The Shape of Water é uma jóia e Del Toro é um tesouro. Um dos maiores prazeres para um fã de cinema é assistir um filme em que fica clara a liberdade criativa do diretor, e para Guillermo del Toro, criar um mundo que maravilhe os olhos do espectador, não parece difícil desde O Labirinto do Fauno(2006). No seu mais novo filme, ele vai além e cria uma fábula nada convencional, misturando poesia, fantasia e sensibilidade em um mundo mais do que convencional.
Eliza(Sally Hawkins) é uma muda que trabalha como zeladora em um laboratório americano de testes em plena Guerra Fria, tem como melhores amigos um senhor homossexual solitário(Giles, interpretado por Richard Jenkins) e uma colega de trabalho negra que não para de falar(Zelda, interpretada por Octavia Spencer). A protagonista vive uma vida sem aventuras e novidades, até que conhece um homem-peixe e passa a nutrir um sentimento especial por ele. Certamente, isso parece uma premissa de uma paródia de humor duvidoso, mas Del Toro conseguiu transformar em um dos filmes mais lindos dos últimos tempos.
Com um visual deslumbrante que lembra um pouco Amélie Poulain, Guillermo une um design de produção que maravilha os olhos e uma direção de atores digna de prêmios. Sally Hawkins é brilhante em seu papel, conseguindo protagonizar diálogos maravilhosos sem falar uma palavra sequer. Richard Jenkins exala charme em sua melhor atuação desde muito tempo, assim como Octavia Spencer, que deleita o público com mais uma interpretação cativante. Até Michael Shannon, que em algumas cenas parece desconfortável no papel do apagado vilão Richard Strickland, vai bem.
Eu(e você, leitor, entenderá o porquê de eu me inserir em um texto que deveria ser em terceira pessoa quando assistir) poderia lhe dizer que este é um filme sobre amor, aceitação e monstros aquáticos. Mas a maior verdade é que del Toro, que é mestre em escancarar a monstruosidade dos humanos e extrair a humanidade dos monstros, fez um dos filmes mais tocantes e corajosos do cinema, um filme que não cabe em apenas palavras, talvez em sorrisos e lágrimas encantadas com a beleza dessa obra prima. A Forma da Água, como os seus protagonistas - uma muda, um homossexual, uma negra e um homem peixe -, não se atém a ser algo "normal". É uma fantasia que toma forma em um belo grito na batalha por inclusão e igualdade num mundo nada fantástico.
Filme bom, tirando o CGI péssimo, o vilão apagado e fraco, a trilha sonora nada empolgante - tenho minhas dúvidas se isso é bom ou ruim nesse filme - e a rapidez com que algumas coisas acontecem(parece um episódio piloto de uma série, por isso). Acho que deveria ser mais longo(mais uma vez a Warner cortando muito do filme), mas tem muita coisa boa nesse filme.
1) Cenas de ação bem filmadas. A mania de cenas de ação com câmera tremida e rodando aqui não tem. Ponto MUITO importante, real.
2) Piadas muito boas e no timing certo. Diferentemente da Marvel(cof cof), aqui tem um alívio cômico MUITO BOM, principalmente com o Ezra Miller, que dá mais um show de atuação. ô filho da puta bonito e bom.
3) FINALMENTE UM SUPERMAN SUPERMAN. Forte, humanizado, para pra dar entrevistas pra crianças, enfim enfim(não é spoiler ter o Superman no filme, tem em todo lugar de merchan do filme).
4) Finalmente um bom uso das câmeras lentas. Depois de Watchmen, o Snyder tinha perdido a mão e exagerado, mas nesse, junto com o Joss Whedon, ele acertou.
5) A fotografia não é tão escura assim! E EU ASSISTI NO 3D, CORES!! Dá pra ver o azul no super homem, dá pra ver o vermelho da mulher maravilha, não é cinzento nem nada.
6) Aquaman é bom, o Flash é ótimo e o Cyborg é importantíssimo pra trama. Tanto que o filme poderia ser um filme dele, pela história dele ser tão importante. Conseguiram apresentar bem e rapidamente os heróis.
Enfim, é MUITO melhor que Batman v Superman, mas inferior a Mulher Maravilha. É aquele "podia ser muito melhor, mas eu gostei".
Oriol Paulo e o suspense investigativo espanhol não decepcionam. Não é melhor que "El Cuerpo", meu filme do gênero preferido(e dirigido também pelo Oriol), mas é tão bom quanto. No meio pro final, eu tive uma vaga ideia do final, mas ainda assim, foi bem surpreendente e o modo com que o clímax foi conduzido é digno de Agata Christie, cheio de plot twists.
Digo logo que quem não gostou de "A Bruxa"(do ano passado), não vai gostar desse filme incrível. Saí do cinema mudo, enquanto pensava "que filme foda!", e escutei algumas pessoas falando "que filme ruim", "perdi meu dinheiro nesse filme, nem me assustei" ou coisas assim.
"Ao Cair da Noite" não é um filme de terror jumpscare, como o marketing do filme tentou passar. É um thriller, suspense psicológico e drama familiar que se sai muito bem até em cenas, de certo modo, cômicas. Não é, portanto, um filme nos moldes de Hollywood, então pode causar estranheza em alguns que estão desacostumados a outros tipos de direção. O clima, o tempo e toda a Mise en Scène são perfeitamente dirigidos pelo diretor, que sabe causar inquietação, claustrofobia e até agonia por conta das cenas.
Eu saí meio atordoado do cinema, a fotografia e o som impecáveis ajudam muito no suspense e a cena final é uma pintura. Preciso assistir de novo pra tentar entender melhor as metáforas e alegorias no roteiro, mas já fica aqui a dica, vale muito a pena assistir!
