Uma leve tentativa de elevar os sentimentos patrióticos que andavam tão por baixa em 1940. Lembra “Asas da Esquadra” do ano anterior, só que este é bem melhor. A vida nas forças armadas, mais precisamente na aeronáutica, não é um mar de rosas. As relações tem conflitos muito mais interessantes. Desde as relações do protagonista, Alan Drake, interpretado por Robert Taylor, até as do comandante com sua esposa, e como todas estas relações se entrelaçam de forma bem interessante. Só de lembrar tenho vontade de assistir de novo!
Alan Drake é um jovem atrevido e cheio de si, mas gente boa, que acabou de sair da escola de vôo em Pensacola, Florida. Suas atitudes logo de início criam problemas com outros aviadores veteranos, os Hellcats. O seu envolvimento sentimental com a esposa do comandante, até por fim, um acidente causado por imprudência, levam a trama para caminhos que nem se imagina no princípio. Discussões interessantes são levantadas a partir de então. E o filme ganha novos significados, além de ser apenas uma idealização das forças armadas.
O filme foi um sucesso, trazendo enorme lucro a MGM e recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Efeito Especial. Mas as críticas da época não partilharam do favoritismo do público e nem da minha opinião. Bosley Crowther, do The New York Times finaliza sua crítica dizendo “‘Asas nas Trevas’ é apenas mais um filme de aventura — emocionante para os jovens, sem dúvida, mas sem graça para o gosto de um adulto.” Mas exalta as cenas de vôo, com os aviões em formação pelas nuvens e a decolagem. E de fato é excitante assistir tais cenas, que tiveram plena cooperação da Marinha dos EUA, com empréstimos de novos aviões, como o VF-6 squadron e o Grumman F3F.
“Para o mundo todo testemunhar que a América não estará despreparada!” já anunciava o poster de “Asas da Esquadra”. Não fica a menor dúvida que o filme foi feito para servir como propaganda para os militares e também como uma arma de recrutamento. A Warner investiu muito em filmes como este antes do país entrar em guerra, e com o tempo outros estúdios foram aderindo a estes filmes propagandísticos (sempre com total apoio do Exército e Governo). Gravado na Base Aérea Naval na North Island em San Diego, Califórina e na Base Aérea Naval da Pensacola, Flórida; foi dedicado ao Serviço da Aviação Naval dos EUA. A Marinha dos EUA esteve fortemente envolvida na produção, oferecendo aeronaves e instalações, tendo o tenente-comandante Hugh Sease servindo como conselheiro técnico para a produção.
A crítica feita pelo The New York Times, na data de 4 de fevereiro de 1939 (o filme fora lançado no dia anterior), diz que "Como um estudo documental da Base Naval de Treinamento Aéreo de Pensacola, e seus métodos ao transformar recrutas em pilotos experientes de combate de aviões bombardeio, "Asas da Esquadra" sai do chão muito agilmente, e tem uma boa dose de valor, interesse e até mesmo entusiasmo, do tipo puramente mecânico, para oferecer aos curiosos."
E se você não tem nenhum interesse em bases aéreas, rotinas de treinamento, aviões e etc. o triângulo amoroso (Olivia de Havilland - George Brent - John Payne) se garante muito mais pelos seus talentos do que pela trama em si, em uma história rocambolesca de amor cheia de reviravoltas, renúncia e corações partidos. E tem o personagem de Frank McHugh que serve de alívio cômico, que na verdade é tudo, menos engraçado. Mas não tem como deixar de observar que o romance e elenco estelar eram as armas que eram usadas para vender propaganda para um grande público, não só dos EUA, do quanto o exército americano era eficiente e bem preparado. Com o ataque a Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941, viu-se que muito era falácia, tanto que levaram um bom tempo até conseguirem fazer o “jogo começar a virar” ao entrarem oficialmente na guerra.
Essa aventura pré-Pearl Harbor, tem um roteiro amalucado mas bem elaborado, recheado de diálogos cínicos, intrigas e romances de um fotógrafo/jornalista de guerra. Entre homens e mulheres maus, de caráter duvidoso, ele tenta sobreviver entre China e Birmânia, passando a perna em quem vê pela frente, para conseguir algum dinheiro. Embora o roteiro represente um universo puramente masculino, com ação e patriotismo, as mulheres se destacam: Gene Tierney aparece radiante e se destaca ainda mais nas cenas finais e Lynn Bari rouba todas as cenas que aparece como uma dúbia e sombria femme fatale. Nesse Chop Suey tem carne e batatas o suficiente para satisfazer até o fim! "I like you because you're everything a girl should be, 115 pounds of lies, venom and kisses."
"Lembra-te Daquele Dia" estreou no dia 25 de dezembro de 1941, no Natal, dias depois do ataque a Pearl Harbor e poucos dias depois do país ter entrado em guerra. É como se esse filme tivesse vindo para aliviar feridas e trazer compreensão, esperança e um pouquinho de alegria em milhares de corações devastados e com medo.
O filme começa com uma Caudette Colbert envelhecida, que aguarda ansiosamente em uma festa política de Washinton D.C., para falar com Dewey Roberts, que está nos últimos preparativos do seu discurso para quando receber a nomeação a candidato para a presidência dos Estados Unidos. E durante a fervura que só um acontecimentos como este pode ter, a personagem de Claudette enquanto aguarda começa trazer as suas memórias lembranças da sua antiga ligação com o futuro candidato a presidência, a primavera, o verão, o inverno, o grande amor de sua vida, e a história vai se desenrolando nos deixando com aquele aperto no coração, pura nostalgia, um sorriso de puro amor por dentro.
O ano de 1939 foi o maior ano na história do cinema, acho que isso a maioria já sabe. Mas o que pouca gente sabe é que nesse ano, quando as relações entre Estados Unidos e Alemanha ficaram ainda piores e mais tensas, devido a guerra na Europa, Harry Warner (um dos irmãos Warner), decide dar a cara a tapa e filma um roteiro audacioso, criado através dos artigos escritos por Leon G. Turrou, agente do FBI que foi o principal investigador sobre uma rede de espionagem alemã agindo em território americano.
A produção foi complicada. Marlene Dietrich e Anna Sten recusaram participar do filme alegando que tinham parentes na Europa. Boa parte do elenco era oriundo da Europa e pela mesma razão pediram para ter o nome retirado dos créditos ou se apresentaram com nomes diferentes. A Warner pôs seguranças em peso durante as gravações do filme, alguns atores dormiam nos estúdios durante as gravações. Houve suspeita de sabotagem quando uma câmera suspensa por pouco não caiu em cima do diretor Anatole Litvak.
Os Estados Unidos ainda não havia entrado em guerra quando ''Confissões de Um Espião Nazista'' foi lançado. Causou alarde, afinal era o primeiro filme anti nazista produzido por Hollywood. Os outros estúdios foram a loucura, já que tentavam se manter as duras penas no mercado alemão e restante da Europa (que era de onde vinha boa parte da renda).
''Confissões de Um Espião Nazista'' bateu recordes estrondosos de bilheteria, mas a Warner recebeu uma ordem "não oficial" do governo dizendo que eles não deveriam mais lançar filmes como aquele. O filme sumiu dos cinemas por um tempo e apareceu com toda força no ano seguinte, 1940, com sucesso ainda maior. Em abril de 1940, virou notícia que vários donos de cinema Poloneses que exibiam o filme, foram enforcados nos saguões de seus próprios cinemas. Harry Warner e os atores receberam ameaças de morte. Autoridades alemãs gritaram "Conspiração!". Foi banido da Alemanha, Japão, dezoito países Latino Americanos e de todos os outros que temessem ofender a Alemanha. Adolf Hitler prometeu matar todos os envolvidos na produção quando a guerra acabasse.
O filme por pouco não causou um incidente internacional, fazendo com que os Estados Unidos entrasse prematuramente na guerra, dois anos antes do ataque do Japão a Pearl Harbor em 1941. E como havia dito antes, o roteiro foi criado a partir de artigos sobre uma rede de investigação nazista nos Estados Unidos, e historiadores de cinema, que tiveram acesso a esses documentos ao procurarem material sobre esse filme, descobriram que ele era assustadoramente verdadeiro e autêntico.
