A máfia nua e crua! Sem o romantismo tão comum de Hollywood, como ela é, como age, seus agentes, sua busca pelo poder. Filme muito bom, atuações de destaque para Vince e Giaco. Final inimaginável, que foge da caixinha.
A atuação do elenco é boa, mas o roteiro (pedante) se fantasia de inteligente quando é infantil, com erros bobos, incoerências do início ao fim. Um dos piores, senão o pior filme que vi esse ano.
As atuações de Engin e Gülizar (a menina) são boas! Mas o filme tem um roteiro bem forçado para o drama (o que não o torna sensível, mas meio grosseiro/sentimental). Diretor e roteirista perderam a mão. E a música não é o elemento central do filme.
🎬♥📝 O OSCAR DE MELHOR FILME INTERNACIONAL 2020 94 países inscreveram suas obras nesta edição; sul-coreano ‘Parasita’ é o favorito
Bergman costumava dizer que “filmes são sonhos, são músicas”, que o Cinema mexe nos nossos sentimentos como nenhuma outra arte. No mundo inteiro milhares de filmes são produzidos ano após ano, metade disso apenas nos Estados Unidos. Reino Unido, Alemanha, França e Canadá aparecem em seguida na produção desses ‘sonhos’. O Brasil produz cerca de 150 longas-metragens todos os anos, entre ficção e documentário.
O ano de 2019 foi difícil para quase todos nós que amamos esta arte aqui no Brasil. Tivemos a extinção do Ministério da Cultura, a transferência da Agência Nacional do Cinema (Ancine) para o então criado Ministério da Cidadania, censuras em editais com filmes de temática de diversidade de gênero e sexualidade, principalmente LGBTQI, proibição de exibição de filmes contrários ao governo federal, e cada vez mais filtros com o objetivo claro de controle e poder; e agora pela primeira vez a possibilidade de mudança da sede da Ancine do Rio para Brasília.
Dos raros e bons momentos, tivemos três filmes brasileiros em especial que nos deram orgulho em festivais do mundo a fora. O thriller de várias camadas e intensidade ‘Bacurau’, escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes. Ainda em Cannes, mais um filme brasileiro brilhou: ‘A vida invisível de Eurídice Gusmão’, de Karim Aïnouz, venceu Melhor Filme da mostra Um Certo Olhar. Ambos os filmes fizeram a mesma dobradinha no Festival de Munique, segundo maior festival de cinema da Alemanha. “Bacurau” venceu Melhor Filme, e “A vida invisível de Eurídice Gusmão" ganhou o prêmio CineCoPro - destinado à melhor coprodução do cinema alemão com outros países. O filme de Karim ainda foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema (ABC) para representar o Brasil na disputa pelo Oscar 2020 de melhor filme internacional, no entanto não conseguiu a vaga.
A terceira surpresa veio da talentosíssima e querida Petra Costa, com seu longa-documentário ‘Democracia em Vertigem’, sobre o Golpe de 2016, e ricas imagens históricas. ‘Democracia em Vertigem’ entrou na pré-lista de 15 documentários que podem ser indicados ao Oscar 2020. A lista final com cinco concorrentes será divulgada no dia 13 de janeiro.
A 92 ª edição do Oscar, The Academy Awards 2020, acontece no próximo dia 9 de fevereiro. Os olhos do mundo estarão mais uma vez voltados para a maior premiação da sétima arte. Os meus olhos, mais uma vez nessa premiação estarão voltados e atentos ao Melhor Filme Internacional, ali reside beleza, essência, mais sonhos. Só neste ano quase metade dos países do mundo enviaram suas obras, seus olhares, ao todo 94 países. Pela primeira vez em sua história Gana, Nigéria e Uzbequistão enviaram seus filmes ao Oscar. Muitos dos filmes mais belos e marcantes na minha vida tiveram suas equipes técnicas, atores, e povos nesta expectativa. Vencedores como ‘Cinema Paradiso’ (Itália,1990), ‘A Vida dos Outros’ (Alemanha, 2007), ‘A Partida’ (Japão, 2009), ‘Pelo Segredo dos Seus Olhos’ (Argentina, 2010), ‘Ida’ (Polônia, 2015)... e tantos finalistas, ‘A Caça’, ‘O Fabuloso Destino de Amélie Poulain’, ‘A Voz do Coração’, ‘O Grupo Baader-Meinhof’, ‘A Queda’, ‘Ladrões de Bicicleta’... Caberia uma lista imensa aqui, de tanta pluralidade e olhares.