Ben é o pai de seis, que decide fugir da civilização e criar os filhos e filhas nas florestas selvagens do Pacífico Norte. Ele passa os seus dias dando lições às crianças, ensinando-os a praticar esportes e a combater inimigos. Um dia, no entanto, por causa de um acontecimento, Ben é forçado a deixar o local e retornar à vida na cidade. Começa o aprendizado do pai, que deve se acostumar à vida moderna. Essa é a sinopse, que é muito simples se comparado com o roteiro grandioso e perfeito.
O filme mostra como é a rotina de uma família que decidiu viver alternativamente, na natureza, longe dos centros urbanos e de tudo o que estamos acostumados no dia a dia. Ben e sua esposa decidiram que assim os filhos seriam melhores educados, tendo em vista que mundo se torna cada vez mais conservador, as distorções morais e éticas que são distorcidas por causa disso e a busca pelo respeito ao diferente. É disso que o filme trata, principalmente. O respeito ao diferente.
A família tem como atividades diárias, treinamentos de sobrevivência, atividades físicas, fogueira com todos reunidos enquanto cada um lê um livro(a educação deles é "caseira", mas os resultados são absurdos, como uma menina de 8 anos saber a constituição americana ou uma criança ler "Irmãos Karamazov", romance dificílimo de Dostoiévski) e momentos descontraídos com todos tocando um instrumento e fazendo um bom som.
Voltando ao respeito ao diferente, um de seus filhos(Rellian) tem uma personalidade explosiva, irritada e agressiva. Além de não concordar com muita coisa da educação dada a ele e aos seus irmãos. Em várias cenas, vemos o respeito, a calma e a capacidade de escutar que Ben e seus outros filhos têm com Rellian, não amando menos, não deixando de castigo ou não ficando com raiva das atitudes de Rellian, mas sim, respeitando e até as vezes tentando aproximar atos aos do Rellian, como tocar uma música em ritmo rápido ao invés de um ritmo lento, porque Rellian atrapalhava a música batucando agressivamente em seu Cajón. O respeito é retratado em várias outras cenas, como um diálogo entre Bo(filho mais velho) e Ben, sobre a visão política de Bo, diálogo esse que fala sobre Trotskismo, Maoísmo e Stalinismo em uma cena rápida.
A trilha sonora é incrível, com direito a um momento lindo ao som de "Sweet Child o' Mine". A fotografia tem cores bem fortes na natureza e cores menos fortes na cidade, dando mais destaque ao figurino da família e a destacando em cenas muito importantes para o decorrer do filme, ainda, as cores frias e os brilhos são bem dados em momentos de emoções diferentes. O roteiro é genial, não decide lados e isso faz com que agrade gregos e troianos, conservadores e liberais, esquerda ou direita; e consegue passar a mensagem de respeito ao "lado contrário", que o diálogo deve substituir o extremismo, seja qual lado for. As atuações são absurdamente boas, com destaque para Ben(Viggo Mortensen) e Bo(George MacKay). As referências à grandes filantropos ou pensadores/revolucionários são muito bem colocadas, principalmente ao grande Noam Chomsky(de quem eu sou fã), ponto a mais para o longa-metragem.
"Capitão Fantástico" é eficaz no sentido de fazer o espectador refletir sobre o rumo que a sociedade de consumo toma, sobre métodos alternativos de educação e principalmente sobre como o sistema em que vivemos hoje pode nos aprisionar em determinados modos de comportamento prejudiciais para nossa saúde física e mental. É bom acreditar que pode haver outros modos de vida alternativos ao nosso, e que escolhas podem ser adequadas com o tempo. E é por isso tudo e mais coisas que podem ser pautas de boas discussões(mas seriam spoilers), que "Capitão Fantástico" é o meu filme favorito, tomando o lugar de "Show de Truman", que era o meu favorito desde quando eu me entendo por gente.
Em "Meia Noite em Paris", Woody conseguiu fazer um daqueles filmes que pode ser entendido por todos telespectadores, tanto aqueles que vêem cinema como uma diversão, quanto para aqueles que vêem cinema como uma arte e devoram conteúdos cinematográficos para saber mais e mais sobre as teorias(e práticas) cinematográficas. Mas não, este filme não é só mais "um daqueles", e sim faz parte de um grupo mais seleto ainda de filmes que fazem isso não só com o saber cinematográfico, mas o saber artístico e histórico. É um filme que pode ser bem melhor aproveitado se você conhecer as figuras históricas que o Woody põe no filme. Seja para o entendimento da história, para achar incrível a semelhança entre os atores e os representados(o casal Fitzgerald é absurdamente parecido) ou para entender piadas metalinguísticas e referências geniais, como a referência à "Anjo Exterminador", em uma cena com Buñuel.
O filme fala muito bem sobre nostalgia e o quão comum e antigo é o sentimento de nascer na época errada. Seja Gil, que vive no século XXI e apaixonado pelos anos 20, seja para Adriana, que vive nos anos 20 e é apaixonada pela Belle Époque(1870). Mas ainda que de épocas diferentes, os dois são fascinados por Paris e Woody consegue transmitir toda a beleza e charme da capital francesa, dando um ar de eternidade nessas qualidades da cidade.
A fotografia, a trilha sonora e a edição são perfeitamente encaixadas no que Woody trouxe para o filme. Seja a homenagem à Paris ou a nostalgia de épocas antigas. Mesmo com isso, o filme, que é americano, continua parecendo americano e não francês, principalmente pelo enredo e como ele se desenvolve. E acho que nisso, Woody poderia ter forçado um pouco.
Picasso, Hemingway, Dalí, Fitzgerald, Buñuel, Gertrude Stein, Henri Matisse... Os personagens históricos são um show a parte. Mesmo que alguns critiquem a forma com que Woody os retratou, mudando um pouco a visão que o mundo tem deles ou então fazendo deles personagens extremamente caricatos, com personalidades exageradas, eu acho que isso encaixou totalmente no filme e no conhecido ar cômico que o Woody costuma dar aos seus filmes.
