.
O Cinema Novo foi um movimento cinematográfico que teve como uma das suas inspirações a Nouvelle Vague, que também foi um movimento revolucionário. Na obra de Rocha, vemos o uso de locações sujas e uma iluminação natural, além do uso de Jump Cuts, que são característicos do filme Acossado (precursor da Nouvelle Vague).
Rocha inicia sua obra com um plano mostrando toda a aridez do sertão. Toda a sujeira presente na película e nos personagens, e logo depois vemos uma procissão, onde o nosso personagem que estava em prantos, encontra a esperança no beato Sebastião.
A indigência de Manuel e Rosa é visível, mesmo com as inúmeras tentativas de se reestruturar financeiramente, nossos protagonistas estão fadados ao fracasso e à alienação, até por isso Manuel sempre menciona os milagres, que tudo pode ser mudado em um piscar de olhos, por uma força divina, é até por isso que nosso "peão" recorre a falsos salvadores.
Devido às condições da população do sertão, onde há uma clara discrepância social, onde a maioria do pessoal está desesperado por algum emprego, vemos uma manipulação recorrente, até por isso, em determinada cena, Manuel questiona o posicionamento do seu chefe, pois ele menciona uma certa "lei" que protege as vacas do próprio, enquanto Manuel fica sem nada.
Na introdução de Sebastião, com um monólogo onde o próprio promete um sertão utópico para os seus seguidores, sertão esse que vai virar mar, Rocha faz questão de utilizar um plano longo focado no olhar de admiração de todos na plateia, um olhar que busca a esperança, mas que deliberadamente, sabe que a desilusão está próxima. É nesse olhar que todo o tom do filme é mostrado para o telespectador, esse que se encontra como uma testemunha da vontade do beato de mostrar a sua soberania, não é à toa que Sebastião é apresentado no monte santo.
Quando Corisco é apresentado pela 1° vez ao público, vemos uma semelhança clara entre as duas figuras principais dessa película, até a maneira como Manuel implora para ser o subordinado do cangaceiro é semelhante com a devoção a Sebastião. Com um punhal e um rifle na mão, eis as armas que não vão deixar o povo morrer de fome, os gigantes vão ser derrubados pelo lampião, vale ressaltar a grande interpretação de Othon Bastos, que foi eternizado com o melhor anti-herói do cinema nacional.
O longa-metragem se relaciona com o golpe militar nesse sentido, pois todos os soberanos prometem uma utopia, mas para ter a "liberdade", a repreensão e a violência são necessárias, essa é a relação entre Corisco e Sebastião. Esse é um dos pontos principais que Rocha toca, os fins não justicam os meios, não conseguiremos a libertação por meio da tirania.
Deus e o Diabo na Terra do Sol discorre sobre outro assunto que não era comum nos anos 60, sem romantizar os seus personagens, mostrando todas as facetas boas e ruins, assim temos uma quebra no convencionalismo presente no cinema dessa época. Onde a fórmula dos filmes nacionais eram voltados para Hollywood, um mundo perfeito com personagens encantadores, mas aqui há uma quebra, todos tem seus defeitos e qualidades, pois todos são multidimensionais, fugindo do padrão, Glauber Rocha mostra o Brasil na essência mais pura possível.
Judas and the Black Messiah em seu âmbito disserta sobre lealdade e traição, a direção de Shaka King é primordial para o êxito da história, realizando um belo trabalho com seu elenco e narrativa, o roteiro é primoroso, mesmo tendo uma premissa aparentemente simples ele aborda vários assuntos atuais nos dias de hoje, todos os diálogos e monólogos são espetaculares.
As atuações são de longe a melhor coisa do longa-metragem, Daniel Kaluuya faz uma performance inacreditável, toda vez que ele ia fazer um discurso, eu admirava e acreditava fielmente em cada palavra que ele dizia, é com toda certeza a melhor performance coadjuvante do ano, o Lakeith Stanfield também realiza uma atuação incrível, todo o conflito interno do personagem é bem esboçado em tela.
Judas and the Black Messiah é um dos melhores filmes de seu ano. Nota final: 8.9
Sound of Metal nos transporta diretamente para a perspectiva de um baterista que está ficando surdo, a direção de Darius Marder é sutil e primorosa, ele utiliza do artifício da câmera na mão para nos emergir na mente do personagem, o design de som é inventivo e impressionante, com várias técnicas fabulosas de mudança de perspectiva.
As atuações são outro ponto assertivo do longa, Riz Ahmed consegue transparecer toda a melancólica e angústia do personagem, pra mim é a melhor atuação do ano, Paul Raci realiza uma performance excepcional, além de mostrar a discussão presente no filme: a surdez não é uma doença e sim uma condição. Sound of Metal é um filme sobre aceitação e mudança. Nota final: 9,4
The Father consegue emergir o telespectador nos olhos de um personagem que tem alzheimer, A montagem é primorosa, todos os saltos de tempo só reforçam o estado de confusão do personagem, a direção do Florian Zeller é excepcional, ele opta por manter o toque teatral e conduz a narrativa de maneira brilhante, o roteiro não opta por situações expositivas, todos os diálogos são feitos de uma maneira sutil e não expositiva.
