Luís

Já me esforcei muito em lembrar, mas não consigo dizer o que foi que me fez ver esse filme. Seja qual for, deve ter sido uma razão muito forte, dado o minha frustração pelo tempo perdido com ele. Garanto que nada me agradou ao longo da trama à exceção de um ou dois momentos. É inegável que a história da Roma pagã, na qual viveu Calígula e os personagens ali (caricatamente) representados, é uma história de devassidão; porém, creio também que a depravação mostrada no filme, embora tanja a que se viu naqueles tempos, foi tão exagerada quanto desnecessária. A única diferença visível entre “Calígula” e um filme pornô (porque comparado à definição de uma pornochanchada ele consegue ser mais erótico) é basicamente a presença de uma história verídica e de um enredo consistente, sem esquecer uma bela trilha sonora, talvez o único ponto alto do filme. Apenas isso. São constantes as cenas de sexo dispensáveis (que incluem tribadismo, estupros, fisting e masturbações), mortes sanguinolentas e atuações fracas. Os pontos fortes do filme são tão poucos que se podem contar nos dedos de uma única mão: a trilha sonora é brilhantemente orquestrada e a morte de Drusilla é um dos momentos mais comoventes (e mais belos) de todo o filme. De resto, fraquíssimo e totalmente despido de qualquer carga dramática que se considere digna de um filme da época que pretendeu retratar.

"La Môme": eis aí, sem dúvida, o tipo de filme que precisamos ver, rever e rever outra vez para apreender ao menos uma pequena parte de todas as emoções que o enredo e a protagonista nos fazem sentir. Em primeiro lugar, sempre gostei de Piaf. Desde a primeira música sua que ouvi, senti nela uma artista que entregava a alma a todas as suas interpretações - bem como à sua arte. Aliás, tudo em Piaf é arte: sua obra e sua vida enrendam-se e se misturam como uma única história (o que de fato foi). Posso dizer também, sem medo de errar, que já não há mais artistas que entregam tanto de si a suas músicas como ela o fez. Ouvir sua obra e apreciar seu legado é uma experiência única.
Por isso, diante dessas considerações, creio que Marion Cottilard desempenhou um tal papel à beira da perfeição; se não foi perfeito, foi ao menos impecável. Em todos os aspectos, o filme frisa a sofrida infância de Édith Giovanna Gassion e sua conturbada ascensão à carreira musical, passando, é claro, pelo grande grande amor de sua vida, Marcel.

São tantos fatos originais presentes na vida da cantora interpretados de um modo tão competente que me sinto apenas deslumbrado com essa atuação, por assim, dizer, titânica. É uma pena que, a despeito de "La Foule", "Milord", "Padam" e "Mon Dieu", outras canções suas não tenham sido exploradas ou encaixadas em momentos da trama nas quais seriam perfeitamente adequadas. Porém, longe de ser um defeito, é apenas um detalhe, pois todas, todas as cenas possuem a música intrínseca a cada uma.

Tudo em Piaf é belo, comovente e, acima de tudo, passional; estas são características marcadamente notáveis em todo o filme. Veja sua história, aprecie sua obra, sinta este filme. Só aí você concluirá, então, que estamos diante de uma obra de arte.

Essa animação tá na minha (escassa) lista dos filmes que eu simplesmente não consigo descrever, porque todas as palavras que conheço não bastariam pra dizer que Yellow Submarine é bom pra cacete. Animação muito boa, colorização muito bem feita, enredo original e as músicas? As melhores de todas, sem dúvida alguma! E, acredite, não importa quantas vezes você assista, você sempre descobre algo novo: uma referência, uma releitura... o filme é rico nessa matéria. E é justamente essa riqueza que me deixa triste, porque nunca vou poder me lembrar de colocar em palavras tudo de bom que esse filme me fez sentir!
De fato, acho que não existe nada que nos cause mais prazer do que ver um filme que nos conquista justamente por ser assim – surpreendente.
Ah, Beatles... por que eu não nasci nesse tempo?