A Websérie que tem no YouTube de anos e anos atrás é absurdamente melhor do que a série da Netflix. Mesmo que não seja a série completa, o piloto já é uma aula de como a Netflix deveria ter feito a série. As atuações são superficiais(3 ou 4 atuações são boas e o resto são atuações novelescas), a ambientação e a fotografia não combinam com a série de modo geral(deveria ser mais sombria) e a trilha sonora tem alguns erros de forçar brasilidade em momentos que não faz sentido algum. Os figurinos também achei bem forçados, principalmente para o "lado pobre" da série.
Temos um roteiro coerente, ainda que fraco comparando com a ideia inicial da série e a força que ela poderia ter alcançado. Os mistérios são postos corretamente em ritmo de suspense, o que deixa a série com uma boa pegada de maratona, mesmo não sendo tudo aquilo que eu esperava(Netflix inteligentíssima). Mas os mistérios não são tão mistérios. Comparando com séries que trabalham com teorias e mistérios constantemente, como Lost, Westworld e How To Get Away With Murder, 3% perde feio. Mesmo que a ideia tivesse força para tentar chegar perto dessas séries.
É difícil mesmo fazer uma série com os mesmos trejeitos de Elysium, Jogos Vorazes, Divergente e esses outros filmes, livros e séries afins. Porque já tá sendo uma espécie de distopia cansada e repetitiva. Ainda que a ideia seja original e mais antiga do que essas outras, 3% não conseguiu pôr muito bem a ideia em prática. Ainda assim, espero uma segunda temporada, esperando uma melhora.
Dica: "Justiça" da Globo é excelente e um exemplo que deveria ser seguido por 3%, nas atuações e ambientações principalmente.
Eu fui com um hype bem baixo pro filme, muitos falaram mal do filme e tal, até pessoas que costumam gostar de qualquer coisa falaram pra eu não gastar dinheiro com o filme. Mas devo dizer que gostei do filme. Sim, gostei, sério. Na verdade eu acho que muita gente falou mal do filme sem assistir ou então não prestaram atenção direito. Leiam o que eu tenho a dizer do filme, antes de falar de Lei de incentivo fiscal, boicote ao Duvivier, boicote por causa de religião e essas coisa ridículas de quem eu nem sei porque foi assistir o filme.
O filme tem uma linha narrativa com coesão, quebrando já de cara com os clichês da comédia forçada que é transferida da televisão para o cinema em muitos filmes. Não é no formato de várias esquetes e não faz comédia popular. Não faz comédia com loira burra, gordo atrapalhado ou esses clichês que dificilmente tenha graça em pleno 2016. Há metáforas muito boas e inteligentes, com a metalinguagem bem presente em todo o longa, criando referências que vão de Cinderela Baiana e Pugliesi à obra de Kubrick, Laranja Mecânica. Além de trazer perguntas e reflexões pertinentes em falas que muitos deixam passar despercebido, como por exemplo "qual o limite do humor?".
O diretor Ian SBF - que também assina a direção de um dos melhores filmes nacionais do século, "Entre Abelhas" - é muito bom! Ele utiliza técnicas de câmera perfeitamente e mostra que sabe utilizar de uma boa equipe de montagem, principalmente nas passagens de tempo(cof cof aprende Snyder). Ele já tinha mostrado em "Entre Abelhas" o seu potencial e aqui ele mostra que não foi sorte. Usa plano sequência, usa close em câmera de mão pra mostrar o desespero ou para causar claustrofobia e ainda por cima usa slowmotion muito bem(Snyder, por favor..).
As atuações são boas e os papéis melhores ainda. São papéis alegóricos e personagens planos. Tem crítica ao narcisismo da era digital com uma "vlogueira de snapchat"(eu não sei como chamar isso) estilo Pugliesi, crítica ao sensacionalismo da indústria de fofocas, ao vício tecnológico(tanto no empresário quanto na cena final), à preferência ao lucro(quando o personagem do Porchat quer fazer uma peça de teatro e é desmotivado por causa de dinheiro) e até ao meio cinematográfico, com seus clichês, abusos e incoerências.
Os erros ficam por conta do final, que é previsível, e da onda dramática que toma conta do filme sem muita razão, apenas para indicar que o final está perto. Se você não gosta de pensar e acha que comédias boas são comédias forçadas ou simples, apenas não assista, você não vai gostar. Se você vai pra reclamar de Lei Rouanet, da visão política de alguns ou porque o Porta dos Fundos é um canal que critica a sua religião ou forma de vida, você não vai gostar, não gaste dinheiro.
A Pixar quase sempre sabe como fazer uma sequência(e ela precisa ensinar para as outras produtoras). Não é um filme totalmente nostálgico e isso é genial demais, porque apesar de não o ser, tem "viagens no tempo" com memórias o filme inteiro. Um dos problemas mais recorrentes em sequências depois de muitos anos, é de que o filme está lá apenas para ser uma nostalgia e ganhar em cima disso. Aqui não. Eu ri o filme inteiro, o filme é fofo e engraçado. Algumas pessoas na sala choraram em lindas cenas, enquanto eu abri um sorrisão e tive a pele quase arrancada de tanto arrepio. As dublagens estão ótimas(ainda que eu queria ver em inglês com a Ellen DeGeneres, mas só tem dublado), a beleza da animação nem se fala, as cores são usadas perfeitamente e o roteiro bem feito é bem dirigido pelos diretores Stanton e Maclane. Além de tudo, o filme tem uma mensagem para as crianças e várias mensagens para os adultos. Um filme sobre problemas psicológicos, familiares, "aceitação do caos" e principalmente sobre como lidar(celebrar!) com as diferenças, sejam elas físicas ou cognitivas. Um filme para todos, mas principalmente para os pais de crianças com necessidades especiais. Não vou falar muita coisa porque vou acabar soltando spoiler desse filme incrível. Mas é um daqueles filmes que já nasceu clássico. Um filme memorável sobre perda de memória. A nota é só por questão de comparação com outras animações mesmo.
