A quebra de um simbolo. A quebra de um rapaz que nasceu no dia da independência e teve o sonho patriótico conquistado ao defender o país na guerra do Vietnã. Após a aventura bélica, retorna ao lar destruído, e por mais que ainda queira fundamentar seu ato heróico, com o tempo percebe que foi mais um influenciado para lutar uma guerra imotivada.
Tom Cruise incrível. Direção de muito destaque. Fotografia e trilha igualmente destacam-se.
O filme começa muito bem, uma história bem construída e começa a perder força de sua metade para o final. Contudo, todo o embaralhado de gêneros e acontecimentos condizem com o personagem central, que busca, de maneira infrutífera, a virilidade regrada na comunidade em que vive. Ao final, tenho que se trata de um bom filme, mas que poderia ser muito melhor.
O drama argentino (cuja história se passa em maioria na Espanha) não tem pretensão de emocionar, mas emociona. Não tem pretensão de comover, mas comove. É o famoso dito pelo não dito.
Julian (Ricardo Darín) é diagnosticado com doença terminal, decidindo aproveitar o pouco que lhe resta sem enfrentar os severos tratamentos para a enfermidade. É visitado pelo amigo de longa data, Tomás (Javier Cámara), o qual retorna do Canadá e assume a missão de convencer Julian a não desistir. Ambos passam quatro dias juntos, “cheios de cotidiano”, com almoços, festas, conversas, reflexões, muitas reflexões.
E sim, Truman é o gigantesco cão de Julian. Ele decide doar o animal/filho para alguma família com condições e interesse em já ter um cachorro de idade avançada. Truman é apenas um pano de fundo, deixado bem lá no fundo, servindo de bandeja (há pleonasmo aqui?) para todos os sentimentos envoltos daqueles personagens.
As cenas do longa em sua maioria são simples, mas pontualmente fortes na sua simplicidade. Como dito, a emoção brota sem ao menos percebemos, graças muito ao talento e sintonia dessa dupla, Darin e Cámara.
Uma história comum, representada por pessoas comuns, lindamente trazida a tela e com cenas pontuais que tocam o coração profundamente.
Ano de 1920, norte da China. Após a morte do pai, a estudante universitária Songlian torna-se a quarta esposa de um Poderoso Senhor, eis que não poderia mais financiar os seus estudos. Ela é colocada numa casa ao lado de tantas outras para servir o marido, seguindo as tradições feudais daquele país.
Lanternas vermelhas eram colocadas pelos serviçais na residência da esposa que dormiria com o Senhor naquele dia, o que lhes garantia direito a inúmeros serviços e regalias, incluindo uma confortante massagem nos pés;
Na medida que a trama se desenrola, Songlian, as demais esposas e uma serviçal, entram em intensos conflitos, culminando em mais perdas do que ganhos para todas.
Nessa ótica, interessante como as quatros esposas, extremamente reprimidas e vítimas de uma hostilidade mascarada, não se unem para lutar contra o sistema imposto naquele casarão, mas, ao contrário, fazem de tudo para chegarem ao topo do Poder perante o marido(o qual em nenhum momento nos é mostrado o rosto, fundamentando ainda mais que o filme pertence ao conflito das quatro mulheres)., ainda que suas escolhas sejam trágicas.
Trata-se de um filme maravilhoso, contado com bastante cuidado e sem pressa. Fotografia e direção de arte belíssima, além da pesada trilha sonora.
Bezano, um estudioso científico, trabalha a exaustão em sua tese, a fim de apresentá-la para comunidade científica. Ao termina-la, comemora com sua esposa e com um Barão, que lhe cede a sua residência e financia tais trabalhos. No dia agendado para o seminário, o mencionado Barão toma pra si os estudos de Bezamo como se dele fosse. Ao protestar, o Bezamo é esbofeteado pelo Barão, gerando risos histriônicos na plateia de cientistas. Após tais humilhações, já em casa, o protagonista descobre também que o Barão igualmente “roubou” sua esposa.