Hoje o filme sobrevive com esse marco. Não é considerado um grande clássico. Na verdade, é quase esquecido. Talvez pelas inúmeras produções com o mesmo tema que viriam anos a seguir e que então se destacariam muito mais. O revi novamente hoje, depois de quase dois anos e pra mim é um grande filme de espionagem, assustador e EXTREMAMENTE ENERVANTE! Bem feito, atuado e dirigido. É ainda mais favorito do que na primeira vez. Principalmente por que decidi abrir com ele a minha imersão não só em Hollywood, mas na cultura dos Estados Unidos e história mundial da época da Segunda Guerra.
Independente do que é ficção ou não, uma verdade permanece. Os Estados Unidos precisava saber o que a Europa enfrentava anos antes de entrar na Segunda Guerra Mundial. Alfred Hitchcock já havia dado a América não aliada, "Correspondente Estrangeiro" e este "Correspondente Especial" se esforça para mostrar um pouco do que acontecia debaixo do nariz da América que não podia ver exatamente porque não estava "over there" (fazendo trocadilho com o hino patriótico americano da Primeira Guerra Mundial, que foi escrito por George M. Cohan).
O filme mescla bem a trama jornalística com o romance dos personagens de Don Ameche e Joan Bennett. De como o exército censurava certas informações que poderiam ser usadas pela Gestapo e até onde a audácia de jornalistas correspondentes chegava para ter uma exclusiva da guerra que se espalhava por toda a Europa e Oriente. O diretor Fritz Lang foi substituído por Archie Mayo depois de seis dias de trabalho e ainda assim, temos uma Londres com uma estética bem própria do diretor alemão. O sombrio unido ao ar de perigo que uma guerra traz, somado de ataques aéreos e esconderijos subterrâneos. Na verdade, boa parte da trama se passa em um subterrâneo.
Filmado meses antes do ataque de Pearl Harbor, chegou aos cinemas cinco dias depois da tragédia, em uma América de luto e em pânico.
Eu acho que todo mundo deveria assistir esse filme! TODO MUNDO! Ele é simples, de fácil entendimento, é sobre o dia 30 de janeiro de 1933, em uma cidade pequena no sul da Alemanha. O Professor Victor Roth comemora seus 60 anos, sendo saudado em pé por seus alunos na faculdade onde leciona medicina, é também muito amado pela sua esposa, seus filhos adotivos - Otto e Erich e sua filha, Freya. Nesse mesmo dia Adolf Hitler se torna Chanceler da Alemanha. A partir disso, vemos a desintegração da família Roth, com Otto, Erich e o noivo de Freya entrando para o partido nazista. Como rejeitaram seu pai e professor "não ariano", como se juntaram em um coro alienado, gritando e agredindo quem não estivesse de acordo com o ideal do partido nazista.
James Stewart é Martin, um amigo da família que se nega a se juntar ao partido e a partir disso passa a ter a vida ameaçada. Com isso, fortalece a sua ligação com Freya e os dois se apaixonam e tentam manter suas famílias no meio desse turbilhão. Mas as coisas se complicam ainda mais quando ambos são obrigados a decidir de que lado estão. Ou estão com os nazistas, para servir e obedecer cegamente, ou estão contra eles...
Lançado como primeiro filme abertamente anti-nazista da MGM, Tempestades D'Alma é sensível, forte e humano. Surpreendente, justamente por se tratar de um filme de Hollywood e porque os Estados Unidos ainda não havia entrado na guerra e fazia o possível para se manter neutro. Seu lançamento causou a ruptura do estúdio com a Alemanha. A partir dele, todos os filmes da MGM estavam proibidos de serem exibidos em cinemas que estivessem em território nazista.
No início do meu texto sobre o filme, havia dito que TODO MUNDO deveria assistir o filme, e explico o porque. Tirando o contexto histórico (Segunda Guerra Mundial, nazismo...), é um filme sobre coisas e sentimentos que nos assustam até o dia de hoje. Milhares de pessoas se deixando levar por discursos de líderes, espalhando suas palavras de ódio, preconceito e ignorância. Trazendo dor e violência para aqueles que não fazem parte do seu ideal. É interessante observar isso de fora, através desse filme, e ver que só ficou coisa ruim pelo caminho.
No mais, eu destaco todo o elenco, estão absurdamente maravilhosos! Margaret Sullavan e seus lindos olhos expressivos, James Stewart com sua força e coragem, Frank Morgan como o adorado professor, e Maria Ouspenskaya nunca esteve tão bem como nesse filme. Em Tempestades D'Alma tudo funciona perfeitamente! É impossível mencionar um ponto alto. O filme todo é um ponto alto. É como se seus 100 minutos fossem sucessivas explosões de fogos de artifício!
Este filme é tão exótico quanto parece ser! Situado em Kenya, entre dunas de areia, sol escaldante e um clima de mistério, no qual Gene Tierney faz sua deslumbrante cena de abertura. Lá, o exército inglês com o seu acampamento armado, captura homens nativos suspeitos de venderem armas e se aliarem aos nazistas. O filme não menciona a palavra nazista, ou sequer um personagem alemão aparece em cena, por tanto, se você não tem conhecimento sobre história mundial, muito dificilmente você vai saber que o filme se situa dentro da ll Guerra Mundial.
Temos bons discursos sobre a conquista da África e paixão a pátria na primeira parte do filme, mas não vai além disso, não traz nada de significante sobre o país naquela época. Mesmo assim, rende uma boa história.
Tem até uma maldição dita por uma dos nativos capturados - "um homem de seis irá morrer antes disso acabar". E a história vai desenrolando rapidamente, até Gene Tierney entrar em cena e hipnotizar a todos os homens em cena (e a nós também!). Mas é George Sanders e Joseph Calleia que roubam as cenas.
Antes de assistir, eu sabia que um filme com tantas peculiaridades e ambientado na Africa, poderia ser terrivelmente ruim, mas ele surpreende de certa forma. O mistério envolve.
Illona Massey está de tirar o fôlego como uma famosa cantora de ópera que tem uma técnica de cantar em código e através dos programas de rádio, ela passa informações ao governo nazista. Ela está de olho em todos os homens da audiencia, incluindo a dupla de agentes, um americano, outro britãnico, que sabem que ela é uma espiã nazista e a perseguem de Londres, a Lisboa onde a ajudam a chegar até Nova York, o que faz deste sedutor thriller de espionagem um MUST SEE!!!
"... E você nunca vai ficar rico no exército" diz a canção escrita por Cole Porter, enquanto Fred Astaire já com 42 anos (mas aparentando bem menos!) canta e dança com um exército de dançarinas neste musical sobre recrutamento, amor, cafajestagem, patriotismo e tudo mais que um musical do período pode ter. A trama não traz nenhuma novidade, lembra Abbott e Costello sem as características de teatro vaudeville/burlesco que é característico deles, mas Fred Astaire e Rita Hayworth fazem qualquer deslize passar despercebido! Que química! E não tem muito o que dizer, se não: ASSISTAM!
Um típico filme pré Segunda Guerra. Um piloto de aviões se junta a Royal Air Force (R.A.F.) enquanto ainda os Estados Unidos era neutro. Sua única razão para ter aceitado o trabalho é por que seria muito bem pago para transportar bombardeiros através do atlântico. Ao chegar em Londres esbarra em Carol (Betty Grable), um antigo "affair" que não quer mais nada com ele e por uma questão de honra se junta a Força Aérea Real de Londres para poder ficar atazanando a vida da garota que trabalha na WAAFs (Women's Auxiliary Air Force) de dia e a noite canta em clubes noturnos. Então a trama toda gira em torno do romance vai e volta dos dois. Tyrone Power chega a irritar de tão convencido que seu personagem é.
O mais interessante a respeito do filme é como ele era informativo a respeito da "Batalha da Inglaterra" e o quanto a R.A.F. ajudou no que era preciso. A sequência da evacuação em Dunkirk filmadas em Poin Mugu na Califirnia, envolveram mais de mil extras e cenas de filmagens reais da R.A.F. foram muito usadas também. O estúdio (FOX) foi permitido filmar batalhas reais dentro de aviões. Na versão original do filme, o herói interpretado pelo personagem de Power morre em Dunkirk, mas depois de a R.A.F reclamar que a sua "moral" seria prejudicada, as cenas foram refilmadas com seu personagem sobrevivendo.