OBS: O curta que passa antes do filme é muito lindo, bem feito, engraçado e ainda passa uma mensagem linda sobre superação, coragem e felicidade. Não perca os trailers. <3
Filme lindo! Amável do começo ao fim, um filme sem idealização, engraçado, dramático e romântico nos momentos certos. Hugh Dancy tem uma atuação impecável em fazer Adam, um jovem engenheiro eletricista, que é apaixonado pela astronomia e tem Síndrome de Asperger. Me lembrou muito a atuação de Dustin Hoffman em Rain Man, sendo ainda melhor que este, mesmo que não tenha tido a atenção da Academia por não ser um filme com os padrões Hollywoodianos. Mais uma vez, a atuação de Dancy é realmente incrível e dificílima. Talvez por essa atuação, ele obteve o papel de Will Graham na excelente série Hannibal. Rose Byrne também tem uma boa atuação no papel de Beth, uma professora de crianças que se mostra muito cativante e espirituosa. Adam é entusiasta das galáxias e da velocidade da luz, mas é a velocidade do amor que surpreende o personagem de Dancy, criando grandes laços com a sua vizinha recém-chegada, Beth. Durante o filme, muitas risadas, algumas lágrimas, sorrisos gigantes e cenas de dar dó do personagem principal. O filme explica muito sobre o Transtorno de Asperger, sem se desfocar da trama e tendo uma boa direção. Após o filme, as reflexões sobre as consequências de ser alguém sempre sincero, de o quão difícil deve ser a vida de alguém que tenha autismo e de o quanto a sociedade é leiga no assunto se tornam obrigatórias. O filme tem uma trilha sonora ótima(até nos créditos), a câmera posicionada quase sempre no estilo quadrante também me chamou atenção, além da linda fotografia. O roteiro é ótimo, sem clichês e com críticas incríveis ao preconceito causado pela ignorância em relação à doença de Adam(crítica que chega até especialistas, como psicólogos). A única parte negativa do filme é o leve desvio da história principal para retratar a luta judicial e problemas conjugais dos pais de Beth. Mas nada que tire o brilho dessa tocante história.
Nunca tinha visto e tido a reação que esse filme causou dentre os que estavam na sala. A cada cena uma emoção diferente, aplausos, suspiros coletivos e gritaria(mas não aquelas que atrapalham o filme que o fortalezense tá acostumado a ver e sim que esboçavam emoções quando um personagem aparecia ou havia uma cena foda de ação). Atuações incríveis, direção que me surpreendeu por ser do J J Abrams, muitas referências bem colocadas, humor típico do Star Wars bem explorados e na hora certa, personagens bem desenvolvidos, mise en scene ótimo, atos bem demarcados e explosões de emoções do início ao fim.. Pra mim, facilmente o segundo melhor da série, perdendo pouquíssimo para o episódio V(O império contra-ataca). Sendo mais específico, J J Abrams me surpreendeu positivamente por não ter usado o tanto de CGI que foi usado na trilogia "nova", me surpreendeu também por ter feito um filme que parecia ser da trilogia velha, não pela qualidade da imagem(que tá perfeita), mas pelas técnicas de filmagem, coreografias bem feitas de lutas e construção dos personagens bem elaborada. Subiu muito no meu conceito após essa obra prima do cinema recente. A primeira ordem, nova força sombria de Star Wars depois que o Império foi destruído junto com Darth Vader, é incrivelmente maior. Lembra muito o partido nazista ou partido fascista pelos trajes, discurso, sotaque, torturas e organização. Achei isso muito bem pensado e bem relacionado com as tramas anteriores. O seu líder supremo, Snoke, não é muito bem apresentado no filme, mas certamente será explorado nos outros filmes, parece ser um personagem fortíssimo. Sobre as atuações, John Boyega tá incrível, faz um personagem bem humorado e é muito bem construído(repetindo tanto porque realmente isso foi uma coisa que me chamou muita atenção); Daisy Ridley, a outra novata protagonista também tem uma atuação impecável e me arrisco a dizer que os dois vão ser certamente heróis adorados pelas próximas gerações, assim como foi Luke, Anakin, Leia e Han Solo. Destes dois, ,destaco Han, sendo interpretado pela lenda do Harrison Ford mais uma vez e esbojando o humor e conforto de sempre dentro de cena. Kylo Ren, dado como sucessor de Darth Vader é INCRÍVEL. É um personagem bipolar instável emocionalmente, mas que é temido e bem encaixado no filme. BB-8, o novo droid engraçadinho que de certa forma substitui o R2-D2 é ótimo, mais engraçado que R2 e tão importante quanto. A trilha sonora continua sendo uma trilha sonora digna de Star Wars, mais uma vez com o incrível John Williams na composição. O filme é quase perfeito, se não fosse pela rapidez com que o clímax passa, muito rapidamente e deixando algumas dúvidas e mistérios que não podem ser adivinhados nem pelo mais atento na sala de cinema, pois não há deixas ou dicas sobre. Tive diversas emoções no filme: raiva, alegria, êxtase, tristeza, fiquei em estado de choque.. Mas nenhuma delas foi tédio, preguiça e sono. Filme incrível, se você não assistiu os outros da série, assiste esse, com certeza vai despertar interesse pelos outros filmes absurdamente bons! "Han Solo: Chewie, we're home." - A força de Star Wars certamente voltou com esse filme excelente! heart emoticon Nota: 9,5/10
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A Forma da Água
3.9 2,7KThe Shape of Water é uma jóia e Del Toro é um tesouro.
Um dos maiores prazeres para um fã de cinema é assistir um filme em que fica clara a liberdade criativa do diretor, e para Guillermo del Toro, criar um mundo que maravilhe os olhos do espectador, não parece difícil desde O Labirinto do Fauno(2006). No seu mais novo filme, ele vai além e cria uma fábula nada convencional, misturando poesia, fantasia e sensibilidade em um mundo mais do que convencional.