Desolado pela traições, o fabuloso estudioso se torna um palhaço, encontrando inclusive a fama. Seu grande espetáculo é ser estapeado por uma multidão de palhaços para que a plateia morra de rir. Seu propósito é esse: Apanhar, sorrir e arrancar risos.
Interessante que nesse aspecto, o personagem me lembrou muito o recente Coringa de Joaquim Phoenix, já que possui um sorriso largo e amargo, quase que involuntário. Temos um palhaço transtornado pelo seu passado, com traços de loucura. Ele voltaria a se apaixonar e também enfrentar seu antigo algoz.
“Na amarga comédia da vida, o último sorriso é o melhor”.
O filme trata muito sobre a ganância, a sobreposição do dinheiro em face dos reais ideais que nos tornam humanos. O dinheiro compra inteligência, glamour, casamentos, o mundo. Nosso nobre protagonista apenas queria provar que talvez a Terra fosse Redonda para ser reconhecido, ao passo que sua esposa, por exemplo, queria apenas uma vida luxuosa não importando como.
Na história a humanidade também é condenada por se deliciar com a violência. Adoramos ver pessoas caindo, apanhando e morrendo, sobretudo as mais fracas que nós. “Eu apanho e eles riem”.
A obra igualmente é cheia de elementos simbólicos que compõe a narrativa. Como exemplo, posso citar o coração despedaçado do figurino do palhaço, que é novamente recolocado através da costura por uma moça, e a partir de então o comediante volta a acreditar no amor.
Minha primeira experiência com o diretor sueco Victor Sjöström, fico satisfeito de presenciar uma história simples, sobre amor e ganância, executada lindamente, através de uma forte trilha sonora e cheia de simbolismos.
Filme excelente, com ótimas atuações e trilha sonora magnífica. O roteiro é inteligente e a história se desenvolve lenta e lindamente. A linguagem corporal diz muito mais do que palavras. Aqui o menos quer dizer mais.
Em dado momento, é ordenado pelo professor ao garotinho protagonista, Frank, que escreva uma redação sobre como seria Jesus se tivesse crescido em Limerick, a mais santa das cidades da Irlanda.
“...Sempre que Jesus tinha fome, tudo que fazia era caminhar em um pé de figueira ou laranjeira e servir-se... ou se queria um quartilho, acenava para um grande cálice e ali aparecia o quartilho, ou visitava Maria Madalena e sua irmã Marta e elas serviam jantar para ele sem nenhuma pergunta. Então foi bom Jesus ter nascido Judeu naquele lugar quente, pois se tivesse nascido em Limerick teria pegado tuberculose e morrido em mês, e não teria Igreja Católica alguma e não teríamos que escrever composição sobre Ele.”
Alan Parker entrega uma história de intenso sofrimento, sobre uma família de irlandeses que já residia no EUA em 1935, mas resolve fazer o caminho inverso de seus pares, retornando para a Irlanda próximo de seus familiares em busca de melhore condições.
Frank, já adulto, dá voz em off a película, narrando a terrível infância, avisando-nos desde o início que pior que ser uma família empobrecida, é ser uma família empobrecida, com muitos filhos, com patriarca alcoólatra, e ainda ter que viver na Irlanda naquele período, uma Irlanda Católica.
Nesse ponto, destaca-se o paralelo que se faz entre a pobreza extrema dos irlandeses em relação ao poderio da Igreja naquela localidade. Não fosse o mencionado desabafo do garotinho sobre Jesus, tem-se a cena de um Padre doando seus restos de comida para centenas de mulheres; Frank encontra uma moeda na rua e a primeira coisa que faz é comprar uma vela para acender ao Santo e pedir que não precise estudar na sala do irmão mais novo (ele ficou afastado um período após adoecer e teve que repetir o ano na escola); O pai alcoólatra, com gestos genuínos pelas manhãs inspirado pela Santidade Divina, transforma-se no próprio demônio em período noturno, ao se desfazer das escassas quantias recebidas do seguro desemprego em bebidas.