Apesar dos esforços da FOX em promover o filme como um "olhar despreocupado" sobre a guerra, o filme não tem como fugir de ser propagandístico e isso foi reconhecido pelo público que achou que a abordagem do filme era a de como se o país já estivesse em guerra, o que aconteceu também com um filme da Warner "Corsários das Nuvens". Apesar disso, serviu para apresentar Betty Grable como a pin up favorita das tropas. Estranhamente (ou não) foi um sucesso de bilheteria e recebeu boas críticas. Foi o quarto filme mais lucrativo do ano e recebeu uma indicação ao Oscar por seus efeitos especiais.
"Um estonteante espetáculo de cores leva você para uma passeio nos céus" anunciava as promoções de "Demônios do Céu" em 1941. Com a estrela arrasta quarteirões Errol Flynn, Fred MacMurray e Alexis Smith, dirigido por um dos diretores com mais filmes de sucesso no currículo, Michael Curtiz, filmado em estonteante technicolor foi um dos filmes mais lucrativos do ano, com mais de U$ 3 milhões de dólares e recebeu uma indicação ao Oscar de melhor cinematografia em cores.
"Demônios do Céu" é baseado em acontecimentos reais e conta a história de um médico do exército americano e sua pesquisa para combater os efeitos da "altura G", que causa vertigens e desmaios em pilotos que voam em grandes altitudes. Contando com a Aeronáutica que via no filme uma grande chance de mostrar o que podiam fazer, deram completo suporte na produção do filme. Muitos dos homens vistos nos filmes eram realmente aviadores e soldados (mais de mil foram cedidos pela Aeronáutica), assim como os cenários externos eram reais. Muito foi investido para trazer realismo ao filme, o que acaba sendo o maior atrativo do filme porque é realmente maravilhoso de ver tudo aquilo à cores. Incrível mesmo!
O diretor, Michael Curtiz quase foi a loucura e encerrou aqui sua parceria com Errol Flynn (no total foram 12), devido as brigas e desentendimentos durante as filmagens. Muitos problemas técnicos também, já que as cenas de aviação eram reais.
Infelizmente o roteiro não é tão empolgante, a história não é tão interessante quanto poderia ser. Ainda assim foi o sexto filme mais popular do ano.
A princípio o filme se chamaria " Beyond the Blue Sky" e a Warner pretendia escalar James Cagney. George Brent, e Ronald Reagan com Lloyd Bacon na direção.
Lançado três meses antes do ataque a Pearl Harbor, "Batalhão de Paraquedas" já fazia parte da propaganda promovida pelo Office War Infomation em conjunto com os estúdios de Hollywood. Desde o início da década de 40 foram produzidos filmes, curtas, desenhos, que mostravam um ideia bem fantasiada do que era a vida no exército. Como havia mencionado antes, os Estados Unidos sabia que seria inevitável ficar neutro perante a guerra que acontecia na Europa, o risco que o país corria era grande, que a moral da população era baixa e que precisavam ser despertos para uma futura e bem próxima realidade. E o governo sabia que nenhuma arma seria mais poderosa e eficiente do que o cinema. No caso de "Batalhão de Paraquedas", a propaganda gira em torno de mostrar como era excitante ser um "parachute soldier", como todos no exército eram tratados com igualdade e se relacionavam como irmãos que se importavam e cuidavam um do outro e assim ganhar a simpatia do público e trazer cada vez mais recrutas para o exército.
O filme mostra todo o processo de formação dos paraquedistas, desde a maneira correta de se dobrar um paraquedas até a realização de saltos. E uma coisa que chama atenção é o filme foi feito meio que como um semi-documentário, tratando também dos problemas pessoais dos soldados, o que deixa a história mais interessante.
Um dos últimos filmes do Clark Gable antes de ele ir para a guerra. Quando ele fez par com Rosalind Russel em "Mares da China", eles se reuniram em Hong Kong e viajaram para Cingapura. Aqui eles se encontram em Bombay e viajam de navio para Hong Kong, em circunstâncias bem diferentes, como ladrões de joias. O filme é uma mistura de comédia screwball, aventura e tudo o de mais absurdo que se possa imaginar. A trama é tão rocambolesca e engenhosa que você não consegue tirar os olhos da tela, ainda mais com a dupla de protagonistas que parece estar se divertindo a beça a todo momento.
A maneira que a história adentra na segunda guerra, com a invasão de Hong Kong pelo exército japonês é inacreditável porque o roteiro realmente se desdobra em dois pra transformar a dupla internacionalmente procurada por roubo de jóias em heróis de guerra. E o melhor de tudo é que a gente acredita no que está vendo, de tão bem interpretado que é haha. Os diálogos são divertidos e os embates entre Gable e Rosalind são impagáveis. Clarence Brown nunca erra!
Em 1941, Vincent Sherman estava começando a fazer seu nome entre os grandes diretores da época, com quatro filmes de sucesso na bagagem (todos filmes de baixo orçamento enquanto trabalhava na Unindade-B da Warner, que era liderada pelo produtor Bryan Foy). Foy apresentou a Sherman um roteiro intitulado "Underground", que estava previsto para ser produzido como uma produção nível "A". Mas a ideia foi abandonada e o roteiro foi designado para a unidade de Foy, para ver se um filme com orçamento modesto poderia ser feito, ajudando assim a recuperar alguns investimentos da Warner. Sherman foi designado para dirigir; ele estava animado com o potencial do projeto.
"Underground" não foi o primeiro filme a criticar abertamente o nazismo, antes da entrada do país na Segunda Guerra Mundial. Foi precedido por "Confissões de Uma Espião Nazista" do mesmo estúdio e "Tempestades D'alma" da MGM. E nas mãos de Vincente Sherman se tornou uma poderosa declaração anti-nazista. A história é contada com urgência e sinceridade, bem editada e filmada ao melhor estilo Noir, para transmitir a natureza clandestina das atividades dos protagonistas. É certo que alguns dos retratos de membros da Gestabo beiram a caricatura, mas isso é um problema menor e deve ser visto e avaliado dentro do contexto da época. Sherman povoou o filme com vários atores refugiados alemães que foram, então, trabalhar em Hollywood. este também acrescentou muito para sensação de autenticidade do filme.
Quando o filme foi lançado, a Warner rapidamente reconheceu que tinha mais do que um filme B em mãos e deu um tratamento A para o filme, com divulgação pesada e distribuição em larga escala. Com uma excelente recepção da crítica, o filme gerou mais de $ 2 milhões de dólares (uma fortuna para a época!), e deu um bom lucro ao estúdio, visto que custou apenas $300 mil dólares. O filme foi no entanto, uma fonte de conflitos entre o diretor e o produtor - Foy. Aparentemente, Foy se ressentia com o sucesso e a resposta positiva que Sherman estava tendo e um confronto entre os dois resultou em um rompimento permanente. Isso não viria a ser um problema para Sherman porque Jack Warner o elevou a diretor de filmes A, o que significa que Sherman nunca mais precisou lidar com Foy novamente.
Bob Hope é Don Bolton, um ator de Hollywood que não suporta o barulho de tiros. A cena inicial com ele gravando um filme de guerra é a melhor coisa do filme todo! Não por ser engraçada, mas porque é sempre interessante ver os bastidores de Hollywood daquela época. Quando a guerra é declarada e todos os homens são chamados para se alistar, Don Bolton decide se casar com Antoinette (Dorothy Lamour) para ganhar dispensa mas ela acha que ele é um babaca convencido (e ele é mesmo) e recusa. Ele então arma um plano que resultaria em um falso alistamento mas as coisas não saem como o planejado e ele realmente acaba no exército. Além das trapalhadas dele como soldado, a história foca no seu romance com Antoniette que é na verdade uma lenga lenga que obviamente se enrola até o final. Não tem muito o que destacar porque na verdade o filme é parte do pacote de produções que abordavam a vida no exército de maneira cômica e suave para abrandar sua imagem perante o público americano sem soar propaganda descarada, já que eles sabiam que era inevitável continuarem imparciais perante a guerra na Europa por muito mais tempo.