O elenco é fabuloso, Anthony Hopkins faz uma performance irretocável, ele mostra toda a confusão e desorientação do personagem só pelo olhar, além de ter um dos momentos mais emocionantes do longa, Olivia Colman consegue representar toda a sua dor e angústia de uma maneira admirável, é uma das melhores atuações coadjuvantes do ano.
The Father é um dos melhores filmes do ano, assustador, emocionante e magnífico. Nota final: 9,4
Minari mostra as dificuldades de uma família em se adaptar ao sonho americano, a direção do Lee Isaac Chung é excepcional, com vários planos contemplativos ele consegue captar a essência dos personagens, a trilha sonora só melhora o tom leve e sentimental do longa, a cinematografia explora a beleza natural de uma maneira linda.
O elenco é o ponto alto do filme, Steven Yeun realiza a melhor atuação da sua carreira, ele transparece todas as dificuldades e frustrações do personagem, Alan S. Kim faz uma performance tocante e carismática, mas a melhor atuação é a da Yoon Yeo-Jeong, ela consegue subverter o papel de uma vó no cinema, é um atuação altamente real e sentimental.
Minari tem uma visão subjetiva sobre a família, tocante, lindo e fabuloso. Nota final: 8,4
Mank mostra o processo de escrita do roteiro de Citizen Kane, a direção de David Fincher é ótima, ele opta por planos usados na Hollywood clássica, além trabalhar o seu elenco de uma meneira excelente, a cinematografia é estonteante e impecável, todas as belas composições de cenário e o preto e branco fazendo alusão a década de 30 e 40, só melhoram a experiência.
A trilha sonora é sugestiva e primorosa, só melhora a irretocável constituição de época, o elenco é um dos pontos altos do longa-metragem, Gary Oldman consegue mostrar todos os defeitos e mágoas do personagem, Amanda Seyfried faz uma performance espetacular, ela se encaixa perfeitamente no contexto histórico do filme. Mank é tecnicamente magistral, mesmo sendo pretensioso, o filme é uma carta de amor a Hollywood entre a década de 30 a 40. Nota final: 6
Deus e o Diabo na Terra do Sol é a minha introdução no Cinema Novo e ao cineasta Glauber Rocha, com toda a certeza eu não poderia ter um início melhor, Glauber mostra todo o conflito social e político de um sertão fúnebre, ele não prende os seus personagens ao maniqueísmo, pelo contrário, todos percorrem o bem e o mal, a trilha sonora é impecável e sugestiva.
A montagem é frenética, algumas cenas me remeteram a montagem soviética, mas a coisa do longa-metragem é a direção excepcional de Glauber Rocha, que contrasta do teatral ao real, nos proporcionando cenas poéticas e marcantes. "Se entrega Curisco!" "Eu não me entrego não!" Nota final: 10
“A Ghost Story” me ajudou a superar um período difícil, estava descobrindo minha doença crônica depois do meu melhor amigo da vida(meu pai) ter falecido, depois desse período eu me desliguei do cinema, estava tão deprimido que não fazia nada, mas decidi assistir esse filme, depois dele, caí em lágrimas de emoção, ele ressuscitou meu amor pelo cinema, imaginei meu pai como fantasma, do meu lado assistindo junto comigo, foi mágico.
"Its all about time" A Ghost Story tem uma visão linda sobre o tempo, o filme é independente, feito com um teor pessoal, em seus planos longos e silenciosos podemos pensar sobre o real motivo para o filme existir. Esse filme é um convite feito pelo diretor, para pensarmos na vida, tudo que estamos vivendo pode acabar em um piscar de olhos ou em uma batida de carro. Esse filme me fez refletir com dinamismo, não posso perder o meu tempo, porque a coisa que mais muda o universo, galáxias, planetas, cidades, humanos, vidas, costumes.... Tudo isso é mudado com o tempo, com o tempo vamos descobrindo coisas que fazem nossa vida tomar significado, mas no final, quando chegar a morte, tudo o que nós conquistamos vai sumir com o tempo, como eu já disse “O tempo muda tudo”.
Recomendo de coração esse filme, garanto que ele vai te surpreender. Esse filme entra para o meu top 5, então adivinha minha nota...
The Sacrifice é um filme de 1986 dirigido por Andrei Tarkovsky, um dos principais temas do longa-metragem é a morte e o abandono, com uma paleta de cores que contrasta do quente ao gelado, remetendo a mudança interna de Alexander, a "mise en scène" é incrivelmente bem articulada, a edição de som nos atribuí uma experiência altamente sensorial, o elenco consegue transparecer toda a dor e sofrimento dos personagens e a direção de Tarkovsky é perfeita, ele usa planos longos e abertos, nos proporcionando uma imersão perfeita, além de expressar de maneira autoral a sua mensagem. Nota final: 10
Inside Llewyn Davis é um filme atmosférico e fúnebre, a trilha sonora é magnífica, as escolhas de música combinam perfeitamente com o tom do longa-metragem, a edição é excelente, todos os cortes são cirúrgicos, a cinematografia é impecável, com uma paleta de cores frias, representando toda frieza e depressão dos personagens. Todo o elenco é fantástico, mas temos que destacar a interpretação do Oscar Isaac, ele mostra toda a apatia e melancólica do Davis, é uma performance incrível.