Mas ali todos sabiam porque as igrejas permaneciam cheias: Chovia muito, e a população ia nelas para não se molhar. De fato, a ambientação é muito pesada, casas aglomeradas, chuvas incessantes e gélida, barro e lama. Todos muitos sujos e com muita fome, dormindo amontoados em camas com pulgas.
Um drama extremamente pesado e triste, sendo o sofrimento das pessoas lançado em tela com muita propriedade pelo diretor. Apesar de tudo, o final é esperançoso, um alento após tanto desgraças.
Mais um belo filme desse ano maravilhoso que foi 1999.
Apesar de se enquadrar hoje no que se denomina “Pornochanchada”, essa pérola nacional (baseada em mais um conto de Nelson Rodrigues), possui as suas qualidades.
Aqui, vemos inicialmente uma mulher contida, que se casa virgem e ao se negar a ter relações sexuais com o marido, acaba sendo estuprada por ele. A partir de então, nossa heroína passa a apresentar sexualidade aflorada, relacionando-se com amigo do companheiro, com o seu genitor e também com estranhos, especialmente aqueles encontrados no interior de ônibus públicos (daí o título da obra).
O filme ganha muito com atuação da super Sônia Braga. A película é transgressora quando em 1978 coloca em tela uma mulher casada que se torna libertina nos desideratos sexuais. Afinal, a mulher “era santa e assim o era porque é fria”. A esposa tem que ser santa e fria, servindo apenas para fortalecer o casamento no que lhe propõe o marido e a sociedade.
Certamente a história não instigaria tanto se o protagonista fosse homem, já que se se comportasse de igual maneira estaria tudo normal. Contudo, aqui temos uma mulher, dona de casa e casada, que se labirinta pelo Rio de Janeiro atrás de conquistas sexuais sem motivação aparente (e, convenhamos, não importa muito suas motivações).
Após o filme, li o conto de Nelson Rodrigues, constatando que a obra está muito bem adaptada, quase ipsis litteris. Trata-se de uma história singela, mas que na sua simplicidade desperta diversos questionamentos sobre o agir da personagem central e dos seres que a rodeiam.
Em pesquisa rápida, a obra é a sexta nacional mais vista em nosso país e muito graças a beleza de Sônia Braga (já que o público queria ver sua nudez na grande tela).
Talvez o que tenha incomodado no filme (após assistí-lo) foi o titulo nacional dado à obra (que no original se chama La Cérémonie). Isso porque, o título é um puta spoiler, que contribui para que o ápice final não seja tão estonteante caso tivessem-lhe entregado outro título.
Como muito zelo, Claude Chabrol conta uma história simples e cotidiana, construindo vagarosamente não apenas suas duas protagonistas, mas também os demais personagens secundários. Através de um roteiro e direção inteligentes, o publico vai tendo recortes de informações que vão ganhando peso para o que estaria por vir.
O filme inicia com a contratação da empregada doméstica Sophie pela então matriarca de uma família composta por seu marido, filho e enteada. Com o tempo, Sophie conhece a funcionária dos correios, Jeanne, com a qual engata uma real amizade, que sutilmente evolui para um romance, mas nada explícito.
Esse é o núcleo central do filme. Sophia e Jeanne e a Família Burguesa. Força trabalhista vs Burguesia.
É impressionante o trabalho de direção de atores realizado pelo diretor. Certo que a dupla de mulheres possuem um talento nato, mas por vezes é possível perceber o trabalho de Chabrol nesse aspecto.
Nesse sentido, Sandrine Bonnaire interpreta a empregada doméstica Shophie, calada, séria, tímida, temerosa, solitária e estranha. Parece ter um passado oprimido e com segredos, apenas esquecendo-o quando está ao lado de Jeanne, interpretada lindamente por Isabelle Huppert. Esta última é completamente o oposto de Sophie, sendo mais alegre, simpática e expansiva. As duas se interligam não apenas por serem da mesma classe e por terem um passado tortuoso, mas pela curiosidade de Jeanne para com a instigante Sophie. Fica subtendido na obra que ambas passam a ser gostar inclusive amorosamente.
