Últimas opiniões enviadas
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Bacurau
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Juliano Dornelles e Kleber Mendonça Filho conseguiram ao meu ver construir em uma única trama diversas camadas interpretativas que se cruzam, entrelaçam e ao mesmo tempo permanecem independente. O filme é um retrato da história recôndita do povo brasileiro, que sofre, que resiste e persiste ao todo tipo de mácula imposta por potências, por políticos, pela própria "elite" que não se reconhece como parte do povo.
Para além de todas as camadas críticas quase que atemporais em nosso percurso como nação a direção de arte e o desenvolvimento da história são de uma capacidade imersiva intensa e presta justa homagem à riqueza do nordeste que é assolado, esquecido e tratado como uma apátrida pela "elite".
Vale ressaltar, o paralelo histórico entre os acontecimentos de Mossoró em 1927 x Bacurau x Brasil em 2019 como um alerta/chamado para os povo brasileiro.
Em suma, não consigo descrever a magnanimidade dessa obra tal qual ela mereceria sem dar spoilers, portanto só posso definir esse filme como o um retrato do Brasil desnudo, impudico e perfeito.
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Desnecessário é a palavra que define minha experiência com esse filme. Embora seja um grande fã do diretor os dois últimos filmes dele foram decepcionantes em escala crescente, sinceramente eu esperava uma recuperação na qualidade geral da produção em relação aos Oito Odiados, mas o que experienciei foi apenas uma versão piorada do que já havia acontecido. A fotografia, a trilha sonora assim como a ambientação temporal impecável são ofuscadas por uma história desconexa, personagens pouco construídos que se justificam apenas para se encaixar no final. A coisa mais cansativa entretanto, foi o uso excessivo de recursos metalinguísticos, onde a maior parte do filme é uma boneca russa de metalinguagem (uma gravação dentro de outra gravação... a personagem se vendo como outra personagem...) que não acrescenta nada para o roteiro além de uma simples nostalgia do diretor. Em resumo, esse filme é mais uma obra à la Birdman, que fala somente da indústria do cinema holywoodiano para a própria indústria do cinema holywoodiano como uma masturbação narcísica e nostálgica.
Últimos recados
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O trailer e a arte da capa do filme são mais interessantes que o próprio filme. Esperava muito mais desse filme e no fim foi apenas uma amalgama insossa e entediante de um roteiro perdido, personagens chatos e sonoplastia brega. O filme é excessivamente expositivo e parece que sua existência se justifica apenas para inserir algumas falas e diálogos de uma luta/orgulho racial que sinceramente não atingirá que precisa ser atingido. É triste dizer, mas a obra falha magistralmente como experiência estética, como obra de protesto e falha como entretenimento.