Adaptado do romance de Erich Maria Remarque, "Náufragos" descreve a situação dos refugiados da Europa durante o domínio nazista. Deslocados de suas casas, perseguidos e tendo de viver a própria sorte. Em qualquer lugar que fossem, os refugiados não eram acolhidos por serem considerados um peso para a economia de qualquer lugar que eles vivessem. O filme se concentra em um grupo de vários alemães, agora apátridas, o principal deles, personagem de Fredric March que era um membro "underground", ou seja da resistência anti-nazista na Alemanha, que teve que fugir as pressas do país, tendo de abandonar sua doente esposa interpretada por Frances Dee. Fredric March se torna um pai substituto para Glenn Ford e Margaret Sullavan, que acha difícil corresponder o amor de Ford quando a principal preocupação é a sobrevivência.
O elenco todo está maravilhoso! Até o jovem Glenn Ford que aparece aqui sem aquela pinta de "macho man" dos filmes Noir que faria em anos posteriores, surpreende. Margaret Sullavan interpreta (maravilhosamente) uma outra heroína trágica que tenta fugir do domínio nazista, lembrando sua personagem de The Mortal Storm. E claro, Fredric March que domina todas as cenas em que aparece.
O filme é bem diferente das produções pré-guerra da época por ter uma carga bem depressiva, mesmo nos momentos mais otimistas. Mas é a energia que a história precisa. E John Cromwell soube trazer melhor que qualquer outro um pouco do horror fascista que tomava conta da Europa. Altamente recomendado!
Comédia amalucada sobre a Rússia, comunismo, nazismo e com a Hedy Lamarr interpretando uma "prima pobre" da Ninotchka... SIM! A referência era proposital! Como era vendido no slogan do cartaz do filme. O roteiro foi indicado ao Oscar devido a tamanha originalidade. Não tem o humor refinado do filme de Lubitsch. É mais debochado e conta com cenas hilárias como a dos canhões (juro que só essa cena faz valer todo o filme!). Hedy Lamarr está ótima e tira de letra a sua personagem Theodore. Um filme cheio de grandes e divertidos momentos! King Vidor acertou em cheio e fez essa comédia deliciosa. Vale a conferida. O filme diverte a beça!
Ganhador do Oscar de Melhor Roteiro Original (este escrito por Billy Wilder e Charlie Brackett) e indicado a outras três categorias (Música, Cinematografia e Direção de Arte.)
Esse filme é uma daqueles casos de, "Porque eu não vi esse filme antes?" e "Porque ele é tão pouco conhecido?". Não é a toa que Claudette Colbert considerava este seu filme favorito entre todos os que fez.
O filme protesta violentamente contra o isolacionismo e defende a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Se passa na Europa durante a Guerra Civil Espanhola - entre jornalistas que se tornam partidários da luta contra Hitler. Apesar de seu engajamento e de seu plano de fundo sério, o filme é bem-humorado, espirituoso, divertido - sem se vender de forma barata. Uma mistura perfeita de gêneros. Brilhantismo puro!
Um dos melhores filmes pré Segunda Guerra Mundial. O filme é tão bom que nem sei por onde começar... É claro que ele omite muita coisa, afinal, os Estados Unidos ainda não estava em guerra e fazia de tudo para se manter imparcial. As palavras "Alemanha" e "Nazi" são evitadas ao máximo! Mas a história é bem clara e sabemos do que se trata o tempo todo.
Mark Preysing (Robert Taylor), vai até a Alemanha a procura de sua mãe, mas ao buscar por pistas e informações sobre seu paradeiro, encontra apenas medo e ameaças, até descobrir que ela está em um campo de concentração. A mãe de Mark (interpretada pela brilhante Alla Nazimova) foi presa por ajudar judeus a fugir para a America e está com a sentença de morte marcada. Sem saber o que fazer, acaba conhecendo Condessa Ruby von Treck (Norma Shearer) que está romanticamente envolvida com o general nazista Kurt, e ela, depois de muito resistir, o ajuda. A partir daí, o filme se desenrola em vários acontecimentos de te deixar pregado na cadeira.
A direção sempre maravilhosa de Mervyn LeRoy, faz miséria com esse roteiro cheio de suspense e reviravoltas, bem escrito e excitante. Robert Taylor entrega a melhor atuação dele dentre as que vi até agora. Conrad Veidt é bri-lhan-te em cena. Nazimova retorna ao cinema com este filme depois de 15 anos de ausência das telas e prova o porque de ser uma das mais míticas atrizes do cinema silencioso. O elenco todo, sem exceções está ótimo. Mas é Norma Shearer que mesmo não aparecendo tanto quando Robert, que fica na sua memória. Aqui ela tem a cena mais incrível de sua carreira (dentre os filme dela que assisti). Nem o Oscar faria justiça a sua INTENSA cena final que coroa esse filme e o fecha com chave de ouro! Grande Atriz!!!
ESCAPE foi sucesso de bilheteria e crítica, elogiado por abordar os dois lados do povo alemão daquela época. Mas infelizmente, um dos últimos filmes de Norma Shearer antes de abandonar definitivamente o cinema.
O filme começa em 1938, com Carol ( Joan Bennett) e seu marido Eric, eles tem um filho e levam um casamento feliz. Eric é alemão, e seu pai passa por dificuldades financeiras em sua terra natal. Ambos decidem ir então fazer uma visita, mas assim que chegam na Alemanha, percebem as mudanças que o país sofreu. Joan Bennett fica com medo e não entende bem o que está acontecendo, Eric se entusiasma e vê aí o renascimento da Alemanha como uma grande nação. Logo se filia ao partido nazista e quer que o filho seja criado nos princípios nazistas. E esse, é só o início de muitas reviravoltas e surpresas... O final é de cair o queixo! Juro que é um dos filmes que mais me surpreendeu nesse quesito.
O elenco é muito bom, mas Joan Bennett não passa muita credibilidade visto a situação terrível em que ela vive com seu filho. No mais é um filme corajoso e direto. O primeiro filme anti-nazista da Fox.
Há muito tempo eu queria assistir esse filme e valeu cada segundo da espera. Ele me lembra um dos meus favoritos, Sadie McKee. Aqui, Joan Crawford volta a interpretar uma "working girl" dos anos 30, que mora em uma verdadeira espelunca e tem uma mãe acabada pelo serviço doméstico, um pai que passa o tempo todo sentado e um irmão que só sabe pegar o dinheiro dela pra apostar em jogos. Anojada além do limite, ela insiste com o namorado, para se casarem logo, e ele aceita. Com isso fiquei pensando em quantas garotas se viam na mesma situação, que se casavam pra sair do buraco que sua família estava e viam como única solução o casamento, e por fim acabavam entrando em um outro buraco muito pior! Uma das cenas que ilustra bem isso é quando Jessie e Eddie, já casados por um tempo, vão jantar na casa dos pais dela. Os homens bem sentados, confortáveis, jogando um papo asqueroso de tão machista e Jessie e sua mãe na cozinha. Aliás, é ótimo o diálogo das duas nessa cena.
Mas, este é um filme da Joan Crawford, então é óbvio que as coisas para ela não vão acabar na cozinha, como com a mãe dela. Isso não quer dizer que as coisas que levam ao desfecho são assim tão óbvias ou fáceis. O filme é cheio de ótimas cenas e bons diálogos. Frank Borzage sempre sabia o que fazia, dirigiu maravilhosamente! E obviamente tem os figurinos esplendorosos feitos pelo sempre genial Adrian.
Indicação ao Oscar de melhor canção para "Always and Always" cantada pela própria Joan Crawford, Um delícia!
Com a Maldade na Alma
4.1 87 Assista Agora"Now let me see, what was it you call your job? Oh, yes, public relations. Sounds like something pretty dirty to me!"
Asas nas Trevas
3.8 3Uma leve tentativa de elevar os sentimentos patrióticos que andavam tão por baixa em 1940. Lembra “Asas da Esquadra” do ano anterior, só que este é bem melhor. A vida nas forças armadas, mais precisamente na aeronáutica, não é um mar de rosas. As relações tem conflitos muito mais interessantes. Desde as relações do protagonista, Alan Drake, interpretado por Robert Taylor, até as do comandante com sua esposa, e como todas estas relações se entrelaçam de forma bem interessante. Só de lembrar tenho vontade de assistir de novo!