Essa categoria foi criada na vigésima edição do Oscar, em 1948. Bergman, Fellini, Kurosawa, Buñuel, Truffaut, Vittorio De Sica, e tantas almas grandiosas o venceram. Fellini e De Sica são os maiores vencedores, cada um com 4 filmes, seguidos de Bergman com 3. Em representação de países a Itália e França são soberanas com 14 e 12 estatuetas cada, respectivamente. Seguidas de Japão, Espanha, Rússia, Alemanha, Dinamarca, Holanda e Suécia. Da América Latina: Argentina, Chile e México já venceram o Oscar de Melhor Filme Internacional.
Os dez filmes estrangeiros da pré-lista ao Oscar 2020 são: ‘Aqueles Que Ficaram’ (Hungria), ‘Atlantique’ (Senegal), ‘Corpus Christi’ (Polônia), ‘Dor e Glória’ (Espanha), ‘Parasita’ (Coreia do Sul), ‘O Pássaro Pintado’ (República Tcheca), ‘Os Miseráveis’ (França), ‘Terra do Mel’ (Macedônia), ‘Uma Mulher Alta’ (Rússia) e ‘Verdade e Justiça’ (Estônia).
Vi ‘Dor e Glória’, ‘Parasita’, ‘Atlantique’ e ‘Uma Mulher Alta’; gostaria de ter visto ainda ‘O Pássaro Pintado’ e ‘Aqueles Que Ficaram’. Não obtive acesso. Dos que vi, acredito que o vencedor da Palma de Ouro em Cannes, o sul-coreano ‘Parasita’ seja realmente o forte candidato.
Todos os outros tem qualidade cinematográfica e bons roteiros, mas o longa do diretor Bong Joon-ho – além da qualidade técnica indiscutível - tem um roteiro imprevisível, arquitetado, montado em sequências perfeitas (ritmo/fluidez). Narra a história duma família periférica de Seul, os Kims, que buscam ascender socialmente se infiltrando através da mão-de-obra na família Park, e farão de tudo para êxito deste plano.
Aqui não há vilões ou heróis, há abismos sociais, contrastes, espaços geográficos demarcados, reflexões morais, individualidade de cada personagem respeitada - destaque para as atuações brilhantes de Song Kang-ho, Cho Yeo-jeong e Park So-dam -, e tantos elementos, camadas e signos que enriquecem a trama.
Lucas Müller (/lucasmuller.ocean) Cabo Frio (RJ), janeiro de 2020
Crítica: "Frantz’ e a beleza da mentira" ‘O que a verdade traria?’, pergunta o padre no confessionário. Essa fala é central na obra-prima franco-germânica ‘Frantz’, do diretor François Ozon, lançado três anos atrás. Na pequena cidade alemã de Quedlimburgo, em 1919 (primeiro ano pós Primeira Guerra Mundial), o luto pode ser sentido silente no remorso de um pai, na ansiedade de uma mãe, no asco de um coveiro, no ódio e vício de embriaguez de cada cidadão; no amor de uma viúva. Há flores no túmulo do soldado alemão morto nas trincheiras, Frantz Hoffmeister. Essas flores não são de Anna, viúva. Anna vive em luto. Um desconhecido deixou rosas brancas. Adrien, o francês, as deixou. Anna é a personagem interpretada pela atriz alemã Paula Beer, e Adrien interpretado pelo francês Pierre Niney. Anna tem uma beleza clássica e imponência na presença. Adrien é frágil e quieto. Dueto de protagonistas de interpretação no tempo calmo, natural, que dialogam com a sobriedade do luto, e a esperança da vida. A eles, soma-se o afiado elenco coadjuvante e os talentos de Ernst Stötzner (Hans) e Marie Grüber (Magda), pais de Frantz. O roteiro de ‘Frantz’ é livremente inspirado no filme da década de 30 ‘Não Matarás’ (Broken Lullaby) do diretor alemão Ernst Lubitsch. Lubitsh baseou seu filme na peça ‘O Homem Que Matei’ do escritor francês Maurice Rostand. A história de ‘Frantz’ se faz presente nesse contexto de ressentimento histórico de guerra entre os dois países. Entre Alemanha e França, muitos segredos, sentimentos e igualdades serão revelados. Nele há uma obrigação social e uma crítica reflexiva também contemporânea, diante do nacionalismo. Em ‘Frantz’ a mentira é impulsora da narrativa e pode ter um desfecho diferente do encontrado em filmes marcantes como o