Estou há alguns minutos tentando escrever a tese da minha crítica sobre "Ninfomaníaca - Parte 1" e não consigo porque, infelizmente, meu limitado vocabulário não consegue definir um filme tão cuidadosamente criado, com referências tão empolgantes, ironias com "timing" perfeito e críticas contundentes. A emoção causada pela obra de Lars Von Trier é, paradoxalmente, empolgante e aflituosa. Ao sair da sessão, senti-me como se meu organismo não tivesse enzimas para digeri-lo por completo, não por ser polêmico - e ele não o é embora esteja se vendendo como - mas por seu espectro de interpretações. E sabe qual é o mais empolgante de tudo? O diretor dispara uma crítica contra todo o conteúdo deste parágrafo.
"Ninfomaníaca - Parte 1" não é um filme sobre sexo. É um estudo psicológico de uma juventude traumática - e exótica - sob às lentes da maturidade. A tal ninfomaníaca, de fato, parece não ter nada a oferecer a não ser sua boceta. E, por falar em maturidade, se você se sentiu impactado pela palavra "boceta" na frase anterior, o clubinho dos 90% dos espectadores que se sentiram incomodados ao ver um pênis na telona te espera.
É excitante compreender referências de outros gêneros plantadas pelo diretor em um filme tão multifacetado. Por exemplo: em um simples plano, temos a personagem de Charlotte Gainsbourg, ferida, deitada em uma cama narrando uma história (que ela insiste em classificar como "pecaminosa") para o personagem de Stellan Skarsgard. E não é à toa que Lars Von Trier introduz estes elementos religiosos nos diálogos já que, em algumas situações, temos a sensação de estar assistindo a um exorcismo devido a brilhante direção de arte aliada à maquiagem, fotografia e o excelente desempenho de Skarsgard, que caracterizaram-no como um exorcista vestindo trajes pretos e expressões sempre preocupadas. Em sua companhia, temos Charlotte como uma "jovem" possuída com aparência anêmica e vulnerável, rosto coberto de ferimentos e hematomas sempre iluminado por uma luz quente que o cobre apenas pela metade, deixando a outra sempre sob uma assustadora penumbra.
O personagem de Stellan Skarsgard, confidente de Charlotte, é introduzido como um pescador pedante (e sexualmente frustrado) que sempre busca referências de seu universo para criar empatia com a deprimente história narrada pela protagonista. Nada mais comum, certo? Em um diálogo, principalmente quando há compartilhamento de experiências, buscamos sempre referências pessoais quando nos deparamos com um universo muito distante do nosso. Desse modo, conseguimos criar um vínculo com o interlocutor que facilita o acesso às suas emoções. O mais interessante - e irônico - é notar o desconforto da crítica que interpretou este personagem como uma artimanha de Lars "que abusa de citações filosóficas para preencher o vazio do filme" (Susana Schild, crítica do O Globo) ou, como aponta Marcelo Janot (crítico do O Globo), o roteiro de Lars é "conduzido por comentários recheados de metáforas risíveis". Em outras palavras, ele é "o chato", "o mala sem alça", "o pedante" do filme. E até algumas expressões de Charlotte Gainsbourg transmite a sensação de que sua personagem também compartilha dos mesmos sentimentos que a crítica.
Mas pera lá, bem como aponta Mario Abbade, também crítico do O Globo, não é preciso revirar muitas críticas cinematográficas para que identifiquemos referências literárias, musicais, filosóficas, psicalíticas, etc., ao analisar determinada obra cinematográfica. Então, quando você realiza que o personagem de Stellan Skarsgard representa, sob uma ótica metalinguística, um crítico de cinema avaliando determinada narrativa, com todas as suas peripécias e chatices, só o que me resta fazer é ignorar tudo isso o que eu escrevi e deixar que o filme fale por si, como propõe seu visionário (ops, escapuliu, desculpa) diretor.
Uma proposta tão bacana e um primeiro ato impecável. Duas estrelas por esses dois fatores. Poderia ter sido um curta e não ter mostrado o resto, seria melhor do que esse desenvolvimento (e final) lixo(s).