Alan Drake é um jovem atrevido e cheio de si, mas gente boa, que acabou de sair da escola de vôo em Pensacola, Florida. Suas atitudes logo de início criam problemas com outros aviadores veteranos, os Hellcats. O seu envolvimento sentimental com a esposa do comandante, até por fim, um acidente causado por imprudência, levam a trama para caminhos que nem se imagina no princípio. Discussões interessantes são levantadas a partir de então. E o filme ganha novos significados, além de ser apenas uma idealização das forças armadas.
O filme foi um sucesso, trazendo enorme lucro a MGM e recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Efeito Especial. Mas as críticas da época não partilharam do favoritismo do público e nem da minha opinião. Bosley Crowther, do The New York Times finaliza sua crítica dizendo “‘Asas nas Trevas’ é apenas mais um filme de aventura — emocionante para os jovens, sem dúvida, mas sem graça para o gosto de um adulto.” Mas exalta as cenas de vôo, com os aviões em formação pelas nuvens e a decolagem. E de fato é excitante assistir tais cenas, que tiveram plena cooperação da Marinha dos EUA, com empréstimos de novos aviões, como o VF-6 squadron e o Grumman F3F.
Asas da Esquadra
3.4 2“Para o mundo todo testemunhar que a América não estará despreparada!” já anunciava o poster de “Asas da Esquadra”. Não fica a menor dúvida que o filme foi feito para servir como propaganda para os militares e também como uma arma de recrutamento. A Warner investiu muito em filmes como este antes do país entrar em guerra, e com o tempo outros estúdios foram aderindo a estes filmes propagandísticos (sempre com total apoio do Exército e Governo). Gravado na Base Aérea Naval na North Island em San Diego, Califórina e na Base Aérea Naval da Pensacola, Flórida; foi dedicado ao Serviço da Aviação Naval dos EUA. A Marinha dos EUA esteve fortemente envolvida na produção, oferecendo aeronaves e instalações, tendo o tenente-comandante Hugh Sease servindo como conselheiro técnico para a produção.
A crítica feita pelo The New York Times, na data de 4 de fevereiro de 1939 (o filme fora lançado no dia anterior), diz que "Como um estudo documental da Base Naval de Treinamento Aéreo de Pensacola, e seus métodos ao transformar recrutas em pilotos experientes de combate de aviões bombardeio, "Asas da Esquadra" sai do chão muito agilmente, e tem uma boa dose de valor, interesse e até mesmo entusiasmo, do tipo puramente mecânico, para oferecer aos curiosos."
E se você não tem nenhum interesse em bases aéreas, rotinas de treinamento, aviões e etc. o triângulo amoroso (Olivia de Havilland - George Brent - John Payne) se garante muito mais pelos seus talentos do que pela trama em si, em uma história rocambolesca de amor cheia de reviravoltas, renúncia e corações partidos. E tem o personagem de Frank McHugh que serve de alívio cômico, que na verdade é tudo, menos engraçado. Mas não tem como deixar de observar que o romance e elenco estelar eram as armas que eram usadas para vender propaganda para um grande público, não só dos EUA, do quanto o exército americano era eficiente e bem preparado. Com o ataque a Pearl Harbor em 7 de dezembro de 1941, viu-se que muito era falácia, tanto que levaram um bom tempo até conseguirem fazer o “jogo começar a virar” ao entrarem oficialmente na guerra.
Paixão Oriental
3.4 1Essa aventura pré-Pearl Harbor, tem um roteiro amalucado mas bem elaborado, recheado de diálogos cínicos, intrigas e romances de um fotógrafo/jornalista de guerra. Entre homens e mulheres maus, de caráter duvidoso, ele tenta sobreviver entre China e Birmânia, passando a perna em quem vê pela frente, para conseguir algum dinheiro. Embora o roteiro represente um universo puramente masculino, com ação e patriotismo, as mulheres se destacam: Gene Tierney aparece radiante e se destaca ainda mais nas cenas finais e Lynn Bari rouba todas as cenas que aparece como uma dúbia e sombria femme fatale. Nesse Chop Suey tem carne e batatas o suficiente para satisfazer até o fim!
"I like you because you're everything a girl should be, 115 pounds of lies, venom and kisses."
Lembra-te Daquele Dia
4.5 3"Lembra-te Daquele Dia" estreou no dia 25 de dezembro de 1941, no Natal, dias depois do ataque a Pearl Harbor e poucos dias depois do país ter entrado em guerra. É como se esse filme tivesse vindo para aliviar feridas e trazer compreensão, esperança e um pouquinho de alegria em milhares de corações devastados e com medo.
O filme começa com uma Caudette Colbert envelhecida, que aguarda ansiosamente em uma festa política de Washinton D.C., para falar com Dewey Roberts, que está nos últimos preparativos do seu discurso para quando receber a nomeação a candidato para a presidência dos Estados Unidos. E durante a fervura que só um acontecimentos como este pode ter, a personagem de Claudette enquanto aguarda começa trazer as suas memórias lembranças da sua antiga ligação com o futuro candidato a presidência, a primavera, o verão, o inverno, o grande amor de sua vida, e a história vai se desenrolando nos deixando com aquele aperto no coração, pura nostalgia, um sorriso de puro amor por dentro.
Confissões de um Espião Nazista
3.5 5O ano de 1939 foi o maior ano na história do cinema, acho que isso a maioria já sabe. Mas o que pouca gente sabe é que nesse ano, quando as relações entre Estados Unidos e Alemanha ficaram ainda piores e mais tensas, devido a guerra na Europa, Harry Warner (um dos irmãos Warner), decide dar a cara a tapa e filma um roteiro audacioso, criado através dos artigos escritos por Leon G. Turrou, agente do FBI que foi o principal investigador sobre uma rede de espionagem alemã agindo em território americano.
A produção foi complicada. Marlene Dietrich e Anna Sten recusaram participar do filme alegando que tinham parentes na Europa. Boa parte do elenco era oriundo da Europa e pela mesma razão pediram para ter o nome retirado dos créditos ou se apresentaram com nomes diferentes. A Warner pôs seguranças em peso durante as gravações do filme, alguns atores dormiam nos estúdios durante as gravações. Houve suspeita de sabotagem quando uma câmera suspensa por pouco não caiu em cima do diretor Anatole Litvak.
Os Estados Unidos ainda não havia entrado em guerra quando ''Confissões de Um Espião Nazista'' foi lançado. Causou alarde, afinal era o primeiro filme anti nazista produzido por Hollywood. Os outros estúdios foram a loucura, já que tentavam se manter as duras penas no mercado alemão e restante da Europa (que era de onde vinha boa parte da renda).
''Confissões de Um Espião Nazista'' bateu recordes estrondosos de bilheteria, mas a Warner recebeu uma ordem "não oficial" do governo dizendo que eles não deveriam mais lançar filmes como aquele. O filme sumiu dos cinemas por um tempo e apareceu com toda força no ano seguinte, 1940, com sucesso ainda maior. Em abril de 1940, virou notícia que vários donos de cinema Poloneses que exibiam o filme, foram enforcados nos saguões de seus próprios cinemas. Harry Warner e os atores receberam ameaças de morte. Autoridades alemãs gritaram "Conspiração!". Foi banido da Alemanha, Japão, dezoito países Latino Americanos e de todos os outros que temessem ofender a Alemanha. Adolf Hitler prometeu matar todos os envolvidos na produção quando a guerra acabasse.
O filme por pouco não causou um incidente internacional, fazendo com que os Estados Unidos entrasse prematuramente na guerra, dois anos antes do ataque do Japão a Pearl Harbor em 1941. E como havia dito antes, o roteiro foi criado a partir de artigos sobre uma rede de investigação nazista nos Estados Unidos, e historiadores de cinema, que tiveram acesso a esses documentos ao procurarem material sobre esse filme, descobriram que ele era assustadoramente verdadeiro e autêntico.