britânico ‘Desejo e Reparação’ (Atonement), ou o dinamarquês ‘A Caça’ (Jagten). Em ‘Frantz’ a mentira tem outra perceptiva: vai no sentido inverso, e pode revelar que a vida cotidiana pode ir além de graduações de cinza. A vida pode ter variação de cores. Nesse ponto a fotografia de Pascal Marti se mostra inovadora. Outro elemento sensível de ‘Frantz’ é a trilha sonora. As composições de Philippe Rombi: ‘A trincheira’, ‘Os tormentos’, ‘O segredo’, ‘A lição de violino’, ‘A carta de Frantz’, entre outras, tem um encaixe perfeito na narrativa. Cada detalhe: os sons naturais, os ruídos, e o que diria o crítico Christian Petermann, aquilo que pouquíssimos cineastas no mundo conseguem: “Trabalhar o silêncio.” No ano de 2014 em São Paulo, na Mostra Encontro com o Cinema Alemão, no SESC Vila Mariana, foi a única vez na vida que estive com ele. Christian faleceu em 2016, deixando um legado para a crítica do cinema nacional brasileiro. Eu nunca me esqueci deste encontro, e dessas três palavras dele: “Trabalhar o silêncio”. ‘Frantz’, como poucos filmes em seu enredo consegue alinhar artes como escrita literária, música e pintura na mesma página, na paleta de cor, no mesmo tom. Verlaine, Chopin e Manet no horizonte. ‘Frantz’ se comprado à uma orquestra, Ozon a rege como von Karajan. O filme foi indicado a 11 estatuetas no César, vencendo Melhor Cinematografia. Na concorrência interna de seleção ao Oscar acabou não indicado pela Academia Francesa de Cinema num erro político e estratégico. No entanto, no Festival de Veneza, o mais antigo festival de cinema do mundo, Paula Beer venceu todos seus concorrentes (homens e mulheres) e levou a estatueta de melhor ator/atriz, o cobiçado prêmio Marcello Mastroianni. ‘Frantz’ é único porque vai além, ultrapassa a vida, a morte e o luto de suas personagens, pois se homens passam, as obras ficam. ‘Frantz’ nesse sentido é também uma homenagem. São rosas brancas deixadas por Ozon a Lubitsch e Rostand, e neste ciclo a vida e arte seguem juntas. ‘Frantz’ tem alma!
Por Lucas Müller /lucasmuller.ocean Cabo Frio (RJ), outubro de 2019.
Forte, real, muitos países e muitas vidas em um personagem! Belíssimo trabalho!
Sinopse: Depois de sua formatura, Dorotka deixa sua terra natal, a Eslováquia, para trabalhar na cidade tcheca de Aš, onde é confrontada com o mundo da periferia, cheio de costureiras cansadas, aguardando a chegada de seus príncipes vindos da Alemanha próxima. O filme mostra fielmente a realidade e ambiente autêntico, que, na verdade, define a motivação das garotas para decisões mais duras na vida, as quais superficialmente podem parecer imorais.
A Química que Há Entre Nós
3.0 167 Assista AgoraFilme bonito, com poesia, diálogos bons, maduros; filme com profundidade, que foge dos clichês. Fotografia bonita, tomadas inteligentes, detalhes.
Passei por Aqui
2.9 199 Assista AgoraMuito bem construído! Suspense do início ao fim.
Subestimando aqui, mas o filme é bom!
Máfia S/A
3.0 6 Assista AgoraA máfia nua e crua! Sem o romantismo tão comum de Hollywood, como ela é, como age, seus agentes, sua busca pelo poder. Filme muito bom, atuações de destaque para Vince e Giaco. Final inimaginável, que foge da caixinha.
Glass Onion: Um Mistério Knives Out
3.5 651 Assista AgoraA atuação do elenco é boa, mas o roteiro (pedante) se fantasia de inteligente quando é infantil, com erros bobos, incoerências do início ao fim. Um dos piores, senão o pior filme que vi esse ano.
O Violino do Meu Pai
3.6 43 Assista AgoraAs atuações de Engin e Gülizar (a menina) são boas! Mas o filme tem um roteiro bem forçado para o drama (o que não o torna sensível, mas meio grosseiro/sentimental). Diretor e roteirista perderam a mão. E a música não é o elemento central do filme.
