Hoje terminei de ver a nova série da Netflix sobre espiritualidade, "Vida Após A Morte". Diferente de alguns espectadores espíritas que se frustraram com a falta de base doutrinária da produção, eu a achei muito bonita e emocionante, apesar de suas limitações.
A Netflix é uma plataforma global que alcança inúmeros países de diversas línguas. Os filmes e séries que vão pra lá alcançam públicos imensos, de todos os tipos. Com "Vida Após A Morte", são milhões de possíveis pessoas que podem ser diretamente impactadas com temas como Experiência de Quase Morte, Mediunidade ou Reencarnação.
Essa possibilidade de democratizar as discussões e o acesso a assuntos pouco discutidos ou quase inviabilizados, por si só, já garante o mérito à série. Imaginem quantos espectadores que nunca ouviram falar sobre esses temas e são completamente leigos no assunto agora podem vislumbrar uma visão maior da vida e buscar, depois, outras fontes de conhecimento, se aprofundando nesse campo tão vasto?
Pra mim, a grande sacada de "Vida Após A Morte" é esta: ser uma porta de entrada capaz de fazer despertar nas pessoas a curiosidade e o estímulo pra adentrar na grande jornada de busca espiritual.
Sou especialista em Produção Audiovisual e não pude deixar de notar que os roteiros de cada episódio são costurados com depoimentos que apelam pra o lado emocional, pra identificação e pra sentimentos universais, como o amor parental. Em alguns momentos, o texto pende pra o sensacionalismo, mas os relatos impressionantes dão conta de justificar a narrativa carregada. Eu me emocionei algumas vezes e acho que qualquer um com o mínimo de sensibilidade também deve ter se sentido tocado em algum momento.
Também gostei bastante da abordagem científica dada à série com espaço pra especialistas e pesquisadores mostrarem suas teorias e trabalhos acadêmicos. Creio que, em alguns momentos, a tríplice da doutrina Espírita (científica, filosófica e religiosa) pende muito mais pra o lado religioso e deixa as outras "pernas" de lado. Nenhuma é mais importante que a outra, mas a fé raciocinada deve prevalecer sobre crenças tão limitantes que se aproximam de dogmas do cristianismo tradicional, que tanto tentamos evitar. A menos é como vejo, claro que posso estar enganado.
Evidentemente, "Vida Após A Morte" está longe de ser perfeita. O que mais me incomodou, sem dúvida, foi não terem citado em momento nenhum o trabalho de Kardec ou, a menos, o episódio das irmãs Fox. Citaram outros pesquisadores influentes, como Camille Flammarion, mas nada de Kardec. Achei irônico terem ido à Paris entrevistar um pesquisador parapsicólogo e não terem, pelo menos, falado por alto do trabalho do codificador. Passou totalmente em branco.
Também fiquei incomodado com a forma como foram retratados os médiuns, que nos Estados Unidos, via de regra, são remunerados e exercem a mediunidade como profissão rentável e lucrativa. É muito diferente de como a habilidade é tratada no Brasil, com total caridade, sem dúvida nenhuma. Porém, creio que seja uma questão cultural específica que não deve ser julgada sem levar em consideração o contexto social e histórico diferente dos dois países.
Ainda em relação às diferenças culturais, até achei interessante de ver a espécie de "curso de mediunidade para leigos", onde pessoas "comuns", sem mediunidade aflorada, treinam e estudam para entrar em contato com seus entes queridos, sem intermédio de um médium ostensivo. Claro que, a meu ver, isso deveria ser feito numa situação controlada e com todo respeito, cuidado, porém, achei positivo mostrar a mediunidade mais acessível. Já que "todos somos médiuns" e, portanto, todos podemos teoricamente desenvolvê-la.
Perdoem se me alonguei, mas gostei da obra e achei que seria legal destacar estes pontos. Agradeço muito a atenção.
Abraços em todas e todos!