Inside Llewyn Davis mostra em cerne um personagem fracassado que não busca uma mudança de vida, além de ser uma bela homenagem a música folk. Nota final: 8,7
“The Florida Project” é um filme de 2017 que acompanha o quotidiano de crianças numa situação social precária, mas que encontram, através de sua inocência e imaginação, uma vida mais colorida. No decorrer do filme, vemos a dura realidade dos hóspedes do hotel-habitação em que as crianças vivem: mesmo tendo um teto sobre sua cabeça, é inegável que eles passam por muitas dificuldades, financeiras e emocionais. Vemos, assim, um grande contraste a essa dura realidade: o hotel, preso em realidades comuns na Flórida, fica a poucos passos da Disney, um mundo de sonhos e alegria. Na abertura do longa-metragem, é reproduzida a música “Celebration” da banda Koll & The Gang. Sua letra vem para estabelecer e reforçar o fato de as crianças não conseguirem ter a chance de aproveitar a alegria de ir ao parque de diversões que fica logo ao lado. Celebration também é o nome da região, no Condado de Osceola, desenvolvida pela Walt Disney Conpany e conectada diretamente aos parques, mas não possuindo nenhuma espécie de imagem ou uso por seus personagens. Além disso, a música corrobora essa não-acessibilidade no trecho que diz: “Tem uma festa acontecendo bem aqui.”
É notório como o diretor mostra os acontecimentos da vida por meio da visão infantil. Sean Beaker nos coloca no ponto de vista das crianças, sempre focando a câmera nas crianças e ainda a colocando mais abaixo do que o convencional. Uma cena que mostra esse foco na perspectiva infantil é a que a Halley (mãe da nossa protagonista) está falando com uma Assistente Social sobre sua frustração em não conseguir um emprego; mas a câmera não foca nela, acompanhando, em vez disso, Moonee. Esta que, em contraponto, está brincando inocentemente com alguns brinquedos do escritório. Essa cena só reafirma o foco principal do longa, que é mostrar a visão lúdica em contraste com a dura realidade da vida.
É revoltante saber que o Oscar não indicou a Brooklynn Prince a Melhor Atriz, pois ela carrega o filme nas costas. Toda a alegria, inocência e imaginação da Moone são trabalhados por mérito total da atriz, que realiza, na minha opinião, a melhor interpretação infantil da história do cinema. Outro personagem complexo do longa é o Bobby, o gerente do hotel em que as pessoas vivem no filme. No começo, vemos que o personagem prioriza o bem-estar estrutural do hotel, mas ele também protege igualmente os seus hóspedes. Então não sabemos qual é o principal foco do personagem: o hotel ou as pessoas. Logo surge o que é, pra mim, uma das cenas mais tensas que vistas em um filme.
Nessa cena, acompanhamos a perspectiva de Bobby acerca de um possível pervertido em meio às crianças. Bobby está pintando alguma parede do hotel quando percebe o fato, imediatamente derrubando a tinta e partindo para ver o que estava acontecendo. Fato que solapa que ele prioriza mais as pessoas que convivem naquele meio, e a sua principal qualidade se torna a proteção em si. A mãe da Moone é outra personagem complexa de se analisar. Mesmo sendo totalmente irresponsável para com sua filha, ela transmite um amor incrível por ela; fazendo de tudo pra dar alguma alegria e felicidade à sua filha. Por mais que os seus meios e ensinamentos sejam totalmente errados e prejudiciais à formação de caráter da filha, que é ainda uma criança, aprendendo sobre a vida, todo esse arco de Halley é complexo. Se tornando uma personagem que amamos odiar.
“The Florida Project” prioriza a realidade acima de tudo, por isso sempre vemos momentos cheios de silêncio. Sabemos que, quando você é criança, em plena tarde, admirando o horizonte de sua realidade, palavras não são necessárias. O filme quer nos mostrar essa realidade ignorada por muitos, e o final é perfeito. Nos últimos minutos, vemos Moonee fugindo junto de Jancey e entrando, desenfreadas e sozinhas, no Disney World. Aqui, para encerrar tal jornada, o diretor faz uma mudança drástica na linguagem já estabelecida antes no filme, e a cena é gravada com o celular. Esse final é representante do diretor falando: a realidade é bem pior que essa que eu acabei de mostrar, mas sempre há um lado bonito a se mostrar.
“The Florida Project ” é um dos meus favoritos da década passada, e não é à toa. Ele é perfeito em todos os aspectos, pois é a melhor representação da infância já feita no cinema. Nota final: 10
O filme "The Graduate" (Ou "A Primeira Noite de Um Homem") mostra a difícil comunicação entre gerações. Benjamin acaba de terminar a sua graduação na faculdade, então ele decide ir passar as férias na casa dos seus pais. Lá ele encontra Mrs. Robinson, uma atraente mulher de meia-idade que muda o rumo de sua vida.
A direção de Mike Nichols é primorosa. Interessante como ele mostra os primeiros momentos de Benjamin na casa dos seus pais. Optando por um plano longo, Nichols mantém a câmera bem próxima ao personagem, mostrando as suas reações ao cumprimentar aquelas pessoas, que, mesmo o parabenizando pela sua conquista acadêmica, sempre cobram e pontuam as decisões de vida de Benjamin. Outro ponto que Nichols acerta é no uso da câmera na mão, mostrando o quanto aquela situação é desconfortável e cheia de pressão para o jovem.