Areias Ardentes
3.3 1Alguém tem esse filme? É o primeiro filme gravado em Cabo Frio. Se alguém souber me responda.
Parasita
4.5 3,6K Assista Agora🎬♥📝 O OSCAR DE MELHOR FILME INTERNACIONAL 2020
94 países inscreveram suas obras nesta edição; sul-coreano ‘Parasita’ é o favorito
Bergman costumava dizer que “filmes são sonhos, são músicas”, que o Cinema mexe nos nossos sentimentos como nenhuma outra arte. No mundo inteiro milhares de filmes são produzidos ano após ano, metade disso apenas nos Estados Unidos. Reino Unido, Alemanha, França e Canadá aparecem em seguida na produção desses ‘sonhos’. O Brasil produz cerca de 150 longas-metragens todos os anos, entre ficção e documentário.
O ano de 2019 foi difícil para quase todos nós que amamos esta arte aqui no Brasil. Tivemos a extinção do Ministério da Cultura, a transferência da Agência Nacional do Cinema (Ancine) para o então criado Ministério da Cidadania, censuras em editais com filmes de temática de diversidade de gênero e sexualidade, principalmente LGBTQI, proibição de exibição de filmes contrários ao governo federal, e cada vez mais filtros com o objetivo claro de controle e poder; e agora pela primeira vez a possibilidade de mudança da sede da Ancine do Rio para Brasília.
Dos raros e bons momentos, tivemos três filmes brasileiros em especial que nos deram orgulho em festivais do mundo a fora. O thriller de várias camadas e intensidade ‘Bacurau’, escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes. Ainda em Cannes, mais um filme brasileiro brilhou: ‘A vida invisível de Eurídice Gusmão’, de Karim Aïnouz, venceu Melhor Filme da mostra Um Certo Olhar. Ambos os filmes fizeram a mesma dobradinha no Festival de Munique, segundo maior festival de cinema da Alemanha. “Bacurau” venceu Melhor Filme, e “A vida invisível de Eurídice Gusmão" ganhou o prêmio CineCoPro - destinado à melhor coprodução do cinema alemão com outros países. O filme de Karim ainda foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema (ABC) para representar o Brasil na disputa pelo Oscar 2020 de melhor filme internacional, no entanto não conseguiu a vaga.
A terceira surpresa veio da talentosíssima e querida Petra Costa, com seu longa-documentário ‘Democracia em Vertigem’, sobre o Golpe de 2016, e ricas imagens históricas. ‘Democracia em Vertigem’ entrou na pré-lista de 15 documentários que podem ser indicados ao Oscar 2020. A lista final com cinco concorrentes será divulgada no dia 13 de janeiro.
A 92 ª edição do Oscar, The Academy Awards 2020, acontece no próximo dia 9 de fevereiro. Os olhos do mundo estarão mais uma vez voltados para a maior premiação da sétima arte. Os meus olhos, mais uma vez nessa premiação estarão voltados e atentos ao Melhor Filme Internacional, ali reside beleza, essência, mais sonhos. Só neste ano quase metade dos países do mundo enviaram suas obras, seus olhares, ao todo 94 países. Pela primeira vez em sua história Gana, Nigéria e Uzbequistão enviaram seus filmes ao Oscar.
Muitos dos filmes mais belos e marcantes na minha vida tiveram suas equipes técnicas, atores, e povos nesta expectativa. Vencedores como ‘Cinema Paradiso’ (Itália,1990), ‘A Vida dos Outros’ (Alemanha, 2007), ‘A Partida’ (Japão, 2009), ‘Pelo Segredo dos Seus Olhos’ (Argentina, 2010), ‘Ida’ (Polônia, 2015)... e tantos finalistas, ‘A Caça’, ‘O Fabuloso Destino de Amélie Poulain’, ‘A Voz do Coração’, ‘O Grupo Baader-Meinhof’, ‘A Queda’, ‘Ladrões de Bicicleta’... Caberia uma lista imensa aqui, de tanta pluralidade e olhares.
Essa categoria foi criada na vigésima edição do Oscar, em 1948. Bergman, Fellini, Kurosawa, Buñuel, Truffaut, Vittorio De Sica, e tantas almas grandiosas o venceram. Fellini e De Sica são os maiores vencedores, cada um com 4 filmes, seguidos de Bergman com 3. Em representação de países a Itália e França são soberanas com 14 e 12 estatuetas cada, respectivamente. Seguidas de Japão, Espanha, Rússia, Alemanha, Dinamarca, Holanda e Suécia. Da América Latina: Argentina, Chile e México já venceram o Oscar de Melhor Filme Internacional.