Hoje o filme sobrevive com esse marco. Não é considerado um grande clássico. Na verdade, é quase esquecido. Talvez pelas inúmeras produções com o mesmo tema que viriam anos a seguir e que então se destacariam muito mais. O revi novamente hoje, depois de quase dois anos e pra mim é um grande filme de espionagem, assustador e EXTREMAMENTE ENERVANTE! Bem feito, atuado e dirigido. É ainda mais favorito do que na primeira vez. Principalmente por que decidi abrir com ele a minha imersão não só em Hollywood, mas na cultura dos Estados Unidos e história mundial da época da Segunda Guerra.
http://filmow.com/listas/hollywood-vai-a-segunda-guerra-l8580/
Correspondente Especial
3.4 1Independente do que é ficção ou não, uma verdade permanece. Os Estados Unidos precisava saber o que a Europa enfrentava anos antes de entrar na Segunda Guerra Mundial. Alfred Hitchcock já havia dado a América não aliada, "Correspondente Estrangeiro" e este "Correspondente Especial" se esforça para mostrar um pouco do que acontecia debaixo do nariz da América que não podia ver exatamente porque não estava "over there" (fazendo trocadilho com o hino patriótico americano da Primeira Guerra Mundial, que foi escrito por George M. Cohan).
O filme mescla bem a trama jornalística com o romance dos personagens de Don Ameche e Joan Bennett. De como o exército censurava certas informações que poderiam ser usadas pela Gestapo e até onde a audácia de jornalistas correspondentes chegava para ter uma exclusiva da guerra que se espalhava por toda a Europa e Oriente. O diretor Fritz Lang foi substituído por Archie Mayo depois de seis dias de trabalho e ainda assim, temos uma Londres com uma estética bem própria do diretor alemão. O sombrio unido ao ar de perigo que uma guerra traz, somado de ataques aéreos e esconderijos subterrâneos. Na verdade, boa parte da trama se passa em um subterrâneo.
Filmado meses antes do ataque de Pearl Harbor, chegou aos cinemas cinco dias depois da tragédia, em uma América de luto e em pânico.
Tempestades D'Alma
4.0 26Eu acho que todo mundo deveria assistir esse filme! TODO MUNDO! Ele é simples, de fácil entendimento, é sobre o dia 30 de janeiro de 1933, em uma cidade pequena no sul da Alemanha. O Professor Victor Roth comemora seus 60 anos, sendo saudado em pé por seus alunos na faculdade onde leciona medicina, é também muito amado pela sua esposa, seus filhos adotivos - Otto e Erich e sua filha, Freya. Nesse mesmo dia Adolf Hitler se torna Chanceler da Alemanha. A partir disso, vemos a desintegração da família Roth, com Otto, Erich e o noivo de Freya entrando para o partido nazista. Como rejeitaram seu pai e professor "não ariano", como se juntaram em um coro alienado, gritando e agredindo quem não estivesse de acordo com o ideal do partido nazista.
James Stewart é Martin, um amigo da família que se nega a se juntar ao partido e a partir disso passa a ter a vida ameaçada. Com isso, fortalece a sua ligação com Freya e os dois se apaixonam e tentam manter suas famílias no meio desse turbilhão. Mas as coisas se complicam ainda mais quando ambos são obrigados a decidir de que lado estão. Ou estão com os nazistas, para servir e obedecer cegamente, ou estão contra eles...
Lançado como primeiro filme abertamente anti-nazista da MGM, Tempestades D'Alma é sensível, forte e humano. Surpreendente, justamente por se tratar de um filme de Hollywood e porque os Estados Unidos ainda não havia entrado na guerra e fazia o possível para se manter neutro. Seu lançamento causou a ruptura do estúdio com a Alemanha. A partir dele, todos os filmes da MGM estavam proibidos de serem exibidos em cinemas que estivessem em território nazista.
No início do meu texto sobre o filme, havia dito que TODO MUNDO deveria assistir o filme, e explico o porque. Tirando o contexto histórico (Segunda Guerra Mundial, nazismo...), é um filme sobre coisas e sentimentos que nos assustam até o dia de hoje. Milhares de pessoas se deixando levar por discursos de líderes, espalhando suas palavras de ódio, preconceito e ignorância. Trazendo dor e violência para aqueles que não fazem parte do seu ideal. É interessante observar isso de fora, através desse filme, e ver que só ficou coisa ruim pelo caminho.
No mais, eu destaco todo o elenco, estão absurdamente maravilhosos! Margaret Sullavan e seus lindos olhos expressivos, James Stewart com sua força e coragem, Frank Morgan como o adorado professor, e Maria Ouspenskaya nunca esteve tão bem como nesse filme. Em Tempestades D'Alma tudo funciona perfeitamente! É impossível mencionar um ponto alto. O filme todo é um ponto alto. É como se seus 100 minutos fossem sucessivas explosões de fogos de artifício!
Quando Morre o Dia
3.0 5Este filme é tão exótico quanto parece ser! Situado em Kenya, entre dunas de areia, sol escaldante e um clima de mistério, no qual Gene Tierney faz sua deslumbrante cena de abertura. Lá, o exército inglês com o seu acampamento armado, captura homens nativos suspeitos de venderem armas e se aliarem aos nazistas. O filme não menciona a palavra nazista, ou sequer um personagem alemão aparece em cena, por tanto, se você não tem conhecimento sobre história mundial, muito dificilmente você vai saber que o filme se situa dentro da ll Guerra Mundial.
Temos bons discursos sobre a conquista da África e paixão a pátria na primeira parte do filme, mas não vai além disso, não traz nada de significante sobre o país naquela época. Mesmo assim, rende uma boa história.
Tem até uma maldição dita por uma dos nativos capturados - "um homem de seis irá morrer antes disso acabar". E a história vai desenrolando rapidamente, até Gene Tierney entrar em cena e hipnotizar a todos os homens em cena (e a nós também!). Mas é George Sanders e Joseph Calleia que roubam as cenas.
Antes de assistir, eu sabia que um filme com tantas peculiaridades e ambientado na Africa, poderia ser terrivelmente ruim, mas ele surpreende de certa forma. O mistério envolve.
Sedutora Intrigante
4.3 1Illona Massey está de tirar o fôlego como uma famosa cantora de ópera que tem uma técnica de cantar em código e através dos programas de rádio, ela passa informações ao governo nazista. Ela está de olho em todos os homens da audiencia, incluindo a dupla de agentes, um americano, outro britãnico, que sabem que ela é uma espiã nazista e a perseguem de Londres, a Lisboa onde a ajudam a chegar até Nova York, o que faz deste sedutor thriller de espionagem um MUST SEE!!!
Ao Compasso do Amor
3.6 12Você está no exército agora, Fred...
"... E você nunca vai ficar rico no exército" diz a canção escrita por Cole Porter, enquanto Fred Astaire já com 42 anos (mas aparentando bem menos!) canta e dança com um exército de dançarinas neste musical sobre recrutamento, amor, cafajestagem, patriotismo e tudo mais que um musical do período pode ter. A trama não traz nenhuma novidade, lembra Abbott e Costello sem as características de teatro vaudeville/burlesco que é característico deles, mas Fred Astaire e Rita Hayworth fazem qualquer deslize passar despercebido! Que química! E não tem muito o que dizer, se não: ASSISTAM!
Um Yanque na R.A.F.
3.8 3Um típico filme pré Segunda Guerra. Um piloto de aviões se junta a Royal Air Force (R.A.F.) enquanto ainda os Estados Unidos era neutro. Sua única razão para ter aceitado o trabalho é por que seria muito bem pago para transportar bombardeiros através do atlântico. Ao chegar em Londres esbarra em Carol (Betty Grable), um antigo "affair" que não quer mais nada com ele e por uma questão de honra se junta a Força Aérea Real de Londres para poder ficar atazanando a vida da garota que trabalha na WAAFs (Women's Auxiliary Air Force) de dia e a noite canta em clubes noturnos. Então a trama toda gira em torno do romance vai e volta dos dois. Tyrone Power chega a irritar de tão convencido que seu personagem é.
O mais interessante a respeito do filme é como ele era informativo a respeito da "Batalha da Inglaterra" e o quanto a R.A.F. ajudou no que era preciso. A sequência da evacuação em Dunkirk filmadas em Poin Mugu na Califirnia, envolveram mais de mil extras e cenas de filmagens reais da R.A.F. foram muito usadas também. O estúdio (FOX) foi permitido filmar batalhas reais dentro de aviões. Na versão original do filme, o herói interpretado pelo personagem de Power morre em Dunkirk, mas depois de a R.A.F reclamar que a sua "moral" seria prejudicada, as cenas foram refilmadas com seu personagem sobrevivendo.