Vale ressaltar o baita elenco envolvido nesse filme. Dustin Hoffman mostra todas as inseguranças e neuroses de seu personagem: sua interpretação é impecável. Anne Bancroft e Katherine Ross estão perfeitas: Anne faz uma personagem sedutora e imponente, enquanto Katherine faz uma personagem que, apesar de aparecer em poucos momentos, consegue roubar a cena; mérito total da atriz. O roteiro é magnífico, todos os diálogos são excelente e a condução da narrativa é muito envolvente.
The Graduate é um dos melhores filmes da Nova Hollywood, minha nota é 10.
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O Homem Que Amava Yngve
4.0 121A repreensão dos sentimentos causa ao sujeito uma dor imensurável, entre o processo de transição da fase adolescente para a fase adulta, encontramos um drama genuíno, que procura mostrar da sua própria forma o quanto o amor e as amizades são importantes para a formação de caráter.
A construção do muro de Berlim, dividiu a destruída Alemanha em duas nações, com ideologias completamente diferentes, o longa-metragem torna esse momento histórico uma representação da vida de Jarle Kleep.
Esse que no início da película, fala diretamente com o telespectador, em uma espécie de "Quebra da 4° parede", esse recurso pode parecer desnecessário, mas pelo contrário, essa cena é totalmente crucial.
Sozinho e sem sexo, Jarle procura a atenção do público, pois a sua solidão tem uma imensidão considerável, esse momento tem uma conexão com a última cena, em que o próprio, olha para a câmera mais uma vez, só que agora, ele não precisa se comunicar, instantaneamente relembra de momentos cruciais em que ele viveu com Yngve e o seu grupo de amigos.
O dito-cujo percebe que aproveitou com as melhores pessoas uma fase concludente da sua vida, nessa ocasião, o muro que o dividia sentimentalmente se destrói.
"Mannen som eltsket Yngve" apresentou o cinema Norueguês para o mundo, não poderíamos ter uma apresentação tão catártica.
Vidas Amargas
4.2 177 Assista AgoraA busca constante pelo amor paternal, percorrendo esse caminho doloroso, James Dean interpreta um jovem conturbado (não fugindo assim do seu clássico Jim Stark).
Porém, há aqui uma quebra no maniqueismo habitual de algumas produções dessa época, Caleb Trask demonstra rancor e carisma ao mesmo tempo, tomando decisões de caráter duvidoso, não tendo se tornado um típico "herói sem erros".
Fugindo, assim, desse convencionalismo pertinente na "era de ouro". "East of Eden" tem características batidas de um melodrama, mas não deixa de mostrar o lado mais sombrio do seu protagonista.
Sempre em Frente
3.9 160Lembranças irão sumir na vastidão da vida, mesmo que o esquecimento tenha se tornado inevitável, a relevância da vida está no quanto a solidão pode ser compartilhada por indivíduos que atinam a beleza no mundano, pois essas ocasiões monótonas se tornam especiais quando compartilhadas.
A amizade retém toda a dor, seguindo em frente com "Clair de Lune", Mike Mills retorna pela segunda vez, com um trabalho agridoce, temos o padecer no olhar de ambos os protagonistas, angústia que se destaca a cada frame, um mundo que perdeu a cor, assemelhando-se assim com Johnny e Jesse.
Palavras essas vão ser lidas e olvidas no decorrer dos próximos dias, mas sempre lembre-se, siga em frente.
Pequena Mamãe
3.8 87Os momentos moldam o caráter de uma criança, mínimos detalhes dignificam um período costumeiro, pois esses, lembram as sensações mais doces.
A correlação entre o sutil e o belo, reforça a relação de Marion e Nelly, ambas procuraram apreciar unidas esse período carinhoso.
Com despedidas ínfimas, a cineasta francesa Céline Sciamma, alcança com uma duração limitada, um longa-metragem sensível.
A intimidade das relações impressiona, isso se deve ao trabalho cuidadoso da cuja dita em utilizar movimentos de câmera suaves, com passagens de tempo imperceptíveis à primeira vista.
O cuidado a cada frame é ressaltado pelo uso da música, Sciamma poderia abusar do recurso, mas ela sabe a hora exata de usar a sonoridade para engrandecer ocasiões, essas que ganham uma força devastadora.
"Petite Maman" ressalta de forma ímpar o quanto a beleza pode ser subjetiva, pois a beldade pode estar em "momentos banais".
Fuga do Passado
4.0 86 Assista AgoraO cinema americano da década de 40 trouxe consigo uma vasta gama de obras inesquecíveis. Entretanto, como o citado é o cineasta franco-americano Jacques Torneur, que em 1942 ressuscitou a produtora "RKO Pictures" com o terror atmosférico "Cat People".
O sucesso que Torneur teve, possibilitou a realização de uma das suas principais películas. Em um cenário conturbado, cheio de reviravoltas, personagens questionáveis e uma fotografia com contrastes sombrios, eis "Out of The Past".