Os dez filmes estrangeiros da pré-lista ao Oscar 2020 são: ‘Aqueles Que Ficaram’ (Hungria), ‘Atlantique’ (Senegal), ‘Corpus Christi’ (Polônia), ‘Dor e Glória’ (Espanha), ‘Parasita’ (Coreia do Sul), ‘O Pássaro Pintado’ (República Tcheca), ‘Os Miseráveis’ (França), ‘Terra do Mel’ (Macedônia), ‘Uma Mulher Alta’ (Rússia) e ‘Verdade e Justiça’ (Estônia).
Vi ‘Dor e Glória’, ‘Parasita’, ‘Atlantique’ e ‘Uma Mulher Alta’; gostaria de ter visto ainda ‘O Pássaro Pintado’ e ‘Aqueles Que Ficaram’. Não obtive acesso. Dos que vi, acredito que o vencedor da Palma de Ouro em Cannes, o sul-coreano ‘Parasita’ seja realmente o forte candidato.
Todos os outros tem qualidade cinematográfica e bons roteiros, mas o longa do diretor Bong Joon-ho – além da qualidade técnica indiscutível - tem um roteiro imprevisível, arquitetado, montado em sequências perfeitas (ritmo/fluidez). Narra a história duma família periférica de Seul, os Kims, que buscam ascender socialmente se infiltrando através da mão-de-obra na família Park, e farão de tudo para êxito deste plano.
Aqui não há vilões ou heróis, há abismos sociais, contrastes, espaços geográficos demarcados, reflexões morais, individualidade de cada personagem respeitada - destaque para as atuações brilhantes de Song Kang-ho, Cho Yeo-jeong e Park So-dam -, e tantos elementos, camadas e signos que enriquecem a trama.
Lucas Müller (/lucasmuller.ocean)
Cabo Frio (RJ), janeiro de 2020
Frantz
4.1 120 Assista AgoraCrítica: "Frantz’ e a beleza da mentira"
‘O que a verdade traria?’, pergunta o padre no confessionário. Essa fala é central na obra-prima franco-germânica ‘Frantz’, do diretor François Ozon, lançado três anos atrás.
Na pequena cidade alemã de Quedlimburgo, em 1919 (primeiro ano pós Primeira Guerra Mundial), o luto pode ser sentido silente no remorso de um pai, na ansiedade de uma mãe, no asco de um coveiro, no ódio e vício de embriaguez de cada cidadão; no amor de uma viúva.
Há flores no túmulo do soldado alemão morto nas trincheiras, Frantz Hoffmeister. Essas flores não são de Anna, viúva. Anna vive em luto. Um desconhecido deixou rosas brancas. Adrien, o francês, as deixou.
Anna é a personagem interpretada pela atriz alemã Paula Beer, e Adrien interpretado pelo francês Pierre Niney. Anna tem uma beleza clássica e imponência na presença. Adrien é frágil e quieto. Dueto de protagonistas de interpretação no tempo calmo, natural, que dialogam com a sobriedade do luto, e a esperança da vida.
A eles, soma-se o afiado elenco coadjuvante e os talentos de Ernst Stötzner (Hans) e Marie Grüber (Magda), pais de Frantz.
O roteiro de ‘Frantz’ é livremente inspirado no filme da década de 30 ‘Não Matarás’ (Broken Lullaby) do diretor alemão Ernst Lubitsch. Lubitsh baseou seu filme na peça ‘O Homem Que Matei’ do escritor francês Maurice Rostand. A história de ‘Frantz’ se faz presente nesse contexto de ressentimento histórico de guerra entre os dois países. Entre Alemanha e França, muitos segredos, sentimentos e igualdades serão revelados. Nele há uma obrigação social e uma crítica reflexiva também contemporânea, diante do nacionalismo.
Em ‘Frantz’ a mentira é impulsora da narrativa e pode ter um desfecho diferente do encontrado em filmes marcantes como o britânico ‘Desejo e Reparação’ (Atonement), ou o dinamarquês ‘A Caça’ (Jagten). Em ‘Frantz’ a mentira tem outra perceptiva: vai no sentido inverso, e pode revelar que a vida cotidiana pode ir além de graduações de cinza. A vida pode ter variação de cores. Nesse ponto a fotografia de Pascal Marti se mostra inovadora.