Como disse o amigo abaixo, premissa interessante mas execução decepcionante devido ao excesso de personagens e sua consequente falta de densidade dramática.
Acho interessante essa tendência no cinema de retratar personagens com patologias. Nina esquizofrênica em black swan, Justine depressiva em melancolia, e o Brandon ninfomaníaco aqui em shame. Aguardo mais histórias de personagens com pânico, transtorno de ansiedade, patologias escatológicas, etc.
Chato, forçado, melodramático demais. Spielberg erra a mão em quase tudo, inclusive na duração do filme. O que se salva apenas é a fotografia, mas ainda assim será difícil tirar o Óscar de "A Árvore da Vida".
O Grande Golpe
4.1 236 Assista AgoraFinal catártico como todo bom filme do Kubrick.
Ninfomaníaca: Volume 1
3.7 2,7K Assista Agora"O ingrediente secreto é a ironia"
Estou há alguns minutos tentando escrever a tese da minha crítica sobre "Ninfomaníaca - Parte 1" e não consigo porque, infelizmente, meu limitado vocabulário não consegue definir um filme tão cuidadosamente criado, com referências tão empolgantes, ironias com "timing" perfeito e críticas contundentes. A emoção causada pela obra de Lars Von Trier é, paradoxalmente, empolgante e aflituosa. Ao sair da sessão, senti-me como se meu organismo não tivesse enzimas para digeri-lo por completo, não por ser polêmico - e ele não o é embora esteja se vendendo como - mas por seu espectro de interpretações. E sabe qual é o mais empolgante de tudo? O diretor dispara uma crítica contra todo o conteúdo deste parágrafo.
"Ninfomaníaca - Parte 1" não é um filme sobre sexo. É um estudo psicológico de uma juventude traumática - e exótica - sob às lentes da maturidade. A tal ninfomaníaca, de fato, parece não ter nada a oferecer a não ser sua boceta. E, por falar em maturidade, se você se sentiu impactado pela palavra "boceta" na frase anterior, o clubinho dos 90% dos espectadores que se sentiram incomodados ao ver um pênis na telona te espera.
É excitante compreender referências de outros gêneros plantadas pelo diretor em um filme tão multifacetado. Por exemplo: em um simples plano, temos a personagem de Charlotte Gainsbourg, ferida, deitada em uma cama narrando uma história (que ela insiste em classificar como "pecaminosa") para o personagem de Stellan Skarsgard. E não é à toa que Lars Von Trier introduz estes elementos religiosos nos diálogos já que, em algumas situações, temos a sensação de estar assistindo a um exorcismo devido a brilhante direção de arte aliada à maquiagem, fotografia e o excelente desempenho de Skarsgard, que caracterizaram-no como um exorcista vestindo trajes pretos e expressões sempre preocupadas. Em sua companhia, temos Charlotte como uma "jovem" possuída com aparência anêmica e vulnerável, rosto coberto de ferimentos e hematomas sempre iluminado por uma luz quente que o cobre apenas pela metade, deixando a outra sempre sob uma assustadora penumbra.
O personagem de Stellan Skarsgard, confidente de Charlotte, é introduzido como um pescador pedante (e sexualmente frustrado) que sempre busca referências de seu universo para criar empatia com a deprimente história narrada pela protagonista. Nada mais comum, certo? Em um diálogo, principalmente quando há compartilhamento de experiências, buscamos sempre referências pessoais quando nos deparamos com um universo muito distante do nosso. Desse modo, conseguimos criar um vínculo com o interlocutor que facilita o acesso às suas emoções. O mais interessante - e irônico - é notar o desconforto da crítica que interpretou este personagem como uma artimanha de Lars "que abusa de citações filosóficas para preencher o vazio do filme" (Susana Schild, crítica do O Globo) ou, como aponta Marcelo Janot (crítico do O Globo), o roteiro de Lars é "conduzido por comentários recheados de metáforas risíveis". Em outras palavras, ele é "o chato", "o mala sem alça", "o pedante" do filme. E até algumas expressões de Charlotte Gainsbourg transmite a sensação de que sua personagem também compartilha dos mesmos sentimentos que a crítica.