Apesar dos esforços da FOX em promover o filme como um "olhar despreocupado" sobre a guerra, o filme não tem como fugir de ser propagandístico e isso foi reconhecido pelo público que achou que a abordagem do filme era a de como se o país já estivesse em guerra, o que aconteceu também com um filme da Warner "Corsários das Nuvens". Apesar disso, serviu para apresentar Betty Grable como a pin up favorita das tropas. Estranhamente (ou não) foi um sucesso de bilheteria e recebeu boas críticas. Foi o quarto filme mais lucrativo do ano e recebeu uma indicação ao Oscar por seus efeitos especiais.
Demônios do Céu
3.6 3"Um estonteante espetáculo de cores leva você para uma passeio nos céus" anunciava as promoções de "Demônios do Céu" em 1941. Com a estrela arrasta quarteirões Errol Flynn, Fred MacMurray e Alexis Smith, dirigido por um dos diretores com mais filmes de sucesso no currículo, Michael Curtiz, filmado em estonteante technicolor foi um dos filmes mais lucrativos do ano, com mais de U$ 3 milhões de dólares e recebeu uma indicação ao Oscar de melhor cinematografia em cores.
"Demônios do Céu" é baseado em acontecimentos reais e conta a história de um médico do exército americano e sua pesquisa para combater os efeitos da "altura G", que causa vertigens e desmaios em pilotos que voam em grandes altitudes. Contando com a Aeronáutica que via no filme uma grande chance de mostrar o que podiam fazer, deram completo suporte na produção do filme. Muitos dos homens vistos nos filmes eram realmente aviadores e soldados (mais de mil foram cedidos pela Aeronáutica), assim como os cenários externos eram reais. Muito foi investido para trazer realismo ao filme, o que acaba sendo o maior atrativo do filme porque é realmente maravilhoso de ver tudo aquilo à cores. Incrível mesmo!
O diretor, Michael Curtiz quase foi a loucura e encerrou aqui sua parceria com Errol Flynn (no total foram 12), devido as brigas e desentendimentos durante as filmagens. Muitos problemas técnicos também, já que as cenas de aviação eram reais.
Infelizmente o roteiro não é tão empolgante, a história não é tão interessante quanto poderia ser. Ainda assim foi o sexto filme mais popular do ano.
A princípio o filme se chamaria " Beyond the Blue Sky" e a Warner pretendia escalar James Cagney. George Brent, e Ronald Reagan com Lloyd Bacon na direção.
Batalhão de Paraquedas
4.0 1Lançado três meses antes do ataque a Pearl Harbor, "Batalhão de Paraquedas" já fazia parte da propaganda promovida pelo Office War Infomation em conjunto com os estúdios de Hollywood. Desde o início da década de 40 foram produzidos filmes, curtas, desenhos, que mostravam um ideia bem fantasiada do que era a vida no exército. Como havia mencionado antes, os Estados Unidos sabia que seria inevitável ficar neutro perante a guerra que acontecia na Europa, o risco que o país corria era grande, que a moral da população era baixa e que precisavam ser despertos para uma futura e bem próxima realidade. E o governo sabia que nenhuma arma seria mais poderosa e eficiente do que o cinema. No caso de "Batalhão de Paraquedas", a propaganda gira em torno de mostrar como era excitante ser um "parachute soldier", como todos no exército eram tratados com igualdade e se relacionavam como irmãos que se importavam e cuidavam um do outro e assim ganhar a simpatia do público e trazer cada vez mais recrutas para o exército.
O filme mostra todo o processo de formação dos paraquedistas, desde a maneira correta de se dobrar um paraquedas até a realização de saltos. E uma coisa que chama atenção é o filme foi feito meio que como um semi-documentário, tratando também dos problemas pessoais dos soldados, o que deixa a história mais interessante.
Aventura no Oriente
3.7 2Um dos últimos filmes do Clark Gable antes de ele ir para a guerra. Quando ele fez par com Rosalind Russel em "Mares da China", eles se reuniram em Hong Kong e viajaram para Cingapura. Aqui eles se encontram em Bombay e viajam de navio para Hong Kong, em circunstâncias bem diferentes, como ladrões de joias. O filme é uma mistura de comédia screwball, aventura e tudo o de mais absurdo que se possa imaginar. A trama é tão rocambolesca e engenhosa que você não consegue tirar os olhos da tela, ainda mais com a dupla de protagonistas que parece estar se divertindo a beça a todo momento.
A maneira que a história adentra na segunda guerra, com a invasão de Hong Kong pelo exército japonês é inacreditável porque o roteiro realmente se desdobra em dois pra transformar a dupla internacionalmente procurada por roubo de jóias em heróis de guerra. E o melhor de tudo é que a gente acredita no que está vendo, de tão bem interpretado que é haha. Os diálogos são divertidos e os embates entre Gable e Rosalind são impagáveis. Clarence Brown nunca erra!
A Voz da Liberdade
5.0 1 Assista AgoraEm 1941, Vincent Sherman estava começando a fazer seu nome entre os grandes diretores da época, com quatro filmes de sucesso na bagagem (todos filmes de baixo orçamento enquanto trabalhava na Unindade-B da Warner, que era liderada pelo produtor Bryan Foy). Foy apresentou a Sherman um roteiro intitulado "Underground", que estava previsto para ser produzido como uma produção nível "A". Mas a ideia foi abandonada e o roteiro foi designado para a unidade de Foy, para ver se um filme com orçamento modesto poderia ser feito, ajudando assim a recuperar alguns investimentos da Warner. Sherman foi designado para dirigir; ele estava animado com o potencial do projeto.
"Underground" não foi o primeiro filme a criticar abertamente o nazismo, antes da entrada do país na Segunda Guerra Mundial. Foi precedido por "Confissões de Uma Espião Nazista" do mesmo estúdio e "Tempestades D'alma" da MGM. E nas mãos de Vincente Sherman se tornou uma poderosa declaração anti-nazista. A história é contada com urgência e sinceridade, bem editada e filmada ao melhor estilo Noir, para transmitir a natureza clandestina das atividades dos protagonistas.
É certo que alguns dos retratos de membros da Gestabo beiram a caricatura, mas isso é um problema menor e deve ser visto e avaliado dentro do contexto da época. Sherman povoou o filme com vários atores refugiados alemães que foram, então, trabalhar em Hollywood. este também acrescentou muito para sensação de autenticidade do filme.
Quando o filme foi lançado, a Warner rapidamente reconheceu que tinha mais do que um filme B em mãos e deu um tratamento A para o filme, com divulgação pesada e distribuição em larga escala. Com uma excelente recepção da crítica, o filme gerou mais de $ 2 milhões de dólares (uma fortuna para a época!), e deu um bom lucro ao estúdio, visto que custou apenas $300 mil dólares. O filme foi no entanto, uma fonte de conflitos entre o diretor e o produtor - Foy. Aparentemente, Foy se ressentia com o sucesso e a resposta positiva que Sherman estava tendo e um confronto entre os dois resultou em um rompimento permanente. Isso não viria a ser um problema para Sherman porque Jack Warner o elevou a diretor de filmes A, o que significa que Sherman nunca mais precisou lidar com Foy novamente.
Sorte de Cabo de Esquadra
3.0 1Bob Hope é Don Bolton, um ator de Hollywood que não suporta o barulho de tiros. A cena inicial com ele gravando um filme de guerra é a melhor coisa do filme todo! Não por ser engraçada, mas porque é sempre interessante ver os bastidores de Hollywood daquela época. Quando a guerra é declarada e todos os homens são chamados para se alistar, Don Bolton decide se casar com Antoinette (Dorothy Lamour) para ganhar dispensa mas ela acha que ele é um babaca convencido (e ele é mesmo) e recusa. Ele então arma um plano que resultaria em um falso alistamento mas as coisas não saem como o planejado e ele realmente acaba no exército. Além das trapalhadas dele como soldado, a história foca no seu romance com Antoniette que é na verdade uma lenga lenga que obviamente se enrola até o final. Não tem muito o que destacar porque na verdade o filme é parte do pacote de produções que abordavam a vida no exército de maneira cômica e suave para abrandar sua imagem perante o público americano sem soar propaganda descarada, já que eles sabiam que era inevitável continuarem imparciais perante a guerra na Europa por muito mais tempo.