É minha primeira experiência com Claude Chabrol , e fico chateado de conhecer sua obra somente agora. Embora a narrativa seja casual e cotidiana, ele, com elegância, eleva a obra á máxima potência.
O filme é legal e divertido. Há cenas de fato muito boas, com muito terror e suspense. O roteiro peca um pouco em certos momentos e por vezes a história se mostra um tanto inocente. Eliabeth Moss ótima como sempre.
Embora seja uma adaptação da obra de Agatha Christie, o filme em si não me agradou muito. Mesmo com um elenco bacana (como Glenn Close, por exemplo), figurinos e cenários lindíssimos, a história é contada de forma genérica e os personagens em nada cativam ou instigam.
Basicamente, há um assassinato de um milionário e vários são os suspeitos, sendo a maioria componentes de sua própria família (se assemelha ao recente Entre Facas e Segredos nesse ponto, sendo este muito melhor). Como há de ser, todos teriam motivos para matar a vítima e um jovem detetive passa a investiga-los a pedido da neta do falecido (ambos tiveram um romance no passado na cidade do Cairo).
Chama-se a atenção pois o detetive parece muito amador, com pouco potencial e nada carismático. Apesar de toda uma investigação,
o crime é desvendado através da leitura de um diário, ou seja, qualquer um poderia ter descoberto a verdade dos fatos, não necessitando de um profissional.
O final é simples e pouco emotivo, combinando com todo o desenvolver da história.
Thriller político intenso, com uma fotografia urbana, aguda, seca e pesada. Uma edição endiabrada (vencedora do óscar). O filme é grande não apenas por seus aspectos técnicos, mas por contar uma história baseada em fatos reais cuja sensação dejá vu infelizmente nos é inerente.
Basicamente o filme se passa entorno de uma investigação da morte de um politico liberal, que é assassinado durante uma manifestação por membros de um grupo de direita. Tudo isso tenta ser violentamente encobertado pelas autoridades locais, que tratam o caso como mero acidente. O Governo de Posição, conservador, veste o manto da democracia e se apresenta como um sistema de proteção a também aqueles que lhe são opositores. Durante a trama vemos que não há apenas omissão dos agentes no dever de se prestar uma proteção eficiente, mas também comportamentos dolosos para extirpar qualquer resquício de ideologia que surja e seja contrária ao governo.
Meu segundo filme do diretor grego Costas-Gravas. Talvez este seja este o seu mais importante e poderoso trabalho. Uma obra de cinquenta anos, mas que apresenta um debate ainda atual.
Nascido em 4 de Julho
3.7 243 Assista AgoraA quebra de um simbolo. A quebra de um rapaz que nasceu no dia da independência e teve o sonho patriótico conquistado ao defender o país na guerra do Vietnã. Após a aventura bélica, retorna ao lar destruído, e por mais que ainda queira fundamentar seu ato heróico, com o tempo percebe que foi mais um influenciado para lutar uma guerra imotivada.
Tom Cruise incrível. Direção de muito destaque. Fotografia e trilha igualmente destacam-se.
Estranhos em Casa
2.7 202 Assista AgoraO filme começa muito bem, uma história bem construída e começa a perder força de sua metade para o final. Contudo, todo o embaralhado de gêneros e acontecimentos condizem com o personagem central, que busca, de maneira infrutífera, a virilidade regrada na comunidade em que vive. Ao final, tenho que se trata de um bom filme, mas que poderia ser muito melhor.
Truman
3.9 151 Assista AgoraO drama argentino (cuja história se passa em maioria na Espanha) não tem pretensão de emocionar, mas emociona. Não tem pretensão de comover, mas comove. É o famoso dito pelo não dito.
