"As pessoas são muito ingratas, Stelinha..." Stelinha é um filme sensível e franco, possuindo qualidades que o tornam superior a alguns que são decantados como baluartes da dita "retomada" do cinema nacional. Nele, todos os elementos estão gravitando ao redor da performance magistral de Esther Goes. E isso está longe de ser um defeito. Marcos Palmeira, ainda bem jovem, consegue transmitir fidedignamente a ingenuidade/presunção de Eurico, um frontman ascendente de uma banda de roque
(destaque para a cena na qual Stelinha critica a falta de espaço para outros estilos de música nas rádios de então, ligando o rádio e mostrando a Eurico, na prática, como tinha razão)
. Esther Góes, por sua vez, fulgura nesse filme com toda a autodestrutividade, decadência e desamparo vividas por uma cantora esquecida e largada ao vício. Ninguém mais se interessa pelos sambas que ela cantava, mas isso parte sobretudo dela mesma. Está de luto pela mãe falecida, pelos tempos idos de glória - e esse luto encontra eco no luto de Eurico, que vê na cantora uma via de retorno a uma infância onde a mãe ainda vivia. Embora o rapaz projete em Stelinha esses elementos edipianos, verá que a cantora é incapaz de seguir qualquer rotina que não seja a de abrir uma latinha de Antarctica ao acordar.
O filme traz uma discussão sutilmente apresentada sobre o quanto o Brasil é uma máquina de moer ídolos. É bem verdade que Stelinha sabota suas chances de voltar ou permanecer em evidência, mas o mercado fonográfico brasileiro dos anos 70 para o 80 se pautou cada vez mais pelo que "vendia" mais. Quem não se rendeu às baladas pop estilo Sullivan/Massadas ficaria para trás, além disso, havia a febre do BRock. É interessante notar que a canção escolhida para o presumido retorno de Stelinha seja "Fera Ferida", de Roberto e Erasmo. Ora, discos de regravações de Roberto Carlos foram tábua de salvação fonográfica pra muita gente nos anos 80 e 90, Maria Bethânia inclusive.
Enfim, como disseram abaixo, as atuações são muito competentes, destacando as breves mas intensas participações da deslumbrante Ana Beatriz Nogueira e do sempre estelar Emiliano Queiroz. Este filme merecia muito mais divulgação. Visto no aplicativo "Now" da Clarotv - Acervo de filmes do Canal Brasil
Vinterberg sempre tem o dom de conseguir dar profundidade aos personagens mais secundários, de "Festen" até "A caça". Em "A comunidade", isso não acontece: o que vemos é um desperdício escabroso do talento dos atores coadjuvantes. Seus personagens são caricatos, meros 'escadas' para uma tensão simplória que ocorre dentro da família composta por Erik, Anna e Freja. O diretor perdeu a oportunidade de, por meio de todos os personagens, explorar a sutileza das tensões que podem surgir no convívio de tipos tão diferentes quando em coletividade. Não é um filme ruim, chega a ser tocante e intenso em vários momentos, mas está sem dúvida abaixo do que Vinterberg já realizou antes.
Uma das melhores trilhas-sonoras do cinema. O momento em que Brian Slade canta "Baby's on fire" (Brian Eno) é uma das várias cenas que fazem desse filme inesquecível.
Um Freud caricato (não por culpa do excelente Viggo Mortensen, ao que me parece) em embate constante com Jung, (o maior psicólogo da história...na opinião de Cronenberg, claro), aqui vivido por Michael Fassbender, que empresta sua boa aparência e sua atuação sempre digna de nota à maior propaganda pró-Jung que já tive a oportunidade de ver. Esperava bem mais.
Uma adaptacão infeliz. Alguns personagens muito importantes presentes no livro do Hunter S. Thompson foram sacrificados, não se sabe com qual propósito.
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O Máskara
3.4 1,4K Assista AgoraCAOS
O Virgem de 40 Anos
3.1 829 Assista AgoraDesnecessariamente longo
Stelinha
3.2 7 Assista Agora"As pessoas são muito ingratas, Stelinha..."