A vida mundana de um posto de gasolina, Jeff Bailey (Robert Mitchum), é interrompida por uma série de conhecidos do seu passado. Como um noir clássico, há aqui uma Femme Fatale (Jane Greer), que entre várias ocasiões, desafia a percepção do protagonista com a sua sedução irresistível.
Indubitavelmente, também encontra um vilão imponente (Kirk Douglas), um mafioso que geralmente não leva desaforo dos seus lacaios. Essa estrutura que molda um noir, além dos vários cigarros, que proporcionam uma ambientação estilosa.
As intrigas e segredos, demonstram um lado nefasto de alguns personagens, apostando nas diversas reviravoltas (que funcionam sempre), Jacques faz um trabalho honesto e que chega ao ápice no final, que surpreende o telespectador e o coloca na ponta da cadeira, terminando de uma maneira abrupta.
Os Imperdoáveis
4.3 655Desde os primórdios do cinema, haviam vários gêneros que adquiriam a atenção do público, entre esses, se encontra o "Western", estilo esse que estabeleceu várias obras ilustres.
Temos os clássicos do cineasta italiano Sergio Leone, que para muitos é o mestre supremo dos filmes "bang bang", o dito-cujo dirigiu em sua breve carreira, longas como o vistoso "The Good, the Bad and the Ugly".
O clássico mencionado anteriormente, marcou a figura do "Pistoleiro sem Nome", que alavancou imensuravelmente a carreira Clint Eastwood, possibilitando a criação da película que é considerada "o último grande faroeste".
William Munny (Clint Eastwood) encontra uma oportunidade para a melhora de sua condição financeira, para isso, o próprio enfrentará fantasmas do passado.
A Inexpugnabilidade do tempo glorifica momentos pouco façanhosos, a brutalidade toma um sentido oposto, tornando a bebida, uma válvula que possibilita o esquecimento.
Essas histórias se tornaram um resquício de um homem que não existe mais, a mudança abrupta que sua amada causou, reafirma a quebra de paradigmas, mas como a sua crueldade prejudicou muitos caubóis que já não cavalgam pelos campos areados, o nosso protagonista, perde o seu único amor.
Isolado em uma cabana simplória, Munny cuida de porcos mazelados, um trabalho que sempre o coloca no chão, imergindo na lama fétida que tanto mereceu, o seu refúgio se torna a presença de suas crias.
No decorrer dessa jornada, Eastwood conduz cuidadosamente o seu personagem por um caminho que o tornará no mesmo jovem de tempos anteriores, esse declínio não surge por acaso, pois agora, ele percebe o quanto a morte afeta o psicológico de todos.
Clint subverte alguns aspectos presentes no Western, não temos heróis e nem vilões, os empecilhos afetam qualquer indivíduo, essas dificuldades solapam o fato de que certas escolhas duvidosas se tornam a saída mais congruente.
Os defeitos nos transformam em humanos, Munny mesmo sendo um assassino indomável, ganha o afeto do público, devido a sua personalidade, o seu sofrimento puxa o telespectador para dentro do "saloon".
"Unforgiven" consegue resgatar e revolucionar convenções de um gênero que tinha perdido o seu "brilho", porém, Eastwood não deixa de homenagear Leone, o próprio não poderia ter tido um auxiliador desse calibre.
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 429 Assista AgoraDEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL
Manuel (Geraldo Del Rey) e sua esposa Rosa (Yoná Magalhães) estão na miséria no interior do país, uma terra desolada e fúnebre. Até que seus caminhos se encontram com Sebastião (Lidio Silva), um beato que prega a metamorfose do sertão, assim se tornando o mar, e com Corisco (Othon Bastos), um cangaceiro que acredita que o poder do povo é o mais forte.
O Cinema Novo foi um movimento cinematográfico que teve como uma das suas inspirações a Nouvelle Vague, que também foi um movimento revolucionário. Na obra de Rocha, vemos o uso de locações sujas e uma iluminação natural, além do uso de Jump Cuts, que são característicos do filme Acossado (precursor da Nouvelle Vague).
Rocha inicia sua obra com um plano mostrando toda a aridez do sertão. Toda a sujeira presente na película e nos personagens, e logo depois vemos uma procissão, onde o nosso personagem que estava em prantos, encontra a esperança no beato Sebastião.
A indigência de Manuel e Rosa é visível, mesmo com as inúmeras tentativas de se reestruturar financeiramente, nossos protagonistas estão fadados ao fracasso e à alienação, até por isso Manuel sempre menciona os milagres, que tudo pode ser mudado em um piscar de olhos, por uma força divina, é até por isso que nosso "peão" recorre a falsos salvadores.
Devido às condições da população do sertão, onde há uma clara discrepância social, onde a maioria do pessoal está desesperado por algum emprego, vemos uma manipulação recorrente, até por isso, em determinada cena, Manuel questiona o posicionamento do seu chefe, pois ele menciona uma certa "lei" que protege as vacas do próprio, enquanto Manuel fica sem nada.