Julian (Ricardo Darín) é diagnosticado com doença terminal, decidindo aproveitar o pouco que lhe resta sem enfrentar os severos tratamentos para a enfermidade. É visitado pelo amigo de longa data, Tomás (Javier Cámara), o qual retorna do Canadá e assume a missão de convencer Julian a não desistir. Ambos passam quatro dias juntos, “cheios de cotidiano”, com almoços, festas, conversas, reflexões, muitas reflexões.
E sim, Truman é o gigantesco cão de Julian. Ele decide doar o animal/filho para alguma família com condições e interesse em já ter um cachorro de idade avançada. Truman é apenas um pano de fundo, deixado bem lá no fundo, servindo de bandeja (há pleonasmo aqui?) para todos os sentimentos envoltos daqueles personagens.
As cenas do longa em sua maioria são simples, mas pontualmente fortes na sua simplicidade. Como dito, a emoção brota sem ao menos percebemos, graças muito ao talento e sintonia dessa dupla, Darin e Cámara.
Uma história comum, representada por pessoas comuns, lindamente trazida a tela e com cenas pontuais que tocam o coração profundamente.
Amor à Segunda Vista
3.8 83bonitinho
A Casa do Terror
3.0 363 Assista AgoraDivertido.
Nunca Deixe de Lembrar
3.9 143 Assista AgoraUm filme legal, mas que tinha potencial pra ser muito maior. Sua ultima hora desanda, perde força e de repente termina.
O Chalé
3.3 723 Assista AgoraAgonia profunda. Grata surpresa.
Milagre na Cela 7
4.1 1,2K Assista Agoramelosoooooooooo
Lanternas Vermelhas
4.3 201Ano de 1920, norte da China. Após a morte do pai, a estudante universitária Songlian torna-se a quarta esposa de um Poderoso Senhor, eis que não poderia mais financiar os seus estudos. Ela é colocada numa casa ao lado de tantas outras para servir o marido, seguindo as tradições feudais daquele país.
Lanternas vermelhas eram colocadas pelos serviçais na residência da esposa que dormiria com o Senhor naquele dia, o que lhes garantia direito a inúmeros serviços e regalias, incluindo uma confortante massagem nos pés;
Na medida que a trama se desenrola, Songlian, as demais esposas e uma serviçal, entram em intensos conflitos, culminando em mais perdas do que ganhos para todas.
Nessa ótica, interessante como as quatros esposas, extremamente reprimidas e vítimas de uma hostilidade mascarada, não se unem para lutar contra o sistema imposto naquele casarão, mas, ao contrário, fazem de tudo para chegarem ao topo do Poder perante o marido(o qual em nenhum momento nos é mostrado o rosto, fundamentando ainda mais que o filme pertence ao conflito das quatro mulheres)., ainda que suas escolhas sejam trágicas.
Trata-se de um filme maravilhoso, contado com bastante cuidado e sem pressa. Fotografia e direção de arte belíssima, além da pesada trilha sonora.
Ironia da Sorte
4.4 39 Assista AgoraBezano, um estudioso científico, trabalha a exaustão em sua tese, a fim de apresentá-la para comunidade científica. Ao termina-la, comemora com sua esposa e com um Barão, que lhe cede a sua residência e financia tais trabalhos. No dia agendado para o seminário, o mencionado Barão toma pra si os estudos de Bezamo como se dele fosse. Ao protestar, o Bezamo é esbofeteado pelo Barão, gerando risos histriônicos na plateia de cientistas. Após tais humilhações, já em casa, o protagonista descobre também que o Barão igualmente “roubou” sua esposa.
Desolado pela traições, o fabuloso estudioso se torna um palhaço, encontrando inclusive a fama. Seu grande espetáculo é ser estapeado por uma multidão de palhaços para que a plateia morra de rir. Seu propósito é esse: Apanhar, sorrir e arrancar risos.