Mas pera lá, bem como aponta Mario Abbade, também crítico do O Globo, não é preciso revirar muitas críticas cinematográficas para que identifiquemos referências literárias, musicais, filosóficas, psicalíticas, etc., ao analisar determinada obra cinematográfica. Então, quando você realiza que o personagem de Stellan Skarsgard representa, sob uma ótica metalinguística, um crítico de cinema avaliando determinada narrativa, com todas as suas peripécias e chatices, só o que me resta fazer é ignorar tudo isso o que eu escrevi e deixar que o filme fale por si, como propõe seu visionário (ops, escapuliu, desculpa) diretor.
Avaliação: 5/5
YellowBrickRoad
2.1 70Uma proposta tão bacana e um primeiro ato impecável. Duas estrelas por esses dois fatores. Poderia ter sido um curta e não ter mostrado o resto, seria melhor do que esse desenvolvimento (e final) lixo(s).
Minha Mãe é Uma Peça: O Filme
3.7 2,6K Assista AgoraTenho visto muitas pessoas falarem que o filme foi aplaudido. Na minha sessão, também foi.
Chamada de Emergência
3.7 1,5K Assista AgoraOs personagens competem pelo prêmio de maior incompetência. TODOS.
O Impossível
4.1 3,1K Assista AgoraBastante protocolar. Desde os planos, movimentos de câmera até o enredo. Mas não deixou de ser um bom filme. Apenas bom.
E não entendi a indicação de Naomi Watts, ela ficou numa maca o filme todo. Destaque para a atuação dos pequenos Thomas e Simon.
A Viagem
3.7 2,5K Assista AgoraDestaque apenas para a atuação de Bae Doo-Na e para a montagem inteligente e eficaz.
A Viagem
3.7 2,5K Assista AgoraEstúpido, idealizado, clichê, supérfluo, etc.
Festim Diabólico
4.3 882 Assista AgoraUm suspense eficiente e tecnicamente impecável. Mas nada extraordinário.
Tropicália
4.1 289Achei confuso. Mas bom.
Magic Mike
3.0 1,3K Assista AgoraEsse filme chegou a passar pela correção de cores?
007: Operação Skyfall
3.9 2,5K Assista AgoraProtocolar.
Até Que a Sorte Nos Separe
2.8 1,2KRuim.
360
3.4 928 Assista AgoraComo disse o amigo abaixo, premissa interessante mas execução decepcionante devido ao excesso de personagens e sua consequente falta de densidade dramática.
Cosmópolis
2.7 1,0K Assista AgoraComplicado. Mas bom.
Shame
3.6 2,0K Assista AgoraAcho interessante essa tendência no cinema de retratar personagens com patologias. Nina esquizofrênica em black swan, Justine depressiva em melancolia, e o Brandon ninfomaníaco aqui em shame. Aguardo mais histórias de personagens com pânico, transtorno de ansiedade, patologias escatológicas, etc.
Esse filme não poderia ser melhor.
Drive
3.9 3,5K Assista AgoraTarantino + pop + competência
Tão Forte e Tão Perto
4.0 2,0K Assista AgoraMelhor filme de 2011.
A Mulher de Preto
3.0 2,9KNada se salva nesse filme. Nada. Um festival de clichês e uma palhaçada só.
Cavalo de Guerra
4.0 1,9KChato, forçado, melodramático demais. Spielberg erra a mão em quase tudo, inclusive na duração do filme.
O que se salva apenas é a fotografia, mas ainda assim será difícil tirar o Óscar de "A Árvore da Vida".
Noite de Ano Novo
3.1 1,2K Assista AgoraCine crítica:
O Artista
4.2 2,1K Assista Agorame lembrou vagamente cidadão kane
Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual
4.3 2,3K Assista AgoraOriginal, dinâmico, divertido e necessário.
Uma Manhã Gloriosa
3.4 729 Assista Agoraregular