Na introdução de Sebastião, com um monólogo onde o próprio promete um sertão utópico para os seus seguidores, sertão esse que vai virar mar, Rocha faz questão de utilizar um plano longo focado no olhar de admiração de todos na plateia, um olhar que busca a esperança, mas que deliberadamente, sabe que a desilusão está próxima. É nesse olhar que todo o tom do filme é mostrado para o telespectador, esse que se encontra como uma testemunha da vontade do beato de mostrar a sua soberania, não é à toa que Sebastião é apresentado no monte santo.
Quando Corisco é apresentado pela 1° vez ao público, vemos uma semelhança clara entre as duas figuras principais dessa película, até a maneira como Manuel implora para ser o subordinado do cangaceiro é semelhante com a devoção a Sebastião. Com um punhal e um rifle na mão, eis as armas que não vão deixar o povo morrer de fome, os gigantes vão ser derrubados pelo lampião, vale ressaltar a grande interpretação de Othon Bastos, que foi eternizado com o melhor anti-herói do cinema nacional.
O longa-metragem se relaciona com o golpe militar nesse sentido, pois todos os soberanos prometem uma utopia, mas para ter a "liberdade", a repreensão e a violência são necessárias, essa é a relação entre Corisco e Sebastião. Esse é um dos pontos principais que Rocha toca, os fins não justicam os meios, não conseguiremos a libertação por meio da tirania.
Deus e o Diabo na Terra do Sol discorre sobre outro assunto que não era comum nos anos 60, sem romantizar os seus personagens, mostrando todas as facetas boas e ruins, assim temos uma quebra no convencionalismo presente no cinema dessa época. Onde a fórmula dos filmes nacionais eram voltados para Hollywood, um mundo perfeito com personagens encantadores, mas aqui há uma quebra, todos tem seus defeitos e qualidades, pois todos são multidimensionais, fugindo do padrão, Glauber Rocha mostra o Brasil na essência mais pura possível.
Judas e o Messias Negro
4.1 517 Assista AgoraJudas and the Black Messiah em seu âmbito disserta sobre lealdade e traição, a direção de Shaka King é primordial para o êxito da história, realizando um belo trabalho com seu elenco e narrativa, o roteiro é primoroso, mesmo tendo uma premissa aparentemente simples ele aborda vários assuntos atuais nos dias de hoje, todos os diálogos e monólogos são espetaculares.
As atuações são de longe a melhor coisa do longa-metragem, Daniel Kaluuya faz uma performance inacreditável, toda vez que ele ia fazer um discurso, eu admirava e acreditava fielmente em cada palavra que ele dizia, é com toda certeza a melhor performance coadjuvante do ano, o Lakeith Stanfield também realiza uma atuação incrível, todo o conflito interno do personagem é bem esboçado em tela.
Judas and the Black Messiah é um dos melhores filmes de seu ano. Nota final: 8.9
O Som do Silêncio
4.1 988 Assista AgoraSound of Metal nos transporta diretamente para a perspectiva de um baterista que está ficando surdo, a direção de Darius Marder é sutil e primorosa, ele utiliza do artifício da câmera na mão para nos emergir na mente do personagem, o design de som é inventivo e impressionante, com várias técnicas fabulosas de mudança de perspectiva.
As atuações são outro ponto assertivo do longa, Riz Ahmed consegue transparecer toda a melancólica e angústia do personagem, pra mim é a melhor atuação do ano, Paul Raci realiza uma performance excepcional, além de mostrar a discussão presente no filme: a surdez não é uma doença e sim uma condição. Sound of Metal é um filme sobre aceitação e mudança. Nota final: 9,4
Meu Pai
4.4 1,2K Assista AgoraThe Father consegue emergir o telespectador nos olhos de um personagem que tem alzheimer, A montagem é primorosa, todos os saltos de tempo só reforçam o estado de confusão do personagem, a direção do Florian Zeller é excepcional, ele opta por manter o toque teatral e conduz a narrativa de maneira brilhante, o roteiro não opta por situações expositivas, todos os diálogos são feitos de uma maneira sutil e não expositiva.
O elenco é fabuloso, Anthony Hopkins faz uma performance irretocável, ele mostra toda a confusão e desorientação do personagem só pelo olhar, além de ter um dos momentos mais emocionantes do longa, Olivia Colman consegue representar toda a sua dor e angústia de uma maneira admirável, é uma das melhores atuações coadjuvantes do ano.
The Father é um dos melhores filmes do ano, assustador, emocionante e magnífico.
Nota final: 9,4
Minari - Em Busca da Felicidade
3.9 553 Assista AgoraMinari mostra as dificuldades de uma família em se adaptar ao sonho americano, a direção do Lee Isaac Chung é excepcional, com vários planos contemplativos ele consegue captar a essência dos personagens, a trilha sonora só melhora o tom leve e sentimental do longa, a cinematografia explora a beleza natural de uma maneira linda.
O elenco é o ponto alto do filme, Steven Yeun realiza a melhor atuação da sua carreira, ele transparece todas as dificuldades e frustrações do personagem, Alan S. Kim faz uma performance tocante e carismática, mas a melhor atuação é a da Yoon Yeo-Jeong, ela consegue subverter o papel de uma vó no cinema, é um atuação altamente real e sentimental.