Interessante que nesse aspecto, o personagem me lembrou muito o recente Coringa de Joaquim Phoenix, já que possui um sorriso largo e amargo, quase que involuntário. Temos um palhaço transtornado pelo seu passado, com traços de loucura. Ele voltaria a se apaixonar e também enfrentar seu antigo algoz.
“Na amarga comédia da vida, o último sorriso é o melhor”.
O filme trata muito sobre a ganância, a sobreposição do dinheiro em face dos reais ideais que nos tornam humanos. O dinheiro compra inteligência, glamour, casamentos, o mundo. Nosso nobre protagonista apenas queria provar que talvez a Terra fosse Redonda para ser reconhecido, ao passo que sua esposa, por exemplo, queria apenas uma vida luxuosa não importando como.
Na história a humanidade também é condenada por se deliciar com a violência. Adoramos ver pessoas caindo, apanhando e morrendo, sobretudo as mais fracas que nós. “Eu apanho e eles riem”.
A obra igualmente é cheia de elementos simbólicos que compõe a narrativa. Como exemplo, posso citar o coração despedaçado do figurino do palhaço, que é novamente recolocado através da costura por uma moça, e a partir de então o comediante volta a acreditar no amor.
Minha primeira experiência com o diretor sueco Victor Sjöström, fico satisfeito de presenciar uma história simples, sobre amor e ganância, executada lindamente, através de uma forte trilha sonora e cheia de simbolismos.
Vestígios do Dia
3.8 219 Assista AgoraFilme excelente, com ótimas atuações e trilha sonora magnífica. O roteiro é inteligente e a história se desenvolve lenta e lindamente. A linguagem corporal diz muito mais do que palavras. Aqui o menos quer dizer mais.
As Cinzas de Ângela
4.0 78 Assista AgoraEm dado momento, é ordenado pelo professor ao garotinho protagonista, Frank, que escreva uma redação sobre como seria Jesus se tivesse crescido em Limerick, a mais santa das cidades da Irlanda.
“...Sempre que Jesus tinha fome, tudo que fazia era caminhar em um pé de figueira ou laranjeira e servir-se... ou se queria um quartilho, acenava para um grande cálice e ali aparecia o quartilho, ou visitava Maria Madalena e sua irmã Marta e elas serviam jantar para ele sem nenhuma pergunta. Então foi bom Jesus ter nascido Judeu naquele lugar quente, pois se tivesse nascido em Limerick teria pegado tuberculose e morrido em mês, e não teria Igreja Católica alguma e não teríamos que escrever composição sobre Ele.”
Alan Parker entrega uma história de intenso sofrimento, sobre uma família de irlandeses que já residia no EUA em 1935, mas resolve fazer o caminho inverso de seus pares, retornando para a Irlanda próximo de seus familiares em busca de melhore condições.
Frank, já adulto, dá voz em off a película, narrando a terrível infância, avisando-nos desde o início que pior que ser uma família empobrecida, é ser uma família empobrecida, com muitos filhos, com patriarca alcoólatra, e ainda ter que viver na Irlanda naquele período, uma Irlanda Católica.
Nesse ponto, destaca-se o paralelo que se faz entre a pobreza extrema dos irlandeses em relação ao poderio da Igreja naquela localidade. Não fosse o mencionado desabafo do garotinho sobre Jesus, tem-se a cena de um Padre doando seus restos de comida para centenas de mulheres; Frank encontra uma moeda na rua e a primeira coisa que faz é comprar uma vela para acender ao Santo e pedir que não precise estudar na sala do irmão mais novo (ele ficou afastado um período após adoecer e teve que repetir o ano na escola); O pai alcoólatra, com gestos genuínos pelas manhãs inspirado pela Santidade Divina, transforma-se no próprio demônio em período noturno, ao se desfazer das escassas quantias recebidas do seguro desemprego em bebidas.
Mas ali todos sabiam porque as igrejas permaneciam cheias: Chovia muito, e a população ia nelas para não se molhar. De fato, a ambientação é muito pesada, casas aglomeradas, chuvas incessantes e gélida, barro e lama. Todos muitos sujos e com muita fome, dormindo amontoados em camas com pulgas.