Eliza(Sally Hawkins) é uma muda que trabalha como zeladora em um laboratório americano de testes em plena Guerra Fria, tem como melhores amigos um senhor homossexual solitário(Giles, interpretado por Richard Jenkins) e uma colega de trabalho negra que não para de falar(Zelda, interpretada por Octavia Spencer). A protagonista vive uma vida sem aventuras e novidades, até que conhece um homem-peixe e passa a nutrir um sentimento especial por ele. Certamente, isso parece uma premissa de uma paródia de humor duvidoso, mas Del Toro conseguiu transformar em um dos filmes mais lindos dos últimos tempos.
Com um visual deslumbrante que lembra um pouco Amélie Poulain, Guillermo une um design de produção que maravilha os olhos e uma direção de atores digna de prêmios. Sally Hawkins é brilhante em seu papel, conseguindo protagonizar diálogos maravilhosos sem falar uma palavra sequer. Richard Jenkins exala charme em sua melhor atuação desde muito tempo, assim como Octavia Spencer, que deleita o público com mais uma interpretação cativante. Até Michael Shannon, que em algumas cenas parece desconfortável no papel do apagado vilão Richard Strickland, vai bem.
Eu(e você, leitor, entenderá o porquê de eu me inserir em um texto que deveria ser em terceira pessoa quando assistir) poderia lhe dizer que este é um filme sobre amor, aceitação e monstros aquáticos. Mas a maior verdade é que del Toro, que é mestre em escancarar a monstruosidade dos humanos e extrair a humanidade dos monstros, fez um dos filmes mais tocantes e corajosos do cinema, um filme que não cabe em apenas palavras, talvez em sorrisos e lágrimas encantadas com a beleza dessa obra prima. A Forma da Água, como os seus protagonistas - uma muda, um homossexual, uma negra e um homem peixe -, não se atém a ser algo "normal". É uma fantasia que toma forma em um belo grito na batalha por inclusão e igualdade num mundo nada fantástico.
Liga da Justiça
3.3 2,5K Assista AgoraFilme bom, tirando o CGI péssimo, o vilão apagado e fraco, a trilha sonora nada empolgante - tenho minhas dúvidas se isso é bom ou ruim nesse filme - e a rapidez com que algumas coisas acontecem(parece um episódio piloto de uma série, por isso). Acho que deveria ser mais longo(mais uma vez a Warner cortando muito do filme), mas tem muita coisa boa nesse filme.
1) Cenas de ação bem filmadas. A mania de cenas de ação com câmera tremida e rodando aqui não tem. Ponto MUITO importante, real.
2) Piadas muito boas e no timing certo. Diferentemente da Marvel(cof cof), aqui tem um alívio cômico MUITO BOM, principalmente com o Ezra Miller, que dá mais um show de atuação. ô filho da puta bonito e bom.
3) FINALMENTE UM SUPERMAN SUPERMAN. Forte, humanizado, para pra dar entrevistas pra crianças, enfim enfim(não é spoiler ter o Superman no filme, tem em todo lugar de merchan do filme).
4) Finalmente um bom uso das câmeras lentas. Depois de Watchmen, o Snyder tinha perdido a mão e exagerado, mas nesse, junto com o Joss Whedon, ele acertou.
5) A fotografia não é tão escura assim! E EU ASSISTI NO 3D, CORES!! Dá pra ver o azul no super homem, dá pra ver o vermelho da mulher maravilha, não é cinzento nem nada.
6) Aquaman é bom, o Flash é ótimo e o Cyborg é importantíssimo pra trama. Tanto que o filme poderia ser um filme dele, pela história dele ser tão importante. Conseguiram apresentar bem e rapidamente os heróis.
Enfim, é MUITO melhor que Batman v Superman, mas inferior a Mulher Maravilha. É aquele "podia ser muito melhor, mas eu gostei".
Um Contratempo
4.2 2,0KOriol Paulo e o suspense investigativo espanhol não decepcionam. Não é melhor que "El Cuerpo", meu filme do gênero preferido(e dirigido também pelo Oriol), mas é tão bom quanto. No meio pro final, eu tive uma vaga ideia do final, mas ainda assim, foi bem surpreendente e o modo com que o clímax foi conduzido é digno de Agata Christie, cheio de plot twists.
Ao Cair da Noite
3.1 977 Assista AgoraDigo logo que quem não gostou de "A Bruxa"(do ano passado), não vai gostar desse filme incrível. Saí do cinema mudo, enquanto pensava "que filme foda!", e escutei algumas pessoas falando "que filme ruim", "perdi meu dinheiro nesse filme, nem me assustei" ou coisas assim.
"Ao Cair da Noite" não é um filme de terror jumpscare, como o marketing do filme tentou passar. É um thriller, suspense psicológico e drama familiar que se sai muito bem até em cenas, de certo modo, cômicas. Não é, portanto, um filme nos moldes de Hollywood, então pode causar estranheza em alguns que estão desacostumados a outros tipos de direção.
O clima, o tempo e toda a Mise en Scène são perfeitamente dirigidos pelo diretor, que sabe causar inquietação, claustrofobia e até agonia por conta das cenas.
Eu saí meio atordoado do cinema, a fotografia e o som impecáveis ajudam muito no suspense e a cena final é uma pintura. Preciso assistir de novo pra tentar entender melhor as metáforas e alegorias no roteiro, mas já fica aqui a dica, vale muito a pena assistir!
Capitão Fantástico
4.4 2,7K Assista AgoraBen é o pai de seis, que decide fugir da civilização e criar os filhos e filhas nas florestas selvagens do Pacífico Norte. Ele passa os seus dias dando lições às crianças, ensinando-os a praticar esportes e a combater inimigos. Um dia, no entanto, por causa de um acontecimento, Ben é forçado a deixar o local e retornar à vida na cidade. Começa o aprendizado do pai, que deve se acostumar à vida moderna. Essa é a sinopse, que é muito simples se comparado com o roteiro grandioso e perfeito.