Minari tem uma visão subjetiva sobre a família, tocante, lindo e fabuloso. Nota final: 8,4
Mank
3.2 462 Assista AgoraMank mostra o processo de escrita do roteiro de Citizen Kane, a direção de David Fincher é ótima, ele opta por planos usados na Hollywood clássica, além trabalhar o seu elenco de uma meneira excelente, a cinematografia é estonteante e impecável, todas as belas composições de cenário e o preto e branco fazendo alusão a década de 30 e 40, só melhoram a experiência.
A trilha sonora é sugestiva e primorosa, só melhora a irretocável constituição de época, o elenco é um dos pontos altos do longa-metragem, Gary Oldman consegue mostrar todos os defeitos e mágoas do personagem, Amanda Seyfried faz uma performance espetacular, ela se encaixa perfeitamente no contexto histórico do filme. Mank é tecnicamente magistral, mesmo sendo pretensioso, o filme é uma carta de amor a Hollywood entre a década de 30 a 40. Nota final: 6
Deus e o Diabo na Terra do Sol
4.1 429 Assista AgoraDeus e o Diabo na Terra do Sol é a minha introdução no Cinema Novo e ao cineasta Glauber Rocha, com toda a certeza eu não poderia ter um início melhor, Glauber mostra todo o conflito social e político de um sertão fúnebre, ele não prende os seus personagens ao maniqueísmo, pelo contrário, todos percorrem o bem e o mal, a trilha sonora é impecável e sugestiva.
A montagem é frenética, algumas cenas me remeteram a montagem soviética, mas a coisa do longa-metragem é a direção excepcional de Glauber Rocha, que contrasta do teatral ao real, nos proporcionando cenas poéticas e marcantes. "Se entrega Curisco!" "Eu não me entrego não!" Nota final: 10
Sombras da Vida
3.8 1,3K Assista Agora“A Ghost Story” me ajudou a superar um período difícil, estava descobrindo minha doença crônica depois do meu melhor amigo da vida(meu pai) ter falecido, depois desse período eu me desliguei do cinema, estava tão deprimido que não fazia nada, mas decidi assistir esse filme, depois dele, caí em lágrimas de emoção, ele ressuscitou meu amor pelo cinema, imaginei meu pai como fantasma, do meu lado assistindo junto comigo, foi mágico.
"Its all about time" A Ghost Story tem uma visão linda sobre o tempo, o filme é independente, feito com um teor pessoal, em seus planos longos e silenciosos podemos pensar sobre o real motivo para o filme existir. Esse filme é um convite feito pelo diretor, para pensarmos na vida, tudo que estamos vivendo pode acabar em um piscar de olhos ou em uma batida de carro. Esse filme me fez refletir com dinamismo, não posso perder o meu tempo, porque a coisa que mais muda o universo, galáxias, planetas, cidades, humanos, vidas, costumes.... Tudo isso é mudado com o tempo, com o tempo vamos descobrindo coisas que fazem nossa vida tomar significado, mas no final, quando chegar a morte, tudo o que nós conquistamos vai sumir com o tempo, como eu já disse “O tempo muda tudo”.
Recomendo de coração esse filme, garanto que ele vai te surpreender. Esse filme entra para o meu top 5, então adivinha minha nota...
O Sacrifício
4.3 148The Sacrifice é um filme de 1986 dirigido por Andrei Tarkovsky, um dos principais temas do longa-metragem é a morte e o abandono, com uma paleta de cores que contrasta do quente ao gelado, remetendo a mudança interna de Alexander, a "mise en scène" é incrivelmente bem articulada, a edição de som nos atribuí uma experiência altamente sensorial, o elenco consegue transparecer toda a dor e sofrimento dos personagens e a direção de Tarkovsky é perfeita, ele usa planos longos e abertos, nos proporcionando uma imersão perfeita, além de expressar de maneira autoral a sua mensagem.
Nota final: 10
Inside Llewyn Davis - Balada de um Homem Comum
3.8 529 Assista AgoraInside Llewyn Davis é um filme atmosférico e fúnebre, a trilha sonora é magnífica, as escolhas de música combinam perfeitamente com o tom do longa-metragem, a edição é excelente, todos os cortes são cirúrgicos, a cinematografia é impecável, com uma paleta de cores frias, representando toda frieza e depressão dos personagens. Todo o elenco é fantástico, mas temos que destacar a interpretação do Oscar Isaac, ele mostra toda a apatia e melancólica do Davis, é uma performance incrível.
Inside Llewyn Davis mostra em cerne um personagem fracassado que não busca uma mudança de vida, além de ser uma bela homenagem a música folk. Nota final: 8,7
Projeto Flórida
4.1 1,0K“The Florida Project” é um filme de 2017 que acompanha o quotidiano de crianças numa situação social precária, mas que encontram, através de sua inocência e imaginação, uma vida mais colorida. No decorrer do filme, vemos a dura realidade dos hóspedes do hotel-habitação em que as crianças vivem: mesmo tendo um teto sobre sua cabeça, é inegável que eles passam por muitas dificuldades, financeiras e emocionais. Vemos, assim, um grande contraste a essa dura realidade: o hotel, preso em realidades comuns na Flórida, fica a poucos passos da Disney, um mundo de sonhos e alegria.