Um drama extremamente pesado e triste, sendo o sofrimento das pessoas lançado em tela com muita propriedade pelo diretor. Apesar de tudo, o final é esperançoso, um alento após tanto desgraças.
Mais um belo filme desse ano maravilhoso que foi 1999.
A Dama do Lotação
3.1 129Apesar de se enquadrar hoje no que se denomina “Pornochanchada”, essa pérola nacional (baseada em mais um conto de Nelson Rodrigues), possui as suas qualidades.
Aqui, vemos inicialmente uma mulher contida, que se casa virgem e ao se negar a ter relações sexuais com o marido, acaba sendo estuprada por ele. A partir de então, nossa heroína passa a apresentar sexualidade aflorada, relacionando-se com amigo do companheiro, com o seu genitor e também com estranhos, especialmente aqueles encontrados no interior de ônibus públicos (daí o título da obra).
O filme ganha muito com atuação da super Sônia Braga. A película é transgressora quando em 1978 coloca em tela uma mulher casada que se torna libertina nos desideratos sexuais. Afinal, a mulher “era santa e assim o era porque é fria”. A esposa tem que ser santa e fria, servindo apenas para fortalecer o casamento no que lhe propõe o marido e a sociedade.
Certamente a história não instigaria tanto se o protagonista fosse homem, já que se se comportasse de igual maneira estaria tudo normal. Contudo, aqui temos uma mulher, dona de casa e casada, que se labirinta pelo Rio de Janeiro atrás de conquistas sexuais sem motivação aparente (e, convenhamos, não importa muito suas motivações).
Após o filme, li o conto de Nelson Rodrigues, constatando que a obra está muito bem adaptada, quase ipsis litteris. Trata-se de uma história singela, mas que na sua simplicidade desperta diversos questionamentos sobre o agir da personagem central e dos seres que a rodeiam.
Em pesquisa rápida, a obra é a sexta nacional mais vista em nosso país e muito graças a beleza de Sônia Braga (já que o público queria ver sua nudez na grande tela).
Mulheres Diabólicas
4.0 86 Assista AgoraTalvez o que tenha incomodado no filme (após assistí-lo) foi o titulo nacional dado à obra (que no original se chama La Cérémonie). Isso porque, o título é um puta spoiler, que contribui para que o ápice final não seja tão estonteante caso tivessem-lhe entregado outro título.
Como muito zelo, Claude Chabrol conta uma história simples e cotidiana, construindo vagarosamente não apenas suas duas protagonistas, mas também os demais personagens secundários. Através de um roteiro e direção inteligentes, o publico vai tendo recortes de informações que vão ganhando peso para o que estaria por vir.
O filme inicia com a contratação da empregada doméstica Sophie pela então matriarca de uma família composta por seu marido, filho e enteada. Com o tempo, Sophie conhece a funcionária dos correios, Jeanne, com a qual engata uma real amizade, que sutilmente evolui para um romance, mas nada explícito.
Esse é o núcleo central do filme. Sophia e Jeanne e a Família Burguesa. Força trabalhista vs Burguesia.
É impressionante o trabalho de direção de atores realizado pelo diretor. Certo que a dupla de mulheres possuem um talento nato, mas por vezes é possível perceber o trabalho de Chabrol nesse aspecto.
Nesse sentido, Sandrine Bonnaire interpreta a empregada doméstica Shophie, calada, séria, tímida, temerosa, solitária e estranha. Parece ter um passado oprimido e com segredos, apenas esquecendo-o quando está ao lado de Jeanne, interpretada lindamente por Isabelle Huppert. Esta última é completamente o oposto de Sophie, sendo mais alegre, simpática e expansiva. As duas se interligam não apenas por serem da mesma classe e por terem um passado tortuoso, mas pela curiosidade de Jeanne para com a instigante Sophie. Fica subtendido na obra que ambas passam a ser gostar inclusive amorosamente.