Stelinha é um filme sensível e franco, possuindo qualidades que o tornam superior a alguns que são decantados como baluartes da dita "retomada" do cinema nacional. Nele, todos os elementos estão gravitando ao redor da performance magistral de Esther Goes. E isso está longe de ser um defeito. Marcos Palmeira, ainda bem jovem, consegue transmitir fidedignamente a ingenuidade/presunção de Eurico, um frontman ascendente de uma banda de roque
(destaque para a cena na qual Stelinha critica a falta de espaço para outros estilos de música nas rádios de então, ligando o rádio e mostrando a Eurico, na prática, como tinha razão)
Esther Góes, por sua vez, fulgura nesse filme com toda a autodestrutividade, decadência e desamparo vividas por uma cantora esquecida e largada ao vício. Ninguém mais se interessa pelos sambas que ela cantava, mas isso parte sobretudo dela mesma. Está de luto pela mãe falecida, pelos tempos idos de glória - e esse luto encontra eco no luto de Eurico, que vê na cantora uma via de retorno a uma infância onde a mãe ainda vivia. Embora o rapaz projete em Stelinha esses elementos edipianos, verá que a cantora é incapaz de seguir qualquer rotina que não seja a de abrir uma latinha de Antarctica ao acordar.
O filme traz uma discussão sutilmente apresentada sobre o quanto o Brasil é uma máquina de moer ídolos. É bem verdade que Stelinha sabota suas chances de voltar ou permanecer em evidência, mas o mercado fonográfico brasileiro dos anos 70 para o 80 se pautou cada vez mais pelo que "vendia" mais. Quem não se rendeu às baladas pop estilo Sullivan/Massadas ficaria para trás, além disso, havia a febre do BRock. É interessante notar que a canção escolhida para o presumido retorno de Stelinha seja "Fera Ferida", de Roberto e Erasmo. Ora, discos de regravações de Roberto Carlos foram tábua de salvação fonográfica pra muita gente nos anos 80 e 90, Maria Bethânia inclusive.
Enfim, como disseram abaixo, as atuações são muito competentes, destacando as breves mas intensas participações da deslumbrante Ana Beatriz Nogueira e do sempre estelar Emiliano Queiroz. Este filme merecia muito mais divulgação.
Visto no aplicativo "Now" da Clarotv - Acervo de filmes do Canal Brasil
Culpa
3.9 356 Assista AgoraTodos na sessão em que assisti permaneceram estáticos por pelo menos um minuto após os créditos finais. Sem mais.
Animal Político
3.5 57Pelo visto, o hype desse filme faz o Luiz Rosemberg Filho realmente parecer nosso Bunuel
A Comunidade
3.4 77 Assista AgoraVinterberg sempre tem o dom de conseguir dar profundidade aos personagens mais secundários, de "Festen" até "A caça". Em "A comunidade", isso não acontece: o que vemos é um desperdício escabroso do talento dos atores coadjuvantes. Seus personagens são caricatos, meros 'escadas' para uma tensão simplória que ocorre dentro da família composta por Erik, Anna e Freja. O diretor perdeu a oportunidade de, por meio de todos os personagens, explorar a sutileza das tensões que podem surgir no convívio de tipos tão diferentes quando em coletividade. Não é um filme ruim, chega a ser tocante e intenso em vários momentos, mas está sem dúvida abaixo do que Vinterberg já realizou antes.
A Rota do Brilho
2.3 17Gretchen e Alexandre Frota, melhor par romantico do cinema BR.
O Enigma de Kaspar Hauser
4.0 328Um suco de Herzog. Deve ser o filme mais visto e resenhado pelos calouros de psicologia mundo afora.
Velvet Goldmine
3.9 333 Assista AgoraUma das melhores trilhas-sonoras do cinema. O momento em que Brian Slade canta "Baby's on fire" (Brian Eno) é uma das várias cenas que fazem desse filme inesquecível.
Um Método Perigoso
3.5 1,1KUm Freud caricato (não por culpa do excelente Viggo Mortensen, ao que me parece) em embate constante com Jung, (o maior psicólogo da história...na opinião de Cronenberg, claro), aqui vivido por Michael Fassbender, que empresta sua boa aparência e sua atuação sempre digna de nota à maior propaganda pró-Jung que já tive a oportunidade de ver. Esperava bem mais.
Diário de um Jornalista Bêbado
3.0 774 Assista grátisUma adaptacão infeliz. Alguns personagens muito importantes presentes no livro do Hunter S. Thompson foram sacrificados, não se sabe com qual propósito.