Lucas Francisquini Pellicioni

Gente, é preciso lembrar que o filme é uma adaptação do livro homônimo do Don DeLillo, e que o nonsense e a bizarrice não vieram da cabeça do Cronenberg. Tava tudo no livro. O diretor fez uma façanha maravilhosa ao conseguir adaptar tão bem a obra. Sem falar da sua contemporaneidade, tão atual tratando de um tema tão necessário. Ele só diz a verdade: as pessoas estão enlouquecendo, a economia está em colapso. E os dialogos? Ácidos, chegam a doer. E quem disse que eles não fazem sentido? Muitos deles não fazem mesmo, mas a histeria mundial em que nós vivemos também não faz. Cosmópolis entrou na minha lista de favoritos pela irreverência narrativa e pela necessidade de se tratar sobre o tema. Eu consegui reconhecer o personagem de Pattinson em muita gente.

Tudo o que eu sabia sobre o filme era que alguns críticos haviam elogiado e que muitos amigos meus disseram ser bom. Acontece que eu estava esperando um ótimo entretenimento, mas não imaginava que iria assistir um filme tão inteligente e se posso arriscar, um dos melhores que eu vi neste ano. Não sei o que se passou na cabeça dos distribuidores para vendê-lo como mais um filme infanto-juvenil. A premissa de Jogos Vorazes é cruel e disseca a sociedade do espetáculo em que vivemos. Talvez os "reais" realitys shows que assistimos na nossa televisão não sejam tão violentos quanto os jogos vorazes da ficção, mas também não se diferem muito. Assim como não são muito desiguais os telespectadores que acompanham o dia-a-dia falso de pessoas estereotipadas sem se quer assumir algum pensamento crítico a respeito.

Parece que foi escrito por um criança, mas não, foi escrito pela Madonna mesmo.