É minha primeira experiência com Claude Chabrol , e fico chateado de conhecer sua obra somente agora. Embora a narrativa seja casual e cotidiana, ele, com elegância, eleva a obra á máxima potência.
O Homem Invisível
3.8 2,0K Assista AgoraO filme é legal e divertido. Há cenas de fato muito boas, com muito terror e suspense. O roteiro peca um pouco em certos momentos e por vezes a história se mostra um tanto inocente. Eliabeth Moss ótima como sempre.
A Casa Torta
3.3 70 Assista AgoraEmbora seja uma adaptação da obra de Agatha Christie, o filme em si não me agradou muito. Mesmo com um elenco bacana (como Glenn Close, por exemplo), figurinos e cenários lindíssimos, a história é contada de forma genérica e os personagens em nada cativam ou instigam.
Basicamente, há um assassinato de um milionário e vários são os suspeitos, sendo a maioria componentes de sua própria família (se assemelha ao recente Entre Facas e Segredos nesse ponto, sendo este muito melhor). Como há de ser, todos teriam motivos para matar a vítima e um jovem detetive passa a investiga-los a pedido da neta do falecido (ambos tiveram um romance no passado na cidade do Cairo).
Chama-se a atenção pois o detetive parece muito amador, com pouco potencial e nada carismático. Apesar de toda uma investigação,
o crime é desvendado através da leitura de um diário, ou seja, qualquer um poderia ter descoberto a verdade dos fatos, não necessitando de um profissional.
O final é simples e pouco emotivo, combinando com todo o desenvolver da história.
A Garota do Adeus
3.9 55 Assista AgoraTrata-se de um clichê gostoso de ver. O filme é ótimo por conta de seu bonito roteiro e das grandes atuações.
O Bar Luva Dourada
3.6 340Indigesto em certos momentos. O bar é o centro de seres bizarros, sendo que a história se aprofunda na vida de um deles. Ótimo filme.
Retrato de uma Jovem em Chamas
4.4 899 Assista AgoraFilme muito bonito. Sutil, que diz muito com muito pouco.
Z
4.4 122Thriller político intenso, com uma fotografia urbana, aguda, seca e pesada. Uma edição endiabrada (vencedora do óscar). O filme é grande não apenas por seus aspectos técnicos, mas por contar uma história baseada em fatos reais cuja sensação dejá vu infelizmente nos é inerente.
Basicamente o filme se passa entorno de uma investigação da morte de um politico liberal, que é assassinado durante uma manifestação por membros de um grupo de direita. Tudo isso tenta ser violentamente encobertado pelas autoridades locais, que tratam o caso como mero acidente. O Governo de Posição, conservador, veste o manto da democracia e se apresenta como um sistema de proteção a também aqueles que lhe são opositores. Durante a trama vemos que não há apenas omissão dos agentes no dever de se prestar uma proteção eficiente, mas também comportamentos dolosos para extirpar qualquer resquício de ideologia que surja e seja contrária ao governo.
Meu segundo filme do diretor grego Costas-Gravas. Talvez este seja este o seu mais importante e poderoso trabalho. Uma obra de cinquenta anos, mas que apresenta um debate ainda atual.
Joias Brutas
3.7 1,1K Assista AgoraO filme é intenso, não se pode respirar. Uma loucura só, em pouco espaço de Tempo. Adam está muito bem. Trilha sonora psicodélica. Filmão
O Rei
3.6 404O filme é bom. Apenas bom. O upgrade alcançado pela atuação de Timothée é sucumbido perante o roteiro ingênuo da obra.
Cadê Você, Bernadette?
3.4 146 Assista AgoraA docilidade dos diálogos proporcionado por Linklater e ainda a grandiosa atuação de Blanchett fazem desse filme maior do que ele poderia ser.
A Despedida
4.0 298Filminho cutcut, final lindíssimo.