Outro elemento sensível de ‘Frantz’ é a trilha sonora. As composições de Philippe Rombi: ‘A trincheira’, ‘Os tormentos’, ‘O segredo’, ‘A lição de violino’, ‘A carta de Frantz’, entre outras, tem um encaixe perfeito na narrativa. Cada detalhe: os sons naturais, os ruídos, e o que diria o crítico Christian Petermann, aquilo que pouquíssimos cineastas no mundo conseguem: “Trabalhar o silêncio.” No ano de 2014 em São Paulo, na Mostra Encontro com o Cinema Alemão, no SESC Vila Mariana, foi a única vez na vida que estive com ele. Christian faleceu em 2016, deixando um legado para a crítica do cinema nacional brasileiro. Eu nunca me esqueci deste encontro, e dessas três palavras dele: “Trabalhar o silêncio”.
‘Frantz’, como poucos filmes em seu enredo consegue alinhar artes como escrita literária, música e pintura na mesma página, na paleta de cor, no mesmo tom. Verlaine, Chopin e Manet no horizonte. ‘Frantz’ se comprado à uma orquestra, Ozon a rege como von Karajan.
O filme foi indicado a 11 estatuetas no César, vencendo Melhor Cinematografia. Na concorrência interna de seleção ao Oscar acabou não indicado pela Academia Francesa de Cinema num erro político e estratégico. No entanto, no Festival de Veneza, o mais antigo festival de cinema do mundo, Paula Beer venceu todos seus concorrentes (homens e mulheres) e levou a estatueta de melhor ator/atriz, o cobiçado prêmio Marcello Mastroianni.
‘Frantz’ é único porque vai além, ultrapassa a vida, a morte e o luto de suas personagens, pois se homens passam, as obras ficam. ‘Frantz’ nesse sentido é também uma homenagem. São rosas brancas deixadas por Ozon a Lubitsch e Rostand, e neste ciclo a vida e arte seguem juntas. ‘Frantz’ tem alma!
Por Lucas Müller /lucasmuller.ocean
Cabo Frio (RJ), outubro de 2019.
Made in Ash
4.0 1Forte, real, muitos países e muitas vidas em um personagem! Belíssimo trabalho!
Sinopse: Depois de sua formatura, Dorotka deixa sua terra natal, a Eslováquia, para trabalhar na cidade tcheca de Aš, onde é confrontada com o mundo da periferia, cheio de costureiras cansadas, aguardando a chegada de seus príncipes vindos da Alemanha próxima. O filme mostra fielmente a realidade e ambiente autêntico, que, na verdade, define a motivação das garotas para decisões mais duras na vida, as quais superficialmente podem parecer imorais.
Pássaros, Órfãos e Tolos
4.3 39O niilismo existencial na sua forma mais triste. Onde filosofias de vida se tornam palavras vazias.
Ele Está de Volta
3.8 681No fundo elas são Bolsonaro, Trump, Le Pen...
O Predestinado
4.0 1,6K Assista AgoraRoteiro mais furado que peneira. Início genial, mas roteirista acaba se lambuzando todo.
Antes, o Verão
3.8 6Muito bom!!!
Eu Maior
4.4 138 Assista AgoraSe o objetivo era um documentário de paz interior? Conseguiram! Dormi várias vezes nesse filme.
Paganini: O Violinista do Diabo
3.2 38David Garrett pode até ser um excelente violinista profissional, mas sua atuação é sofrível. Lembra os atores do 'Fala que eu te escuto'.
Os Cafajestes
3.5 57Filme completo "Os Cafajestes" (The Unscrupulous Ones, 1962): https://youtu.be/6LfThIbe2YE
O Homem Duplicado
3.7 1,8K Assista AgoraUm roteiro em teia que vai se abrindo com falas soltas
Luzes Distantes
4.0 2O capitalismo e os excluídos na sua essência.
Refugiado
3.5 2Estreio hoje (28/07/2014) no Festival Latino Americano de Cinema em São Paulo, com lotação máxima no CineSesc.
Rio Ano Zero
3.8 2Lindo! Perfeito!!! Inspirador!
Novemberkind
3.5 9Um senhor roteiro, um filme de sensibilidade e acasos.
360
3.4 928 Assista AgoraComparado com 21 Gramas ou Babel (ou ainda Crash) não há comparação. Elenco de peso sem peso num filme leve e sem emoção.