O filme mostra como é a rotina de uma família que decidiu viver alternativamente, na natureza, longe dos centros urbanos e de tudo o que estamos acostumados no dia a dia. Ben e sua esposa decidiram que assim os filhos seriam melhores educados, tendo em vista que mundo se torna cada vez mais conservador, as distorções morais e éticas que são distorcidas por causa disso e a busca pelo respeito ao diferente. É disso que o filme trata, principalmente. O respeito ao diferente.
A família tem como atividades diárias, treinamentos de sobrevivência, atividades físicas, fogueira com todos reunidos enquanto cada um lê um livro(a educação deles é "caseira", mas os resultados são absurdos, como uma menina de 8 anos saber a constituição americana ou uma criança ler "Irmãos Karamazov", romance dificílimo de Dostoiévski) e momentos descontraídos com todos tocando um instrumento e fazendo um bom som.
Voltando ao respeito ao diferente, um de seus filhos(Rellian) tem uma personalidade explosiva, irritada e agressiva. Além de não concordar com muita coisa da educação dada a ele e aos seus irmãos. Em várias cenas, vemos o respeito, a calma e a capacidade de escutar que Ben e seus outros filhos têm com Rellian, não amando menos, não deixando de castigo ou não ficando com raiva das atitudes de Rellian, mas sim, respeitando e até as vezes tentando aproximar atos aos do Rellian, como tocar uma música em ritmo rápido ao invés de um ritmo lento, porque Rellian atrapalhava a música batucando agressivamente em seu Cajón. O respeito é retratado em várias outras cenas, como um diálogo entre Bo(filho mais velho) e Ben, sobre a visão política de Bo, diálogo esse que fala sobre Trotskismo, Maoísmo e Stalinismo em uma cena rápida.
A trilha sonora é incrível, com direito a um momento lindo ao som de "Sweet Child o' Mine". A fotografia tem cores bem fortes na natureza e cores menos fortes na cidade, dando mais destaque ao figurino da família e a destacando em cenas muito importantes para o decorrer do filme, ainda, as cores frias e os brilhos são bem dados em momentos de emoções diferentes. O roteiro é genial, não decide lados e isso faz com que agrade gregos e troianos, conservadores e liberais, esquerda ou direita; e consegue passar a mensagem de respeito ao "lado contrário", que o diálogo deve substituir o extremismo, seja qual lado for. As atuações são absurdamente boas, com destaque para Ben(Viggo Mortensen) e Bo(George MacKay). As referências à grandes filantropos ou pensadores/revolucionários são muito bem colocadas, principalmente ao grande Noam Chomsky(de quem eu sou fã), ponto a mais para o longa-metragem.
"Capitão Fantástico" é eficaz no sentido de fazer o espectador refletir sobre o rumo que a sociedade de consumo toma, sobre métodos alternativos de educação e principalmente sobre como o sistema em que vivemos hoje pode nos aprisionar em determinados modos de comportamento prejudiciais para nossa saúde física e mental. É bom acreditar que pode haver outros modos de vida alternativos ao nosso, e que escolhas podem ser adequadas com o tempo. E é por isso tudo e mais coisas que podem ser pautas de boas discussões(mas seriam spoilers), que "Capitão Fantástico" é o meu filme favorito, tomando o lugar de "Show de Truman", que era o meu favorito desde quando eu me entendo por gente.
Meia-Noite em Paris
4.0 3,8K Assista AgoraEm "Meia Noite em Paris", Woody conseguiu fazer um daqueles filmes que pode ser entendido por todos telespectadores, tanto aqueles que vêem cinema como uma diversão, quanto para aqueles que vêem cinema como uma arte e devoram conteúdos cinematográficos para saber mais e mais sobre as teorias(e práticas) cinematográficas.
Mas não, este filme não é só mais "um daqueles", e sim faz parte de um grupo mais seleto ainda de filmes que fazem isso não só com o saber cinematográfico, mas o saber artístico e histórico. É um filme que pode ser bem melhor aproveitado se você conhecer as figuras históricas que o Woody põe no filme. Seja para o entendimento da história, para achar incrível a semelhança entre os atores e os representados(o casal Fitzgerald é absurdamente parecido) ou para entender piadas metalinguísticas e referências geniais, como a referência à "Anjo Exterminador", em uma cena com Buñuel.
O filme fala muito bem sobre nostalgia e o quão comum e antigo é o sentimento de nascer na época errada. Seja Gil, que vive no século XXI e apaixonado pelos anos 20, seja para Adriana, que vive nos anos 20 e é apaixonada pela Belle Époque(1870). Mas ainda que de épocas diferentes, os dois são fascinados por Paris e Woody consegue transmitir toda a beleza e charme da capital francesa, dando um ar de eternidade nessas qualidades da cidade.
A fotografia, a trilha sonora e a edição são perfeitamente encaixadas no que Woody trouxe para o filme. Seja a homenagem à Paris ou a nostalgia de épocas antigas. Mesmo com isso, o filme, que é americano, continua parecendo americano e não francês, principalmente pelo enredo e como ele se desenvolve. E acho que nisso, Woody poderia ter forçado um pouco.
Picasso, Hemingway, Dalí, Fitzgerald, Buñuel, Gertrude Stein, Henri Matisse... Os personagens históricos são um show a parte. Mesmo que alguns critiquem a forma com que Woody os retratou, mudando um pouco a visão que o mundo tem deles ou então fazendo deles personagens extremamente caricatos, com personalidades exageradas, eu acho que isso encaixou totalmente no filme e no conhecido ar cômico que o Woody costuma dar aos seus filmes.