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Vida Após a Morte
3.4 51 Assista AgoraHoje terminei de ver a nova série da Netflix sobre espiritualidade, "Vida Após A Morte". Diferente de alguns espectadores espíritas que se frustraram com a falta de base doutrinária da produção, eu a achei muito bonita e emocionante, apesar de suas limitações.
A Netflix é uma plataforma global que alcança inúmeros países de diversas línguas. Os filmes e séries que vão pra lá alcançam públicos imensos, de todos os tipos. Com "Vida Após A Morte", são milhões de possíveis pessoas que podem ser diretamente impactadas com temas como Experiência de Quase Morte, Mediunidade ou Reencarnação.
Essa possibilidade de democratizar as discussões e o acesso a assuntos pouco discutidos ou quase inviabilizados, por si só, já garante o mérito à série. Imaginem quantos espectadores que nunca ouviram falar sobre esses temas e são completamente leigos no assunto agora podem vislumbrar uma visão maior da vida e buscar, depois, outras fontes de conhecimento, se aprofundando nesse campo tão vasto?
Pra mim, a grande sacada de "Vida Após A Morte" é esta: ser uma porta de entrada capaz de fazer despertar nas pessoas a curiosidade e o estímulo pra adentrar na grande jornada de busca espiritual.
Sou especialista em Produção Audiovisual e não pude deixar de notar que os roteiros de cada episódio são costurados com depoimentos que apelam pra o lado emocional, pra identificação e pra sentimentos universais, como o amor parental. Em alguns momentos, o texto pende pra o sensacionalismo, mas os relatos impressionantes dão conta de justificar a narrativa carregada. Eu me emocionei algumas vezes e acho que qualquer um com o mínimo de sensibilidade também deve ter se sentido tocado em algum momento.
Também gostei bastante da abordagem científica dada à série com espaço pra especialistas e pesquisadores mostrarem suas teorias e trabalhos acadêmicos. Creio que, em alguns momentos, a tríplice da doutrina Espírita (científica, filosófica e religiosa) pende muito mais pra o lado religioso e deixa as outras "pernas" de lado. Nenhuma é mais importante que a outra, mas a fé raciocinada deve prevalecer sobre crenças tão limitantes que se aproximam de dogmas do cristianismo tradicional, que tanto tentamos evitar. A menos é como vejo, claro que posso estar enganado.
Evidentemente, "Vida Após A Morte" está longe de ser perfeita. O que mais me incomodou, sem dúvida, foi não terem citado em momento nenhum o trabalho de Kardec ou, a menos, o episódio das irmãs Fox. Citaram outros pesquisadores influentes, como Camille Flammarion, mas nada de Kardec. Achei irônico terem ido à Paris entrevistar um pesquisador parapsicólogo e não terem, pelo menos, falado por alto do trabalho do codificador. Passou totalmente em branco.
Também fiquei incomodado com a forma como foram retratados os médiuns, que nos Estados Unidos, via de regra, são remunerados e exercem a mediunidade como profissão rentável e lucrativa. É muito diferente de como a habilidade é tratada no Brasil, com total caridade, sem dúvida nenhuma. Porém, creio que seja uma questão cultural específica que não deve ser julgada sem levar em consideração o contexto social e histórico diferente dos dois países.
Ainda em relação às diferenças culturais, até achei interessante de ver a espécie de "curso de mediunidade para leigos", onde pessoas "comuns", sem mediunidade aflorada, treinam e estudam para entrar em contato com seus entes queridos, sem intermédio de um médium ostensivo. Claro que, a meu ver, isso deveria ser feito numa situação controlada e com todo respeito, cuidado, porém, achei positivo mostrar a mediunidade mais acessível. Já que "todos somos médiuns" e, portanto, todos podemos teoricamente desenvolvê-la.
Perdoem se me alonguei, mas gostei da obra e achei que seria legal destacar estes pontos. Agradeço muito a atenção.
Abraços em todas e todos!