Na abertura do longa-metragem, é reproduzida a música “Celebration” da banda Koll & The Gang. Sua letra vem para estabelecer e reforçar o fato de as crianças não conseguirem ter a chance de aproveitar a alegria de ir ao parque de diversões que fica logo ao lado. Celebration também é o nome da região, no Condado de Osceola, desenvolvida pela Walt Disney Conpany e conectada diretamente aos parques, mas não possuindo nenhuma espécie de imagem ou uso por seus personagens. Além disso, a música corrobora essa não-acessibilidade no trecho que diz: “Tem uma festa acontecendo bem aqui.”
É notório como o diretor mostra os acontecimentos da vida por meio da visão infantil. Sean Beaker nos coloca no ponto de vista das crianças, sempre focando a câmera nas crianças e ainda a colocando mais abaixo do que o convencional. Uma cena que mostra esse foco na perspectiva infantil é a que a Halley (mãe da nossa protagonista) está falando com uma Assistente Social sobre sua frustração em não conseguir um emprego; mas a câmera não foca nela, acompanhando, em vez disso, Moonee. Esta que, em contraponto, está brincando inocentemente com alguns brinquedos do escritório. Essa cena só reafirma o foco principal do longa, que é mostrar a visão lúdica em contraste com a dura realidade da vida.
É revoltante saber que o Oscar não indicou a Brooklynn Prince a Melhor Atriz, pois ela carrega o filme nas costas. Toda a alegria, inocência e imaginação da Moone são trabalhados por mérito total da atriz, que realiza, na minha opinião, a melhor interpretação infantil da história do cinema. Outro personagem complexo do longa é o Bobby, o gerente do hotel em que as pessoas vivem no filme. No começo, vemos que o personagem prioriza o bem-estar estrutural do hotel, mas ele também protege igualmente os seus hóspedes. Então não sabemos qual é o principal foco do personagem: o hotel ou as pessoas. Logo surge o que é, pra mim, uma das cenas mais tensas que vistas em um filme.
Nessa cena, acompanhamos a perspectiva de Bobby acerca de um possível pervertido em meio às crianças. Bobby está pintando alguma parede do hotel quando percebe o fato, imediatamente derrubando a tinta e partindo para ver o que estava acontecendo. Fato que solapa que ele prioriza mais as pessoas que convivem naquele meio, e a sua principal qualidade se torna a proteção em si.
A mãe da Moone é outra personagem complexa de se analisar. Mesmo sendo totalmente irresponsável para com sua filha, ela transmite um amor incrível por ela; fazendo de tudo pra dar alguma alegria e felicidade à sua filha. Por mais que os seus meios e ensinamentos sejam totalmente errados e prejudiciais à formação de caráter da filha, que é ainda uma criança, aprendendo sobre a vida, todo esse arco de Halley é complexo. Se tornando uma personagem que amamos odiar.
“The Florida Project” prioriza a realidade acima de tudo, por isso sempre vemos momentos cheios de silêncio. Sabemos que, quando você é criança, em plena tarde, admirando o horizonte de sua realidade, palavras não são necessárias. O filme quer nos mostrar essa realidade ignorada por muitos, e o final é perfeito. Nos últimos minutos, vemos Moonee fugindo junto de Jancey e entrando, desenfreadas e sozinhas, no Disney World. Aqui, para encerrar tal jornada, o diretor faz uma mudança drástica na linguagem já estabelecida antes no filme, e a cena é gravada com o celular. Esse final é representante do diretor falando: a realidade é bem pior que essa que eu acabei de mostrar, mas sempre há um lado bonito a se mostrar.
“The Florida Project ” é um dos meus favoritos da década passada, e não é à toa. Ele é perfeito em todos os aspectos, pois é a melhor representação da infância já feita no cinema. Nota final: 10
A Primeira Noite de Um Homem
4.1 809 Assista AgoraTHE GRADUATE(1967)
O filme "The Graduate" (Ou "A Primeira Noite de Um Homem") mostra a difícil comunicação entre gerações. Benjamin acaba de terminar a sua graduação na faculdade, então ele decide ir passar as férias na casa dos seus pais. Lá ele encontra Mrs. Robinson, uma atraente mulher de meia-idade que muda o rumo de sua vida.
A direção de Mike Nichols é primorosa. Interessante como ele mostra os primeiros momentos de Benjamin na casa dos seus pais. Optando por um plano longo, Nichols mantém a câmera bem próxima ao personagem, mostrando as suas reações ao cumprimentar aquelas pessoas, que, mesmo o parabenizando pela sua conquista acadêmica, sempre cobram e pontuam as decisões de vida de Benjamin. Outro ponto que Nichols acerta é no uso da câmera na mão, mostrando o quanto aquela situação é desconfortável e cheia de pressão para o jovem.
Vale ressaltar o baita elenco envolvido nesse filme. Dustin Hoffman mostra todas as inseguranças e neuroses de seu personagem: sua interpretação é impecável. Anne Bancroft e Katherine Ross estão perfeitas: Anne faz uma personagem sedutora e imponente, enquanto Katherine faz uma personagem que, apesar de aparecer em poucos momentos, consegue roubar a cena; mérito total da atriz. O roteiro é magnífico, todos os diálogos são excelente e a condução da narrativa é muito envolvente.
The Graduate é um dos melhores filmes da Nova Hollywood, minha nota é 10.