3% (1ª Temporada)
3.6 772 Assista AgoraA Websérie que tem no YouTube de anos e anos atrás é absurdamente melhor do que a série da Netflix. Mesmo que não seja a série completa, o piloto já é uma aula de como a Netflix deveria ter feito a série.
As atuações são superficiais(3 ou 4 atuações são boas e o resto são atuações novelescas), a ambientação e a fotografia não combinam com a série de modo geral(deveria ser mais sombria) e a trilha sonora tem alguns erros de forçar brasilidade em momentos que não faz sentido algum. Os figurinos também achei bem forçados, principalmente para o "lado pobre" da série.
Temos um roteiro coerente, ainda que fraco comparando com a ideia inicial da série e a força que ela poderia ter alcançado. Os mistérios são postos corretamente em ritmo de suspense, o que deixa a série com uma boa pegada de maratona, mesmo não sendo tudo aquilo que eu esperava(Netflix inteligentíssima). Mas os mistérios não são tão mistérios. Comparando com séries que trabalham com teorias e mistérios constantemente, como Lost, Westworld e How To Get Away With Murder, 3% perde feio. Mesmo que a ideia tivesse força para tentar chegar perto dessas séries.
É difícil mesmo fazer uma série com os mesmos trejeitos de Elysium, Jogos Vorazes, Divergente e esses outros filmes, livros e séries afins. Porque já tá sendo uma espécie de distopia cansada e repetitiva. Ainda que a ideia seja original e mais antiga do que essas outras, 3% não conseguiu pôr muito bem a ideia em prática. Ainda assim, espero uma segunda temporada, esperando uma melhora.
Dica: "Justiça" da Globo é excelente e um exemplo que deveria ser seguido por 3%, nas atuações e ambientações principalmente.
Porta dos Fundos - Contrato Vitalício
2.0 352 Assista AgoraEu fui com um hype bem baixo pro filme, muitos falaram mal do filme e tal, até pessoas que costumam gostar de qualquer coisa falaram pra eu não gastar dinheiro com o filme. Mas devo dizer que gostei do filme. Sim, gostei, sério. Na verdade eu acho que muita gente falou mal do filme sem assistir ou então não prestaram atenção direito. Leiam o que eu tenho a dizer do filme, antes de falar de Lei de incentivo fiscal, boicote ao Duvivier, boicote por causa de religião e essas coisa ridículas de quem eu nem sei porque foi assistir o filme.
O filme tem uma linha narrativa com coesão, quebrando já de cara com os clichês da comédia forçada que é transferida da televisão para o cinema em muitos filmes. Não é no formato de várias esquetes e não faz comédia popular. Não faz comédia com loira burra, gordo atrapalhado ou esses clichês que dificilmente tenha graça em pleno 2016.
Há metáforas muito boas e inteligentes, com a metalinguagem bem presente em todo o longa, criando referências que vão de Cinderela Baiana e Pugliesi à obra de Kubrick, Laranja Mecânica. Além de trazer perguntas e reflexões pertinentes em falas que muitos deixam passar despercebido, como por exemplo "qual o limite do humor?".
O diretor Ian SBF - que também assina a direção de um dos melhores filmes nacionais do século, "Entre Abelhas" - é muito bom! Ele utiliza técnicas de câmera perfeitamente e mostra que sabe utilizar de uma boa equipe de montagem, principalmente nas passagens de tempo(cof cof aprende Snyder). Ele já tinha mostrado em "Entre Abelhas" o seu potencial e aqui ele mostra que não foi sorte. Usa plano sequência, usa close em câmera de mão pra mostrar o desespero ou para causar claustrofobia e ainda por cima usa slowmotion muito bem(Snyder, por favor..).
As atuações são boas e os papéis melhores ainda. São papéis alegóricos e personagens planos. Tem crítica ao narcisismo da era digital com uma "vlogueira de snapchat"(eu não sei como chamar isso) estilo Pugliesi, crítica ao sensacionalismo da indústria de fofocas, ao vício tecnológico(tanto no empresário quanto na cena final), à preferência ao lucro(quando o personagem do Porchat quer fazer uma peça de teatro e é desmotivado por causa de dinheiro) e até ao meio cinematográfico, com seus clichês, abusos e incoerências.
Os erros ficam por conta do final, que é previsível, e da onda dramática que toma conta do filme sem muita razão, apenas para indicar que o final está perto.
Se você não gosta de pensar e acha que comédias boas são comédias forçadas ou simples, apenas não assista, você não vai gostar. Se você vai pra reclamar de Lei Rouanet, da visão política de alguns ou porque o Porta dos Fundos é um canal que critica a sua religião ou forma de vida, você não vai gostar, não gaste dinheiro.
Procurando Dory
4.0 1,8K Assista AgoraA Pixar quase sempre sabe como fazer uma sequência(e ela precisa ensinar para as outras produtoras). Não é um filme totalmente nostálgico e isso é genial demais, porque apesar de não o ser, tem "viagens no tempo" com memórias o filme inteiro. Um dos problemas mais recorrentes em sequências depois de muitos anos, é de que o filme está lá apenas para ser uma nostalgia e ganhar em cima disso. Aqui não.
Eu ri o filme inteiro, o filme é fofo e engraçado. Algumas pessoas na sala choraram em lindas cenas, enquanto eu abri um sorrisão e tive a pele quase arrancada de tanto arrepio.
As dublagens estão ótimas(ainda que eu queria ver em inglês com a Ellen DeGeneres, mas só tem dublado), a beleza da animação nem se fala, as cores são usadas perfeitamente e o roteiro bem feito é bem dirigido pelos diretores Stanton e Maclane.
Além de tudo, o filme tem uma mensagem para as crianças e várias mensagens para os adultos. Um filme sobre problemas psicológicos, familiares, "aceitação do caos" e principalmente sobre como lidar(celebrar!) com as diferenças, sejam elas físicas ou cognitivas. Um filme para todos, mas principalmente para os pais de crianças com necessidades especiais.