Náufragos
4.0 2Adaptado do romance de Erich Maria Remarque, "Náufragos" descreve a situação dos refugiados da Europa durante o domínio nazista. Deslocados de suas casas, perseguidos e tendo de viver a própria sorte. Em qualquer lugar que fossem, os refugiados não eram acolhidos por serem considerados um peso para a economia de qualquer lugar que eles vivessem. O filme se concentra em um grupo de vários alemães, agora apátridas, o principal deles, personagem de Fredric March que era um membro "underground", ou seja da resistência anti-nazista na Alemanha, que teve que fugir as pressas do país, tendo de abandonar sua doente esposa interpretada por Frances Dee. Fredric March se torna um pai substituto para Glenn Ford e Margaret Sullavan, que acha difícil corresponder o amor de Ford quando a principal preocupação é a sobrevivência.
O elenco todo está maravilhoso! Até o jovem Glenn Ford que aparece aqui sem aquela pinta de "macho man" dos filmes Noir que faria em anos posteriores, surpreende. Margaret Sullavan interpreta (maravilhosamente) uma outra heroína trágica que tenta fugir do domínio nazista, lembrando sua personagem de The Mortal Storm. E claro, Fredric March que domina todas as cenas em que aparece.
O filme é bem diferente das produções pré-guerra da época por ter uma carga bem depressiva, mesmo nos momentos mais otimistas. Mas é a energia que a história precisa. E John Cromwell soube trazer melhor que qualquer outro um pouco do horror fascista que tomava conta da Europa. Altamente recomendado!
O Inimigo X
3.5 2Comédia amalucada sobre a Rússia, comunismo, nazismo e com a Hedy Lamarr interpretando uma "prima pobre" da Ninotchka... SIM! A referência era proposital! Como era vendido no slogan do cartaz do filme. O roteiro foi indicado ao Oscar devido a tamanha originalidade. Não tem o humor refinado do filme de Lubitsch. É mais debochado e conta com cenas hilárias como a dos canhões (juro que só essa cena faz valer todo o filme!). Hedy Lamarr está ótima e tira de letra a sua personagem Theodore. Um filme cheio de grandes e divertidos momentos! King Vidor acertou em cheio e fez essa comédia deliciosa. Vale a conferida. O filme diverte a beça!
Levanta-te meu amor
4.0 4 Assista AgoraGanhador do Oscar de Melhor Roteiro Original (este escrito por Billy Wilder e Charlie Brackett) e indicado a outras três categorias (Música, Cinematografia e Direção de Arte.)
Esse filme é uma daqueles casos de, "Porque eu não vi esse filme antes?" e "Porque ele é tão pouco conhecido?". Não é a toa que Claudette Colbert considerava este seu filme favorito entre todos os que fez.
O filme protesta violentamente contra o isolacionismo e defende a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial. Se passa na Europa durante a Guerra Civil Espanhola - entre jornalistas que se tornam partidários da luta contra Hitler. Apesar de seu engajamento e de seu plano de fundo sério, o filme é bem-humorado, espirituoso, divertido - sem se vender de forma barata. Uma mistura perfeita de gêneros. Brilhantismo puro!
Fuga
4.4 1Um dos melhores filmes pré Segunda Guerra Mundial. O filme é tão bom que nem sei por onde começar... É claro que ele omite muita coisa, afinal, os Estados Unidos ainda não estava em guerra e fazia de tudo para se manter imparcial. As palavras "Alemanha" e "Nazi" são evitadas ao máximo! Mas a história é bem clara e sabemos do que se trata o tempo todo.
Mark Preysing (Robert Taylor), vai até a Alemanha a procura de sua mãe, mas ao buscar por pistas e informações sobre seu paradeiro, encontra apenas medo e ameaças, até descobrir que ela está em um campo de concentração. A mãe de Mark (interpretada pela brilhante Alla Nazimova) foi presa por ajudar judeus a fugir para a America e está com a sentença de morte marcada. Sem saber o que fazer, acaba conhecendo Condessa Ruby von Treck (Norma Shearer) que está romanticamente envolvida com o general nazista Kurt, e ela, depois de muito resistir, o ajuda. A partir daí, o filme se desenrola em vários acontecimentos de te deixar pregado na cadeira.
A direção sempre maravilhosa de Mervyn LeRoy, faz miséria com esse roteiro cheio de suspense e reviravoltas, bem escrito e excitante. Robert Taylor entrega a melhor atuação dele dentre as que vi até agora. Conrad Veidt é bri-lhan-te em cena. Nazimova retorna ao cinema com este filme depois de 15 anos de ausência das telas e prova o porque de ser uma das mais míticas atrizes do cinema silencioso. O elenco todo, sem exceções está ótimo. Mas é Norma Shearer que mesmo não aparecendo tanto quando Robert, que fica na sua memória. Aqui ela tem a cena mais incrível de sua carreira (dentre os filme dela que assisti). Nem o Oscar faria justiça a sua INTENSA cena final que coroa esse filme e o fecha com chave de ouro! Grande Atriz!!!
ESCAPE foi sucesso de bilheteria e crítica, elogiado por abordar os dois lados do povo alemão daquela época. Mas infelizmente, um dos últimos filmes de Norma Shearer antes de abandonar definitivamente o cinema.
Altamente recomendado!
Casei-me com um Nazista
4.2 2O filme começa em 1938, com Carol ( Joan Bennett) e seu marido Eric, eles tem um filho e levam um casamento feliz. Eric é alemão, e seu pai passa por dificuldades financeiras em sua terra natal. Ambos decidem ir então fazer uma visita, mas assim que chegam na Alemanha, percebem as mudanças que o país sofreu. Joan Bennett fica com medo e não entende bem o que está acontecendo, Eric se entusiasma e vê aí o renascimento da Alemanha como uma grande nação. Logo se filia ao partido nazista e quer que o filho seja criado nos princípios nazistas. E esse, é só o início de muitas reviravoltas e surpresas... O final é de cair o queixo! Juro que é um dos filmes que mais me surpreendeu nesse quesito.
O elenco é muito bom, mas Joan Bennett não passa muita credibilidade visto a situação terrível em que ela vive com seu filho. No mais é um filme corajoso e direto. O primeiro filme anti-nazista da Fox.
Manequim
4.1 3Há muito tempo eu queria assistir esse filme e valeu cada segundo da espera. Ele me lembra um dos meus favoritos, Sadie McKee. Aqui, Joan Crawford volta a interpretar uma "working girl" dos anos 30, que mora em uma verdadeira espelunca e tem uma mãe acabada pelo serviço doméstico, um pai que passa o tempo todo sentado e um irmão que só sabe pegar o dinheiro dela pra apostar em jogos. Anojada além do limite, ela insiste com o namorado, para se casarem logo, e ele aceita. Com isso fiquei pensando em quantas garotas se viam na mesma situação, que se casavam pra sair do buraco que sua família estava e viam como única solução o casamento, e por fim acabavam entrando em um outro buraco muito pior! Uma das cenas que ilustra bem isso é quando Jessie e Eddie, já casados por um tempo, vão jantar na casa dos pais dela. Os homens bem sentados, confortáveis, jogando um papo asqueroso de tão machista e Jessie e sua mãe na cozinha. Aliás, é ótimo o diálogo das duas nessa cena.
Mas, este é um filme da Joan Crawford, então é óbvio que as coisas para ela não vão acabar na cozinha, como com a mãe dela. Isso não quer dizer que as coisas que levam ao desfecho são assim tão óbvias ou fáceis. O filme é cheio de ótimas cenas e bons diálogos. Frank Borzage sempre sabia o que fazia, dirigiu maravilhosamente! E obviamente tem os figurinos esplendorosos feitos pelo sempre genial Adrian.
Indicação ao Oscar de melhor canção para "Always and Always" cantada pela própria Joan Crawford, Um delícia!
Manon - Anjo Perverso
3.7 8"Nada é sujo quando se ama um ao outro..."