Não vou falar muita coisa porque vou acabar soltando spoiler desse filme incrível. Mas é um daqueles filmes que já nasceu clássico. Um filme memorável sobre perda de memória.
A nota é só por questão de comparação com outras animações mesmo.
OBS: O curta que passa antes do filme é muito lindo, bem feito, engraçado e ainda passa uma mensagem linda sobre superação, coragem e felicidade. Não perca os trailers. <3
Adam
3.9 825Filme lindo! Amável do começo ao fim, um filme sem idealização, engraçado, dramático e romântico nos momentos certos.
Hugh Dancy tem uma atuação impecável em fazer Adam, um jovem engenheiro eletricista, que é apaixonado pela astronomia e tem Síndrome de Asperger. Me lembrou muito a atuação de Dustin Hoffman em Rain Man, sendo ainda melhor que este, mesmo que não tenha tido a atenção da Academia por não ser um filme com os padrões Hollywoodianos. Mais uma vez, a atuação de Dancy é realmente incrível e dificílima. Talvez por essa atuação, ele obteve o papel de Will Graham na excelente série Hannibal.
Rose Byrne também tem uma boa atuação no papel de Beth, uma professora de crianças que se mostra muito cativante e espirituosa.
Adam é entusiasta das galáxias e da velocidade da luz, mas é a velocidade do amor que surpreende o personagem de Dancy, criando grandes laços com a sua vizinha recém-chegada, Beth.
Durante o filme, muitas risadas, algumas lágrimas, sorrisos gigantes e cenas de dar dó do personagem principal. O filme explica muito sobre o Transtorno de Asperger, sem se desfocar da trama e tendo uma boa direção.
Após o filme, as reflexões sobre as consequências de ser alguém sempre sincero, de o quão difícil deve ser a vida de alguém que tenha autismo e de o quanto a sociedade é leiga no assunto se tornam obrigatórias.
O filme tem uma trilha sonora ótima(até nos créditos), a câmera posicionada quase sempre no estilo quadrante também me chamou atenção, além da linda fotografia.
O roteiro é ótimo, sem clichês e com críticas incríveis ao preconceito causado pela ignorância em relação à doença de Adam(crítica que chega até especialistas, como psicólogos).
A única parte negativa do filme é o leve desvio da história principal para retratar a luta judicial e problemas conjugais dos pais de Beth. Mas nada que tire o brilho dessa tocante história.
Nota 4,5/5
Star Wars, Episódio VII: O Despertar da Força
4.3 3,1K Assista AgoraNunca tinha visto e tido a reação que esse filme causou dentre os que estavam na sala. A cada cena uma emoção diferente, aplausos, suspiros coletivos e gritaria(mas não aquelas que atrapalham o filme que o fortalezense tá acostumado a ver e sim que esboçavam emoções quando um personagem aparecia ou havia uma cena foda de ação). Atuações incríveis, direção que me surpreendeu por ser do J J Abrams, muitas referências bem colocadas, humor típico do Star Wars bem explorados e na hora certa, personagens bem desenvolvidos, mise en scene ótimo, atos bem demarcados e explosões de emoções do início ao fim.. Pra mim, facilmente o segundo melhor da série, perdendo pouquíssimo para o episódio V(O império contra-ataca).
Sendo mais específico, J J Abrams me surpreendeu positivamente por não ter usado o tanto de CGI que foi usado na trilogia "nova", me surpreendeu também por ter feito um filme que parecia ser da trilogia velha, não pela qualidade da imagem(que tá perfeita), mas pelas técnicas de filmagem, coreografias bem feitas de lutas e construção dos personagens bem elaborada. Subiu muito no meu conceito após essa obra prima do cinema recente.
A primeira ordem, nova força sombria de Star Wars depois que o Império foi destruído junto com Darth Vader, é incrivelmente maior. Lembra muito o partido nazista ou partido fascista pelos trajes, discurso, sotaque, torturas e organização. Achei isso muito bem pensado e bem relacionado com as tramas anteriores. O seu líder supremo, Snoke, não é muito bem apresentado no filme, mas certamente será explorado nos outros filmes, parece ser um personagem fortíssimo.
Sobre as atuações, John Boyega tá incrível, faz um personagem bem humorado e é muito bem construído(repetindo tanto porque realmente isso foi uma coisa que me chamou muita atenção); Daisy Ridley, a outra novata protagonista também tem uma atuação impecável e me arrisco a dizer que os dois vão ser certamente heróis adorados pelas próximas gerações, assim como foi Luke, Anakin, Leia e Han Solo. Destes dois, ,destaco Han, sendo interpretado pela lenda do Harrison Ford mais uma vez e esbojando o humor e conforto de sempre dentro de cena. Kylo Ren, dado como sucessor de Darth Vader é INCRÍVEL. É um personagem bipolar instável emocionalmente, mas que é temido e bem encaixado no filme. BB-8, o novo droid engraçadinho que de certa forma substitui o R2-D2 é ótimo, mais engraçado que R2 e tão importante quanto.
A trilha sonora continua sendo uma trilha sonora digna de Star Wars, mais uma vez com o incrível John Williams na composição.
O filme é quase perfeito, se não fosse pela rapidez com que o clímax passa, muito rapidamente e deixando algumas dúvidas e mistérios que não podem ser adivinhados nem pelo mais atento na sala de cinema, pois não há deixas ou dicas sobre.
Tive diversas emoções no filme: raiva, alegria, êxtase, tristeza, fiquei em estado de choque.. Mas nenhuma delas foi tédio, preguiça e sono. Filme incrível, se você não assistiu os outros da série, assiste esse, com certeza vai despertar interesse pelos outros filmes absurdamente bons!
"Han Solo: Chewie, we're home." - A força de Star Wars certamente voltou com esse filme excelente! heart emoticon
Nota: 9,5/10